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Trabalho de PET - Homossexualidade Latente

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES - EACH
HOMOFOBIA: 
UMA HOMOSSEXUALIDADE LATENTE?
	Psicologia, Educação e Temas Contemporâneos - Uma Visão Psicanalítica (Noturno)
1 INTRODUÇÃO
O termo homofobia foi criado por Georger Weinberg, um psicoterapeuta heterossexual, na década de 1960, que condenava a postura preconceituosa dos psicólogos da época, a qual defendia uma perspectiva mais patológica sobre homofóbicos, argumentando que para “além da simples ‘falta de educação’, estes indivíduos pareciam de fato possuir algum medo fóbico” (AMORIM; DIAS, 2015, p.9), o que foi importante e necessário para promover a ruptura do pensamento patologizante que envolve a homossexualidade, além de inverter a origem do problema. 
No entanto, embora a homossexualidade tenha sido desconsiderada como uma patologia há muito tempo pelas perspectivas clínicas, além de ter se tornado um crime em vários países, o ódio aos homossexuais ainda é muito presente no mundo todo. Quando a homofobia se expressa, verbal e/ou fisicamente, revela-se uma grave violação de direitos e da dignidade da pessoa humana motivada pela orientação sexual das pessoas agredidas, de forma que se torna fundamental que esse tema esteja sempre na mira das discussões contemporâneas, pois não é aceitável que nenhuma pessoa seja julgada, agredida ou condenada pela sua orientação sexual. A homossexualidade nada mais é do que uma manifestação do pluralismo sexual da condição humana, e assim:
Como um tributo da personalidade, a homossexualidade deve permanecer fora do interesse interventor das instituições. Tal como a cor da pele, a opção religiosa ou a origem étnica, ela deve ser considerada um dado não pertinente na construção política do cidadão e na qualificação do sujeito de direitos. (BORRILO, 2021, p.16)
Embora não seja possível explicar a homofobia apenas através dos aspectos psicológicos, sem levar em consideração, por exemplo, mecanismos sociais de exclusão, estruturas hierarquizantes e padronizações identitárias altamente impositivas, que impõem e legitimam a heterossexualidade na dimensão da normalidade (AMORIM; DIAS, 2015), a utilização da teoria freudiana neste presente estudo justifica-se pelas grandes contribuições que a psicanálise trouxe para o debate de temas como identidade de gênero e sexualidade, inserindo-se num campo de reflexão mais abrangente sobre a modernidade e seus processos de racionalização. Neste sentido, uma dessas contribuições consiste justamente em relacionar o surgimento de patologias individuais com o processo de socialização dos sujeitos na cultura, processo caracterizado pela repressão às pulsões agressivas e sexuais (SERRA, 2019).
Por conseguinte, como já revelado, o tema central deste presente estudo será concentrado em torno de um fenômeno, infelizmente, muito presente na atualidade, que é a homofobia. O objetivo central é fazer uma analogia entre o tema e a homossexualidade com o intuito de inferir, a partir de uma abordagem psicanalítica freudiana, que, talvez, a homofobia possa estar relacionada com uma rejeição da própria sexualidade, ou seja, uma homossexualidade internalizada no inconsciente por meio do recalcamento.
2 CONCEITOS CENTRAIS
	
2.1 Teoria do Conflito Psíquico
	A Teoria do Conflito Psíquico é uma teoria freudiana que explica como ocorrem as interações entre consciente e inconsciente na psique humana. Segundo Freud, o indivíduo opera por meio de conflitos entre o consciente e o inconsciente, isto é, o Eu, que é uma espécie de imagem física, identitária e moral que se tem de si mesmo, é constituído por uma divisão psíquica entre consciente e inconsciente, na qual o inconsciente comporta desejos recalcados insuportáveis para o Eu e que insistem em emergir à consciência; esta, por sua vez, tenta impedir a eclosão desses desejos através de um movimento denominado resistência; configurando-se, assim, um duelo constante dentro da psique humana, entre um inconsciente que tenta emergir e uma consciência que tenta barrar. (CITAÇÃO)
	Importante destacar que o cerne dessa interação são os desejos insuportáveis para o Eu, isto é, desejos que não se reconhecem como próprios por constituírem uma contradição intolerável, inadmissível à identidade do Eu. Esses desejos são, geralmente, de ordem sexual e comportam pedofilia, incesto, assassinato, escatologia, sadismo, masoquismo, homossexualidade (tema deste trabalho), dentre outros. Assim, como um meio de defesa do indivíduo, há um recalcamento desses desejos insuportáveis, ou seja, uma passagem deles do consciente para o inconsciente sem, contudo, torná-los esquecidos, o que faz com que eles sejam impulsionados constantemente na tentativa de uma satisfação plena. (CITAÇÃO)
	Entretanto, pelo fato de o sistema de controle pulsional ser relativamente falho, tais desejos eclodem de forma imperceptível na consciência por meio de metáforas. Em outras palavras, há um retorno simbólico-metafórico de um desejo insuportável e que foi recalcado à consciência, o que ocorre por meio quatro formas variadas: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas. Todas essas formas seguem essa mesma estrutura para burlar o recalcamento e a resistência e tentar obter uma satisfação para os desejos recalcados. (CITAÇÃO)
	Dentre elas, destacam-se os sintomas, que podem ser de três tipos: histéricos, obsessivos e fóbicos. Este último, de relevância para este trabalho, pois é manifesto por meio do distanciamento daquilo que me faz entrar em contato com o desejo insuportável, no caso, a pulsão homossexual, o que será abordado mais especificamente adiante. (CITAÇÃO)
2.2 Consciente
	Para Freud, o Consciente é composto por todas as informações que o indivíduo tem ciência que ocorre no momento presente. Portanto, toda informação tem a capacidade de ser acessada instantaneamente e de forma intencional, exercendo o controle do conteúdo mental. Normalmente, a resposta para a pergunta “o que você está fazendo agora?” vem diretamente do consciente. Além disso, é comumente usado o termo em inglês “awareness” ou percepção para definir a consciência humana (FREUD, 2013).
	A concepção de consciência de acordo com os autores Owen Flanagan e David J. Chalmers é de “misterismo”, ou seja, a consciência não tem uma explicação científica. Freud tem o pensamento similar a este, entretanto, quando ele diz que a consciência é inexplicável e indescritível, ele está pensando na consciência segundo a perspectiva da primeira pessoa, isto é, no fato de estar consciente tal como este se apresenta à nossa própria consciência (GOMES, 1998).
	Para cada um dos indivíduos, em sua experiência íntima, o fato de estar consciente é um dado bruto sobre si mesmo, cuja natureza parece insuscetível a qualquer análise ou explicação, ou mesmo a qualquer definição não circular (BLOCK, 1995a, 1995b).
	Há, também, o pré-consciente, o que muitos confundem com “subconsciente”. Note que Freud não utiliza esse termo, apenas pré-consciente. O pré-consciente é o local de conteúdos e informações que o consciente tem fácil acesso, mas que não pensa no conteúdo frequentemente, porém não deixa de ser importante para a mente humana e o funcionamento do consciente. As respostas para as perguntas “qual o seu endereço?” ou “o que você assistiu ontem à noite?” moram no pré-consciente (FREUD, 2013).
2.3 Inconsciente
	O Inconsciente, segundo Freud, é a área da mente humana que não é facilmente acessada e que contém uma gama de informações sobre o indivíduo. Enquanto o consciente é a ponta do iceberg, a parte visível, o inconsciente é o iceberg abaixo da superfície, invisível aos olhos.
Os recalcamentos, sonhos, desejos profundos, atos falhos e alguns sentimentos insuportáveis para o consciente, são todos armazenados no inconsciente. Freud localiza o inconsciente não como um lugar atômico, mas um lugar psíquico, com conteúdos, mecanismos e uma energia específica (CORDEIRO, 2010).
	Os conteúdos do inconsciente são os representantes da pulsão que estão fixados em fantasias, histórias imaginárias,concebidas como manifestações do desejo, que é um dos pólos do conflito defensivo. Os desejos inconscientes tendem-se à uma realização, restabelecendo os sinais ligados às primeiras vivências de satisfação, através do processo primário (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).
	O material alocado no inconsciente tenta, frequentemente, ultrapassar as barreiras da mente, o que Freud chamou de “censurador” ou “super eu”, para acessar o consciente. Entretanto, para que isso ocorra, o conteúdo precisa ser camuflado, de modo que possa enganar de alguma forma a psique humana e conseguir acesso à consciência. Após essas alterações, a memória pode chegar bastante distorcida e se tornar algo completamente distinto do que um dia fora (FREUD, 2013).
Além disso, o sentimento que está no inconsciente e que passa para o consciente, pode vir de maneira oposta e normalmente é exagerado e exibicionista. Por exemplo, um sentimento de raiva ou ódio, que foi reprimido no inconsciente, emerge até o consciente de maneira oposta, com muito afeto e amor exacerbado.
A fim de não recordar conteúdos intensos que o consciente humano não tem a capacidade para processar, em uma espécie de mecanismo de defesa, o cérebro recalca tais experiências, para que o indivíduo não se recorde dos desprazeres que tivera. Isso, na psicanálise, em tese, pode explicar a razão pela qual indivíduos heterossexuais sentem repúdio ao terem contato com casais homoafetivos (FREUD, 2013).
2.4 Recalcamento
	A teoria do recalcamento é, para Freud, a “pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise” (GARCIA-ROZA, 2009, p.151). Ao abandonar a hipnose, durante seu empreendimento na superação da teoria do trauma, e adotar o método da Associação Livre, Freud se depara com um fato novo, que era a resistência dos seus pacientes em abordar certos assuntos, manifestando-se na forma de falhas de memória ou na incapacidade de comentar sobre eles (GARCIA-ROZA, 2009). Assim, como previamente mencionado, Freud utiliza o termo recalcamento para designar aquilo que é passado do consciente para o inconsciente. Em outras palavras, o trabalho de expulsar da consciência um desejo que não é tolerável é chamado de recalcamento. Neste processo há apenas uma negação simbólica, pois o que foi recalcado continua presente no interior do ser, mas de maneira inconsciente, retornando à consciência de formas variadas. 
	Vale ressaltar que o recalcamento é um processo inconsciente, portanto, durante a fase infantil, a expressão utilizada para o esquecimento do próprio sujeito é chamada de amnésia infantil. Para Freud, é neste período que ocorre o recalcamento de uma parte da nossa bissexualidade, devido ao processo de identificação no Édipo, ligado à castração, a qual, por sua vez, está vinculada a imposições e valores morais vigentes na sociedade (FREUD, 2013).
	
2.5 Pulsão/Impulso
	Segundo Freud, o fato de os humanos serem indivíduos sociais faz com que os seus instintos naturais e inatos desapareçam em um breve período após o nascimento, dando lugar ao que o psicanalista chama de impulsos ou pulsões, o que pode ser definido como aquilo que impele o ser humano para a ação e a todo momento o pressiona a satisfazê-lo. O impulso ao contrário do instinto é refreável, ou seja, permite que seja controlado em dado momento, entretanto não é cessado com a satisfação do “desejo” inicial, fazendo com que o indivíduo seja sempre impelido através de uma pulsão contínua (GARCIA-ROZA, 2009).
	Em seu trabalho “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), o psicanalista diz que a sexualidade humana não está baseada em instintos, como na sexualidade animal, mas na pulsão. Para Freud, o que verificou análises utilizando o método de associação livre, o objeto de toda a pulsão é um desejo de ordem sexual. (FREUD, 1905)
	Assim, aponta que há uma fonte para a pulsão, e ela é sempre corporal – provocando a erotização -, e que toda pulsão necessita de um objeto para se satisfazer, mas ela nunca o encontra, pois, por definição, o objeto da função é um objeto perdido.
Para uma classificação geral das pulsões sexuais pode-se dizer o seguinte: são numerosas, advêm de múltiplas fontes orgânicas, agem inicialmente de forma independente umas das outras e só depois se reúnem em uma síntese mais ou menos acabada. A meta a que cada uma delas aspira é a obtenção do prazer do órgão; somente após terem completado a síntese é que se põem a serviço da função reprodutiva, pela qual se tornam geralmente reconhecíveis como pulsões sexuais. (FREUD, 1915. p.36)
Neste sentido, considera-se que a saciedade de uma pulsão nunca é plena e completa, apenas pontual, e por isso, nunca se extingue, sempre impelindo o indivíduo a novas ações. Assim, de acordo com a psicanálise freudiana, um sujeito com pulsões homossexuais sempre será pressionado por elas e as vias para satisfazê-la são: realizar a ação específica do desejo, fantasiar essa satisfação ou, então, por forças de ordem social, e a mais comum na sociedade vigente, reprimi-la pela via do recalcamento. Portanto, Freud conclui que a pulsão humana é a origem de todo o conflito que determina a formação dos sintomas (GARCIA-ROZA, 2009).
2.6 Teoria da Sexualidade
	Em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), Freud revolucionou o conceito de sexualidade, em especial o de sexualidade infantil vigente à época:
Durante investigações clínicas sobre causas das neuroses, Freud descobriu, a partir do relato de pacientes, que a grande maioria dos desejos e dos pensamentos reprimidos decorria de conflitos de ordem sexual, que remetiam aos primeiros anos de vida dos indivíduos. Notou que experiências traumáticas, reprimidas da vida infantil, deixavam grandes marcas na composição da personalidade e originavam sintomas na vida adulta. (BOROTO; SENATRE, 2019, p.1343)
	Esta investigação permitiu ao psicanalista propor a teoria da sexualidade, em que segundo ele, a sexualidade humana passa a ter algumas características específicas que, até então, eram desconsideradas, dentre elas está o fato de a sexualidade ser não natural, uma vez que não é ditada pelas regras naturais, e sim regida por pulsões e não pelos instintos, como aponta Boroto e Senatore (2019): “Para Freud a sexualidade humana não é em nada instintiva. Ele afirma que o ser humano, desde a infância, busca prazer e satisfação de variadas formas. A busca pelo prazer não se direciona apenas aos órgãos genitais e a reprodução não é seu único objetivo”. Outra característica da sexualidade, segundo o autor, é a de ser perversa, uma vez que a prática sexual tem como objetivo central o prazer e não mais a reprodução, como um dia fora no passado, desviando-se da sua função biológica. Um outro aspecto é a sexualidade polimorfa, dado pelo fato de não ter objeto nem ação pré-definidos para satisfação, ou seja, as variações de satisfação sexual são infinitas. Há também o conceito de bissexualidade, porém será dedicado um tópico específico mais adiante, uma vez que é vital para compreensão do presente estudo. Por fim, a última característica para compreender a teoria da sexualidade freudiana são as zonas erógenas, para o psicanalista qualquer parte do corpo, sem exceção, pode funcionar como zona de prazer:
A partir da concepção de que o corpo é erotizado, ou seja, de que excitações sexuais localizam-se em partes do corpo (zonas erógenas), e que há um progressivo desenvolvimento das mesmas, com mudanças nas formas de gratificação sentidas pelo corpo em relação ao objeto, Freud chega à conclusão que o sujeito passa por fases de desenvolvimento sexual, já a partir do seu nascimento. (BOROTO; SENATRE, 2019, p.1344)
	Portanto, é possível concluir que a partir do surgimento da teoria freudiana a sexualidade passa a ser móvel e fluida, podendo assumir diversas faces, sendo a fase da sexualidade infantil responsável por influenciar diretamente a sexualidade adulta. As consequências da fase infantil aparecem constantemente na vida adulta, interferindo tanto na vida cotidiana como na vida sexual, uma vez que ações ou inaçõesque determinado indivíduo exerce depois de adulto estão interligadas com a maneira que ele lidou com a sexualidade infantil.
2.7 Bissexualidade Constitutiva
	Primeiramente, é válido frisar que ao construir o conceito de bissexualidade (FREUD, 1905), Freud caminha contrariamente à produção intelectual vigente da época que considerava a constituição sexual ou a sexualidade sendo regida por fatores biológicos/orgânicos. A acepção freudiana foi revolucionária e lhe permitiu desconstruir a compreensão genital da sexualidade, desatrelando sexo biológico da sexualidade “ao diferenciar a sexualidade da genitalidade apresentou a vantagem de permitir levar as manifestações sexuais das crianças e dos chamados perversos para o mesmo âmbito dos adultos normais.” (SANTOS, 2015, p.4). Desse modo, a sexualidade passou a ser algo móvel e fluido e, consequentemente, variadas formas de manifestação da sexualidade passaram a ser plausíveis para todo e qualquer indivíduo.
	A bissexualidade constitutiva é um dos conceitos que compõem a teoria da sexualidade expressa principalmente em os “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905) no qual compreende-se que a construção desse conceito aponta para o fato de que, originalmente, todos os indivíduos são seres impelidos por pulsão e por isso ao nascerem possuem uma sexualidade pré-determinada, mas são bissexuais (compostos por um modo ativo e outro passivo). Sendo assim, uma vez que a bissexualidade é uma propriedade inerente das pulsões e que o processo de realização dessas pulsões - seja em modo ativo ou em modo passivo - permite a cada indivíduo, internamente no progresso da sua “pulsionalidade”, construir experiências de satisfação ou defesa, de repúdio ou recalque. Esse binarismo é responsável por agir nos modos como a pulsão é inserida no sujeito ao longo do tempo e responsável pela formação da sexualidade, deliberando quais serão os objetos sexuais desse indivíduo. (FREUD, 1905). Conforme aponta Quinodoz, “postulando que tendências masculinas e tendências femininas coexistem desde a infância em todo o indivíduo, de forma que a escolha de objeto definitivo depende da predominância de uma tendência em relação à outra.” (QUINODOZ, 2007, p.73).
	De tal maneira é possível concluir que, segundo a obra de Freud, a bissexualidade psíquica é um pressuposto constitutivo da sexualidade humana, e todo binarismo que o compõem, quando visto sob a ótica do conceito narcísico proposto pelo autor, rege a construção de gênero do indivíduo, enquanto sob aspecto do desejo, define a orientação sexual e no olhar dos afetos direciona aos possíveis objetos (FREUD, 1905).
Portanto, ao retirar a dimensão natural da sexualidade e atribuir a bissexualidade como algo intrínseco a todos os indivíduos, Freud pôde ajudar romper com a perspectiva patológica sobre a homossexualidade, pelo menos no campo psíquico, ao apontar o entrelaçamento entre bissexualidade e homossexualidade:
A investigação psicanalítica opõe-se com toda firmeza à tentativa de separar os homossexuais dos outros seres humanos como um grupo de índole singular. Ao estudar outras excitações sexuais além das que se exprimem de maneira manifesta, ela constata que todos os seres humanos são capazes de fazer uma escolha de objeto homossexual e que de fato a consumara no inconsciente. A psicanálise considera, antes, que a independência da escolha objetal em relação ao sexo do objeto, a liberdade de dispor igualmente de objetos masculinos e femininos, tal como observada na infância, nas condições primitivas e nas épocas pré-históricas, é a base originária da qual, mediante a restrição num sentido ou no outro, desenvolvem-se tanto o tipo normal como o invertido (FREUD, 1905b/1976, p. 132).
	Como também aponta Roudinesco (1998, p.72) em sua obra “Dicionário de Psicanálise”, Freud opta, então, em 1905, por definir a homossexualidade como uma “escolha sexual derivada da existência, em todo sujeito, de uma bissexualidade originária”; sendo assim, “a seu ver, desnecessário inventar um ‘terceiro sexo’ ou ‘sexo intermediário’ para designar algo que decorria de um universal da sexualidade humana”.
2.8 Desejos Insuportáveis
	Desejos insuportáveis, ou desejos repulsivos, são desejos reprimidos no inconsciente, mas que continuam a existir. Geralmente se opõem à imagem do sujeito e à moral que está submetido. Trata-se de desejos que negamos a nós mesmos, podendo ser de vários tipos, como violentos, escatológicos, assassinos e incestuosos, mas, no geral, Freud aponta que os sexuais são os mais encontrados, nos quais se incluem os desejos homossexuais, por exemplo, que serão um ponto chave para a discussão que gira em torno da homofobia neste trabalho (FREUD, 2013).
	
2.9 Sintomas e Neurose
	Os desejos insuportáveis, por vezes, conseguem enviar a consciência “uma formação substitutiva para o que foi reprimido, deformada e tornada irreconhecível” (MELLO, 2009, p.75). A essa formação substitutiva da ideia reprimida, Freud dá o nome de sintoma, que funciona como uma espécie de metáfora do próprio conflito psíquico. Portanto, um sintoma, na psicanálise freudiana, trata de um retorno simbólico na consciência (no corpo ou em pensamento) de um desejo recalcado. Esse retorno do recalcado à consciência é proveniente de uma espécie de falha do recalcamento, o que acontece frequentemente, como citado a seguir:
O recalcamento, no entanto, facilmente fracassa e a libido represada, insatisfeita, que foi repelida pela realidade, deve agora procurar outras saídas do inconsciente, outras vias de satisfação, seguindo por caminhos indiretos. Ela regride a fases anteriores do desenvolvimento infantil e a atitudes anteriores para com os objetos – pontos de fixações infantis – e irrompe na consciência, obtendo satisfação. (DIAS, 2006, p.8)
	Neste sentido, a neurose é um tipo de sintoma caracterizado justamente pelo ato de defesa contra os próprios desejos recalcados. Para Freud, existem três tipos de neuroses: a histeria, a neurose obsessiva e a fobia. Portanto, este é um conceito fundamental para a discussão da temática proposta, a qual discutiremos mais adiante, uma vez que o homofóbico localiza algo para se manter longe do seu desejo recalcado. (FREUD, 2016)
2.10 Complexo de Édipo e Fantasia de Castração
	Uma vez abordado todos os conceitos anteriores, é de suma importância que se entenda uma das teorias gerais que tentam explicar o funcionamento do ser humano, denominada de Complexo de Édipo.
	Primeiramente, vale ressaltar três coisas: o Complexo de Édipo é um processo, não um momento; correlaciona-se com a passagem da criança de um ser autocentrado, narcísico, para um ser social, por meio de interdições e controles dos seus impulsos sexuais infantis; e envolve desejos edípicos, isto é, fantasias infantis de morte e incesto com às pessoas que exercem a função materna e paterna para a criança. (CITAÇÃO)
	Assim, segundo a teoria freudiana, um indivíduo nasce em estado de prematuração orgânica, ou seja, um estado de dependência absoluta de outro indivíduo para sobreviver, portanto, um estado de desamparo que gera um afeto de angústia difícil e doloroso na criança. Nesse momento, a criança é amparada por uma pessoa (outro materno) que oferece tudo o que ela precisa para sobreviver em proteção, além de introduzi-la no mundo da linguagem por meio de respostas aos seus estímulos de choro. Com isso, o outro materno passa a ocupar um lugar fantástico no imaginário da criança, um lugar de absoluto, de referência e de garantia, sendo que a simples presença do outro materno produz um efeito de aplacamento do desamparado sentido pela criança. É nesse processo que a criança se identifica como o objeto que completa o outro materno, uma vez que ele sempre está no seu entorno, fazendo com que a criança tenha uma sensação de completude ilusória, isto é, uma sensação de satisfação e felicidade plenas como meio de proteção ao afeto de angústia causado pelo desamparo infantil (FREUD, 2011).
	Nessa fase, a criança se transforma em um ser narcísico, autocentrado que tem o amordo outro materno como algo fundamental e para não perdê-lo, isto é, na tentativa de manter o amor do outro materno, já que teme ficar enormemente ficar desamparada, faz o que o outro materno quer, o que inclui a restrição de suas satisfações sexuais infantis das fases oral, anal e fálica segundo os valores sociais que condicionam o amor do outro materno. Entretanto, aos poucos a criança começa a perceber que o desejo do outro materno também é dirigido para outro lugar além dela (outro paterno), constatando que o outro materno não é absoluto, mas sim um ser faltoso, falho, e que, por isso, ela não está plenamente amparada. Assim, a sensação ilusória de completude da criança vai se diluindo e gerando um sentimento de angústia proveniente de sua percepção de desamparo. Como consequência disso, a criança passa a odiar o outro paterno e deseja a sua morte para ter a completude que o outro materno lhe proporcionava de volta. (CITAÇÃO)
	Com o passar do tempo, a criança percebe a impossibilidade de destruir o outro paterno e de ser o único objeto de completude do outro materno, deixando o seu lugar narcísico, autocentrado, e encontrando como solução para esse dilema a fantasia de castração, isto é, fantasia retirada do campo social de que existe um objeto, denominado de falo pro Freud, que a completa, que satisfaz plenamente a sua pulsão, que fará com que ela atinja a felicidade plena, ela apenas não o tem por uma razão também fantasiada. Essa fase ocorre em concomitância com a fase fálica da sexualidade infantil e compreende o que denomina-se de saída do Complexo de Édipo, movimento constitutivo do processo de identificação da criança. (CITAÇÃO).
	Em virtude de tudo isso, a criança entende que precisa se identificar com o objeto de amor do outro materno, isto é, o outro paterno, para que possa ter alguém ou algo parecido com o outro materno e, assim, recuperar a sua completude. Essa identificação com o outro paterno faz parte da formação do Eu, isto é, nesse momento, a criança se identifica com o outro paterno por acreditar haver um determinado jeito certo para ser completa novamente, excluindo os outros modos de ser, os quais não trariam sua completude de volta. Portanto, assim, constitui-se o Eu (imagem que tem de si mesmo, tudo aquilo que se deve ser para recuperar a completude perdida), o ideal de eu (o que se deve ser no futuro para recuperar a completude) e o super eu (espécie de censor interno que exige por meio de punição moral que se seja conforme as internalizações de eu e ideal de eu no intuito de recuperar a completude), que atuam como um sistema de controle do que se deve ser para recuperar a completude perdida. (CITAÇÃO)
	O Complexo de Édipo, mas especificamente a saída dele, é fundamental para este trabalho, pois correlaciona-se com outros conceitos já abordados na identificação do indivíduo como um ser heterossexual sem, contudo, desfazer-se de impulsos homossexuais, e que pode ter uma formação reativa radical ao se deparar com qualquer estímulo que faça eclodir esse desejo insuportável homossexual a sua consciência, desenvolvendo-se, assim, a homofobia. 
	
3 ANÁLISE
	É evidente que não se pode afirmar que todos os homofóbicos são homossexuais. No entanto, ainda é possível que exista alguma correlação. Portanto, inicialmente, a primeira suposição a ser discutida para correlacionar a homofobia à homossexualidade internalizada no inconsciente, é de que essa aversão pode ser um produto de uma repressão que certas pessoas têm de seus próprios desejos. Ou seja, há uma necessidade dos indivíduos homofóbicos em se defenderem de algo que é insuportável para eles. Neste processo, um desejo insuportável, que é atribuído à homossexualidade, é recalcado para o inconsciente de forma que ele não possa ser traduzido e reconhecido pelo sujeito, colocando em risco a sua integridade moral. À essa defesa homofóbica é atribuída uma renúncia que é inerente à sexualidade (LIMA, 2011), uma vez que a sexualidade humana é fluida.
	Para explicar esse fenômeno de negação da própria sexualidade e recalcamento dos próprios desejos, primeiro é preciso entender que Freud, ao se debruçar de maneira mais intensa sobre a questão da sexualidade – para ele, a grande maioria das questões psíquicas estavam relacionadas a este tema –, vai percebendo como o inconsciente opera sobre nós em diversas formas, com efeito cotidiano. Este inconsciente, funcionando como uma espécie de tradutor e filtro para a compreensão das coisas, se apresenta como a causa do que somos e do que fazemos
	Em segundo lugar, Freud também percebe que a nossa sexualidade não é regida apenas pelos processos biológicos, mas envolve toda uma construção psíquica. Neste momento, a partir da Teoria da Sexualidade, Freud defende, entre outras características, que a sexualidade humana é, de início, bissexualmente constitutiva, ou seja, não está fixada em uma satisfação hetero ou homo, as duas formas são possíveis para todo mundo. No entanto, as exigências sociais, regidas pela heteronormatividade, mostram-se grandes responsáveis pelas restrições à nossa sexualidade, como explicitado na tese geral a seguir, oriunda de “O Mal-Estar na Civilização”, de Freud:
	
[...] a entrada do sujeito na cultura produz um mal-estar decorrente das contradições entre as exigências do desejo e da civilização. Para esta perspectiva, esta última estaria posicionada como fonte de regulamentação e controle dos prazeres. O repouso do pacto social estaria vinculado, então, à repressão do potencial sexual e aqueles que não renunciaram de seus desejos seriam classificados como criminosos perante a sociedade. (BOMBA; RODRIGUES, 2017, p. 10) 
	Neste sentido, um aspecto primordial para entender o processo de recalcamento de desejos insuportáveis, oriundos, neste caso, de uma homossexualidade reprimida por imposições sociais, como os padrões heteronormativos e as questões religiosas, por exemplo, é o que gera o conflito psíquico - que, assim como a bissexualidade, também é constitutivo no indivíduo - no sujeito homofóbico. Freud argumenta, a partir da Teoria do Conflito Psíquico, que nós nos defendemos de desejos, e não de afetos insuportáveis. São desejos que entram em contradição com a imagem do Eu, que é carregada de moral, regras, tradições e concepções do que este Eu deve ser. Mas um desejo recalcado pode fazer eclodir o conflito psíquico na consciência, “escapando” do recalque e da resistência, buscando uma maneira de se manifestar. Uma das formas que o desejo recalcado encontra de fazer isso, é através dos sintomas, que, por sua vez, são constituídos por dois lados: a expressão de desejo e a expressão da censura. No caso do sujeito homofóbico, a expressão do seu desejo se converte em uma censura.
	Neste momento, é cabível tecer comentários acerca das pulsões, termo muito utilizado nos ensaios de Freud.  Dentro de suas análises, a pulsão é entendida como sendo indiferente, até certo momento, se é homo ou heterossexual, mas a partir do Édipo surge a interdição da castração e, com isso, há uma bifurcação da bissexualidade constitutiva. A parte que diz respeito a homossexualidade tende a ser recalcada, mas dependendo da posição da pessoa na triangulação do Édipo, ela pode receber maior proeminência a depender de quem são os alvos da identificação do sujeito no objeto, ou seja, os modelos daquilo que a pessoa quer ser. Isso vai ser a matriz para forjar a imagem de cada um. Portanto, o processo de identificação é fundamental para a construção do Eu.
	Desse modo, a solução do complexo do Édipo não depende do sexo do objeto, podendo recair tanto para o lado feminino quanto para o masculino. Independente das concepções biológicas de reprodução, da moral, da religião e da moral popular, para Freud, a natureza da sexualidade humana é perversa, no sentido em que age a seu próprio serviço na busca do prazer incessante, escapando de qualquer tentativa de normalização, por mais recalcados que sejam seus impulsos (CECCARELLI, 2008). Nesse sentido, a homossexualidade apenas representa uma posição libidinal,assim como a heterossexualidade.
4 CONCLUSÃO
	Durante um tempo, a psicanálise tomou a homossexualidade como um tipo de patologia. Mesmo Freud, mostrando-se com uma postura contrária a isso, inicialmente entendia a homossexualidade como uma forma “invertida” da sexualidade normal, uma espécie de desvio da sexualidade humana, o que não necessariamente implicava em algo ruim, como defendeu em uma carta enviada a mãe de um paciente homossexual:
A homossexualidade não é, certamente, nenhuma vantagem, mas não é nada de que se tenha de envergonhar; nenhum vício, nenhuma degradação, não pode ser classificada como doença; nós a consideramos como uma variação da função sexual (FREUD apud JONES, 1979, p. 739).
 Ainda assim, a teoria de Freud foi muito importante para que pudesse romper com a perspectiva patológica da homossexualidade até dado o momento. Atualmente, tal visão já foi completamente abolida da concepção psicanalítica, por entender que não se trata de uma escolha consciente de objetos sexuais, porém uma construção inconsciente que acontece ao longo do tempo e que é determinada por sucessivos fatores. A aversão a homossexualidade pode, então, admitir um pré-entendimento psicanalítico.
 	Na abordagem freudiana, a sexualidade humana foi pensada se baseando nos processos de identificação e de desejo do indivíduo, que estão sincronizados entre si. Freud defende que ao nascer, não há nada de natural na concepção sexual do sujeito, ou seja, nada biológico que determine sua sexualidade. Assim, Freud caracteriza a sexualidade humana como constitutivamente bissexual, o que, a partir de então, passa a determinar as escolhas dos nossos desejos e impulsos. Trata-se de processos inconscientes no caminho da construção da imagem do Eu. No fundo, o binarismo da bissexualidade constitutiva permanece em todas as pessoas, porém uma parte dessa dualidade, no decorrer da concepção sexual do sujeito, é recalcada no inconsciente, enquanto a outra assume o controle do consciente e a direção das escolhas sexuais e da vida afetiva do indivíduo. No entanto, a parte que fora recalcada no inconsciente ainda permanece constituindo o ser e tende a se manifestar de diversas formas através das pulsões.
        	Portanto, a análise que se pode fazer partindo do pressuposto do conceito de determinismo psíquico, é que nenhum pensamento, desejo, sentimento ou lembrança ocorre isoladamente, pois os processos mentais dos indivíduos ocorrem de forma encadeada, portanto, segundo o autor, os elos ocultos na psique ligam determinados eventos mentais a outros que ocorreram anteriormente. (SANDLER, 2002). Desse modo, algo que se relaciona diretamente com o fato de um indivíduo homofóbico, ao se deparar com outro, homossexual, desencadeia em sua mente diversos processos que de alguma maneira pensamentos/ações/sentimentos no passado foram recalcados no importante processo para sua concepção e da forma em que se reconhece, fazendo voltar à tona elementos de desprazer, portanto, fazendo-o reagir com uma espécie de ódio e aversão por não desejar regredir à sua bissexualidade recalcada. Essa dificuldade em lidar com a diferença, que não é pertencente ao outro, mas a si mesmo, torna-se capaz de gerar raiva, ódio, segregação e preconceito sobre aquilo que o sujeito não consegue aceitar em si próprio.
Sendo assim, a necessidade da defesa tende a demonstrar que o sujeito homofóbico se sente agredido pelo seu próprio desejo, de modo que “a heteronormatividade é responsável por censurar manifestações de desejo do sujeito através de uma organização normativa social, na qual se analisam comportamentos aceitáveis ou não” (BOMBA; RODRIGUES, 201, p.10). Assim, segundo a psicanálise freudiana:
Compreende-se que o sintoma homofóbico é uma representação da renúncia a satisfação sexual, não só recalcando o desejo homossexual, mas rejeitando sua disposição de potencialidade bissexual primitiva, para que ele consiga permear e criar vínculos numa esfera social (BOMBA; RODRIGUES, 2017, p.10)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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