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Slides Introdução de Psicanálise

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Teorias e sistemas psicológicos II
Universidade Estácio de Sá
Professora: Ingrid Gabri Rosa
Ingrid.rosa@estacio.br
Teoria e Prática
Teoria: Parte especulativa de uma ciência (em oposição à prática). https://dicionariodoaurelio.com/teoria - Ponto de vista superior e afastado do acontecimento, para a partir disso, convencionar o que poderia de fato estar acontecendo. 
Prática: Ato ou efeito de praticar, pôr em prática:  realizar. https://dicionariodoaurelio.com/pratica 
Em psicanálise não há desvinculações entre teoria e prática
Não há uma teoria para haver uma prática 
Existem conceitos que guiam a prática mas que não são imutáveis
A experiência analítica repercute no plano conceitual 
Teoria e prática estão no mesmo campo 
 
O que é Psicanálise?
É uma teoria/prática que leva em consideração a história do sujeito, compreendendo que ela é capaz de afetar seu organismo. Há uma relação entre o corpo que cria a realidade psíquica e a realidade psíquica que afeta o corpo.
Corpo
Realidade psíquica 
Algo na sua história pode causar um impacto tão grande quanto um trauma físico. O trauma também pode ser psíquico.
O que é Psicanálise?
Qualquer história? NÃO!
Durante nossa formação, durante a infância, aprendemos referências de como devemos nos relacionar com nosso corpo, como nosso psiquismo e com a sociedade. De maneira geral essas referências serão guardadas por toda a vida e tenderemos a fazer na vida adulta aquilo que aprendemos a fazer durante a infância.
É um trabalho sobre o passado?
De forma nenhuma podemos dizer que a psicanálise é um trabalho sobre o passado. Ela é um trabalho com o futuro, a escuta do passado faz parte para que o sujeito seja capaz de interromper suas repetições do passado para produzir um futuro distinto. 
O que é Psicanálise?
Fases do desenvolvimento infantil / Fases do desenvolvimento da Libido
Durante o desenvolvimento procuramos prazer e essa busca motiva nosso crescimento, curiosidade e inteligência.
 E nessa busca o sujeito encontra fontes de prazeres que deverão ser recalcadas por conta do convívio social.
Para Freud o sexo vai muito além do coito. Nossos movimentos vitais estão relacionados a sexualidade.
Libido em movimento nos leva a não nos contentarmos simplesmente com a satisfação das nossas necessidades primárias (instintos). Há um querer além. 
Não basta comer para saciar a fome, não é a água que cessa a sede, a reprodução não basta.
Lacan nos diz que a necessidade é inexistente para o ser humano ao passo que estamos inseridos na linguagem. Vivemos pela demanda e pelo desejo.
O que é Psicanálise?
Desviamos a energia libidinal para outros afazeres. E é isso que possibilita a construção da sociedade para Freud.
Quando Freud inicia o acompanhamento das histéricas, se atenta para a existência de algo desconhecido em nós. Há algo no sujeito que ele não controla. Há algo inconsciente.
O eu não é senhor em sua própria casa.
Com a descoberta do inconsciente Freud explica o que ocorre na neurose – Uma parte desconhecida em mim precisa se manifestar, ela precisa alcançar o prazer de outras formas. 
Quando uma manifestação do inconsciente é agradável a gente não dá muita importância para ela, contudo quando ela é desagradável a chamamos de doença, de sintomas. Tendo em vista que somos levados por ele a fazer coisas que não são programadas pela lógica social. 
O que é Psicanálise?
Freud reconhece que para vivermos em sociedade é preciso que alguns prazeres sejam reprimidos e recalcados. 
Repressões necessárias  Sofistica os impulsos primários, mas não os nega. Ex: Ter um horário para comer
Repressões absolutas  Negação dos impulsos primários, são geradoras de sintomas. Ex: Anorexia. 
É sobre esses modos de se reprimir que a psicanálise irá atuar. Questões sobre o que tem do sujeito com sua sintomática serão levantadas. 
Isso porque para a psicanálise a melhora equivale tanto a uma transformação quanto a uma aceitação de si mesmo. 
O que é Psicanálise?
É um conjunto de saberes que se precipita no exercício desse método. 
Ao contrário dos métodos baseados em condicionamentos e em explicações cognitivas, a psicanálise é uma técnica psicoterápica fundamentada na exploração do inconsciente através da associação livre. Foi desenvolvida por Sigmund Freud, médico neurologista austríaco no início do século XX. (Roudinesco e Plon 1998).
Psicanálise no mundo
Início
Sigmund Freud em 1900
Reuniões das quartas-feiras
Sociedade psicanalítica de Viena 
Novos discípulos 
Berlim  Karl Abraham – Introduz a noção de uma psicopatologia psicanalítica, ligada a fixação em momentos do desenvolvimento. Patrocinou o primeiro instituto de formação de psicanalistas (Policlínica Berlim em 1920)
Hungria  Sándor Ferenczi – Ministro da saúde e tenta trazer a psicanálise para a saúde mental. Desenvolveu uma série de conceitos ligados a reformulação do tratamento psicanalítico e de como poderíamos repensar os efeitos deste tratamento. 
Zurique  Bleuler – Fundador da psiquiatria psicodinâmica, introdutor da noção de esquizofrenia. Responsável por introduzir a psicanálise no debate da psiquiatria. 
Londres  Ernest Jones, Fairbairn, James Strachey. Uma escola que se tornou muito grande com a imigração de muitos psicanalistas depois da segunda guerra mundial o que ocasionou a formação de duas escolas, uma liderada por Ana Freud que enfatiza o papel da educação na psicanalise. A outra escola liderada por Melanie Klein que propõe a ludoterapia, uma nova teoria da fantasia e inaugura a teoria das relações de objeto. Entre essas duas escolas nasce um grupo dos independentes que são liderados por Winnicott, que buscam de certa forma unir a ideia de Ana e Klein.
França  Jacques Lacan – Questiona o modelo genealógico, muito rígido de formação e um certo esquecimento de Freud. Vem como espécie de critico das escolas vigentes até então, com a proposta de um retorno a Freud.
Psicanálise no Brasil
A psicanálise no Brasil se dá em três entradas
Através da psiquiatria  Doutrina divulgada por Juliano Moreira, fundador da psiquiatria brasileira moderna. Entre 1914 e 1930, vários psiquiatras contribuíram para a implementação progressiva da psicanálise freudiana no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.
Através dos autores modernistas paulistas que eram leitores de Freud  Mário de Andrade, Oswald de Andrade e outros que usavam a estética psicanalítica para pensar os personagens e o Brasil.
Através do pensamento sociológico  Empregam a psicanálise para entender a relação entre poder e reprodução, entre poder e a relação subjetiva do outro.
Nesse início haviam muitas ideias psicanalíticas que rondavam o Brasil, mas não tínhamos aqui nenhum psicanalista de fato. 
1970  Instituto Sedes Sapientiae torna-se um centro de difusão das práticas psicoterapêuticas e em 1976 integrou em suas atividades um Instituto de Formação Psicanalítica.
A entrada da psicanálise nos cursos de psicologia facilitam uma progressão da teoria em território brasileiro. 
Psicanálise na universidade
A psicanálise entra na universidade em primeira instância pela relação dela com a medicina.
A entrada na universidade através dos cursos de psicologia se dá a partir da disseminação desses cursos pelo mundo.
A psicologia trabalha com conceitos mente, as funções mentais, as ideias de representações e por esses motivos a psicanálise cabe dentro de um curso de psicologia como uma teoria que faz parte desta ideia. 
Entretanto enquanto uma teoria mais abrangente ela ultrapassa as disciplinas que a tornaram possíveis e por isso entendemos que a psicanálise também pode ser, e é estuda, em outros cursos como na filosofia, na medicina, em letras e alguns outros. 
A psicanálise se estuda na universidade, mas não se torna um psicanalista na faculdade. Psicoterapia psicanalítica difere da análise. 
Psicanálise enquanto ofício. 
Freud e a Psicanálise
Freud (1856 – 1939)
Se formou em medicina pela Universidade de Viena em 1881;
Em 1885 recebeu uma bolsa de estudos para ter aulas com Charcot, um neurologista que adotou novas técnicaspara o tratamento da histeria.
Charcot prova que a histeria não estava ligada a fatores fisiológicos, já que os sintomas podiam desaparecer durante o momento de transe hipnótico.
Demonstrações impressionaram Freud a ponto de fazê-lo repensar toda teoria estudada anteriormente.
Em 1886 Freud retorna à Viena e estabelece uma clínica particular em sua casa, introduzindo a sugestão hipnótica.
Freud conhece e inicia um trabalho em conjunto com Josef Breuer, médico que também nutria interesse no tratamento de histéricas e que já fazia uso do método hipnótico. Atendem casos clínicos que inspiraram o livro “Estudos sobre a histeria” (1895).
Freud e a Psicanálise
Anna O. e o pedido de que fosse ouvida e não interrompida, queria limpar a chaminé. 
Método da hipnose catártica para despertar lembrança. 
As observações sobre os pacientes histéricos fizeram com que eles percebessem a existência de algo traumatizante no passado.
Teoria da sedução.
Teoria do trauma.
O trauma não é somente físico, podemos ser traumatizados emocionalmente.
Durante os relatos das cenas vivenciadas os pacientes expunham suas reações, que não haviam sido expressas na ocorrência do trauma. A ideia de que isso era necessário. 
Paciente acordava do transe e não se recordava da experiência que havia tido, retomando após algum tempo os sintomas.
Freud e a Psicanálise
Percepção de que era possível ter algo em nós mesmo que não lembrávamos, que não sabíamos. A consciência seria dual.
Inconsciente como algo separado da consciência.
Freud péssimo hipnotizador. Nem todos podiam ser hipnotizados.
Método catártico sem a sugestão hipnótica – Insistia em um saber, o esquecido não está perdido, está sob a ação da resistência.
Método da associação livre – surgimento da Psicanálise.
Hipnose sugestiva Hipnose Catártica Associação livre
 Charcot Breuer Freud
Resistência e Recalque
Resistência – Algo que impossibilita que aquilo que foi esquecido emerja a consciência.
Sobre o que age a resistência?
Sobre o recalcado!
Recalque x Repressão 
Repressão Aquilo que é reprimido mas ainda pode estar presente. É dado por uma força que o põe de lado, é consciente. 
Recalque Conceito que está para além da repressão, é o que constituí o 
 aparelho psíquico. 
 Está na gênese dos conflitos psíquicos. 
 Negação de um desejo que não pode ser tolerado por 
 mim – É preciso esquecer isso! Mas não é possível apagar.
Recalque primário Inaugura o inconsciente 
Recalque secundário Só é possível por já haver algo recalcado. É o que 
 se repete a partir do primário 
Retorno do recalcado 
Retorno do recalcado
Formas do que está recalcado se fazer presente apesar da resistência. Substituição do desejo recalcado mas que guarda em si traços desse desejo. 
Sintomas
Sonhos 
Chistes
Atos falhos 
 Desejo / Trauma Recalque Sintoma
Consciência Resistência 
Associação livre e atenção uniformemente suspensa 
Técnica fundamental da psicanálise  é através dela que o analista se depara com o material recalcado. 
Aquilo que não pode ser admitido pelo paciente como sendo o seu desejo será expresso através da associação livre.
O analista deve estar atendo ao recalcado que retorna no discurso do paciente.
Introduz a técnica solicitando que o analisando lhe comunique todos os pensamentos, ideias e imagens que lhe sobrevenham à mente, mesmo que o fato pareça absurdo ou descabido. 
É necessário que o paciente sinta-se confortável para falar sobre tudo sem que haja críticas ou seleções.
Associação livre e atenção uniformemente suspensa 
A liberdade vem do fato de não ser oferecido ponto de partida.
É de suma importância que o analista mantenha-se sob uma atenção uniformemente suspensa.
Deve buscar se afastar de suas tendências pessoais para que não favoreça partes do discurso do analisando. 
Significa não buscar coisas fixas no discurso do paciente. 
É se colocar sempre atento a novos fatos que possam surgir no discurso do sujeito.
Ouvir o que o paciente expõe através da associação livre.
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
Através da análise de seus próprios sonhos e na percepção de que os pacientes em associação livre traziam muitos de seus sonhos ao deitarem no divã, Freud os tomam como objeto de estudo.
Publica a interpretação dos sonhos em novembro de 1899, contudo a data de publicação fica como 1900 para evidenciar o novo que surgia a partir dai. 
Sonhos Sempre estudado pela humanidade. Um enigma que recebe diversas significações ao longo dos séculos – comunicação com os Deuses, com os mortos, revelações, presságios, pensando de várias formas pelas religiões. 
Para ciência o que se tinha até então era o sonho como um produto dos estímulos ao corpo. 
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
Freud Sonhos como atividade psíquica 
Freud traz a teoria de que durante o sono as nossas resistências estariam diminuídas. 
Este fato facilitaria o retorno daquilo que foi recalcado a consciência. 
No entanto é necessário compreender que ainda nesse momento ocorrem as intermediações das resistências, mesmo que mais fracas.
Gerando uma distorção do material recalcado
Nesse primeiro momento Freud traz os sonhos como realizações de desejo, mesmo em um pesadelo teríamos ali um desejo que busca se realizar. Um desejo que se realiza simbolicamente.
“ O sonho é a realização (disfarçada) de um desejo (recalcado).”
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
A não compressão do sonho como agente realizador, se deve a atuação de uma censura que age na tentativa de obscurecer os desejos. 
Maior a censura, maior o disfarce. 
A atuação da censura divide os sonhos em dois conteúdos:
Conteúdo Manifesto Aquilo que acessamos conscientemente. O sonho contado. 
Conteúdo latente Está dissimulado por trás do conteúdo manifesto. É aquilo que tenta emergir do inconsciente para o consciente, mas sofreu uma ação de defesa. O que está para além do que é contado. 
Um elemento latente pode ser desvelado por vários elementos manifestos ou vários elementos manifestos podem estar ligados a apenas um elemento latente.
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
Quais seriam as fontes dos sonhos?
Antiguidade do material onírico
Fontes de origem infantil
Fontes somáticas
Sonhos típicos
As fontes dos sonhos podem estar em um passado distante, mas para que se produza o sonho é preciso que o que venha do passado se ligue a algum acontecimento da véspera do sonho.
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
Freud faz uma comparação entre o que contamos do sonho e o que os sonhos nos contam, mostrando que aquilo que contamos é extremamente resumido em relação ao que aparece no momento em que o sonho está sob análise. 
“O sonho é um rébus (reconstrução do todo por meio de partes) e nossos predecessores cometeram o erro de querer interpretá-lo como um desenho. Por isso que lhes pareceu absurdo e sem valor.”
Por isso é importante destacar que, apesar do sonho as vezes ser narrado como uma história, com inicio, meio e fim, esses fatos não podem impedir a compreensão de que a pessoa que conta o sonho já está sob resistência do agente censurador.
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
O conteúdo manifesto nos informa sobre o trabalho do inconsciente.
Freud trás quatro mecanismos fundamentais do trabalho do sonho:
Condensação Uma fusão de diversos pensamentos latentes entre si. Uma representação no lugar de dois ou mais elementos. 
Deslocamento Transferência de intensidade de uma representação para outra, alguns fatos tornam-se sem interesse e vice-versa, permitindo assim que o material escape a censura. 
Figuração O sonho não representa relações lógicas entre seus elementos, mas pode modifica-loscolocando em imagens vários tipos de representações. 
Elaboração secundária Um segundo momento da elaboração onírica, visa transformar o sonho em algo coerente. Censura pode realizar alguns acréscimos ao sonho
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
A interpretação dos sonhos ocorre;
A partir do conteúdo manifesto, na tentativa de fazer emergir o conteúdo latente. 
Reconstruindo o trabalho da sua construção – um sonho não é interpretado em bloco, mas sim em cada elemento. A técnica utilizada na interpretação dos sonhos é a mesma diante de um sintoma ou chiste, associação livre para que ressalte o que há de inconsciente ali. 
Ouvindo o que ele tem a dizer.
Na singularidade do caso a caso – eles se ligam aos desejos recalcados de cada pessoa. 
Os sonhos são a via régia para o inconsciente – ele sempre dirá do seu sonhador. 
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
Formação dos sonhos:
Restos diurnos 
Articulação dos elementos dos desejos
Umbigo do sonho Aquilo que é intraduzível do inconsciente para o consciente. Ponto onde ele mergulha no desconhecido. É da onde brota o desejo do sonho – a marca da onde veio. 
Ao trazer todas essas elaborações sobre o mecanismo do sonho Freud visava demonstrar como o sonho também é um processo psíquico e como é possível explicar os outros processos a partir do que ele nos permite elaborar. 
A Interpretação dos Sonhos 1900 (1899)
Mas resta uma questão – como explicar um processo psíquico sem que tenhamos ao que nos remontar?
É a partir do último capítulo deste livro que Freud percebe a necessidade de estruturar suas ideias sobre um aparelho psíquico e seus jogos de força. 
Até aquele momento não havia nenhum conhecimento psicológico estabelecido que possibilitasse subordinar aquilo que o exame dos sonhos e da histeria o habilitou inferir. 
A nova noção de inconsciente trazida por Freud em suas teorias, através da percepção dos sintomas histéricos, dos chistes, atos falhos e dos sonhos fez com que ele sentisse a necessidade de pontuar a existência de um aparelho psíquico.
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
Assim como os sonhos são presentes na vida de qualquer pessoa o aparelho psíquico também está presente em qualquer individuo. 
O aparelho psíquico possui sua lógica de funcionamento e será igual para qualquer pessoa. 
A sintomática fala de um “mal” funcionamento dele.
Ao formular sua ideia do aparelho psíquico Freud faz questão de pontuar que ele não visa destacar sua localização anatômica. Ao contrário disso o compara com um microscópio ou uma maquina fotográfica, pois assim como nestes a imagem se localiza no interior do instrumento sem que haja um elemento tangível do aparelho, no aparelho psíquico será semelhante, as imagens se registrarão dentro deste mecanismo. 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
Freud retrata o aparelho psíquico como um instrumento composto de "instâncias" ou, também podendo ser chamado, de "sistemas". Sem que haja a necessidade de que esses elementos se disponham em uma ordem espacial. 
Denomina os componentes do aparelho como "sistemas Ψ" e conclui que esse aparelho tem um sentido ou direção fixa.
Todas as nossas atividades psíquicas 
 partem de estímulos internos ou 
 externos que terminam em inervações.
Sendo assim o aparelho possui uma 
 extremidade sensorial(recebe as 
 percepções)e outra motora (abre as 
 comportas das atividades motoras). 
Aparelho reflexo. 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
Nossas percepções que incidem sobre o aparelho permanecem nele como traços mnêmicos, esses modificam permanentemente elementos do sistema.
Dessa forma não é possível pensar que o mesmo sistema seja capaz de reter todas as modificações e ainda assim absorver novos elementos.
Freud divide dois sistemas com funções diferentes, um que recebe os estímulos, mas não os preserva
 e outro que por detrás dele 
 recebe as excitações 
 momentâneas do primeiro 
 sistema e as convertem em
 traços permanentes. 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
O sujeito percebe muito mais do que o que passa por seu sistema perceptivo.
Existem associações que são realizadas simultaneamente entre nossa memória e as novas percepções. 
O sistema perceptivo não possui nenhuma memória, ele não pode reter traços associativos o que nos leva a compreender que a base das associações esta centrada no sistema mnêmico.
É o sistema perceptivo que supre a consciência da multiplicidade das qualidades sensoriais.
As nossas lembranças são inconscientes. 
Apesar de nossa memória poder se tornar consciente ela não produzirá efeitos sensoriais ou seus efeitos serão pequenos se comparados a percepção. 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
A partir das conclusões de que existem duas instâncias psíquicas, uma submetida a crítica de uma outra, Freud insere um nova instância que será compreendida como a responsável por dirigir a vida de vigília, determinando as ações voluntárias e conscientes. 
Inscrita próximo ao sistema motor, possuindo uma relação mais estreita com a consciência, já que o que é expresso e regulado de alguma forma
Descreve esse último sistema como o pré-consciente. 
Concluindo que o que está atrás dele é inconsciente, já que seu acesso a consciência só é permitido pelo pré-consciente que submete e modifica seu processo excitatório. 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
As três instâncias do aparelho psíquico:
Consciente – “Órgão sensorial para a percepção de qualidades psíquicas.” Recebe as informações do mundo externo e do interior do aparelho, incapaz de reter traços das alterações, sem memória.
Pré-consciente – Sistema crítico que 
 dirige nossa vida de vigília. É o filtro entre 
 consciente e inconsciente, são os
 conteúdos que podem advir à 
 consciência sem repressão.
Inconsciente – Conteúdo recalcado, 
 armazena episódios traumáticos, ideias, 
 sentimentos e desejos recalcados.
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
Processo de regressão Quando a excitação se move em direção oposta. Ao invés de se propagar para extremidade motora ela se movimenta no sentido oposto, o da extremidade sensorial. 
Sonhos sensoriais 
Processo de rememoração Nesse momento ela não consegue produzir vivências alucinatórias, a regressão vai apenas até as imagens mnémcas, sem alcançar as imagens perceptivas. 
Primeira tópica freudiana – A construção do aparelho psíquico 
Atos psíquicos como realização de desejos Formação de compromisso.
O desejo realizado é do inconsciente e do pré-consciente – o sintoma é determinado por um acordo entre as duas instâncias.
“O sintoma histérico só se desenvolve quando as realizações de dois desejos opostos, cada qual proveniente de um sistema psíquico diferente, conseguem convergir numa única expressão.”
No sonho também temos esse acordo ao passo que o sonho permite continuar a dormir.
Pulsão sexual X Pulsão de auto conservação 
Primeiro dualismo pulsional estabelecido por Freud
Pulsão sexual  Percorre seus próprios fins, busca pelo prazer.
Pulsão de auto conservação  São necessidades biológicas, distintas do instinto propriamente dito. Elas visam preservar o individuo.
Pulsões sexuais x pulsões de auto conservação podem estar ligada a distinção popular entre amor e fome. 
“O individuo leva de fato uma dupla existência: uma em que persegue seus próprios fins e outra que é um elo de uma corrente, à qual serve involuntariamente e, às vezes, até contra a sua vontade.”
Pulsão x Instinto 
Instinto
Possui objeto definido 
Todos os animais possuem 
Pode ser satisfeito
Pulsão 
Não possui objeto definido – É o que há de mais variável na pulsão, pode ser variada infinita vezes.
É característico do Humano
Não se reduz a sua fonte – Possui fonte no corpo, maspossui função psíquica 
Exige um trabalho – Deseja ser satisfeita 
Está lá o tempo todo – ao contrário do que a ciência trazia sobre o instinto sexual que é satisfeita no ato, a pulsão sexual está nas trocas do sujeito com o mundo, inclusive da criança com o mundo. 
Destinos da Pulsão
Recalque
Negação 
Narcisismo 
Quando a pulsão retorna para o próprio eu
Autoerotismo 
Invertida 
Passividade – Atividade 
Sublimação 
Transformar aquilo que é da ordem da sexualidade em algo não sexual 
Transforma as fantasias neuróticas em um objeto estético ou cientifico.
É distinta da substituição, pois a sublimação está ligada a um destaque social 
Mas é impossível sublimar tudo, algo sempre escapa para o recalcado. 
A teoria da sexualidade
Em “Os Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade” (1905) Freud aborda algo que era visto em sua época como totalmente novo e descabido. 
Os estudos sobre a sexualidade como parte primordial da constituição do sujeito.
Identifica o sexual como algo presente desde o início da vida do individuo. 
Até este momento suas ideias eram bem recebidas pela comunidade médica, suas teorias relativas as histerias e demais doenças nervosas eram escutadas sempre com atenção. Contudo, a partir deste texto Freud é excluído de diversos ciclos médicos. 
A teoria da sexualidade
A psicanálise passa a ser chamada de pansexualista. 
Freud discordava do termo pansexualista, pois dizia que assim se buscava amesquinhar e desqualificar uma das maiores descobertas feita pela psicanálise.
De modo geral o conceito de ‘sexual’ é interpretado como algo impróprio, que tem o ato sexual como ponto central e a função reprodutora como núcleo da sexualidade. 
Para Freud, no entanto, o ‘sexual’ é muito mais abrangente, para ele a única definição correta para tal conceito é observando “tudo o que se relaciona com a distinção entre os dois sexos.” [In conferencia XX; p. 309]. 
Ao contrario disso, muitos atos sexuais como a masturbação e o beijo seriam colocados de lado se só se levasse em consideração à função reprodutora.
A teoria da sexualidade
Freud inicia seu processo de investigação sobre a sexualidade pensando sobre as pessoas que se desviavam do padrão cultural pré-estabelecido – os perversos. 
As atividades perversas se valem de outros métodos, que não os reprodutivos, para a obtenção de prazer. 
A satisfação pervertida em adultos, visa terminar em um orgasmo. 
O que a indica como perversa, sendo mal vista socialmente, é o fato dela deixar completamente de lado o objetivo de reprodução. Quando as mesmas ações ditas perversas estão vinculadas ao ato sexual (reprodutivo) como contribuições preparatórias e intensificadoras não são consideradas perversas.
A teoria da sexualidade
As perversões destacadas por Freud são da seguinte ordem:
Atração por pessoas do mesmo sexo – homossexuais ou invertidos. 
Perversões que têm seu objeto sexual modificado – São aqueles que renunciam a união das genitálias no ato sexual e tomam alguma outra parte do corpo do parceiro como objeto de desejo ou ao invés da parte do corpo uma peça de roupa ou um sapato como tal objeto – os fetichistas. 
Perversões que tiveram a finalidade sexual modificada – São aqueles que transformam o ato inicial em finalidade, essas pessoas se satisfazem só de olhar, apalpar ou espionar outros indivíduos em atos íntimos. Nesse grupo se encaixam também os sádicos e os masoquistas.
A teoria da sexualidade
Ao contrário do que a ciência postulava a sexualidade não é uma reta com um único alvo, para Freud ela pode ser compreendia como um labirinto, no qual cada um terá que encontrar seu caminho. 
Perversão
Só pode ser considerada como patologia quando se configura uma fixação em um determinado objeto.
As resistências não atuam com tanta força sobre as pulsões sexuais.
Neurose
Um neurótico recalca seus desejos sexuais que são impelidos de se manifestarem pela resistência – Fato que gera o sintoma.
Também há perversão dentro da neurose
Os sintomas são representantes da libido que é disfarçado pela formação de compromisso. 
A teoria da sexualidade
Durante os estudos sobre a histeria algo sempre esteve em evidência – a sedução traumática. 
Teoria da sedução 
A histeria seria produzida por uma transgressão na experiência sexual do sujeito.
A sedução e o trauma foram concebidos num contexto no qual a assimetria entre os parceiros seriam o vetor fundamental. Como por exemplo com diferenças de idades e de autoridade, fazendo com que o individuo fique em uma posição passiva podendo ao longo do tempo permanecer na passividade ou se rebelar. 
 Freud caracteriza o;
Feminino pela passividade 
Masculino se caracteriza pela atividade.
A teoria da sexualidade
A sexualidade infantil As crianças não são assexuadas. 
Para Freud seria improvável e geneticamente impossível que a sexualidade só surgisse na puberdade, o que surge nessa idade é a função reprodutora. 
Existe um caráter perverso polimorfo O bebê não recalca suas fantasias, ele goza sem criar barreiras e nem recalques para seus fetiches. 
Para Freud não é necessário à maturidade biológica e nem a produção de hormônios sexuais na infância para que exista a sexualidade.
Contudo, desde cedo as crianças são restringidas a não manifestarem qualquer atividade sexual.
Autoerotismo 
Uma unidade comparável ao EU não está presente no individuo desde o início. 
A unidade corporal virá com o tempo, com atos psíquicos. Até o narcisismo a criança ainda não compreende seu corpo como unificado.
No primeiro momento de vida as pulsões serão compreendidas como parciais. 
As Pulsões terão livre satisfação, uma independente da outra.
Por isso nas duas primeiras fases a criança desenvolve um comportamento sexual auto erótico.
O autoerotismo está ligado a busca de prazer no próprio corpo, sem a necessidade de objetos externos.
O autoerotismo nasce do apoio as funções somáticas vitais sem nenhum objeto sexual. 
A teoria da sexualidade
Para embasar sua tese Freud faz uso do estudo do comportamento dos bebês, é através de várias investigações que este conclui que a sexualidade infantil tem seu inicio ligado à satisfação das primeiras e principais necessidades orgânicas.
O primeiro período e mais primitivo do desenvolvimento sexual da criança é a fase em que a boca e os lábios desempenham o papel de zona erógena ao tocarem o seio materno em busca de satisfação de seus instintos. 
O primeiro objeto do componente oral é o seio materno que satisfaz a necessidade de alimento do bebê. O prazer do bebê nesse caso, não está ligado aos genitais e nem tem finalidade restritamente sexual, mas está ligada a sua saciedade nutritiva. 
A teoria da sexualidade
Com a progressão da independência do bebê ele passa a sugar partes do próprio corpo, gerando um maior prazer, pois é estimulado por duas vias. Essa fase é chamada auto erótica. 
Para Freud o que foi demonstrado pela tomada de alimento se repete nas excreções. 
A segunda fase é a anal que corresponde ao funcionamento bifásico (expulsão e retenção) do esfíncter anal e seu respectivo controle. A musculatura e a membrana da mucosa anal constituem a fonte do sadismo dessa fase. 
O órgão genital desempenha papel apenas para a excreção da urina. É nesse momento que o mundo externo age como força inibitória, alegando que tudo o que está ligado as excreções é vergonhoso e deve ser mantido em segredo. “Então pela primeira vez, a criança é obrigada a trocar o prazer pela responsabilidade social”. 
A teoria da sexualidade
A terceira fase, a fálica, é o momento onde se inicia a manipulação da genitália em que há a escolha de um objeto, de uma pessoa e até mesmo a decisão por um dos dois sexos. É nessa fase que eles aprendem a ocultar os fatos.
Há ainda as investigações sobre a sexualidade feita pelas próprias crianças. 
As crianças se questionam sobre os sexos e suas diferenças. Querem saber de onde vieram os bebês e como eles são feitos. Criam suas próprias teorias que muita das vezes vão dar conta de explicar as distinções sexuais por um determinado tempo. 
A quarta fasecompreende a fase latente em que há um abandono do objeto sexual no interior das relações parietais para que a pessoa faça uma escolha fora da família. A maior parte das experiências e impulsos mentais anteriores ao início do período de latência agora sucumbe à amnésia infantil.
Sexualidade
A sexualidade para a psicanálise é pulsional
Algo constante e que instiga o sujeito.
Não possui uma resposta pronta a ser dada 
Não é possível se desvencilhar 
Nos direciona a algo – inclusive ao objeto que nos atrai
A pulsão se relaciona ao objeto, mas isso não se dá de forma simples. Pois a satisfação não está no encontro com o objeto, não há UM objeto relacionado a ela. O que a pulsão objetiva está desde sempre perdido.
Só é possível contornar o objeto desejado – por isso ela nos movimenta.
A satisfação se dá nesse contorno do objeto, se no circuito pulsional.
Nesse sentido podemos pensar a satisfação como distinta do prazer, pois nossas relações de satisfação não estão ligadas a algo que esteja em nossas mãos. É possível estar as voltas com o objeto e mesmo assim ter algo que se satisfaça. 
A teoria da sexualidade
Libido 
Designa uma energia postulada por Freud como substrato da pulsão sexual. 
Possui um sentido quantitativo, concebida como uma força ou energia capaz de aumentar ou diminuir, cujo a distribuição ou deslocamento tornam possível a sexualidade humana. Em certas etapas do desenvolvimento psicossexual do ser humano estará mais concentrado em certas áreas do que outras. 
Possui caráter qualitativo – A energia libidinosa se difere de outras energias psíquicas, sendo a libido irredutível a outras formas de energias mentais não especificas.
A libido também se deslocará para fora do eu, investindo nos objetos sexuais. Nesse momento a libido do eu será convertida em libido de objeto.
É necessário ressaltar que a libido é invariável e de natureza masculina, mesmo que ocorra na mulher, sendo necessário que se entenda masculino como ativo e feminino como passivo. Assim sendo o que Freud quer dizer com uma libido masculina é que ela sempre é de natureza ativa.
A decisão da sexualidade 
Para Freud a decisão da sexualidade está diretamente ligada ao desenvolvimento psicossexual do sujeito. 
Todos os indivíduos passariam pelas fases do desenvolvimento psicosexual e seria um mau desenvolvimento delas que levaria o sujeito adulto a sofrer de psicopatologias.
Nestas três fases a organização da pulsão sexual e a formação do caráter adulto estariam em desenvolvimento. 
Durante esse período, principalmente nas duas primeiras fases, a criança desenvolve um comportamento sexual autoerótico, no qual ela busca alcançar prazer no seu próprio corpo sem a necessidade de objetos externos, nesse momento ainda não há uma unificação das pulsões, que são compreendidas como parciais. 
A decisão da sexualidade 
Durante a terceira fase descrita por Freud, ocorrerá uma tendência à unificação das pulsões parciais sob a zona erógena genital, que tem sua organização ainda diferente da fase da puberdade.
Na fase fálica a criança só reconhece um único órgão genital, o pênis. Nesse momento a antítese sexual será percebida pela oposição fálico-castrado. Durante esse período o Complexo de Édipo entrará em decadência e o Complexo de Castração será dominante.
É nessa fase que, geralmente, as crianças entrarão em contato com o órgão genital do sexo oposto e perceberão a distinção entre eles. 
Segundo Freud, é nesse momento que a menina se sentirá inferior ao menino por não possuir como ele um pênis de igual tamanho. Por outro lado o menino se sentirá ameaçado e imaginará que a menina foi castrada por ter procedido de maneira inadequada
Complexo de Édipo
O mito
O mito conta a história de Laio, rei de Tebas, que teria sido avisado por um Oráculo sobre seu futuro maldito: ele seria assassinado por seu próprio filho que se casaria com sua mulher, ou seja, a mãe deste. Para evitar que isso se concretizasse, Laio decide abandonar a criança num lugar distante, colocando-lhes pregos nos pés, para que morresse. Um pastor encontra a criança e lhe dá o nome de Edipodos (pés-furados). Essa criança, mais tarde é adotada pelo rei de Corinto. Ao consultar o oráculo, Édipo recebe a mesma mensagem que seu pai Laio recebera anos antes, mas, acreditando que se tratava dos pais adotivos, Édipo foge de Corinto. Em sua fuga, Édipo se depara com um bando de negociantes e seu líder e acaba por matá-los todos em uma briga, sem saber que esse líder era Laio, seu pai. Ao chegar a Tebas, Édipo decifra o enigma da Esfinge e livra a cidade de suas ameaças, assim recebe o trono de rei e a mão da rainha Jocasta, agora viúva. Os dois se casam e têm quatro filhos. Anos depois, quando uma peste chega à cidade, Édipo e Jocasta consultam o oráculo para tentar resolver essa questão e acabam por descobrir que são mãe e filho. Jocasta suicida-se e Édipo fura os próprios olhos como punição por não ter reconhecido a própria mãe.
Complexo de Édipo
Freud o compreende como um fenômeno universal – Acontece a todo ser humano inscrito em qualquer cultura. 
É um momento de socialização.
É quando a criança se apropria de seu próprio desejo e reconhece a existência do desejo do outro para além dela. 
É o momento da inserção da lei na vida do sujeito.
Freud inicia a estruturação desta teoria em seu texto “Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905) e a completa a partir do atendimento de um menino de 5 anos. 
A principio Freud pensa o complexo da mesma forma para os meninos e meninas, contudo reformula essa teoria a partir de 1925.
A criança e a figura materna
O primeiro objeto de amor de uma criança é a mãe, ou a figura materna.
A criança se vê como o maior amor da mãe diante do investimento que ela recebe.
A partir disso a criança também investe nessa mãe, colocando a do mesmo modo neste lugar de amor maior, para que assim receba ainda mais amor. 
O desejo da criança está em permanecer nesse lugar de exclusividade do amor materno.
Complexo de Édipo em meninos 
Diante do desejo de continuar sendo a exclusividade do desejo materno o menino acabará por enxergar na figura paterna um rival. 
É nesse sentido que Freud fala do desejo do menino de possuir a mãe e de eliminar o pai que se colocaria como um empecilho para que ele alcançasse seu objetivo – ter a mãe só para ele.
A presença do pai mostra para a criança que ela não é única na vida da mãe, que a mãe ama outras coisas para além dela. 
O menino passa a amar sua mãe e a experimentar um sentimento antagônico de amor e ódio em relação ao pai. 
A criança poderá fantasiar com a morte do mesmo e com modos de eliminá-lo, ficando por muita das vezes satisfeita com ausência do pai. Contudo tal fato proporciona um sentimento de culpa em relação a esse desejo. 
Complexo de castração em meninos 
Durante o complexo de Édipo a rivalidade que o filho desencadeia em relação ao pai retornará para a criança como medo de perder aquilo que lhe é tão precioso. 
Poderia ele ser castrado por desejar a mãe e a ausência do pai?
Tem início nas impressões da criança diante do órgão genital do sexo oposto.
Na fase fálica, devido à importância atribuída aos órgãos genitais, a criança tende a tocá-lo com frequência. 
Em decorrência dos atos masturbatórios, muitas interdições são exclamadas por parte dos pais, para que o menino não se comporte dessa maneira. 
Para Freud os atos masturbatórios são uma forma de a criança descarregar sua excitação sexual referente ao complexo de Édipo.
Complexo de castração em meninos
No primeiro momento os meninos rejeitam a ausência do pênis das meninas.
Ainda vão crescer!
Em seguida, quando percebem que há uma verdadeira ausência do pênis nas mulheres, eles compreendem o fato como uma punição a algo e por esse motivo se sentirão ameaçados e com medo de serem castrados assim como elas o foram. 
O menino atualiza as ameaças de castração e seu medo de perder seu objeto tão precioso o faz encerrar seus atos masturbatórios e consequentemente afaste-se do complexo de Édipo. 
Dessa forma, no caso dos meninos,a dissolução do complexo de Édipo é ocasionada pela ameaça de castração - ocorrendo juntamente com o findar da fase fálica. 
Complexo de Édipo em meninas 
Surge como uma formação secundária.
Ao se deparar com um pênis a menina percebe a sua ausência e tenta elaborar hipóteses do por que eles seriam diferentes. 
A primeira hipótese é de que ela possui o mesmo órgão suntuoso, no entanto de tamanho menor e inferior, o clitóris, mas que o mesmo ainda crescerá. 
Em seguida, quando conclui que não irá crescer, passa a acreditar que houve uma punição, por ter feito algo indevido. 
Quando percebe que sua própria mãe e as demais mulheres também são castradas, abandona a mãe como seu objeto de amor, por esta não poder lhe dar um pênis.
A mãe é abandonada e substituída pelo pai na fantasia de que este lhe ofereça o que sua mãe não lhe concedeu, tendo em vista que o pai o possui. 
A dissolução do complexo de Édipo
No caso dos meninos, além da preocupação com a castração outros fatores contribuem para essa dissolução. O fato da mãe demonstrar amor por outras coisas (trabalho, estudo, amigos), faz com que ele perceba que não possuí o carinho e amor exclusivos de sua mãe.
O complexo de Édipo feminino “pode ser lentamente abandonado ou lidado mediante o recalque, ou seus efeitos podem persistir com bastante ênfase na vida mental normal das mulheres”. 
A dissolução irá ocorrer através das intimidações padecidas pelas meninas, que sofrem pela ameaça da perda do amor durante sua criação.
Freud que o complexo de Édipo sempre falhará. Dessa forma a libido que estava investida no desejo aos genitores é abandonada e substituída pela identificação paterna. Ocorre que a autoridade paterna é internalizada estabelecendo a noção de ordem e regra. 
A dissolução do complexo de Édipo
O complexo de Édipo trará para o sujeito algumas variações nas suas relações com os objetos.
Principalmente para a menina que possuí trocas ao longo do processo, pois primeiramente tem sua zona erógena no clitóris, depois esta passa para a vagina, depois para vagina e clitóris e depois pode estar em mais locais. Além das mudanças na zona erógena a menina também troca seu objeto, pois ao se decepcionar com a mãe busca o pai. Essa decepção com a mãe pode gerar várias saídas como a recusa da feminilidade e/ou da sexualidade, adoração materna e outras. Tais variações podem ou não resultar em escolhas homo ou heterossexuais. 
O menino por outro lado tem sua zona erógena focada no pênis e seu amor voltado para mãe, fato que permanece mesmo depois da dissolução do complexo de Édipo. As saídas do objeto de amor do menino podem ser narcísica – escolha pela igualdade - ou anaclítica – ser o objeto que complementa a mãe e por consequência o parceiro – as duas saídas podem ser homo ou heterossexuais. 
Complexo de Édipo
A diferença entre os sexos está muito mais ligada a teoria que cada cria para si próprio sobre ter ou não ter um pênis. 
O complexo de Édipo que advém no processo de desenvolvimento psicossexual da criança servirá apenas como coordenadas para essa decisão. 
O que importara no fim é o que o sujeito fará com isso, não somete no âmbito familiar, mas no social e emocional também. 
O complexo de Édipo é um momento no qual o investimento libidinal não se encontra mais apenas no sujeito. A libido que anteriormente estava depositada somente no ego será convertida em libido do objeto e poderá ser investida em objetos externos ao sujeito. O primeiro investimento objetal que ocorrerá é o da criança em seus genitores.
Narcisismo
O mito de Narciso;
Segundo a lenda, Narciso é um personagem da mitologia grega, filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Quando nasceu um dos oráculos, chamado Tirésias, disse que Narciso seria muito atraente e que teria uma vida bem longa, desde que não contemplasse sua própria beleza, ou melhor, visse seu rosto, uma vez que isso amaldiçoaria sua vida. Além de ter uma beleza estonteante, a qual despertava a atenção de muitas pessoas (homens e mulheres), Narciso era arrogante e orgulhoso, nunca havia se apaixonado por ninguém enquanto todos se apaixonavam por ele. Um dia ao contemplar sua própria imagem refletida em um espelho d’agua em um lago, Narciso se apaixona e se lança em direção a sua imagem e acaba por morrer afogado.
Narcisismo
Freud não vê o narcisismo como um fenômeno que desvia da norma padrão, mas sim algo inerente ao desenvolvimento sexual humano, e que possuí distintas manifestações.
Em psicanálise este conceito não ganha o apelo pejorativo da compreensão popular. 
O que Freud vai pontuar a partir desse mito é a relação do sujeito com a própria imagem.
É um processo constitutivo. 
Narcisismo para psicanálise diz respeito à uma relação com a imagem, ao processo identificatório e ao investimento. 
Narcisismo
Imagem 
Modo de eu me fazer ver pelo outro, como eu me apresento para o outro. 
Identificação
 Se identificar a uma imagem. Faz da imagem um cartão de visita.
Investimento
Tem que se colocar algo de si na sustentação dessa imagem – energia, força, vitalidade, interesse, tudo voltado para a sustentação dessa imagem identificatória. 
O produto desses três elementos conduz a uma forma de fascínio. 
As pessoas podem se fascinar tanto ao belo quanto ao seu avesso. 
Há um entorpecimento de uma extrema atração. 
No entanto, ali onde há fascínio também há servidão, ao passo que não é possível ver outra coisa para além disso.
Narcisismo
O narcisismo é parte do desenvolvimento psicossexual. 
É caracterizado pela unificação das pulsões, por consequência à unificação do eu e também pelo o eu ser tomado como o objeto de amor. 
Freud distingue dois tipos de narcisismo, 
O primário  Neste momento a criança toma a si mesma como objeto de amor antes de qualquer escolha objetal externa (distinto do autoerotismo).
O secundário  Apreendido como o retorno da libido do objeto para o eu. 
Narcisismo primário 
No autoerotismo o investimento libidinal caracteriza um estágio anobjetal, enquanto que no narcisismo primário a libido é investida no eu como objeto. 
Só se estabelece através das relações do bebê com as pessoas que o rodeiam.
É uma herança do ideal narcísico dos pais – a criança deve ter melhor sorte.
Surge no momento em que a criança já estabeleceu unidade, o EU. Sendo possível investir libidinalmente em si. 
A criança se vê e se entende como o centro de seu amor, algo estimulado pelos pais que incentivam o narcisismo da criança tratando todos seus desejos como centrais. 
Sua majestade o bebê. – “O comovente amor parental, no fundo tão infantil, não é outra coisa senão o narcisismo renascido dos pais, que, ao se transformar em amor objetal, acaba por revelar inequivocamente sua antiga natureza.” (freud 1914)
Narcisismo secundário
O narcisismo primário se interrompe quando a criança passa a ter barreiras impostas a seu desejo, e a realidade passa a lhe fazer exigências. 
Ela se entende como parte de um mundo, criando relação com outros objetos, nos quais investe sua libido, objetos sexuais. 
O narcisismo secundário se estabelece quando a criança se dá conta de que ela não é majestade em sua casa. 
Está ligado a sociabilização, ao investimento da libido em objetos fora do corpo. 
Ocorre várias vezes no decorrer da vida.
É a volta da libido investida em um objeto para o eu, como irá ocorrer no findar do complexo de Édipo, por exemplo. 
Em um caso de luto, de término de relacionamento, doenças...
Manifestações narcísicas
Doenças 
O sofrimento físico causado por elas faz com que deixemos de investir nossa libido no mundo externo e a voltemos para nós próprios. 
Hipocondria 
O psiquismo irá investir libidinalmente na fantasia de sofrimento, desinvestindo nos demais objetos. 
A diferença fundamental entre a doença e a hipocondria é que, no primeiro caso, a doença orgânica provoca a regressão libidinal, enquanto no segundo caso é a regressão libidinal para a fantasia da doença que efetivamente leva à enfermidade (psíquica). 
Dormir
A libido passa por uma regressão, o mundo perde interesse em detrimentodo ato de dormir, no qual é investida a libido. 
Libido e Narcisismo 
Libido Manifestação da pulsão sexual na vida psíquica (energia psíquica sexual).
Neuroses  A libido sofre uma introversão, desvia-se dos objetos reais para as fantasias, os objetos psíquicos.
Aquilo que Freud chama de "libido objetal", a energia psíquica que investimos nas coisas do mundo, que cria nossas relações sentimentais e de desejo por elas, é desinvestido e se volta para nós mesmos.
Parafrenias (como Freud nomeava as psicoses)  ocorre não uma introversão, mas sim uma regressão: a libido não é investida em nenhuma fantasia, mas corta qualquer relação de investimento objetal, volta-se para o próprio indivíduo.
A libido que os parafrênicos investem em si mesmos não são depositadas em fantasias.
Pulsão de auto conservação x Pulsão sexual 
Freud realiza uma distinção entre libido do eu, ligada às pulsões do eu (ou pulsões de auto conservação) e a libido objetal, ligada às pulsões sexuais.
Libido do eu X Libido objetal. 
Quanto mais uma é empregada, mais a outra se esvazia.
A libido objetal atinge sua fase mais elevada de desenvolvimento no caso de uma pessoa apaixonada, quando o indivíduo parece desistir de sua própria personalidade em favor de um investimento objetal.
Para explicar o investimento libidinal nos objetos Freud utiliza a metáfora de uma ameba, que projeta seus "bracinhos" (pseudópodes) sobre aquilo que irá fagocitar (engolir), trazendo para junto de si. Os pseudópodes são, portanto, a libido que se projeta do eu sobre os outros objetos, mas que, da mesma forma que foi investida, pode ser desinvestida e retornar ao eu. 
Assim, há sempre esse balanço entre a libido do eu e a objetal. 
Escolha objetal
“Um forte egoísmo protege contra o adoecimento, mas, no final, precisamos começar a amar para não adoecer, e iremos adoecer se, em consequência de impedimentos, não pudermos amar.”
É necessário investir libido em objetos para não adoecer. Um represamento excessivo de libido no eu causa desprazer e adoecimento. 
A vida amorosa é, também, uma via de acesso ao narcisismo. 
Os objetos sexuais são tomados a partir de uma experiência de satisfação. Dessa forma o primeiro objeto sexual será a mão ou seu representante. 
Escolha objetal
Freud define que há uma diferença entre o modo de amar de homens e mulheres.
Homens  Amor objetal pleno, presença de uma supervalorização sexual. Transferência do narcisismo original para o objeto sexual. A supervalorização do objeto permite o surgimento da paixão, que aponta para a compulsão. Empobrecimento da libido do eu em beneficio da libido objetal.
Mulher  A puberdade intensifica o narcisismo original, o que não é favorável a estruturação de um amor objetal regular. ”É só a si mesmo que essas mulheres amam com intensidade comparável à do homem que as ama.” As mulheres não têm necessidade de amar, mas de serem amadas.
Escolha objetal
Tipo narcísico:
O que se é (a si mesmo);
O que se foi;
O que se gostaria de ser;
A pessoa que outrora fez parte de nosso próprio Si-mesmo
Por veiculação sustentada:
A mulher que nutre
O homem protetor 
Perturbações ao narcisismo primário
Complexo de Édipo
Pulsões sexuais x Pulsões de auto conservação  Recalque.
O recalque parte da avaliação que o Eu faz de si mesmo.
O sujeito erigiu em si um ideal, pelo qual se mede.
A satisfação libidinal já alcançada em algum momento é algo que o ser humano não renuncia. O sujeito visa alcançar novamente sua completude e perfeição vivenciada na infância. Ele procurará recuperá-lo na nova forma de um ideal de Eu.
“Assim, o que o ser humano projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido de sua infância, durante a qual ele mesmo era o seu ideal.”
Eu ideal
Aquilo que gostaríamos de ter sido
Lugar no desejo dos pais, das expectativas sociais, naquilo que o outro espera da gente
O sujeito enquanto objeto, aquilo que completa a expectativa do outro
Lugar que o sujeito recorre no momento de angústia e desamparo
Ideal de Eu
Precursor do SUPEREU
Projeta uma imagem idealizada – identificada com os ideais parentais e coletivos
Como eu devo ser para ser amado
Como eu devo ser para poder desejar
Ideais reguladores, aquilo pelo qual o sujeito se orienta 
Há uma distância entre esse ideal e o EU
A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA
Segundo Laplanche e Pontalis (2001, p.514) a transferência:
“Designa em psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se aqui de uma repetição de propósitos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada.”
Para a psicanálise, a existência da transferência durante o processo analítico é fundamental para que este ocorra. 
Acontece entre paciente e analista.
A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA
No entanto Freud a entende como uma experiência que acontece em momentos distintos e com pessoas diferentes, já que ele acredita que toda relação existente acontece a partir da realização de transferências.
É a partir das recordações que o sujeito neurótico se tornará capaz de elaborar o que foi vivido em seu passado. 
A transferência pode ser entendida como a manifestação da recordação repetida (acting out – substituição do recordar ideal pela ação), ou seja, quando o sujeito repete com outro aquilo que já vivenciou. 
O que é repetido é tudo o que já avançou do recalcamento para a personalidade manifesta.
A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA
Segundo Freud as repetições atuadas na transferência são:
“Essas reproduções, que surgem com tal exatidão indesejada, sempre têm como tema alguma parte da vida sexual infantil, isto é, do complexo de Édipo, e de seus derivados, e são invariavelmente atuadas (acted out) na esfera da transferência, da relação do paciente com o médico. Quando as coisas atingem essa etapa, pode-se dizer que a neurose primitiva foi então substituída por outra nova, pela ‘neurose de transferência.”
A transferência entre o paciente e analista pode surgir sob a forma de um apaixonamento, uma relação filial ou de um desejo de amizade profunda. 
A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA
A transferência presente desde o primeiro momento da analise pode trazer como consequência um movimento positivo para ela pois o paciente irá dedicar-se ao tratamento de forma a seguir todas as recomendações de seu analista na tentativa de agradá-lo.
No entanto Freud ressalta também a possibilidade de a transferência ocorrer de forma negativa. Neste caso o sujeito não conseguirá configurar o movimento de análise. 
Com a falta de transferência ou quando esta é negativa o paciente não consegue recordar abrindo caminho para o acting out e impossibilitando a elaboração, o que torna a psicanálise impraticável.
A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA
Freud destaca que a transferência pode ser encarada como uma das maiores resistências que surgem durante o processo de analise.
Para superá-la é necessário que o analista mostre ao seu paciente que ele está repetindo algo do passado e que tal fato não se aplica a quem conduz a análise, para que dessa forma o sujeito transforme a ação da repetição em lembrança. Assim, aquilo que antes agia como resistência poderá abrir os caminhos mais escondidos da vida mental do analisando e se tornar um grande auxílio no desenvolvimento do tratamento.
PRINCÍPIOS DA ABSTINÊNCIA
Ao falar sobre o comportamento do analista diante da transferência, Freud elucida a importância da regra da abstinência. 
Para ele torna-se necessário que o psicanalista não ceda aos desejos de seu paciente. 
Caso contrário ocorrerá uma derrota no tratamento analítico, pois o paciente alcançará o objetivo de suas resistências, a satisfação de seus anseios por meio da repetição realizada mediante a transferência.
Freud ainda ressalta a importância do cuidado que o analista deve ter ao seguir a regra da abstinência, para que de modo algum afaste o paciente de si reprimindo lhe esse amor. 
PRINCÍPIOS DA ABSTINÊNCIA
Deve-se manter firme o amortransferencial.
Mas tratá-lo como algo irreal que deve atravessar o tratamento para que se possa chegar ao inconsciente fazendo com que o paciente se sinta seguro para abrir as raízes infantis de seu amor.
Esta regra deve ser seguida de forma que o paciente encontre em sua analise a menor satisfação possível sobre seus atos substitutivos. 
O analista deverá interpretar o ato de seu paciente ao invés de satisfazê-lo.
Elaboração
Freud diz que a elaboração pode ser entendida como um processo realizado sobre a resistência. 
O analisando fará um trabalho árduo sobre o conteúdo recalcado para que consiga elaborar suas vivências passadas. 
Quando o analista apontar a resistência ao seu paciente, é necessário que este aguarde que o analisando realize a sua elaboração do fato para que a eliminação do sintoma ocorra.
O termo elaboração psíquica pode ser compreendido, segundo Laplanche e Pontalis (2001 p.143), como:
“Expressão utilizada por Freud para designar, em diversos contextos, o trabalho realizado pelo aparelho psíquico com o fim de dominar as excitações que chegam até ele e cuja acumulação corre o risco de ser patogênica. Este trabalho consiste em integrar as excitações no psiquismo e em estabelecer entre elas conexões associativas.”
Segunda tópica
A psicanálise desde o principio pauta sua premissa básica na diferenciação do psíquico em consciente e inconsciente. 
A essência do psíquico não está na consciência, mas ela é uma qualidade do psíquico. 
Dois tipos de conteúdo inconsciente:
Latente  Capaz de consciência. (Pré – consciente)
Recalcado  Que em si e sem dificuldades não é capaz de consciência.
Somente está diferenciação não basta.
Segunda tópica
Há uma organização coerente aos processos psíquicos das pessoas o Eu.
Eu  Está ligado a consciência e aos processos de motilidade. 
“É a instância psíquica que exerce o controle sobre todos os seus processos parciais, que a noite dorme e ainda então pratica a censura nos sonhos”
Segunda tópica
Segunda tópica Freudiana (1920/1924)
Reformula a teoria do aparelho psíquico. 
Através da clínica, Freud percebe que Eu e consciência já não poderiam ser mais observados como equivalentes.
Menos sistemático e mais dinâmico
O inconsciente não é mais só o recalcado 
ISSO
EU
SUPEREU
Isso
Fundamentalmente Inconsciente;
Pulsional;
Reservatório da libido;
Pressiona em busca de satisfação;
Desconhece o mundo externo;
Marcas pulsionais – experiência de satisfação que o sujeito busca reencontrar  São intraduzíveis para o Eu.
O Eu
A principio se aproximava do sistema pré-consciente / consciente 
O Eu se forma por um novo ato psíquico, no momento entre o autoerotismo e amor de objeto. 
Quando se é percebido como imagem, em um dualismo (eu ideal e ideal de eu).
Há algo do Eu que é inconsciente. 
O inconsciente só pode ser conhecido ao se tornar consciente.
Aquilo que censura, o que resiste é do Eu.
As resistências se ligam a necessidade de não se modificar. 
A imagem de si está fixada em algo que não quer se modificar.
O Eu
Parte do ISSO que é modificada pela influência do mundo externo através das identificações;
Precipitado de catexias objetais abandonadas;
Tem como função a articulação dos afetos, a fala, controlar os impulsos motores e com isso primordialmente sua auto-conservação;
Fonte da resistência – é o Eu que resiste a análise, não querer modificar aquilo que está fixado de si.
Processos mentais coerentes – ajusta a pressão pulsional e modifica a realidade exterior para que o desejo seja em parte satisfeito;
Aplica o principio da realidade – ordena os processos inconscientes.
O Eu
O EU deve servir a três senhores, Impulsos do ISSO, o mundo externo e a severidade do SUPEREU
Participa do consciente – Lida com o sentido, o significado e as interpretações das coisas
Engloba o pré-consciente 
Também é parte do inconsciente – Censura, resiste e recalca
O EU tem uma estrutura dual
Eu ideal
Ideal de Eu
Supereu
Surge pela identificação aos cuidadores;
Herdeiro do complexo de Édipo – “Tem de ser como seu pai, não pode ser como seu pai”;
Incorporação da lei – adquire uma lei própria;
Vigia e compara, julga e puni;
Impõe a lei, a restrição e a direção.
Supereu
Instância crítica – compara o Eu com seu ideal
Instância do cuidado – organizar a demanda de amor
Instância do dever – imperativo de gozo, procura a satisfação
Mantem a civilização – permite que o laço social se estabeleça 
Segunda tópica 
Neuroses
Retorno do recalcado através do sintoma 
O complexo de édipo é vitima de um naufrágio, que equivale a amnésia.
O neurótico não se recorda daquilo que aconteceu em sua infância, mas a estrutura edipiana se presentifica no sintoma 
Neuroses de defesa
O sujeito se defende de algo que para ele é insuportável.
Daquilo que deriva da sexualidade infantil – na sua ligação da relação com o outro.
Daquilo que é angustiante. 
Conflito entre o isso e o eu – recalque.
Neuroses
Dizer que houve o recalque é afirmar que o sujeito assentiu a interdição fundamental, que marca nele a ausência da possibilidade de satisfação. 
Sendo essa a castração simbólica.
A renuncia das satisfações pulsionais possibilita que o sujeito se desloque em direção a novos objetos. 
É na negação de uma satisfação primeira que o sujeito se colocará a trabalho para encontrar novos meios de se satisfazer. 
É a partir desse deslocamento que o sujeito é colocado no laço social, sendo possível, a partir disso, amar e trabalhar.
O laço social é do campo da neurose, isso porque cabe a renuncia a possibilidade de me colocar nele. 
Neurose histérica
Marca o inicio da psicanálise, trás uma nova visão do sujeito.
Sofre de reminiscências
Uma posição do sujeito em relação ao seu desejo – a sua satisfação sexual.
Histeria de angustia 
Fobias
Histeria de conversão 
Reações psicossomáticas 
Neurose histérica
Para o histérico existe a falta no outro, esse também não consegue alcançar o gozo. 
Se ele não tem, o outro também não tem.
A pessoa não esta presente como sujeito, mas sim como objeto. 
“Não fui eu, foi o outro.”
Não a divida com o outro, mas há do outro com ela.
Neurose obsessiva 
Diferente do transtorno obsessivo compulsivo. 
Há um recalque que vai trazer algo como substituto.
Se defende de algo – auto recriminação. 
Supereu muito forte e opressor. 
Repetição como religião particular.
É uma neurose de coerção, de compulsão. Algo que se impõe ao sujeito. 
Não consegue deixar de pensar ou fazer algo repetidamente. Mesmo que para o próprio sujeito pareça ilógico. 
O gozo está sempre no outro.
Todo mundo consegue algo, que para o obsessivo não é possível.
A esse outro nada falta e por essa razão não deve desejar, o obsessivo anula o desejo desse outro.
Repetição
A repetição tem um caráter pulsional 
Há um força, um ímpeto, um impulso, aquilo que de maneira compulsiva se impõe.
A repetição é por onde a pulsão se satisfaz
Onde há satisfação mesmo que não haja prazer – vai contra o principio de prazer
Repetição
Principio de prazer x principio de realidade 
Princípios que regem o funcionamento psíquico.
Prazer  busca proporcionar prazer e evitar o desprazer.
Realidade  regula pelo mundo externo. Pode ser entendido como uma proteção. 
Há algo para além do principio do prazer.
Algo que insiste em repetir mesmo que não seja prazeroso. Algo que separa e que vai fazer o trabalho oposto da libido. 
Além do principio do prazer 
Medo
Requer um certo objeto do qual se tem medo.
Ansiedade 
Estado de expectativa e preparação diante do perigo. Expectativa de mais.
Angustia 
Aquilo que não se nomeia 
Pânico 
Ações que as vezes não sem nem percebidas como tais.
Angustias somáticas 
Além do principio do prazer 
Sonhos traumáticos
Elaboração neurótica 
Brincadeira do Fort-da
Permite revivenciar a cena de forma ativa 
Pulsão
Pulsão de vida x Pulsão de morte
A pulsão visa sempre retornar ao seu estado anterior. 
Visa uma tensão constante ou zerar a tensão. 
Pulsão de vida
Promove a coesão, o enlaçamento, a identidade.
É a reunião das pulsões sexuais e de conservação do eu – elas não deixam de ser conflitivas,mas fazem parte disso que visa a união e se opões aquilo que é desagregador.
Pulsão de morte
Força desagregadora, destrutiva
Voltada para o próprio individuo – autocritica, autodestruição
Voltada para o mundo exterior – domínio, sede de poder.
Psicologia das massas e analise do Eu
“Na vida psíquica do ser individual o outro, é via de regra, considerado enquanto modelo, objeto auxiliador e adversário e portando a psicologia individual é também, desde o inicio, psicologia social, no sentido ampliado, mas inteiramente justificado.”
O ser é analisado individualmente, mas a partir do contexto social que o individuo vive.
Nossa singularidade se dá a partir do nosso contado com os demais seres sociais. 
 Dessa forma Freud ressalta que não há uma divisão entre a psicologia social e psicologia individual.
Somos seres sociais!
Psicologia das massas e analise do Eu
Comportamento das massas
Le bon considera que a união da massa sempre trará efeitos negativos a vida psíquica dos indivíduos. Produziria uma regressão ao estado primitivo de relação humana. 
Para Le Bom o ser em grupo opera sob uma forma de irracionalidade. Faz em grupo o que não faria sozinho. 
Freud no entanto acredita em outras formas de manifestação da massa. Pensando inclusive a partir das influências dos lideres.
Para Freud o individuo é inserido em um meio social que o influencia e é justamente por isso que a analise só pode ocorrer pensando o ser social que somos.
Psicologia das massas e analise do Eu
A massa não produz apenas efeitos negativos
A união de uma quantidade de indivíduos em torno do mesmo objetivo pode fazer com que algo aconteça de fato.
A massa exige um líder, alguém que seja forte ou que fale sobre aquilo que se assemelha aos que os unem.
Um ser, estando em massa, pode abrir mão de seu Eu para posicionar o Eu do líder como guia de comportamento, mas é importante frisar que em um primeiro instante algo entre o líder o que o segue se assemelhavam. 
A massa possibilita a civilização.
Mal-estar na civilização 
Texto de 1929, escrito no pós guerra.
Freud elenca situações de impasse que trazem sofrimento para o ser civilizado.
Declínio natural do corpo
As imperfeições das nossas leis
As exigências internas de satisfação
O sofrimento do individuo é posto em questão também para pensar o mal-estar na civilização
Freud pontua que o que o os seres inventam para melhorar o mal-estar acabam por proporcionar novas formas de mal-estar.
Construímos melhores formas de nos comunicarmos, mas essas novas formas trazem diversos desencadeamentos patológicos. 
Mal-estar na civilização 
Freud retoma neste artigo a sua ideia apresentada anteriormente como a religião como uma ilusão.
A vida é dolorosa, árdua, penosa e, em meio a estas afirmativas, se faz necessário certas medidas paliativas. Quanto mais sensações de prazer e menos sensações de desprazer forem causadas mais chances o sujeito tem de experimentar a sensação da felicidade, fazendo valer o principio do prazer. 
Freud começa a falar da questão da religião e da sua capacidade de explicar todos os mistérios da vida, bem como da personificação de Deus, como uma figura paterna.
Sublimação e Religião como forma de evitar o sofrimento
Mal-estar na civilização 
Sofrimento humano
É compartilhado
Pede por reconhecimento 
É politico 
Tem estrutura de narrativa – Me fale sobre sua história e lhe direi como você sofre
Objeto intrusivo – sofremos porque tem um outro problemático
Violação de contrato – é preciso criar novas leis 
Alienação – criação de muros ao invés de se tratar
Perda da unidade – Pulsão de morte.
Há alternativas para novos meios de sofrer.
Mal-estar na civilização 
Agressão 
Todos possuímos uma inclinação a agressividade
E é esse o fator que mais perturba as relações entre os indivíduos de uma sociedade, gerando um grande gasto de energia por parte da civilização que tenta impedir essas manifestações agressivas, se utilizando de vários esforços para limitar esses instintos agressivos
É por esses fatos que a civilização irá incitar os indivíduos a buscarem relações identificadas no amor inibido em sua finalidade
Apesar dos muitos esforços a civilização não consegue muito 
“É sempre possível unir um considerável número de pessoas no amor, enquanto sobrarem outras pessoas para receberam as manifestações da agressividade
Com essas restrições impostas a exteriorização da agressividade, por parte da civilização, acarreta numa volta da agressividade para o Ego
Mal-estar na civilização 
A agressividade não é exposta, então, ela volta para o lugar onde surgiu, ou seja, ela é internalizada novamente para o Ego. O que ocorre a partir disso é que uma parte do Ego, o Superego, toma essa agressividade contra a outra parte de si. A agressividade que eu tenho pro mundo fica direcionada para mim com a mesma intensidade que eu gostaria de expor 
A agressividade que é projetada do Superego para o Ego gera uma tensão entre eles, que ira gerar a culpa
Essa culpa surge a partir do momento que uma pessoa faz, ou pensa em fazer algo que sabe ser mau, ou que na verdade a civilização considera como mal. Os religiosos não falam em culpa, mas em pecados
Para o superego não importa se o ato foi feito ou só pensando, o que é condenado é o mau que a ele está implicado, ou seja, a intenção equivale ao ato
Mal-estar na civilização 
O que é considerado mal, não é de forma alguma prejudicial ao Ego, pelo contrario, pode ser prazeroso e desejável
O que leva o indivíduo a submeter-se a essas ideias de bom ou mau é o medo de perder o amor da pessoa da qual depende. Se perde esse amor também se perde a proteção, ficando exposta a perigos se essas pessoas mais fortes mostrarem o seu poder em forma de punição.
No entanto o perigo só se estabelece se a autoridade descobrir o ato ou o pensamento
O homem obedece os mandamentos e as autoridades para viver em grupo, ou seja, o individuo busca ao máximo não fazer o que é mau e/ou agressivo
O sentimento de culpa é o mais importante problema do desenvolvimento da civilização, pois gera uma perda da felicidade
Esse sentimento de culpa produzido pela civilização permanece inconsciente ou aparece como uma espécie de mal-estar, uma insatisfação
Mal-estar na civilização 
Reconhece duas origens do sentimento de culpa: a primeira surge com o medo da autoridade que insiste numa renúncia das satisfações pulsionais e o segundo surge com o medo do superego que exige punição, quando o ato considerado mau é praticado ou pensado, uma vez que os desejos proibidos não podem ser escondidos do superego.
O remorso ocorre quando se fica com um sentimento de culpa após ter praticado a má ação. Refere-se apenas um ato que foi cometido e pressupõe uma consciência, é um termo geral para designar a reação do ego em um caso de sentimento de culpa.
O sentimento de culpa é resultado da ambivalência dos sentimentos e da luta constante entre Eros e a pulsão de morte.
“O sentimento de culpa nada mais é do que uma variedade topográfica da ansiedade; em suas fases posteriores, coincide completamente com o medo de superego.” 
Mal-estar na civilização 
As neuroses e o sentimento de culpa
A ansiedade está sempre presente, e se coloca por traz de todos os sintomas neuróticos, em alguns momentos ela toma pose da consciência ao passo que em outros se coloca totalmente oculta podendo-se falar em ansiedade inconsciente
Esse sentimento de culpa se faz ouvir pela consciência da neurose obsessiva, dominando a vida do paciente 
Na maioria das neuroses os sentimento de culpa permanece inconsciente. Alguns pacientes sentem apenas um mal-estar atormentador, como uma ansiedade se impedido de praticar certas ações
Mal-estar na civilização 
O medo do fim!
A questão fatídica para a espécie humana é até que ponto seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição. 
Os homens adquiriram sobre as forças da natureza tal controle, que, com a sua ajuda, não teriamdificuldades em se exterminarem uns aos outros, até o último homem. Sabem disso, e é daí que provém grande parte de sua atual inquietação, de sua infelicidade e ansiedade.

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