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Qualidade da Água Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Carlos Eduardo Martins Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites. 5 Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Analisar as práticas disponíveis para a captação, uso e despejo da água no ambiente. Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos · Saneamento e mecanismos de proteção aos recursos hídricos · Histórico das medidas de saneamento/tratamento e potabilidade da água de consumo humano · Critérios técnicos e metodologia · Coleta de amostras de água · Índice de qualidade da água bruta para fins de abastecimento público (IAP) · CoSistemas de abastecimento de água de consumo humano · Padrão de potabilidade das águas para o consumo humano · Padrão de balneabilidade da água 6 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Contextualização Energia solar para desinfecção da água: sistema desenvolvido na UFSC permitirá levar tratar o líquido em regiões nas quais não há eletricidade. Um sistema de baixo custo para desinfecção da água captada de poços artesianos, cachoeiras, nascentes e até da chuva por meio dos raios ultravioletas. Este é o projeto desenvolvido por Lucas Rafael do Nascimento, aluno do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a orientação do professor Ricardo Ruther, do Laboratório de Energia Solar da UFSC. O emprego da tecnologia possibilitará o tratamento da água em locais onde não há energia elétrica. Trata-se de um compartimento acondicionador, feito de PVC, composto por uma lâmpada ultravioleta germicida e alimentada por energia solar. O equipamento pode ser de pequeno porte, montado de acordo com as necessidades do usuário. O processo de desinfecção baseia-se na capacidade da radiação ultravioleta de atingir o DNA (material genético) das células dos microrganismos, causando sua destruição. “Um fluxo contínuo de água passa através de um tubo de PVC, que tem em sua estrutura uma lâmpada emissora de radiação ultravioleta com comprimento de onda de 254 nm. Essa luz, ao penetrar as células e ser absorvida pelo ácido nucléico, afeta o DNA das mesmas, destruindo assim os microrganismos. Isso ocorre porque a absorção da luz ultravioleta pelo DNA provoca alterações da informação genética que incapacitam a reprodução da célula”, explica Ruther. O pesquisador ressalta que, embora esse sistema de desinfecção não remova as partículas da água, ele inativa qualquer matéria orgânica com potencial patogênico. “Essa tecnologia já é largamente utilizada em vários países, inclusive no Brasil, para diversas finalidades, desde o tratamento de águas de esgotos e piscinas e a desinfecção de alimentos e embalagens até a desinfecção da água para consumo humano. A diferença é que, neste projeto, são usados materiais facilmente encontráveis no comércio em todas as regiões do país. Além disso, a fonte de energia que alimenta esse dispositivo, o Sol, é renovável e altamente disponível”, esclarece Ruther. O pesquisador revela que, a partir da montagem dos primeiros protótipos, resultados satisfatórios deverão ser obtidos em 2008, para então o sistema ser produzido em larga escala. Os primeiros estudos apontam um custo de aproximadamente R$ 5 mil por protótipo. Fonte: Ciência Hoje. Publicado em 01/04/2008. Atualizado em 24/09/2009. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2008/247/energia-solar-para-desinfeccao-da-agua. Acessado em 12/02/2015. 7 Saneamento e mecanismos de proteção aos recursos hídricos A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças (PEREIRA et al, 2012). Segundo o IBGE (2008) O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas e outros). Segundo Velho et al, (2014), menos de 1/3 (1.749) dos municípios brasileiros dispunha de legislação municipal sobre proteção de mananciais, o que coloca em risco a qualidade da água bruta a ser captada. Dentre os 3.141 (56,4%) municípios que efetuavam captação superficial de água bruta, 2.615 (83,2% dentre aqueles com captação superficial) informaram alguma forma de proteção na captação, sendo as mais comuns: o isolamento da área através de cerca (85,7% dos municípios); a preservação da vegetação (54,3%); e a proibição de despejos (44,6%). Estes são os resultados de toda a dinâmica jurídico-política relacionada à qualidade da água de consumo humano no Brasil, intensificada nas últimas décadas. Histórico das medidas de saneamento/tratamento e potabilidade da água de consumo humano Os recursos hídricos vêm sendo significativamente afetados por poluentes decorrentes de lançamento de resíduos industriais, agropecuários e de esgotos domésticos “in natura” nos corpos d’água. Dentre as medidas adotadas ao nível nacional para diminuir os efeitos danosos da poluição sobre os recursos hídricos, podemos estabelecer uma cronologia daquelas que têm sido entendidas como referencial para a tomada de decisão no âmbito dos três poderes. A Portaria BSB do Ministério da Saúde – MS n.° 635/19751 aprovou as normas e padrão sobre fluoretação de águas. O Decreto Federal n.° 79.367/19772 concede competência ao MS em articulação com as secretarias estaduais de saúde e do DF para elaborar normas e padrões de potabilidade da água para consumo humano. A Portaria BSB do MS n.° 56/1977 aprovou de forma pioneira as Normas e o Padrão Nacional de Potabilidade da Água para Consumo Humano. 1 Disponível em http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/portaria635.pdf. Acessado em 11/02/2015 2 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D79367.htm. Acessado em 11/02/2015. 8 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos A Portaria BSB do MS n.° 443/1978 3 definiu as normas sobre proteção sanitária dos mananciais, dos serviços de abastecimento e seu controle de qualidade e das instalações prediais. O Decreto Federal n.° 92.752/19864 instituiu o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. Da Lei Federal 9.433/19975 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, destacam-se os seguintes aspectos: » Objetivo: Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos. Dentre as diretrizes de ação para implementação dessa política, a lei estabelece que a gestão sistemática dos recursos hídricos não deve dissociar os aspectos de quantidade dos de qualidade. » Princípios: A gestão por bacia hidrográfica; observância dos usos múltiplos, mas considerando que em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação (acabar com a sede) animal; O reconhecimento de que a água é um recurso dotado de valor econômico; A gestão descentralizada e participativa; O reconhecimento da água como bem finito e vulnerável. » Instrumentos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. » Institucionalização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH. A Lei 9.984/20006criou a Agência Nacional de Águas – ANA, a partir de então considerada a entidade federal de implementação da PNRH. Segundo a lei supracitada, a ANA tem como missão: “(...) implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o acesso à água, promovendo seu uso sustentável em benefício das atuais e futuras gerações; promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede hidrometeorológica nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas ou privadas que a integram, ou que dela sejam usuárias; organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos; estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a gestão de recursos hídricos”. A Portaria MS n.° 1.469/20007 tendo a partir de então estabelecido os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. A Resolução nº 16/20018 do CNRH passa a definir os critérios para a outorga de direito de uso de recursos hídricos. A Portaria MS n.° 518/20049 estabeleceu os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 3 Disponível em http://www.daejundiai.com.br/wp-content/uploads/2013/10/Portaria-Federal-443-Bsb.pdf. Acessado em 11/02/2015. 4 Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/1985-1987/d92752.htm. Acessado em 11/02/2015. 5 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acessado em 11/02/2015. 6 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm. Acessado em 11/02/2015. 7 Disponível em http://www.comitepcj.sp.gov.br/download/Portaria_MS_1469-00.pdf. Acessado em 11/02/2015. 8 http://www.cnrh.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=61. Acessado em 11/02/2015 9 Disponível em http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-518.htm. Acessado em 11/02/2015. 9 O Decreto Federal nº 5.440/200510 instituiu os mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano, conforme os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria MS 518/2004. A Resolução nº 58/2006 11 do CNRH aprovou o Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH. A Lei Federal n.° 11.445/200712 estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico, segundo a qual o saneamento básico é entendido como “(...) o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas”. Em complementação à Lei 11.445/2007, os critérios de avaliação da qualidade da água bruta e sua tratabilidade ou adequação para abastecimento para consumo humano são encontrados na norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 12.216 – Projeto de Estação de Tratamento para Abastecimento Público. A Resolução nº 91/2008 do CNRH13 definiu o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos. O Decreto Federal nº 7.217/201014 regulamentou a Lei Federal nº 11.445/2007 que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. A Portaria nº 2.914/201115 do MS dispôs sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. A Resolução nº 430/201116 do CONAMA/Ministério do Meio Ambiente – MMA dispôs sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes complementando e alterando a Resolução nº 357/200517 , do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. A Resolução ANA nº 903/201318 criou a Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade de Água, além de ter estabelecido as suas diretrizes. De todos os instrumentos existentes voltados à proteção das águas de consumo humano, aquele que tem, hoje, maior peso é sem dúvida e Portaria MS nº 2.914/2011. Portaria MS nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde Este instrumento dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. É aplicado à água destinada ao consumo humano proveniente de sistema e solução alternativa de abastecimento de água. Não se aplicam à água mineral natural, à água natural e às águas adicionadas de sais, destinadas ao consumo humano após o envasamento, e a outras águas utilizadas como matéria-prima para elaboração de produtos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 10 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5440.htm. Acessado em 11/02/2015. 11 Disponível em http://www.cnrh.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=33. Acessado em 11/02/2015. 12 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acessado em 11/02/2015. 13 Disponível em http://www.cnrh.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=820. Acessado em 11/02/2015. 14 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7217.htm. Acessado em 11/02/2015. 15 Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acessado em 11/02/2015. 16 Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acessado em 11/02/2015. 17 Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acessado em 11/02/2015. 18 Disponível em http://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2013/903-2013.pdf. Acessado em 11/02/2015. 10 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Definições que o documento adota: » Água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem. » Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde. » Padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para consumo humano, conforme definido nesta Portaria. » Padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não necessariamente implicam risco à saúde. » Água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes, visando atender ao padrão de potabilidade. » Sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição. » Solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição. » Solução alternativa individual de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios residenciais com uma única família, incluindo seus agregados familiares. » Rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por tubulações e seus acessórios, destinados a distribuir água potável, até as ligações prediais. » Ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais, situado entre a rede de distribuição de água e o cavalete, este incluído. » Controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa coletiva de abastecimento de água, destinado a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma a assegurar a manutenção desta condição. » Vigilância da qualidade da água para consumo humano: conjunto de ações adotadas regularmente pela autoridade de saúde pública para verificar o atendimento a esta Portaria, considerados os aspectos socioambientais e a realidadelocal, para avaliar se a água consumida pela população apresenta risco à saúde humana. » Garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a validade dos ensaios realizados. 11 Responsabilidades Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (2009) As responsabilidades sobre tudo o que envolve controle da qualidade da água produzida e distribuída e as práticas operacionais adotadas no sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água e à relação com os laboratórios de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano, estão a cargo dos poderes federal, estadual e municipal, por meio de seus respectivos órgãos competentes, sejam ministérios e ou secretarias. Critérios técnicos e metodologia As análises laboratoriais para controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano deverão seguir os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17.025/2005. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros previstos na Portaria MS 2.914/2011 devem atender às normas nacionais ou internacionais mais recentes, tais como: » Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater de autoria das instituições American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF); » United States Environmental Protection Agency (USE-PA); » Normas publicadas pela International Standartization Organization (ISO); e » Metodologias propostas pela Organização Mundial da Saúde - OMS. Ainda segundo o mesmo documento, fica a cargo do responsável pela operação do sistema de abastecimento de água para consumo humano notificar à autoridade de saúde pública e informar à respectiva entidade reguladora e à população sobre qualquer evento que venha a alterar algum atributo relacionado ao abastecimento. Padrão de potabilidade Para a Portaria MS 2.914/2011, a água potável deve estar em conformidade com os seguintes parâmetros do Quadro 1. Quadro 1. Critérios ou padrão de potabilidade segundo a Portaria MS 2.914/2011 Art. 27. A água potável deve estar em conformidade com padrão microbiológico, conforme disposto no Anexo I e demais disposições desta Portaria. § 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios. § 2º Nos sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma recoleta no ponto onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e duas amostras extras, sendo uma a montante e outra à jusante do local da recoleta. 12 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos §3º Para verificação do percentual mensal das amostras com resultados positivos de coliformes totais, as recoletas não devem ser consideradas no cálculo. §4º O resultado negativo para coliformes totais das recoletas não anula o resultado originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado positivo. §5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para coliformes totais no sistema de distribuição, expressa no Anexo I (ver nota 19) a esta Portaria, não são tolerados resultados positivos que ocorram em recoleta, nos termos do § 1º deste artigo. §6º Quando o padrão microbiológico estabelecido no Anexo I a esta Portaria for violado, os responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo humano devem informar à autoridade de saúde pública as medidas corretivas tomadas. §7º Quando houver interpretação duvidosa nas reações típicas dos ensaios analíticos na determinação de coliformes totais e Escherichia coli, deve-se fazer a recoleta. Art. 28. A determinação de bactérias heterotróficas deve ser realizada como um dos parâmetros para avaliar a integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede). § 1º A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% (vinte por cento) das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição (reservatório e rede). § 2º Na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas de rede e locais que alberguem grupos populacionais de risco à saúde humana. § 3º Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas devem ser investigadas para identificação de irregularidade e providências devem ser adotadas para o restabelecimento da integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede), recomendando-se que não se ultrapasse o limite de 500 UFC/mL. Art. 29. Recomenda-se a inclusão de monitoramento de vírus entéricos no(s) ponto(s) de captação de água proveniente(s) de manancial(is) superficial(is) de abastecimento, com o objetivo de subsidiar estudos de avaliação de risco microbiológico. Art. 30. Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação às exigências relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o padrão de turbidez expresso no Anexo II (ver nota 19) e devem ser observadas as demais exigências contidas nesta Portaria. § 1º Entre os 5% (cinco por cento) dos valores permitidos de turbidez superiores ao VMP estabelecido no Anexo II a esta Portaria, para água subterrânea com desinfecção, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 uT, assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 uT em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede). § 2° O valor máximo permitido de 0,5 uT para água filtrada por filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta), assim como o valor máximo permitido de 1,0 uT para água filtrada por filtração lenta, estabelecidos no Anexo II desta Portaria deverão ser atingidos conforme as metas progressivas definidas no Anexo III a esta Portaria. § 3º O atendimento do percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso no Anexo II a esta Portaria, deve ser verificado mensalmente com base em amostras, preferencialmente no efluente individual de cada unidade de filtração, no mínimo diariamente para desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada duas horas para filtração rápida. Art. 31. Os sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água que utilizam mananciais superficiais devem realizar monitoramento mensal de Escherichia coli no(s) ponto(s) de captação de água. § 1º Quando for identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000 Escherichia coli/100mL deve-se realizar monitoramento de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. no(s) ponto(s) de captação de água. § 2º Quando a média aritmética da concentração de oocistos de Cryptosporidium spp. for maior ou igual a 3,0 oocistos/L no(s) pontos(s) de captação de água, recomenda-se a obtenção de efluente em filtração rápida com valor de turbidez menor ou igual a 0,3 uT em 95% (noventa e cinco por cento) das amostras mensais ou uso de processo de desinfecção que comprovadamente alcance a mesma eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium spp. § 3º Entre os 5% (cinco por cento) das amostras que podem apresentar valores de turbidez superiores ao VMP estabelecido no § 2° do art. 30 desta Portaria, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser menor ou igual a 1,0 uT, para filtração rápida e menor ou igual a 2,0 uT para filtração lenta. 13 § 4° A concentração média de oocistos de Cryptosporidium spp. referida no § 2º deste artigo deve ser calculada considerando um número mínimo de 24 (vinte e quatro) amostras uniformemente coletadas ao longo de um período mínimo de um ano e máximo de dois anos. § 1º Para aplicação dos Anexos IV, V e VI deve-se considerar a temperatura média mensal da água. § 2º No caso da desinfecção com o uso de ozônio, deve ser observado o produto concentração e tempode contato (CT) de 0,16 mg.min/L para temperatura média da água igual a 15º C. § 3º Para valores de temperatura média da água diferentes de 15º C, deve-se proceder aos seguintes cálculos: I - Para valores de temperatura média abaixo de 15ºC: duplicar o valor de CT a cada decréscimo de 10ºC. II - Para valores de temperatura média acima de 15ºC: dividir por dois o valor de CT a cada acréscimo de 10ºC. § 4° No caso da desinfecção por radiação ultravioleta, deve ser observada a dose mínima de 1,5 mJ/cm2 para 0,5 log de inativação de cisto de Giardia spp. Art. 33. Os sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água supridas por manancial subterrâneo com ausência de contaminação por Escherichia coli devem realizar cloração da água mantendo o residual mínimo do sistema de distribuição (reservatório e rede), conforme as disposições contidas no art. 34 a esta Portaria. § 1° Quando o manancial subterrâneo apresentar contaminação por Escherichia coli, no controle do processo de desinfecção da água, devem ser observados os valores do produto de concentração residual de desinfetante na saída do tanque de contato e o tempo de contato expressos nos Anexos IV, V e VI a esta Portaria ou a dose mínima de radiação ultravioleta expressa no § 4º do art. 32 a desta Portaria. § 2° A avaliação da contaminação por Escherichia coli no manancial subterrâneo deve ser feita mediante coleta mensal de uma amostra de água em ponto anterior ao local de desinfecção. § 3° Na ausência de tanque de contato, a coleta de amostras de água para a verificação da presença/ausência de coliformes totais em sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de águas, supridas por manancial subterrâneo, deverá ser realizada em local à montante ao primeiro ponto de consumo. Art. 34. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede). Art. 35. No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta como desinfetante, deverá ser adicionado cloro ou dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo no sistema de distribuição (reservatório e rede), de acordo com as disposições do art. 34 desta Portaria. Art. 36. Para a utilização de outro agente desinfetante, além dos citados nesta Portaria, deve-se consultar o Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS. Art. 37. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias químicas que representam risco à saúde e cianotoxinas, expressos nos Anexos VII e VIII e demais disposições desta Portaria. § 1° No caso de adição de flúor (fluoretação), os valores recomendados para concentração de íon fluoreto devem observar a Portaria nº 635/GM/MS, de 30 de janeiro de 1976, não podendo ultrapassar o VMP expresso na Tabela do Anexo VII a esta Portaria. § 2° As concentrações de cianotoxinas referidas no Anexo VIII a esta Portaria devem representar as contribuições da fração intracelular e da fração extracelular na amostra analisada. § 3° Em complementação ao previsto no Anexo VIII a esta Portaria, quando for detectada a presença de gêneros potencialmente produtores de cilindrospermopsinas no monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art. 40 desta Portaria, recomenda- se a análise dessas cianotoxinas, observando o valor máximo aceitável de 1,0 μg/L. § 4° Em complementação ao previsto no Anexo VIII a esta Portaria, quando for detectada a presença de gêneros de cianobactérias potencialmente produtores de anatoxina-a(s) no monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art. 40 a esta Portaria, recomenda- se a análise da presença desta cianotoxina. Art. 38. Os níveis de triagem que conferem potabilidade da água do ponto de vista radiológico são valores de concentração de atividade que não excedem 0,5 Bq/L para atividade alfa total e 1Bq/L para beta total. 14 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Parágrafo único. Caso os níveis de triagem citados neste artigo sejam superados, deve ser realizada análise específica para os radionuclídeos presentes e o resultado deve ser comparado com os níveis de referência do Anexo IX desta Portaria. Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de potabilidade expresso no Anexo X a esta Portaria. § 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. § 3° Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expresso nos Anexos VII, VIII, IX e X, eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água e não de forma pontual. § 3° Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expresso nos Anexos VII, VIII, IX e X, eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água e não de forma pontual. § 4º Para os parâmetros ferro e manganês são permitidos valores superiores ao VMPs estabelecidos no Anexo X desta Portaria, desde que sejam observados os seguintes critérios: I - Os elementos ferro e manganês estejam complexados com produtos químicos comprovadamente de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 desta Portaria e nas normas da ABNT; II - Os VMPs dos demais parâmetros do padrão de potabilidade não sejam violados; III - As concentrações de ferro e manganês não ultrapassem 2,4 e 0,4 mg/L, respectivamente. § 5º O responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água deve encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios informações sobre os produtos químicos utilizados e a comprovação de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 e nas normas da ABNT. Fonte: Ministério da Saúde19 A título de exemplo, as não conformidades ou violações referentes aos parâmetros existentes no Quadro 1 do tipo resultado positivo para coliformes totais que forem constatadas no âmbito do controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras deverão informar as autoridades de saúde pública, recomendar a adoção de ações corretivas, bem como novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios. Coleta de amostras de água Segundo a Portaria MS 2.914/2011, na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas de rede e locais que alberguem grupos populacionais de risco à saúde humana. A amostragem deve obedecer a uma distribuição uniforme das coletas ao longo do período e representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como: » Aqueles próximos a grande circulação de pessoas: terminais rodoviários, terminais ferroviários entre outros; » Edifícios que alberguem grupos populacionais de risco, tais como hospitais, creches e asilos; 19 Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acessado em 12/02/2015 15 » Aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição como pontas de rede, pontos de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento, reservatórios, entre outros; e » Locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis causas os agentes de veiculação hídrica. » Quando efluentes líquidos são lançados deve-se amostrar o corpo d’água receptor a montante (antes) e a jusante (depois) dos pontos de lançamento. Os procedimentos para a coleta de água podem variar segundo as fontes consultadas. Para saber a respeito, consulte os capítulos que tratam dos procedimentos de coleta de amostras do Manual Prático de Análise de Água20 da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Para maiores detalhes sobre a Portaria 2.914/2011,consulte o Ministério da Saúde21. Índice de qualidade da água bruta para fins de abastecimento público (IAP) O Índice de Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público – IAP, foi desenvolvido pelo Grupo Técnico – GT envolvendo CETESB, SABESP e outros institutos de pesquisa e universidades. O IAP consiste da combinação dos seguintes índices: • O Índice de Qualidade das Águas – IQA, que mede temperatura d’água, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes fecais, nitrogênio total, fósforo total, resíduo total e turbidez; • Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas – ISTO, obtido a partir de: » Teste de mutagenicidade, potencial de formação de trihalometanos, cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio e níquel (que avaliam a presença de substâncias tóxicas); e » Testes para avaliar a presença de fenóis, ferro, manganês, alumínio, cobre e zinco (que afetam a chamada qualidade organoléptica da água). Assim, o IAP resulta da seguinte expressão matemática IAP = IQA x ISTO A classificação IAP da água obedece a seguinte escala de valores expressão no Quadro 2. 20 Disponível em http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/eng_analAgua.pdf. Acessado em 11/02/2015. 21 Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acessado em 11/02/2015 16 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Quadro 2. Índice de Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público - IAP IAP Qualificação 80 - 100 Ótima 52 - 79 Boa 37 - 51 Regular 20 - 36 Ruim = 19 Péssima Fonte: Agência Nacional de Águas - ANA22 CoSistemas de abastecimento de água de consumo humano O abastecimento de água de consumo é um dos problemas mais complexos não só em regiões áridas, mas em grandes cidades com elevadas densidades demográficas. Nas cidades brasileiras que deram início ao processo de urbanização-industrialização como São Paulo e Rio de Janeiro, o abastecimento hídrico foi por muito tempo responsável por dificuldades básicas como a alimentação e a higiene pessoal, tendo em vista que o abastecimento era feito em pontos específicos como as fontes e os chafarizes (Figura 1). A distribuição domiciliar de água potável é um serviço bastante recente na história das nossas cidades e ainda que tenha havido grandes avanços neste campo, ainda há diversos brasileiros sem acesso à água doce de qualidade. Figura 1. Chafariz de São José – Tiradentes, MG, de 1779. Além dos aspectos já mencionados a ausência de procedimentos de potabilização da água de consumo quase sempre foi um vetor de transmissão de doenças devido à contaminação com elementos biológicos patogênicos. A certa altura do processo de urbanização-industrialização 22 Disponível em http://pnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-qualidade-bruta.aspx. Acessado em 12/02/2015 17 das cidades brasileiras, os serviços de saneamento, tratamento e distribuição regular de uma água segura para as populações residentes, bem como a adoção de parâmetros de potabilidade adequado à boa saúde destas populações. Serviços de abastecimento no Brasil Ao nível nacional, em 69% (3.856) dos municípios brasileiros o serviço de abastecimento de água é feito por companhias saneamento estaduais, algumas delas de capital aberto, outras essencialmente públicas. Em cerca de 27% (540) dos municípios o serviço é feito por autarquias municipais com a supervisão de órgãos federais como a FUNASA. Em 4% dos municípios brasileiros os serviços são executados por empresas privadas, como é o caso dos municípios mato-grossenses (ANA, 2010). Origem das águas para o consumo humano A preocupação com a qualidade da água tem início com o local e as condições de armazenamento, principalmente em se tratando de mananciais superficiais. Segundo a ANA (2010), dos 5.565 (IBGE, 2012)23 municípios brasileiros, 47% são abastecidos exclusivamente por mananciais superficiais, 39% por águas subterrâneas e 14% pelos dois tipos de mananciais (abastecimento misto). Os estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba são aqueles que fazem uso intensivo de mananciais superficiais, nos quais mais de 75% dos municípios são abastecidos somente por águas superficiais. Contra estes pesa o fato de que há pequena ocorrência de rochas sedimentares e de sistemas aquíferos com bom potencial hídrico, limitando a matriz hídrica. Em diversos estados brasileiros, a maior parte dos municípios é abastecida somente por mananciais superficiais. É o caso dos estados: Acre, Amapá e Rondônia, Alagoas, Bahia, Ceará e Sergipe, Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina. No Distrito Federal, os principais mananciais também são superficiais, apesar de haver abastecimento complementar por poços em algumas localidades. A relação disponibilidade/consumo é observada quantificando-se a disponibilidade de vazão dos mananciais e o tamanho das populações abastecidas por estes. Deve-se levar em conta que os mananciais superficiais dependem das chuvas para serem abastecidos e estes fenômenos podem apresentar-se de forma bastante irregular. Segundo a ANA (2010), a relação entre os principais mananciais e as maiores concentrações populacionais brasileiras, distribui-se da seguinte forma: » Rio Piracicaba e o conjunto de represamentos dos afluentes Jaguari, Jacareí, Atibaia, Atibainha, Cachoeira e Camanducaia (Sistema Cantareira – Figura 2) - vazão de 40 m3/s abastecendo 29 cidades no Estado de São Paulo. O sistema transfere água do rio Piracicaba para a bacia do Alto Tietê para abastecer metade da população da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP. A outra parte da população da RMSP é abastecida pelo sistema formado pelas represas Guarapiranga, Billings e Braço do Rio Grande com um total de 21 m3/s e pelo sistema formado pelas represas Paraitinga, Biritiba- Mirim, Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçupeba (Alto Tietê), com 10 m3/s. A bem da verdade 23 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/2012/default.shtm 18 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos o abastecimento dos habitantes da maior concentração populacional do país (cerca de 20 milhões de habitantes) é feito por um sistema que integra as bacias Alto Tietê, Rio Claro, Rio Grande, Guarapiranga, Cantareira, Ribeirão da Estiva, Alto e Baixo Cotia; Figura 2. Sistema Integrado da Cantareira Fonte: arquivos.ana.gov.br » Rio Paraíba do Sul – vazão de 60 m3/s abastecendo 36 municípios (nove na Região Metropolitana do Rio de Janeiro - RMRJ e outros 27 no interior dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro); » Rio São Francisco - vazão total de 8,5 m3/s abastecendo 128 municípios em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe; » Rio Guaíba, no Rio Grande (e afluentes: rio dos Sinos, Caí e Gravataí) – vazão de 10 m3/s abastece 29 municípios incluindo grande parte da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA; » Rio Jaguaribe (trecho perene do Açude Castanhão) – vazão de 10 m3/s abastecendo 20 municípios incluindo a Região Metropolitana de Fortaleza – RMF, no Ceará; » Rio Paraguaçu (afluente rio – Jacuípe) – vazão de 10 m3/s abastecendo 67 municípios incluindo a Região Metropolitana de Salvador – RMS e Feira de Santana, na Bahia. » Conjunto integrado dos rios Iguaçu, Iraí e Passaúna que abastecem a Região Metropolitana de Curitiba – RMC, no Paraná. 19 As demais capitais e suas concentrações satélites, como: Boa Vista, em Roraima/RR; Maceió, em Alagoas/AL; Natal, Rio Grande do Norte/RN e São Luís, no Maranhão/MA são abastecidas predominantemente de águas subterrâneas, por meio de poços. Padrão de potabilidade das águas para o consumo humano No âmbito do abastecimento deve-se considerar é o padrão de potabilidade recomendado pela Portaria MS 2.914/2011 (Quadro 1) que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. O padrão de potabilidade é fundamentado nas normas internacionais e nas indicaçõesdos Guias de Qualidade da Água para Consumo Humano da Organização Mundial de Saúde - OMS, levando em conta o contexto nacional e os resultados dos estudos contratados pelo Ministério da Saúde. O padrão de potabilidade é um conjunto de Valores Máximos Permitidos – VMP, como parâmetros da qualidade da água para consumo humano, definidos pela Portaria MS 2.914/2011 (a potabilidade da água é aferida pelo atendimento simultâneo dos VMP estabelecidos para cada parâmetro). O padrão brasileiro de potabilidade é composto basicamente por: » Padrão microbiológico da água para consumo humano; » Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção; » Padrão de substâncias químicas que representam risco à saúde; » Padrão de aceitação para consumo humano (organoléptico); » Padrão de cianotoxinas e radioatividade. Segundo estes preceitos o poder público ao nível estadual e municipal passou a arcar com a responsabilidade de captar, tratar e oferecer água doce de qualidade para as suas populações. Esta oferta é feita por meio de um sistema conhecido como Estação de Tratamento de Água e da rede de distribuição. Do ponto de vista mais esquemático, o tratamento pode ser rápido, lento e não comum. Nos dois últimos casos, o tratamento está limitado à filtração da água captada. No tratamento rápido, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP , uma das mais antigas do Brasil, o processo de tratamento da água captada tem início pela chamada Pré-cloração, na qual o cloro é adicionado assim que a água chega à estação. Isso facilita a retirada de matéria orgânica e metais presentes na água. Em seguida ocorre a Pré-alcalinização. Nesta etapa a água recebe cal ou soda, que servem para ajustar o pH* aos valores exigidos nas fases seguintes do tratamento. Um pH de 7 é neutro; um pH abaixo de 7 é ácido e um pH acima de 7 é básico ou alcalino. Para o consumo humano, recomenda-se um pH entre 6,0 e 9,5. 20 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Na fase seguinte de tratamento ocorre a Coagulação, na qual são adicionados o sulfato de alumínio, o cloreto férrico ou outro coagulante, seguido de uma agitação violenta da água. Assim, as partículas sólidas ficam eletricamente desestabilizadas e mais fáceis de agregar. O que ocorre na fase de Floculação, quando as partículas formam pequenos blocos mais fáceis de serem removidos. A partir desta fase ocorre a Decantação, momento em que a água passa por grandes tanques para separar os flocos de sujeira formados na etapa anterior. Logo em seguida ocorre a Filtração na qual a água atravessa tanques formados por pedras, areia e carvão antracito, responsáveis por reter a sujeira que restou da fase de decantação. Na fase de Pós-alcalinização é feita a correção final do pH da água, para, com isto, evitar a corrosão ou incrustação dos tubos da estação e da rede de distribuição. Em seguida ocorre a Desinfecção pela adição de cloro e flúor no líquido antes de sua saída para a distribuição com isto é possível garantir que a água fornecida chegue livre de bactérias e vírus até o consumidor. A título de exemplo, a Figura 2 apresenta esquematicamente o processo de tratamento descrito anteriormente. Figura 3. Esquema de tratamento da água adotado pela SABESP em São Paulo Fonte: SABESP Padrão de balneabilidade da água Apesar de não se tratar de critério para avaliar a água para o consumo humano, o padrão de balneabilidade da água é de grande importância por se tratar de um dos temas mais relevantes de toda a discussão que se faz a respeito da relação entre o homem e a água: o uso deste recurso do ponto de vista do laser. 21 Sendo um país situado em uma porção da superfície terrestre predominantemente tropical, as diversas formas de laser aquáticas estão entre as práticas mais comuns dos brasileiros. Pelos motivos anteriormente tratados, a Resolução CONAMA nº 274/2000, determina necessidade de se avaliar a qualidade de balneabilidade, entendido como recreação de contato primário, das águas doces (salinidade < que 0,5%o), salinas (> a 30%o) e salobras (de 0,50%o a 30%o) em território nacional. O Quadro 3 apresenta a classificação dos padrões de balneabilidade para as águas em território nacional. Quadro 3. Padrão de Balneabilidade da Água Balneabilidade Limite de Coliformes Fecais (Nmp/100 Ml) Próprias Excelente Máximo de 80% ou mais de um conjunto de 5 amostras, colhidas num mesmo local, em 5 semanas anteriores, houver no máximo, 250 coliformes fecais ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por 100 mililitros. Muito Boa Máximo de 80% ou mais de um conjunto de 5 amostras, colhidas num mesmo local, em 5 semanas anteriores, houver no máximo, 500 coliformes fecais ou 400 Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros. Impróprias Satisfatória Máximo de 80% ou mais de um conjunto de 5 amostras, colhidas num mesmo local, em 5 semanas anteriores, houver no máximo, 1000 coliformes fecais ou 800 Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros. Impróprias Não enquadramento em nenhuma das categorias anteriores, por terem ultrapassado os índices bacteriológicos nelas admitidos. Valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mililitros. Incidência elevada ou anormal, na Região de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias. Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável à recreação. Floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não ofereçam riscos à saúde humana. Fonte: Ambiente Brasil Quanto aos aspectos restritivos da resolução o artigo 3º “Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual ou federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato primário justifica a medida”. A Resolução CONAMA recomenda no item 1º do artigo 3º “como passíveis de interdição os trechos em que ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como: derramamento de óleo e extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade ou formação de nata decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso de águas doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica”. No Estado de São Paulo, a CETESB, órgão responsável pela gestão ambiental das águas, classifica as praias do litoral em “próprias” e “impróprias” para banho A Figura 3 apresenta o meio de comunicação utilizado pela CETESB em São Paulo para identificar a balneabilidade das praias paulistas. 22 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Figura 4. Selo verde da CETESB em praia do litoral paulista Fonte: José Fernando Gonçalves Mendonça O órgão paulista utiliza a cor verde para identificar as praias “próprias” para banho e a cor vermelha para as praias “impróprias”. 23 Material Complementar Sistemas alternativos de tratamento e desinfecção da água de consumo humano • http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107132/1/Lucio.pdf • http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc17/a03.pdf • http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/145537/1/SDC196.pdf • http://www.finep.gov.br/prosab/livros/prosab5_tema 1.pdf • http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manualdecloracaodeaguaempequenascomunidades.pdf • http://www.ct.ufes.br/ppgea/files/Fernanda_Dissertação completa.pdf A questão do tratamento da água na Península Ibérica • http://www-ext.lnec.pt/projects2013/fr-obp/pdf/Guia_Tecnico_13.pdf Órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis pela gestão da qualidade das águas para o consumo humano • http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx • http://portalsaude.saude.gov.br/ • http://www.igam.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=113&Itemid=173• http://www.cetesb.sp.gov.br/ • http://www.cedae.com.br/ • http://www.sema.rs.gov.br/ • http://www.inema.ba.gov.br/ • http://www.aguasparana.pr.gov.br/ • http://www.aguas.sc.gov.br/ 24 Unidade: Saneamento e Mecanismos de proteção aos recursos hídricos Referências ANA. 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