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FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA - FISMA CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA MÔNICA DOS SANTOS ADOLPHO A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL EM CASAIS: O AMOR QUE APRISIONA Santa Maria, RS, Brasil. 2017 MÔNICA DOS SANTOS ADOLPHO A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL EM CASAIS: O AMOR QUE APRISIONA Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao Curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), como requisito final para a obtenção do grau de Psicóloga. Orientadora: Profª. Ma. Luciane Benvegnú Piccoloto Santa Maria, RS, Brasil. 2017 FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA - FISMA CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia: A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL EM CASAIS: O AMOR QUE APRISIONA Elaborada por: MÔNICA DOS SANTOS ADOLPHO Como requisito parcial para obtenção do grau de Psicólogo. COMISSÃO EXAMINADORA: __________________________________________________________ Profª Ma. Luciane Benvegnú Piccoloto (Presidente/Orientador (a) FISMA) __________________________________________________________ Prof. Me. Guilherme Corrêa (Titular - FISMA) __________________________________________________________ Profª Ma. Tatiane Pinto Rodrigues (Titular - FISMA) Santa Maria, 30 de Novembro de 2017. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 8 2.1 A Dependência Emocional e o Transtorno de Personalidade Dependente .................. 9 2.1.1 Dependência Emocional ....................................................................................... 9 2.1.2 Transtorno de Personalidade Dependente .......................................................... 10 2.2 O Amor: Saudável ao Patológico ............................................................................... 12 2.3 A Dependência Emocional: Padrão familiar.............................................................. 14 2.4 A Dependência Emocional Conjugal ......................................................................... 17 3 MÉTODO ......................................................................................................................... 20 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 21 4.1 A Possível origem da Família no desenvolvimento da dependência conjugal. ......... 22 4.2 A Possível Origem Sociocultural na Dependência Emocional Conjugal .................. 23 4.3 O comportamento e a personalidade do dependente emocional nos relacionamentos amorosos ............................................................................................................................... 24 4.4 A Dependência Emocional Conjugal e a Violência. .................................................. 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 29 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32 RESUMO A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL EM CASAIS: O AMOR QUE APRISIONA AUTORA: MÔNICA DOS SANTOS ADOLPHO ORIENTADORA: PROFª. MA. LUCIANE BENVEGNÚ PICCOLOTO A presente pesquisa de conclusão de curso na graduação em Psicologia apresenta como tema “A dependência emocional em casais: o amor que aprisiona”. O objetivo da pesquisa foi investigar possíveis fatores que contribuem para dependência emocional em casais, utilizando como bases as relações amorosas funcionais e disfuncionais. Buscou-se discutir alguma definição da palavra amor, começando a partir da etimologia do termo ate chegar ao sentimento propriamente dito, perpassando pelo amor saudável ate chegar ao amor dependente. Considerando relevante tratar de um amor que provoca sofrimento as pessoas acometidas. O presente estudo visa realizar uma Revisão Bibliográfica, acerca da problemática, revisando artigos científicos, livros e dissertações entre 2007 e 2016. Após uma análise criteriosa, foram selecionados 16 estudos. Os resultados e discussões destacam que a dependência emocional em casais pode ser desenvolvida por multifatores, ou seja, dinâmica familiar, cultural, contexto social entre outros. Percebeu-se a forma como cada indivíduo vivência e aprende se relacionar na infância com o outro poderá influenciar na vida adulta. Considerando que o dependente possui uma visão distorcida, onde o medo, a frustração e a busca por amor incondicional e o amor de quem ame como nunca o amou o assombram nos relacionamentos atuais. Com isso dificultando a identificar o que é normal ou patológico. Entende-se, que a dependência emocional é um dos principais motivos dos casais permanecerem em situação de violência conjugal, pois na dependência amorosa e muito mais difícil romper o relacionamento do que estar nele. Palavras-chaves: Dependência emocional; família de origem; violência conjugal. ABSTRACT A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL EM CASAIS: O AMOR QUE APRISIONA AUTORA: MÔNICA DOS SANTOS ADOLPHO ORIENTADORA: PROFª. MA. LUCIANE BENVEGNÚ PICCOLOTO The present work of conclusion in the graduation course in Psychology presents as theme “The emotional dependence in couples: the love that makes prisoner”. The objective of the research was to investigate possible factors that contribute to emotional dependence in couples, using as bases the functional loving relationships and dysfunctional. It was looked for to discuss some definition of the word love, beginning starting from the etymology of the term to arrive to the feeling, traveling for the healthy love until arriving to the dependent love. Considering relevant to treat of a love that provokes suffering the attacked people. The present study seeks to accomplish a Bibliographical Revision, concerning the problem, revising scientific articles, books and dissertations among 2007 and 2016. After a discerning analysis, 16 studies were selected. The results and discussions detach that the emotional dependence in couples can be developed by multi factors, in other words, dynamics family, cultural, social context among others. It was noticed that, the form as each individual lives and he learns linking in the childhood with the other, it can influence in the adult life. Considering that the dependent possesses a distorted vision, where the fear, the frustration and the search for unconditional love and the love of who she loves as she never loved him astonish him in the current relationships. With that hindering to identify what is normal or pathological. Understands that the emotional dependence is one of the main reasons of the couples stay in situation of marital violence, because in the loving is much more difficult dependence to break the relationship of what to be in him. Keywords: Emotional Dependence; Family of Origin; Marital Violence. 7 1 INTRODUÇÃO Essa pesquisa surgiu diante a inquietação desta pesquisadora sobre alguns modelos conflitantes de relacionamentos amorosos, a partir de uma experiência no estágio clínico, onde foi notória a existência de pacientes que sofriam psiquicamente com relacionamento baseado na dependência emocional, que relatavam sentir-se preso a um relacionamento dito como fracassado e destrutível. Diante disso, foram abordados possíveis fatores que caracterizamo desenvolvimento da dependência emocional, utilizando como base as relações amorosas funcionais e disfuncionais, que possibilitaram a compreensão do que leva as pessoas a manterem um relacionamento mesmo em sofrimento psíquico. A dependência emocional é considerada uma condição psicológica, pois, em um relacionamento no qual a pessoa é controlada ou manipulada por outra leva a uma condição patológica (BACRON, 2015). Dessa forma, na dependência, o que mantém o relacionamento não é o amor e sim a dificuldade de renunciar a ele (RISO, 2010). Alguns questionamentos foram levantados quanto à escolha do tema para melhor compreensão procurou-se elucidar, como por exemplo: o transtorno de personalidade dependente, pois apresenta comportamento submisso e aderente, relacionado a uma necessidade excessiva de proteção e cuidados (APA, 2014), comportamentos de cuidados e atenção ao parceiro, de maneira repetitiva e desprovida de controle em um relacionamento amoroso típicos do amor dependente. (SOPHIA, 2008). Para chegarmos à discussão sobre a dependência emocional em casais, é necessário que seja debatido o que está por trás, ou seja, o amor. No ponto de vista psicológico o amor é uma característica do amadurecimento humano (AMARO, 2006). Diante disto, foi abordado o amor do saudável ate chegar ao patológico, pois na maioria das bibliografias a ausência do amor preocupa mais que o excesso de afeto (RISO, 2010). O amor saudável trata-se daquele amor que impulsiona para frente, que faz evoluir e respeitar as individualidades do outro. Já o amor patológico difere do amor que soma, e de forma alguma é considerado saudável, sendo destrutivo e “dependente” (SOPHIA, 2008). O amor patológico ainda não é reconhecido como um transtorno psiquiátrico, no Brasil não existem apenas quatro pesquisas cientificas apesar de não ser raro e de gerar sofrimento importante. Por ser um quadro pouco estudado não se sabe qual dos dois sexos é mais comum, pesquisas americanas sugerem que seria mais frequente nas mulheres, por questões culturais, alguns estudos teóricos, apontam de que se desenvolveria na infância (SOPHIA, 2008; SOPHIA et al, 2007). 8 No entanto, a família tem um papel muito importante no desenvolvimento do ser humano, por ser o ambiente no qual o indivíduo constrói sua afetividade desde as primeiras experiências de vida. Padrões familiares que são adquiridos durante a fase inicial do desenvolvimento humano que influenciam na vida adulta. Portanto é primordial conhecer e entender as primeiras experiências de vida, a forma que essa pessoa aprendeu a se relacionar na sua vida afetiva (NOGUEIRA; GERONASSO, 2010). Dessa forma a manifestação do comportamento da dependência emocional é possível se desenvolver dentro da própria família de diversas formas, como privação de afeto, vícios, violência, traumas entre outros. Tais fatores que contribuem para desenvolvimento da dependência emocional (BACRON, 2015). Neste sentido a dependência emocional trata- se de um relacionamento que gera prejuízos físicos e psíquicos na vida das pessoas acometidas. Conforme Riso (2010), “a dependência emocional pode ser considerada o pior dos vícios”, pois, a manifestação e os problemas associados a ela levam a busca de grande parte dos atendimentos psicológicos. Baseado no exposto, acima essa pesquisa objetivou a investigar fatores que contribuem para o desenvolvimento da dependência emocional em casais. Pretendeu-se ainda analisar o estudo a respeito da dependência emocional e o amor patológico disponíveis na literatura científica e a identificar como o comportamento dependente influência na conjugalidade. Acredita-se que este estudo seja relevante para ampliar a compreensão acerca das principais manifestações do funcionamento psicopatológico do indivíduo que distorce essa emoção amorosa e suas consequências negativas na dinâmica de ajuste do casal. Assim contribuindo auxiliar ao aprimoramento dos profissionais que realizam atendimentos psicológicos com casais a instigar reflexão acerca da temática. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico da presente pesquisa foi dividido em quatro partes. A primeira parte apresenta a descrição dos conceitos e as características da “Dependência Emocional e do Transtorno de Personalidade Dependente”. A segunda faz uma descrição do amor, perpassando entre o “saudável até chegar ao amor patológico”, assim como os aspectos afetivo e emocional que fazem o depende envolver-se em relacionamentos destrutivos. A partir daí, a terceira aborda a “Dependência Emocional: Padrão familiar” que descreve a dinâmica e a possível influência da família nas escolhas dos objetos amorosos. Enfim, o quarto trás uma compreensão da dinâmica do casal e suas características para a “Dependência Emocional Conjugal”. 9 2.1 A Dependência Emocional e o Transtorno de Personalidade Dependente 2.1.1 Dependência Emocional A dependência emocional esta divida entre emocional e funcional. A dependência emocional ela caracterizada como uma necessidade de ligação emocional e um senso de cuidado com o outro. Já o dependente funcional poderia sentir-se incapaz de cuidar de si mesmo, necessitando de uma pessoa mais forte da qual possa depender (ARNTZ, 2005). A dependência emocional de acordo Bution e Wechsler (2016) é um transtorno aditivo, no qual o indivíduo necessita do outro para manter seu equilíbrio emocional. A pessoa com dependência emocional vive uma relação conflituosa, visto que, esses relacionamentos iniciam com uma sensação de bem-estar, no entanto, com o passar do tempo ele, sente-se cada vez mais dependente do cuidado e apoio do outro, tornando- se a relação ou o outro um vício. Dessa forma a dependência emocional ou afetiva é considerada um vicio, assim como a dependência química, mas nesse contexto a droga pode ser qualquer pessoa que estimula e mantem o vício (SOUZA, 2013). Desse modo, Bution e Wechsler (2016) destacam que a pessoa com dependência emocional possui algumas características essenciais no seu perfil que são: Comportamentos de submissão ao outro, sinais de fissura e abstinência na ausência do objeto amado, ausência de decisões nos relacionamentos, sentimentos de insatisfação, vazio emocional, medo da solidão, baixa tolerância à frustração, tédio, desejo de autodestruição e sentimentos negativos, falta de consciência sobre seus problemas, sensação de estarem presos ao relacionamento e de que não conseguirão deixá-lo, conflitos de identidade, foco excessivo no outro e autonegligência, assunção de toda a responsabilidade pelos acontecimentos e necessidade de ajudar o parceiro, tentando resolver todos os problemas. (BUTION; WECHSLER, 2016). Moral & Sirvent (2009) caracterizam os portadores da dependência emocional de modo geral, como pessoas submissas, que possui dificuldades de tomar decisões em seus relacionamentos, sente-se responsáveis por todos os acontecimentos ruins e bons nos seus relacionamentos centrando-se completamente em sua relação. Portanto tendem a prestar cuidados excessivos ao outro em resolver os seus problemas, mesmo que isso implique em se auto negligenciar. Diante disso, as características dessas pessoas correspondem a quem sofre de Transtorno de personalidade dependente. Em termos de personalidade pode-se sobrepor características de transtorno de evitação, histriônico e narcisista de personalidade. Além disso, 10 é importante ressaltar que no quadro da dependência emocional estão presentes comportamentos autodestruitivos e os transtornos comórbidos, tanto de ordem emocional quanto fisiológico que também fazem parte do quadro de dependência. Nestes estão os transtornos de alimentação (obesidade, anorexia e bulimia) os transtornos de ansiedade, o transtorno Bordeline, somatização, alcoolismo e depressão (BUTION; WECHSLER, 2016). Dessa forma, conforme Sophia (2008), o comportamentode cuidado e atenção excessiva com o outro que o dependente caracteriza, faz com que consequentemente renuncie seus interesses antes valorizados. Entretanto, a dependência é vista como uma disfunção comportamental na qual a pessoa renuncia sua identidade em função de agradar o outro e por temer a realidade de ficar só. Então a pessoa acredita que não consegue existir emocionalmente sem o amor do outro e se torna vulnerável de que precisa do amor do parceiro ou da família para poder viver e ser feliz (SOPHIA, 2008; DOWLING, 2002). 2.1.2 Transtorno de Personalidade Dependente Muitos estudos estão sendo desenvolvidos sobre os Transtornos de Personalidade. É considerado um transtorno muito recente, devido ao fato que teve os primeiros indícios constatados na década de 80. Sabe-se que a personalidade envolve traços emocionais e de comportamentos de um sujeito, além dos aspectos orgânicos. Por conseguinte, o transtorno de personalidade tem como características problemas de adaptação, que acarretam sofrimento ao indivíduo acometido e/ou às pessoas de sua convivência, causando sofrimento em ambos. Nessa especialidade de transtorno podem encontrar o paranoide, esquizoide, antissocial, bordeline, narcisista, histriônica, ansiosa, obsessiva e o dependente o qual ataremos nesse estudo (ZANIN; VALERIO, 2004). De acordo com a classificação internacional de doença- CID 10, o transtorno de personalidade dependente também é considerado um transtorno de personalidade que se caracteriza pela dependência afetiva e física de outra pessoa. Por necessitar sempre da aprovação dos demais, pessoas acometidas pelo transtorno de personalidade dependente tentam agradar sempre aos outros. Então, na maioria das vezes, sentem-se frustradas por forçar e fazer coisas que não querem e quando não conseguem satisfazer a outra pessoa se culpa. (OMS, 1997) Além dessas características o transtorno de personalidade dependente apresenta outras características marcantes, entre elas, a baixa autoestima, o abandono e medo de errar; muitas vezes, referem-se a si mesmos como sendo incapazes de fazer qualquer coisa sozinha. A falta 11 de iniciativa é marcante no transtorno de personalidade dependente, além da pessoa não percebem os prejuízos que este comportamento pode acarretar na sua vida (SAFRAN; MACMAIN, 1992; VENTURA, 1998). Este tipo de percepção própria da dependência torna-se corriqueira e a pessoa não consegue tomar decisões sozinhas. O dependente torna-se uma pessoa passiva permitindo que outras pessoas tomem iniciativas e assumam a responsabilidade pela maioria das áreas importantes da sua vida. E assim, costuma depender quase sempre dos pais ou cônjuge para decidir tudo em sua vida, até mesmo na escolha de trabalho, roupas e com quem estabelecer relações de amizade. Segundo a APA (2014), essa necessidade que a pessoa tem do auxilio de que outras pessoas assumam sua responsabilidade, vai além de alguma incapacidade médica grave, mas sim da forma de ser do indivíduo por sentir-se que não tem o que precisa. O transtorno de personalidade dependente é denominado de dependência emocional por ser considerado um padrão de comportamento submisso e aderente, relacionado a uma necessidade excessiva de proteção, cuidados e a temores de separação, seja de um relacionamento amoroso, familiar ou amizade. Este padrão começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos (APA, 2014). A pessoa com transtorno de personalidade dependente tende ir aos extremos para conseguir o cuidado e apoio de outros, a ponto de fazer tarefas desagradáveis caso esse comportamento possa proporcionar a atenção que precisam. Estando disposto a se submeter ao que os outros desejam, mesmo que as demandas não sejam razoáveis (APA, 2014). Devido à sua necessidade em manter esses vínculos importantes, torna-se capaz de suportar até abusos: sexuais, verbais ou físicos. Se por algum acaso este vínculo vier a terminar, é capaz de procurar quase que imediatamente outro relacionamento para continuar obtendo tais cuidados. Os Indivíduos com este transtorno sentem desconforto ou desamparo quando estão sozinhos, pelo medo exagerado de serem incapazes de cuidar de si próprios, muitas vezes, podem ficar colados diante de pessoas que possam ser consideradas importantes em suas vidas apenas para não ficarem sós, mesmo que não tenham interesse ou envolvimento no que está acontecendo. Quando um relacionamento significativo termina, esses indivíduos podem sair urgentemente em busca de outro relacionamento que ofereça cuidados e o apoio de que necessitam. A crença na incapacidade de funcionar na ausência de um relacionamento íntimo motiva-os a se envolverem rápida e indiscriminadamente com outra pessoa. Em geral, preocupam-se excessivamente em ser abandonados, mesmo quando não há justificativas para os temores, e quando esses são excessivos e irrealistas (APA, 2014; BECK et al., 2017) 12 2.2 O Amor: Saudável ao Patológico No dicionário da psicologia o termo amor é definido como um sentimento muito forte e, geralmente, duradouro para com alguém ou para com alguma coisa específica, não sendo simplesmente o gostar em maior quantidade, mas sim um estado psicológico qualitativamente diferente. Isto porque, “ao contrário do gostar, o amor inclui elementos de paixão, proximidade, fascinação, exclusividade, desejo sexual e uma preocupação intensa” (APA, 2010). O amor tem sido descrito há séculos, por estudiosos de várias áreas do conhecimento, o primeiro deles foi Platão (427 a.C. - 347 a.C.) que, em o “Banquete”, definiu o “amor autêntico como aquele que liberta o indivíduo do sofrimento e conduz sua alma ao banquete divino” e sugeriu a distinção deste com o “amor possessivo”, que persegue o outro como um objeto a devorar (CLEMENT Apud SOPHIA et al., 2007). O conceito de Platão sobre o amor foi retomado por Immanuel Kant (1724 – 1804), com a ideia de que existem duas formas de amor, uma saudável e outra doentia. Para ele, existiria “amor-ação” ou “amor prático”, o único moralmente aceitável, uma disposição de agir de modo benévolo com que precisa independentemente de qualquer relação que se possa ter, implica preocupação verdadeira e desinteressada pelo bem do outro. No entanto, para Kant (1960) haveria também o “amor-paixão” ou “amor patológico”, aquele amor que é impossível de controlar que inclui desatino e desprezo pelo outro. Sendo atos de amor patológico que decorreriam de paixões volúveis e não de uma análise racional do que seja certo fazer (CLEMENT Apud SOPHIA et al., 2007). O tema amor de poemas a musica, novelas, filmes, livros e peças teatrais, será sempre abordado como ideal do individuo. Pois ele é essencial para a vida do ser humano, sendo necessário para a sobrevivência. No entanto através do amor dos pais que o individuo tem acesso alimento, cuidado e carinho indispensável para sobrevivência do individuo. Diante disso surgiram outras variações do amor ao passar do tempo (RORDIGUES; CHALHUB, 2010). De acordo com os psicólogos sociais, o amor possuem seis diferentes formas de amar. São elas: o amor romântico que envolve paixão, unidade e atração sexual, mais usual na adolescência, o amor possessivo que é determinado pelo ciúme, provocando emoções extremas, o cooperativo que nasce geralmente de uma amizade anterior, sendo alimentado por hábitos e interesses comuns, o amor pragmático característico de pessoas ensinadas a reprimir os seus sentimentos o mais possível, sendo estas relações desprovidas de qualquer manifestação de carinho, o lúdico que se baseia na conquista e na procura de emoções passageiras e o amor altruísta praticado por pessoas dispostas a anular-se perante o outro, 13 tendendo a isolar-se num mundo onde, na sua imaginação, só cabem os dois ainda que o outro pense e atue exatamente ao contrário (SILVA-MARTINS et al, 2013).O amor Em um relacionamento feliz existe um constante dar e receber. De acordo Rodrigues e Chalhub (2009) os relacionamentos saudáveis envolvem reciprocidade e certo equilíbrio. Mas nem sempre isso acontece, existem comportamentos que domina a vida da pessoa, esse amor se torna passional e doentio (LINO, 2009). Portanto a maneira de fixar atenção em relação ao outro é esperada em qualquer relacionamento amoroso, porém, quando ocorre a falta de limites, controle, falta de liberdade, possessão, quando a vida gira em torno do parceiro, está qualificada um problema designado amor patológico, que pode ocasionar diversas situações doentias (SOPHIA, 2008). No amor não é tarefa fácil de falar e tentar estabelecer a diferença entre o que é normal ou patológico, pois ocorrem muitas vezes comportamentos excessivos e compulsivos assim como jogo, sexo, comidas e compras. Contudo, o amor para ser saudável deve ser vivenciado de forma prazerosa, fazendo com que se tenham benefícios em diversas áreas, proporcionando bem-estar e satisfação (SOPHIA, 2008). Em uma relação amorosa, a pessoa passa por grandes experiências, experimenta diversos sentimentos e emoções, exercita a convivência e a relação com o outro o que pode ajudar em suas relações interpessoais. Porém, quando o relacionamento proporciona sofrimento pessoal, fazendo com que cause desprazer e infelicidade, e mesmo assim a pessoa não é capaz de melhorar essa relação e nem acabar com ela, é sinal de que algo está errado e que pode ocorrer um comprometimento à saúde mental dessa pessoa. Assim, a pessoa age de forma pouco convencional em função da relação amorosa, sofre com esse amor, pois vive para o outro, com condutas excessivas e sufocantes no relacionamento (BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011; SOPHIA, 2008). O amor patológico traz problemas tanto no aspecto social quanto no psicológico da vida do individuo, prejudicando também o parceiro, pois a pessoa age de forma pouco convencional em função da relação amorosa, sofre com esse amor, pois vive para o outro, com condutas excessivas e sufocantes no relacionamento (SOPHIA et al., 2009). Desse modo o amor patológico é caracterizado pelo excesso de atenção e cuidados com o parceiro, de maneira repetitiva, impulsiva e sem controle em um relacionamento amoroso. Ele se define quando existe perda de controle e liberdade de escolha sobre os comportamentos em relação ao parceiro. A pessoa perde o interesse por coisas que antes considerava importantes e passa a priorizar tais comportamentos e os mantém mesmo que perceba que isso traz sofrimento para si e para os outros (SOPHIA et al., 2007). 14 O amor patológico tem seu desenvolvimento na infância, pois foram crianças que algum momento da sua infância passou por situação de abandono, negligência ou de qualquer carência afetiva onde aprenderam que para merecerem amor e atenção deviam lutar por isso e fazer de tudo para conquistá-los, inclusive deixar de lado seus próprios desejos e interesses. Com isso, em seus relacionamentos buscam algo que faça reduzir esses sentimentos de angústias advindos desses fatores de sua vida. Por isso, o amor patológico é considerado uma doença que evolui progressivamente, principalmente devido ao fato de que seus sintomas acabam afastando seu parceiro aos poucos por se tornar um relacionamento destrutivo, fazendo com que o nível de angústia de quem sofre desse amor aumente cada vez mais (ABREU; TAVARES; CORDAS, 2007; SOPHIA et al., 2007). De acordo Riso (2011), esse amor exagerado ao ponto de depender de uma pessoa que se ama é uma forma de se enterrar na vida, ofertamos deliberadamente nosso amor-próprio a alguém. Quando esse amor está presente, um ato de carinho, na verdade, vem embutida a expectativa de retribuição eterna, ideia de que a pessoa está sempre em falta e a necessidade de querer sempre mais, pois por mais que se receba, sempre parece ser insuficiente. Diante disso, o indivíduo perde o controle de sua vida e passa a viver em função do outro, e muitas vezes não percebe que se trata de uma patologia, ou seja, de um comportamento doentio. Em vista dos argumentos apresentados, o Amor Patológico é considerado disfuncional e tem como sua natureza o medo ao invés do amor. O medo de perder o parceiro, de ficar sozinho e não ser valorizado (SOPHIA et al, 2007). Segundo Boscardin e Kristensen (2011) o Amor Patológico pode se assemelhar aos sintomas parecidos com a dependência química e de jogos. São eles: desinteresse as atividades pessoais, a prestação de cuidados excessivos ao outro, abstinência física e psíquica (aqui seria na ausência do parceiro), atitudes o qual prejudica a si próprio e a todos em sua volta (SOPHIA et al., 2007). 2.3 A Dependência Emocional: Padrão familiar A família é o sistema que mais influência diretamente no desenvolvimento das crianças, ela é considerada fonte de saúde e (ou) doença, pois através da experiência e do aprendizado que a pessoa vivencia com sua família de origem é a forma como estabelecerá seus vínculos afetivos e suas relações sociais (NOGUEIRA; GERONASSO, 2010). É no ambiente familiar que as necessidades de afeto, desapego, segurança, aprendizado e a comunicação são estabelecidos. A relação afetiva na fase primária da criança vivenciada na família de origem apresenta um modelo de interação relacional. Portanto essa relação poderá 15 ser funcional ou disfuncional, geradora de ansiedade, o qual a pessoa vai levar durante a toda etapa da sua vida (GUEDES; MONTEIRO-LEITNER; MACHADO, 2008). Desse modo, o meio familiar tem uma grande importância no desenvolvimento do ser humano, porque, nesse convívio se aprendem crenças, comportamentos, formas de lidar e de criar vínculos. Estes aprendizados são chamados de padrões familiares e, normalmente, são repetidos pelos membros da família e transmitidos de geração para (NICHOLS; SCHWARTZ, 1998). Assim, um dos padrões familiares aprendidos durante a formação do individuo é a dependência emocional que esta associada ao grande número de procura por atendimentos psicológicos (RISO, 2010). A maneira como a criança recebe afeto e cuidado é fundamental para que ela se desenvolva com segurança e proteção, o que pode refletir em um desempenho satisfatório das atividades e das relações futuras. Na infância, é importante que algumas necessidades sejam supridas, como o vínculo seguro com outros indivíduos, autonomia, competência e sentido de identidade; liberdade de expressão; necessidades e emoções válidas; espontaneidade e lazer; limites realistas e autocontrole (YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, 2008). A criança que tem o seu desenvolvimento na infância em um ambiente saudável, seguro e equilibrado, com demonstração de afeições da família, durante o desenrola da infância conseguirá se comunicar, expressar seus sentimentos, ter confiança e ter relações sociais adaptativas. Levando em consideração que nem sempre algumas crianças têm essas necessidades básicas atendidas e supridas, crescem em um ambiente familiar disfuncional. Ambiente familiar que prejudicará o seu desenvolvimento no futuro e sendo assim essa criança apresentará dificuldades nos seus relacionamentos, na sua comunicação e também na interpretação das suas próprias emoções (GUEDES; MONTEIRO-LEITNER; MACHADO, 2008). Por conseguinte, algumas crianças desenvolvem-se na infância em lares desajustados, com pais alcoólatras, abusadores, negligentes, além de distantes fisicamente e emocionalmente. Crescem em um ambiente carente dessa sustentação. O que facilita para despertá-lo do medo de serem abandonadas. Elas no intuito de evitá-lo, para testar o amor de seus pais, começam a assumir as responsabilidades deles, começam a prezar pelos interesses dos familiares, cuidando dos próprios irmãos e trabalhando em casa e fora dela (SOPHIA et al., 2007). Dessa forma, desde cedo aprendem a cuidar das pessoas, mas não aprendema cuidar de si mesmas, e por negar seus próprios desejos e sentimentos durante tanto tempo, crescem procurando fazer o que sabem tão bem: cuidar dos outros. Porquanto, sentem a necessidade quase que vital de depender do amor de outra pessoa, assim na vida adulta podem 16 se tornar carentes desse suporte afetivo e almejando que venha um companheiro o afeto não obtido na infância (ABREU; TAVARES; CORDÁS, 2007; SOPHIA et al., 2007; SOPHIA, 2008). A pessoa com dependência emocional busca por relacionamentos que diminuam sua carência afetiva, torna-se uma pessoa altruísta, pois tem a necessidade de dar para outro mais que lhe é pedido e espera receber em troca o carinho de que necessita. A mulher que ama demais desde criança procura por atenção, reconhecimento e carinho por parte de seus pais, que muitas vezes são rígidos, frios emocionalmente e fisicamente, assim, são atraídas por parceiros distantes e inseguros, muitas vezes dependentes de álcool ou outras drogas e que precisem de cuidados. Para suprir toda carência afetiva que não recebeu na infância (BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011; NORWOOD, 2005). Essa carência se origina de um padrão de apego ansioso que começou a se formar na infância, na relação que suas principais figuras de referência estabeleceram. Nesse sentido, a pessoa somente era recompensada quando fazia alguma coisa pelas suas figuras de referência. Foi assim que ela aprendeu que seu valor dependia do que fosse capaz de proporcionar para os outros (RODRIGUES E CHALHUB, 2009). Uma vez que, o desenvolvimento emocional da pessoa em relação à dependência nos relacionamentos amorosos é construído ainda na infância, através da observação da relação amorosa entre os pais ou da própria vivência do cuidador, e esses comportamentos são aprendidos e repetidos na vida adulta. A pessoa dependente emocionalmente nunca se sentiu amada o bastante e também nunca aprendeu a amar de forma saudável, assim crescendo com vazio emocional. Diante disso o dependente emocional sente que falta algo para que possa ser feliz e pode voltar exagerar em vários sentidos, criando dependências emocionais, alimentares, sexuais, com entorpecentes e outras mais. Quando a pessoa se sente incompleto, ela busca por elementos exteriores que possam saciar o buraco que sentem dentro de si (SOPHIA et al., 2007; BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011). Fica evidente que há uma grande ligação da família de origem na dependência emocional conjugal. Ainda sobre o estudo de Martini (2009) a autora menciona que os padrões familiares recorrentes podem ser manifestados pela transmissão multigeracional que corresponde a uma aprendizagem emocional e familiar transmitida durante várias gerações. Esses padrões familiares não se iniciaram na geração atual, vem de pelo menos três gerações anteriores. As famílias se repetem a si mesmo, o que sucede numa geração com frequência se repetirá na seguinte, pois a mesma questão tende aparecer de geração em geração apesar de que a conduta pode tomar varias formas (NOGUEIRA; GERONASSO, 2010). https://amenteemaravilhosa.com.br/queixas-infancia-ansiedade-vida-adulta/ 17 Diante disse o funcionamento do casal de pais na família de origem e um fator para dependência emocional conjugal, pois essas pessoas se desenvolveram em uma família onde os casamentos de seus pais foram demarcados por crises nos relacionamentos ciúmes, traição, violências físicas, violência verbal, competições entre o casal, separação e conflitos. Tais comportamentos aprendidos e repetidos que influenciam para dependência conjugal (NOGUEIRA; GERONASSO, 2010). 2.4 A Dependência Emocional Conjugal A dependência emocional inicia desde a infância na família sendo transmitida quando a pessoa constrói sua própria família. De acordo com Martini (2009) o individuo quando adulto, muitas vezes procuram vivenciar situações semelhantes às que aprendeu com sua família na infância, porém de forma ativa. Que ao casar reflete toda bagagem aprendida na família de origem no seu relacionamento amoroso (MARTINI, 2009). A dependência emocional conjugal é também chamada de amor patológico, sua maior característica é a dependência de afetividade do parceiro. A pessoa dependente apresenta insegurança nos relacionamentos e baixa autoestima. Além disso, tenta suprir as necessidades do parceiro de forma incessante, deixando suas próprias necessidades de lado, a ponto de negar seus sentimentos e desejos (BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011). Os relacionamentos patológicos acometem tanto os homens como mulheres, sendo mais comum na população feminina. De acordo Hernandez e Oliveira (2003), as mulheres geralmente são mais amorosas, demonstram maior apreço e confiança do que os homens em seus relacionamentos, assim, tornando-se viciadas no relacionamento ao ponto de viver pelo outro, considerando a relação a dois como prioridade em sua vida. Já na população masculina, há uma baixa demanda, mesmo para aqueles que se desenvolveram na infância em um ambiente familiar com a falta de carinho e atenção. Muitas vezes se espera o mesmo, mas entre os homens a patologia se vincula as atividades mais externas e interpessoais, como jogo, trabalho, esportes ou hobbies do que com amor, mais interno e pessoal (SOPHIA et al, 2007). A dependência emocional é considerada um dos maiores fatores de risco para “desenvolver” a violência, principalmente a doméstica (REIS 2013). Devido às mulheres dependentes emocionalmente tornar sua vida amorosa prioridade acabam vivendo em uma relação conflituosa, fazendo com que se mantenham em situação de violência dentro do relacionamento (FABENI et al, 2016). Os desentendimentos nas relações conjugais podem ser receptadores ou intensificadores de ações desrespeitosas e violentas nos relacionamentos amorosos. Visto que, 18 a satisfação e a estabilidade das uniões conjugais não estão associadas diretamente à ausência de conflitos, mas à forma como o casal soluciona suas desavenças. É importante ressaltar que os conflitos por si só não se tornam algo destrutivo nos relacionamentos amorosos, pois as diferenças entre o casal se tornam necessariamente geradoras de conflitos e essenciais para o aprimoramento das relações entre as pessoas (MOSMANN; FALCKE, 2011). Desse modo, os conflitos nos relacionamentos amorosos poderão ser positivos ou negativos, mas o que diferencia e a forma como esse conflito vai ser encarado e resolvido. Os conflitos conjugais se tornam negativos quando o relacionamento torna-se abusivo e violento (MOSMANN; FALCKE, 2011). Muitos casais se mantêm em um relacionamento conflituoso devido a vários fatores, sendo eles as questões econômicas, o vínculo emocional, a submissão e o medo de recomeçar suas vidas sozinhas entre outros. Por isso, elas consideram que sair da relação é muito mais difícil do que permanecer, devido a essas questões (RAZERA; FALCKE, 2014). . Diante disto Zolet (2000) define a dependência afetiva como: A concessão extrema, desnecessária, permissiva, na qual a pessoa se deixa na mão do outro. Pode ser classificada enquanto personalidade dependente, porque o indivíduo submete-se à subjugação afetiva, faz e reage para não perder o afeto do outro devido a algum medo, falta de autoconfiança, insegurança pessoal (Zolet, 2000 p.54). No entanto a dependência emocional é considerada uma das maiores causas das mulheres permanecer no relacionamento mesmo sofrendo psiquicamente, porque elas não se sentem competentes emocionalmente para cuidar de si mesmas, acabam permanecendo em relacionamentos conflituosos e perdendo sua própria identidade. Um amor excessivo que ultrapassa o seu próprio bem-estar, de forma que mesmo diante dos abusos sofridos, se silenciam com receio de romper a sua relação conjugal patológica (MIZUNO et al, 2010; ALLEN; ALLAN, 2006). A violência domestica nos relacionamentos conjugais possui ciclos em que primeiroa mulher passa pela fase de lua de mel, onde tudo para ela está bem, pois se sente aparada, depois vem à fase de tensão e crise em que culminam na violência em si. A mulher pensa em tomar uma atitude e sair desse relacionamento que lhe faz sofrer, mas o cônjuge se desculpa e se arrepende, criando na vítima expectativa que tudo vai mudar. Sendo assim, a mulher acredita e retorna ao relacionamento por esperar que tudo volte a ficar bem. Dessa forma, acontece a dependência emocional em relação ao parceiro, visto que as mulheres tendem a idealizar o relacionamento e o companheiro, sendo difícil para vítima dissociar o homem por 19 quem se apaixonou daquele que lhe agride e faz sofrer (MIZUNO et al, 2010; LIMA; PARISI, 2014). Nos relacionamentos amorosos o dependente emocional se torna uma pessoa possessiva, impulsiva, ciumenta e possui medo de ser abandonado (SOPHIA et al., 2009). Os homens dependentes emocionais geralmente tendem a ser abusadores, agressores enquanto as mulheres vítimas (REIS, 2013). Portanto as mulheres vítimas de violência possuem uma grande dificuldade de sair do relacionamento, devido ao medo de ficar sozinha e também pelo sentimento de estar presa à relação. Já os homens ao perceberem que seu relacionamento conjugal esta sendo ameaçado, seja uma relação real ou imaginária, acabam tornando-se violentos ao ponto de abusar fisicamente e psicologicamente de suas parceiras (BUTION; WECHSLER, 2016). Mesmo que os relacionamentos problemáticos se encerrem pela decisão de um ou de ambos, a pessoa que sofre com a dependência emocional provavelmente irá se envolver em outras relações que seguem o mesmo padrão, devido não aceitar que erra, em suas escolhas. Mesmo encarando o relacionamento como um sacrifício necessário ou obrigatório. A pessoa acredita que é melhor estar acompanhada do que só (REIS, 2013; FABENI et al, 2016). Então, as pessoas com dependência emocional e com amor patológico costumam vivenciar relações conflituosas desde cedo e a presença do parceiro oferece uma ilusória defesa contra o sofrimento psíquico, e procuram tratamento apenas quando os relacionamentos são rompidos, momento em que não conseguem aceitar essa perda e a angústia gerada por esse rompimento (SOPHIA et al, 2007). 20 3 MÉTODO Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica descritiva, com objetivo de identificar publicações cientificas sobre a dependência emocional em casais. A pesquisa bibliográfica segundo Gil (2008, p 50) “é desenvolvida a partir de material já elaborado, construindo de livros e artigos científicos”. A pesquisa foi desenvolvida através da busca de livros, artigos, dissertações e teses disponíveis em formatos completos nas seguintes bases de dados científicos: LILACS, SCIELO Brasil, Portal dos Psicólogos, Portal de Periódicos Eletrônicos de psicologia (PEPSIC), Portal de Periódicos CAPES. Mediante a busca os dados foram coletados a partir dos seguintes critérios de investigação: livros, artigos, tese e ou dissertações disponível na sua íntegra na internet; artigos nacionais e internacionais; publicados entre os anos de 2007 até 2016. Foram utilizadas várias abordagens teóricas da psicologia para dar um melhor embasamento ao trabalho. Desta forma, apresentam-se como base de estudo referencial teórico sobre descritores que escreveram sobre amor patológico; dependência emocional em casais; dependência afetiva; dependência emocional e padrão familiar; conflitos conjugais e amor ou dependência os encontrados foram analisados baseados no título e no resumo, sendo que somente publicações potencialmente relevantes dentro do critério pré-estabelecido foram selecionados, os trabalhos encontrados repetidos foram contabilizados apenas uma vez, dentro dos tais critérios a busca resultou em 83 artigos. Destes foram excluídos 67 por não corresponderem ao tema abordado. Sendo assim restam 16 artigos no total e uma dissertação. A análise dos textos foi realizada através do método de leitura exploratória. A primeira etapa foi realizada a partir de uma leitura integra das publicações selecionadas. A seguir uma leitura analítica, foi possível ordenar e sumarizar as informações consultadas, identificando as ideias-chaves no texto e organizando a síntese. Por fim, com leitura interpretativa, foram estabelecidas com o conteúdo pesquisado, conferindo um significativo mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica. Os artigos analisados foram classificados conforme a área de interesse ao trabalho proposto (GIL, 2010). 21 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos artigos publicados percebeu-se um limitado número de estudos que abordam diretamente o principal objetivo deste estudo e pouco uso do termo “Dependência emocional”, nos artigos encontrados, trazendo em si mais conceitos sobre consumo de drogas e álcool entre outros. Também se demonstrou poucos artigos referentes ao tema especifico. Dos 16 artigos analisados verificou-se que traziam temas diversos, destes apenas quatro abordaram o principal objetivo da pesquisa, sendo que todos os artigos foram publicados em revista cientificas. No período pesquisado, um artigo foi publicado entre os anos de 2007 e 2008, seis foram 2009 e 2010, três entre o ano de 2011 e 2012, três entre os anos de 2013 e 2014 e três entre os anos de 2015 e 2016. Durante analise notou-se que a distribuição das publicações permaneceu constante ao longo dos nove anos analisados, distribuindo-se de forma equilibrada ao longo dos anos, chegando a trabalhos no ano de 2016. A linha de crescimento nestas publicações indica uma maior preocupação e interesse de pesquisadores sobre a temática, fortalecendo este campo do conhecimento psicológico através de novas contribuições científicas. Neste levantamento pode-se constatar que os estudos analisados discutiram diversos assuntos, dentre eles: A Família de origem possíveis fatores da dependência emocional (3), Dependência emocional e a teoria do apego (1) A dependência emocional (2), Amor patológico (3), violência conjugal e a permanência nos relacionamentos (7), A patologia do amor, da paixão a psicopatologia (1). De acordo, com analise dos materiais estudados e o ponto de vista dos autores que pesquisam a temática composta nesse estudo, podemos assinalar que a dependência emocional em casais pode ser originada por multifatores, podendo citar alguns como: Dinâmica familiar, cultural, psicológica, características do contexto social entre outros. Mediante a isso, outro fator interessante foi apresentado nos estudo de Bution e Wechsler (2016) a origem neurológica, que explicaria a dependência emocional a partir de uma fixação na superativação neuronal, frequente no início de relacionamentos. Assim ficando constatada que o amor excessivo pode provocar, no Sistema Nervoso Central, um estado de euforia parecido ao induzido adição química (SOPHIA et al.,2009). Entretanto, todos os artigos estabeleceram que na dependência emocional as pessoas acometidas necessita do outro para estabilidade emocional. Apesar de ser originada por vários fatores a maioria dos autores descrevem que a dependência emocional conjugal possui sua etiologia no desenvolvimento 22 afetivo e de apego na infância, que influenciará nas relações amorosas futuras (NOGUEIRA; GERONASSO, 2010; MARTINI, 2009). 4.1 A Possível origem da Família no desenvolvimento da dependência conjugal Sophia et al. (2009), em seu estudo parece concordar com a importância da criança crescer em um ambiente afetuoso e seguro, com aceitação incondicional, para que consiga desenvolver sua identidade de forma sadia. No entanto, Martini; Rodrigues e Chalhub (2009) possuem resultados semelhantes em seus artigos, pois defende o apego na infância, uma etapa muito importante e com grande repercussãona vida adulta, o qual pode levar o indivíduo a desenvolver relacionamentos funcionais ou disfuncionais de acordo com a forma que aprendeu a se apega. Com isso, Lino (2009) em seu estudo destaca que o individuo nas relações amorosas quando adulto são assombrados por experiência afetivas prematuras, em especiais os vínculos com os pais durante a infância. O estudo de Martini (2009) afirma que as experiências e as vivências com a família de origem são primordiais para desencadear a dependência emocional. A autora ainda pontua que a dependência emocional é vivenciada por todos os seres humanos em maior ou menor grau ainda na infância. Porém, em grau elevado pode gerar consequências negativas para os membros de uma família como as diversas manifestações desadaptativas que são aprendidas através dos padrões transgeracionais. Tais resultados reforçaram o estudo Nogueira e Geronasso (2010) com mulheres dependentes emocionalmente, as entrevistadas relatam vivenciar e reproduzir comportamentos do funcionamento do casal de pais nos relacionamentos atuais. Pois conforme as entrevistadas demonstram ser ciumentas, submissas e sufocantes. Padrões de comportamentos aprendidos e vivenciados por suas mães no casamento. Dessa forma, todo o comportamento que a pessoa aprendeu no relacionamento com os pais vão interferir na relação do casal atual. Dentre as possíveis origens do desenvolvimento da dependência emocional alguns autores ainda concluíram em seus estudos, que a privação afetiva também se demonstrou um fator de grande importância para amor dependente, pois se desenvolveria ainda na infância, porque geralmente são adultos que quando crianças vieram de lares desajustados, carente de amor, cuidados e atenção (SOPHIA et al, 2007; BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011). Por outro lado, o cuidado e afeto em excesso, pais superprotetores que formam uma pessoa adulta https://amenteemaravilhosa.com.br/filho-esquecido-infancia-infeliz/ 23 dependente de tratamentos especiais e exclusividades para o resto da vida, a deixando desprovida de confiança e condição de julgar, decidir e escolher sozinha também pode ser despertar a dependência emocional. De acordo com Martini, (2009) Nogueira e Geronasso (2010), é importante que o processo de separação-individuação entre pais seja equilibrado, pois esse processo forma como a pessoa cresceu e saiu da simbiose com os cuidadores. Se esse processo tiver dificuldade no desenvolvimento evita o crescimento, a autonomia da criança e quando adulto torna-se dependente. Embora cada pessoa tenha sua individualidade e experiência, originada da sua vivência com as pessoas de sua personalidade, percebe-se que existe algo em comum entre as histórias do dependente emocional a influência do outro sobre o seu comportamento dependente e a forma como o outro tenta influenciar nas suas escolhas. Dessa forma, os padrões familiares nos relacionamentos construídos na infância vão sendo reforçados ao longo de suas vidas. O dependente emocional acredita que não sobrevive sem o amor do outro, o que as tornam vulnerais e convictas de que necessitam desse amor. 4.2 A Possível Origem Sociocultural na Dependência Emocional Conjugal No artigo Lino, Martini (2009) Bution e Wechsler (2016) revelam ainda, que na dependência ao outro entra em jogo os padrões culturais ligados ao amor romântico, à paixão, o altruísmo, virtudes que se confundem com aspectos da dependência emocional. No entanto, o fator social e cultural tem grande impacto, uma vez que a sociedade impõe a ideia de que ter um parceiro é necessário para ser feliz, que ao chegar ate certa idade o individuo precisar casar e que estar solteiro e sinal de fracasso. Desta maneira a sociedade reforça que estar em um relacionamento amoroso e sinônimo de êxito e felicidade. Apesar de a dependência emocional conjugal ter conexão entre a figura de apego e a forma de estabelecer vínculo, percebe-se que a escolha emocional ao longo da vida do ser humano sofre uma grande influência da mídia, na idealização de relacionamentos baseado no amor romântico, aquele amor que a pessoa é um só, que vive em função do ser amado, que não consegue viver sem outro. Diante disso, os filmes, livros, novelas etc., sinalizam e retratam a obsessão e o excesso de dependência do parceiro como um comportamento comum, sendo que na realidade é bem diferente, a pessoa pode amar sem se dedicar intensamente no relacionamento amoroso. De acordo com Sophia (2008), o que vai sinalizar se está saudável ou não, é a forma e a intensidade com que acontecem os comportamentos relacionados à dependência emocional, e principalmente se acarretam danos e prejuízos a um da relação ou ambos. 24 Conforme Bution e Wechsler (2016) concordam que a mídia reforça e estimula o comportamento da dependência amorosa, pois o individuo acha que só vai ser feliz se passar por intenso sofrimento, então, adquirem a crença que precisam se submeter a alguns relacionamentos conflitantes, pois ao final de tudo viverão o tão sonhado “feliz para sempre”. Na verdade a dependência emocional mantém a pessoa em relações amorosa que não funcionam. Dessa forma, faz com que muitas pessoas continuem em relacionamentos que lhes fazem mal, gerando infelicidade. Além de contribuir para a inércia diante de problemas como a violência física ou psicológica. 4.3 O comportamento e a personalidade do dependente emocional nos relacionamentos amorosos De acordo com alguns artigos encontrados sustenta que os comportamentos da dependência emocional têm uma base psicopatológica, mesmo que "ainda não foi classificado como transtorno mental ou de personalidade" (SOPHIA et al, 2009). Mas propõem a criação de um transtorno de personalidade, pois percebe a dependência emocional como um traço do transtorno de personalidade dependente (SOPHIA et al, 2007). Nota-se que nos artigos pesquisados nem todas as pessoas acometidas as características da dependência significa que sofra de um transtorno da personalidade dependente. Na verdade a maioria possui traços que são inflexíveis, persistentes e causam deterioração funcional significativa ou um sofrimento subjetivo, constituem um transtorno da personalidade dependente. Portanto, em relação ao perfil cognitivo e comportamental do individuo na dependência conjugal, os estudos se divergiram. Segundo Sophia (2008) para os critérios de avaliação do Amor Patológico, é fundamental perceber que existe um comportamento repetitivo e sem controle com relação ao parceiro que leva algum tipo de sofrimento. Tanto Nogueira e Geronasso (2010), Rodrigues e Charlhub (2010) ainda apontam que os dependentes emocionais têm um déficit de aprendizagem relativa ao separar-se, entretanto a pessoa tem necessidades emocionais que não foram satisfeita e assim projetam nos relacionamentos conjugais. No entanto, são considerados uns dos motivos que é tão difícil abandonar esses parceiros, pois quanto mais difícil se torna terminar um relacionamento que é ruim, mais elementos do conflito da infância ele possuem. Diante disso, Bution e Wechsler (2016) mencionam que a pessoa com amor dependente usa comportamentos de submissão como estratégias para evitar abandono e rejeição. Já Boscardin e Kristensen (2011) apontam como distorções cognitivas comuns que atribui no amor patológico são as de culpa e auto derrotistas. Além dessas cognições, ficou visível que o dependente emocional precisa ser reconhecido e aprovado pelo outro, ele 25 consiste em depender da outra pessoa para ser feliz, se outro não ama-lo ou não mostrar que o ama, o dependente no relacionamento sente que não vai conseguir ser feliz. Assim, inicia todas as tentativas e jogos para ser amado e continuar sendo amado, ainda que o seu relacionamento esteja péssimo. Quanto o amor patológico, os artigos analisados mostra-se que o amor em si, não se torna causador dos malefíciosdentro dos relacionamentos amorosos, mas sim o grande medo que o individuo tem de ficar sozinho, o medo de poder vir a ser abandonado, o receio de não ser valorizado, pensamentos que promove as pessoas acometidas muita angústia. Os autores Boscardin e Kristensen (2011) Sophia (2008) abordam que essa forte carência faz com que essas pessoas tenham uma ausência crítica de seu próprio comportamento doentio. A consequência é a falta de liberdade que a pessoa que sofre de amor patológico impinge a si mesmo e ao parceiro, já que quando está na presença do outro sente um bem- estar e alívio da angústia. Diante disto, os estudos comprovam no cérebro dessas pessoas, ocorrem mudanças e comportamentos similares com as quem sofre de dependência química (SOPHIA et al., 2007; SOPHIA et al., 2009). 4.4 A Dependência Emocional Conjugal e a Violência. Outro assunto estudado foi à violência. Portanto, foi predominante nos artigos a dependência afetiva nas relações conflituosas, os estudos apontam que a pessoa acometida pela dependência emocional possui maior chance de realizar, e sofrer violência doméstica e mesmo assim permanecem no relacionamento (FABENI et al., 2016; MIZUNO el at., 2010; REIS 2013; RAZERA; FALCK 2014). Nota-se que o dependente emocional precisa sempre do outro para se sentir bem, colocando a sua vontade em último lugar e do outro em primeiro, submetendo-se mesmo espontaneamente às vontades e caprichos do próximo. Destaca-se a presença dos sentimentos de dedicação ao bem-estar do outro, o dependente dá mais do que recebe, e posteriormente, se sente abusado e negligenciado, pois sua autovalorização está reduzida. Porém, como todo investimento para controlar o outro é inútil, a pessoa acometida sente-se impotente e usado, quando o outro não demonstra gratidão. Percebeu-se nos estudos analisados que o amor romantizado, a idealização do parceiro pode ser motivos frequentes de muitas mulheres aceitarem um relacionamento onde existe infidelidade e agressão por parte de seu companheiro. Pois as vítimas acreditam que seus parceiros possam tomar consciência do erro cometido e assim tente mudar suas atitudes. Diante disso, prosseguem nos relacionamentos sem denunciar o agressor, muitas vezes 26 cancelado processos legais (queixas), incumprimento de ordens de prisão preventiva sobre o casal (LINO, 2009; TELLO, 2015; FABENI et al., 2016). De acordos com Tello (2015) Razera e Falke (2014), em seus estudos concluíram que sair é muito mais difícil que ficar devido o medo da solidão, de construir uma nova vida sem o outro. Além desses motivos, os autores apontam outros que levam as mulheres se sujeitarem nos relacionamentos destrutivos, como: à questão financeira, as criações dos filhos e a falta de apoio de amigos e parentes (RAZERA; FALCKE, 2014; FABENI et al., 2016). Entretanto, foi possível perceber nos artigos que a solidão para essas pessoas pode-se provocar um temor maior que a falta de dinheiro. Ainda sobre a violência nos relacionamentos dependentes, notou-se que muito dos parceiros ou ate mesmo o próprio dependente usam como defesa dentro da relação, entretanto a violência é exercida nos relacionamentos quando há uma ameaça de perda por parte do dependente, mas também pode ocorrer quando o parceiro quer ter o domínio de autoridade do outro (BUTION; WECHSLER, 2016; LINO, 2009). De modo geral, pode se dizer que o dependente emocional são pessoas ressentidas, que sentem raiva permanente de alguém, agarram-se à necessidade de punir a pessoa para reparar o sofrimento que acham que sofreram. Por outo lado, eles “endeusam” o parceiro justificando que é por amor, negando pra si mesmo e para o parceiro os problemas existentes na relação, fantasiando essa relação como perfeita. Além disso, o dependente emocional torna a vida a dois um vício. Os autores Sophia et al. (2009), Bution e Wechsler (2016) concordam que adicção nos relacionamentos, são uns dos principais aspectos que se torna ainda mais difícil do dependente romper o relacionamento, principalmente por apresentar sintomas de fissura e abstinência que acometem o indivíduo ao tentar sair da relação. Desta forma, na dependência emocional, o relacionamento amoroso se torna uma prisão, em que o individuo tem dificuldade de sair, porque confunde o amor reciproco. No relacionamento o amor deve-se ser livre e não uma necessidade de estima, portanto percebeu-se que no relacionamento baseado na dependência emocional que o amor se acaba e as consequências são negativas para os dois. A pessoa que desenvolve a dependência emocional gosta de sentir que o outro também depende dela, por isso, geralmente se envolve com pessoas problemáticas. Desta forma ela se sente útil, resolvendo problemas dos mais diversos e com isso criando a falsa expectativa de que é fundamental para o outro. O dependente emocional tem tanto medo do fim do relacionamento, que tenta a todo custo criar formas para que a outra pessoa não viva sem ela. Por meio dos estudos científicos compreendeu-se, que a dependência emocional é um http://www.diariofeminino.com/psicologia/autoajuda/materias/culpa--autojulgamento/ 27 comportamento aprendido, do qual a pessoa precisa se livrar, por ser considerada aqui uma patologia na relação, se não for tratada pode-se permitir que “morra” o relacionamento, a individualidade da pessoa ou até mesmo do parceiro. Então é necessário destacar que essa pesquisa não tem caráter de generalizar os resultados, mas sim de aprofundar o estudo em questão, os artigos retratavam dados científicos com objetivo de revisar a literatura e pesquisar novos dados a respeito de uma possível ligação existente entre o padrão de funcionamento do dependente emocional nos relacionamentos conjugais. Portanto, percebeu-se que existem poucas investigações nos artigos estudados a respeito dos padrões intergeracionais, ficando evidentes que são padrões que não se iniciaram em sua geração, por isso e importante aprofundar e conhecer a história de vida de cada individuo, pois a maiorias das partes das pessoas acometidas são de famílias disfuncionais, conflitivas, que demonstraram significativa fragilidade emocional, que contribuem para o desenvolvimento e instalação da dependência emocional entre seus membros. De acordo com Geronasso e Nogueira (2010), em seu estudo de casos abordam que muitas das mulheres não conheciam com profundidade a história geracional de sua vida, mas que mesmo não tendo tanto conhecimento, conseguiram identificar nos seus relacionamentos algumas disfunções similares de como seus pais e avós se relacionavam. Neste sentido são importantes artigos que aprofundem esses estudos, pois servirá para reflexões e até mesmo para evitar que algumas pessoas não perpetuem o mesmo ciclo de abusos e interação familiar disfuncional no qual foram inseridos, evitando a repetição de comportamento dependente com seus familiares. Também se percebeu poucos estudos referentes à dependência emocional no gênero masculino, uma possível explicação para essa questão seria que os estudos estão mais focados nas mulheres como as vítimas, as “viciadas no amor” e os homens como os agressores não ao contrario (BUTION E WECHSLER 2016; REIS, 2013). No entanto, tratando da temática da dependência, muitos estudos são direcionados somente ao dependente e isolam pessoas próximas que recebem influências e sofrem diariamente por manterem esses relacionamentos, que fazem as pessoas esquecer-se de suas próprias preferências e prioridades. Uma vez que, não existe apenas uma vítima na dependência conjugal. Neste sentido, pode ser que esse outro também seja um dependente, ou seja, uma vítima, pois o outro também tem medo de mudar, de renunciar e se libertar de um relacionamento patológico. No entanto, na dependência conjugal ambos são extremamente afetados em suas vidas por falta de controle de suas próprias vidas,anulando-se sempre em 28 favor do outro, acreditando ser de sua responsabilidade a felicidade do outro, negando para si mesmo a própria felicidade, que no caso não ocorre nem na vida do outro e nem de si próprio. De acordo com Bution e Wechsler (2016), é provável que aconteça uma dependência mútua, uma vez que os relacionamentos estabelecidos por essas pessoas são extremamente conturbados, devido aos sentimentos de posse predominantes nos dependentes emocionais. Deste modo, a dependência mútua explicaria a permanência do parceiro e da relação, mesmo que conflituosa. Apesar dos artigos pesquisados abordarem diferentes assuntos dentro da temática, nota-se que a maioria está mais preocupada em relatar a sintomatologia e as características do dependente emocional do que explicar a dinâmica nos relacionamentos amorosos. No entanto, os estudos discutem sobre o dependente em si, não aos tipos de parceiros que se envolve. Por fim, pode-se concluir sobre a necessidade de maior quantidade de estudos sobre o tema a fim de compreender algumas lacunas ainda existentes na literatura como: a escolha do parceiro, a dinâmica do casal, prevalência, tratamentos e intervenção dirigidos à dependência emocional apesar de ser essencial essa discussão sobre qualquer psicopatologia. De acordo com Fabeni et al. (2016) quando o paciente busca ajuda de profissionais a queixa é normalmente negligenciada ou amenizada, já que estes entendem que a dependência faz parte de qualquer relacionamento afetivo. Por essa amostra de artigos, entende-se que a dependência emocional conjugal e os relacionamentos destrutivos apesar de gerar tantos danos a essas pessoas, ainda são temas recentes que abordam discussões atuais que precisam de mais pesquisas que tragam informações complementares para abarcar as dimensões dos relacionamentos baseado na dependência emocional, pois nota-se que a maioria está relacionada adicção. Dessa forma, alguns estudos estão sendo realizados com a intenção de buscar fatores que pré dispusesse a dependência emocional nos relacionamentos, pois pouco deles se afirma. Então é importante que novas pesquisas sejam realizadas nessa área, porque cada vez mais aumenta a demanda para da psicologia para casais com baixa qualidade em seus relacionamentos devido a estes fatos, bem como as mulheres dominadas pela dependência afetiva. 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste estudo observa-se a necessidade de mais publicações sobre o tema, pois existem poucas pesquisas acadêmicas. Assim como um maior envolvimento da psicologia quanto aos relacionamentos violentos e destrutivos em vínculos afetivos. Entende-se que com mais estudos na área seja melhor pensar em intervenções e tratamentos para pessoas envolvidas. Portanto acredita-se que este é um campo ainda pouco explorado, possibilitando que muitos estudos ainda sejam realizados. Apesar do número de publicações serem crescente, ainda há poucas pesquisas que se dedicam em estudar a dependência conjugal, dificultando uma pesquisa mais aprofundada. É importante ressaltar algumas limitações no presente estudo, uma vez que, apesar da escolha cuidadosa dos descritores utilizados, alguns artigos provavelmente não foram encontrados devido à diversidade de nomenclaturas do tema. Também houve dificuldade de atender objetivo especifico, sendo que os artigos encontrados focavam mais no dependente em si e não na dinâmica do casal. Os artigos encontrados a maioria abordavam a violência física, psíquica, questões de gêneros e conflitos conjugais. Essa limitação pode ser resolvida através da integração entre o presente estudo e futuras revisões de literatura que abordem tais descritores. A pouca acurácia de alguns artigos ao descrever seus resultados também impede uma conclusão mais precisa e unificada dos achados sobre o tema. No entanto, foi possível concluir a partir dos estudos selecionados que existem multiplicidades de fatores que contribuem para a dependência emocional conjugal. Portanto, os estudos predominaram que as influências afetivas e socioculturais estão muito marcantes na incidência e manutenção da dependência, dando a entender que a dependência emocional entre casais tem sua origem na história emocional pregressa do individuo, que inicia a ter um enredo ainda na infância, mais especificamente, na relação que estabelece com seus pais e demais pessoas de influência no desenvolvimento emocional de sua vida. Dessa forma, outra constatação foi possível verificar nas pesquisas a repetição de comportamento de padrões familiares aprendidos na infância, comportamentos que vem de gerações anteriores que na vida adulta consequentemente são aprendidos e repetidos nos relacionamentos amorosos atuais do dependente emocional. Apesar de não encontrar muita pesquisa a respeito da escolha do parceiro nos relacionamentos dependentes, foi interessante notar que ainda, muita das escolhas amorosas do dependente emocional tem grande influência da infância, pois a tendência são procurar por parceiros problemáticos para recuperar as necessidades não supridas na infância. Para tanto 30 dificultando as pessoas a terem relacionamentos saudáveis e de amadurecerem, assim em seus relacionamentos amoroso permanecem como crianças por toda a vida. Diante disso, mostrou- se nos estudos que a dependência emocional tem características marcantes em sua personalidade como a carência excessiva de amor e afeto em relação à pessoa amada. Pois se trata de um tipo de dependência, tão grave quanto o vício de substâncias químicas. A diferença que o vicio é o seu companheiro e não a substância química, o que causa uma sensação de vazio, insegurança e medo de perda. Quanto às consequências que a dependência emocional gera nos relacionamentos, notaram-se nos estudos, que os dois são vítimas, pois parceiro do dependente muitas vezes não se sente mais capaz de retribuir as necessidades de afeto exacerbadas, sente-se também aprisionado, sufocado pela necessidade de exclusividade do outro, vê sua privacidade invadida e sua liberdade desrespeitada e consequentemente admiração inicial não existe mais. O relacionamento torna-se um fracasso, mesmo que os dois nunca venham a se separar, porque um relacionamento fracassado nem sempre é aquele que chega ao fim, há casais que passam anos ou a vida toda sustentando uma relação pouco ou nada satisfatória. Mas em outros casos, o parceiro até possui a consciência de que não supre as necessidades afetivas do outro, mas não faz questão de supri-las ou sequer se incomoda com isso. Pelo contrário, incentiva à dependência de tal forma que passa a controlar as escolhas do outro, as amizades, as relações familiares, a forma de se comportar. A outra pessoa, em plena dependência emocional então, se vê cada vez menos valorizada, com a autoestima em pedaços, mas acredita que sua vida não faz mais sentido sem o outro, que os poucos momentos de afeto que recebe são suficientes, que ela não tem capacidade de ser mais amada, ou melhor, tratada e que ela deve lutar cada vez mais para preservar a relação, por mais destrutiva que ela possa ser. Sobre a questão de gênero, percebeu-se que a dependência emocional ocorre em ambos os sexos, mas os estudos foram mais prevalentes nas mulheres, no entanto foram encontrados apenas dois artigos que abordavam o comportamento do dependente no sexo masculino, sendo que apontaram que são pessoas possessivas, mais impulsivas, controladoras em alguns casos violentos, por serem inseguros e temer a perda. Portanto, no caso dos homens, ao perceberem algum perigo em sua relação, seja ele real ou imaginário, podem tornar-se violentos e abusar de suas parceiras. No caso das mulheres, que geralmente são apontadas como vítimas, a dificuldade de término de relacionamento ocorre pelo medo de ficar sozinha e pelo sentimento de estar atada à relação. 31Nas relações conjugais ligadas à violência foram as mais discutidas nos relacionamentos. Diante disso, nota-se que a violência certamente promove alguma forma de sofrimento aos envolvidos, porém se percebe nos estudos que muitas pessoas em alguns casos, sair do contexto de violência pode ser mais difícil do que propriamente permanecer nele. A decisão de romper pode ser permeada por medos ainda maiores do que o de sofrer violência, como as questões de cuidados com os filhos, as questões financeiras, possíveis retaliações e até mesmo o medo relacionado à dificuldade de recomeçar a vida. Enfatizando que a pessoa acometida a dependência conjugal a vítima aprende a viver com medo e acaba acreditando que a mudança é impossível. Assim gerando a essas pessoas um desgaste psicológico profundo que deteriora a personalidade da vítima. Portanto na pesquisa a dependência emocional no contexto de violência doméstica será um fator que dificilmente prejudicará a ruptura de um relacionamento amoroso ao contrario será um grande risco para retorno da vitima a esse relacionamento prejudicial. Com isso buscou-se fornecer subsídios para um melhor entendimento da problemática da dependência emocional, assim como um entendimento sobre a necessidade de que o profissional de psicologia adquira maior conhecimento desse assunto concentrado maior atenção nesse amor em excesso e doentio. Evidenciando que a pessoa acometida vive em função do outro trazendo prejuízo á sua vida pessoal até mesmo dos envolvidos. 32 REFERÊNCIAS ABREU, C., TAVARES, H., & CORDAS, T. 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