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Apostila 1 de Bioquímica Clínica - Análise Das Enzimas, Marcadores do Iam e Metabolismo Mineral

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Bioquímica Clínica 
 
Análise Das Enzimas, Marcadores do Iam e Metabolismo Mineral 
 
DESCRIÇÃO 
Introdução ao estudo da enzimologia: principais condições, fatores patológicos e métodos de 
dosagem. Marcadores do infarto agudo do miocárdio: principais achados laboratoriais e 
metabolismo mineral e ósseo. 
PROPÓSITO 
Compreender os principais conceitos em enzimologia, os marcadores séricos do infarto agudo 
do miocárdio e a avaliação do metabolismo mineral e ósseo em seus estados basais e 
alterações em condições patológicas, assim como os métodos usados para o diagnóstico, é 
importante para o profissional priorizar as atividades que exerce no laboratório clínico, sendo 
capaz de realizá-las com caução e qualidade. 
PREPARAÇÃO 
Tenha acesso a um dicionário médico on-line para consultar as doenças relatadas no conteúdo. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Descrever as principais enzimas, as condições patológicas que alteram sua concentração e os 
métodos de diagnóstico laboratorial 
MÓDULO 2 
Identificar os marcadores cardíacos laboratoriais do infarto agudo do miocárdio 
MÓDULO 3 
Reconhecer os marcadores séricos que permitem a identificação das doenças relacionadas ao 
metabolismo mineral e ósseo 
INTRODUÇÃO 
Neste conteúdo, você vai identificar os principais conceitos em enzimologia, aprender a 
interpretar os resultados séricos de enzimas relacionadas ao infarto agudo do miocárdio (iam) 
e monitorar os marcadores do metabolismo mineral e ósseo em condições basais e 
patológicas, e aplicando corretamente o método de detecção dos metabólitos associados a 
cada condição proposta. 
Você vai também relacionar as alterações detectadas pelos testes bioquímicos no soro com as 
condições patológicas, estudando o comportamento fisiológico e as correlações com a doença 
clínica. Vamos juntos? 
MÓDULO 1 
 
Descrever as principais enzimas, as condições patológicas que alteram sua concentração 
e os métodos de diagnóstico laboratorial 
ENZIMOLOGIA E NÍVEIS DE ENZIMAS NO PLASMA 
Enzimologia é a ciência que estuda as enzimas e sua natureza química, as funções biológicas e 
as alterações, bem como o seu significado como biomarcador. Enzimas são proteínas que atuam 
acelerando reações químicas, agindo como catalisadores; portanto, sob determinadas condições. 
Esses compostos proteicos globulares têm alto poder catalítico, grau elevado de especificidade 
ao seu substrato, não sendo consumidos após as reações químicas nas quais estão envolvidos. 
É parte da sua atividade não influenciar ou alterar o equilíbrio químico das reações, sendo 
reguladas por via genética ou pelas condições metabólicas. A atuação como enzima não é função 
exclusiva de proteínas, pois já foram descritas moléculas de RNA, denominadas ribozimas, que 
também executam a mesma função. 
A especificidade de cada enzima é determinada por características de uma cavidade ou sítio de 
ligação ao substrato, alocado na sua superfície. Essa denomina-se sítio ativo, uma ordenação de 
grupos presentes em cadeias laterais de alguns aminoácidos que se acoplam ao substrato a 
partir de ligações não covalentes. A ligação enzima-substrato ocorre pela complementaridade, em 
um modelo chave e fechadura ou sítio-específica. 
 
Enzima e sua estrutura. 
É bastante comum que as enzimas demandem a ação conjunta de moléculas orgânicas ou 
inorgânicas de tamanho diminuto, essenciais à sua atividade, são elas: 
COENZIMAS 
Moléculas orgânicas, frequentemente, derivadas de vitaminas, a exemplo do FAD e do NAD. 
COFATORES 
Íons metálicos de transição, já que os metais são essenciais à catálise, como Fe2+, Zn2+ e Cu2+. 
Um sistema de nomenclatura e categorização enzimática foi acatado pela União Internacional de 
Bioquímica e Biologia Molecular (IUBMB) e nos permite identificá-las em seis classes, 
combinadas com a natureza da reação química que catalisam: 
swap_horiz Arraste para os lados. 
OXIDORREDUTASES 
Atuam nas reações de óxido-redução, removendo átomos de hidrogênio ou adicionando átomos 
de oxigênio. 
TRANSFERASES 
Agem fazendo as transferências de grupos funcionais, a exemplo dos grupos metil (-CH3). 
HIDROLASES 
Catalisam reações de hidrólises como a quebra de lipídeos e de proteínas. 
LIASES 
Quebra de ligações químicas duplas, removendo CO2 de alguns substratos (descarboxilação). 
ISOMERASES 
Catalisam reações de isomerizações, convertendo moléculas às suas formas cis ou trans. 
LIGASES 
Atuam na formação de ligações químicas, como as sintetases. 
Certos fatores podem perturbar a atividade enzimática, dentre os principais, temos: temperatura, 
pH, concentração do substrato, tempo e produto da reação. Além dos já citados, vale ressaltar a 
importância da integração das enzimas nas vias metabólicas e a interrelação dos produtos de 
uma via com outras. As vias metabólicas não operam em capacidade máxima o tempo todo. 
Diversos processos celulares podem ser interrompidos, inibidos ou ativados, durante certas fases 
do ciclo vital, por influência enzimática; entre eles estão aqueles que permitem um crescimento 
celular controlado e econômico. 
Em se tratando das concentrações e atividades de certas enzimas, podemos observar que o 
mecanismo de controle é mediado por: 
 Controle genético - Controla indução ou repressão enzimáticas. 
 Modificação enzimática covalente - São reações químicas reversíveis, catalisadas por outras 
enzimas, o que resulta na ativação ou inibição. 
 Regulação alostérica - Quando as enzimas são reguladas por moduladores ligados a outro(s) 
sítio(s), sofrendo modificações conformacionais não covalentes. 
 Compartimentalização - A síntese de algumas enzimas como moléculas precursoras, 
denominadas zimogênios/proenzimas, de início inativas, e que são ativadas em seguida pela 
clivagem de ligações peptídicas específicas. 
 
As enzimas podem ser plasma-específicas, secretadas e celulares. Durante algumas 
situações, já bem estabelecidas, ocorre o aumento na liberação plasmática de enzimas, como, 
por exemplo: 
 Lesão celular extensa (por isquemia ou toxinas). 
 Proliferação e aumento da multiplicação/renovação celular (elevação da fosfatase alcalina 
por restauração óssea pós-fraturas). 
 Índices elevados de produção enzimática (aumento da gama-glutamil transferase em 
etilistas). 
 Obstrução dos ductos pancreáticos, o que pode resultar no extravasamento de enzimas 
digestivas (amilase e lipase pancreática) para as ilhotas de Langerhans (ou Ilhotas 
pancreáticas), causando inflamação pancreática. 
A redução nos níveis enzimáticos pode ser devido a: síntese reduzida da enzima, deficiência 
congênita ou variantes anormais com atividade metabólica ínfima. 
As enzimas presentes nos fluidos biológicos são derivadas, sobretudo, do processo normal de 
aniquilamento, do metabolismo e da reposição celular. Contudo, algumas delas são detectadas 
em índices superiores após lesão tecidual ocasionada por processos patológicos, decorrentes da 
permeabilidade celular aumentada ou da morte precoce da célula. Quanto mais elevada a 
concentração entre os níveis intra e extracelular da enzima, mais rapidamente ela difunde para 
fora e pode ser detectada por diferentes métodos de diagnóstico em Bioquímica Clínica. 
Atenção 
A dosagem das enzimas séricas é de suma importância, pois elas são marcadores sensíveis de 
lesão ou proliferação celular, permitindo em alguns casos localizar o local lesionado, bem como o 
acompanhamento do tratamento e o prognóstico da doença. 
Veja, a seguir, as formas variantes, ou isoformas, de algumas enzimas, e suas características 
fisiológicas. 
ISOENZIMAS E ISOFORMAS 
Isoenzimas são formas múltiplas de uma enzima que catalisam uma mesma reação bioquímica, 
mas com estruturas moleculares um pouco diferentes que possibilitam a separação por 
eletroforese. Em geral as isoenzimas estão em diferentes órgãos em concentrações 
caraterísticas. 
Exemplo 
A enzima lactato desidrogenase (LDH) é um exemplo bastante conhecido. Quimicamente, sua 
estrutura proteica se apresenta como umtetrâmero, com dois tipos de cadeias polipeptídicas: a 
cadeia M (músculo) e a cadeia H (coração). Sua combinação gera cinco isoenzimas: LDH1 
(formado por quatro subunidades H - H4), LDH2 (formado por três subunidades H e uma M -
H3M); LDH3 (formado por duas subunidades H e duas M – H2M2); LDH4 (formado por 3 
subunidades M e uma subunidade H – HM3) e LDH5 (formado por 4 subunidades M-M4), 
distribuídas em localizações diferentes, sendo detectadas no miocárdio, hemácias, cérebro, 
fígado e musculatura esquelética. Essas formas variantes da mesma enzima são as isoenzimas, 
produzidas a partir de genes diferentes ou por processo alternativo, como a recombinação gênica 
entre alelos. 
 
 
Isoenzimas de LDH. 
 
Segundo a IUBMB, as isoenzimas modificadas após a tradução, são chamadas de isoformas. Por 
exemplo, após uma lesão cardíaca, como uma necrose, as isoenzimas tissulares CK-MM 
(isoenzimas da creatinoquinase) caem na circulação sanguínea e podem sofrer alterações 
enzimáticas, originando as isoformas CK-MM1, CK-MM2. No entanto, em bioquímica, isoformas e 
isoenzimas são utilizadas como sinônimos. 
Além dessa enzima, é válido citar outras que possuem isoenzimas. Vamos conhecê-las? 
Creatinoquinase 
Sua função ocorre nas células musculares (esqueléticas e cardíacas), no armazenamento de 
creatina fosfato; é altamente energética. Está associada aos sistemas de geração de adenosina 
trifosfato (ATP) nas contrações ou transporte celular. A CK catalisa a reação de fosforilação 
reversível da creatinina, às custas de ATP, formando creatina fosfato. 
 
Estrutura 3D da creatinoquinase. 
 
 
CK catalisa a fosforilação da creatinina em creatina fosfato. 
 
A creatinoquinase está distribuída amplamente nos tecidos e órgãos, e é bastante elevada no 
músculo esquelético, cérebro e coração. É um dímero composto sempre por subunidades M 
(muscular) e/ou B (cerebral), com as suas isoformas: CK-BB ou CK-1, CK-MB ou CK-2 e CK-
MM ou CK-3. Duas isoenzimas macromoleculares têm sido consideradas como causa de falso 
positivo para a CK-MB: 
MACRO CK TIPO 1 
A macro tipo 1 é um complexo de CK-BB ou CK-MM ligado a IgG ou IgA 
 
MACRO CK TIPO 2 
A macro CK tipo 2 é um complexo oligomérico de origem mitocondrial e está associada a 
neoplasias. 
 
De grande importância, a CK pode variar de acordo com sexo, idade, massa muscular, atividade 
física e etnia. Seus níveis séricos podem estar elevados na: distrofia muscular progressiva (de 
Duchene), miosite viral e polimiosite, hipertermia maligna, polimiopatia necrosante, uso de drogas 
de abuso e estados psicóticos agudos. Além dessas, no IAM, em procedimentos cardíacos, 
angina pectoris, choque cardiogênico e miocardite. Os níveis séricos podem estar elevados 
também nas lesões no Sistema Nervoso Central (SNC), como craniais com dano cerebral, 
neurocirurgia, isquemia cerebral, hemorragia subaracnoidea, síndrome de Reye e 
hipertireoidismo. 
Lactato desidrogenase (LDH) 
Essas enzimas e suas isoenzimas têm função de oxidorredutases, catalisadoras da reação 
reversível do lactato ao piruvato, por ação da coenzima NAD, que irá doar ou receber os 
hidrogênios. 
 
Estrutura 3D da lactato desidrogenase M4. 
 
 
Reação catalisada pela lactato desidrogenase. 
 
Como você viu, a LDH possui cinco isoenzimas, presentes em todas as células, porém, com 
abundância variada em alguns tecidos, tais como: 
 
Ou HHHH, miocárdio e hemácias. 
 
 
Ou HHHM, miocárdio e hemácias. 
 
 
Ou HHMM, pulmão, linfócitos, baço, pâncreas. 
 
 
Ou HMMM, fígado e músculo esquelético. 
 
 
Ou MMMM, fígado e músculo esquelético. 
 
A atividade da LDH encontra-se elevada no: IAM, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), 
miocardite, choque ou insuficiência circulatória, anemia megaloblástica, implantação de válvula 
cardíaca artificial, doenças hepáticas com icterícia, mononucleose infecciosa, enfermidade renal 
(necrose tubular e pielonefrite), doenças malignas (Hodgkin, câncer pulmonar e na região do 
abdômen), distrofia e trauma muscular, exercícios muito intensos, embolia pulmonar e 
pneumocistose. 
Na urina, dosagens elevadas podem indicar glomerulonefrite crônica, lúpus eritematoso sistêmico 
(LES), nefrosclerose diabética e câncer de rins e bexiga. No líquor (LCR), valores muito elevados 
podem ser decorrentes de hemorragias ou lesões na barreira hematoencefálica, meningite 
bacteriana ou viral, tumores cerebrais, convulsões e hidrocefalia. 
Fosfatase ácida (FA) 
Consiste em um grupo de fosfatases que exibem pH ótimo de ação entre 4,5 e 7,0; catalisam a 
hidrólise de um monoéster fosfórico, produzindo álcool e um grupamento fosfato. A FA está bem 
distribuída pelos tecidos do corpo, aparecendo bastante concentrada na próstata, nos 
osteoblastos, fígado, baço, rins, hemácias e plaquetas. 
Nos homens, a fração da FA prostática atinge cerca de 50% do total, tendo alta importância na 
detecção de câncer de próstata pela análise da fração prostática da fosfatase (FACP). A 
hiperfosfatasemia pode ocorrer no carcinoma prostático, após cirurgia/terapia anti-androgênica, 
palpação retal, doença de Paget, hiperparatireoidismo, câncer de mama metastático, anemia 
megaloblástica, mononucleose, prostatite, policitemia vera, leucemia mielocítica e mieloma 
múltiplo. 
 
Saiba mais 
Como a FA prostática está em alta concentração no sêmen e no tecido prostático, ela é utilizada 
em medicina legal como marcador para investigação de estupro e outras ofensas. 
AMILASE E LIPASE – PANCREATITE E SEUS ACHADOS LABORATORIAIS 
A amilase é uma enzima fundamental ao metabolismo digestivo; age como hidrolase, catalisa a 
conversão do amido e do glicogênio que adentram o sistema digestivo pela alimentação. 
 
Estrutura 3D da amilase. 
 
 
Ação da amilase pancreática e amilase salivar. 
 
A amilase secretada pelas glândulas salivares (S) hidrolisam o amido ainda no processo de 
mastigação e salivação, e células acinares pancreáticas (P) secretam parte da amilase sérica no 
trato gastrointestinal, via ducto pancreático, agindo no duodeno. 
Há também atividade dessa enzima no líquido seminal, nas tubas uterinas, nos pulmões, músculo 
esquelético estriado e tecido adiposo corpóreo. 
O aumento dos níveis séricos da amilase pode decorrer de pancreatite aguda, além de trauma, 
carcinoma ou abscesso pancreático, parotidite, doenças do trato biliar, trauma cerebral, 
cetoacidose diabética, alcoolismo agudo e uso de drogas. Essa situação é terminologicamente 
tratada por hiperamilasemia. 
 
Causas das pancreatites. 
 
No caso de hipoamilasemia, seus valores decrescidos têm correlação com doença renal, câncer 
de pulmão, síndrome de Meigs (ascite e fibroma de ovário) e lesões nas glândulas salivares. 
Na pancreatite aguda (PA), os achados laboratoriais apontam para a hiperamilasemia, processo 
inflamatório do pâncreas, que se apresenta edemaciado, hemorrágico e com necrose, estando os 
níveis de amilase sérica aumentados entre 2 e 12 horas após a epigastralgia constante; a 
proporção do aumento não tem ligação direta com a gravidade de cada caso. 
Aproximadamente 20% dos indivíduos com PA apresentam índices dentro da normalidade desse 
analito. Junto com a hiperamilasemia, é fundamental avaliar os demais marcadores que auxiliam 
no fechamento do diagnóstico, são eles: amilase urinária, depuração da amilase, isoformas da 
amilase e lipase. Esse quadro também é acompanhado de leucocitose, hiperglicemia, aumento 
da concentração sérica de LDH e da enzima alanina aminotransferases (ALT), além da elevação 
do hematócrito, redução do cálcio sérico e hipotensão arterial. 
A lipase é uma enzima produzida exclusivamente pelo pâncreas; hidrolisa os triglicerídeos, pelo 
rompimento das ligações éster nos átomos de carbono 1 e 3 dos triglicerídeos em 2-monoacil-
glicerol. Trata-se de uma enzima muito específica, atuando em ambiente que contém os sais 
biliares e necessitando de um cofator enzimático, a colipase. 
 
Estrutura 3D da lipase. 
 
Tanto as enzimas como o seu cofator são produzidos nas células acinarespancreáticas, podendo 
ser detectadas no intestino, nos glóbulos brancos, língua, leite materno e tecido adiposo. A 
condição de hiperlipasemia, que pode ser dosada no soro, líquido ascético e líquido pleural, é 
unicamente empregada no diagnóstico de doenças pancreáticas, especialmente, em casos 
agudos. 
Na pancreatite aguda, há aumento entre 4 e 8 horas após o início do quadro, e pode perdurar por 
até 24 horas. Pode acompanhar a hiperamilasemia, mas cerca de 20% dos pacientes apresentam 
amilase normal e lipase aumentada. Ainda pode-se observar esse marcador com taxas 
aumentadas em: pancreatite crônica, úlceras duodenais gástricas, colecistite aguda, doença renal 
aguda ou crônica e obstrução do ducto pancreático. 
Saiba mais 
Alguns fatores podem deflagrar a gravidade da pancreatite aguda. São eles: idade maior que 55 
anos, leucocitose superior a 16.000/µL, hiperglicemia menor que 200 mg/dL, LDH sérica > 400 
UI/L e AST > 250 UI/L. Quando três ou mais critérios estão presentes no momento da admissão 
do paciente, é indicativo da gravidade do quadro. Além disso, é importante observar alguns 
parâmetros nas primeiras 48 horas, indicando mau prognóstico, como queda no hematócrito > 
10%, deficit de líquido > 4 L, hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg), hipocalcemia < 3,2 mg/dL, 
hipoalbuminemia < 3,2 mg/dL, entre outros. 
DOSAGEM DE ENZIMAS NO SORO 
Aqui, você vai conhecer abordagens analíticas para a medida da atividade enzimática e tipos de 
métodos empregados em um laboratório clínico. 
Os métodos de análise e diagnóstico em Bioquímica Clínica, para a avaliação das enzimas, têm 
evoluído bastante ao longo do tempo. O laboratório clínico atualmente emprega técnicas 
automatizadas para seus ensaios e dosagens enzimáticas no soro, urina, ou líquido 
cefalorraquidiano, por exemplo, mas há diversos ensaios disponíveis quando se almeja identificar 
e/ou quantificar as enzimas nos principais fluidos biológicos. 
Ainda que haja métodos diversificados, note que alguns serão comumente empregados na 
maioria dos laboratórios clínicos. As análises de biomoléculas podem ser executadas de modo a 
alcançar resultados qualitativos, de presença ou ausência em uma amostra, ou quali-
quantitativos, pela determinação da presença e quantidade em um determinado material 
biológico. 
 
Espectrofotometria. 
 
Os métodos ópticos, como a colorimetria e a espectrofotometria, baseiam-se na capacidade de 
algumas soluções absorverem/transmitirem a luz que incide sobre uma solução, a partir de fonte 
luminosa. 
Essas medidas caracterizam índices de absorbância e transmitância, postulados pela Lei de 
Lambert-Beer. Repare, a cubeta com líquido azul que é uma solução de amostra. A diferença 
entre a luz incidida (amarelo escuro) e luz que atravessa (amarelo claro) se traduz na forma de 
absorbância e indica a concentração, maior ou menor, da solução. 
 
Esquema da Lei de Lambert-Beer. 
 
Considerando que a luz é uma radiação eletromagnética composta de comprimentos de ondas, 
as análises colorimétricas são baseadas no princípio da absorção da luz visível pela substância a 
ser dosada; na espectrofotometria, o espectro de luz absorvido apresenta comprimentos de onda 
entre o ultravioleta e o infravermelho. Portanto, quanto mais elevada a concentração do analito 
pesquisado, maior a absorção de luz pela solução (absorbância), sendo grandezas diretamente 
proporcionais. 
IMPOTÂNCIA LABORATORIAL DA ENZIMOLOGIA NO DIAGNÓSTICO DE SINDROMES 
METABÓLICAS 
A especialista Jéssica Ribeiro Lima fala sobre a importância das dosagens enzimáticas para o 
diganóstico das síndromes metabólicas. 
A automação em laboratório clínico, recentemente, passou a adotar essas metodologias, que vêm 
inseridas em equipamentos de grande porte, com medidas bastante precisas e rapidamente 
realizadas. Isso favorece a liberação de resultados precisos, com alta sensibilidade e 
reprodutibilidade, respeitando as regras mais estritas de controle de qualidade da análise. 
Inicialmente, você vai ver como essas metodologias são empregadas de forma diferencial aos 
analitos e, adiante, os métodos mais avançados de diagnóstico empregados na atualidade para 
os demais. Nos próximos módulos, você conhecerá outras enzimas e perceberá que cada enzima 
pode ser detectada por métodos diferentes. Veja a seguir. 
Métodos para determinar a amilase 
Amiloclástico (Iodométrico) 
Método que se baseia na capacidade do iodo em se combinar com o amido e gerar uma 
coloração azul intensa na reação; após a amilase agir num substrato por certo tempo, a cor azul 
em sua intensidade é medida, e assim sabe-se o teor de amido restante. Essa é a técnica de Van 
Loon modificada por Caraway. 
 
Cromolítico 
Método que emprega amido complexado a um corante, compondo um substrato complexo 
insolúvel. Ao interagir com a amilase, forma pequenas porções de corante-substrato solúveis em 
água medidos por fotometria, e pode ser automatizado. 
 
Turbidimetria, nefelometria e de polarização fluorescente 
Métodos que também podem ser utilizados nas dosagens de amilase. Oferecem rapidez e 
simplicidade em sua execução, monitorando a turvação/turbidez de uma mistura. 
 
Métodos para determinar a lipase 
Titulometria 
Usando-se uma emulsão tamponada de azeite de oliva (substrato), é feita uma incubação com o 
soro teste por 24 horas, e a titulação dos ácidos graxos liberados é feita com hidróxido de sódio, 
empregando-se a fenolftaleína como agente indicador. 
 
Turbidimetria ou nefelometria 
Oferecem rapidez e simplicidade em sua execução, monitorando a turvação/turbidez de uma 
mistura/emulsão de azeite de oliva resultante da ação da enzima lipase sobre um substrato. 
 
Enzimático 
A lipase hidrolisa triglicerídeos como seu substrato, gerando glicerol livre que pode ser 
quantificado. 
 
Métodos para determinar a fosfatase alcalina (FAL) 
Beta-glicerofosfato 
Método que quantifica a liberação do Pi (fosfato inorgânico) do beta-glicerofosfato, após a ação 
da FAL. 
 
p-nitrofenilfosfato 
Neste método, a atividade da FAL é medida pelo quantitativo de fenol liberado do p-
nitrofenilfosfato, após sua incubação com o soro. 
 
4-nitrofenilfosfato 
Método proposto por Bowers e McComb, é o mais usado presentemente. Nesse método, a 
fosfatase alcalina, em meio alcalino, catalisa a transferência do grupo fosfato do 4- 
nitrofenilfosfato ao 2-amino-2metil-1-propanol (AMP), liberando 4-nitrofenol. A concentração é 
determinada pela velocidade de formação do 4-nitrofenol, medido em 405 nm, sendo diretamente 
proporcional à atividade enzimática da amostra. 
 
Métodos para determinar a fosfatase ácida (FA) 
Timolftaleína monofosfato 
Método bastante empregado, trata-se de um substrato (timolftaleína monofosfato) que age como 
indicador, altamente específico para a FA, formando cor após a reação final. Esse ensaio é 
especificado para a fosfataste ácida prostática. 
 
Enzima imunoensaio 
Método sorológico no qual é feita a detecção de um anticorpo monoclonal ligado à FA, em 
suporte sólido. 
 
Radioimunoensaio e cinética fluorométrica 
Também são métodos que servem para detectar a fosfatase ácida. 
 
Métodos para determinar aminotransferases (transaminases) 
Formação de cor 
Ocorre por causa da interação entre o piruvato ou oxalacetato e a dinitrofenilhidrazina, que forma 
as hidrazonas correspondentes. Trata-se de um método já obsoleto. 
 
Química seca (automação) 
O piruvato ou o oxalacetato, formados por causa das aminotransferases presentes – sejam a ALT 
ou a AST, respectivamente –, são reduzidos pela NADH após reagirem, devido à presença da 
LDH e à adição de piridoxal-5-fosfato ao soro. 
 
Método para determinar creatinoquinases e suas frações (CK, CK-MM, CK-MB e CK-BB) 
Imunoinibição (técnica sorológica que emprega anticorpos anti-CK-M para inibir a fração CK-MM 
e detectar a fração CK-MB). 
 
Ensaios imunoenzimáticos e de massa. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. A Enzimologia é um campo de estudo bastante amplo e com larga aplicação diagnósticaem 
medicina laboratorial. No setor de Bioquímica Clínica, diversas enzimas e suas Isoenzimas são 
analisadas a fim de se estabelecer uma correlação clínica entre o estado do paciente e suas 
alterações fisiológicas ou patológicas. No que se refere às características fundamentais das 
enzimas, é correta a assertiva: 
 
 As enzimas atuam catalisando reações químicas importantes, sem as quais estas 
ocorreriam muito mais rapidamente, tanto em situações fisiológicas quanto nas enfermidades, 
sendo rapidamente consumidas. 
 As enzimas, que podem funcionar, por exemplo, como hidrolases ou oxirredutases, não 
são reaproveitadas em novas reações, sendo descartadas pelo organismo logo após seu efeito 
catalisador. 
 As enzimas mostram alta especificidade com seus substratos, substâncias sobre as quais 
atuam intrinsecamente, agindo em pontos moleculares específicos denominados sítios de ação 
ou sítios ativos, aos quais se ligam a partir de um sistema “chave-fechadura”. 
 Cada enzima existe em formas únicas, não alostéricas, e como geralmente são proteínas 
com ação independente de outras coadjuvantes, se responsabilizam por catalisar as reações, ou 
seja, torná-las mais rápidas. 
 O uso da Enzimologia como ferramenta de diagnóstico tem ficado aquém dos demais 
analitos no laboratório clínico, diante do uso ainda bastante disseminado de técnicas não 
automatizadas, que atrasam os resultados e têm pouca especificidade. 
Comentário 
 
Parabéns! A alternativa "C" está correta. 
Enzimas são proteínas que atuam acelerando reações químicas, agindo como catalisadores. Elas 
não são consumidas durante as reações e necessitam de um cofator ou uma coenzima para sua 
atividade. Apresentam alta especificidade enzimática ao seu substrato, ligação sítio-específica 
(modelo chave-fechadura) e são marcadores sensíveis de lesão ou proliferação celular, 
permitindo em alguns casos localizar o ponto lesionado, bem como o acompanhamento do 
tratamento e o prognóstico da doença. 
 
2. A pancreatite aguda, quadro clínico com peculiaridades laboratoriais relacionadas a índices 
disruptivos de algumas enzimas, é uma doença que pode ser uma complicação de outros estados 
de enfermidade, como obstrução colédoca e câncer de pâncreas. Os melhores indicadores 
laboratoriais e seus estados de elevação quantitativa estão bem descritos na alternativa: 
 
 Amilase (hipoamilasemia) e lipase (hiperlipasemia). 
 Amilase (hiperamilasemia) e lipase (hiperlipasemia). 
 Amilase (hiperamilasemia) e lactato desidrogenase (hiperlipasemia). 
 Lipase (hipolipasemia) e creatinoquinase (hipercreatinoquinasemia). 
 Amilase (hipoamilasemia) e lipase (hipolipasemia). 
 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "B" está correta. 
Na pancreatite aguda, os achados laboratoriais indicam a hiperamilasemia, processo inflamatório 
do pâncreas, que se apresenta edemaciado, hemorrágico e com necrose, e com os níveis de 
amilase sérica aumentados entre duas e doze horas. Além disso, há aumento de lipase entre 
quatro e oito horas após o início do quadro, podendo perdurar por até 24 horas. Os altos índices 
de amilase e lipase são marcadores laboratoriais, ainda que não exclusivos, mas que auxiliam no 
diagnóstico da pancreatite aguda. 
MÓDULO 2 
 
Identificar os marcadores cardíacos laboratoriais do infarto agudo do miocárdio 
FISIOPATOLOGIA DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) 
As doenças cardiovasculares podem afetar o coração e os vasos sanguíneos; grande destaque 
para a doença arterial coronariana, que envolve dor no peito e infarto agudo do miocárdio, sendo 
a maior causa de morbimortalidade no mundo. Segundo o Ministério da Saúde (2019), no Brasil, 
por ano, 300 mil pessoas sofrem IAM, ocorrendo óbito em 30% dos casos. 
Miocárdio 
O miocárdio é um tecido muscular cardíaco, formado por fibras musculares estriadas 
cardíacas, anastomosadas, compondo a parte contráctil do coração. 
 
Miocárdio e células cardíacas musculares. 
 
A região mais interna chama-se endocárdio e a mais externa, epicárdio. O músculo é envolto por 
um saco fibroso, o pericárdio, e por um líquido que forma uma barreira contra choques 
mecânicos, o líquido pericárdico. Pode ocorrer a morte do tecido de parte do músculo cardíaco 
por carência de oxigênio, quando a artéria coronária fica obstruída. Tal evento é conhecido 
informalmente como “ataque cardíaco”. Essa obstrução pode ocorrer especialmente pela 
formação de um coágulo em uma área previamente comprometida por aterosclerose, provocando 
estreitamentos do espaço interno dos vasos sanguíneos do coração. 
Infarto agudo do miocárdio 
Observando os processos patológicos, ocorre a necrose irreversível do músculo cardíaco, como 
resultado de isquemia (perda do suprimento do sangue). Esse processo é ocasionado pela 
aterosclerose, um processo inflamatório localizado dentro da parede arterial na forma de placas 
de ateroma, que diminui o lúmen arterial, em geral, nas artérias coronárias e, consequentemente, 
o suprimento sanguíneo de determinada região tecidual. O rompimento da placa, gera a trombose 
no local da lesão vascular e formação dos êmbolos com a oclusão total do vaso, levando 
ao infarto ou falência do miocárdio. 
 
Infarto agudo do miocárdio. 
 
De início, o processo de isquemia é detectado e pode culminar no IAM. A extensão da lesão varia 
de acordo com a obstrução da coronária, o grau de circulação colateral do indivíduo e as 
demandas de oxigênio dos tecidos alimentados pela artéria. 
Existe uma tríade sintomatológica marcadora do IAM, que se dá pela presença de dor precordial, 
alterações no eletrocardiograma (ECG) – elevações dos segmentos ST e da onda Q – e enzimas 
cárdio-específicas elevadas na dosagem quali-quantitativa, sendo estes marcadores verificados 
rotineiramente em casos suspeitos de IAM. 
 
ECG normal. 
 
ECG de paciente com infarto do miocárdio com elevação do segmento ST. 
 
ECG de paciente com infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST. 
Nem todos os pacientes manifestam os mesmos sintomas e os graus de intensidade podem 
variar; diante disso, há necessidade de se esclarecer possíveis suspeitas clínicas relacionadas a 
quadros de angina pectoris, ICC e embolia pulmonar. 
A síndrome coronariana aguda (SCA) engloba os denominados eventos isquêmicos do miocárdio, 
desdobrando-se desde angina, injúria tecidual reversível e angina instável até infarto do miocárdio 
e extensa necrose tissular miocárdica. O desafio diagnóstico naqueles pacientes que referem 
queixa de dor precordial tem sido, tradicionalmente, o de firmar ou excluir a existência de lesão 
miocárdica. 
Para o diagnóstico de IAM, devem ser preenchidos, ao menos, dois dos seguintes requisitos: 
Sintomas clínicos sugestivos de isquemia miocárdica superiores a 30 minutos de permanência. 
Alterações no ECG correlacionáveis com lesão miocárdica. 
Ascensão seriada na atividade de enzimas cardíacas séricas dosadas. 
Cerca de 20% dos IAM não apresentam sintomas marcantes, além de ausência de ECG 
característico (sem elevação do segmento ST) em alguns pacientes. Na Enzimologia Clínica, são 
dosadas: a CK, LDH, e as isoenzimas de ambas, e menos frequentemente as transaminases 
(particularmente a AST, aspartato-aminotransferase). Há períodos específicos para os quais cada 
marcador enzimático se faz mais eficiente, após o surgimento dos primeiros sintomas do IAM. A 
relação tempo/detecção pode variar entre os pacientes, mas pode-se basear as análises em 
valores padrão. 
Marcadores clássicos do IAM (enzimas) 
Creatinoquinase total e CK-MB, lactato desidrogenase total e LDH-1 e aspartato-
aminotransferase (AST) são marcadores clássicos do infarto agudo do miocárdio. 
Como visto anteriormente, a enzima CK catalisa a reação de fosforilação, reversível, da creatinina 
pelo ATP, formando creatina fosfato. Ela é distribuída amplamente nos tecidos e órgãos, mas 
mostra-se bastante elevada no músculo esquelético, cérebro e coração, e seus valores séricos 
podem variar com o sexo, idade, massa muscular, atividade física e etnia,elevando-se em 
diversas situações. A sua fração CK-MB ou CK-2 é a mais comum no coração/miocárdio. 
A CK-MB existe em grandes quantidades no miocárdio e pode ter seus níveis séricos 
aumentados de forma expressiva. Sua elevação média após o infarto é de 10 a 20 vezes o limite 
superior da normalidade e, devido à curta meia-vida, retorna rapidamente aos valores de 
normalidade. O CK-MB pode ser expresso por porcentagem do CK total – esses valores vão de 3 
a 6. Apresenta alta especificidade, principalmente se há suspeita de IAM e se os valores 
começam a aumentar de 4 a 8 horas após a dor precordial, com pico máximo entre 12 e 24 horas. 
 
Marcadores cardíacos do IAM. 
 
Atenção 
É relevante ressaltar que nos casos mais brandos, sem complicações, os valores de CK-MB 
retornam aos níveis basais de 48 a 72 horas após o infarto. Para tornar ainda maior a 
especificidade no IAM, analisam-se outros marcadores, como as isoenzimas da LDH (LDH-1), 
que deve ser dosada periodicamente nas 48 horas ou mais após o episódio, para observar 
aumentos e diminuições típicas desse analito. 
Atenção 
Nos casos de câncer de pulmão, além dos casos de desordem cerebral aguda, entre outras 
condições, a CK-BB pode ser convertida em CK-MB. A CK-MB também pode elevar-se nas 
seguintes situações: angina severa, fibrilação muscular crônica, pericardite, desfibrilação, 
angiografia coronária, reanimação cardiopulmonar e processos malignos, dentre outras. 
A lactato desidrogenase total se encontra elevada de 8 a 12 horas após o IAM, considerando-se o 
início da dor precordial como marcador, podendo assim permanecer por uma semana, elevando-
se de três a dez vezes mais do que os valores considerados normais/de referência. A fração 
LDH-1 é um excelente marcador por ser mais específica nesse caso; ela costuma exceder em 
45% ou mais a atividade da LDH total. 
Atenção 
Em amostras hemolisadas e em casos de pacientes com válvula cardíaca prostética, a LDH-1 
também pode estar aumentada. 
Aproximadamente 80% dos casos de IAM têm uma correlação de LDH-1/LDH-2, pois a LDH-2 
não aumenta após o IAM, já a LDH-1 que em condições normais tem uma menor concentração 
que LDH-2, aumenta sua concentração de forma expressiva, ultrapassando os valores de LDH-2, 
ficando assim uma razão com valores maiores que 1. Isso promove um percentual de 
especificidade diagnóstica próximo dos 99%. Em outras condições, essa relação também pode 
estar aumentada, a saber: infarto renal agudo, hemólise e processos malignos. 
A aspartato-aminotransferase (AST), quando correlata ao IAM, aumenta seus níveis séricos de 6 
a 8 horas após a dor precordial, retornando aos níveis basais em quatro a cinco dias. Essa 
enzima não é específica do miocárdio; encontra-se em altas concentrações plasmáticas em 
condições patológicas do fígado, pulmões e músculo esquelético. É cada vez menos adotada 
como critério diagnóstico do IAM. 
Veja, a seguir, outros marcadores. Ainda que não enzimáticos, são essenciais e conferem maior 
velocidade e especificidade na detecção dessa condição clínica. 
Marcadores modernos do IAM (enzimas e outras proteínas): mioglobinas e troponinas 
Existem outros testes classificados como não enzimáticos para o IAM. A mioglobina, uma 
proteína do tipo heme, que se liga ao O2 nos músculos, compõe cerca de 2% das proteínas 
musculares e localiza-se no citoplasma dessas células. Logo, quando há lesão muscular durante 
o IAM, ocorre a liberação da mioglobina na circulação, cerca de 2 horas após a dor precordial. 
Seus picos máximos ocorrem de 6 a 9 horas após o evento, normalizando-se entre um e dois dias 
após o IAM. 
Outras situações em que a mioglobina está elevada no plasma: cirurgia de coração aberto, 
atividade física intensa, lesão muscular, atrofia muscular progressiva genética, deficiência renal 
grave e aplicação de injeção pela via IM. A proteína deve ser dosada, para fins de diagnóstico do 
IAM, de 2 a 12 horas após o infarto, pois se difunde rapidamente pela circulação, devido o seu 
baixo peso molecular. 
A troponina, uma proteína importante para a contração muscular, tem sido utilizada como um 
excelente marcador do IAM. 
O aparelho miofibrilar das células musculares contráteis, o sarcômero, contém proteínas 
denominadas troponinas, com as seguintes subunidades: 
 Troponina I, inibidora de actina, presente no músculo esquelético e coração. 
 Troponina C, ligada ao cálcio e reguladora da contração. 
 Troponina T, ligada à miosina, ou tropomiosina. 
 
Sarcômero no relaxamento e na contração muscular. A contração depende de íons cálcio. 
 
As isoformas da troponina mais usadas em diagnóstico do IAM são: troponina T (cTnT), que 
eleva-se por 4 a 6 horas, e fica aumentada de seis a dez dias após o infarto; e troponina I (cTnI), 
que aparece no plasma de 4 a 6 horas após o IAM, com pico de 10 a 12 horas, ficando elevada 
de quatro a sete dias. Elas são liberadas quase que simultaneamente à CK-MB. 
Atenção 
As dosagens de cTnT e cTnI são específicas ao músculo cardíaco, pois no músculo esquelético 
são encontradas as isoformas smTnT e smTnI. Além disso, o músculo liso não é regulado pelas 
troponinas T e I, assim as dosagens dessas isoformas são de grande utilidade, pela sua 
especificidade. A dosagem de TnC não é realizada na prática clínica, pois ela é encontrada tanto 
no músculo esquelético e cardíaco. 
DOSAGEM DE ENZIMAS CARDÍACAS NO IAM 
A especialista Jéssica Ribeiro Lima fala sobre os diferentes tempos de dosagens dos marcadores 
de IAM e sua correlação com a eficácia do atendimento clínico aos pacientes infartados. 
No gráfico a seguir, conseguimos ver o perfil de alteração das enzimas estudadas até aqui após 
um infarto não resolvido. 
 
Enzimas no soro após um IAM não resolvido. 
 
Veja, agora, a prática aplicada à teoria que você estudou. 
Caso 1 
Indivíduo do sexo masculino, 60 anos, apresentou-se no setor de emergência com forte dor 
precordial, presente há mais de uma hora. Previamente, foi atendido pela clínica cardiovascular. 
Tem histórico de quatro anos de angina durante o esforço. Que testes específicos deveriam ser 
solicitados ao laboratório de Bioquímica? 
Após uma hora do início dos sintomas específicos, as isoenzimas (como a creatinoquinase e a 
lactato desidrogenase) utilizadas para o diagnóstico de IAM, ainda não apresentam seus níveis 
elevados, mesmo que o indivíduo esteja de fato sofrendo um infarto. Porém, muitas vezes, o 
paciente relata queixa de dor sem conseguir precisar quando foi exatamente o início dos 
sintomas. 
Como a CK apresenta níveis altos com cerca de quatro horas após o início do evento miocárdico, 
este seria o teste mais preciso para se realizar nesse paciente, especialmente a investigação dos 
níveis da fração CK-MB, isoenzima específica do miocárdio. Se o exame for inconclusivo ou não 
se detectarem alterações, recomenda-se manter o paciente no hospital, repetir o exame após 
algumas horas e verificar novamente os níveis séricos dessa isoenzima. Atualmente, outros 
marcadores como a mioglobina e a troponina também são dosados, pois apresentam intervalos 
de tempo ainda menores e altamente específicos quando correlacionados com os demais 
marcadores do IAM. 
Caso 2 
A.L.T., 70 anos, mulher, parda, deu entrada no serviço hospitalar com queixa de dor no peito com 
duas horas de duração. Paciente hipertensa e diabética, descreve dor intensa e aguda, irradiando 
para o membro superior esquerdo; informa que vomitou e teve episódio de sudorese fria. Relata 
ainda que já vinha sentindo dor torácica aos esforços (angina pectoris), mas dessa vez ocorreu 
quando se levantou, ao acordar de manhã. Nega histórico de doenças cardiovasculares 
familiares. Informa uso irregular de losartana (50 mg), e metformina (850 mg). Seu estado geral é 
regular, anictérico, acianótico, afebril ao toque, hidratado e pálido, com ritmo cardíaco regular e 
taquicárdico em dois tempos e pulsos palpáveis. Extremidades quentes e sudoreicas. 
Neste caso, a paciente exibe fatores de riscoimportantes, como diabetes e hipertensão, sendo de 
alto risco. Ela descreve a clássica dor torácica, uma dor ou desconforto ou queimação ou 
sensação opressiva localizada na região precordial, que irradia para o ombro e/ou braço 
esquerdo, braço direito, pescoço ou mandíbula, frequentemente com diaforese, náuseas, vômitos, 
ou dispneia, podendo durar alguns minutos (geralmente entre 10 e 20) e ceder, ou mais de 30 
minutos, como nos casos de IAM. 
O ECG exerce papel fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica e deve ser 
prontamente realizado, junto com os marcadores enzimáticos séricos de necrose miocárdica, que 
têm um papel importante não só no diagnóstico, como também no prognóstico da Síndrome 
Coronariana Aguda (SAC). 
A CK catalisa a formação de moléculas de alta energia e, por isso, é encontrada em tecidos que 
as consomem (músculos cardíaco e esquelético e tecido nervoso); a mais usada é a fração CK-
MB, pois é a mais específica das CK para músculo cardíaco, devendo ser mensurada em 
laboratório o quanto antes. As troponinas cardíacas (cTnT e cTnI) são proteínas miofibrilares 
encontradas somente no músculo cardíaco. Há alta sensibilidade para esses analitos, e bastam 
discretas alterações para estabelecerem-se compatibilidades com pequenos infartos, ainda que 
não haja elevação da CK-MB. 
Por esse motivo, as troponinas são hoje consideradas o marcador padrão-ouro para o diagnóstico 
de IAM e devem ser requeridas em intervalos de tempo predeterminados, de acordo como 
protocolo do serviço, para acompanhar a evolução e a gravidade. Quanto maior a elevação da 
troponina, mais grave é o infarto e pior é o prognóstico (avaliação quantitativa). Deve-se usar 
também como importante selo diagnóstico, a fim de aumentar a sensibilidade dos exames, a 
dosagem da mioglobina em conjunto. 
O gráfico mostra a cinética da concentração plasmática das enzimas de mioglobina, CK, 
troponina e CK-MB, dias após o IAM. 
Cinética enzimática da troponina, mioglobina e CK-MB após o IAM. 
Saiba mais 
Como mencionado anteriormente, a SCA engloba os eventos isquêmicos do miocárdio, 
compreendendo o infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAM-SST), sem 
elevação do segmento ST (IAM-SSST) e angina instável (AI). A realização do ECG é essencial 
para a distinção de pacientes com ou sem elevação do segmento ST. Nos pacientes com 
elevação do segmento ST, a isquemia é grave, causada normalmente por trombos e êmbolos 
derivados da placa de ateroma, que, ao ocluir o vaso, produz lesão miocárdica, com liberação 
para a corrente sanguínea dos marcadores bioquímicos de necrose miocárdica. Nesses 
pacientes, é essencial iniciar, durante as primeiras oito horas do início dos sintomas, a terapia de 
reperfusão (com agentes trombolíticos) ou a intervenção coronariana percutânea, para dissolução 
do trombo, reperfusão do fluxo sanguíneo da artéria obstruída, diminuindo o grau de necrose 
tecidual. Após a utilização do agente trombolítico, há um aumento de mais de duas vezes no valor 
de CK-MB após 90 minutos. No acompanhamento das troponinas durante a reperfusão, a 
diferença entre o tempo zero e 90 minutos é muito maior do que a CK-MB. No entanto, a 
concentração plasmática das enzimas cai rapidamente após o IAM, diferentemente do observado 
quando não é realizada a reperfusão, conforme mostra o gráfico a seguir: 
Concentração plasmática de CK-MB e troponina após IAM com e sem reperfusão. 
Atenção: O IAM-SSST e a AI são entidades relacionadas, porém, com diferentes graus de 
intensidade da isquemia. Caso seja demonstrada alteração no ECG sem a elevação dos níveis 
dos marcadores cardíacos, será estabelecido o diagnóstico de AI. 
Saiba mais 
Atualmente, é muito comum a solicitação pelos cardiologistas durante os exames de sangue de 
rotina a dosagem da PCR-ultrassensível (PCR-us), que é um exame capaz de detectar baixas 
concentrações da proteína no soro. A proteína C-reativa é uma proteína de fase aguda, produzida 
no fígado, que é conhecida como um importante marcador de processos inflamatórios e/ou 
infecciosos. Com a descoberta do componente inflamatório na etiologia da aterosclerose, a 
dosagem do PCR-us tornou-se uma importante ferramenta como marcador do risco 
cardiovascular. Níveis de PCR aumentados estão associados com aumento no risco de doença 
arterial periférica, infarto do miocárdio, AVC e morte súbita cardiovascular. Os resultados são 
classificados em graus de risco, conforme observamos a seguir: 
 Baixo risco: <1,0 mg/L ou <0,1 mg<d. 
 Médio risco: de 1,0 a 3,0 mg/L ou de 0,1 a 0,3 mg/dL. 
 Alto risco: >3,0 mg/L ou >0,3 mg/dL. 
 Muito alto risco: ≥10,0 mg/L ou ≥1,0 mg/dL. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. Diante da grande variedade de marcadores laboratoriais que permitem associação positiva dos 
resultados alterados com o IAM e sua detecção o quanto antes, após a dor precordial, temos um 
marcador menos específico, a transaminase AST. Sobre essa enzima, é correto afirmar que: 
 
 Níveis séricos podem elevar-se em condições patológicas do fígado, pulmões e músculo 
esquelético; portanto, é cada vez menos empregada no diagnóstico do IAM. 
 Cada vez mais é adotada como critério diagnóstico do IAM, em associação ao ECG, 
independentemente dos demais resultados e achados laboratoriais. 
 Os níveis séricos retornam aos níveis normais nos indivíduos que sofreram IAM após 14 a 
15 dias do evento, sendo altamente específica dessa condição. 
 Nunca foi usada como analito relevante no diagnóstico de infarto, sendo apenas 
empregada para dosagem de condições hepáticas. 
 Os níveis séricos retornam ao normal nos indivíduos que sofreram IAM após 2 a 3 dias do 
evento, sendo altamente específica dessa condição. 
 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "A" está correta. 
 
A AST, aspartato-aminotransferase, é uma enzima presente em diferentes tecidos do organismo, 
como coração, pulmão, músculo esquelético, rim, pâncreas, baço, pulmão e nos eritrócitos. Sua 
concentração plasmática é baixa. Essa enzima, quando relacionada ao IAM, apresenta elevação 
plasmática entre 6 e 8 horas após a dor e seus níveis basais voltam ao normal depois de quatro 
ou cinco dias. Ela é um marcador coadjuvante e cada vez menos usado no diagnóstico do IAM. 
 
2. Em todos os indivíduos suspeitos de IAM, são recomendadas dosagens de marcadores 
enzimáticos e a realização do ECG para confirmação do diagnóstico. No setor de Bioquímica 
Clínica, quais marcadores se alteram nas primeiras horas após o infarto? 
 
 CK-MB, AST e mioglobinas. 
 CK-MB, LDH e mioglobinas. 
 CK-MB, mioglobina, troponinas e AST. 
 CK-MB, mioglobina e troponinas. 
 CK-MB, GGT, LDH e mioglobinas. 
 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "D" está correta. 
 
De todos os marcadores cardíacos usados durante uma suspeita de IAM, as enzimas CK-MB, 
mioglobina e a troponina apresentam alta especificidade e sensibilidade. Altos índices de CK-MB, 
mioglobinas e troponinas, entre 2 e 8 horas após o IAM, são os melhores marcadores 
laboratoriais do infarto. 
 
MÓDULO 3 
 
Reconhecer os marcadores séricos que permitem a identificação das doenças 
relacionadas ao metabolismo mineral e ósseo 
METABOLISMO MINERAL E ÓSSEO 
O metabolismo mineral e ósseo e seus estudos correlatos permitiram, ao longo do tempo, melhor 
compreensão da fisiopatologia das doenças ósseas. Nota-se uma melhoria da sensibilidade e 
maior especificidade na detecção desses marcadores, por exemplo, do cálcio fosfato e magnésio. 
Neste módulo, cada um desses minerais será analisado, bem como seus índices discrepantes de 
referência e as enfermidades metabólicas ósseas mais relacionadas. 
Morfologia básica dos ossos. 
 
O osso é um tipo de tecido conjuntivo cujas funções são a sustentação do corpo, a proteção do 
sistema nervoso central e da medula óssea; desempenha também importante papel no 
metabolismo dos minerais. 
Do peso seco dos ossos, 75% são representados por sais minerais inorgânicos, como o fosfato 
de cálcio e o carbonato de cálcio. Os minerais (fosfatode cálcio) estão combinados na forma de 
cristais de hidroxiapatita. Há ainda, em quantidades proporcionalmente menores, magnésio, 
sódio, potássio, estrôncio, zinco, fluoreto, cloreto e sulfato; esses fortalecem a estrutura 
esquelética dos ossos. A matriz orgânica, 25% do peso ósseo, é formada por fibras de colágeno 
(ricas em prolina e hidroxiprolina), albumina, mucoproteína, sulfato de condroitina, ácido 
hialurônico, osteocalcina e pequenos peptídeos. 
Fisiologicamente, o osso encontra-se em contínuo remodelamento, ou seja, em processos de 
destruição e renovação que mantêm os níveis séricos de cálcio e fósforo constantes, retirando ou 
fornecendo esses elementos aos ossos. Todo esse processo é orquestrado por hormônios e 
ocorre dentro do osso trabecular, um importante reservatório de minerais. 
 
Estrutura óssea. 
CÁLCIO 
O cálcio do organismo, em sua quase totalidade – 99% –, está armazenado nos ossos; o mínimo 
restante desempenha funções significativas não relacionadas à rigidez do esqueleto e 
sustentação do corpo. As diversas funções do cálcio na fisiologia humana têm destaque nos 
diversos meios celulares: 
INTRACELULAR 
Condução neuromuscular de impulsos, manutenção do tônus muscular, regulação de glândulas 
endócrinas e exócrinas, metabolismo do glicogênio, interação com a calmodulina e integridade da 
membrana celular. 
EXTRACELULAR 
Mineralização óssea, coagulação sanguínea e potencial elétrico da membrana plasmática. 
 
ESQUELETO 
Armazenado e mobilizado, quando necessário, participando do remodelamento esquelético. 
No organismo, o cálcio plasmático é encontrado em três estados físico-químicos: cálcio livre ou 
iônico (50%); cálcio ligado às proteínas plasmáticas (sendo 40% ligados à albumina); e cálcio 
ligado a ânions difusíveis (10%), como o HCO3-, H2PO4-, lactato, citrato e HPO42-, chamados de 
cálcio complexado. O cálcio fisiologicamente ativo é o cálcio iônico, regulado por hormônios e 
pela vitamina D, e que consegue ultrapassar as membranas plasmáticas. 
É importante relatar que alguns fatores podem alterar a distribuição de cálcio nesses três estados 
plasmáticos. São eles: 
 
O pH. No pH ácido, a alta concentração de íons H+ diminui a carga global negativa da albumina, 
reduzindo a ligação de cálcio à albumina, o que aumenta a concentração plasmática de cálcio 
iônico. 
 
 
A concentração alterada de albumina. Os níveis menores de albumina inicialmente disponibilizam 
maior concentração de cálcio livre. 
 
 
O aumento da concentração de substâncias que se ligam à albumina, como ácidos graxos, 
medicamentos e aumento de heparina ou outros ânions que se ligam ao cálcio iônico e diminuem 
a sua forma livre. 
No laboratório, é possível medir a concentração plasmática de cálcio total e o livre (iônico); o 
cálcio livre é considerado o melhor indicador fisiológico. 
Controle do metabolismo do cálcio 
O controle é exercido homeostaticamente, seja pela ingestão na dieta, seja pela formação e 
desintegração óssea, além da absorção e excreção desse mineral. 
Os moduladores principais do cálcio no organismo são os paratormônios (PTH), secretados, 
principalmente, pela manhã, pelas glândulas paratireoides, responsáveis por controlar a hipo ou 
hipercalcemia. Os PTH atuam: regulando a absorção intestinal de cálcio e fosfato, pois ativam a 
transição da 25-hidroxivitamina D a 1,25-diidroxicolecalciferol, forma ativa biológica da vitamina D; 
nos rins, ao aumentar a reabsorção de cálcio e a excreção do fósforo; e nos ossos, mobilizando a 
atividade dos osteoclastos, bem como sua quantidade, deslocando o cálcio para fora das células. 
O outro fator relevante que merece atenção é a vitamina D (1,25-diidroxicolecalciferol ou calcitriol 
ou DHCC), um grupo de esteróis sintetizado pela pele após a exposição à radiação solar ou 
absorvidos no intestino. 
 
Metabolismo da vitamina D. 
 
Clique a seguir e conheça outros hormônios que contribuem para a homeostase de cálcio: 
CALCITONINA 
Controla o nível sérico de cálcio ao inibir a reabsorção pelos osteoclastos e pode impedir a sua 
reabsorção renal. 
 
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 
Elevam a mobilização do cálcio dos ossos. 
 
ESTEROIDES ADRENAIS 
Alteram a excreção renal. 
 
PROSTAGLANDINAS 
Na menopausa, colaboram para a reabsorção do cálcio e diminuição da densidade óssea, 
elevando as chances de fratura por osteopenia e osteoporose. 
 
Calcitonina X paratormônio (regulação da concentração de cálcio plasmático). 
Hipercalcemia 
Esse é o nome que se emprega quando o cálcio sérico total se encontra em níveis acima da 
referência, em geral, 10,5 mg/dL. Normalmente, essa condição decorre 
de hiperparatireoidismo primário ou câncer, com ou sem envolvimento ósseo e mieloma múltiplo. 
Pode também ocorrer taxas variáveis de fósforo sérico, hiper ou hipofosfatemia e níveis da FAL 
(fosfatase alcalina) elevados. 
Além disso, a hipercalcemia está ligada a condições de hipervitaminose D, doenças endócrinas, 
imobilizações de membros inferiores ou superiores por tempo prolongado, insuficiência renal, 
terapia com lítio, uso de alguns diuréticos e aumento da concentração plasmática de proteínas. 
Há sintomas pouco específicos na maior parte dos pacientes, porém, pode-se perceber que 
alguns relatam fadiga, arritmias, fraqueza e mal-estar, com poliúria e polidipsia. 
Hipocalcemia 
A hipocalcemia pode ser acompanhada de hipoalbuminemia, insuficiência renal crônica (IRC), 
síndromes que causam deficiência da vitamina D, pancreatite aguda, baixos níveis de magnésio, 
hipoparatireoidismo, tetania, fase de cura de doenças ósseas e após fraturas. Raramente, há 
sintomas, mas pode ocorrer irritabilidade neuromuscular (tetania). 
Atenção 
Todas as variáveis que influenciam tanto a hiper quanto a hipocalcemia devem ser levadas em 
conta, quando avaliamos esses estados: idade, sexo, malignidade, dor óssea, medicamentos, 
litíase renal e histórico familiar. Essas variáveis afetam o cálcio ativo (iônico) no corpo e geram 
redução no teor do cálcio total, que está relacionado às proteínas plasmáticas e ao pH do tecido 
sanguíneo, como mencionado anteriormente. 
Determinação do cálcio total 
Antigamente, essa dosagem era determinada pela precipitação do cálcio pelo oxalato, com 
posterior titulação da amostra com permanganato ou EDTA, com indicador Cal-red, purpurato de 
amônio e negro de eriocromo T. Atualmente, as dosagens são pelo método da o-cresolftaleína, 
medida por espectrofotometria, na qual forma-se cor vermelha após a reação do cálcio e a o-
cresolftaleína complexona. É possível também realizar-se por espectroscopia de absorção 
atômica ou diluição isotópica. 
 
Determinação do cálcio livre ou ionizado 
A dosagem de cálcio ionizado é feita por eletrodo íon seletivo em amostras de soro, método que 
não é sensível ao cálcio ligado a proteínas. Além do soro, pode-se utilizar sangue total com 
heparina em emergências, além do plasma, mas não são as amostras-padrão. 
Essa metodologia emprega eletrodos de membrana que respondem seletivamente a alguns íons, 
medindo o potencial de um íon em solução. Esse eletrodo de membrana e um eletrodo externo de 
referência são imersos em uma solução de interesse. Como os potenciais de referência 
apresentam valor constante, qualquer modificação da concentração de um íon na célula é 
verificada. 
Atenção 
A partir da diferença entre os potenciais do eletrodo de referência e do eletrodo de medida, é 
calculada a “concentração” do íon na solução. Mas, fique atento: nessa metodologia, é a atividade 
do cálcio que é medida, e não seu teor. 
Cálcio urinário 
A dosagem de cálcio urinário, conhecida por calciúria, é determinada da mesma forma que a 
dosagem no soro e no plasma, mas como amostra utiliza-se a urina de 24h. Essa medida nos 
permite analisar alguns aspectos relativos ao cálcio total urinário: níveis de absorção intestinal 
desse mineral, reabsorção óssea e filtração/reabsorção tubular renal. 
Diagnóstico clínico 
Os esquemas abaixo mostram, de forma simplificada, os fluxogramasque auxiliam no diagnóstico 
clínico da hipercalcemia e da hipocalcemia, respectivamente. 
Hipercalcemia 
Valores elevados de cálcio podem indicar doença de Paget, hipercalciúria primária, carcinoma 
ósseo com metástase, acromegalia, intoxicações, excesso de vitamina D, mielomas, uso de 
estrogênios e corticoides. 
Hipocalcemia. 
Valores de cálcio abaixo do esperado sugerem: déficit de vitamina D, hipocalciúria primária 
familiar, pré-eclâmpsia, hipoparatireoidismo, osteodistrofia renal e uso de tiazídicos. 
FOSFATO 
No nosso organismo, o fósforo pode ser encontrado na forma inorgânica – forma de tampão 
fosfato sanguíneo e na cascata de fosforilação do crescimento celular – ou na forma orgânica –
presente na composição dos ácidos nucleicos, fosfolipídios de membrana, fosfoproteínas, ATP e 
NADP. 
No organismo, a maior parte do fósforo corporal (85-90%) encontra-se nos ossos, na forma de 
hidroxiapatita inorgânica. Além disso, uma pequena concentração (10-15%) encontra-se em 
tecidos moles, como músculos, hemácias e tecido nervoso. No plasma sanguíneo, encontramos 
apenas 1%, que estão ligados a proteínas (10-20%) ou nas formas iônicas (ânion livre e 
complexada com sódio, magnésio ou cálcio). 
Homeostase do fósforo 
Diversos mecanismos mantêm a homeostase do fósforo em nosso organismo, ocorrendo em 
órgãos como o intestino delgado, os rins e o esqueleto. Uma refeição abundante em fosfatos 
eleva a fosfatemia com facilidade, e o alumínio é o ligante metálico mais eficiente para o fósforo e 
sua absorção, formando complexos insolúveis. 
Atenção 
Os fatores que condicionam positiva ou negativamente os níveis séricos de fosfato são bastante 
similares àqueles do cálcio, como o controle exercido pelo PTH, a vitamina D e o hormônio do 
crescimento (GH). 
O fosfato está envolvido no metabolismo energético, na resistência estrutural aos ossos, no 
tampão plasmático e urinário, na manutenção da integridade celular, além de regular a atividade 
enzimática e do transporte do O2 nas hemácias (2,3-difosfoglicerato). 
Hiperfosfatemia 
Se, ao mensurarmos os níveis plasmáticos do fosfato, eles superarem o valor de 5 mg/dL, 
estaremos diante de um quadro de hiperfosfatemia. Esse achado pode ser correlacionado 
diretamente à hipercalcemia, uma vez que vai ocorrer aumento da concentração plasmática do 
cálcio, com redução da síntese da vitamina D, e a reabsorção óssea mediada pelo PTH ficará 
bloqueada. 
Este fenômeno pode decorrer da redução na excreção do fosfato pelos rins; aumento da ingestão 
dessa substância, causada por medicamentos; doenças endócrinas; aumento das reações 
catabólicas ou dano às células; acidose. A hiperfosfatemia pode levar a um estado mental 
alterado, hipotensão, insuficiência cardíaca e até mesmo catarata. 
Hipofosfatemia 
A redução nos níveis séricos de fosfato pode ser devido à abstinência de álcool e cetoacidose 
diabética. Caracteriza-se como leve, moderada ou grave, ao oscilar de 2 a <1 mg/dL. Esse estado 
pode ser resultante de alterações intracelulares, como maior fosfatação da glicose, 
hiperinsulinismo ou alcalose respiratória, além do aumento da excreção renal e baixa absorção 
nos intestinos. Geralmente, é assintomática. Em casos severos, está ligada à fraqueza e necrose 
muscular, dor óssea, acidose metabólica e hemólise, podendo ocorrer sintomas neurológicos 
diversos. 
Determinação do fósforo 
A dosagem de fósforo é tradicionalmente realizada pela combinação dos íons fosfato com o 
molibdato de amônio, sempre em pH baixo (ácido). Em seguida, pode-se medir o comprimento de 
onda (espectrometria) ou a coloração apresentada após o emprego de agentes redutores – no 
método conhecido como “azul de molibdênio” –, detectada por sistemas automatizados de 
química seca. Um importante método enzimático usa a purina nucleosídeo fosforilase e a xantina 
oxidase, a fim de reduzir o H2O2, a partir do fósforo e da inosina. 
Fosfato urinário 
Este analito, quando dosado na urina, pode apresentar uma diversidade de variações que 
acompanham características de cada indivíduo, como o sexo, a faixa etária, o funcionamento dos 
rins, PTH, momento da coleta e alimentação. 
Atenção 
Quando alcança níveis elevados na urina, pode ser por motivos como: insuficiência renal aguda 
(IRA), insuficiência renal crônica (IRC), hipoparatireoidismo, osteoporose, acromegalia, mieloma 
múltiplo, leucemia mieloide crônica (LMC), diabetes mellitus descompensada, atividade física 
intensa e hipovolemia. Quando os índices estão reduzidos nessa amostra, pode decorrer de 
reabsorção tubular comprometida, hiperparatireoidismo, hipovitaminose D, raquitismo, 
alimentação parenteral extensiva, diuréticos, etilismo, hemodiálise e enfermidades do fígado. 
Diagnóstico clínico 
Os esquemas a seguir mostram, de forma simplificada, os fluxogramas que auxiliam no 
diagnóstico clínico da hiperfosfatemia e da hipofosfatemia, respectivamente. 
 
Hiperfosfatemia. IRA = Insuficiência renal aguda. 
Hipofosfatemia. 
MAGNÉSIO 
O magnésio é um íon fundamental em diferentes funções do organismo. Atua como cofator 
enzimático e na glicólise, fosforilação oxidativa, replicação e metabolismo celular, manutenção 
dos ácidos nucleicos e síntese de proteínas, estabilização dos axônios e liberação de 
neurotransmissores. Assim como o cálcio e o fósforo, ele é estocado nos ossos, mantendo seus 
níveis séricos a partir desse depósito natural (aproximadamente 53% do total). Além disso, 27% 
encontram-se no músculo, 19% nos tecidos moles, 0,5% nos eritrócitos e 0,3% no soro. 
Balanço do magnésio 
A concentração sérica do magnésio é o resultado de um balanço na ingestão/absorção do íon, 
excreção (trato urinário e intestinal) e biodistribuição no organismo. O influxo de magnésio para 
dentro da célula e o seu efluxo são ligados a sistemas de transporte dependentes de 
carboidratos. A estimulação de receptores beta-adrenérgicos favorece o efluxo de magnésio, 
enquanto a insulina, o calcitriol e a vitamina B6 favorecem a sua entrada nas células. 
Ao mensurar seu nível sérico, não se pode usar como medida real o magnésio total, pois sua 
maior concentração está estocada nos ossos. Sua deficiência é mais bem caracterizada pelo 
histórico dos pacientes e pelo exame clínico físico. 
Hipomagnesemia 
Raramente, poderemos verificar casos em que os níveis séricos desse analito diminuem de forma 
isolada. Em geral estão correlacionados a baixas taxas de potássio, cálcio e fósforo. Podem 
ocorrer devido a enfermidades ou condições do trato gastrointestinal (TGI), como fístulas, diarreia 
e pancreatite, além da excessiva perda pela filtração renal, acidose metabólica, doença renal 
grave, etilismo crônico e medicamentos, como aminoglicosídeos, anfotericina B, cisplatina, 
ciclosporina, pentamidina e tiazídicos. Quando sintomáticos, os pacientes podem apresentar 
tetania, depressão, debilidade e arritmias cardíacas. 
Atenção 
O principal exame laboratorial é a dosagem sérica de magnésio. A hipomagnesemia pode estar 
associada à hipocalcemia por diminuição do PTH ou da resposta a este; e à hipocalemia, nos 
casos de perda urinária aumentada. A partir de dosagens urinárias do íon, é possível calcular sua 
fração de excreção urinária. Investigações adicionais devem ser solicitadas, dependendo da 
suspeita clínica inicial, como a diminuição do potássio sérico,hiponatremia e alteração no 
eletrocardiograma. 
Hipermagnesemia 
Trata-se de uma condição pouco comum, uma vez que a excreção renal é altamente eficaz 
quando há excesso desse analito. Os índices elevados de magnésio sérico são achados 
laboratoriais específicos em pacientes com insuficiência renal. As demais causas que também 
podem gerar hipermagnesemia são: aumento da ingestão, uso de lítio, cetoacidose diabética e 
doença de Addison; os sintomas mais comuns são perda de reflexos tendíneos, apneia, 
hipotensão, náusea e vômito. 
Determinação do magnésio 
Determina-se o magnésio pela espectrometria de massa atômica, método altamente sensível, 
automatizadoe de simples execução. Outras técnicas empregadas são: 
 O uso de um meio alcalino, onde se forma um composto colorido, o amarelo de titan. 
 O azul de metiltimol, que reage com o magnésio formando complexos colorimétricos. 
 O corante metalocrômico calmagita e o agente quelantes clorofosfonazo III, que também 
podem ser reagentes indicadores importantes na sua dosagem. 
Diagnóstico clínico 
Os esquemas a seguir mostram, de forma simplificada, os fluxogramas que auxiliam no 
diagnóstico clínico da hipermagnesemia e da hipomagnesemia, respectivamente. 
Hipermagnesemia. IRC = Insuficiência renal crônica. 
 
Hipomagnesemia. 
DOENÇAS OSTEOMETABÓLICAS 
As doenças osteometabólicas são um grupo de doenças relacionadas a distúrbios do 
metabolismo ósseo, como a osteoporose, a osteomalacia, o hiperparatireoidismo, o raquitismo e 
a doença de Paget, com destaque para a osteoporose. Essas doenças são caracterizadas pela 
perda de massa óssea e ruptura de sua microarquitetura, ocasionando a fragilidade desse tecido 
e, consequentemente, a incidência de fraturas. 
Vamos agora entender mais sobre essas doenças osteometabólicas. 
Osteoporose 
Esta enfermidade é associada a índices reduzidos de minerais e da matriz óssea; 
necessariamente, à perda da estrutura microscópica do tecido ósseo e sua ultra-arquitetura. No 
entanto, a avaliação histoquímica é normal. De fato, o que fica comprometido no que tange à 
fisiologia é a rigidez dos ossos, aumentando o risco de fraturas no sistema de sustentação do 
corpo. 
Trata-se da doença óssea metabólica mais frequente, ligada a diversos fatores clínicos, 
bioquímicos e epidemiológicos. Pode, portanto, ser de natureza primária, associada à deficiência 
de hormônios esteroides sexuais, ou secundária, como consequência de doenças endócrinas de 
natureza variada, causas gastrointestinais, disfunções da medula óssea e do tecido conjuntivo, 
uso de drogas, álcool, heparina, corticoides, anticonvulsivantes, ciclosporina e quimioterapia. 
 
Osso normal e osteoporose. 
CORRELAÇÃO ENTRE A DENSITOMETRIA ÓSSEA E O DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
DO METABOLISMO MINERAL 
A especialista Jéssica Ribeiro Lima fala sobre densitometria óssea e a sua correlação com as 
dosagens laboratoriais dos analitos indicadores do metabolismo mineral. 
Osteomalácia/raquitismo 
A enfermidade da osteomalácia, também denominada raquitismo, ocorre antes do estágio no qual 
se completaria o desenvolvimento ósseo de fato, com fechamento completo das epífises. Essa 
doença está ligada à ausência de mineralização completa dos ossos, por diversas condições, 
mas relacionada sempre ao metabolismo do cálcio e do fósforo. 
 
Raquitismo. 
 
Ocorre formação óssea normalmente, mas os ossos não apresentam a dureza intrínseca – ficam 
moles. A doença decorre, principalmente, da carência da vitamina D e diminuição nos valores de 
fosfato (hipofosfatemia crônica), manifestando-se sob a forma de fraqueza muscular, andar 
cambaleante, dor óssea e tendência aumentada a fraturar os ossos. 
Doença óssea de Paget 
A doença de Paget – também conhecida como osteíte deformante – é uma doença crônica, de 
causa ainda pouco conhecida, com comprometimento ósseo local ou sistêmico. No início da 
doença, ocorre alta taxa de remodelação óssea com aumento da atividade de osteoclastos e 
aumento na velocidade da degradação e formação óssea. As áreas superativas aumentam de 
tamanho, mas, apesar de serem grandes, são estruturalmente anormais e fracas. 
 
Doença de Paget. 
 
A doença acomete indivíduos geralmente acima de 40 anos de idade, atingindo em torno de 5% 
da população; atinge os ossos do crânio, pelve, vértebras e fêmur. São frequentes as queixas de 
dor muscular e óssea, deformidade, atrite, deficit neurológico, tumores ósseos e ICC. 
Laboratorialmente, nota-se aumento da FAL, da osteocalcina, do cálcio, fósforo, além da 
elevação da hidroxiprolina urinária. 
Osteodistrofia renal 
A osteodistrofia renal compõe um conjunto de anormalidades do esqueleto, comumente 
associadas a doenças renais, em função do comprometimento dos mecanismos fisiológicos que 
provocam a patologia, alterando a excreção dos íons cálcio, fósforo e magnésio. Em associação, 
pode-se verificar osteíte fibrosa, osteomalácia, osso aplástico e amiloide esquelética. 
Atenção 
PTH em níveis elevados, na IRC, pode resultar nesse tipo de enfermidade. Intoxicações por 
alumínio também já foram correlacionadas a essas condições fisiopatológicas. A sintomatologia 
mais comum é a dor óssea, podendo haver deformidades naqueles indivíduos em estágio de 
crescimento, além de calcificações em órgãos como pulmões e coração. 
Observe a imagem radiográfica da região periosteal, mostrando uma reação periosteal fina e 
tunelamento cortical no fêmur. O paciente apresenta doença renal em estágio terminal e 
hiperparatireoidismo terciário. 
 
Radiografia da região periosteal. 
Marcadores da formação óssea 
Os principais marcadores da formação óssea são cálcio, fósforo, magnésio, PTH, vitamina D e 
FAL, devendo ser dosados frequentemente e seus índices alterados correlacionados às 
patologias anteriormente descritas, em associação às queixas e história clínica de cada paciente. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. O metabolismo mineral e ósseo, em sua avaliação, permite melhor compreensão da 
fisiopatologia das doenças ósseas, com elevada sensibilidade e maior especificidade na detecção 
desses marcadores em Bioquímica Clínica. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a seguir: 
 
I. Um dos principais métodos de dosagem do cálcio sérico é por espectroscopia de absorção 
atômica. 
 
II. A dosagem de cálcio urinário, ou calciúria, é determinada de forma idêntica aos métodos 
usados no soro e no plasma, coletando-se a urina de 24h para tal ensaio. 
 
III. A dosagem de cálcio ionizado é feita por eletrodo íon seletivo em amostras coletadas com 
heparina. Essa metodologia também é usada para o cálcio sérico. 
 
É correto o que se afirma em: 
 I. 
 II. 
 III. 
 I e II. 
 I e III. 
 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "D" está correta. 
No organismo, o cálcio é encontrado livre, ligado a proteínas como a albumina e complexado com 
ânions. No entanto, o cálcio livre é aquele dito fisiologicamente ativo. A dosagem de cálcio 
ionizado é feita por eletrodo íon seletivo em amostras de soro, método que não é sensível ao 
cálcio ligado a proteínas. Além do soro, pode-se utilizar sangue total com heparina em 
emergências e o plasma, mas não são as amostras-padrão. A dosagem do cálcio sérico é feita 
por diferentes métodos, como por exemplo a espectroscopia de absorção atômica e na urina são 
utilizados os mesmos métodos de dosagens que no sangue, mas em amostras de 24 horas. 
 
2. A doença óssea de Paget ocorre em indivíduos acima de 40 anos, mais comumente na pélvis, 
no crânio, na coluna e nas pernas. Os fatores de risco para essa enfermidade deformante incluem 
envelhecimento e histórico familiar da doença. Com o tempo, os ossos afetados podem ficar 
frágeis e deformados, e geralmente a doença é assintomática durante um longo período. Além 
das alterações fisiopatológicas, há alterações no metabolismo mineral que refletem nos exames 
laboratoriais. 
 
Assinale a alternativa que contempla os achados laboratoriais mais comuns dessa doença, 
indicando comprometimento ósseo: 
 
 Diminuição de PTH, vitamina D, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
 Aumento da amilase e lipase, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
 Aumento da FAL, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
 Aumento da amilase, lipase, GGT e sem alteração sensível nos indicadores de 
metabolismo mineral. 
 Diminuição da FAL, da osteocalcina, cálcio e fósforo. 
 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "C" está correta. 
 
Ainda não há uma origem fisiopatológica clara para explicar como surge a doença de Paget. 
Nessa doença, há um comprometimento ósseo local ou sistêmico, inicialmente, com alta taxa de 
reabsorção óssea e aumento da ação dos osteoclastos. Laboratorialmente, são notados aumento 
da FAL,da osteocalcina, cálcio, fósforo e elevação da hidroxiprolina urinária. 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste estudo, você conheceu os principais conceitos em Enzimologia, que viabilizaram a 
compreensão das bases da Bioquímica Clínica, assim como as principais enzimas diagnosticadas 
no laboratório clínico, que culminaram na criação de importantes ferramentas auxiliares de 
diagnóstico médico de diversas enfermidades. 
Atualmente, a maior parte das dosagens é realizada por métodos automatizados; no entanto, é 
válido conhecer as demais metodologias para a determinação dos índices séricos dos analitos 
estudados. Em casos como o IAM e a pancreatite aguda, assim como em enfermidades ósseas e 
metabólicas, a velocidade, a precisão e a sensibilidade na determinação desses marcadores 
clínicos são cada vez mais importantes no diagnóstico, e interferem diretamente na assistência 
dos pacientes. 
Além de trazer elementos importantes para o entendimento da qualidade dos ensaios 
laboratoriais, este estudo buscou valorizar a Bioquímica Clínica como parte da estratégia de 
saúde que visa à manutenção do bem-estar de todos. 
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fósforo y el magnesio. In: LORENZO V.; GÓMEZ, J. M. L. (Eds) Nefrología al Día, 2021. 
BRASIL. Ministério da Saúde. 29/9 – Dia Mundial do Coração: seja um herói do coração! 
Publicado em: 29 set. 2019. Consultado na internet em: 15 mar. 2021. 
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2018. 
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MARSHALL, W. J.; LAPSLEY, M.; DAY, A. P.; AYLING, R. M. Bioquímica clínica: aspectos 
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MOTTA, V. T. Bioquímica clínica: princípios e interpretações. 5. ed. 2009. 
SCHMITZ, C. W. Distúrbios do fósforo e cálcio. In: Medicina Net Artmed. Consultado na 
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SCHMITZ, C. W. Distúrbios do magnésio. In: Medicina Net Artmed. Consultado na internet em: 
17 mar. 2021.

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