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Salmonelose

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Salmonelose:
Trata-se de uma enfermidade infecto-contagiosa de 
caráter agudo ou crônico com um quadro clinico de 
diarreia ou septicemia febril, mas possuem alterações 
respiratórias, alterações do SNC. 
Etiologia: 
É causada por microrganismos do gênero Salmonella. 
 
 
 
 
 
 
A Salmonella entérica possui forma de bacilos e são 
móveis, é uma bactéria gram-negativa, aeróbio e 
anaeróbio facultativo (consegue sobreviver em 
ambiente com ou sem oxigênio- consegue sobreviver 
no intestino). Não fermenta lactose (importante para 
o diagnóstico diferencial para outras bactérias), 
produz gás sulfídrico (H2S), crescem em meios 
especiais como o ágar MacConkey, ágar verde 
brilhante e ágar Salmonella-Shigella. Infecta tanto 
homens como animais. 
A classificação final é feita por sorologia e os sorotipos 
são classificados de acordo com os antígenos 0 
somático (O)- dificulta a fagocitose, flagelares (H), 
capsulares (K). As fimbrias são importantes para 
fixação da bactéria nas células intestinais, uma vez 
que com os movimentos peristálticos a tendencia é 
ter a varrição das bactérias, e os flagelos são 
importantes para a movimentação das bactérias. 
Possuem sideróforos que são responsáveis pelo 
consumo do ferro. 
São sensíveis a luz solar, dessecação, tratamento pelo 
calor (55°C por 1h ou 60°C por 15-20min), 
desinfetantes comuns. 
 
 
 
 
 
Epidemiologia: 
Todas as espécies de animais domésticas são sensíveis 
a Salmonela, independente de sexo e raça, no 
entanto, os animais mais jovens são mais acometidos, 
os animais adultos, na maioria das vezes são 
assintomáticos ou apresentam quadros de aborto. 
Tem distribuição mundial, ocorre o ano todo, 
independe de clima e região. Os animais portadores e 
reservatório são os suínos, bovinos, aves e animais de 
sangue frio (répteis). O portador tem eliminação 
intermitente do agente. A infecção latente só tem a 
eliminação do agente se a doença for reativada. 
Os fatores estressantes que podem ativar 
Salmonelose latente ou subclínica são: infecções 
intercorrentes, transporte, Superlotação, prenhez, 
temperatura extremas, Privação de água, terapia 
antimicrobial oral, alterações repentinas na 
alimentação, procedimento cirúrgico com anestesia 
geral. 
Os meios de infecção são água e alimentos 
contaminados (fezes de animais doentes ou 
reservatórios), farinha de carne, osso e peixe, restos 
de alimentos humanos, esterco de galinha. O período 
de incubação é de 1-4 dias, com morbidade e 
letalidade variável (costuma ser baixa quando o 
manejo é satisfatório). 
Patogenia: 
Consegue se multiplicar de forma excelente no campo 
das bactérias. Possuem resistência na digestão por 
fagócitos e destruição por componentes plasmáticos 
do complemento. Possui habilidade em invadir as 
células do hospedeiro devido ao fato que a Salmonela 
possuir flagelos e fimbrias aumenta a capacidade de 
fixação nas células, consegue se projetar para dentro 
da célula e dentro da membrana dos enterócitos – se 
movem e penetram através das fimbrias e multiplicam 
dentro das células – engolfamento. 
 
 
 
 
 
Sinais clínicos: 
Os bezerros com idade de 3 meses a 1 ano e leitões de 
2-6 meses são mais comuns as infecções. Encontra-se 
principalmente, enterite aguda com diarreia com 
diferentes intensidades, sem ou com hipertermia, em 
casos graves leva à hipotermia, coloração esverdeada 
a acinzentada, presença de muco e evolui para 
catarro-hemorrágico. 
➔ Enterite aguda: apatia e anorexia, febre (40-
41°C), taquicardia, dispneia abdominal 
➔ Septicêmica: Febre (40,5-42°C), pneumonia, 
alterações nervosas ocasionais, decúbito 
lateral e movimentos de pedalagem, morte 
em 2-5 dias. 
➔ Se suplantarem fase diarreica e septicemia 
passam à fase subaguda: animais apáticos, 
recuperam-se em 15-30 dias 
➔ Potros (2-12 meses): diarreia esverdeada, 
cheiro ácido, promiscuidade. 
Bezerros que se recuperam da septicemia podem 
apresentar em 30-40 dias gangrena 
seca, decorrente da cogulação intravascular 
disseminada provacada pelo endo toxemia 
 
Patologia clínica: 
➔ Aumento de hemácias e hemoglobina- 
desidratação 
➔ Neutropenia e linfopenia 
➔ Diminuição de albumina- sangramentos 
➔ Aumento de fibrinogênio- resposta 
inflamatória 
➔ Hipoglicemia – devido a anorexia 
➔ Aumento de ureia e creatinina: febre, 
taquicardia e taquipneia gera uma alteração 
no fluxo renal 
➔ Diminui a pressão de gás carbônico 
➔ Diminuição de Na, Cl e Ca 
➔ Aumento de K, Mg 
➔ Aumento da FA, ALT e AST- funções hepáticas 
comprometidas. 
Patologia: 
O quadro depende do agente, da patogenicidade, 
adaptação ao hospedeiro e idade, visto que os 
animais jovens são mais sensíveis. 
Pode causar enfermidade grave ou passar 
despercebida. A doença se multiplica na mucosa 
entérica, causa inflamação, pode haver uma enterite 
catarral ou hemorrágica, edema de parede intestinal 
(LPS)- LPS pode cintribuir para a resposta inflamatória 
que lesa as células epiteliais do intestino, resultando 
em diarreia. LPS também é mediador do choque 
endotóxico que pode acompanhar salmonelose 
septicêmica. 
Os vasos congestos levam a uma exsudação líquida 
com alterações celulares gerando um complexo 
inflamatório, sendo assim há uma diminuição ou 
impedimento da absorção de água ou alimento 
invertendo a polaridade celular. O epitélio permite o 
fluxo de líquido do conjunto subjacente para luz 
intestinal, aumenta o peristaltismo levando a diarreia. 
Encontra-se: 
➔ Descamação celular 
➔ Enterite diarréica 
➔ Aspecto catarro-hemorrágica 
➔ Úlceras de diferentes tamanhos (íleo, ceco e 
cólon) 
➔ Suínos podem está associada a Fusobacterium 
necrophorum. 
➔ Conforme a faixa etária pode levar à morte 
por desidratação em 2-5 dias 
➔ Pode ganhar a corrente sanguínea levando a 
forma septicêmica ou paralítica, tendo lesões 
hepáticas com focos necróticos cor 
acinzentada- nódulos paralíticos, morte por 
anóxia se pneumonia for grave, morte por 
choque e parada cardíaca. 
➔ Esplenomegalia e petéquias 
➔ Hepatomegalia 
➔ Figado alaranjado 
➔ Nódulos paralíticos esbranquiçados 
➔ Pneumonia 
Diagnóstico: 
É feito o diagnóstico baseado na suspeita clínica, 
juntamente com idade compatível com sinais clínicos 
e necrópsia: enterite catarral e catarro-hemorrágica, 
hepatite com focos acinzentados, pneumonia lobar, 
petéquias nas serosas, úlceras no ceco e cólon. 
➔ Isolamento do agente etiológico- fezes e 
órgãos: fígado, pulmão e sangue. 
Diagnóstico diferencial: 
➔ Complexo diarréico: rotavírus, coronavírus, 
Escherichia coli. 
Prognóstico: 
➔ Bom em caso de tratamento antes de 48h- 
antes da desidratação 
➔ Mau em caso de desidratação e hipotermia 
Tratamento: 
➔ Antibióticos: oxitetraciclina, tetraciclina, 
furazolidona – de 5 a 10 dias 
➔ Antibiograma: plasmídeos R que codificam 
para a resistência múltipla são comuns em 
salmonelas 
➔ Hidratação 
Profilaxia: 
➔ Higiene 
➔ Remoção das fezes 
➔ Cuidado com comedouros e bebedouros 
➔ Combater ratos 
➔ Evitar promiscuidade 
➔ Não usar cama de frango para animais 
➔ Cuidado com restos de comida e matadouro 
➔ Vacinar vacas e marrãs contra paratifo 
➔ Imunidade colostral- proteção por 60-90 dias 
➔ Vacinação: bezerros (2mL-SC) - 
primovacinação aos 2-3 meses, reforço 30 
dias após, impede a doença; vacas (5mL- SC). 
➔ Saúde pública- zoonose (exceto S. 
typhimurium)

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