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Neurologia - Nina 1 Miastenia Gravis É uma doença autoimune da porção pós-sináptica da junção neuromuscular caracterizada por fraqueza muscular flutuante, caracterizada por um defeito na transmissão neuromuscular devido a alteracões no receptor para Ach (RACh) ou à tirosinoquinase específica dos músculos nas junções neuromusculares (MuSK). Fisiopatologia ✎ Diminuição do número de receptores de acetilcolina disponíveis por bloqueio dos receptores e aceleração na sua degradação. ✎ Simplificação da degradação dos receptores. Na junção neuromuscular, a acetilcolina é sintetizada na terminação e armazenada em vesículas. Quando um potencial de ação se propaga por um nervo motor e alcança a terminação nervosa, a ACh é liberada e se combina com os receptores, distribuídos nas pregas pós-sinápticas. O RACh é formado por cinco subunidades (2α, 1β, 1δ e 1γ ou ε) dispostas ao redor de um poro central. Quando a ACh se combina com os locais de ligação no receptor, o canal se abre, permitindo a entrada rápida de cátions, sobretudo sódio, o que produz a despolarização na região da placa motora da fibra muscular. Se a despolarização for suficientemente intensa, ela dá início a um potencial de ação que se propaga ao longo da fibra muscular, desencadeando a contração. Tal processo é rapidamente interrompido pela hidrólise da ACh pela enzima acetilcolinesterase (AChE), presente no interior das pregas sinápticas, e por difusão da ACh do receptor. Na miastenia, o defeito fundamental é a redução no número de receptores disponíveis na membrana muscular pós-sináptica. Além disso, as pregas pós- sinápticas mostram-se achatadas ou “simplificadas”. Essas alterações reduzem a eficiência da transmissão neuromuscular. Por isso, embora a ACh seja liberada normalmente, produz potenciais pequenos na placa motora que podem ser incapazes de desencadear potenciais de ação musculares. A incapacidade de transmissão em muitas junções neuromusculares acarreta fraqueza da contração muscular. A quantidade de ACh liberada por impulso normalmente diminui na atividade repetitiva (denominada exaustão pré- sináptica). No paciente miastênico, a reduzida eficiência da transmissão neuromuscular associada à exaustão normal resulta na ativação de um número cada vez menor de fibras musculares por impulsos nervosos sucessivos e, por conseguinte, aumenta a fraqueza ou fadiga miastênica. Esse mecanismo também é responsável pela resposta decrescente à estimulação nervosa repetitiva observada aos exames eletrodiagnósticos. As anormalidades neuromusculares na MG são causadas por uma resposta autoimune mediada por anticorpos anti-RACh. Esses anticorpos reduzem o número de receptores disponíveis nas junções neuromusculares por meio de três mecanismos distintos: 1. renovação acelerada dos AChRs por meio de mecanismo envolvendo o entrecruzamento e a rápida endocitose dos receptores; 2. lesão da membrana muscular pós-sináptica por anticorpos em colaboração com o complemento; 3. bloqueio do sítio ativo do AChR, ou seja, o local onde a ACh liga-se normalmente. Os autoanticorpos para o AChR estão presentes em 80 a 90% dos pacientes afetados. Os anticorpos AChR na miastenia gravis são principalmente imunoglobulinas G1 (IgG1) e G3 (IgG3). Além de bloquear a ligação da ACh ao RACh, esses anticorpos atuam através da ativação do complemento. Neurologia - Nina 2 Uma resposta imune à quinase específica do músculo (MuSK), uma proteína envolvida no agrupamento dos receptores para acetilcolina, também pode resultar em miastenia gravis, com redução dos RACh. Anticorpos anti-MuSK ocorrem em cerca de 40% dos pacientes sem anticorpos anti- AChR. Uma pequena proporção dos pacientes cujo soro é negativo para anticorpos anti-AChR e anti-MuSK apresenta anticorpos para outra proteína na junção neuromuscular – a proteína 4 relacionada ao receptor de lipoproteína de baixa densidade (lrp4) – que é importante para o agrupamento de AChRs. • Linfócitos T: também podem se ligar ao AChR, e acredita-se que seu principal papel seja a estimulação da produção de anticorpos das células B. O timo é anormal em cerca de 75% dos pacientes com MG positiva para anticorpo anti-AChR; Uma parcela adicional de 10% dos pacientes apresenta tumores do timo (timomas). • Fatores genéticos - Certos tipos de antígeno leucocitário humano (HLA) foram associados à MG, incluindo HLA-B8, DRw3 e DQw2 . A miastenia positiva para anticorpos MuSK está associada aos haplótipos DR14 e DQ5 Características clínicas: Acomete indivíduos de todas as faixas etárias, mas os picos ocorrem em mulheres (20-35 anos), bem como nos homens (70-75 anos). Mulheres são mais afetadas cerca de 3:2 Tempo de evolução no diagnóstico: 60% no 1° ano; 15% no 2°; 15% entre o 2-5 anos. Fraqueza da musculatura apendicular proximal, extensores do pescoço e do diafragma. Exacerbações e remissões podem ocorrer, sobretudo durante os primeiros anos. Infecções ou distúrbios sistêmicos não relacionados podem provocar aumento da fraqueza miastênica, podendo precipitar uma “crise”. Sinais iniciais: Ptose palpebral e diplopia: 50-90%. Oftalmoparesia: 5% (90-95% apresentam com a evolução da doença). Dificuldade de mastigar e deglutir: 30% (40% apresentam em algum momento da doença). Fraqueza da musculatura apendicular proximal ou distal e dos extensores do pescoço: 20-30%. A distribuição da fraqueza muscular segue um padrão típico: A fraqueza facial produz uma expressão de “rosnar” quando o paciente tenta sorrir. A fraqueza na mastigação é mais perceptível após um esforço prolongado, como mastigar carne. A fala pode ter um timbre nasal, causado por fraqueza do palato, ou uma característica “mole” disártrica em razão da fraqueza da língua. o Ptose palpebral, diplopia e oftalmoparesia; o Fraqueza e fatigabilidade dos músculos esqueléticos; o Piora dos sintomas com atividade e melhora com o repouso; o Dificuldade de mastigar e deglutir, voz anasalada, sorriso “transversal”; Neurologia - Nina 3 A dificuldade na mastigação pode advir de fraqueza do palato, da língua ou da faringe, levando à regurgitação nasal ou aspiração de líquidos ou alimentos. A fraqueza bulbar é especialmente proeminente na MG com anticorpos anti- MuSK positivos. Em cerca de 85% dos pacientes, a fraqueza torna-se generalizada, afetando também os músculos dos membros. A fraqueza dos membros na MG com frequência é proximal e pode ser assimétrica. Os reflexos tendíneos profundos são preservados. Diagnóstico e avaliação: História e achados clínicos Teste com Anticolinesterásico (Tensilon) e teste do gelo Estimulação Repetitiva Eletromiografia de Fibra Única Pesquisa de auto-anticorpos (anti-AChR, anti-MuSK, etc) A hipótese deve ser confirmada antes do início do tratamento, o que é fundamental porque: 1. Outros distúrbios tratáveis podem ser muito semelhantes à MG. 2. O tratamento da MG pode envolver cirurgia bem como uso prolongado de medicamentos com efeitos colaterais potencialmente adversos. Exame físico: sintomas limitados ao sistema motor. Deve-se mensurar a força quantitativamente quando do diagnóstico (Escore Quantitativo de Miastenia Gravis). Reflexos miotáticos usualmente normais. Sensibilidade e coordenação normais. Grupo 1: ocular pura (15-20%) 40-50% evoluem para formas generalizadas Grupo 2A: generalizada leve (30%) Grupo 2B: generalizada moderada e severa (20%) Grupo 3: aguda fulminante (11%): 6-8 meses Grupo 4: severa tardia (9%): piora após 2 anos Anticorpos para AChR, MuSK, ou lpr4: A presença de anticorpos anti-AChR praticamente sela o diagnóstico de MG, porém um teste negativo não o exclui. O nível medido de anticorpos anti-AChR não reflete demaneira adequada a gravidade da MG em pacientes diferentes. Todavia, uma queda dos níveis de anticorpos induzida pelo tratamento geralmente mantém correlação com melhora clínica, enquanto pode ocorrer elevação do nível com as exacerbações. Neurologia - Nina 4 Constatou-se que anticorpos contra a MuSK estão presentes em cerca de 40% dos pacientes com MG generalizada sem anticorpos anti-AChR, e sua presença é um teste diagnóstico útil nesses pacientes. Os anticorpos anti-MuSK raramente estão presentes em pacientes com títulos positivos de anticorpos anti-AChR ou naqueles com MG limitada aos músculos oculares. Uma pequena proporção dos pacientes com MG sem anticorpos para AChR ou MuSK pode apresentar anticorpos para lrp4, embora ainda não haja disponível comercialmente um teste para anticorpos anti-lrp4. Eletromiografia de fibra única: É o método diagnóstico mais sensível. EMG de fibra única normal em músculo clinicamente afetado EXCLUI o diagnóstico de Miastenia Gravis. É útil, principalmente, nos casos oculares e leves. Sensibilização do método com o estudo de um segundo músculo; NÃO é afetado por drogas anticolinesterásicas. Teste da anticolinesterase Os medicamentos que inibem a AChE permitem que a ACh interaja repetidamente com o número limitado de AChRs, produzindo melhora na força dos músculos. Edrofônio é mais usado no teste em razão de seu rápido início de ação (30 segundos) e curta duração do efeito (cerca de 5 minutos). Observar a fraqueza dos músculos extraoculares, comprometimento da fala ou período em que o paciente consegue manter os braços em abdução para frente. Se houver melhora evidente, o teste será considerado positivo e encerrado. Síndromes miastênicas hereditárias Um grupo de distúrbios da junção neuromuscular que não são autoimunes, mas ocorrem de mutações nas quais qualquer componente da junção neuromuscular pode estar afetado. Esses distúrbios compartilham muitas das manifestações clínicas da MG autoimune, incluindo fraqueza e fatigabilidade dos músculos esqueléticos que comprometem os músculos extraoculares, as pálpebras e os músculos proximais. Deve-se suspeitar de SMC quando os sintomas de miastenia começarem na lactância ou na segunda infância e a pesquisa de anticorpos anti-AChR for negativa. Embora as manifestações e os testes eletrodiagnósticos e farmacológicos possam sugerir o diagnóstico correto, é necessário realizar uma análise molecular para determinar o defeito com precisão. Diagnóstico diferencial Os outros distúrbios que causam fraqueza da musculatura craniana e/ou somática incluem as SMC não autoimunes, miastenia induzida por fármacos, síndrome miastênica de Lambert-Eaton (SMLE), neurastenia, hipertireoidismo (doença de Graves), botulismo, lesões expansivas intracranianas, distrofia oculofaríngea, miopatia mitocondrial (síndrome de Kearns-Sayre, oftalmoplegia externa progressiva). O tratamento com penicilamina (usada na esclerodermia ou na artrite reumatoide) pode resultar em MG autoimune verdadeira, mas a fraqueza geralmente é leve, e a recuperação ocorre semanas ou meses após a suspensão do medicamento. Os antibióticos aminoglicosídeos ou a procainamida podem causar exacerbação da fraqueza em pacientes miastênicos; doses muito altas podem causar fraqueza neuromuscular em indivíduos normais. Neurologia - Nina 5 ✎ Síndrome miastênica de Lambert-Eaton (SMLE) é um distúrbio pré- sináptico da junção neuromuscular que pode causar fraqueza semelhante à da MG. Os músculos proximais dos membros inferiores são os mais afetados, porém outros músculos também podem ser acometidos. Os achados nos nervos cranianos, como ptose palpebral e diplopia, ocorrem em até 70% dos pacientes. Na SMLE têm reflexos diminuídos ou abolidos e apresentam alterações autonômicas, como boca seca e impotência. A resposta a estimulação nervosa é semelhantes àquelas da MG; entretanto, na presença de frequências altas (50 Hz), ou após a realização de exercício, ocorrem respostas incrementais. A SMLE é causada por autoanticorpos dirigidos contra os canais de cálcio tipo P/Q nas terminações nervosas motoras. Muitos pacientes com SMLE apresentam um tumor associado, sendo o mais comum o câncer de pulmão de pequenas células. O tratamento da SMLE envolve plasmaférese e imunossupressão, semelhante à MG. A 3,4-diaminopiridina (3,4-DAP) e a piridostigmina podem ser úteis para os sintomas. ✎ O botulismo é causado por toxinas bacterianas potentes do Clostridium botulinum. As toxinas clivam enzimaticamente proteínas específicas, que são essenciais para a liberação de ACh da terminação nervosa motora, interferindo, na transmissão neuromuscular. Nos lactentes, os esporos podem germinar no trato gastrintestinal e liberar toxina, causando fraqueza muscular. Os pacientes apresentam fraqueza bulbar semelhante à miastenia (diplopia, disartria, disfagia) e ausência de sinais e sintomas sensoriais. Os achados autonômicos incluem íleo paralítico, constipação, retenção urinária, pupilas dilatadas ou pouco reativas e boca seca. ✎ Neurastenia é uma síndrome de fadiga semelhante à miastenia sem origem orgânica. Esses pacientes podem se apresentar com sintomas subjetivos de fraqueza e fadiga, mas o teste muscular em geral revela a “liberação brusca” ou “fraqueza voluntária” típicas dos distúrbios não orgânicos; ✎ Hipertireoidismo provas de função tireoidiana devem ser realizadas como rotina nos pacientes com suspeita de MG. As anormalidades da função tireoidiana (hiper ou hipotireoidismo) podem aumentar a fraqueza miastênica. Pesquisa de distúrbios associados Doenças associadas: Distúrbios do timo: timoma, hiperplasia. Outros distúrbios autoimunes: tireoidite de Hashimoto, doença de Graves, artrite reumatoide, lúpus eritematoso, distúrbios cutâneos, história familiar de doença autoimune. Distúrbios ou circunstâncias que podem exacerbar a miastenia gravis: hipertireoidismo ou hipotireoidismo, infecção oculta, tratamento farmacológico de outros distúrbios. Distúrbios que podem interferir no tratamento: tuberculose, diabetes melito, úlcera péptica, hemorragia digestiva, doença renal, hipertensão arterial, asma, osteoporose, obesidade Exames laboratoriais ou procedimentos recomendados: TC ou RM do tórax Exames para lúpus eritematoso, fator antinuclear, fator reumatoide, anticorpos antireoidianos Provas de função tireoidiana Teste PPD Medição da glicemia em jejum, hemoglobina A1c Provas de função pulmonar Densitometria óssea Neurologia - Nina 6 Tratamento: Drogas Anticolinesterásicas Agentes Imunossupressores: - corticóide - Azatioprina - ciclofosfamida - ciclosporina - micofenolato Imunoglobulina Intravenosa Plasmaferese Timectomia Medicamentos Anticolinesterásicos: Produzem melhora pelo menos parcial na maioria dos pacientes. Os pacientes com exame positivo para anticorpos anti-MuSK em geral são menos beneficiados com o uso de agentes anticolinesterásicos do que aqueles com anticorpos anti-AChR. A piridostigmina é o agente anticolinesterásico mais amplamente utilizado. Ocasionalmente a piridostigmina de ação prolongada é útil ao paciente durante a noite, porém não deve ser usada durante o dia em razão da absorção variável. • Piridostigmina (Mestinon®): Início: 30 min. Pico de ação: 2 h Dose: 60-1500 mg/dia 4 ou mais doses (não passar de 120 mg 3/3 h) Dose pediátrica: 1-7 mg/kg/dia 5 ou 6 doses Tabletes: 60 mg ou 180 mg (liberação prolongada) A overdose de anticolinesterásicos pode aumentar a fraqueza e causar outros efeitos colaterais. Em alguns pacientes, os efeitos colaterais muscarínicos dos anticolinesterásicos (diarreia, cólica abdominal, salivação, náuseas) e ação nicotínica (fasciculações, crise colinérgica)limitam a dose tolerada. A atropina/difenoxilato ou a loperamida são úteis no tratamento dos sintomas gastrintestinais. Imunossupressão: Indicação: controle inadequado da fraqueza pela piridostigmina nos casos oculares e nos generalizados leves. Corticoides: induzem remissão em 30-50% ou melhora marcante em 45-80% - devem ser introduzidos em nível hospitalar nos casos moderados ou severos piora nas primeiras semanas em 30-50%. A prednisona pode ser reduzida gradualmente, mas em geral são necessários meses ou anos para determinar a dose mínima efetiva, sendo essencial uma monitoração cuidadosa. Parefeitos: sangramento digestivo, DM, HAS, osteoporose, psicose, obesidade, glaucoma, catarata, miopatia, síndrome de Cushing, necrose asséptica de grandes articulações, infecções oportunistas. Problemas: parefeitos, dificuldade para suspender a medicação e demora para atingir dose baixa com menos parefeitos. Drogas Associadas: omeprazol 20 mg VO pela manhã carbonato de cálcio 500 mg VO 12/12h; vitamina D 400 U VO 12/12h; ivermectina 12 mg VO dose única; alendronato de sódio 75 mg 1x/sem. (se osteopenia ou osteoporose). Azatioprina Indicações: Contraindicação aos corticoides ou tentativa de dose dos corticoides ou resposta insuficiente aos corticoides. Forma generalizada moderada ou severa. Dose: Controle: 1.ª sem: 50 mg VO 1x/dia Leucócitos 3 mil Plaq 100 mil 2-3 mg/kg/dia (100-300 mg/dia) Neutróficos 1.5 mil VCM < 100 Alopurinol: ajustar para 1/3 a 1/4 da dose Linfócitos 1 mil Neurologia - Nina 7 Parefeitos: toxicidade hematológica, leucopenia, plaquetopenia, náusea, “rash” cutâneo, reação gripal; anemia, vômitos, diarréia, toxicidade hepática e pancreática. Problemas: difícil de parar após iniciado, reação gripal idiossincrásica (10%) e início de ação muito lento (3-12 m). Ciclosporina: é reservada para pacientes com MG generalizada que não responderam adequadamente à corticoterapia, à azatioprina e à associação das duas. Trata- se de um imunossupressor de ação mais rápida do que a Azatioprina (2-3 meses), com efeito primariamente sobre a imunidade celular. Contraindicada para pacientes com mais de 50 anos com HAS preexistente ou creatinina sérica basal acima de 1 mg/dl do valor normal. Esquema de administração: iniciar com 3-4 mg/kg/dia VO, divididos em 2 doses, com aumento gradual de 6 mg/kg/dia conforme necessário para o controle dos sintomas. Após a obtenção da melhora máxima, diminuir a dose ao longo de meses até a mínima tolerável. Benefícios esperados: efeito poupador de glicocorticoide e melhora motora. Monitorização: manter o nível sérico entre 50-150 ng/ml. Pressão arterial, eletrólitos e a função renal devem ser monitorizados periodicamente. Ajustes de doses devem ser feitos sempre que os níveis séricos forem > 150 ng/ml ou se a creatinina for > 150% do valor basal. Ciclofosfamida recomenda-se o uso deste imunossupressor apenas para casos de refratariedade aos medicamentos anteriores Esquema de administração: pulsoterapia IV mensal com 500 mg/m2 de superfície corporal por 12 meses. Benefícios esperados: melhora dos sintomas motores e diminuição de dose dos glicocorticoides. Monitorização: controle dos efeitos adversos. Micofenolato inibe seletivamente a síntese de purina de novo nas células T e B. É amplamente utilizado em MG como monoterapia ou como agente poupador de esteroides Dose: 1000 mg 2 x dia, mas até 3000 mg/d podem ser usadas. Efeitos adversos são geralmente leves, sendo os mais comuns diarréia, náusea e dor abdominal. Micofenolato é contra-indicado durante a gravidez. Tacrolimus, é um inibidor da calcineurina que inibe seletivamente a transcrição de citocinas pró-inflamatórias e IL-2 nos linfócitos T. Indicado em novos casos de MG e recorrência Metotrexato (MTX) um pequeno estudo de fase II recente falhou em demonstrar uma economia de esteróides como benefício do MTX em MG. Dose 7.5 a 25 mg (tratamento reserva). Anticorpos monoclonais: o rituximabe é um anticorpo monoclonal quimérico direcionado contra o marcador de superfície de células B CD20. Dose: 4 doses de 375 mg / m2 em intervalos semanais ou 1.000 mg repetidas novamente 14 dias após a primeira dose. A depleção de células B persiste por 6-9 meses. Plasmaférese e Imunoglobulina IV: Indicações: Crise miastênica; Pré-timectomia; Neurologia - Nina 8 Casos severos que não estejam respondendo adequadamente as terapêuticas empregadas; Ocasionalmente, podem ser utilizadas em pacientes em uso de tratamento imunossupressor na tentativa de induzir remissão da doença. Vantagens: melhora precoce (3-10 dias), melhora em 70-80% dos pacientes; Eficácia da IgIV é similar a plasmaferese, porém, em geral, com menor risco. Dose: IgIV: 2 g/kg 1-5 dias Plasmaferese: 5 sessões/2 sem em dias alternados (1 vol plasmático ou 2-3 litros/sessão) A plasmaférese o plasma, que contém os anticorpos patogênicos, é mecanicamente separado das células sanguíneas, devolvidas ao paciente. Um ciclo de 5 trocas (3 a 4 L por troca) costuma ser administrado durante um período de 10 a 14 dias. A plasmaférese produz redução a curto prazo nos anticorpos antiAChR, com melhora clínica de muitos pacientes. As indicações para uso da IgIV são as mesmas da plasmaférese: produzir melhora rápida para ajudar o paciente durante um período difícil de fraqueza miastênica ou antes de cirurgia. Esse tratamento tem a vantagem de não precisar de equipamento especial nem de acesso venoso de grosso calibre. O mecanismo de ação da IgIV é desconhecido. As reações adversas não costumam ser graves, mas incluem cefaleia, sobrecarga hídrica e, raramente, meningite asséptica ou insuficiência renal. Timectomia: Indicações: presença de timoma, ausência de resposta a terapia medicamentosa e idade entre adolescência e 60-70 anos. Resultados: 80-95% de remissão ou dos sintomas Também há evidências de que os pacientes com exame positivo para anticorpos anti-MuSK não respondem tão bem à timectomia. Tratamento da CRISE miastênica A crise é definida como agravamento da fraqueza suficiente para pôr em risco a vida do paciente; em geral, consiste em insuficiência respiratória causada por fraqueza do diafragma e dos músculos intercostais. A possibilidade de a deterioração decorrer de doses excessivas de anticolinesterásicos (“crise colinérgica”) deve ser excluída pela interrupção temporária dos agentes anticolinesterásicos. A causa mais comum das crises é infecção intercorrente. Antibioticoterapia precoce e efetiva, assistência respiratória (de preferência não invasiva, utilizando pressão positiva bifásica nas vias respiratórias) e fisioterapia respiratória são essenciais no programa terapêutico. Plasmaférese ou a IgIV são úteis para acelerar a recuperação. Medicamentos que podem agravar a MG Antibióticos Aminoglicosídeos: p. ex., estreptomicina, tobramicina, canamicina Quinolonas: p. ex., ciprofloxacino, levofloxacino, ofloxacino, gatifloxacino Macrolídeos: p. ex., eritromicina, azitromicina Miorrelaxantes não despolarizantes para cirurgia D-tubocurarina (curare), pancurônio, vecurônio, atracúrio Betabloqueadores Propranolol, atenolol, metoprolol Anestésicos locais e agentes relacionados Procaína, xilocaína em grandes quantidades Procainamida (para arritmias) Toxina botulínica exacerba a fraqueza Derivados da quinina Quinina, quinidina, cloroquina, mefloquina Magnésio reduz a liberação de acetilcolina Penicilamina pode causar MG Medicamentos com interações importantes na MG Ciclosporina ampla gama de interações medicamentosas, que podem elevar ou reduzir os níveis de ciclosporina. Azatioprina evitar alopurinol – a combinação pode causarmielossupressão.
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