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Concurso de Pessoas no Crime de Infanticídio

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55
ANA PAULA VERLY
CONCURSO DE PESSOAS NO CRIME DE INFANTICÍDIO
MANHUAÇU/MG
CURSO DE DIREITO
2017
ANA PAULA VERLY
CONCURSO DE PESSOAS NO CRIME DE INFANTICÍDIO
Monografia apresentada ao Curso de Direito da Faculdade Doctum de Manhuaçu, como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Área de concentração: Direito Penal
Orientadora: Profª: Keiciane Valério Emerick
MANHUAÇU/MG
2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me permitiu alcançar à tão sonhada graduação.
Aos meus pais, ao meu irmão e aos meus familiares, que estiveram presentes na minha vida, ao meu lado pronto para me ajudar, me apoiando em todos os momentos, obrigada a todos pelo carinho e compreensão. 
Aos meus colegas de classe que construir ao longo dessa jornada, pelo companheirismo e pela verdadeira amizade.
Agradeço a esta universidade, seu corpo docente, direção e administração, pela contribuição, crescimento e orientação para o aprendizado que obtive, durante esses anos.
À minha orientadora Keiciane Valério Emerick, pelo auxílio e correções que certamente foram fundamentais para a conclusão deste trabalho. 
Agradeço a todos que se fizeram parte da minha formação, que me apoiaram, me incentivaram e sempre me desejaram sucesso, para essa vitória, meu muito obrigado.
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.”
(José de Alencar)
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo analisar o concurso de pessoas no crime de infanticídio sob a luz da legislação penal brasileira, mencionando as divergências doutrinárias, com relação a qual penalidade caberá ao coautor e partícipe do crime, com o entendimento da comunicabilidade da elementar no estado puerperal ao terceiro que concorre para o delito e não se enquadra nas exigências descritivas na tipificação penal, de acordo com o artigo 30 do Código Penal Brasileiro. Em conformidade com pesquisas doutrinárias e jurisprudenciais, tem como pressuposto a análise de duas principais correntes existentes acerca do concurso de pessoas no crime de infanticídio, avaliando a punibilidade de terceiro no delito. O crime de infanticídio trata-se de homicídio cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou recém-nascido, sob a influência do estado puerperal.
Palavras-chave: 	Infanticídio; concurso de pessoas; comunicabilidade; estado puerperal.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	.............................................................................................................7 
CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS	8
1 INFANTICÍDIO	12
1.1 CONCEITO HISTÓRICO DE INFANTICÍDIO	12
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DO CRIME DE INFANTICÍDIO	14
1.3 SUJEITOS DO CRIME	17
1.3.1 Sujeito Ativo	17
1.3.2 Sujeito Passivo	17
1.4 ELEMENTARES DO CRIME	18
1.5 TIPO OBJETIVO E SUBJETIVO	22
1.6 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA	24
1.7 PENA E AÇÃO PENAL	26
2 CONCURSO DE PESSOAS	27
2.1 CONCEITO GERAL	27
2.2 DAS TEORIAS	28
2.3 REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS	30
2.4 AUTORIA	32
2.5 COAUTORIA	34
2.6 PARTICIPAÇÃO	34
2.7 PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS	36
2.8COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DAS ELEMENTARES PESSOAIS	38
3 CONCURSO DE PESSOAS NO CRIME DE INFANTICÍDIO	41
3.1 DISPOSIÇÕES GERAIS	41
3.2 POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS COM BASE NA PENALIZAÇÃO ADEQUADA AO COUATOR E PARTÍCIPE NO CRIME DE INFANTICÍDIO	45
3.3INTERPRETAÇÃO DO CONCURSO DE PESSOAS NO CRIME DE INFANTICÍDIO	48
3.4 DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA	50
CONSIDERAÇÕES FINAIS	52
REFERÊNCIAS	54
INTRODUÇÃO
As divergências doutrinárias no que tange às interpretações acerca do tema proposto, que é o concurso de pessoas no crime de infanticídio deve ser analisado à luz do artigo 29, 30, 31 do Código Penal Brasileiro, sob a percepção que existe colaboração de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou contravenção penal. 
O infanticídio está definido pelo legislador na parte especial dos crimes contra a pessoa, de modo mais específico dos crimes contra vida, trazendo uma diferenciação com relação ao crime de homicídio simples, pelo crime de infanticídio, sendo considerado como crime próprio, no qual, sendo o sujeito ativo a mãe e o sujeito passivo, o filho recém-nascido, em que sua prática ocorre sob a influência do estado puerperal, ocorrendo durante ou logo após o parto, conforme o artigo 123 do Código Penal. 
O presente estudo tem como foco a punibilidade da terceira pessoa no delito, objetivando o estudo do tipo penal, onde o terceiro não se enquadra no perfil exigido. Neste diapasão, caberá ao coautor e partícipes no crime de infanticídio, serem penalizados por crime de infanticídio ou por crime de homicídio? Sendo assim, discutido pelos doutrinadores, a respeito da possibilidade do estado puerperal se comunicar ou não ao coautor e partícipe do crime de infanticídio.
Com base no entendimento sustentado por Heleno Cláudio Fragoso faz-se uma análise a respeito da incomunicabilidade da elementar sob a influência do estado puerperal com coautor ou partícipe como entendimento que o puerpério sendo uma circunstância de caráter personalíssimo. 
O presente estudo inicia-se com o primeiro capítulo, sendo o “Infanticídio”, que compreenderá o conceito do crime de infanticídio, crime contra vida, de acordo com o Código Penal de 1940, o segundo capítulo, sobre o “Concurso de pessoas” e suas características.
Por fim, o terceiro capítulo o “O concurso de pessoas no crime de infanticídio”, visa buscar a penalização mais justa para o coautor e partícipe do delito, bem como buscar a solução da divergência do artigo 123 e 30 do Código Penal Brasileiro.
CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS
Compreende-se que anteriormente, a definição do crime de infanticídio, fundava-se em motivo de honra, denominado “honoris causa”, adotado por fatores psicológicos, com o passar do tempo, o legislador optou por adotar fatores fisiopsicológico ou fisiopsíquico com base no estado puerperal.
Assim, no Código Penal de 1940, o infanticídio passou a ser interpretado por fatores fisiopsicológicos, sendo necessária a influência do estado puerperal para caracterizar o crime, sendo que a mãe ao apresentar transtornos psíquicos durante o parto ou logo após, resulta de alterações ocasionadas pelo estado puerperal.
O crime de infanticídio, somente se caracteriza quando a morte do próprio filho, praticado pela mãe, durante ou logo após o parto e sob a influência do estado puerperal. Considerado como delito autônomo, e classificado como crime próprio, sendo a mãe puérpera o sujeito ativo, e o filho nascente ou recém-nascido, o sujeito passivo. Conforme o artigo 123 do Código Penal vigente trouxe divergências entre doutrinadores e juristas sendo um dos pontos importantes ao tratar do Direito Penal: “Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos”. [footnoteRef:2] [2: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
O concurso de pessoas previstos nos artigos 29 a 31 do Código Penal Brasileiro, caracterizado pela junção de dois ou mais indivíduos para realização de uma prática delituosa, ou seja, aquele que de alguma forma auxiliar, colaborar ou executar o delito, responderá, juntamente com o autor pelo referido crime, de acordo com o artigo 29 do Código Penal: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade:
 § 1º - Se a participação for menor de importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. [footnoteRef:3] [3: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.]Conforme o artigo 30 do Código Penal Brasileiro, “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. [footnoteRef:4] [4: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Prevê o artigo 30 do Código Penal, que a circunstância elementar é indispensável para a caracterização do crime, em que no crime de infanticídio, em que circunstância sendo o estado puerperal, sendo a elementar, em que somente for praticado pela mulher, para considerar infanticídio. Assim, a elementar do tipo penal comunica-se entre os coparticipantes, ou seja, todos os agentes serão punidos na mesma proporção pelo crime praticado.
De acordo com o artigo 31 do Código Penal, “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.” [footnoteRef:5] Neste sentido, para o concurso de pessoas no crime de infanticídio, apesar da necessidade de ser o sujeito ativo mãe e que esteja sob a influência do estado puerperal, poderá ocorrer o delito pelo agente não apenas sozinho e sim, ter uma instigação ou auxílio de uma terceira pessoa ocorrendo o concurso de pessoas. [5: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.
] 
Ressalte-se que existem doutrinadores, com entendimento divergente com relação ao concurso de pessoas no crime de infanticídio, com relação à punibilidade estabelecida ao terceiro para o crime de infanticídio ligado a mãe pela comunicabilidade ou não da elementar, sob a influência do estado puerperal, para a tipificação do crime praticado pelo terceiro.
Conforme as correntes doutrinárias apresentadas há divergências entre os autores, nas duas correntes, a seguir que serão apresentadas defendem à penalização de coautores e partícipes por infanticídio, outros penalizados por homicídio.
A primeira corrente de defende a comunicabilidade da elementar ao partícipe ou coautor adota a punição do terceiro colaborador no crime de infanticídio.
Conforme o entendimento de Cezar Roberto Bitencourt:
Ninguém discute o fato da influência do “estado puerperal” constitui uma elementar típica do infanticídio. Pois é exatamente essa unanimidade sobre a natureza dessa circunstância pessoal que torna estéril e sem sentido a natureza a discussão sobre a comunicabilidade. Como elementar do tipo, ela se comunica, e o terceiro que contribuir com a parturiente, na morte de seu filho, nas condições descritivas no art.123, concorrerá para a prática do crime de infanticídio e não de homicídio, como sugeria Hungria. (BITTENCOURT, 2015, p.161)
Para o autor aplica-se a penalidade prevista no crime de infanticídio, comunicando as elementares do crime, ou seja, os que participam no concurso de pessoas responderam por infanticídio. 
Ainda cabe frisar o entendimento da segunda corrente que é a incomunicabilidade da elementar sob a influência do estado puerperal com coautor ou partícipe como entendimento que o puerpério sendo uma circunstância de caráter personalíssimo, ou seja, penalizando o terceiro que colaborou no crime de infanticídio pelo crime de homicídio.
Assevera Heleno Cláudio Fragoso:
[...] o concurso de agentes é inadmissível. O privilégio se funda numa diminuição da imputabilidade, que não é possível estender aos partícipes.
Na hipótese de co-autoria (realização de atos de execução por parte do terceiro), parece-nos evidente que o crime deste será o de homicídio. (FRAGOSO, 1987, p. 78)
Segundo o autor, o estado puerperal é incomunicável, ou seja, a penalização viável ao terceiro é de homicídio. Pois, o partícipe ou coautor, não será beneficiado pelo privilégio a mãe, por não ter praticado a conduta típica sob a influência do estado puerperal, de acordo com o artigo 123 do Código Penal. 
 Assim, a segunda corrente entende ser a mais adequada ao coautor e partícipe, pois estes irão responder por crime de homicídio, tendo a ausência do estado puerperal, mas a intenção de matar o recém-nascido. Ao coautor e partícipe que concorrer para o crime de infanticídio não terá o privilégio, conforme o art.123 do Código Penal, proporcionado para a mãe, por não ter praticado a conduta típica. Ao adotar a incomunicabilidade do estado puerperal ao terceiro, que responderá ao entendimento por homicídio e a mãe por infanticídio, desse modo, que o estado puerperal seja incomunicável.
O estudo traz a discussão existente e diversos posicionamentos, demonstrando que majoritariamente é adotada a comunicabilidade, e da incomunicabilidade a minoritária. 
1 INFANTICÍDIO
1.1 CONCEITO HISTÓRICO DE INFANTICÍDIO
O infanticídio trata-se de um tipo penal que tem como objeto de tutela a proteção do direito a vida, sendo o bem jurídico tutelado, assegurado pelo Estado como um direito fundamental, ou seja, a preservação da vida desde início do nascimento, ocorrendo a morte do filho ocasionado pela mãe, por motivos psicológicos decorrente da influência da gravidez.
Com base nos precedentes históricos, o crime de infanticídio obteve diferentes definições, com relação à punição do crime e sua previsão legal expressa, a respeito da punibilidade adequada ao infanticídio, assim, modificando a cada desenvolvimento da sociedade humana. Na Idade Média não se diferenciava a figura do homicídio da figura do infanticídio, sendo certo que este era incluído entre os crimes mais severamente apenados. (CAPEZ, 2011, p.134)
Conforme o entendimento de Noronha relembra que:
O infanticídio teve, através das épocas, considerações diversas. Em Roma, como se vê das Institutas de Justiniano (Liv. IV, Tít. XVIII, § 6º), foi punido com pena atroz, pois o condenado era cosido em um saco com um cão, um galo, uma víbora e uma macaca, e lançado ao mar ou ao rio. No direito medieval, a Carolina (Ordenação de Carlos V), art.131, impunha o sepultamento em vida, o afogamento, o empalamento ou a dilaceração com tenazes ardentes. Foi no século XVIII, sobretudo, que o delito passou a ser considerado mais brandamente, e hoje, não obstante vozes em contrário, é orientação comum das legislações e também a seguida pelos Códigos pátrios. (GRECO, 2010, p. 203)
O infanticídio era denominado como uma espécie de homicídio, em que prevalecia a sua diferenciação com relação às particularidades, como o sujeito ativo, ou seja, a mãe, influenciada pelo seu estado puerperal e o período que o crime seria praticado, devendo ser durante ou logo após o parto.
Segundo “Beccaria e Feuerbach foram os primeiros a conceder o homicídio como tal em um diploma legislativo, o Código Penal Austríaco de 1803”. (CAPEZ, 2011, p. 134).
Só em 1830, no Brasil em seu Código Criminal, previa as penas reduzidas não apenas para a mãe que matasse o nascituro em defesa da honra, mas também para terceiro que o fizesse, denominou-se o crime de infanticídio conforme o art.197: “Matar algum recém-nascido. Pena – de prisão por três a doze anos.” E o art.198: “Se a própria mãe matar o filho recém-nascido para ocultar sua desonra: Pena - de prisão com trabalho por 1 a 3 anos”. “O terceiro que matasse recém-nascido, nos primeiros sete dias de vida, mesmo que não fosse honoris causa, sujeitava-se uma pena abrandada (de três a doze anos de prisão) em relação ao homicídio” (BITENCOURT, 2015, p.152)
Portanto, em 1890 o legislador especificou o infanticídio como, matar recém-nascido, nos primeiros dias de nascimento, e praticado pela mãe durante ou logo após o parto, conforme o art. 298: 
Matar recém-nascido, isto é, infante, nos sete primeiros dias do seu nascimento, quer empregado meios diretos e ativos, quer recusando à vítima os cuidados necessários à manutenção da vida e a impedir sua morte.
Pena – de prisão cellular por seis a vinte quatro anos. 
Parágrafo único. Se o crime for perpetrado pela mãe, para ocultar a desonra própria. Pena de prisão cellular por três a nove anos.(BITENCOURT, 2015, p.152)
Porém, com base na especificação realizada erroneamente pelo legislador, ao infanticídio ter sido imposta a mesma pena do homicídio (seis a vinte quatro anos) prejudicando a diferenciação dos dois crimes penais, ou seja, ocorrendo apenas pelo infanticídio, em que o crime sendo praticado pela mãe e pela honra que a pena seria mais branda, (três a nove anos) conforme a tipificação legal. 
Em 1916, no Código Suíço, qualificava o infanticídio como crime autônomo, classificando as elementares do crime de infanticídio, como o crime praticado durante o parto e sob a influência do estado puerperal, conforme: “Aquela que, durante o parto, ou ainda sob a influência do estado puerperal, matar o filho recém-nascido, será punido com prisão de até 3 anos, ou com detenção de seis meses, no mínimo” (BITENCOURT, 2015, p.153)
 No entanto, em 1940 no Código Penal, o infanticídio fez-se o delito autônomo, adotando um estado psicofisiológico, sendo o estado puerperal e não mais a defesa da honra, conforme o artigo 123: “Matar sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante ou logo após o parto ou logo após”. [footnoteRef:6] [6: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm] 
Desse modo, seguindo o entendimento de Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini:
Em vez de, seguindo a lei anterior adotar o sistema psicológico, fundado no motivo de honra (honoris causa), que é o temor à vergonha da maternidade ilegítima, optou o legislador pelo sistema fisiopsicológico ou fsiopsíquico, apoiado no estado puerperal. Essa orientação tem merecido críticas contundentes por se entender não comprovada a suposta problemática influência do estado puerperal no psíquico da parturiente, a ponto de Dirceu Mello propugnar por “seu cancelamento como agir criminoso autônomo”. (MIRABETE E FABBRINI, 2015, p. 54)
Contudo, entende que a doutrina atual adota a figura psicofisiológica, em que o privilégio será concedido, mediante a prática de o crime ter sido cometido sob a influência do estado puerperal, ou seja, uma perturbação fisiopsíquica, no qual, altera o discernimento da mãe. Em que o delito em que seja praticado pela mãe, sob a influência do estado puerperal, provoca a morte de seu próprio filho, durante o parto ou logo após.
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DO CRIME DE INFANTICÍDIO
 O crime de infanticídio está tipificado no Código Penal, em seu artigo 123, classificado nos crimes contra a pessoa, sendo crime praticado pela mãe que mata o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto, sendo classificado por homicídio privilegiado, por alguns doutrinadores. 
 Assim, como no crime de homicídio, o crime de infanticídio tem como bem jurídico tutelado a vida humana, mas diferencia-se do homicídio, pois busca a proteção da vida do nascente e do recém-nascido.
Conforme o entendimento de Fernando Capez:
Segundo o disposto no art. 123 do Código Penal, podemos definir o infanticídio como a ocisão da vida do ser nascente ou do neonato, realizada pela própria mãe, que se encontra sob a influência do estado puerperal.
Trata-se de uma espécie de homicídio doloso privilegiado, cujo privilegium é concedido em virtude da “influência do estado puerperal” sob o qual se encontra a parturiente. É que o estado puerperal, por vezes, pode acarretar distúrbios psíquicos na genitora, os quais diminuem a sua capacidade de entendimento ou autoinibição, levando-a a eliminar a vida do infante. (CAPEZ, 2011, p. 134)
O infanticídio diferencia-se do crime de homicídio, pois o infanticídio tem como elementos principais sejam matar o próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal para sua caracterização penal. 
Segundo Cezar Roberto Bitencourt:
O estado puerperal pode determinar, embora nem sempre determine, a alteração do psiquismo da mulher dita normal. Em outros termos, esse estado existe sempre, durante ou logo após o parto, mas nem sempre produz as pertubações emocionais que podem levar a mãe matar o próprio filho. Nosso Código Penal, que adota o critério fisiológico, considera fundamental a pertubação psíquica que o estado puerperal pode provocar na parturiente. É exatamente essa pertubação decorrente do puerpério que transforma a morte do próprio filho em um delictum exceptum nas legislações que adotam o critério fisiológico. (BITENCOURT, 2015, p.155)
As legislações anteriores ao Decreto Lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940 definiu com base no critério fundamental ao crime de infanticídio, o critério psicológico, entendendo que o psicológico buscava a preservação a honra pessoal, ou seja, a honra da mulher na necessidade de ocultar maternidade.
Diante do critério fisiológico adotado pelo Código Penal Brasileiro, conforme o artigo 123: “Matar, sob a influência do estado puerperal o próprio filho durante o parto ou logo após. Pena – detenção, 2 (dois) a 6 (seis) anos”.[footnoteRef:7] Assim, admitindo a influência do estado puerperal, visou-se a diferenciação do crime de infanticídio, pelo critério do estado puerperal sendo a elementar do crime. [7: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Neste sentido, aduz Mirabete:
Na jurisprudência, aliás, já se tem entendido que o infanticídio é, inegavelmente, e antes de tudo, um delito social, praticado na quase totalidade dos casos, por mães solteiras ou mulheres abandonadas pelo marido e pelo amásio e que, por isso, “o antigo conceito psicológico – a causa da honra – vai, aos poucos, perdendo sua significação limitada e se confundindo com este (conceito fisiopsicológico), por força de reiteiradas decisões judiciais”. (MIRABETE E FABBRINI, 2015, p. 54)
Portanto, no crime de infanticídio, a figura típica é a mãe, referente ao próprio filho sob o estado puerperal, cabendo assim, à mãe, os privilégios concedidos, pelo critério fisiopsicológico adotado no Brasil.
A principal diferença entre os crimes de homicídio e de infanticídio, é que o crime de homicídio está tipificado no artigo 121 do Código Penal Brasileiro: “Matar alguém: pena-reclusão, 6 (seis) a 20 (vinte) anos”. [footnoteRef:8] E o crime de infanticídio presente no artigo 123 do Código Penal: “Matar, sob a influência do estado puerperal o próprio filho durante o parto ou logo após. Pena – detenção, 2 (dois) a 6 (seis) anos”,[footnoteRef:9] caracterizado pela morte do nascente praticada pela própria mãe sob influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto. Difere-se do homicídio, pois, não é privilegiado por circunstâncias especiais, seguindo o estado puerperal concedida pela mãe. [8: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] [9: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Segundo Fernando Capez, o infanticídio “trata-se de crime próprio. Somente a mãe puérpera, ou seja, a genitora que se encontra sob a influência do estado puerperal, pode praticar o crime em tela”. (CAPEZ, 2011, p.136)
Nesse passo, afirma Victor Eduardo Rios Gonçalves:
O infanticídio é um delito que possui o mesmo núcleo do tipo do homicídio, ou seja, “matar”. É, entretanto, um crime autônomo, em que o legislador entendeu ser o caso de aplicar uma pena mais branda, em razão da condição diferenciada em que se encontra a agente, ou seja, estar sob a influência do estado puerperal e provocar a morte de seu próprio filho nascente ou recém-nascido. (GONÇALVES, 2001, p.43)
O infanticídio é denominado um delito privilegiado, visto pelo legislador como uma forma mais branda concedida a mãe, sob a influência do estado puerperal, que acaba por causar alterações físicas e emocionais, no qual, a conduta infanticida difere da conduta homicida. No entanto, o crime de infanticídio, trazparticularidades próprias para sua classificação para o delito, que devem ser analisadas, quanto aos seus sujeitos, como ativo e passivo.
Segundo Cezar Roberto Bitencourt: 	
Relativamente aos sujeitos, no polo passivo pode figurar somente o filho, enquanto no polo ativo somente a mãe, emocionalmente fragilizada pelo puerpério, afora a possibilidade da participação de terceiros; em relação ao aspecto temporal, somente durante o parto ou logo após a sua consumação. (BITENCOURT, 2015, p.153) 
Conforme o entendimento adotado quanto à classificação dos sujeitos, e o momento da prática do delito, o sujeito ativo é a mãe e sujeito passivo somente o próprio filho, autorizando a possibilidade do concurso de pessoas.
 
1.3 SUJEITOS DO CRIME
1.3.1 Sujeito Ativo
O crime de infanticídio previsto no artigo 123 do Código Penal é um crime próprio, ou seja, somente pode ser praticado pela mãe, caracterizado como circunstância elementar, sob a influência do estado puerperal, para a configuração do delito. 
Conforme Cezar Roberto Bitencourt, “somente a mãe pode ser sujeito ativo do crime de infanticídio e desde que se encontre sob a influência do estado puerperal”. (BITENCOURT, 2015, p.153) 
Compreende para a configuração do crime uma condição especial do sujeito ativo, no qual seja a mãe, que demonstre perturbações decorrentes do estado puerperal. 
Segundo Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, com base nas perturbações existente do estado puerperal, “é preciso que fique averiguado ter esta (perturbação psíquica) realmente sobrevindo em consequência daquele (estado puerperal), de modo a diminuir a capacidade e entendimento ou de autoinibição da parturiente”. (MIRABETE E FABBRINI, 2015, p.55) 
Portanto, para a configuração do delito, há uma presencia de um terceiro no crime no qual, seja como coautor ou partícipe, sem que este esteja enquadrado nas qualificações descritas no tipo legal. Segundo Fernando Capez, “nada impede, contudo, que terceiro responda por esse delito na modalidade de concurso de pessoas” no qual veremos no presente estudo. (CAPEZ, 2011, p.136)
1.3.2 Sujeito Passivo 
O sujeito passivo do crime de infanticídio é o próprio filho nascente ou recém-nascido, assassinado durante ou logo após o parto, para que se caracterize a figura típica, a criança deverá ter nascido com vida, mas não necessariamente que tenha vida extrauterina autônoma, ou seja, “basta que ele tenha apresentado o mínimo de atividade funcional, sendo indiferente constatar sua capacidade de viver fora do útero materno.” (CAPEZ, 2011, p.136)
Neste sentido destaca Rogério Greco: 
No que diz respeito ao sujeito passivo, a lei penal aponta como infanticídio o fato de causar a morte, sob a influência do estado puerperal, do próprio filho, durante o parto ou logo após, podendo-se visualizar, por meio dessas duas últimas expressões, que o delito pode ser cometido tanto contra o nascente, isto é, aquele que está nascendo, que ainda se encontra no processo de expulsão, quanto contra o neonato, ou seja, aquele que acabou de nascer, já se encontrando desprendido da mãe. (GRECO, 2010, p. 207) 
Com base no entendimento, é necessária que haja a confirmação que a criança nasceu com vida, por isso, a prova pericial é importante para constatação da existência de vida extrauterina, que seja realizada uma prova através das chamadas docimasias, conforme o entendimento a seguir.
Fernando Capez destaca que:
A prova da vida humana extrauterina faz-se comumente através das chamadas docimasias respiratórias, dentre elas a pulmonar-hidrostática (hidrostática de Galeno), podendo-se constatar por essa via a existência de respiração anterior. Além dessas docimasias respiratórias, há outras não respiratórias, como a alimentar (pesquisa microscópica, macroscópica, ou química de vestígios de absorção de alimentos ou outras substâncias pelo neonato). (CAPEZ, 2011, p.136)
Cezar Roberto Bitencourt diz que: 
Assim, a vida extra-uterina autônoma do neonato deixou de ser condição indispensável do infanticídio, sendo suficiente a vida biológica, que pode ser comprovada pelos batimentos cardíacos, pela circulação sanguínea ou qualquer outro critério admitido pela ciência médica. (BITENCOURT, 2015, p.154)
Contudo, para a comprovação da existência de prova que testifique o nascimento com vida da criança é dispensável para a adequação ao tipo penal. Apesar da prova comum, seja a prova da respiração, no entanto, não é suficiente, pela possibilidade existente da vida extrauterina sem que tenha respiração.
1.4 ELEMENTARES DO CRIME 
1.4.1 Conceito Estado Puerperal
Estado puerperal é a alteração psíquica sofrida pela mulher durante ou logo após o parto, ou seja, durante o chamado puerpério.
Assim afirma André Estefam:
O puerpério, na ciência médica, cuida-se de estado fisiopsíquico que acontece toda gestante durante o parto. Sua intensidade pode variar. A lei penal não ignora esse fato, tanto que exige expressamente não só o “estado puerperal”, mas que o ato seja praticado sob sua “influência”. (ESTEFAM, 2012, p.145)
Nas palavras de Genival França o “puerpério, sobreparto ou pós-parto é o espaço de tempo variável que vai do desprendimento da placenta até a volta do organismo materno às suas condições anteriores ao processo gestacional”. (FRANÇA, 2011, p.287)
Segundo Fernando Capez:
Trata-se o estado puerperal de perturbações que acometem as mulheres, de ordem física e psicológica decorrentes do parto. Ocorre, por vezes, que a ação física deste pode vir a acarretar transtornos de ordem mental na mulher, produzindo sentimentos de angústia, ódio, desespero, vindo ela a eliminar a vida de seu próprio filho. (CAPEZ, 2011, p.138)
Conforme Genival França:
Sabe-se que no puerpério podem surgir determinadas alterações psíquicas não apenas durante e logo após o parto, mas também algum tempo depois do parto. Entre essas manifestações, a mais comum é a psicose pós-parto, indiferente ao estado social, afetivo ou moral da mulher. (FRANÇA, 2001, p. 261)
Compreende-se que o estado puerperal é um estado emocional, em que a mulher acaba sofrendo algumas alterações que gera uma perturbação mental proporcionando até ao grau máximo, no qual, ocasionaria a morte do seu próprio filho nascente ou recém-nascido, ou seja, o cometimento do crime de infanticídio.
Diante o entendimento de Rogério Greco, o estado puerperal “não é tão somente aquele que se desenvolve após o parto, incluindo-se nesse raciocínio o período do parto e também sobreparto”. (GRECO, 2010, p.204)
1.4.2 Da Influência do Estado Puerperal
Compreende-se que apenas o estado puerperal não caracteriza o crime de infanticídio, mas, que ocorra a prática do delito durante ou logo após o parto, ocorrendo um nexo causal entre a morte do recém-nascido e o estado puerperal da mãe. Ou seja, a comprovação que a mãe matou o próprio filho pela decorrência de uma perturbação psíquica, não possuindo uma capacidade de discernimento normal, que no qual, provocaria o crime. 
Afirma Cezar Roberto Bitencourt: 
Convém destacar que a influência do estado puerperal, como elemento normativo do tipo, deve conjugar-se com outro elemento normativo, este de natureza temporal, qual seja, durante o parto ou logo após. A presença de qualquer desses dois elementos, isoladamente, é insuficiente para tipificar o delictum exceptum. (BITENCOURT, 2010, p.147)
 Neste sentido, destaca Fernando Capez:
Assim, o tão só fato de a genitora estar no período de parto ou logo após não gera uma presunção legal absoluta de que ela esteja sofrendo de transtornos psíquicos gerados pelo estado puerperal, pois, via de regra, o parto não gera tais desequilíbrios. É necessário sempre avaliar no caso concreto, através dos peritosmédicos, se o puerpério acarretou o desequilíbrio psíquico, de modo a diminuir a capacidade de entendimento e autoinibição da parturiente. (CAPEZ, 2011, p.138)
O estado puerperal pode ser apresentado por quatros hipóteses, conforme Cezar Roberto Bitencourt:
a) o puerpério não produz nenhuma alteração na mulher; 
b) acarreta-lhe perturbações psicossomáticasque são a causa da violência contra o próprio filho; 
c) provoca-lhe doença mental; 
d) produz-lhe perturbação da saúde mental diminuindo-lhe a capacidade de entendimento ou de determinação. Pena diminuída. 
Na primeira hipótese, haverá homicídio; na segunda, infanticídio; na terceira, a parturiente é isenta de pena em razão da sua inimputabilidade (art.26, caput, do CP); na quarta, terá uma redução de pena, em razão de sua inimputabilidade. (BITENCOURT, 2015, p.155) 
 Conforme o artigo 26 do Código Penal, conclui-se que haverá a possibilidade da aplicação da inimputabilidade:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.[footnoteRef:10] [10: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Portanto, para que ocorra o infanticídio é fundamental que a puérpera sofra de uma perturbação mental resultante do estado puerperal. Se a perturbação resultar em doença mental, conforme o presente artigo 26, caput, do Código Penal, ficará isenta de pena. 
1.4.3 Elemento Normativo Temporal 
 No crime de infanticídio, denomina-se elemento temporal a circunstância de tempo “durante o parto ou logo após”, sendo um dos elementos normativos do tipo de suma importância, pois, para a configuração do crime de infanticídio, deverá ocorrer quando a mãe sob a influência do estado puerperal, matar seu próprio filho no momento do parto ou logo após, ou seja, se o crime for realizado em outro momento não se considera infanticídio, por não ser cometido durante esse lapso temporal para a configuração do delito. 
 Neste sentido, posiciona-se Fernando Capez:
Assim, o delito de infanticídio deve ser cometido enquanto durar o estado puerperal, não importando avaliar o número de horas ou dias após o nascimento, e, se aquele não mais subsistir, não mais poderemos falar em delito de infanticídio, mas em delito de homicídio. (CAPEZ, 2011, p.137)
 Compreende que o período de tempo da expressão “logo após”, cabe à doutrina interpretá-la, por não identificar o lapso temporal em dias ou horas, cabendo assim analisar a cada caso concreto, conforme o Código Penal.
 Neste sentido, afirma Genival França:
Entende-se por logo após o parto, imediatamente depois do parto. Tem um sentido mais psicológico que propriamente cronológico. Compreende-se que seja o período que vai desde a expulsão do feto e seus anexos até os primeiros cuidados ao infante nascido. (FRANÇA, 2001, p. 262)
	Portanto, o elemento normativo temporal é fundamental para a caracterização do crime de infanticídio, segundo Cezar Roberto Bitencourt, a elementar personalíssima caracterizada pela influência do estado puerperal e como elementar temporal, durante ou logo após o parto, devem ser analisadas individualmente e avaliadas conjuntamente, pois, a elementar personalíssima só terá sentido se estiver subordinada da elementar temporal para caracterização do delito de infanticídio. (BITENCOURT, 2015, p.157)
Contudo, para a configuração do crime de infanticídio, estando a mãe sob a influência do estado puerperal, assim, enquanto durar o estado puerperal, independente de tempo cronológico corrido entre o fim do parto e o cometimento do delito, configura-se infanticídio, mas, caso não ocorra configura-se, homicídio.
1.5 TIPO OBJETIVO E SUBJETIVO
 O tipo penal, no crime de infanticídio compreende o bem jurídico tutelado como no crime de homicídio, qual seja, a vida humana, possuindo como núcleo o verbo “matar”, ou seja, suprimir a vida. O que difere o crime de homicídio do crime de infanticídio é com relação à penalidade, recebendo uma punição mais branda, pela condição privilegiada a mulher infanticida. 
 Segundo o entendimento de Cezar Roberto Bitencourt:
Pode-se destacar, para um exame analítico, as seguintes particularidades dessa forma peculiar de matar alguém, que a distinguem do homicídio convencional:
1. Qualidade ou condição dos sujeitos ativo e passivo da ação delituosa; 
1. Influência biopsíquica ou fisiopsicológica do estado puerperal;
1. Circunstância temporal contida no tipo: durante o parto ou logo após. (BITENCOURT, 2015, p.157)
 Portanto, o crime de infanticídio, é classificado como crime próprio, ou seja, somente a mãe sob a influência do estado puerperal mata seu próprio filho recém-nascido, possuindo o mesmo verbo do crime de homicídio, o verbo “matar”, conforme o artigo 121 do Código Penal. Assim, o infanticídio, se trata de crime próprio, em que o legislador não determinou a forma de execução do infanticídio. Em que o crime pode ser praticado por meios omissivos ou comissivos, diretos ou indiretos. 
Com base na conduta matar do infanticídio, pode ser praticada omissiva ou comissiva, conforme o entendimento de Régis Prado:
[...] admite-se qualquer meio de execução hábil a produzir a morte do ser nascente ou recém-nascido (delito de forma livre). A morte pode ser ocasionada por conduta comissiva (sufocação, estrangulamento, traumatismo, asfixia) ou omissiva (falta de sutura do cordão umbilical, inanição, não prestação dos cuidados essenciais). (PRADO, 2002, p. 82)
Neste mesmo sentido, segundo André Estefam, pode ser praticada no infanticídio a forma omissiva:
Admite-se, obviamente, a forma omissiva, posto que a mãe tem o dever legal de proteção, cuidado e vigilância com relação ao filho. Por exemplo, “se a mãe, como garante da vida do seu filho, omite os preparativos devidos do parto e do nascimento ou se não socorre do auxílio do médico quando este se revela previsivelmente indispensável”. (ESTEFAM, 2012, p.144)
Contudo, no infanticídio como homicídio, a conduta típica é “matar”, mas, ocorrendo uma diferença entre os delitos, pois, no infanticídio, não é qualquer pessoa, a vítima deve ser o nascente ou recém-nascido, assim, para a caracterização do infanticídio a mãe, deverá agir sob influência do estado puerperal, e que seja durante ou logo após o parto, para se resultar no crime de infanticídio. 
Compreende que no tipo subjetivo no crime do infanticídio, apenas admite a forma dolosa, sendo ele direto ou eventual. Em que a mãe, sob a influência do estado puerperal, tenha a vontade de matar o seu próprio filho nascente ou recém-nascido.
Segundo entendimento de Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, “o dolo é a vontade de causar a morte do filho nascente ou recém-nascido (dolo direto), como a de assumir conscientemente o risco do êxito letal (dolo eventual)”. (MIRABETE E FABBRINI, 2015, p. 58)
Neste sentido destaca Cezar Roberto Bitencourt: 
O dolo – direito ou eventual – é o elemento subjetivo do tipo e consiste na vontade livre e consciente de matar o próprio filho, durante o parto ou logo após, ou, no mínimo, na assunção do risco de matá-lo, ou, em outros termos, a mãe deve querer diretamente a morte do próprio filho ou assumir o risco de produzi-la. A vontade e a consciência devem abranger a ação da mãe puérpera, os meios utilizados na execução (comissivos ou omissivos), a relação causal e o resultado morte do filho. (BITENCOURT, 2015, p.158) 
O tipo penal no crime de infanticídio, não se admite a forma culposa, ou seja, se a mãe matar o próprio filho, estando sob influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após.
Nas palavras de André Estefam, compreende que no crime de infanticídio não abrange a forma culposa, “razão pela qual, constitui fato atípico o ato da mãe que, sem dolo (direto ou eventual), mata o próprio filho sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após”. (ESTEFAM, 2012, p.147) 
De acordo com Julio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, mesmo não existindo a forma culposa, “se a mãe, por culpa, causar a morte do filho responderá por homicídio culposo, ainda que tenha praticado o fato sob a influência do estado puerperal”. (MIRABETE E FABBRINI, 2015, p. 58)
Diante de algumas divergênciasdoutrinárias com relação à modalidade culposa, no caso a mãe sob a influência do estado puerperal, mata o próprio filho, mesmo acidentalmente durante ou logo após o parto se constituiria um fato atípico ou homicídio culposo, segundo o entendimento de Estefam apud Marques:
[...] de maneira acertada, lecionava que a imputação do homicídio culposo somente seria possível se ausente o estado puerperal. Caso a mãe se encontrasse sob tal influência, ficaria descartada a punição se ela concorresse culposamente para com a morte do neonato”. (ESTEFAM, apud MARQUES, 2012, p.147)
Assim, no crime de infanticídio, não há a modalidade culposa, caberá à tipificação adequada conforme circunstância do fato for realizada estando no período do estado puerperal, durante ou logo após o parto para a devida tipificação.
1.6 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
No crime de infanticídio, a consumação se aperfeiçoa com a morte do filho nascente ou recém-nascido que é realizada pela própria mãe. Assim, com base nos estudos realizados, não sendo fundamental que tenha sucedido vida extrauterina, somente a prova de que a criança tenha nascido com vida no momento da realização do crime, para que possa existir é essencial à existência das elementares desse tipo penal. 
Rogério Greco conceitua a consumação do crime de infanticídio conforme a seguir:
Crime material, o delito de infanticídio se consuma com a morte do nascente ou do neonato, daí a necessidade de ser produzida prova no sentido de se verificar se, durante os atos de execução, estava vivo o nascente ou neonato, pois, caso contrário, estaremos diante da hipótese de crime impossível, em razão da absoluta impropriedade do objeto. (GRECO, 2010, p. 210)
Conforme previsto no artigo 14 do Código Penal: 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.[footnoteRef:11] [11: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Nas palavras de Fernando Capez, a tentativa é reconhecida, no crime de infanticídio “por se tratar de plurissubsistente, a tentativa é perfeitamente possível, e ocorrerá na hipótese em que a genitora, por circunstâncias alheias a sua vontade, logra eliminar a vida do ser nascente ou neonato”. (CAPEZ, 2011, p.140)
No que tange à tentativa, ressalta Cezar Roberto Bitencourt: 
Como crime material que é, o crime de infanticídio admite a tentativa, e esta se aperfeiçoa quando, apesar da ação finalista do sujeito ativo, a morte do filho não sobrevém por circunstâncias estranhas à vontade daquele. Iniciada a ação de matar, esta pode ser interrompida por alguém que impede sua consumação. (BITENCOURT, 2015, p.160)
Mediante a ação de matar seu próprio filho, a mãe em estado puerperal, durante ou logo após o parto, começa os atos de execução, mas é interrompida por terceiro, ou seja, uma terceira pessoa impede a consumação do crime, compreende por tentativa ou resulta na desistência voluntária ou arrependimento eficaz pela mãe, no crime de infanticídio. Compreende-se por desistência voluntária e arrependimento conforme o artigo 15 do Código Penal: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.” [footnoteRef:12] E por desistência voluntária quando o sujeito ativo abandona a execução do crime quando ainda lhe sobra, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação, e o arrependimento, ocorre quando o agente, desejando retroceder na atividade delituosa percorrida, desenvolve nova conduta, após terminada a execução criminosa. [12: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm] 
1.7 PENA E AÇÃO PENAL
No crime de infanticídio, a pena prevista é de detenção de dois a seis anos, para o crime consumado, não ocorrendo a previsão de qualificadoras, majorantes ou minorantes especiais, nem modalidade culposa.
Afirma Rogério Greco:
A pena cominada ao delito de infanticídio é a de detenção de 2 (dois) a 6 (seis) anos sendo incabível, de acordo com a posição majoritária de nossa doutrina, proposta de suspensão condicional do processo, uma vez que a alteração trazida pela Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, que regulamentou os Juizados Especiais e Criminais no âmbito da Justiça Federal, embora tenha ampliado o conceito de infração de menor potencial ofensivo, aumentando para 2 (dois) anos o tempo de pena máxima cominada abstratamente aos crimes revogando parcialmente o art.61 da Lei nº9.099/95, não alargou também para 2 (dois) anos o tempo de pena mínima cominada para fins de confecção de proposta de suspensão condicional do processo, posição confirmada através da Lei nº11.313, de 28 de junho de 2006, que, modificando a redação do art.61 da Lei nº 9.099/95, ampliou para 2 (dois) anos a pena máxima cominada para efeito de reconhecimento da infração penal de menor potencial ofensivo, não sendo modificado o art.89 da referida lei, quando podia tê-lo feito expressamente, se fosse intenção do legislador ampliar o limite para efeito de concessão de suspensão condicional do processo. (GRECO, 2010, p. 214)
Portanto, o crime de infanticídio é classificado no rol dos crimes contra a vida, como os outros crimes dolosos contra a vida, se processa por ação penal pública incondicionada, no qual, “o Ministério Público tem a atribuição exclusiva para a sua propositura, independentemente de representação do ofendido”. (CAPEZ, 2011, p. 143)
Dessa forma, afirma Cezar Roberto Bitencourt, “como toda ação penal pública, admite ação privada subsidiária, nos termos da Constituição Federal desde que haja inércia do Ministério Público”. (BITENCOURT, 2015, p.165)
Assim, o crime de infanticídio, tem como pena de detenção de dois a seis anos e é executado por ação penal pública incondicionada.
2 CONCURSO DE PESSOAS
2.1 CONCEITO GERAL
No ordenamento jurídico brasileiro, há vários crimes que podem ser cometidos por uma única pessoa, mas, realizados também por duas ou mais pessoas sendo autoras do mesmo fato criminoso, ou seja, a união dessas pessoas para a prática do crime, denominando-se assim, concurso de pessoas. Segundo, Heleno Cláudio Fragoso, define como “um só fato criminoso pode ser praticado por uma pluralidade de pessoas em diversas situações. A ação delituosa pode ser executada, por exemplo, por duas pessoas, em conjunto”. (FRAGOSO, 2004, p. 311)
Com relação à participação presente no concurso de pessoas, o entendimento de Heleno Cláudio Fragoso, “pode também a ação delituosa ser realizada através de terceiro que desconhece o plano criminoso, atuando como instrumento ou longa manus do agente”, assim, a participação pode ser realizada de diferentes formas como um auxílio, ou a consumação para a prática do delito pelo terceiro, sendo tipificado o concurso de pessoas, nos artigos 29 a 31 do Código Penal Brasileiro. (FRAGOSO, 2004, p. 311)
Conforme o artigo 29 do Código Penal: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade” 
§ 1º - Se a participação for menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”.[footnoteRef:13] [13: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Com base no entendimento de Guilherme de Souza Nucci, o concurso de pessoas: “trata-se da cooperação desenvolvida porvárias pessoas para o cometimento de uma infração penal. Chama-se ainda, em sentido lato: coautoria, participação, concurso de delinquentes, cumplicidade”. (NUCCI, 2010, p. 295)
 Portanto, no concurso de pessoas se houver uma forma de contribuição, auxílio, para o planejamento do crime, obtendo o fornecimento de meios para a execução ou colaborar com a consumação do ilícito, deverá responder, juntamente com o autor, pelo crime realizado.
De acordo com o entendimento de Cezar Roberto Bitencourt, há duas formas de concurso de pessoas, denominado como concurso necessário e o concurso eventual, a seguir:
Deve-se ter presente que o chamado concurso necessário, na hipótese dos crimes plurissubjetivos, que só podem ser cometidos por duas ou mais pessoas, como bigamia, rixa etc., não oferece as dificuldades a serem aqui examinadas.
Por isso, só nos ocuparemos do concurso eventual, próprio dos crimes passíveis de ser executados por uma única pessoa, os crimes unissubjetivos. Enfim, o concurso de pessoas, em outros termos, é a consciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal. (BITENCOURT, 2015, p. 547)
Neste sentido, Rogério Greco destaca:
A regra trazida pelo art. 29 do Código Penal aplica-se, mormente, aos chamados crimes de concurso eventual (unissubjetivos), que são aqueles que podem ser cometidos por um único agente, mas que, eventualmente são praticados por duas ou mais pessoas. Quando duas ou mais se reúnem a fim de cometer tais infrações penais (homicídio, furto, dano etc.), ou, na expressão do código, se concorrerem para o crime, incidirão nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (GRECO, 2015, p. 479)
Portanto, no concurso de pessoas há o concurso necessário relacionado aos crimes plurissubjetivos, e o concurso eventual relacionado aos crimes unissubjetivos. Sendo, primeiramente por relacionar os crimes praticados por duas ou mais pessoas, por estar prevista na tipificação penal não tem a possibilidade, assim, para seguir conforme o artigo 29 do Código Penal Brasileiro. E ao relacionar os crimes passíveis praticados por apenas uma pessoa, como crime de infanticídio, há uma dificuldade em seu reconhecimento.
2.2 DAS TEORIAS
No concurso de pessoas há três teorias existentes, quais sejam, a Teoria Monista, Teoria Dualista e a Teoria Pluralista, apresentadas pelo Código Penal. 
Defendida por Cezar Roberto Bitencourt, as teorias sobre o concurso de pessoas:
Inicialmente, umas das questões a ser resolvida diante do fenômeno da codelinquência é a de como deve ser valorado o fenômeno delitivo quando participam vários indivíduos. Tem-se discutido se a conduta delituosa praticada em concurso constitui um ou vários crimes. (BITENCOURT, 2015, p. 547)
Assim, as teorias têm como foco buscar uma explicação se o fato típico praticado por duas ou mais pessoas será em um único crime ou vários, observando se exige para a forma do concurso a pluralidade de agentes e a diversidade de condutas. 
Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt:
Para essa teoria o fenômeno da codelinquência deve ser valorado como constitutivo de um único crime, para qual converge todo aquele que voluntariamente adere à prática da mesma infração penal. No concurso de pessoas todos os intervenientes do fato respondem, em regra, pelo mesmo crime, existindo, portanto, unidade do título de imputação. (BITENCOURT, 2015, p. 548)
Portanto, a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro é a teoria monista ou unitária, em que o crime praticado em concurso de pessoas é único, assim, não ocorrendo uma diferenciação entre autores e partícipes, ou seja, respondendo todos os participantes da infração penal pelo mesmo crime, independente de sua participação de maior ou menor relevância, mas, não resulta que todos sejam aplicados a mesma pena, pois, o delito irá corresponder à valoração com relação as suas condutas. Contudo, a teoria monista ou unitária, há uma dificuldade em se individualizar a culpabilidade de cada agente, conforme o artigo 29 do Código Penal, por não definir quais medidas de punição que devem ser utilizadas, que todos os autores deveriam obter a mesma penalização, porém, cada um responde na medida de sua culpabilidade. 
A teoria denominada dualista, diferentemente da teoria monista, diferencia a figura do autor e do partícipe, em que consiste na existência de dois crimes, sendo, um para o autor e outro para o partícipe. Ou seja, o autor sendo o que realiza atividade descrita na tipificação legal e o partícipe sendo o que realiza uma atividade secundária. Assim, a teoria dualista assegura que havendo mais de um agente, com diversidade de condutas, causando um só resultado devendo ocorrer à separação dos coautores. Com base nesta teoria, há crítica que o crime não pode ser desunido, por configurar um único fato. 
Ainda assevera Cezar Roberto Bitencourt:
Contudo, apesar dessa concepção dupla, não estamos diante da prática de dois crimes distintos, pelo contrário, o crime continua sendo um só, e, muitas vezes, a ação daquele que realiza a atividade atípica (o executor) é tão importante quanto do partícipe que atua no planejamento da ação executória que é levada a cabo pelo demais. (BITENCOURT, 2015, p. 548)
A teoria pluralista se aperfeiçoa por ocorrer a pluralidade de agentes, com diversas condutas, apesar de ter somente um resultado, cada agente responde por um delito. Assim, cada um dos participantes da infração penal responderá por um crime diferente, ocorrendo à pluralidade de agentes e de crimes. 
Nas palavras de Damásio Evangelista de Jesus, destaca que:
Segundo esta doutrina, no concurso de pessoas não ocorre apenas pluralidade de pessoas, mas também de crimes. A cada um dos participantes corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio, devendo-se, pois, concluir que cada um responde por um delito próprio. Considera cada um dos participantes como responsável por um delito próprio e punível em harmonia com seu significado antissocial. É uma teoria subjetiva, ao contrário da unitária que é objetiva. (JESUS, 2010, p. 454)
Acerca da teoria pluralista, afirma Cezar Roberto Bitencourt:
Segundo essa teoria, a cada participante correspondente uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À pluralidade de agentes correspondente a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso. (BITENCOURT, 2015, p. 548)
Tal teoria recebe críticas por não existir participação autônoma dos agentes envolvidos, por tais ações objetivarem um só resultado. Compreende que cada um dos agentes do crime responderá por um crime diferente, obtendo uma pluralidade de agentes e pluralidade de crimes.
2.3 REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS 
No concurso de pessoas é fundamental a existência de alguns requisitos, para sua configuração, sendo eles, a pluralidade de participantes e de condutas, relevância causal de cada conduta, vínculo subjetivo entre os participantes e identidade de infração penal. 
A pluralidade de participantes e de condutas, para o concurso de pessoas é de suma importância, para sua caracterização, sendo fundamental que se tenha mais de um agente praticando condutas diversas. 
Explica Cezar Roberto Bitencourt:
Este é o requisito básico do concurso eventual de pessoas: a concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. Embora todos os participantes desejem contribuir com sua ação na realização de uma conduta punível, não o fazem, necessariamente, da mesma forma e nas mesmas condições. Enquanto alguns, segundo Esther Ferraz (apud), praticam o fato material típico, representado pelo verbo núcleo do tipo, outros limitam-se a instigar, induzir, auxiliar moral ou materialmente o executor ou executores praticando atos que, em si mesmos, seriam atípicos. A participação de cada um e de todos contribui para o desdobramento causal do evento e respondem todos pelo fato típico em razão da norma de extensão do concurso. (BITENCOURT, 2015, p. 552)
No entanto, destaca-se que a culpabilidadedos coautores e partícipes seja importante para o concurso de pessoas, ocorrendo assim, a colaboração de duas ou mais pessoas na execução de uma infração penal, para a configuração do concurso de pessoas. 
E a relevância causal de cada conduta, entende que cada uma das condutas deve colaborar para a ocorrência do resultado, ocorrendo uma relação de causalidade entre a conduta realizada pelo agente e o resultado final.
A conduta típica ou atípica de cada participante deve integrar-se à corrente causal determinante do resultado. Nem todo comportamento constitui “participação”, pois precisa ter “eficácia causal”, provocando, facilitando ou ao menos estimulando a realização da conduta principal. (BITENCOURT, 2015, p. 552)
Assim, se a conduta do agente não resultou na relevância na produção final, não há que se falar que o mesmo concorreu para o crime, ou seja, não haverá concurso quando a outra conduta é praticada após a consumação do delito. 
Ante o requisito do vínculo subjetivo entre os participantes, conforme o entendimento de Cezar Roberto Bitencourt: 
Deve existir também, repetindo, um liame psicológico entre vários participantes, ou seja, consciência de que participam de uma obra comum. A ausência desse elemento psicológico desnatura o concurso eventual de pessoas, transformando-o em condutas isoladas e autônomas. (BITENCOURT, 2015, p. 552)
Por isso, se não houver vínculo psicológico entre os participantes, ou seja, a vontade de todos em contribuir para um fim comum neste caso as ações serão consideradas condutas isoladas e autônomas, não ocorrendo assim concurso de pessoas.
Para finalizar os requisitos presentes para configuração do concurso de pessoas, afirma Cezar Roberto Bitencourt:
Para que o resultado da ação de vários participante possa ser atribuído a todos, “tem que consistir em algo juridicamente unitário”. Como afirma Damásio, não é propriamente um requisito, mas consequência jurídica diante das outras condições. (BITENCOURT, 2015, p. 553)
Contudo, as condutas praticadas pelos participantes, precisam constituir algo juridicamente unitário, ou seja, todos que de alguma forma concorrem para a infração penal, respondem por um único crime. Assim todos os participantes na ação criminosa ao obter o interesse do mesmo resultado típico, caracteriza a mesma infração penal. 
2.4 AUTORIA 
Compreende-se, com base na doutrina apresentada a seguir, a lei não diferencia o autor e partícipe, apenas quando os co-autores concorrem para a ação delituosa, por isso através da doutrina haverá a distinção entre autoria e participação, por resultar em consequência jurídica. 
Afirma Heleno Cláudio Fragoso: 
Autor é quem realiza, no todo ou em parte, a ação incriminada que configura o delito, em seu aspecto objetivo (tipo objetivo) e subjetivo (tipo subjetivo). Com exceção dos casos de autoria mediata, é a realização da conduta típica que caracteriza a autoria.
Deve o autor reunir os requisitos previstos no tipo para o sujeito ativo nos crimes próprios e atuar com dolo e demais componentes subjetivos do tipo, eventualmente exigidos. (FRAGOSO, 2004, p. 314)
Entende que o autor é aquele que realiza a conduta determinada no tipo penal, sendo aquele que controla o desenvolver da ação, que tem como papel a decisão sobre a continuidade do crime, diferenciando do partícipe, pois não tem o controle da situação. 
Quanto à autoria, existem três espécies, sendo, a direta, indireta e a colateral. 
A autoria direta, seria o autor direto ou imediato, entende-se ser aquele que realiza diretamente a prática do crime, possuindo ou não ajuda para ação criminosa. 
E autoria indireta ou denominada mediato, sendo o autor indireto, que é considerado outra pessoa, sendo utilizado como instrumento para a prática da infração penal. 
Ressalta Heleno Cláudio Fragoso, “o autor não é apenas o que realiza diretamente a ação ou omissão que configura o delito, mas, também quem realiza através de terceiro que atua sem culpabilidade”. (FRAGOSO, 2004, p. 315)
Portanto, não sendo somente que realiza a ação, mas, com o auxílio de terceiros sem a conduta punível, apenas, como instrumento para realização de sua conduta para alcançar o seu objetivo.
 É de suma importância destacar segundo Heleno Cláudio Fragoso:
Há crimes que não podem ser cometidos em autoria mediata. São os chamados crimes de mão própria (que não se confundem com os crimes próprios). Trata-se de crimes em que a ilicitude está a função da execução pessoal da conduta punível. (FRAGOSO, 2004, p. 316)
Para a autoria colateral, a definição é com base na participação de mais de uma pessoa, não sendo de ação conjunta, mas, de forma independente para configuração da ação criminal. Segundo Heleno Cláudio Fragoso, “se falta tal consciência, haverá autoria colateral, rara nos crimes dolosos, mas frequentemente nos crimes culposos”. (FRAGOSO, 2004, p. 315)
Para finalizar o entendimento do que seria a autoria colateral, Cezar Roberto Bitencourt, afirma que:
Há autoria colateral quando duas ou mais pessoas, ignorando uma contribuição da outra, realizam condutas convergentes objetivando a execução da mesma infração penal. É o agir conjunto de vários agentes, sem reciprocidade consensual, no empreendimento criminoso que identifica a autoria colateral. (BITENCOURT, 2015, p. 569)
Ocorre a autoria colateral quando há a participação de várias pessoas, denominada como acessória, diante da atuação dos autores seja realizada individualmente para a configuração do crime. 
2.5 COAUTORIA 
Entende que a coautoria é a colaboração na execução do crime, por mais de uma pessoa, existindo o controle igualmente do autor, ou seja, é o portador da decisão diante do fato criminoso, sendo assim, fazendo parte da execução do crime.
Segundo Cezar Roberto Bitencourt: 
É, portanto, a atuação consciente de estar contribuindo na realização comum de uma infração penal. Essa consciência constitui o liame psicológico que une a ação de todos, dando o caráter de crime único. A resolução comum de executar o fato é o vínculo que converte as diferentes partes de um todo único. Todos participam da realização do comportamento típico, sendo desnecessário que todos pratiquem o mesmo ato executivo. Basta que cada um contribua efetivamente na realização da figura típica e que essa contribuição possa ser considerada importante no aperfeiçoamento do crime. (BITENCOURT, 2015, p. 561)
Para Heleno Cláudio Fragoso, destaca que o “co-autor é quem executa, juntamente com os outros, a ação ou omissão que configura o delito”. (FRAGOSO, 2004, p. 315) 
Portanto, diferentemente da participação, por se tratar da divisão dos trabalhos para cada agente, pelo domínio final do fato possuindo uma relevância maior na execução do crime. A participação somente acontece o auxílio ao autor e não a sua execução. Contudo, a coautoria todos atuando em conjunto na execução do delito.
2.6 PARTICIPAÇÃO 
 O Código Penal, não definir o entendimento do que seria a participação, através da doutrina, segundo Heleno Cláudio Fragoso têm-se como entendimento: 
A participação se realiza através de conduta penalmente irrelevante, que acede ao fato principal, adquirindo relevância somente quando, pelo menos, o autor inicia a execução. Em nosso direito, não há tentativa de participação. A participação é, pois, contribuição ao crime realizado por outrem, apresentando-se sob a forma de instigação ou cumplicidade. (FRAGOSO, 2004, p. 317) 
Entende-se que o partícipe não é aquele que pratica o ato ilícito, mas, aquele que contribui para a formação do crime, caracteriza como atividade acessória, ou seja, depende da ação do autor, mas sua conduta também é condenada pela legislação penal. 
De acordo com o entendimento de Heleno Cláudio Fragoso: 
Partícipe, em sentido amplo, é todo aquele que, de qualquer forma, concorre para a ação delituosa; em sentido estrito, é todo aquele que, sem realizar conduta típica, contribui para a ação típica de outrem. Na exposição que se segue, os vocabulários participação e partícipe serão sempre empregados em sentido estrito. (FRAGOSO, 2004,p. 312)
Segundo destaca Rogério Greco, “se a autoria é sempre atividade principal, participação será sempre uma atividade acessória dependente da principal”. (GRECO, 2015, p. 501)
A participação se caracteriza através da existência de vontade livre e consciente do partícipe na ação delituosa, ocorrendo apenas à contribuição do partícipe. Na participação há duas espécies presentes de participação que são a instigação e cumplicidade.
A instigação compreende ser quando o partícipe realiza sobre a vontade do autor, ou seja, do instigado. Ou seja, quando instiga a ideia de cometer o crime, mas, que a ideia já existia pelo autor. 
Conforme Heleno Cláudio Fragoso: 
Instigar é determinar a prática do delito, atuando sobre a vontade do agente. O instigador faz nascer a decisão de praticar o crime em pessoa capaz de executá-lo com consciência e vontade. (FRAGOSO, 2004, p. 318) 
 Conforme Cezar Roberto Bitencourt, “induzir significa suscitar uma ideia. Tomar a iniciativa intelectual, fazer surgir no pensamento do autor uma ideia até então existente”. (BITENCOURT, 2015, p. 563)
A instigação é compreendida como participação moral, no qual, o partícipe pratica sobre a vontade do autor, para que aconteça a vontade de cometer o crime, estimulando a ideia existente, assim, contribuindo moralmente para a realização do crime.
Para o conceito da outra espécie de participação, a cumplicidade é quando o partícipe auxilia o autor na preparação ou execução do ato, ou seja, através do auxílio em geral, em que a cumplicidade o partícipe contribui materialmente para a prática do delito. 
Aduz Heleno Cláudio Fragoso:
Cúmplice é o que contribui prestando auxílio à ação delituosa, com pleno conhecimento de causa. O auxílio em geral exterioriza-se através de um comportamento ativo, mas não se exclui cumplicidade por omissão, se o sujeito tinha o dever jurídico de evitar o resultado que podia impedir como seria o caso de um vigia ou guarda-noturno. (FRAGOSO, 2004, p. 319)
A cumplicidade, segundo Cezar Roberto Bitencourt, “essa é a participação material, em que o partícipe exterioriza a sua contribuição através de um comportamento, de um auxílio”. (BITENCOURT, 2015, p. 563)
Nesse sentido Cezar Roberto Bitencourt:
A cumplicidade se caracteriza por acelerar, assegurar ou facilitar a execução que é levada a cabo pelo autor, ou por se intensificar o resultado do delito, na forma em que era previsível. Enfim, na cumplicidade o partícipe contribui materialmente para a prática do crime. (BITENCOURT, 2015, p. 563)
Assim, a participação se caracteriza quando o partícipe contribui com o autor a criar até mesmo executar o crime, podendo ser comissiva ou omissiva.
2.7 PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS
A punibilidade presente no concurso de pessoas é entendida, conforme o caput do artigo 29 do Código Penal Brasileiro, “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.” [footnoteRef:14] [14: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Com fundamento em Heleno Cláudio Fragoso:
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a ele cominadas. Essa equiparação de todas as formas de participação e autoria, para em princípio receberam as penas do crime de que se trata, não deve induzir em erro. A escala penal aplicável a todos os que concorrem no crime é a mesma, mas a pena a ser fixada para cada um, em concreto, depende da culpabilidade individualmente revelada. (FRAGOSO, 2004, p. 320)
 Compreende-se que no concurso de pessoas, a pena aplicável a cada um dos concorrentes do crime será punido conforme sua própria culpabilidade, sendo assim, independentemente dos demais. 
 Nesse sentido, afirma Cezar Roberto Bitencourt, diante da punibilidade do concurso de pessoas, destaca que “a reforma penal mantém a teoria monística, no sentido de que, em regra, todos os intervenientes no fato devem responder pelo mesmo crime (unidade do título de imputação)”. (BITENCOURT, 2015, p. 571)
Assim, aos que concorrem para crime, estão sujeitos à mesma escala penal, porém, diante da aplicação penal, deverá o juiz fazer uma distinção com relação à situação de cada um, conforme a sua culpabilidade sendo maior ou menor. 
Diante, o artigo 29, § 1º do Código Penal, “Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço”. [footnoteRef:15] [15: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Segundo Cezar Roberto Bitencourt, sobre a participação de menor importância explica que:
A participação aqui referida diz respeito exclusivamente ao partícipe e não ao coautor, tratando-se, por conseguinte, de participação em sentido estrito. Ainda que a participação do coautor tenha sido pequena, terá ele contribuído diretamente na execução propriamente do crime. (BITENCOURT, 2015, p. 572)
Portanto, a lei define que a pena deve ser diminuída de um sexto a um terço, caso, em que a participação tenha uma culpabilidade menor, ou seja, uma contribuição não tão importante, menos importância para a realização do fato punível, assim, ocorrendo uma redução da pena conforme a participação sendo maior ou menor para o crime.
Porém, no concurso de pessoas, poderá a pena ser diminuída, segundo o artigo 29, § 2º “Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”. [footnoteRef:16] [16: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Contudo, Heleno Cláudio Fragoso, explica com base no artigo apresentado que “a disposição se aplica ao caso em que o partícipe (instigador ou cúmplice) pretendia concorrer para um crime menos grave do que aquele que foi efetivamente realizado pelo autor”. (FRAGOSO, 2004, p. 322)
Nesse mesmo sentido, Cezar Roberto Bitencourt, afirma que “a regra da disposição em exame pretende ter aplicação a todos os casos em que o partícipe quis cooperar na realização de delito menos grave”. (BITENCOURT, 2015, p. 573)
Concluindo que se na prática do delito, se algum dos concorrentes optou por participar de crime menos grave será aplicada ao concorrente a pena agravada, mas, que seja previsível o resultado, por isso, o concorrente deverá responder conforme o que quis, não o que o próprio autor, ou seja, segundo o seu dolo e não do autor. 
2.8 COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DAS ELEMENTARES PESSOAIS 
No ordenamento jurídico brasileiro, há uma relutância em se determinar quais circunstâncias, relativas ao fato criminoso e aos autores deste fato, são comunicáveis e quais são incomunicáveis, para decorrência da individualização de pena.
Com base no artigo 29 do Código Penal, vê-se o entendimento sobre a comunicabilidade presente no concurso de pessoas:
Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. 
§ 1º Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.[footnoteRef:17] [17: BRASIL. Decreto Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Segundo Cezar Roberto Bitencourt, com base no artigo afirma que “é imperioso que o participante tenha agido ao menos culposamente em relação à circunstância objetiva ou em relação à elementar do crime para que possa haver a comunicabilidade”. (BITENCOURT, 2015, p. 575)
Assim, ressalte-se que a comunicabilidade e incomunicabilidade de circunstâncias e elementares, pelas grandes divergências no concursode pessoas no infanticídio sobre as circunstâncias comunicáveis e incomunicáveis, o artigo 30 do Código Penal Brasileiro traz o entendimento das circunstâncias incomunicáveis, conforme a seguir: “Art. 30 – Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.[footnoteRef:18] [18: BRASIL. Decreto Lei o 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.] 
Neste sentido, Heleno Cláudio Fragoso explica que, “as circunstâncias e as condições de condições de caráter pessoal de cada agente somente serão consideradas em relação àquele a quem se refinam, e não aos demais, salvo se forem elementares ao crime”. (FRAGOSO, 2004, p. 324)
Para Cezar Roberto Bitencourt, afirma que “circunstâncias são dados, fatos, elementos ou peculiaridades que apenas “circundam” o fato principal. Não integram a figura típica, podendo contribuir, contudo, para aumentar ou diminuir a sua gravidade”. (BITENCOURT, 2015, p. 574)
Assim, a circunstância elementar é de uma importância para a caracterização do crime. Em que presente, a circunstância “estado puerperal” no crime de infanticídio, denominado uma elementar, em que apenas a mãe sob o estado puerperal, é aceita para a caracterização do crime de infanticídio.
Portanto, com base no entendimento de Cezar Roberto Bitencourt:
Elementares do crime são dados, fatos, elementos e condições que integram determinadas figuras típicas. Certas peculiaridades que normalmente constituiriam circunstâncias ou condições podem transformar-se em elementos do tipo penal e, nesses casos, deixam de “circundar” simplesmente o injusto típico para integrá-lo. (BITENCOURT, 2015, p. 574)
Portanto, as circunstâncias podem ser objetivas ou subjetivas. Sendo, subjetivas, quando tratam da pessoa do agente, como exemplo, o grau de parentesco com a vítima, suas qualidades, motivos do crime. E de as objetivas quando tratam de aspectos objetivos do crime como o tempo, o lugar, meios e modos de realização do crime. Assim, as circunstâncias de caráter objetivo se comunicam a todos os agentes e partícipes do crime, porém, as circunstâncias subjetivas do agente são incomunicáveis, com exceção das elementares do tipo.
Com base no entendimento de Heleno Cláudio Fragoso define as circunstâncias subjetivas das objetivas, sendo que:
As circunstâncias, como já se sabe, podem ser subjetivas (ou de caráter pessoal) e objetivas (ou reais). As circunstâncias subjetivas são as que se referem aos motivos determinantes, à qualidade ou condição pessoal do agente, às suas relações com a vítima ou com os demais partícipes ou co-autores. São circunstâncias objetivas as que se aos meios e modos de execução, à condição ou qualidade da vítima, ao tempo, lugar e ocasião do crime, bem como à natureza do objeto material. (FRAGOSO, 2004, p. 324)
Contudo, o artigo 30 do Código Penal Brasileiro, ao expor a elementar do tipo penal haverá comunicabilidade entre os coparticipantes. Ou seja, todos os agentes deste modo, penalizados na mesma quantidade pelo os crimes praticados, vestem, assim pelo Código Penal Brasileiro.
3 CONCURSO DE PESSOAS NO CRIME DE INFANTICÍDIO 
3.1 DISPOSIÇÕES GERAIS
O concurso de pessoas no crime de infanticídio é o tema estudado neste trabalho, sendo o foco desta monografia, com base nos capítulos anteriores obteve-se de forma mais eficiente o conceito sobre o infanticídio e concurso de pessoas, conceituando a comunicabilidade e incomunicabilidade de circunstâncias e sua elementar para se chegar ao presente tema.
Com base nos conhecimentos apresentados até aqui, compreende-se que há uma grande divergência doutrinária com relação à comunicabilidade do estado puerperal, sobre ser a circunstância de caráter personalíssimo, diante, dos doutrinadores divergentes através da elementar do tipo, resulta em comunicável.
Entende-se que o crime de infanticídio, é de suma importância para compreender este trabalho, apesar do crime ser parecido com o crime de homicídio, diferencia, pois, no crime de infanticídio, a mãe sob a influência do estado puerperal, mata o seu próprio filho, durante ou logo após o parto.
Conforme o artigo 123 do Código Penal Brasileiro, diante o entendimento de André Estefam, “o dispositivo legal visa à tutela da vida humana do feto ou recém-nascido (durante o parto ou logo após), quando sua supressão resulta de ato cometido pela mãe, estando ela influenciada pelo estado puerperal”. (ESTEFAM, 2002, p.143)
 Deste modo, o legislador brasileiro não especificou o crime de infanticídio como uma das formas privilegiadas de homicídio, mas, como um crime autônomo, trazendo assim, uma penalização adequada ao agente de forma mais branda diante a semelhança do artigo 121 do Código Penal. Portanto, como já apresentado anteriormente, o infanticídio é denominado crime próprio ou personalíssimo, pois, somente pode ser cometido pela mãe contra o próprio filho recém-nascido. 
 Segundo Julio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini:
O infanticídio seria, na realidade, um homicídio privilegiado, cometido pela mãe contra o filho em condições especiais. Entendendo o legislador, porém, que é ele fato menos grave que aqueles incluídos no art.121, §1º, e na linha de pensamento de Beccaria e Feuerbach, definiu-se em dispositivo à parte, como delito autônomo e denominação jurídica própria, cominando-lhe pena sensivelmente menor que do homicídio privilegiado”. (MIRABETE E FABBRINI, 2015, p. 54) 
Portanto, para a caracterização do infanticídio é primordial que a conduta advenha de perturbação psíquica ligada ao estado puerperal, que assim, seja capaz de diminuir a capacidade de compreensão da mãe, pois há necessidade de comprovação do nexo causal, ou seja, entre a morte do recém-nascido ou nascente e o estado puerperal da mãe. 
Com base no artigo 29 do Código Penal Brasileiro, há a existência do concurso de pessoas. Porém, há uma grande discussão doutrinária com relação à pena a ser imposta àquele que concorre para o crime de infanticídio, junto com a mãe devido à comunicabilidade ou não da elementar “influência do estado puerperal”, possuindo uma extensa divergência na classificação do crime cometido pelo terceiro no crime de infanticídio. 
De acordo, com a complexidade quanto à punibilidade deste terceiro que participa do crime de infanticídio, caberá ao coautor e partícipes no crime de infanticídio, serem penalizados por crime de infanticídio ou por crime de homicídio? 
Entende-se que com base nessa discussão, o crime de infanticídio é classificado como um crime próprio, em que apenas a mãe pratica a conduta, durante ou logo após o parto, estando sob a influência da elementar “estado puerperal”. Visando, assim, a penalização mais adequada do coautor e partícipe responder por homicídio, pelo fato de não estarem sob a influência do estado puerperal, exigido no art.123 do Código Penal, evitando a terceiro envolvido no delito que se beneficie da circunstância especial da mãe. Com isso, o artigo 30 do Código Penal, traz a definição que o estado puerperal, por ser circunstância elementar do tipo, seria perfeitamente comunicável a terceiros que concorrem para a realização da conduta. 
Diante o tema abordado, afirma a jurisprudência, na decisão proferida no Tribunal de Justiça do Paraná na data 03/02/1995: 
Ementa
INFANTICIDIO - CONCURSO DE PESSOAS - (ART. 29, DO C. PENAL) - ADMISSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO. Se o participe, em tese, contribui moralmente, instigando, ameaçando ou provocando a autora ao cometimento do delito de infanticídio, da denúncia contra este não pode ser afastado.[footnoteRef:19] [19: PARANÁ, Tribunal de Justiça do Paraná, Acórdão no Recurso 71356-2/PR. Relator Juiz Antônio Gomes da Silva. Publicado em 03/02/1995. Disponível em https://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/j/127301/Ac%C3%B3rd%C3%A3o-71356-2.] 
De acordo, com a legislação brasileira, a penalidade adequada deve ser imposta ao partícipe e ao coautor do crime de infanticídio com relação à comunicabilidade

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