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_______________________ Estudos Disciplinares Formação Geral Prof. Bruno César Questão 9. Sociedade e economia: novas formas de negócios. Leia o texto a seguir. MIT: 60% das empresas do país precisarão mudar os seus negócios para sobreviver Pesquisadora do MIT comenta as principais transformações que vieram para ficar no mundo corporativo depois do coronavírus Manuela Tecchio do CNN Business, em São Paulo, 05/05/2020 À medida que algumas regiões do mundo começam a vencer a pandemia de coronavírus, e a economia, aos poucos, reabre, especialistas tentam calcular o tamanho do impacto da crise nas companhias. Para entender quais mudanças vieram para ficar no mundo corporativo e quais modelos de gestão e negócio vão prevalecer no médio e no longo prazo, o CNN Business conversou com a pesquisadora do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e coautora do livro “Qual Seu Modelo de Negócio?” (M. Books, 2018), Stephanie Woerner. Entre os principais temas de sua pesquisa, Woerner estuda como as empresas lidam com as transformações causadas pela digitalização da economia, especialmente no que diz respeito a competitividade e governança. Para ela, apesar de a maioria das empresas brasileiras ainda operar no primitivo modelo de negócio chamado de “silos and spaghetti” - mais exatamente 60% de todas as companhias do Brasil —, as mudanças induzidas pelo coronavírus vão transformar completamente esse cenário. O termo é uma forma que a pesquisadora utiliza para denominar as companhias que ainda não saíram da prestação de serviços (ou criação de produtos) básicos para os seus clientes. A tendência é que as companhias se digitalizem para aumentar a eficiência e desenvolver uma melhor experiência para os clientes. Em sua pesquisa, você estuda a forma de operação de grandes companhias que, teoricamente, estão preparadas para o futuro, as chamadas ‘future-ready companies’. O que isso significa exatamente? Quando falamos sobre o que significa ser uma empresa pronta para o futuro, estamos falando basicamente de duas coisas: uma grande eficiência operacional e uma excelente experiência para o cliente. Mas por que isso é tão difícil? Porque é preciso desenvolver as duas coisas ao mesmo tempo. Isso tem tudo a ver com o mundo digital. As “future-ready companies” reduzem seus custos digitalizando os processos internos, para melhorar a eficiência, e têm uma forte presença online, para oferecer ótimas experiências para os clientes e poder ter acesso a dados. Como o Brasil se encaixa nesse cenário? De acordo com as classificações do nosso estudo, a maioria das empresas no Brasil hoje, mais exatamente 60% delas, ainda está no estágio que chamamos de “silos and spaghetti”. Trata-se de um cenário muito complexo, de processos burocráticos, com dados e sistemas mal aproveitados e uma experiência do cliente que não está bem desenvolvida. As empresas lançam seus produtos e jogam na mão de seus funcionários a missão homérica de alcançar e fidelizar o cliente. São eles que precisam pensar “ok, esse cliente quer isso ou aquilo”. Em comparação com outras regiões que estudamos, o Brasil é bem semelhante à média do cenário global. A maioria das empresas também está nesse estágio mais primitivo. Na sua opinião, como essas transformações afetam o modelo de gestão? Como líder, você precisa entender os processos internos da sua organização e, em seguida, treinar sua equipe, se comunicar com eles, passar essa visão de como as coisas caminham e qual é o horizonte. Nossa pesquisa mostrou o quão difícil é fazer uma transição do antigo modelo de gestão, que parte de um controle dominante, para essa forma mais comunicativa e dinâmica de liderança. E a razão pela qual os chefes e gestores precisam mudar isso são as próprias transformações no mundo do trabalho. Quando você tem equipes menores e cada vez menos tempo para cumprir prazos, seus funcionários precisam ser capazes de decidir quando o produto está bom o suficiente, qual o momento de agir, coisas do tipo. Porque nem sempre vai ter um chefe por perto, ou vai dar tempo de pedir uma aprovação, portanto, os líderes devem estar muito confortáveis em deixar seus subordinados agirem. E no ambiente de trabalho, quais as principais mudanças que você vê se consolidando no médio e longo prazo? Muitas empresas, nos próximos dez anos, vão adotar uma profunda reestruturação em termos de espaço. Eu também acho que vai demorar bastante para todo mundo voltar ao trabalho como era antes. Hoje, nós temos esses escritórios abertos e compartilhados. Recentemente eu li um artigo que diz que as baias vão voltar à moda, porque você pode ter grandes divisórias entre as pessoas. Outra tendência é ter escritórios menores, para ir apenas de vez em quando, em situações específicas, como reuniões presenciais. Então, a maneira como trabalhamos vai mudar drasticamente. Muito mais gente vai trabalhar em casa. Que conselho você daria aos empresários brasileiros neste momento? Parece que o Brasil fica um pouco atrás da nossa amostra global em termos de modelo de negócio, mas, ao mesmo tempo, tem um destaque nas áreas de serviços financeiros da indústria, que estão indo super bem. Então, o que eu diria aos empresários brasileiros é: vocês começaram bem, o que precisam fazer agora é tentar descobrir um jeito de manter essa transformação em curso durante a pandemia. Esse não é o momento de pausar os avanços, de colocar sua empresa em “modo de espera”. Disponível em <https://bit.ly/3yTSrm7>. Acesso em 21 fev. 2022. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Segundo a entrevistada, uma empresa “pronta para o futuro” deve apresentar pelo menos um dos seguintes requisitos: elevada eficiência operacional (pela diminuição de custos oriunda da digitalização de processos) ou ótimas experiências para o cliente (pela sólida presença online). II. De acordo com a entrevistada, o fato de haver equipes “mais enxutas” e prazos mais exíguos demanda um novo sistema de gestão, em que a liderança é exercida de modo dinâmico e com comunicação efetiva. III. Na opinião da entrevistada, no contexto da reportagem, o Brasil tem evidência mundial no setor de serviços financeiros da indústria, mas precisa aprimorar-se no que se refere ao modelo de negócio. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. Análise das afirmativas. I – Afirmativa incorreta: Segundo a entrevistada, uma empresa “pronta para o futuro” deve apresentar, simultaneamente, elevada eficiência operacional (pela diminuição de custos oriunda da digitalização de processos) e ótimas experiências para o cliente (pela sólida presença online). II – Afirmativa correta: No texto, é dito que “nossa pesquisa mostrou o quão difícil é fazer uma transição do antigo modelo de gestão, que parte de um controle dominante, para essa forma mais comunicativa e dinâmica de liderança”. Além disso, “quando você tem equipes menores e cada vez menos tempo para cumprir prazos, seus funcionários precisam ser capazes de decidir quando o produto está bom o suficiente, qual o momento de agir, coisas do tipo”. Isso “porque nem sempre vai ter um chefe por perto, ou vai dar tempo de pedir uma aprovação, portanto, os líderes devem estar muito confortáveis em deixar seus subordinados agirem”. III – Afirmativa correta: No texto, é dito que “parece que o Brasil fica um pouco atrás da nossa amostra global em termos de modelo de negócio, mas, ao mesmo tempo, tem um destaque nas áreas de serviços financeiros da indústria”. Alternativa correta: D. Questão 10. Sociedade e economia: inovação. Leia o texto a seguir. O que é inovação? Inovação é a ação ou o ato de inovar, ou seja, modificar antigos costumes, manias, legislações, processos etc. Trata-se do efeito de renovação ou de criação de uma novidade. O conceitode inovação é bastante utilizado nos contextos empresarial, ambiental e econômico. Nesse sentido, o ato de inovar significa a necessidade de criar caminhos ou estratégias diferentes aos habituais meios para atingir determinado objetivo. Inovar é inventar ideias, processos, ferramentas ou serviços. A ideia de inovação, no entanto, não deve ficar fadada apenas à invenção de novos produtos, serviços ou tecnologias, mas também ao valor ou ao conceito de determinada coisa, como o modo de organizar uma empresa, por exemplo. No âmbito empresarial, existem vários tipos de inovação, como a inovação de produtos, a inovação de marketing, a inovação organizacional, a inovação radical, a inovação incremental etc. Atualmente, a inovação pode ser considerada um sinônimo de adaptação. Para que as empresas possam obter resultados e continuar na “batalha” no mercado empresarial, as inovações são essenciais, a fim de que consigam se moldar às mudanças que acontecem nas estruturas sociais e econômicas. Inovação tecnológica Entre todos os modelos e tipos de inovação, a inovação tecnológica é uma das mais comuns e mais presentes no cotidiano das pessoas. A inovação tecnológica é o processo de invenção, adaptação, mudança e evolução da atual tecnologia, que visa a melhorar e a facilitar a vida ou o trabalho das pessoas. As inovações tecnológicas estão presentes na vida do ser humano desde os primórdios da humanidade, com a adaptação e o melhoramento de ferramentas, armas e utensílios que ajudaram a facilitar a vida do homem e a aprimorar o seu trabalho ou a sua proteção. Disponível em <https://www.significados.com.br/inovacao/>. Acesso em 01 out. 2021 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O conceito de inovação abrange a invenção de novos produtos, serviços ou tecnologias e está limitado a esse âmbito. II. Há variadas categorias de inovação, como a inovação de marketing e a inovação de produto. III. A inovação tecnológica é algo recente e surgiu com o advento da internet. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. Análise das afirmativas. I – Afirmativa incorreta: Segundo o texto, “a ideia de inovação, no entanto, não deve ficar fadada apenas à invenção de novos produtos, serviços ou tecnologias, mas também ao valor ou ao conceito de determinada coisa, como o modo de organizar uma empresa, por exemplo”. II – Afirmativa correta: Segundo o texto, “no âmbito empresarial, existem vários tipos de inovação, como a inovação de produtos, a inovação de marketing, a inovação organizacional, a inovação radical, a inovação incremental etc.”. III – Afirmativa incorreta: Segundo o texto, “as inovações tecnológicas estão presentes na vida do ser humano desde os primórdios da humanidade, com a adaptação e o melhoramento de ferramentas, armas e utensílios que ajudaram a facilitar a vida do homem e a aprimorar o seu trabalho ou a sua proteção”. Alternativa correta: B. INTERVALO Questão 11. Fluxos migratórios: políticas de acolhimento. (Enade 2018 – com adaptações). Leia os textos 1 e 2 a seguir. Texto 1 Os fluxos migratórios, fenômenos que remontam à própria história da humanidade, estão em ritmo crescente no mundo, tornando urgentes, em todos os países, as discussões sobre políticas públicas para migrantes. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), 65,6 milhões de pessoas foram deslocadas à força no mundo em 2016. Em relação aos destinos de acolhimento, no mesmo período, dados oficiais do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) apontam que 56% das pessoas deslocadas no mundo foram acolhidas por países da África e do Oriente Médio, 17% da Europa e 16% das Américas. Considerando o contexto brasileiro, de 2010 a 2015, a população de migrantes vindos de países da América do Sul cresceu 20% e alcançou o total de 207 mil pessoas. Disponível em <https://bit.ly/3yUNZDz>. Acesso em 11 set. 2018 (com adaptações). Texto 2 Recentemente, a situação de imigração no Brasil, por ondas de deslocamento de pessoas nas fronteiras, tem sido percebida cotidianamente em matérias divulgadas pela grande mídia, principalmente no caso do estado de Roraima, que tem notificado a entrada de grande número de venezuelanos. Somente em solicitações, na condição de refugiados, os venezuelanos formalizaram 17.865 pedidos de acolhida ao Brasil em 2017. Disponível em <https://bit.ly/3nU6wK8>. Acesso em 11 set. 2018 (com adaptações) Considerando as informações apresentadas, avalie as afirmativas. I. A situação econômica dos países é fator determinante dos padrões de contorno dos deslocamentos internacionais e está representada na distribuição geográfica dos continentes que mais acolhem pessoas deslocadas no mundo. II. A América do Sul é a região em que há maior acolhimento de povos que, em razão de conflitos internos em seus países, têm se deslocado em massa. III. As situações de conflitos entre brasileiros e venezuelanos apontam para a necessidade de revisão da infraestrutura e das políticas públicas voltadas aos migrantes e refugiados. É correto apenas o que se afirma em a) I. b) III. c) II. d) II e III. e) I e III. Análise das afirmativas. I - Afirmativa incorreta: De acordo com o texto 1, “56% das pessoas deslocadas no mundo foram acolhidas por países da África e do Oriente Médio, 17% da Europa e 16% das Américas”. Observa-se que o maior acolhimento não acontece em regiões desenvolvidas. II - Afirmativa incorreta: Conforme o texto, as Américas respondem pelo acolhimento de 16% dos imigrantes. III - Afirmativa correta: Os conflitos revelam a ineficácia ou a inexistência de políticas públicas destinadas aos imigrantes. Alternativa correta: B. Questão 12. Internet: realidade e virtualidade. Leia os textos 1 e 2 a seguir. Texto 1 Todo mundo já viu, escutou e não conseguiu deixar de entreouvir a conversa de outros passageiros no ônibus falando sem parar em seus telefones. (...) Há adolescentes e jovens de ambos os sexos dizendo a alguém, em casa, por qual estação haviam acabado de passar e qual seria a próxima. Você pode ter tido a impressão de que eles estavam contando os minutos que os separavam de seus lares e mal podiam esperar para estar com seus interlocutores em pessoa. Talvez não tenha lhe ocorrido que muitas dessas conversas entreouvidas não eram ´ouvertures’ de conversas mais longas e substantivas que prosseguiriam em seu lugar de destino – mas seus substitutos. Que essas conversas não estavam preparando o terreno para a coisa real, mas eram, elas próprias, exatamente isso: a coisa real... Que muitos desses jovens ávidos por dar seus paradeiros a ouvintes invisíveis iriam dentro em breve, logo que chegassem, correr para seus próprios quartos e trancar as portas. BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. Texto 2 Disponível em <http://www.willtirando.com.br/tag/celular/page/2/>. Acesso em 04 ago. 2018. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Tanto o trecho de Bauman quanto a tirinha apresentam situações em que a proximidade virtual, por meio do uso do aparelho celular, desempenha o papel da realidade, com a intenção de substituir o contato direto nas relações interpessoais. II. Na tirinha, a crítica da mãe ao filho mostra-se infundada, pois ele responde prontamente a seu chamado. III. De acordo com Bauman, os jovens convivem com a tecnologia avançada, e isso expande as fronteiras e as possibilidades inter-relacionais, fortalecendo os vínculos pessoais. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e)I, II e III. Análise das afirmativas. I - Afirmativa correta: Bauman coloca que as conversas virtuais, muitas vezes, substituem as conversas presenciais, e isso também se observa na tirinha. II - Afirmativa incorreta: O fato de a resposta ter vindo por mensagem do celular indica que a crítica da mãe tem fundamento. III - Afirmativa incorreta: Bauman apresenta uma crítica ao uso da tecnologia, denunciando o enfraquecimento das relações pessoais. Alternativa correta: A. INTERVALO Questão 13. Relações humanas: empatia. Analise o texto e a charge a seguir. Já se sabe que problemas psicológicos atingem grande parte da população ativa: a pressa para fazer mais em menos tempo, a urgência para terminar e entregar as tarefas, a pressão por resultados, a ansiedade, a autocobrança para ser o melhor profissional, além dos problemas externos à empresa, que também podem influenciar negativamente o rendimento do colaborador. Por esse motivo, líderes e empresas precisam prestar muita atenção ao que acontece com os seus colaboradores, pregar valores positivos entre eles, compreender suas dificuldades circunstanciais e oferecer-lhes apoio e respeito. As relações dentro de uma empresa não precisam ser baseadas apenas em competitividade. Com a empatia, é possível construir, no ambiente de trabalho, laços de convivência preponderantemente respeitosos. Disponível em <http://oreporterregional.com.br/noticia/809/empatia>. Acesso em 26 set. 2018 (com adaptações). Disponível em <https://bit.ly/3bXFu1z> Acesso em 08 mai. 2018. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. De acordo com o texto, é possível criar uma interação pessoal mais positiva entre líderes e colaboradores, além de laços de convivência mais respeitosos no ambiente corporativo. II. A charge direciona seu foco para o exercício de se colocar no lugar de outra pessoa, para o exercício da empatia. III. Os elementos visuais da charge remetem a um ambiente sincero e natural, mas carregado de sentimentos como o egocentrismo e o individualismo. IV. A charge e o texto denunciam a agressividade à qual os colaboradores estão sendo submetidos no ambiente corporativo. É correto o que se afirma em a) I, II, III e IV. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e IV, apenas. Análise das afirmativas. I - Afirmativa correta: De acordo com o texto, “líderes e empresas precisam prestar muita atenção ao que acontece com os seus colaboradores, pregar valores positivos entre eles, compreender suas dificuldades circunstanciais e oferecer-lhes apoio e respeito”. II - Afirmativa correta: A frase “eu sei como você se sente” revela a capacidade de se colocar na posição do outro, seja por ter, de fato, compartilhado a mesma experiência, seja por imaginar o que seria ter vivido determinada situação. III - Afirmativa incorreta: A empatia opõe-se ao egocentrismo e ao individualismo. IV - Afirmativa incorreta: Ambos os textos propõem a prática da empatia no ambiente de trabalho, não pretendem denunciar agressões nas empresas. Alternativa correta: D. Questão 14. Comportamento: comentários em redes sociais. Leia a charge e o texto a seguir. Gente que comenta sem ler: Reflexões sobre uma epidemia digital Danilo Venticinque Clique em qualquer notícia de um grande portal, vá à seção de comentários e faça sua aposta: quantas pessoas realmente leram todo o texto antes de comentar? Quando comecei no jornalismo, ingênuo, acreditava que todos liam tudo. Os anos me tornaram cético. Hoje, tenho certeza de que o número é próximo de zero. Na internet, quase todos nós lemos muito mal. Num universo de leitura fragmentada, os comentaristas conseguem se destacar negativamente. Ao contrário dos outros maus leitores, que prestam conta apenas às suas consciências, quem comenta deixa registrada, definitivamente, a sua falta de atenção. Só não morrem de vergonha disso porque sabem que ninguém notará suas falhas. Afinal, se quase ninguém lê as notícias, é seguro apostar que mesmo o mais absurdo dos comentários passará despercebido por todos. Exceto, é claro, por outros comentaristas. Quanto maior a audiência de uma notícia, maior a chance de a caixa de comentários se transformar numa sala de bate-papo delirante, sem nenhuma relação com o assunto original. Não importa se o texto é sobre a Petrobras, sobre novas marcas de esmalte ou sobre o álbum da Copa: sempre haverá uma desculpa para transformá-lo em palco para brigas políticas. Quando a vontade de expressar uma opinião é irresistível, a lógica é o que menos importa. (...) Sempre há um ou outro justiceiro que gasta seu tempo apontando incoerências nos comentários alheios. São criaturas exóticas: leem não só os textos, como também os comentários - e ainda se dão ao trabalho de notar quando não há qualquer relação entre uma coisa e outra. Os esforços desses bravos heróis são em vão: a horda de comentaristas enfurecidos imediatamente os descartará como lacaios de algum partido político ou, pior ainda, metidos a intelectuais. Bem feito. Quem mandou gastar seu tempo lendo um texto na internet? Comentários em redes sociais são ainda piores. Lá, não é necessário nem mesmo clicar na notícia para palpitar sobre ela. Basta ler o título do post que um amigo compartilhou e o campo de comentários estará logo abaixo, com todos os seus encantos. (...) No último primeiro de abril, o site da National Public Radio (NPR) aplicou uma pegadinha impiedosa em seus leitores: publicou, no Facebook, um texto com o título “Por que a América não lê”. Centenas de pessoas comentaram o assunto. Algumas discordavam, indignadas. Outras concordavam e discorriam longamente sobre as causas desse fenômeno. O texto da notícia, que ninguém leu, explicava a piada e dizia algo como “os americanos leem, mas temos a impressão de que eles só olham o título antes de comentar”. Eu não saberia dizer precisamente o que estava escrito lá: confesso que não li o texto da NPR. Vi o link no Facebook de um ou dois amigos e decidi comentar sobre o assunto mesmo assim. Por muito tempo, acreditei que a multidão que comenta sem ler era a escória da internet. Que o mundo seria melhor se lêssemos todos os textos antes de palpitar sobre eles. Eu estava errado. Hoje penso exatamente o contrário. A enorme maioria dos textos que circulam pela internet é inútil. Os comentaristas ensandecidos simplesmente decidiram parar de perder tempo com esse tipo de bobagem. São seres mais evoluídos do que nós. Basta aplicarem em algo útil todas as horas de leitura superficial que economizam e logo dominarão o mundo. Saber comentar sem ler é uma habilidade indispensável para ser bem-sucedido no mundo digital. Se você ainda não aderiu, pare de ler agora e junte-se a nós. Seja bem-vindo ao futuro. O próximo passo rumo à iluminação digital é aprender a não ler e não comentar. As discussões na internet, convenhamos, nunca mudaram a opinião de ninguém. Nos meus anos menos esclarecidos, li muitos debates em seções de comentários. Nunca vi um crítico do governo terminar uma discussão com “pensando bem, acho que a culpa não é da Dilma”. Ou um ativista, após longas réplicas e tréplicas, decidir dar o braço a torcer: “diante de todos os argumentos aqui expostos, cheguei à conclusão de que #vaitercopa”. As discussões virtuais são tão dispensáveis quanto as notícias que as antecedem. Abençoado seja quem guarda sua opinião para si e cultiva o silêncio digital. É o que vou fazer agora. Até a próxima semana. Disponível em <http://glo.bo/3c6jFgv>. Acesso em 20 set. 2018. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/491596115554673681/>. Acesso em 20 set. 2018. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A charge apresenta um posicionamento opostoao do artigo, uma vez que ela critica o ato de comentar sem ler e o autor do texto afirma que “comentar sem ler é uma habilidade indispensável para ser bem-sucedido no mundo digital”. II. A charge faz referência aos conhecidos macacos (“não vejo”, “não falo”, “não ouço”) e, ao modificar as características deles, elogia aquele que, em vez de ficar mudo, manifesta-se nas redes sociais. III. De acordo com o artigo, o número de pessoas que comentam textos sem ler não é minoritário. É correto o que se afirma somente em a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I. e) III. Análise das afirmativas. I - Afirmativa incorreta: O artigo e a charge criticam o fato de as pessoas comentarem sem ler os mais diversos assuntos. II - Afirmativa incorreta: A charge faz referência aos conhecidos macacos, mas seu objetivo é criticar aqueles que fazem comentários sem ler. III - Afirmativa correta: O autor afirma que o número daqueles que leem uma notícia completa antes de comentá-la é extremamente pequeno. Alternativa correta: E. INTERVALO Questão 15. Desigualdades sociais: concentração de renda no Brasil. Leia a reportagem e a charge a seguir. Dados do IBGE mostram que desigualdade ainda é batalha a ser vencida. IBGE mostrou que 1% mais ricos recebe 36 vezes mais que os 50% mais pobres Marcello Corrêa - 29/11/2017 RIO - Dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE sugerem que a desigualdade social, intensificada pela recessão econômica, deve demorar a ser superada no país, na avaliação de especialistas. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, metade dos trabalhadores tinha renda média inferior a um salário mínimo em 2016. Além disso, a parcela dos 1% com mais rendimentos recebia 36 vezes mais que os 50% mais pobres. Por mudanças metodológicas na pesquisa, os números não podem ser comparados com os de anos anteriores. Portanto, o IBGE não divulgou a variação em relação a 2015. Mas, para o economista Cláudio Dedecca, especialista em trabalho e rendimento da Unicamp, há sinais de que a desigualdade aumentou no ano passado. — Os 10% mais ricos do país concentram 43,4% dos rendimentos. Pela metodologia antiga, esse número era de cerca de 40%. Por mais que haja alteração da amostra, diria que os indicadores sugerem uma aceleração da desigualdade enorme — disse o pesquisador, que considera correto o cuidado do IBGE em não comparar diretamente dados de pesquisas diferentes. Disponível em < http://glo.bo/3PAhhx9>. Acesso em 16 set. 2018. Disponível em < https://bit.ly/3c9N0qw>. Acesso em 16 set. 2018. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O objetivo da charge é criticar as pessoas que, sem verificarem se as informações recebidas são verdadeiras, fazem comentários sobre a situação do país. II. A charge e o texto evidenciam a desigualdade social no Brasil. De acordo com os dados, 1% da população tem renda igual à soma das rendas recebidas por 50% dos trabalhadores. III. Segundo os dados apresentados, infere-se que os mais pobres concentram quase 60% da riqueza gerada no país. IV. Na charge, encontra-se uma crítica à falta de percepção da realidade, pois o personagem com o celular não enxerga a desigualdade na situação cotidiana. É correto o que se afirma somente em a) II e IV. b) III e IV. c) I e III. d) I, II e IV. e) IV. Análise das afirmativas. I - Afirmativa incorreta: O objetivo da charge é criticar a falta de percepção de alguns em relação às desigualdades sociais presentes no cotidiano. II - Afirmativa incorreta: Os dois textos evidenciam as desigualdades sociais, mas, de acordo com a pesquisa apresentada na reportagem, os mais ricos, que equivalem a 1% da população, recebem 36 vezes mais do que os 50% mais pobres. III - Afirmativa incorreta: Segundo a pesquisa, os 10% mais ricos do país concentram 43,4% dos rendimentos, ou seja, o restante dos rendimentos (quase 60%) está nas mãos de 90% da população, percentual que não se refere somente “aos mais pobres”. IV - Afirmativa correta: Na charge, o personagem com o celular não percebe que o outro não goza de seus direitos de cidadão. Alternativa correta: E. Questão 16. Pesquisas científicas: novas formas de comunicação. Leia a matéria a seguir, publicada na edição Nº 269 da revista Pesquisa Fapesp. Ciência em tirinhas Por integrar imagem e texto de forma sintética e envolvente, a linguagem das HQs (Histórias em Quadrinhos) tem sido utilizada com frequência para traduzir resultados de pesquisas complexas para o público leigo e os jovens em particular. O Conselho Europeu de Pesquisa (ERC) – que apoia grupos de pesquisa de excelência e investe 17% dos €77 bilhões do orçamento do Horizonte 2020, principal programa científico da União Europeia – também tem uma linha específica para apoiar a produção de HQs científicas. Trata-se do programa Ercomics, que financia quadrinhos on- line (webcomics) inspirados em projetos realizados no âmbito do ERC. Um deles é Brain Trippers, que narra a jornada de pequenos alienígenas que chegam à Terra e invadem um cérebro com a missão de entender como funciona a mente humana. (…) “Embora seja difícil medir a influência dos quadrinhos na população, minha experiência sugere que as HQs de ciência podem ter, entre o público em geral, resultados didáticos similares aos obtidos em salas de aula”, disse Farinella em entrevista à Pesquisa Fapesp. Além de pesquisador, Farinella é ilustrador e coautor de Neurocomic, uma novela gráfica que desvenda os principais mecanismos do funcionamento do cérebro e acaba de ser lançada no Brasil. A obra é repleta de metáforas visuais: em uma das páginas, o cérebro torna-se uma central telefônica que recebe chamadas de várias partes do corpo. “O desafio é trocar palavras por ilustrações. Sempre que possível, prefiro mostrar, em vez de descrever com palavras”. Disponível em < https://bit.ly/3yvjaEi>. Acesso em 03 ago. 2018. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Há incentivos internacionais para que diferentes ramos da ciência sejam divulgados para o grande público na forma de histórias em quadrinhos, o que transforma complexas informações científicas em linguagem mais acessível. II. O Conselho Europeu de Pesquisa, apesar de financiar iniciativas nas áreas de histórias em quadrinhos científicas, alerta para o fato de elas dificultarem o aprendizado de crianças e jovens em sala de aula, uma vez que os estudantes são mais atraídos pelos desenhos do que pelo conteúdo escrito. III. Os quadrinhos apresentados contradizem o texto da matéria, pois mostram que as histórias em quadrinhos devem abordar temas menos densos, como o futebol. É correto o que se afirma em a) I e III, apenas. b) I, apenas. c) I e II, apenas. d) II, apenas. e) I, II e III. Análise das afirmativas. I - Afirmativa correta: O texto cita o apoio do Conselho Europeu de Pesquisa (ERC) para essa iniciativa. II - Afirmativa incorreta: O ERC não afirma que os desenhos distraem os alunos. Segundo o texto, o aprendizado com esse gênero textual é eficiente. III - Afirmativa incorreta: Os quadrinhos não contradizem o que foi afirmado na matéria. Eles apresentam, com humor, um conteúdo científico específico. Alternativa correta: B.
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