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ANTROPOCENO E AS CRISES SOCIAL E AMBIENTAL - A GRANDE ACELERAÇÃO

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3/26/24, 1:58 PM wlldd_231_u1_res_soc_amb
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3923017&ativ… 4/30
A GRANDE ACELERAÇÃO
Da Revolução Industrial até o �nal da primeira metade do século XX, temos o primeiro estágio do
Antropoceno, que é de�nido como era industrial. A partir de 1950, no século passado, temos um novo e
perigoso estágio com a intensi�cação dos efeitos antropogênicos sobre o Sistema Terra, que os cientistas têm
denominado como a “Grande Aceleração”. 
Com o �m da Segunda Guerra Mundial, uma época de signi�cativa expansão das atividades econômicas em
uma sociedade de consumo e baseada em combustíveis fósseis foi responsável por recordes sucessivos na
emissão de gases antropogênicos. Para exempli�car, nos últimos 50 anos, a economia mundial multiplicou
por quase quatro vezes, enquanto o comércio global aumentou em dez vezes (IPBES, 2019). Para contemplar
as demandas desse crescimento econômico, nós, seres humanos, passamos a exercer uma pressão excessiva
sobre os ciclos de regulação do planeta com o aumento da poluição, desmatamentos, perda de
biodiversidade, acidi�cação de oceanos, entre outros fatores.
Alguns estudos cientí�cos nos ajudam a compreender os desa�os impostos pela Grande Aceleração das
últimas décadas. O relatório A Avaliação Global da Natureza, lançado em 2019 pela Plataforma
Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), é a mais
extensa análise sobre a perda da biodiversidade no planeta e a�rma que “[...] o ritmo das mudanças globais
na natureza nos últimos 50 (cinquenta) anos não tem precedentes na história da humanidade” (IPBES, 2019, p.
12). Elencamos outros dados sensíveis desse documento (IPBES, 2019):
•  75% da superfície da Terra sofreu alterações consideráveis e já se perdeu mais de 85% de áreas de zonas
úmidas.
•  66% da superfície dos oceanos estão experimentando efeitos crescentes de deterioração.
•  Em média, cerca de 25% das espécies em grupos de animais e plantas estão ameaçados, o que sugere que
cerca de um milhão de espécies já estão em perigo de extinção, muitas em apenas algumas décadas.
•  Em 2016, 559 das 6.190 raças de mamíferos domesticados usados para alimentação e agricultura (mais de
9%) foram extintas e pelo menos 1.000 outras foram ameaçadas de extinção.
O relatório Planeta Vivo, do ano de 2020, elaborado pela entidade WWF, traz os mesmos dados sobre a perda
da biodiversidade. Os fatores responsáveis por essa perda são: o uso da terra, com a conversão de áreas
intocadas em setores agrícolas, e, no caso dos oceanos, o aumento excessivo da pesca. O ponto fundamental
do relatório é que “a perda de biodiversidade não é apenas um problema ambiental. Ela também afeta o
desenvolvimento, a economia, a segurança global, a ética e a moral” (WWF, 2020). Recentemente, um novo
relatório do IPBES (2022) alertou que cerca de um milhão de espécies da fauna e da �ora estão ameaçadas de
extinção.
Esse conjunto de dados traz uma constatação fundamental: a necessidade de estabelecer limites planetários,
em uma perspectiva que permita conjugar as atividades socioeconômicas de nossas sociedades com a
capacidade de suporte do planeta. Para tanto, será necessário compreender quais são os limites planetários.
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Um importante estudo liderado pela equipe do cientista sueco Johan Rockström, do Centro de Resiliência de
Estocolmo, caracterizou os nove processos que regulam a estabilidade e a resiliência do planeta,
estabelecendo os limites para o que é denominado “espaço operacional seguro para a humanidade”, isto é,
em que é possível a manutenção das atividades sem colocar em risco a vida terrestre (VEIGA, 2019; COSTA,
2022).
Os nove processos que precisam ser regulados para a garantia da estabilidade planetária são (VEIGA, 2019;
COSTA, 2022):
1. Mudanças climáticas.
2. Perda da integridade da biosfera (perda da biodiversidade).
3. Dispersão de químicos e novas substâncias. 
4. Acidi�cação do oceano.
5. Uso da água doce.
6. Mudanças do uso da terra.
7. Fluxos biogeoquímicos (alterações nos ciclos do nitrogênio e do fósforo).
8. Carga de aerossóis de origem antropogênica presentes na atmosfera.
9. Introdução de novas entidades (microplásticos, poluentes orgânicos, nanomateriais etc.).
Esses processos que estabelecem os limites planetários podem ser sintetizados na �gura a seguir.
Figura 2 | Os nove limites planetários
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Fonte: Pais (2021, [s. p.]).
Na �gura, podemos visualizar que a parte em verde são as chamadas zonas seguras, em que temos o “espaço
operacional seguro”; em laranja, as “zonas de risco crescente”, com alto potencial de efeitos prejudiciais; em
vermelho, as “zonas de risco alto”, em que os limites foram ultrapassados e estamos sujeitos às
consequências imprevisíveis. Percebemos que a humanidade já ultrapassou quatro dos limites estabelecidos:
mudanças climáticas, integridade da biosfera (perda de biodiversidade), �uxos bioquímicos de nitrogênio e
fósforo e, mais recentemente, as mudanças no uso da terra (solo). Esses são desa�os que estão postos no
tabuleiro global, a demandar a atuação de todas as instituições internacionais e nacionais.
Nota-se, assim, que a observância dos limites planetários é uma das exigências para que as crises provocadas
pela Grande Aceleração não conduzam o Sistema Terra a uma situação de irreversibilidade.
A ERA DA RESPONSABILIDADE
Para o enfrentamento das questões que se apresentam no Antropoceno, será imprescindível repensar os
meios de produção e os padrões de consumo em sociedade, que afetam decisivamente os processos
ambientais e, por consequência, as dinâmicas de regulação do Sistema Terra. Se, em sentido amplo, é
essencial uma conjugação de políticas e estratégias por diversos atores globais – instituições governamentais,
setores empresariais e organismos multilaterais –, na escala da proximidade (quotidiano) é preciso destacar o
exercício de uma ética da responsabilidade, por meio da conscientização ecológica para a compreensão da
�nitude dos recursos naturais e o repensar das relações de consumo. Não há dúvidas que dispomos de
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tecnologias cada vez mais avançadas e que podem ser muito importantes no contexto das crises. No entanto,
as tecnologias, sem a mudança de consciência pública e individual e sem a percepção do próprio ser humano
de que ele e a natureza constituem um todo, podem não ser su�cientes para lidar com a questão demográ�ca
e o aumento da poluição (ODUM, 2001).
Um dos intentos que contribui no processo de tomada de consciência é um indicador criado que nos permite
conhecer os impactos das nossas atividades sobre o planeta. Trata-se do conceito de “pegada ecológica” –
elaborado pela entidade Global Footprint Network –, que é uma unidade métrica que estabelece uma equação
entre a demanda de recursos utilizados por pessoas, empresas e governos e a capacidade de regeneração
biológica do planeta. A pegada ecológica mede o quanto de área de terra e água são requeridos para o
consumo e para a absorção dos resíduos sólidos gerados (WWF, 2020). A pegada ecológica é representada em
hectares – unidade que é equivalente a 10.000 metrosquadrados – e, no caso de pessoas, mensura-se
quantos hectares são demandados para con�gurar a pegada ecológica individual.
Para �car mais claro, a pegada ecológica de uma pessoa que vive no Brasil é de 2,6 hectares, o que signi�ca
que essa é a área necessária para atender ao consumo de cada brasileiro (GLOBAL FOOTPRINT NETWORK,
2022). No caso de um cidadão dos Estados Unidos, a pegada ecológica é de 8,1 hectares; de um alemão, é de
4,7 hectares; de um inglês, de 4,2 hectares; de um chinês, de 3,6 hectares; e assim as pegadas são calculadas
para os habitantes de mais de 200 países. A título de curiosidade, as maiores pegadas ecológicas são do Catar
(14,3 hectares) e de Luxemburgo (13 hectares) (GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2022). Já as menores pegadas
ecológicas estão em nações, como o Iêmen (0,5 hectares), Timor-Leste (0,6 hectares) e Haiti (0,6 hectares)
(GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2022).
Muitos países estão em situação de dé�cit ecológico, isto é, usam mais recursos naturais – pegada ecológica –
que seus ecossistemas podem regenerar – biocapacidade –, como é o caso dos Estados Unidos, da China, da
Índia, de Israel, do Japão e da União Europeia. Com o aumento desse dé�cit em nível global, temos o que é
chamado de “capacidade de carga” do planeta, que é a sobrecarga no consumo de seus recursos. Desde a
década de 1970, a capacidade de carga do planeta tem sido ultrapassada com sérios riscos para a dinâmica
ambiental. Uma das representações usadas para demonstrar o limite da capacidade de carga do planeta é
determinar o dia em que ele ocorre em cada ano. No ano de 2022, ela foi atingida no dia 28 de julho (WWF,
2022), a partir de então estamos em dé�cit. Em uma analogia, entramos no “vermelho”, consumindo mais do
que o planeta pode suportar. Por esse parâmetro, para atender aos níveis de utilização dos recursos
ambientais atuais, é demandado o equivalente a 1,75 planeta (WWF, 2022). Essa capacidade de carga pode ser
medida em termos de países, já que cada um deles possui a sua pegada nacional. No caso do Brasil, a
capacidade de carga foi atingida em 12 de agosto de 2022 (WWF, 2022). Isso se dá, em boa medida, pelo
aumento do desmatamento na Floresta Amazônica e das queimadas nesse e em outros biomas brasileiros,
como o Cerrado e o Pantanal.
De tudo que foi estudado, faz-se necessário compreender que a era do Antropoceno é uma realidade e que
devemos estar preparados para o enfrentamento de seus efeitos em nossas atividades econômicas e
cotidianas. Ainda que a atuação no nível individual ou de pequenos grupos seja restrita, isso não é um
obstáculo para que possamos compreender o imperativo do exercício da ética da reponsabilidade em todos
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os campos da atividade humana, tanto pro�ssional quanto cidadã, porque não há dissociação entre eles.
A�nal, o que está em risco é a construção da sociedade e dos predicados da vida. Esse é o desa�o do nosso
tempo.
VÍDEO RESUMO
No vídeo, conheceremos e re�etiremos sobre as dinâmicas do Antropoceno, o novo período geológico no
planeta. Além de uma abordagem dos principais fenômenos do Antropoceno, a videoaula discutirá as
implicações dele em nossas atividades econômicas e sociais. Por �m, discutiremos a responsabilidade de
governos e da sociedade civil no momento que vivemos. Vamos juntos? Estou te aguardando!
 Saiba mais
Como estudamos nesta aula, uma das principais métricas para conhecer e compreender o impacto das
nossas atividades no planeta é a pegada ecológica. Mas será que você sabe qual é a sua pegada? Para
conhecê-la, acesse o site Pegada Ecológica e faça o teste usando a calculadora da contabilidade
ambiental que re�ete as nossas condutas sobre o planeta. Além de interessante, o resultado nos ajudará
a compreender a nossa responsabilidade no Antropoceno.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Estudante, é uma alegria tê-lo conosco em uma nova aula sobre um tema fundamental para a sua formação
pro�ssional: as mudanças climáticas.
Sabemos, hoje, que a mudança do clima é uma realidade com impactos diretos nas relações econômicas e
sociais. Se, por um lado, existe o desa�o de lidar com os efeitos negativos da mudança do clima, de outro, está
em curso a con�guração de uma economia, de baixo carbono, adaptada aos novos tempos.
Aula 2
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Sabemos, hoje, que a mudança do clima é uma realidade com impactos diretos nas relações econômicas
e sociais.
33 minutos
http://www.pegadaecologica.org.br/

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