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TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO - RESENHA CRÍTICA

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA 
UNOESC XANXERÊ 
TEORIA GERAL DO ESTADO 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
OTAVIO STOHR DAMIAN 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO - TAE 
 
 
 
 
 
 
 
Xanxerê/ SC 
2021 
OTAVIO STOHR DAMIAN 
 
 
 
 
 
TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO - TAE 
 
 
 
 
 
 
Trabalho do Componente Curricular 
Teoria Geral do Estado apresentado ao Curso de 
Direito, Área das Ciências das Humanidades, da 
Universidade do Oeste de Santa Catarina. 
 
 
 
 
 
 
Professor: Cesar Marció 
 
 
 
 
 
Xanxerê/ SC 
2021 
Resenha crítica 
 
A sociedade na qual estamos inseridos é permeada de mudanças onde 
as ações do homem são, na maioria das vezes, imprevisíveis, muito porque seus 
objetivos nem sempre são explícitos, sendo muitas vezes reflexo do seu próprio 
instinto, um exemplo disso é o próprio surgimento da sociedade, onde em 
determinado momento os homens sentiram necessidade de se agrupar para 
poderem sobreviver, desta forma, pouco a pouco desenvolvendo culturas, 
opiniões e formas diferentes de se viver cedendo espaço para diferentes 
concepções teóricas sobre o significado de Estado, em especial o Estado 
Moderno que surge num primeiro momento absolutista, tendo a soberania, o 
território, o povo como principais características. 
Primeiramente, o conceito de soberania pode ser reduzido como a noção 
de monopólio da autoridade de um determinado “chefe” sobre um território. A 
garantia da soberania está ligada na manifestação do poder onde o uso da força 
militar é o principal instrumento de garantia da soberania que é ilimitada dentro 
de uma área chamada de território que possui limites onde cada regime político 
possui para comandar sem prejudicar o outro, ou seja, é até onde o arbítrio da 
soberania do Estado passa valer. É nesse local que o Estado exerce uso, gozo 
e jurisdição. Do mesmo modo, o Estado só exerce poder sobre determinado 
território quando há autoridade, os demais Estados reconhecem tal território 
como sendo seu e quando suas instituições forem sediadas dentro desse mesmo 
território. Outro elemento constitutivo do Estado é o povo, em síntese, conjunto 
de pessoas que formam a nação e possuem vínculo jurídico com o Estado e que 
tem o papel de votar em seus representantes e após isso fiscalizar seu trabalho 
sendo amparado pela lei, restando à importância do voto consciente. 
Partindo da premissa de que o Estado, agora não mais absolutista, mas 
sim baseado nas ideias de liberdade logo após a Revolução Francesa, pudesse 
ser descentralizado. Assim a sociedade da época baseou-se nas teorias de 
publicistas alemães do século XIX, aos quais idealizavam de que o Estado 
passasse a ser uma pessoa jurídica para atender aos interesses da parcela da 
sociedade que antes fora oprimida, representando um grande avanço na 
disciplina jurídica de interesse coletivo, colocando o povo como uma unidade. 
Isto porque, abandona-se o modelo absolutista e teocêntrico e intercorre para 
um Estado liberal, onde a legitimidade do poder estatal não se baseia nas 
vontades de um soberano, e sim em prol do bem comum, firmado por um pacto 
social cuja peça chave é a participação do cidadão, que assim abria espaço para 
que o Estado adquirisse uma configuração onde prevaleceria a vontade geral, 
tendo também suas lideranças eleitas de forma democrática e podendo assim, 
garantir a todas as pessoas participação civil e política. Desta forma, conclui-se 
que o Estado por ser uma unidade coletiva, que não possui dono e que possui 
responsabilidades, seja uma personalidade jurídica. 
Quando o governo absolutista francês fora derrubado com a revolução da 
burguesia, passa-se a adotar um sistema parlamentarista onde os burgueses do 
terceiro estado eram ativos politicamente, fazendo com que suas ideias fossem 
pautadas e discutidas. Porém, suas ideias de liberdade econômica e 
participação popular e até mesmo a utilização do termo ‘’nação’’, eram apenas 
jogadas políticas para poder ganhar espaço e poderes políticos concluindo, 
então, que essa classe não estava preocupada com o bem da sociedade civil. 
Ela se dizia lutar contra a monarquia absolutista, enganando a população com 
um discurso de que era necessário que o povo assumisse a liderança, porém, a 
preocupação era apenas com seus interesses pessoais demonstrando assim, 
sua vontade pela liberdade e propriedade onde quem faz as regras é quem tem 
poder econômico transcendendo uma visão negativa para este modelo de 
estado que ainda gerava exclusão e desigualdade. 
Desta forma, percebe-se que a passagem desses modelos de Estado 
transpassou os instintos do homem substituindo-os pelo sentimento de justiça e 
fazendo com que o ser humano passasse a ter voz ativa na sociedade que 
passou a correr atrás dos seus direitos amparados pela norma maior e não só 
abaixasse a cabeça e concordando com o que lhes era imposto pelos monarcas. 
Ademais, com a consolidação da Revolução Industrial surgiu o Estado Social 
com o intuito de reparar os erros do Estado Liberal e pensar mais no coletivo 
onde neste modelo o principal elemento estruturante do poder resta consolidada 
no pacto que faz com que a polis saia da mão só daqueles que detém poder 
aquisitivo para aqueles que possuem menos condições, no caso, a maioria 
proposta por Rousseau servindo, como fundamento da legitimação do ‘’Estado 
de Sociedade’’. A lei passou a ser moldada com a ação concreta e efetiva do 
Estado que possui a função de conferir direitos positivos a população seguindo 
os princípios de igualdade e segurança beneficiando a população e fazendo isso 
com a ajuda dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário que juntos são 
responsáveis por manter a ordem social, onde o executivo tem o papel de fazer 
valer a norma, o legislativo seria o qual a norma passaria a ser discutida e por 
fim o judiciário que teria por objetivo de julgar ou defender se for o caso. Todavia, 
o papel que deveria ser garantido pelo Estado não se concretizou em virtude das 
atrocidades ocorridas na Segunda Guerra Mundial o que deixou a população 
insatisfeita fazendo-se necessário um novo modelo, intitulado Estado 
Democrático de Direito que assegura vida digna para todos, com direitos 
assegurados como consta em nossa Constituição Federal, em específico no 
Artigo 5° não existindo mais vontade do Rei, poder econômico ou maioria e sim 
um pacto no qual o Estado, pessoa jurídica e formada pela sociedade tem um 
legislador com legitimidade jurídica, eleito pelo povo que pode fazer regras desde 
que não firam direitos fundamentais sob pena de retrocesso social e coerção se 
esses direitos forem feridos. Portanto, o Estado sendo sempre submetido a 
tensões sociais, deve manter um modelo de direito dinâmico, já que a todo 
momento diversas tensões ocorrem entre a sociedade, e o Estado é responsável 
por reger uma sociedade onde ocorrem diversas ideias diferentes e com 
características próprias do grupo social ao qual estão atreladas. Tendo o Estado 
então a responsabilidade de se fazer uma análise e refletir as aspirações da 
maioria do povo, já que a sociedade e suas necessidades sempre estão em 
constante mudança, sendo dever do Estado garantir essas vontades desde que 
estas sejam um apelo da maioria, para que assim haja uma transformação social 
em prol do bem comum da sociedade ao qual faz parte. Porém, infelizmente, 
este modelo tão bem-apessoado no papel é utópico, pois quando se fala nessa 
forma de Estado se presume uma mudança na sociedade, que a sociedade se 
torne solidária, com objetivos comuns, mais justa e que garanta os direitos de 
todas as pessoas, entretanto, é notável o desinteresse dos participes pelas 
mudanças realmente necessárias e interesse pelas suas vontades, ainda, 
individuais e de pequenos grupos sendo vista no Congresso Nacional, onde fica 
tão claro o interesse de grupos que se divide o congresso em bancadas.Concomitantemente, percebe-se que que com a evolução dos modelos 
de Estado mudam as formas, as funções e os poderes onde cada modelo tem 
sua forma de conduzir o sistema e com o pacto nasceu a participação civil e 
política dos cidadãos através da democracia na qual o voto é o principal meio de 
mudanças, entretanto, a apatia pela política se torna um obstáculo para a 
concretização das melhorias no nosso atual Estado Democrático de Direito uma 
vez que pela falta de conhecimento que gera a ignorância e disposição a 
sociedade volta a se tornar súdita de quem está no poder, pois fica fácil 
manipular quem não possui o mínimo de conhecimento sobre o assunto, e nesse 
ponto que se deve dar ênfase à importância do estudo da política, do Direito, da 
discussão de ideias e de observação do sistema político, ao adquirirmos 
conhecimento conseguimos defender com propriedade aquilo que queremos e 
evitamos que as mesmas castas permaneçam perpetuamente no poder.

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