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infanticidio

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CONCEITO 
É uma espécie de homicídio doloso privilegiado, cometido pela mãe que, 
por ocasião do fenômeno obstétrico, se exibe aturdida pelo 
puerpério, voltando-se contra o própr io filho. 
 
OBJETO JURÍDICO E OBJETO MATERIAL 
O objeto jurídico tutelado pelo Estado é o direito à vida. Já o objeto 
material é o corpo do ser nascente ou recém nascido. 
 
ELEMENTOS DO TIPO 
A) AÇÃO NUCLEAR 
Matar (destruição da vida alheia). 
 
B) MEIOS DE EXECUÇÃO 
É crime de forma livre, que pode ser praticado por qualquer meio 
comissivo ou omissivo. 
 
C) SUJEITO ATIVO 
Somente a mãe no estado puerperal (crime próprio). 
 
D) SUJEITO PASSIVO 
O filho com vida, do contrário haverá crime impossível. Se o delito for 
cometido durante o parto, denomina-se “ser nascente”; se logo após 
“recém nascido ou neonato”. 
 
E) ELEMENTO PSICOFISIOLÓGICO 
“Sob a influência do estado puerperal”. Se o estado puerperal se 
extremar, causando doença mental na mãe, aplicar-se-á o art. 26, 
caput do CP (inimputabilidade). 
Se, em decorrência deste estado, a mãe não perder inteiramente a 
capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se 
de acordo com esse entendimento, incidirá o parágrafo único do art. 
26 do CP. 
Se a mãe sofrer mera influência psíquica, que não se adequa às 
hipóteses supramencionadas, responderá pelo infanticídio, sem 
atenuação. Vale registrar que é necessário que seja realizado um 
exame para verificação da existência do estado puerperal. 
 
 
 
 
 
 
 
F) CLÁUSULA TEM PORAL 
“Durante o parto ou logo após”. O período do puerpério abrange o 
início dos trabalhos do parto, que começa com a “dilatação”, e quanto 
ao seu término a doutrina tem se posicionado no sentido de até a 
volta da menstruação da mãe. Antes desse período, haverá aborto e, 
após, homicídio. 
 
G) MOMENTO CONSUMATIVO 
Crime material que exige para a consumação a morte do neonato ou 
nascente. 
 
H) TENTATIVA 
É admissível, pois o iter criminis pode ser fracionado. 
 
I) CONCURSO DE PESSOAS 
O crime de infanticídio é composto pelos seguintes elementos: ser 
mãe (crime próprio) + matar + o próprio filho + durante o parto ou 
logo após + sob influência do estado puerperal. 
Excluído algum dos dados constantes do infanticídio, a figura deixará 
de existir como tal, passando a ser outro crime (atipicidade relativa).. 
Sendo elementares, em regra, comunicam-se ao coautor ou partícipe, 
salvo se este desconhecesse a sua existência, evitando-se a 
responsabilidade objetiva. 
 
Há três situações possíveis: 
1: mãe que mata o próprio filho, contando com o auxílio de terceiro: 
a mãe é autora de infanticídio e as elementares deste crime 
comunicam-se ao partícipe, que, assim, responde também por 
infanticídio. A “circunstância” de caráter pessoal (estado puerperal) 
comunica-se ao partícipe, justamente porque não é circunstância, 
mas elementar; 
 
2: o terceiro mata o recém-nascido, contando com a participação da 
mãe: aquele comete o crime de homicídio, pois foi autor da conduta 
principal, inexistindo correspondência entre a sua ação e os 
elementos definidores do infanticídio. Opera-se a adequação típica 
imediata entre a sua conduta e a prevista no art. 121 do CP. 
A mãe foi sua partícipe, já que não realizou o núcleo do tipo (não 
matou apenas ajudou a matar), devendo responder por homicídio. No 
entanto, embora esta seja a solução apontada pela boa técnica 
Infanticídio 
jurídica e a prevista no art. 29, caput do CP (todo aquele que 
concorre para um crime incide nas penas a ele cominadas), não pode, 
aqui, ser adotada, pois levaria ao seguinte contrassenso: 
Se a mãe que mata a criança, responde por infanticídio, mas como 
apenas ajudou a matar, responde por homicídio. Não seria lógico. 
Portanto, nesta segunda hipótese, a mãe responde por infanticídio. 
 
3: mãe e terceiro executam em coautoria a conduta principal, 
matando a vítima: a mãe será autora de infanticídio e o terceiro, por 
força da teoria unitária ou monista, responderá pelo mesmo crime, 
nos expressos termos do art. 29, caput do CP. 
Obs.: Alguns autores distinguem as circunstâncias pessoais das 
personalíssimas, concluindo que, em relação a estas, não há 
comunicabilidade (Cf. entendimento de Nelson Hungria). 
Para esta corrente, o estado puerperal, apesar de elementar, não 
se comunica ao partícipe o qual responderá por homicídio, evitando-
se que este se beneficie de um privilégio imerecido. 
Apesar de aparentemente mais justo, este entendimento não tem 
amparo legal, pois o art. 30 do CP não distingue elementares pessoais 
e personalíssimas. Sendo elementar comunica-se, salvo quando 
desconhecida. 
 
Há duas posições: 
1: não se admite coautoria, nem participação em infanticídio, em face 
das elementares personalíssimos do tipo legal, como por ex., o 
“estado puerperal”. O princípio da reserva legal impede que se 
estenda o tipo a terceiros sem condições de realizar os seus 
elementos. 
Assim, se houver a intervenção de um terceiro, este responderá por 
homicídio em coautoria ou participação. 
 
2: admite-se coautoria ou participação em infanticídio, vez que a lei 
não fala, em qualquer momento, em condições personalíssimas. 
Temos as condições de caráter pessoal (que se comunicam, quando 
elementares do crime – art. 30 do CP) e as de caráter não pessoal 
(objetivas), que, sejam elementares, sejam circunstâncias, podem 
sempre se comunicar. 
A condição de mãe e a influência do estado puerperal são 
elementares do tipo, razão pela qual se comunicam aos coautores ou 
partícipes. 
 
FORMAS 
A) DOLOSA 
O crime pode ser praticado pelo agente a título de dolo direto ou 
eventual. 
B) NÃO HÁ FORMA CULPOSA 
Se a mãe agir culposamente, matando o filho sob influência do estado 
puerperal, não responderá nem por infanticídio, nem por homicídio. 
Não há infanticídio culposo por força do art. 18, parágrafo único do 
CP. Se não houver a influência do puerpério, mas apenas a existência 
de culpa, o sujeito ativo responderá por homicídio culposo. 
Exemplo: mulher que, não convencida das dores do parto, dá à luz, 
num ônibus, vindo o neonato a morrer por fratura do crânio. 
 
OBSERVAÇÕES 
a) Não incidem as agravantes previstas no art. 61, II, alíneas “e” e “h”, 
do CP (crime cometido contra descendente ou criança), vez que 
integram a descrição do delito de infanticídio. Caso incidissem, haveria 
bis in idem. 
b) Se a mãe matar outra criança sob a influência do estado puerperal 
haverá infanticídio putativo. 
c) Se a mãe matar um adulto sob a influência do puerpério, 
responderá por homicídio. 
d) Concorre materialmente com o infanticídio se ocultar cadáver (art. 
211 do CP). 
e) A conduta infanticida pode ser de abandonar o recém nascido em 
lugar ermo, sob condições que o farão perecer. Tal conduta não se 
confunde com a prevista no art. 134, § 2o, do CP - Exposição ou 
abandono de recém-nascido. 
Neste último, trata-se de crime de perigo, em que o agente quer tão-
somente abandonar, livrar-se do bebê, que é a personificação de sua 
desonra pessoal, mas, com isso, quer ou aceita apenas colocá-lo em 
situação perigosa para sua vida, sua saúde, um dolo que não chega a 
ser o de dano. 
No entanto, na hipótese em que a mãe abandona o bebê e o faz 
para, com isso matá-lo, ou, de outra parte, se anui ela na morte da 
criança em decorrência do abandono, haverá dolo (direto ou eventual) 
e dano e, portanto, crime de dano. 
 
 
Crime comum: são aqueles que não exige qualidade especial, seja ela 
do sujeito passivo ou do ativo 
Crime próprio: é aquele que exige determinada qualidade do sujeito 
ativo para sua prática cabe a coautoria 
Crime de mão própria: só pode ser realizada pessoalmente e 
diretamente pelo autor e não se admite coautoria 
 
Art 26 
“fulano é capt. (totalmente incapaz), fulano é parágrafo único 
(relativamente incapaz) 
ERRO DE EXECUÇÃO 
matar outro bebê por influência do estado puerperal e sem querer 
matar outrobebê achando que é o seu, infanticídio putativo 
→ art123 
→ art. 20 parágrafo 3 
→ Art 73 :

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