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Ao tratar de fracasso escolar, é importante observar quando as dificuldades de aprendizagem mascaram as dificuldades de ensino, ou seja, quando a responsabilidade da escola é encoberta, centrando-se no aluno o insucesso (CASTRO, 2020). As principais causas do fracasso escolar, na maioria das vezes, tem sua origem nos sistemas de ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes nas escolas, pois não identificam as inadaptações à aprendizagem, contudo, outros fatores podem estar relacionados a esse fracasso escolar (CASTRO, 2020). As primeiras explicações ao fracasso escolar resultaram da medicina, o que implicava em atribuir determinantes biológicos às causas; Assim, as dificuldades de aprendizagem estariam relacionadas a questões congênitas e de hereditários, atribuindo todas as perturbações que não fossem causadas por lesão cerebral a disfunções neurológicas ou a retardos de maturação imputados com um equipamento genético defeituoso, que seria assim causador do fracasso (CASTRO, 2020). Em decorrência dos testes de inteligência, o fracasso escolar foi associado ao déficit intelectual (o baixo Ql). Assim, a boa aprendizagem era associada à inteligência e o fracasso à debilidade mental (CASTRO, 2020). Porém, deve-se compreender que a capacidade que uma criança apresenta num teste pode ser apenas uma parte do seu potencial, e somente estudando a singularidade do sujeito podemos compreender o sentido desse “sintoma” escolar (CASTRO, 2020). Diversos autores entendem que o fracasso escolar é um problema social e politicamente produzido (CASTRO, 2020). Seus trabalhos representam denúncias e protestos ao descaso do Estado com a educação, que seria responsável pelo “fracasso” dos alunos em idade escolar, principalmente na educação e ensino público (CASTRO, 2020). No que diz respeito ao fracasso escolar, a teoria da carência cultural defendeu que o fracasso estaria diretamente relacionado à privação cultural do educando, entendendo os indivíduos mais “pobres” como pobres em estímulos e também em funções cognitivas necessárias ao desenvolvimento psíquico da criança e adolescente (CASTRO, 2020). As ideias da perspectiva crítica-reprodutivista pos- suem uma preocupação com a problemática sobre as escolas serem o meio onde se reproduzem as relações de poder vigentes na sociedade (CAST- RO, 2020). Assim, a escola apresenta-se como um reflexo da sociedade capitalista, que busca apenas preparar os indivíduos para o trabalho Desta forma, as causas do fracasso escolar, que antes eram procuradas fora do sistema escolar, se voltam para um enfoque onde os fatores intraescolares prevalecem como causadores desse insucesso (CASTRO, 2020). Assim, a teoria crítico- reprodutivista, introduziu a possibilidade de se pensar o papel da escola no âmbito de uma concepção crítica sobre a sociedade. As ideias que atualmente estão em vigor no Brasil a respeito das dificuldades de aprendizagem escolar, têm uma história, onde Inicialmente, as explicações para as dificuldades de aprendizagem eram dadas pelas diferenças de classes sociais existentes em um contexto de sociedade capitalista e precária (CASTRO, 2020). a ênfase volta-se para atribuir o fracasso às diferenças individuais, baseando-se na concepção de hereditariedade, apoiada nos estudos de Darwin. Os casos de dificuldade de aprendizagem começam a ser diagnosticados e tratados por psiquiatras, dando origem ao processo de medicalização desse fracasso (CASTRO, 2020). Uma forte tendência à psicologização das dificuldades da aprendizagem. As crianças provenientes dos segmentos das classes trabalhadoras dos grandes centros urbanos integraram em maior número o contingente de “fracassados” na escola. Além disso, o movimento de higiene mental também colaborou com essa corrente de pensamento, ao também restringir a explicação das dificuldades de escolarização ao âmbito das disfunções (CASTR0, 2020). Apresenta tentativas de explicação do fracasso escolar estavam voltadas para culpabilizar o sujeito que sofria o fracasso e a sua família (CASTRO, 2020). O livro "A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia" escrito por Maria Helena Patto rompe com os estereótipos, chamando a atenção para a necessidade de análise do contexto sócio-político que apresenta muitas contradições (CASTRO, 2020). O processo de culpabilização do aluno, e pela via da patologização dos problemas escolares, tem se fundamentado e expressam a mesma desconsideração pelas múltiplas determinações da realidade educacional (CASTRO, 2020). Maria Lúcia L. Weiss, considera como fracasso escolar uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou de manda da escola, e ela estuda a questão pelas perspectivas: a da sociedade, a da escola e a do aluno: É a mais ampla e de certo modo, permeia as demais. Está ligada ao tipo de cultura, as condições e relações político-sociais e econômicas vigentes, o tipo de estrutura social, as ideologias dominantes e as relações desses aspectos com a educação escolar. a autora aponta a escola como o maior contribuinte do fracasso escolar de seus alunos. E esta perspectiva não pode ser analisada isoladamente da anterior, pois os sistemas de ensino (público ou particular), refletem a sociedade em que está inserido. Weiss aponta como causas, as escolas desestruturadas, a falta de profissionais qualificados, sem apoio material e pedagógico.. ou seja, o fracasso escolar e as condições internas de aprendizagem do aluno, focando, assim, a questão da intersubjetividade . Cabe, então, a atenção para os aspectos orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais e pedagógicos que levam o aluno a não aprender e consequentemente ao fracasso. Os três enfoques do fracasso escolar, expostos por Weiss não são excludentes entre si. O fraca sso escolar é causado por uma conjugação de fatores interligados que impedem o bom desempenho do aluno." Na prática diagnóstica, destaca a autora, é necessário levar em consideração esses para construir uma visão gestáltica da pluricausalidade desse fenómeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito. Outros fatores são apresentados na tabela por Castro (2020), da seguinte forma: Desenvolvimento e funcionamento das estruturas cognitivas em seus diferentes domínios Desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento escolar Relacionados à construção biofisiológica do indivíduo que aprende, ou seja, alterações nos órgãos... Relacionados à perspectiva da sociedade em que estão inseridas as famílias e a escola. I Estão incluídas as questões ligadas à metodologia do ensino, à avaliação, à dosagem de informações... estru turação das turmas,
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