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Neurologia Miastenia Gravis Anticorpos com epítopos que reconhecem os canais de receptores de acetilcolina na junção neuromuscular, há um processo inflamatório local. Introdução Doença autoimune que acomete a junção neuromuscular Prevalência de 1 : 5000 Pode acometer pacientes em qualquer faixa etária, especialmente mulheres jovens e homens idosos Produção de anticorpos - anti receptor acetilcolina ou tirosina quinase músculo específico (anti-musk) Pode acometer apenas mm oculares (forma ocular) ou outros, causando disfagia, disartria, disfonia, apendiculares, respiratória (forma generalizada). Fisiopatologia Produção de anticorpos que interagem com epítopos da membrana pós-sináptica da junção neuromuscular Resposta imunológica dependente de células T com formação de autoanticorpos ---> redução da densidade de receptores de acetilcolina na membrana plasmática -----> transmissão da informação pela JNM alterada ----> manifestação clínica = fraqueza muscular e fatigabilidade Como mecanismo dependente de células T - timo tem papel fisiopatológico Quadro Clínico Em geral, curso progressivo, pode haver: • Fraqueza flutuante • Fatigabilidade • Ptose palpebral assimétrica - normalmente primeiro sinal • Disartria, disfagia (para líquidos inicialmente), disfonia • Paresia facial • Fraqueza cervical • Fraqueza muscular normalmente proximal e simétrica • Sensibilidade preservada No primeiro ano, atinge o pior quadro clínico (fase ativa) Em 2 a 3 anos, há estabilização Piora dos sintomas somente por fatores precipitantes, como estresse, infecções, hipo e hipertireoidismo, gestação, ciclo menstrual, certos medicamentos, exercício fatigante Fraqueza não tratada pode se tornar fixa com atrofia Se deve avaliar força em repouso e após exercício físico Qualquer grupo muscular pode ser acometido, mas há os mais típicos: • Acometimento ocular: predileção pelo reto medial, e levantador da pálpebra • Nos membros a predileção é pelo deltoide, tríceps e extensores • Voz anasalada • Predileção pelos flexores do pescoço, em relação aos extensores • Fraqueza dos músculos mastigatórios Relação com timo Timoma encontrado em 15% dos pacientes Timoma normalmente encontrado em homens > 40 anos 60% dos casos de timoma evoluem com MG Crise miastênica Pode ser deflagrada por medicações, procedimentos cirúrgicos, infecções Ocorre em 15 % pacientes com MG Fraqueza intensa de diafragma, mm intercostais, podendo evoluir para insuficiência respiratória (importante urgência neurológica) Geralmente é possível se identificar um fator precipitante • Infecção, aspiração, cirurgias, mudanças de medicamentos. • Deve-se ter cuidado para diferenciar o quadro da crise colinérgica • Demanda tratamento urgente, com assistência ventilatória precoce e plasmaférese e/ou imunoglobulina. MG Exacerbação MG Refratária ausência de melhora do quadro de MG ou piora com uso de corticoide e pelo menos outros 2 imunossupressores adequados em dose adequada Diagnóstico Edrofônio EV (inibidor acetilcolinesterase) Ação em 30 segundos metabolizado em 5 min Aumento progressivo das doses e aval de melhora do quadro clínico, se melhora sugere MG EC: intoxicação muscarínica (salivação, lacrimação, náuseas, vômitos, diarreia). Teste do gelo Diferencia ptoses palpebrais de MG de outras causas de ptose Colocar gelo na pálpebra ptótica por 5 min Sugestivo de MG se melhora em 2 mm ou mais da fenda palpebral Eletroneuromiografia de repetição (avalia a fatigabilidade) TC de tórax com contraste (avaliação do timo) Sorologia Anticorpos antirreceptor acetilcolina positivos em 80% Paciente com forma generalizada e 50% com forma ocular pura. Falso positivo muito raro - muito específico Se anticorpo antirreceptor ACh negativo, testar anticorpo anti-Musk. Eletroneuromiografia com estimulação repetitiva Eletroneuromiografia de fibra única TC tórax com contraste - avaliação timoma Diagnósticos Diferenciais Síndrome Lambert-Eaton: muita disautonomia Botulismo SGB (Miller Fischer): este tem dor radicular e já se manifesta com fraqueza aguda generalizada, MG normalmente se manifesta inicialmente com grupos focais paréticos AVCi tronco ELA bulbar: muitos sintomas bulbares e poucos oculares. Oftalmopatia tireoide Lesão de nervos cranianos e miopatias Tratamento Remissão: sem sinais de doença Manifestações mínimas (fraqueza leve não relatada pelo paciente e sem interferência em suas atividades) : Inibidores de acetilcolinesterase: permitem difusão mais abrangente da acetilcolina e a interação mais prolongado com o receptor. Efeito em 20-30 min Piridostigmina: efeitos colaterais são dor abdominal, náuseas, lacrimação 3,4-DAP: inibidor de canal de potássio pré- sináptco (principal anti-musk) Imunoglobulina IV ou plasmaférese – efeito em 3-5 dias, duração de 4-12 semanas. Diminui rapidamente número de anticorpos circulantes 1ª linha: prednisona – efeito e 3 a 6 sem Poupador de corticoide: azatioprina – efeito em 6 a 12 meses (hepatite, pancreatite, reação “flu- like”) Alternativas: micofenolato de mofetil; ciclosporina; ciclofosfamida; tacrolimus Rituximabe para casos refratários Timectomia: indicação formal quando timoma, comuns em casos de miastenia generalizada, early-onset com anticorpo anti-ACHR, antes de 5 anos de doença
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