Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 2 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. missÃo Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VisÃo Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO biblioteca mUltiViX (dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Silva, Shirlei da Conceição Domingos. Ética, Responsabilidade Social e Ambiental / Shirlei da Conceição Domingos Silva. – Serra: Multivix, 2019. FacUldade capiXaba da seRRa • mUltiViX editoRial Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. diretor executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina diretora acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina diretor administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga diretor Geral Helber Barcellos da Costa diretor da educação a distância Flávio Janones coordenadora acadêmica da ead Carina Sabadim Veloso conselho editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de língua portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro design editorial e controle de produção de conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares multivix educação a distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina diretor executivo do Grupo multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO lista de FiGURas > FIGURA 1 - Éthos 18 > FIGURA 2 - Éticas deontológica e teleológica 20 > FIGURA 3 - Princípios éticos 23 > FIGURA 4 - Tipologia de valores 24 > FIGURA 5 - Dilemas éticos 26 > FIGURA 6 - Atores setoriais e respectivos níveis de atuação 44 > FIGURA 7 - Organizações classificadas pela missão e valores 46 > FIGURA 8 - IT Verde 48 > FIGURA 9 - Carro elétrico 49 > FIGURA 10 - Retrato de Milton Friedman 52 > FIGURA 11 - Dimensões da gestão responsável 55 > FIGURA 12 - Funções do gestor 57 > FIGURA 13 - Cinco dimensões da ética empresarial 67 > FIGURA 14 - Diversidade 68 > FIGURA 15 - Processo de aprendizagem e aprender a aprender 69 > FIGURA 16 - Processo de decisão do consumidor 75 > FIGURA 17 - Missão, Visão e Valores 81 > FIGURA 18 - Dimensões do desenvolvimento sustentável 95 > FIGURA 19 - Logística reversa 99 > FIGURA 20 - Coleta seletiva 101 > FIGURA 21 - Lixo 102 > FIGURA 22 - 5Rs 104 > FIGURA 23 - Exemplos de ecoetiquetas 105 > FIGURA 24 - Logística reversa 107 > FIGURA 25 - Fome 118 > FIGURA 26 - Modelo do Índice de Progresso Social 140 > FIGURA 27 - Empresa responsável 142 6 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO lista de QUadRos > QUADRO 1 - Subdivisões da ética 35 > QUADRO 2 - Campos de interesse da gestão responsável 42 > QUADRO 3 - Processo de gestão responsável 57 > QUADRO 4 - Esferas da ética empresarial 72 > QUADRO 5 - Princípios internacionais estabelecidos pela IOSCO 79 > QUADRO 6 - Métodos de avaliação do desempenho ético 82 > QUADRO 7 - Exemplos de estrutura de códigos de ética 87 > QUADRO 8 - Aspectos importantes da gestão responsável para os stakeholders 133 > QUADRO 9 - Dimensões da sustentabilidade e indicadores 136 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO lista de tabelas > TABELA 1 - Caracterização das dimensões da gestão responsável. 56 > TABELA 2 - Linha do tempo da consciência ambiental 92 > TABELA 3 - Ecoetiquetas 106 8 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIOsUmÁRio 1 intRodUÇÃo À Ética 17 1.1 INTRODUÇÃO À ÉTICA 18 1.1.1 ÉTICAS DEONTOLÓGICA E TELEOLÓGICA 19 1.2 ÉTICA E MORAL 22 1.3 DILEMAS ÉTICOS 25 1.4 FUNDAMENTOS DA ÉTICA 27 1.4.1 ÉTICA EMPÍRICA 28 1.4.2 ÉTICA DE BENS 30 1.4.3 ÉTICA FORMAL 32 1.4.4 ÉTICA DOS VALORES 33 1.5 TIPOLOGIA DA ÉTICA 34 conclUsÃo 36 2 GestÃo ResponsÁVel 38 intRodUÇÃo 38 2.1 GESTÃO RESPONSÁVEL 39 2.1.1 O CONTEXTO DA GESTÃO RESPONSÁVEL 41 2.1.1.1 ELEMENTOS CONTEXTUAIS 41 2.1.1.2 TEMAS E CAMPO DE INTERESSE 42 2.1.1.3 STAKEHOLDERS OU ATORES SOCIAIS 43 2.1.1.4 LOCAL DE TRABALHO DOS GESTORES RESPONSÁVEIS 45 2.1.1.5 TENDÊNCIAS E FATORES MOTIVADORES 47 2.1.1.6 OBSTÁCULOS, INIBIDORES E CRÍTICAS 51 2.1.2 OS FUNDAMENTOS DA GESTÃO RESPONSÁVEL 54 2.1.3 O PROCESSO DA GESTÃO RESPONSÁVEL 56 biblioGRaFia comentada 59 conclUsÃo 60 UNIDADE 1 UNIDADE 2 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO 3 Ética empResaRial 62 intRodUÇÃo 62 3.1 ÉTICA EMPRESARIAL 63 3.1.1 BREVE HISTÓRICO DOS ESTUDOS EM ÉTICA EMPRESARIAL 65 3.1.2 AS DIMENSÕES DA ÉTICA EMPRESARIAL 66 3.1.2.1 SUSTENTABILIDADE 67 3.1.2.2 RESPEITO À MULTICULTURA 68 3.1.2.3 APRENDIZADO CONTÍNUO 69 3.1.2.4 INOVAÇÃO 70 3.1.2.5 GOVERNANÇA CORPORATIVA 70 biblioGRaFia comentada 71 3.1.3 ÉTICA NA ATIVIDADE ECONÔMICA 72 3.1.3.1 ÉTICA E MARKETING 74 3.1.3.2 ÉTICA NO MERCADO FINANCEIRO 75 3.1.3.3 ÉTICA E COMPLIANCE 77 3.1.3.4 PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS 79 3.1.3.5 CULTURA EMPRESARIAL 80 3.1.4 CÓDIGO DE ÉTICA EMPRESARIAL 82 3.1.4.1 EXEMPLO DE ESTRUTURA PARA O CÓDIGO DE ÉTICA EMPRESARIAL 86 conclUsÃo 88 4 Responsabilidade ambiental 90 intRodUÇÃo 90 4.1 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 91 4.1.1 SUSTENTABILIDADE 94 4.1.1.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 94 4.1.2 POLÍTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA 98 sUmÁRio UNIDADE 3 UNIDADE 4 10 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO sUmÁRio UNIDADE 5 4.1.2.1 POLÍTICAS DE LOGÍSTICA REVERSA 98 4.1.2.2 COLETA SELETIVA 100 4.1.2.3 5RS 104 4.1.2.4 CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS 105 4.1.2.5 CONTABILIDADE AMBIENTAL 108 4.1.2.6 RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL – RPPN 108 4.1.3 NORMA ISO 26000 109 4.1.4 TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS 112 conclUsÃo 113 5 Responsabilidade social 115 intRodUÇÃo da Unidade 115 5.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL 116 5.1.1 A ÉTICA E A VIDA SOCIAL 117 5.1.1.1 ÉTICA E A FOME 117 5.1.1.2 A ÉTICA PÚBLICA, PRIVADA E POLÍTICA 119 5.1.1.3 A ÉTICA E A RELIGIÃO 120 5.1.2 A ÉTICA E A ECOLOGIA 120 5.1.3 BIOÉTICA – BREVE ABORDAGEM 121 5.1.3.1 FECUNDAÇÃO ARTIFICIAL 123 5.1.3.2 DOAÇÃO DE ÓRGÃOS 126 biblioGRaFia comentada 127 5.1.3.3 NORMA ISO 16001 127 conclUsÃo 128 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO sUmÁRio 6 demonstRatiVos da Responsabilidade empResaRial 130 intRodUÇÃo 130 6.1 DEMONSTRATIVOS DA RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL 131 6.1.1 FORMAÇÃO E COLETA DOS DADOS 133 6.1.2 RELATÓRIOS E INDICADORES DA SUSTENTABILIDADE 135 6.1.2.1 ÍNDICE DE GINI (G) 137 6.1.2.2 ÍNDICE DE PROGRESSO SOCIAL (IPS) 138 6.1.2.3 ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL (ISE) 140 6.1.2.4 RELATÓRIOS SUSTENTÁVEIS 141 biblioGRaFia comentada 143 6.1.2.5 BALANÇO SOCIAL 144 6.1.3 ÉTICA E LIDERANÇA 145 6.1.3.1 COMPORTAMENTO ÉTICO 145 6.1.3.2 LIDERANÇA ÉTICA 145 conclUsÃo 146 ReFeRÊncias 147 UNIDADE 6 12 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO iconoGRaFia ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO BIODATA DA AUTORA shirlei da conceição domingos silva Doutoranda em Administração pela UFMG. Mestre em Administração pela Funda- ção de Pedro Leopoldo (2017). Pós-Graduada em Controladoria e Finanças pelo IEC (2004). Bacharel em Administração pela PUC Minas (2003). Atualmente, Professora em cursos de Graduação nas áreas de Administração de Marketing e Vendas, Excelência em Vendas, Técnicas de Negociação, Planejamento Estratégico, Teorias de Administra- ção, Vivências Empresariais, Orientação de Projetos de Pesquisa Acadêmica e Recur- sos Humanos. Além das atividades de ensino, também atua como Coordenadora de Relacionamento com o Cliente na empresa FCA Fiat Chrysler Participações Brasil S.A, participa de projetos de melhorias de processo e redução de custo na empresa e possui experiência profissional nas áreas de Administração, com ênfase em gestão, OS&M, Compliance, Avaliação de Desempenho e Gerenciamento de Projetos. JUSTIFICATIVA Conhecer um contexto em que as organizações precisam adotar um modelo de gestão responsável para se manterem competitivas é fundamental. Os clientes estão cada vez mais conscientes e preferindo operar com empresas que atuem no merca- do comprometidas com ações socioambientais. Por isso, ter conhecimento de variá- veis como o triple bottom line da sustentabilidade, responsabilidade social e ética é um diferencial indispensável a todos, especialmente àqueles que estão iniciando suas vidas profissionais. ENGAJAMENTO Em seu dia a dia, perceba como as pessoas e as organizações se comportam. A visão de uma empresa convencional tem como foco exclusivo o lucro; já uma empresa responsável visa, além do lucro, ao bem-estar social e ambiental. Sendo assim: 14 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Você está preocupado com a sustentabilidade visando às gerações futuras? • Você percebe que as empresas que conhece atuam de forma responsável com o meio ambiente? • Você sabe o que é responsabilidade social ou ambiental? • Você sabe o que é sustentabilidade? • Você se comporta de forma ética e moral? • Você já foi questionado sobre o que é um comportamento ético e moral? Como foi? Você conseguiu estruturar sua resposta? Reflita sobre a sua atuação em cada um dos temas abordados. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Olá! Estamos iniciando o estudo da disciplina Ética, Responsabilidade Social e Ambiental. Com este conteúdo, espera-se desenvolver mecanismos para um proces- so de reflexão crítica a respeito das questões éticas e de responsabilidade social e ambiental. Ter o conhecimento de instrumentos que possibilitam refletir sobre uma conduta moral pautada sob princípios e valores éticos em relação a questões sociais e ambientais é fundamental para todos e, principalmente, para aqueles que estão iniciando suas vidas profissionais. Entretanto, conhecimento é algo que se constrói gradativamente; portanto, participação, dedicação e disciplina são requisitos funda- mentais para a excelência do seu desempenho. Assim, participe de todos os fóruns de discussão, leia os materiais e faça todas as atividades. Dessa forma, você chegará ao final com um perfil profissional diferenciado e muito valorizado pelas organizações. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO OBJETIVOS DA DISCIPLINA Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: • Exercer uma reflexão crítica do papel da ética no ambiente social e corporativo. • Descrever gestão responsável. • Explicar sobre a ética empresarial, seu contexto e stakeholders. • Explicar sobrea importância da responsabilidade social da organização. • Descrever a importância da sustentabilidade ambiental. • Explicar sobre as ferramentas de controle da gestão socioambiental. • Analisar os indicadores de sustentabilidade e responsabilidade social de uma organização. 16 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever o conceito de ética e moral. > Explicar a diferença entre ética e moral. > Descrever os fundamentos da ética e suas ramificações. > Discutir os dilemas do cotidiano. > Descrever as tipologias da ética. > Avaliar comportamentos éticos, antiéticos, aéticos, morais, imorais e amorais. UNIDADE 1 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À ÉTICA A palavra ética tem sido muito utilizada nos últimos tempos, invadindo o nosso dia a dia e nos levando a reflexões que são verdadeiros dilemas, como: “O que deve ou não ser feito? Isso está certo ou errado? Pego ou não pego? Isso será bom ou ruim?”. Perguntas como essas são frequentes quando se precisa tomar alguma decisão, que, por sua vez, é fruto da liberdade humana. O poder de decidir em um caminho e outro só é possível porque somos livres para escolher, e a escolha está relacionada a aspec- tos éticos que norteiam o comportamento humano. Mas o que é ética? Segundo Cortella (2017, p. 103), ética é “o nome do conjunto de princípios e valores de conduta que uma pessoa ou um grupo de pessoas tem”. Ela muda conforme o lugar e a época. Assim, pode-se concluir que aspectos que hoje são éticos em um tempo passado podem ter sido antiéticos ou poderão vir a ser antiéticos no futuro. Imagine você a seguinte questão: é muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que os políticos não são éticos. No entanto, essas mesmas pessoas acham normal pagar uma “gorjeta” a um agente de trânsito para não ter uma multa aplicada por estacio- nar em um local sem utilizar o rotativo. O que seria ético? A ética pode se diferenciar de uma época para outra, de um país para outro, de uma família para outra. Quando ouvimos um pai de família dizer “filho meu não faz isso”, o que efetivamente isso significa? Significa que, naquele local, onde aquelas pessoas convivem e se relacionam, tal comportamento não é aceitável. Relacionado a empre- sas, uma frase muito comum é “fazemos qualquer negócio” ou “não fazemos qual- quer negócio”. Qual seria a diferença? Qual dessas colocações é mais propensa a ser sustentável, se desenvolver com o intuito de gerar e preservar a vida, e não destruí-la? Dilemas éticos são enfrentados diariamente pelas pessoas tanto na vida pessoal como à frente de grandes organizações. Portanto, o conteúdo desta unidade aborda- rá aspectos relacionados aos conceitos fundamentais sobre ética, moral e seus dile- mas. Assim, este conteúdo permitirá que você reúna bases elementares que direcio- narão você na solução e interpretação de questões éticas do cotidiano. Vamos lá?! 18 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.1 INTRODUÇÃO À ÉTICA Segundo Cortella (2017, p. 104), ética vem do grego ethos, que, até o século VI a.C., significava morada do humano. Ethos é o lugar onde habitamos, é a nossa casa, a morada do humano. “Nesta casa não se faz isso”, “nesta casa não se admite tal coisa.” Ethos também significa marca ou caracter, o mesmo sentido de característica, aquilo que marca, modo de ser de uma pessoa. Para Walker (2015), a palavra ética é originada do grego ethikós (a partir de ethos), cujo significado é modo de ser, o bom costume, costume superior ou portador de caráter. FIGURA 1 - ÉTHOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Hanashir et al. (2008) apontam que a ética diz respeito aos direcionamentos para a conduta moral humana. É comum as pessoas caracterizarem a própria conduta ou a conduta de outras pessoas empregando adjetivos como bom, mau, certo e errado. O 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO objetivo de uma análise ética é justamente investigar o significado e escopo desses adjetivos atribuídos em relação à conduta humana em seu sentido fundamental e absoluto. O julgamento de um comportamento como ético ou antiético nada mais é do que a expressão de um sentimento humano do indivíduo diante de uma indignação com o comportamento alheio. Essa indignação é originada de preceitos fundamentais éticos, pois, segundo Vásquez (2014, p. 23), a “ética é a teoria ou ciência do comporta- mento moral dos homens em sociedade. Ou seja, a ciência de uma forma específica de comportamento humano”. Assim, Cortella (2017, p. 104) afirma que “a ética é um conjunto de princípios e valo- res que você usa para responder a três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso?”, e a moral é a prática da resposta a essas questões. Da mesma forma, Kant (2001, p. 417) assevera que “a moral também pode apresentar, pelo menos em experiências possíveis, todos os seus princípios in concreto, juntamente com as suas consequências práticas, e assim evitar o mal-entendido da abstração”. Nesse contexto, a distinção apresentada por Hanashir et al. (2008) norteiam quanto à apresentação dos conceitos de éticas por meio da classificação em deontológica e teleológica. 1.1.1 ÉTICAS DEONTOLÓGICA E TELEOLÓGICA Hanashir et al. (2008) e Corá e Brondani (2010) apontam que toda a teoria ética pode ser classificada em duas classes: a) deontológica, que estuda as regras de conduta, focando comportamentos específicos; b) teleológica, que estuda as consequências do comportamento. 20 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 2 - ÉTICAS DEONTOLÓGICA E TELEOLÓGICA Fonte: Adaptada de HANASHIR et al., 2008, p. • Ética teleológica: o argumento básico dessa concepção ética é que o ser humano, pela sua própria natureza, é motivado apenas pelos seus próprios interesses, e estes podem ser percebidos como egoístas ou altruístas. Assim: a) a ética teleológica egoística considera que o que atende aos interesses próprios é ético, sendo válido agir nesse sentido, ainda que isso implique ultrapassar os direitos alheios; e b) a ética teleológica altruística, apesar de orientada por interesses próprios, como desejo de recompensa, evitação da culpa, felici- dade, entre outros, visa ao bem-estar comum e considera os direitos alheios (HANASHIR et al., 2008, p. 81). • Ética deontológica: baseia-se em princípios universais, por exemplo, honesti- dade e respeito ao direito alheio. Para esse tipo de ética, os fins não justificam os meios (HANASHIR et al., 2008, p. 81). Diante dessas duas classes, é possível o seguinte questionamento: como então definir se um comportamento está sendo ético? 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO A resposta é: depende! Para melhor visualizar a resposta “depende” (acima) em relação às duas classes de ética teleológica e deontológica, reflita sobre a seguinte situação colocada por Hanashir et al. (2008, p. 81): pense no caso de uma empresa que tem seus produtos maquiados, diminuindo o peso, sem avisar o cliente, mantendo o preço. Você diria que esse comportamento é ético? Talvez você responda: “Não!”. A empresa está agindo visando apenas a benefíciospróprios, isto é, orien- ta-se pela consequência das suas ações. Nesse caso, age orientando-se por uma ética teleológica egoística. Se você não considera esse comportamento ético, é porque, no seu grupo social ou na sociedade em que você vive, essa forma de agir não é considerada moralmente correta. Você diria que uma empresa que não tem seus produtos maquiados e que se orienta pelo princípio da verdade e da honestidade é ética? Se você respon- deu “sim”, significa que, para você e para os grupos sociais dos quais você faz parte, esse comportamento é moralmente correto. Uma empresa que age dessa forma possivelmente se guia pela ética deontológica. A ética tem a ver com a liberdade de escolha, a autonomia humana em determi- nar como se quer conviver em sociedade. Segundo Cortella (2017), ética é uma inte- ligência compartilhada que existe em função do aprimoramento do convívio em sociedade. Abrir mão da liberdade de escolha é também abrir mão da ética. O ser humano decide sobre sua conduta moral. O autor ainda coloca que o ser humano age de má-fé quando abre mão da liberdade de escolha em prol da justificativa de comportamentos que causam constrangimento. O constrangimento pode ser prove- niente da questão moral. Para Nalini (2014, p. 61), “a liberdade moral é atributo real da vontade”. 22 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.2 ÉTICA E MORAL A ética é uma ciência por ter objeto próprio e princípios próprios. Apesar de provoca- rem a mesma percepção, a ética e a moral não devem ser utilizadas como sinônimos, pois “não se deve confundir a teoria da ética com o seu objetivo: o mundo moral” (VÁSQUEZ, 2014, p. 23). Para Barbieri e Cajazeira (2016, p. 91): O adjetivo moral indica a característica de uma conduta orientada por esses valores e normas, qualificando-a como boa, certa, correta ou desejada. O subs- tantivo ética indica o estudo a respeito da moral, por isso também é conheci- do como filosofia moral ou ciência moral (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016, p. 91). Nesse contexto, Nalini (2004) acrescenta que a ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, é a ciência dos costumes cujo objeto é a moral. A expressão moral deriva da palavra romana mores e do latim moralis. A moral é então apresentada com o sentido de costumes, conjunto de normas adqui- ridas pela educação, tradição, cotidiano e hábito de determinados comportamentos sociais. Enquanto a ética é permanente e se adéqua conforme o tempo, a moral é essa adequação temporal. Enquanto a ética são os princípios e valores, a moral é a conduta ou comportamento frente a esses princípios, ou seja, a conduta da regra. Por fim, enquanto a ética é a teoria, a moral é a prática. A ética é universal, e a moral é cultural. Todo ser humano possui a consciência moral que o leva a distinguir os comportamentos positivos e negativos dentro do contexto de uma sociedade em que está inserido. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO FIGURA 3 - PRINCÍPIOS ÉTICOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Segundo Laissone (2017) e Laasch e Conaway (2015), alguns exemplos (não exausti- vo) de valores e princípios éticos que norteiam a conduta humana em sociedade são: • Justiça: tida como um dos princípios fundamentais da ética, consiste na conduta de dar a cada um o que lhe pertence por direito, seja bom ou mau. A justiça deve ser cega sem avaliar antes os destinatários. • Honestidade: conduta de ser decente, confiante e honrado. • Responsabilidade: outro princípio fundamental da ética. É a conduta de responder pelos seus atos, assumindo as consequências da liberdade de suas escolhas. • liberdade: liberdade para realizar o que é necessário por meio do ofício ou profissão, estendendo o mesmo sentimento ao semelhante. • disciplina: obediência às regras necessárias ao bom atendimento dos objeti- vos sociais. 24 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Respeito: atenção ao próximo, aceitando as desigualdades e percebendo os valores e dignidade de cada um. • confiança: é a intenção de aceitar a manifestação, sendo a base do relaciona- mento que origina a lealdade, integridade e sinceridade. • Veracidade: conduta de expressar a verdade proveniente da sinceridade inte- rior. • transparência: impede alguma conduta de ocultação, seja ela de vantagem, fraqueza ou outra coisa que deveria ser de conhecimento do outro, sendo também relacionada à clareza, evidência, limpidez e lucidez. • solidariedade: estender a mão diante do sofrimento do outro (LAISSONE, 2017; LAASCH; CONAWAY, 2015). Os valores éticos são os pilares que sustentam e norteiam os comportamentos morais. Segundo Laissone et al. (2017, p. 63): Uma tipologia dos valores consiste na distinção entre valores instrumentais e valores finais (ou terminais). [...] os valores finais são os valores desejáveis e referem-se às metas que uma pessoa gostaria de atingir em sua existência. Já os instrumentais, contêm os valores preferenciais de comportamento ou os meios para se atingir os valores terminais (LAISSONE et al., 2017, p. 63). FIGURA 4 - TIPOLOGIA DE VALORES Fonte: Adaptada de LAISSONE et al., 2017, p. 63. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO Como coloca Morin (2015), qualquer um dos valores pode ser problematizado, porque os valores são complexos. Assim, não tem como definir qual tipo de comportamento seria o mais correto, isso dependerá da situação vivida. Vejamos um exemplo relacionado à disciplina. A disciplina instaurada em um quartel militar requer comportamentos totalmente diferentes da disci- plina instaurada em um asilo de idosos. No primeiro, quando toca a sirene, todos devem se levantar e se exercitar; já no segundo, pode significar hora de descanso ou de fazer algumas necessidades fisiológicas. Logo, a disciplina de um quartel não significa nada em um asilo. Outro exemplo seria relacionado à transparência. A transparência requer que aspectos do cotidiano do ser humano fiquem às claras para as pessoas, ou seja, esse princípio afirma que deve ser feito o que todos possam saber. Sigilo, por sua vez, é o inverso da transparência. Logo, a questão “que todos possam saber” dependerá da situação, certo?! Imagine que você trabalha em uma multinacional e faz parte de uma equipe que está trabalhando em um projeto estratégico de expansão da empresa. Essa expansão será em uma área que eliminará drasticamente a concorrência. Lembrando que um dos princípios éticos é a transparência, o que fazer? Ser fiel aos seus valores ou ser demitido por justa causa? Tudo é uma questão de escolha! Assim, a liberdade de escolha pode ser também fonte de angústia para o ser huma- no. Segundo Cortella (2017), a angústia surge quando a escolha não é fácil, não é tranquila. O fato de ter que tomar uma decisão causa inquietação, originando, assim, os dilemas éticos. 1.3 DILEMAS ÉTICOS Os dilemas éticos, frutos da liberdade de escolha, elevam o tema para questões problemáticas, dignas de reflexão. Os dilemas estão relacionados às questões “quero? 26 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Devo? Posso?” apresentadas por Cortella (2017). Segundo o autor, existem coisas que queremos, mas não devemos; coisas que devemos, mas não podemos; coisas que podemos, mas não queremos. O ideal seria que tudo que desejamos fosse possível e devido.Entretanto, as direções não são tão equilibradas assim, e toda vez que ocorre esse desequilíbrio, é vivido um dilema. FIGURA 5 - DILEMAS ÉTICOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Abaixo, alguns exemplos que Nash (2001, p. 10) apresenta como questões que podem acarretar em dilemas: • Ganância. • Justificativa enganosa sobre produtos e serviços. • Má qualidade. • Favoritismo. • Sacrifício do inocente e do mais fraco para que as coisas sejam feitas. • Falha em denunciar a ocorrência de práticas antiéticas. • Bajular a hierarquia da empresa em vez de fazer o trabalho bem feito. • Fazer aliança com um parceiro questionável, mesmo que para uma boa causa. • Corromper o processo político público através de meios legais. • Negligência da própria família ou das próprias necessidades pessoais. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO Vejamos o exemplo de um dilema vivido pelo rei Salomão: apresentaram- -se duas mulheres a Salomão. Uma disse: “Senhor, eu e esta mulher habi- távamos na mesma casa. Durante a noite, estando a dormir, sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, pôs o meu filho adormecido junto de si e colocou aos meus pés o seu filho que estava morto. De manhã, olhando de perto para ele, vi que não era o meu filho”. A outra mulher interrompeu: “Não, o meu filho é o que está vivo, o teu morreu”. A primeira replicou: “Não, o teu é que morreu. O que está vivo é meu”. E continuaram a disputar. Então o rei disse: “Trazei uma espada, dividi em duas partes o menino que está vivo e dai metade a cada uma!”. Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho estava vivo suplicou: “Senhor, peço-vos que lhe deis a ela o menino vivo e não o mateis!”. A outra, pelo contrário, dizia: “Não seja para mim nem para ti, mas divida-se”. Então Salo- mão disse: “Dai à primeira o menino vivo porque é ela a verdadeira mãe”. E assim todo o povo de Israel soube que a sabedoria de Deus assistia ao rei para julgar com retidão (CONHECENDO..., [201-?]). Por sua vez, oposto ao ético têm-se o antiético e os aéticos. O termo antiético é atri- buído àquele que tem princípios e valores para decidir, avaliar e julgar, mas não o faz. Por outro lado, o aético é aquele desprovido de tudo isso, ou seja, não se apli- ca a questão da ética como antiético (CORTELLA, 2017). Já o imoral é tudo aquilo que contraria o comportamento moral segundo os princípios e valores éticos, como exemplos a falta de pudor quando algo induz ao pecado, a indecência e a falta de moral. Amoral é aquela pessoa que não tem senso do que seja efetivamente moral. Nesse caso, a moral para esse indivíduo não é conhecida e, portanto, não leva em consideração preceitos morais que deveriam ser adotados. 1.4 FUNDAMENTOS DA ÉTICA 28 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Segundo Nalini (2004), a ética, enquanto ciência dos deveres, apresenta classificações fundamentais que se alinham a escolas ideológicas ou correntes de pensamento. Laissone et al. (2017) apontam que a diversidade da abordagem ética, atualmente, faz com que ela apresente diferentes critérios de classificação. Essas classificações são: ética empírica, ética de bens, ética formal e ética valorativa. Para complementar seus conhecimentos sobre o tema ética, sugiro a leitu- ra do Livro: Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável, especificamente os capítulos 3 – Ética e Ética empresarial e 4 – teorias Éticas. Esse livro foi escrito por José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira. A publicação ocorreu em 2016 pela Editora Saraiva. Os capítulos indicados abordam conceitos sobre ética, moral e suas teorias fundamentais, bem como os pensamentos de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, que são os principais formuladores dessa temática. Boa leitura! 1.4.1 ÉTICA EMPÍRICA A ética empírica é tida como aquela baseada em conhecimentos empíricos e funda- da em princípios racionais. Nesse sentido, o Nalini (2004) e Laissone et al. (2017) fundamentam que os empiristas sustentam que a vida moral é a base para a condu- ta. Os princípios disciplinadores do comportamento estão subentendidos no próprio comportamento. O que se deve fazer é examinar o que o homem faz ao invés de questionar o que ele deve fazer. Assim, o homem não deveria se comportar segundo as regras e sim ser como naturalmente é. Nesse contexto, Nalini (2004, p. 33-41) apresenta os seguintes desdobramentos da ética empírica: • Ética anarquista: o anarquismo repudia toda norma e todo valor. Direito, moral, convencionalismo social, religião, tudo constitui exigência arbitrária, 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO nascida da ignorância, da maldade e do medo. Assim, as leis não são legíti- mas, sejam morais, sejam jurídicas. Em uma doutrina egoísta, prepondera a vontade humana, e esta varia de indivíduo para indivíduo. Apenas os fortes farão prevalecer sua decisão baseados em sua exclusiva vontade. O anarquista apresenta uma tendência hedonista em que busca prazer e evita a dor como lei suprema. Quando o prazer é encontrado no ato de fazer o bem ao outro, o essencial continua a busca pela obtenção do conforto pessoal. Assim, o egoís- mo se disfarça de altruísmo. • Ética utilitarista: o utilitarismo se caracteriza por considerar bom o que é útil. Haveria perfeita identidade entre o útil e o bom. A conduta ética desejável é a conduta útil. Isso satisfaria as exigências de uma explicação racional para a necessidade de comportamento ético? Não se mostra suficiente a respos- ta dos utilitaristas, pois a utilidade é mero atributo de um instrumento. Uma faca é útil se corta, um revólver é útil se dispara. Com um ou outro se pode praticar o mal intenso. Basta essa constatação para se concluir que o útil não se confunde com o bom, ou seja, a eficácia técnica dos meios não correspon- de ao valor ético dos fins. A eficácia da arma utilizada para abater um animal com enfermidade grave é a mesma que o bandido usa para abater sua víti- ma. Em ambas as situações, os meios possuem igual eficácia, e sua utilidade é alheia à significação dos desígnios a que servem. Entretanto, o estudo do utilitarismo serve para mostrar a falácia da afirmativa “o fim justifica os meios”. Assim, o utilitarismo só tem sentido na vida moral se entendido como pruden- te emprego dos meios aptos à consecução de fins moralmente valiosos. • Ética ceticista: o cético não acredita em nada ou desacredita de tudo. Seu pensamento se reduz a um pêndulo oscilando entre polos dogmáticos opos- tos, sem se deter em qualquer deles. O cético não é o que nega, nem o que afirma, mas o que se abstém de julgar. • Ética subjetivista: a manifestação mais comum da ética empírica é o subje- tivismo. Consiste em cada qual adotar para sim a conduta ética mais conve- niente com sua própria escala de valores. Pode se falar em subjetivismo indivi- dualista e em subjetivismo social ou específico. De acordo com o postulado de que “o homem é a medida de todas as coisas, da existência das que existem e da não existência das que não existem”, cada homem é a medida do real. Em outras palavras, a verdade não é objetiva, mas há tantas verdades quanto os cognoscentes (pessoas que buscam ou tomam conhecimento de algo). Assim, 30 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO o que é verdade para um pode ser falsidade para outro. A apreensão da verda- de varia de acordo com o sujeito. Assim, a ética empírica se atém ao que de fato ocorre,tendo como ponto de partida o resultado da ação humana. 1.4.2 ÉTICA DE BENS A ética de bens, também conhecida como ética dos fins, está relacionada à busca pelo bem supremo e parte de uma análise da estrutura teleológica. A existência de um valor fundamental deve ser a mola propulsora que motiva o caminhar da vida para um rumo, um objetivo. O casamento tem como objetivo a constituição da famí- lia e vivência em plenitude do amor conjugal, perpetuando assim a espécie. O estudo universitário tem como objetivo o aprimoramento para o exercício de uma profis- são compatível. Quando um bem conquistado não se torna o meio na conquista de outro, ele é, finalmente, o bem supremo (NALINI, 2004; LAISSONE et al., 2017). Nesse contexto, Nalini (2004, p. 42-50) apresenta os seguintes desdobramentos da ética de bens: • Eudemonismo, idealismo e o hedonismo: o eudemonismo deriva de eude- monia – em grego, felicidade. Essa ramificação da ética tem a ventura como o valor supremo, ou seja, a tendência pela busca da felicidade é inata ao homem e, para Aristóteles, a felicidade é o bem supremo, pois não se caracteriza como um meio, e sim como um fim. Para o filósofo, todos os outros bens da vida podem ser meios para a obtenção daquela que é eternamente apetecível em si. O idealismo tem como finalidade última do homem a prática do bem. A virtude é fim, não meio. Impõe-se à criatura ser virtuosa, mesmo que essa virtude não lhe traga prazer algum. Para o hedonismo, a felicidade está no prazer, seja ele qual for – como exemplo, o prazer carnal ou a realização profis- sional. É possível combinar formas mistas da ética de bens – como exemplo, o eudemonismo idealista, em que a felicidade é o único fim, mas o caminho para atingi-la seria a virtude. • Ética socrática: o pensamento socrático pode ser resumido em duas máxi- mas: “só sei que nada sei”, ou seja, o homem deve adotar postura de humil- dade diante do universo do saber; e, “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, sem 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO o autoconhecimento, ninguém pode desvendar o verdadeiro conhecimento. Para Sócrates (470-399 a.C.), o verdadeiro objeto do conhecimento é a alma humana. A verdade vive oculta no espírito humano, a missão do filósofo é conduzir os homens ao conhecimento, e o moralista é o parteiro da alma – ou seja, a bondade é o resultado do saber. Para se ter a felicidade, é necessário ser bom e, para ser bom, é preciso ser sábio. Com isso, não existem pessoas más, porque a maldade é produto da ignorância (falta de conhecimento). Portanto, o princípio da ética socrática é “a virtude é saber”. • Ética platônica: na ética platônica, existe uma relação da alma com a doutrina da virtude. Cada parte da alma tem função especial e virtude própria. A inteli- gência corresponde à sabedoria. O apetite e a temperança (equilíbrio, mode- ração) correspondem à vontade e ao valor. Tais virtudes atuam em coordena- ção, cuja harmonia constitui a justiça. Para Platão (427-347 a.C.), a justiça é a harmonização das atividades da alma e de suas respectivas virtudes. Assim, a virtude vale tanto quanto a felicidade; por isso, o idealismo moral é presente na ética platônica. Para Platão, a ética é um aspecto da filosofia prática; o outro aspecto é a política. Com isso, a questão moral se torna coletiva, e não apenas individual, cabendo, assim, ao Estado a formação espiritual do homem como instituto de educação, cuja finalidade é conduzir os indivíduos ao conheci- mento e à prática das virtudes que deverão torná-los felizes. • Ética aristotélica: Para Aristóteles (384-324 a.C.), a finalidade da ética é o bem absoluto que está no exercício firme e constante da virtude. Assim, a virtude aqui significa a ação e é obtida mediante o exercício diário, como um hábito. A prática da virtude leva o homem a ser virtuoso. As virtudes morais consistem no justo meio, que evita os excessos. Superior às virtudes éticas são as virtu- des dianoéticas (sabedoria, contemplação). Para Aristóteles, a virtude é o justo meio entre dois vícios extremos. Exemplo: a temperança é o meio-termo entre o desenfreio e o embotamento (enfraquecer), entre a temeridade e a covardia. • Ética epicurista: Para Epicuro (341-270 a.C.), a felicidade é o bem último da existência e consiste no prazer mediante inúmeros gozos, tendo como o mais elevado o prazer do espírito. Para esse filósofo, os prazeres, além de serem corporais e espirituais, violentos e serenos, podem ser classificados como: natu- rais e necessários (satisfação moderada do apetite); naturais e não necessários (gula); nem naturais, nem necessários (glória). O ser humano deveria renegar os prazeres não naturais e não necessários – como o excesso de bens e glórias – e limitar os naturais e não necessários – como a gula e a embriaguez. A virtude 32 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO aqui é a prudência que orientará o homem na escolha do melhor caminho. Na ética epicurista, existe um sentido individualizado e egocêntrico em que a conduta é um problema pessoal, e não coletivo, pois ao sábio interessa seu bem-estar e sua virtude, não os dos outros. Existe aqui certo utilitarismo, em que a justiça é o fruto de um pacto de utilidade, ou seja, cada indivíduo desis- te de molestar os demais em troca de também não ser molestado. Assim, o Estado entra para punir aqueles que infringem esse contrato social. Conclui-se então que a ética epicurista é um eudemonismo hedonista, além de ser indi- vidualista e egoísta. • Ética estoica: a virtude é o supremo bem dessa ética idealista, em que viver de acordo com a natureza é virtuoso, ou seja, devem-se desejar as coisas como elas são, e não como gostaria que fosse. O homem deve agir com apatia (indi- ferença) em um mundo regido por uma ordem universal e predeterminada em que tudo se repete – tudo nasce e morre em um ciclo inalterado. A nature- za é concebida pela razão, e o homem é provido pela razão. Entretanto, pato- logias humanas existem na ética estoica em que o homem tende a ter inclina- ções afetivas. Um dos ideais dessa ética é fazer com que o homem se liberte das afeições e se desligue do mundo exterior até atingir a apatia. Com isso, o prazer deve ser evitado, pois pertence às afeições. A virtude aqui é autárquica, autossuficiente. O verdadeiro sábio nela encontra defesa para as angústias do mundo exterior e dela extrai sua força. Assim, a ética dos bens se atém à relação estabelecida entre o procedimento indivi- dual e o bem supremo. 1.4.3 ÉTICA FORMAL Para Kant (2001), o significado da moral do comportamento está na pureza da vonta- de e na retidão dos propósitos, e não nos resultados externos. A boa vontade não é boa pelo que efetue ou realize, não é boa por sua adequação para alcançar algum fim que nos tenhamos proposto; é boa só pelo querer, quer dizer, é boa em sim mesma. Considerada por si mesma, é, sem comparação, muitíssimo mais valiosa do que tudo aquilo que por meio dela pudéssemos realizar em proveito ou graça de alguma inclinação e, se se quer, da soma de todas as inclinações (NALINI, 2004, p. 51). 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO Para Nalini (2004) e Laissone et al. (2017), o objetivo de Kant era demonstrar a contro- versa das doutrinas morais de base empírica e dar à ética um fundamento racional. Para isso, o autor apresenta alguns conceitos para a ética formal de Kant, como segue (NALINI, 2004, p. 51-54): • boa vontade: antes, a moral era avaliada pelos resultados das ações humanas; a partir de Kant, passa a valera atitude interior da pessoa. O centro da vida moral é a pureza das intenções. Boa vontade aqui se define por “aquela que obra não só conformemente ao dever, senão também por dever”. Assim, as atitudes das pessoas diante da moral podem ser: 1) ações conformes com o dever, mas que não são realizadas por dever; 2) ações realizadas por dever; 3) ações contrárias ao dever. Exemplo: conservar a vida é um dever. Se preocupar só com isso, a conduta fica reduzida à significação da moral. Atentar contra a vida é descumprir o dever, mas, se alguém sem apego à vida, mesmo desejan- do morrer, decide preservá-la, sua conduta coincide externa e internamente com a lei moral e possui valor moral pleno. • imperativos: divide-se em: a) imperativo categórico, que impõe uma conduta por si mesma, cuja máxima é “age só segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal”, ou seja, a pessoa deve agir espontaneamente, com ação produzida pela sua vontade, e não pela vontade alheia; e b) imperativo hipotético, que ordena comportamento como meio para atingir uma finalidade. Exemplo: deves amar seus pais (imperativo cate- górico); se queres ir de um ponto ao outro pelo caminho mais curto, deves seguir a linha reta (imperativo hipotético). • autonomia e heterônoma: para Kant (2001), somente tem valor ético a condu- ta autônoma fruto da vontade do agente. Já a conduta heterônoma prove- niente da vontade alheia é desprovida de valor moral. “A dignidade humana exige que o indivíduo não obedeça mais normas do que as que ele mesmo se autoimpôs, usando de seu alvedrio (arbítrio). Receber a lei do exterior equivale a renunciar à capacidade de autodeterminação normativa e implica o aban- dono de um dos atributos da personalidade em sentido ético” (NALINI, 2004, p. 51-54). 1.4.4 ÉTICA DOS VALORES 34 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para Kant (2001), o valor moral de uma ação está na relação da conduta com o prin- cípio do dever; para a filosofia valorativa, o valor moral se fundamenta em um valor, ou seja, só deve ser um dever aquilo que é fundamentado em um valor, que é valioso, e tudo que é valioso deve se tornar um dever. Aqui, o conceito de valor é o conceito ético essencial. “A filosofia valorativa separa cuidadosamente o problema da intuição dos valores – que é epistemológico [filosofia da ciência] – daquele da existência do valor – que é ontológico [investiga a natureza da realidade e da existência]” (NALINI, 2004, p. 55). Nesse contexto, as coisas são vistas pelo que efetivamente valem e, por valerem algo, elas devem se tornar um dever. Por exemplo, são os valores que norteiam a Constitui- ção brasileira, trançando as diretrizes e prioridades, pois o dever encontra-se fundado em valores, pois “nenhuma sociedade pode sobreviver sem um código moral funda- do em valores compreendidos, aceitos e respeitados pela maioria de seus membros” (MONOD apud NALINI, 2004, p. 55). Kant foi um filósofo alemão do século XVIII e um dos principais pensadores do período moderno da filosofia. Abordou questões que abrangiam desde a moralidade até a natureza do espaço e do tempo. É reconhecido por promo- ver a reunião conceitual entre o racionalismo e o empirismo, reunindo, assim, o potencial da razão humana e a relevância da experiência no processo de produção do conhecimento. 1.5 TIPOLOGIA DA ÉTICA Segundo Laissone et al. (2017, p. 10), a ética possui algumas tipologias. Vejamos as seguintes: • Ética filosófica: reflete sobre o significado do ser ético. A questão fundamental que se coloca aqui é “o que significa ser ético?”. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO • Ética religiosa: faz o confronto entre ética e religião e vice-versa. • Ética cristã: reflete sobre o agir cristão e sobre a identidade ou originalidade cristã. • Ética social: reflete sobre o agir da sociedade, o ordenamento das instituições sociais, e se corresponde aos padrões éticos. • Ética sexual: reflete sobre os aspectos da ética que dizem respeito a ques- tões da sexualidade humana, incluindo o comportamento sexual humano. Em termos gerais, a ética sexual diz respeito à conduta humana em relação a questões de consentimento, das relações sexuais antes do casamento ou quando casado (tais como a fidelidade conjugal, sexo antes do casamento e sexo fora do casamento). • Ética profissional: reflete sobre o agir deontológico (deveres) e diciológico (direitos) na profissão. • Ética econômica: reflete sobre o agir econômico, o bom andamento ou funcio- namento da economia. • Ética política: reflete sobre a conduta e o agir político (LAISSONE et al., 2017, p. 10). Por ser um campo do conhecimento, a ética apresenta subdivisões relacionadas aos diferentes critérios, como apresenta o quadro a seguir: QUADRO 1 - SUBDIVISÕES DA ÉTICA ÉTICA DESCRIÇÃO Ética normativa Procura oferecer respostas a questões morais, questões de ordem prática que ocorrem a todo momento e a todas as pessoas, grupos e organizações. Dar ou não esmola a uma criança pedinte no semáforo, comercializar ou não produtos que já foram banidos em vários países por fazer mal à saúde e que ainda não o foram em nosso país, lançar ou não um produto cujos impactos ambientais ainda não estão suficientemente conhecidos são exemplos de questões morais, pois afetam pessoas, grupos sociais e o meio ambiente. Diante de questões morais, as pessoas perguntam-se o que devem fazer, o que é certo ou qual a ação correta entre possíveis alternativas – famosos dile- mas éticos. Ética aplicada É a aplicação de preceitos morais em termos práticos em áreas de atividades específicas, como ética profissional, ambiental, bioética e ética empresarial ou dos negócios. Metaética É o estudo da ética, a elaboração teórica sobre questões que ela suscita, como o significado das normas morais, como elas surgem, por que as pessoas as aceitam, quais as justificativas para os juízos morais, entre outras. 36 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Fonte: Adaptado de BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016, p. 92. De acordo com Cortella (2017, p. 102), a ética é “o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos [...] é o conjunto de seus princípios e valores que orien- tam a conduta”. Assim, a ética, hoje, é compreendida como o estudo do comportamento moral e moral como o exercício prático da conduta, ou seja, como a conduta esperada das pessoas, para uma boa convivência, como resultado de regras morais comportamentais. CONCLUSÃO Esta unidade teve como objetivo apresentar uma introdução sobre ética e sobre o comportamento moral com o intuito de diferenciar tais definições. Para isso, foram apresentados conceitos sobre ética, moral, fundamentos éticos, bem como suas tipo- logias e dilemas. Nesta oportunidade, pôde-se concluir que o ser humano é livre para adotar compor- tamentos que podem ser classificados como morais, imorais ou amorais. Tais compor- tamentos são exteriorizados sob os princípios e valores éticos, que também podem ser tidos como éticos, antiéticos e aéticos. Essa análise depende da época e da cultu- ra social. A conduta humana centrada por princípios instituídos pela sociedade permite que a convivência seja possível, uma vez que se almeje o bem comum. Assim, cada um é livre para escolher qual conduta deve adotar. Essa liberdade pode levar o ser humano a possíveis dilemas éticos que precisam ser administrados. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portariaMEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 2 > Descrever os elementos contextuais de uma gestão responsável. > Analisar o local de trabalho dentro dos perfis de orientação pela missão e valores organizacionais. > Explicar a diferença entre fatores motivadores e obstáculos à gestão responsável. > Descrever as funções do gestor em um processo da gestão responsável. > Avaliar um processo de gestão responsável. 38 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 GESTÃO RESPONSÁVEL Olá! Nesta unidade, trabalharemos alguns conceitos sobre a gestão responsável e seus impactos para o meio ambiente e para sociedade. Atentar para a importância de uma gestão responsável é reconhecer que é preciso mudar, e ações responsáveis precisam ser adotadas buscando-se disseminar uma consciência que irá impactar a nossa geração e gerações futuras. Esperamos que esta unidade seja capaz de provo- car a reflexão sobre a importância da gestão responsável. Trabalharemos conceitos relevantes sobre o contexto, os fundamentos e o processo em que ocorre a gestão responsável. Assim, ao final da unidade, você terá conhecido abordagens no intuito de compreender que tal mudança é possível. Espera-se que esses conhecimentos sejam capazes de proporcionar uma postura crítica sobre o tema. INTRODUÇÃO A gestão responsável tem sido o grande desafio para os gestores no ambiente empre- sarial – e paulatinamente podemos perceber uma grande movimentação nesse senti- do. As empresas se conscientizaram sobre grandes impactos da exploração econômi- ca destruírem os ambientes em que vivemos. Eventos como catástrofes ambientais, extinção de espécies raras, redução da água e o grande volume de lixo produzido condenam nossa geração e as gerações futuras. Uma atitude responsável e imediata é imprescindível, e cabe às empresas a maior parte dessa responsabilidade. É preciso que os recursos sejam usados com inteli- gência e consciência, ou seja, com responsabilidade para com o meio ambiente e a sociedade. Por outro lado, as empresas já entendem que, por meio de uma gestão responsável, é possível serem competitivas no mercado, pois os consumidores estão mais atentos às questões responsáveis e dão preferência para empresas que também se preocupam com a sociedade e o meio ambiente. Com clientes mais bem informados, a escolha por consumo de determinados produtos representa a consciência em fazer parte de uma causa maior – responsabilidade social e ambiental. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO Portanto, o conteúdo desta unidade abordará aspectos relacionados aos conceitos fundamentais sobre a gestão responsável, seu contexto, fundamentos e processo. Assim, esse conteúdo permitirá que você reúna bases elementares que irão lhe dire- cionar no desenvolvimento, avaliação e conscientização para a necessidade de ações mais responsáveis no dia a dia. 2.1 GESTÃO RESPONSÁVEL Há algum tempo, o tema gestão responsável (GR) e desenvolvimento responsável (DS) vem ganhando espaço nas discussões mundiais, figurando, por exemplo, como tema principal na Conferência da ONU, em 2015, em que os objetivos de desenvolvi- mento sustentável (ODS) foram ratificados por 193 Estados-membros como parte de um plano de ação chamado Agenda 2030. Entretanto, essa evolução nem sempre foi o foco das organizações. Para Barbieri e Cajazeira (2016), sob aspectos empresariais, a palavra responsabilidade é mais do que responder pelo desempenho apresentado, função exercida ou poder investido. A responsabilidade empresarial vai além e apresenta a ideia de responder pelas ações executadas pela empresa diante de sua capacidade de fazer escolhas. A liberdade de escolha é uma questão que pode resultar em dilemas éticos enfren- tados diariamente pelos responsáveis de uma empresa quando se deparam com a necessidade de desenvolvimento organizacional (CORTELLA, 2017). E o que seria, então, o desenvolvimento organizacional responsável? Segundo a primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, o desenvolvimen- to organizacional responsável é o desenvolvimento sustentável, ou seja, aquele que permite sobreviver sem comprometer a sobrevivência do próximo (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2019). 40 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambien- tais. Indicada pela entidade, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem brundtland, chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvol- vimento para estudar o assunto. O documento final desses estudos chamou-se nosso Futuro comum, também conhecido como Relatório Brundtland. Apresentado em 1987, o relatório propõe o desenvolvimento sustentável. Abai- xo partes do relatório sobre o tema: “O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessi- dades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.” “Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará sempre propenso a crises ecológicas, entre outras… O desenvolvimento sustentá- vel requer que as sociedades atendam às necessidades humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo como pela garantia de oportunidades iguais para todos.” “Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, em nossos padrões de consumo de energia… No mínimo, o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos.” “Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orien- tação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas” (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2019). Tal afirmativa evidencia uma necessidade implícita de adequação na forma de gestão das organizações. Mas como, então, sair de um modelo totalmente lucrativo para um modelo lucrativo e responsável? Para responder a essa questão é necessário entender o contexto. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO 2.1.1 O CONTEXTO DA GESTÃO RESPONSÁVEL A gestão responsável nem sempre foi uma preocupação organizacional. Anterior- mente, as funções de planejar, orientar e conduzir sofreram as primeiras influências originadas das ciências econômicas, com os fatores de produção: natureza, capital e trabalho; e, da Revolução Industrial, com os avanços tecnológicos que transformaram os processos produtivos (ANDRADE; AMBONI, 2011). O modelo de gestão tradicional era norteado por objetivos como o controle, a previ- sibilidade e a produtividade (PRIM et al. 2008). Em um primeiro momento, predo- minou o pensamento científico clássico, que se apoiava nos paradigmas mecanicis- ta, determinista, reducionista e de análise. Entretanto, a própria ciência propiciou a superação desses paradigmas mediante uma nova visão de mundo por meio do pensamento sistêmico e, posteriormente, do pensamento complexo (BAUER, 1999; MORIN, 2014). Entretanto, o contexto atual vivido pelas organizações exige que mudanças no mode- lo de gestão ocorram para que se tenha competitividade. Surge, então, a gestão responsável (GR) em oposição à gestão tradicional.Enquanto o “paradigma da gestão tradicional” teria características como a busca da maximização do lucro, o crescimento (receitas, mercado e consumo) como premissa do negócio, o foco no curto prazo e nos aspectos econômicos e a priorização dos interesses dos acionistas, no “paradigma da GR” prevalece- riam a busca por otimização do lucro – ao contemplar os interesses dos dife- rentes stakeholders organizacionais –, o objetivo de um volume ótimo (crescer, manter ou encolher o negócio), a identificação dos impactos do negócio no longo prazo e um balanceamento entre os aspectos econômicos, sociais e ambientais (triple bottom line) do negócio (HOURNEAUX JUNIOR; CALDANA, 2017, p. 174). Assim, o chamado paradigma da gestão responsável tem como campo de interesse a sustentabilidade, a responsabilidade e a ética – e é premente (urgente) a abordagem desse tema (GR) pelas organizações. Entretanto, é sabido que tal abordagem irá se diferenciar segundo os elementos contextuais; as tendências e motivações; os obstá- culos, fatores inibidores e críticas (LAASCH; CONAWAY, 2015). 2.1.1.1 ELEMENTOS CONTEXTUAIS 42 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Conhecer os elementos contextuais é fundamental para que o gestor responsável desempenhe seu papel. Esses elementos variam conforme o campo de interesse e os stakeholders ou os atores setoriais envolvidos. 2.1.1.2 TEMAS E CAMPO DE INTERESSE Laasch e Conaway (2015) apontam diversos temas a serem tratados, que podem ser consolidados em três principais campos de interesse que se influenciam diretamen- te: sustentabilidade, responsabilidade e ética. Esses campos inter-relacionados são apresentados no quadro a seguir. QUADRO 2 - CAMPOS DE INTERESSE DA GESTÃO RESPONSÁVEL ESFERA DESCRIÇÃO sustentabilidade (tbl) Geralmente está relacionada às questões sociais, ambientais e econô- micas que ameaçam o bem-estar ou até mesmo a sobrevivência das gerações atuais e futuras. Por exemplo: tais questões sistêmicas incluem o aquecimento global, que, em um nível empresarial, é traduzido como o gerenciamento de gás carbônico (CO2), a crise global da água, a degradação dos ecos- sistemas importantes para a sobrevivência e o excesso de população do planeta. Em nível empresarial, essas questões são frequentemen- te traduzidas como TBL – Triple Bottom Line, englobando os desem- penhos nas dimensões social, ambiental e econômica. Além dessas questões, têm-se pobreza, forme e perdas da biodiversidade. Responsabilidade (stakeholders) Tem como função crucial a relação com os vários grupos que afetam ou são afetados por um empreendimento, os stakeholders (ou partes interessadas). Por exemplo: a área de normas trabalhistas está preocupada com o relacionamento com os funcionários; a dos direitos do consumi- dor, com os consumidores; e a de práticas de logística integrada, com fornecedores. Cada uma é um importante grupo de stakeholders. Outros temas pertinentes: bem-estar em comunidade, boa cidada- nia e respeito às leis. Ética (dilema moral) Relaciona-se à tomada da decisão certa em situações em que existe um dilema e refere-se às correntes de filosofia moral. Exemplos: o tema sobre direitos humanos e naturais está altamente relacionado à filosofia da ética dos direitos e justiça; a governança corporativa gira em torno de dilemas como o dilema do principal agente, cujos interesses devem ser protegidos (se os do proprietá- rio ou dos gestores da empresa); concorrência leal; corrupção; ética empresarial. Fonte: Adaptado de HOURNEAUX JUNIOR; CALDANA, 2017, p. 174. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO As interações existentes entre os campos podem ser verificadas, por exemplo, quan- do se utiliza a governança corporativa. Esse é um item relacionado à ética e gira em torno dos dilemas morais de uma organização em gerenciar os interesses que devem ser protegidos. Quando se fala de interesses, referencia-se aos stakeholders que estão no campo da responsabilidade. Outro exemplo seria a pobreza: esta perpassa pelas três dimensões, ou seja, além de representar uma questão sustentável, a pobreza afeta as futuras gerações, portan- to, é também uma questão de responsabilidade. Assim, não tem como falar de um campo sem afetar ou interagir diretamente com o outro. 2.1.1.3 STAKEHOLDERS OU ATORES SOCIAIS Os atores sociais são agentes operando em todos os campos da gestão responsável em conjunto com a empresa. Isso permite concluir que as empresas não são, por si só, as únicas responsáveis pelos problemas apresentados nos três campos da gestão responsável (LAASCH; CONAWAY, 2015). Esses atores possuem poderes diferenciados de atuação e são representantes do setor empresarial, governamental e da sociedade civil, como mostra a a figura a seguir.. 44 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 6 - ATORES SETORIAIS E RESPECTIVOS NÍVEIS DE ATUAÇÃO Governo • Leis • Políticas públicas • Infraestrutura Negócios • Velocidade • Financiamento • Globalização Sociedade civil Temas de gestão responsável • Votação • Poder de muitos • ativismo Fonte: LAASCH; CONAWAY, 2015, p. 5. Os atores governamentais são responsáveis pela legislação, políticas e infraestrutura. Entretanto, em questões urgentes esses atores possuem uma limitação para tomada de decisão (LAASCH; CONAWAY, 2015). Líderes de negócios e de governos agora reconhecem que governos sozinhos não podem resolver os problemas da pobreza e da degradação ambiental. O dedo da culpa pelo estado em que o mundo se encontra hoje, no fim do sécu- lo XX, não pode ser apontado a um único sistema político, a um único setor industrial ou a uma única filosofia (MCINTOSH et al., 2001, p. 17). Os atores da sociedade civil são influenciadores diretos dos outros dois. Com seu poder de voto e de escolha, são esses atores que decidem qual governo eleger, o produto de qual empresa comprar, e para qual empresa trabalhar. Enquanto ativis- tas, esses atores podem se posicionar a favor ou contra alguns negócios. Geralmen- te, um dos enfraquecedores da força desses atores é a falta de organização e união (LAASCH; CONAWAY, 2015). Os atores de negócios são fortes influenciadores em sua área de atuação. Quando rentáveis, representam uma boa fonte de financiamento para solução de problemas 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO urgentes, de forma local ou global. Entretanto, a finalidade de obtenção de lucro pode ser um motivador para que tais atores se abstenham de atuar na solução de problemas não rentáveis (LAASCH; CONAWAY, 2015). A palavra stakeholder tornou-se comum nos textos administrativos brasilei- ros a partir de meados dos anos 1990 [...]. Stakeholder indica alguém que tem direitos em um negócio ou empresa, ou que nela participa ativamente ou está envolvido de alguma forma. O uso dessa palavra nas áreas de administração e responsabilidade social empresarial expandiu-se com as obras de Freeman do início da década de 1980. Esse autor informa que a palavra stakeholder, que aparece pela primeira vez nessas áreas em um memorando interno do Stanford Research Institute, de 1963, passou a ser usada em planejamento corporativo, teoria organizacional, teoria dos sistemas, responsabilidade social e estratégia empresarial (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016, p. 43). 2.1.1.4 LOCAL DE TRABALHO DOS GESTORES RESPONSÁVEIS O ambiente de trabalho é fator decisivo para o estilo de atuação de um gestor respon- sável. A missão e os valoresorganizacionais influenciam diretamente e permitem uma classificação do negócio sobre a perspectiva da gestão responsável. Segundo Rezende (2008, p. 42), a missão “é a descrição de forma diferenciada do negócio ou atividade da organização. Está relacionada ao propósito, a razão, a função, a finalidade, o encargo, a incumbência ou o ofício da organização”. Quanto aos valores, eles correspondem àquilo em que a organização acredita e busca praticar. São princípios organizacionais aos quais se atribui valor e respeito, poden- do ser expressos por meio de convicções éticas e crenças. Esses princípios nortea- rão os comportamentos, atitudes e decisões das pessoas que, no exercício de suas 46 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO responsabilidades e na busca de seus objetivos, estejam executando a missão orga- nizacional em direção à sua visão (ANDRADE, 2012). Sendo assim, segundo a missão e valores organizacionais, Laasch e Conaway (2015) apresentam quatro tipos diferentes de organizações nas quais os gestores responsá- veis atuam, como na figura abaixo. FIGURA 7 - ORGANIZAÇÕES CLASSIFICADAS PELA MISSÃO E VALORES Negócio não Responsável Negócio Responsável Negócio Social Fundação empresarial Fonte: Adaptada de LAASCH; CONAWAY, 2015, p. 7. Segundo Laasch e Conaway (2015): • O negócio não responsável tem sua missão voltada para o lucro apenas para reinvestimento no negócio. Nesse ambiente o gestor responsável pode agir como agente de mudança de forma a direcionar a filosofia da empresa para ações mais responsáveis. • O negócio responsável é aquele que, além de focar nos lucros, visa gerar valo- res internos e externos de forma que todos os stakeholders sejam beneficia- dos. Nessa organização, o gestor responsável tem espaço para atuar de forma que a empresa faça seus investimentos cada vez mais de forma responsável. • O negócio social apresenta uma forte missão filantrópica visando basicamen- te aos valores externos, no entanto, esse tipo de negócio também busca a rentabilidade para se manter em longo prazo. Os gestores responsáveis, nesse contexto, devem buscar a maximização dos valores externos para cobrir os custos internos. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO • Por fim, a fundação empresarial se caracteriza por ser essencialmente filan- trópica. Consome seus recursos oriundos dos fundos destinados a ações e causas claramente direcionadas ao bem comum e não visa ao lucro. Os gesto- res responsáveis investem os recursos visando ao maior retorno social possível. O social emerge para as empresas como um novo e promissor campo de opor- tunidades onde elas poderão obter mais competitividade através da agrega- ção de valor social aos seus negócios. O novo paradigma engloba a busca de solução de problemas sociais, empenho na melhoria da qualidade de vida e apostas significativas de cidadania (NASCIMENTO, 2002, p. 24). 2.1.1.5 TENDÊNCIAS E FATORES MOTIVADORES O foco da sociedade está mudando, e, com ele, a necessidade de as empresas se adequarem. Os clientes buscam por ações que sejam revertidas para o bem comum. As empresas perceberam que atuar de forma responsável não é mais uma opção, ou um diferencial, e sim um pré-requisito (MARQUES, 2001). Tachizawa e Rezende (2000, p. 14) colocam que “os novos tempos se caracterizam por uma rígida postura dos clientes voltada à expectativa de interagir com organiza- ções que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável”. Com isso, novas tendências surgem como soluções estratégicas de manter a compe- titividade das organizações. Além de atender a necessidades e desejos, os produtos e serviços prestados precisam ter algo mais, que efetivamente desperte o interesse de forma consciente do cliente. As figuras a seguir apresentam alguns exemplos de tendências sustentáveis que estão ganhando destaque. 48 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 8 - IT VERDE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A tecnologia da informação Verde ou apenas ti Verde (do inglês, Green it) pode ser definida como o estudo e a prática de projetar, produzir, utilizar e descartar compu- tadores, servidores e subsistemas associados – tais como monitores, impressoras, peri- féricos de armazenamento e sistemas de rede e comunicação – eficiente e eficaz- mente com o mínimo ou sem impacto ao meio-ambiente. A TI Verde também luta para atingir a viabilidade econômica e melhorar o uso e o desempenho dos sistemas, respeitando as responsabilidades sociais e éticas. Portanto, ela inclui as dimensões de sustentabilidade ambiental, eficiência energética e custo total de propriedade, que inclui o custo de descarte e reciclagem. Em outras palavras, é o estudo e a prática de utilizar os recursos computacionais de forma eficiente (LUNARDI et al. 2014, p. 6). 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ética, Responsabilidade social e ambiental SUMÁRIO FIGURA 9 - CARRO ELÉTRICO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Nos últimos anos, um dos setores industriais que mais deu saltos importantes em matéria de sustentabilidade foi o automobilístico. Entre os principais avanços estão a concepção de veículos mais econômicos, menos poluentes, mais seguros e confortá- veis; e um exemplo é a melhoria média de 12% da eficiência energética dos veículos nos últimos cinco anos. No estudo indústria automobilística e o desenvolvimento sustentável, que integra a série de 14 publicações setoriais do projeto CNI Sustentabilidade, da Confederação Nacional da Indústria, o segmento destaca o papel do programa Inovar Auto, criado em 2012, que contribuiu para que dez novas unidades industriais fossem instaladas no país e estimulou a inovação em produtos e processos. Além disso, o segmento também ressalta a entrada de novas fases de emissões estabelecidas pelo Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proncove), que exige mais aperfeiçoamentos tecnológicos para redução das emissões de gases de efeito estufa (RODRIGUES, 2018). Segundo Laasch e Conaway (2015), existem alguns motivadores que impulsionam as empresas rumo a inovações de produtos e serviços mais responsáveis. Para os auto- res, esses motivadores podem ser agrupados em cinco categorias, como segue: 50 Ética, Responsabilidade social e ambiental FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • desejo e necessidade dos stakeholders: considera-se o aumento das expec- tativas dos clientes em relação aos serviços e produtos da empresa no que se refere ao envolvimento da marca com negócios responsáveis. • novos mercados: nessa categoria as empresas estão atentas às tendências ditadas pelos consumidores ligadas ao estilo de vida simples e solidária, compras motivadas para ajudar causas sociais e o consumismo responsável para gerar vantagem competitiva. • convergência da crise global: nesse item considera-se importante os gestores responsáveis conhecerem como contribuir com temas como biodiversidade (conjunto de espécie de seres vivos existentes na biosfera); bioética (estudos científicos com a utilização de seres vivos em experimentos); sustentabilidade e outros desafios motivadores de crises globais. • internet e transparência: a conectividade faz com que comunidades inteiras de clientes tenham um parecer sobre a reputação da organização. Com isso, ter uma imagem responsável e efetivamente executar ações nesse sentido
Compartilhar