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6 - SEMINÁRIO VI - IRPJ

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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VI - IRPJ 
 
 
Seminário VI 
IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOA JURÍDICA 
 
Aluno: Leonardo Rodrigues de Lima 
 
Questões 
 
1. Quais as formas de apuração e de recolhimento do IRPJ determinados pelo 
legislador ordinário? Diferencie-as. Há direito subjetivo do contribuinte ao 
arbitramento do lucro, no caso de imprestabilidade de sua contabilidade? 
Lucro Real 
Para alguns autores, essa é a forma de tributação mais complexa para apuração e 
recolhimento do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição 
Social sobre o Lucro Líquido). Conforme Silva, “É uma forma complexa de apuração 
do IRPJ e da CSLL”. 
“Tem como fato gerador o resultado contábil ajustado pelas adições, exclusões e 
compensações determinadas na legislação tributária (Silva, 2010, p.93)”, sendo a 
principal, o decreto nº 9.580/2018. 
O artigo 258 do referido decreto conceitua o lucro real como sendo: 
Art. 258. O lucro real é o lucro líquido do período de apuração 
ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou 
autorizadas por este Regulamento ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 
6º, caput ). 
§ 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro 
líquido de cada período de apuração em observância às disposições 
das leis comerciais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 37, § 1º) . 
§ 2º Os valores que, por competirem a outro período de apuração, 
forem, para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro 
líquido do período de apuração, ou dele excluídos, serão, na 
determinação do lucro real do período de apuração competente, 
excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente 
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 4º). 
A determinação do lucro real será realizada antes da apuração do lucro líquido 
de cada período, devendo ser observado o que disciplina a legislação vigente. A 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VI - IRPJ 
 
 
expressão lucro real significa o próprio lucro tributável, para fins da legislação do 
imposto de renda, distinto do lucro líquido apurado contabilmente. 
Em resumo, o lucro real pode ser definido como o lucro líquido do período de 
apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas 
pela legislação fiscal. 
Referente ao recolhimento, poderá ser feito por período trimestral ou anual por 
estimativa, conforme arts. 217 a 219 do decreto 9.580/2018. O IRPJ e a CSLL são 
calculados no Lucro Real, utilizando como base de cálculo o resultado apurado no final 
de cada trimestre civil, de forma isolada. Desse modo, são realizadas durante o ano 4 
(quatro) apurações definitivas. Diferente do que ocorre na opção de ajuste anual, não se 
realizam antecipações mensais dos referidos impostos. 
Na opção do Lucro Real por estimativa anual, a antecipação dos recolhimentos 
deve ser realizada mensalmente pelo sujeito passivo, utilizando como base o 
faturamento mensal, aplicando os percentuais predeterminados pela legislação, 
conforme enquadramento das atividades realizadas, resultando em uma base de cálculo 
sobre o lucro estimado (estimativa). Sobre essa estimativa aplica-se o percentual de 
IRPJ e CSLL, na mesma sistemática do Lucro Presumido. Vale ressaltar que, na opção 
de estimativa mensal, existe a possibilidade de se levantar mensalmente balanços ou 
balancetes para reduzir ou suspender o recolhimento do IRPJ e da CSLL, desde que seja 
demonstrado que o efetivo lucro real seja inferior aquele estimado ou ainda, que o 
sujeito passivo esteja operando com prejuízo fiscal. 
 
Lucro Presumido 
Disciplina Silva (2010) que a tributação com base no Lucro Presumido considera 
o percentual de presunção estabelecido pelo Fisco aplicado ao faturamento, adicionado 
às demais receitas e ganhos de capital (2010 p. 427). É considerado como um regime de 
tributação simplificado, ao passo que utiliza o faturamento para a determinação da base 
de cálculo do IRPJ e da CSLL do sujeito passivo que não esteja obrigado ao Lucro Real 
no exercício vigente. 
O Lucro Presumido é oriundo de estudo realizado pela equipe do governo 
federal, que apurou uma média da margem de lucro das empresas para as diversas 
atividades. Com base em dados coletados, o governo fixa um percentual que, aplicado 
sobre o faturamento, fornece o lucro presumido para fins de cálculo do IRPJ e da CSLL, 
com fulcro na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal n.º 1.700/2017 e na 
lei nº 12.814/2013. 
Conforme disciplina o art. 214 da referida instrução normativa, combinado com 
o art. 13 da Lei nº 12.814/2013, o sujeito passivo que aufere receita bruta total no ano-
calendário anterior igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VI - IRPJ 
 
 
multiplicado pela quantidade de meses que obteve faturamento no ano-calendário 
anterior poderá optar pelo regime de tributação baseado no Lucro Presumido. 
Cumpre ressaltar que, conforme o § 1º do referido artigo, a opção pela tributação 
com base no lucro presumido será definitiva em relação ao todo o ano-calendário. Além 
disso, o § 2º disciplina sobre a possibilidade de o sujeito passivo utilizar o regime de 
competência ou caixa para cômputo do faturamento. 
No regime de lucro presumido, a apuração é trimestral e os impostos deverão ser 
recolhidos até o último dia útil do mês subsequente ao encerramento do trimestre, em 
quota única, sem qualquer acréscimo, ou em três quotas mensais com juros Selic a partir 
da segunda quota. 
 
Lucro Arbitrado 
A apuração do IRPJ e CSLL nessa modalidade deve ser efetuada 
trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, ficando assegurada, nos trimestres não 
submetidos ao arbitramento, a tributação com base no lucro real ou lucro presumido. O 
Lucro Arbitrado e definido pelo Doutrinador L. Silva como: 
O lucro Arbitrado é uma forma de tributação para se apurar a CSLL e o IRPJ, 
pois é uma maneira utilizada pelo Fisco (como forma de penalidade), no entanto, que 
pode ser adotada pelo contribuinte, quando a receita bruta é desconhecida e somente 
poderá ser adotada na ocorrência de qualquer uma das hipóteses de arbitramento (2010, 
p. 413). 
A pessoa jurídica terá o seu lucro arbitrado pelas hipóteses previstas nos títulos X e XI 
do Decreto 9.580/2018. 
Referente ao direito subjetivo do contribuinte ao arbitramento do lucro, no caso 
de imprestabilidade de sua contabilidade, afirmo que subsiste o direito subjetivo, haja 
vista que quando conhecida a receita bruta da PJ, e, desde que tenha ocorrida qualquer 
das hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal vigente, o sujeito passivo 
poderá efetuar o recolhimento do IRPJ em questão com base nas regras do lucro 
arbitrado, quando conhecida sua receita bruta. 
 
Simples Nacional 
É uma forma de tributação permitida para determinadas empresas, instituída pela 
Lei Complementar nº 123, republicada em 31 de janeiro de 2009, normatizando as 
Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) e posteriormente, por meio 
da resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) nº 58 de 27 de março de 
2009. 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VI - IRPJ 
 
 
 
Consiste em um sistema de tributação diferenciado, simplificado e favorecido, 
que consolida, em um recolhimento único, os principais impostos federais (IRPJ, CSL, 
PIS, COFINS, IPI e INSS patronal), estaduais (ICMS) e municipais (ISS), facilitando a 
vida das microempresas e das empresas de pequeno porte. 
No Simples, o cálculo do valor a recolher é realizado mensalmente, por meio da 
aplicação, sobre a receita bruta mensal, das alíquotas previstas nos anexos da Lei 
Complementar nº 123/2006, conforme a atividade desenvolvida pelo sujeito passivo. 
Para o comércio, a alíquota varia entre 4% e 11,61%; para a indústria, entre 4,5% e 
12,11%; e na maior parte dos serviços, entre 6% e 17,42%. 
Houve a inserção no nosso sistema tributário do MicroempreendedorIndividual 
(MEI), sendo assim, o sistema do Simples Nacional dividirá as empresas pela receita 
bruta anual, sendo: Microempreendedor Individual (MEI) com receita bruta auferida de 
até R$ 60.000,00 anual, Microempresa (ME) com receita bruta auferida de até R$ 
360.000,00 anual e Empresa de Pequeno Porte (EPP) com receita bruta auferida de até 
R$ 3.600.000,00 anual. 
O MEI também está enquadrado no Simples Nacional, contudo, este não será 
contribuinte dos tributos federais (IRPJ, CSLL, IPI, PIS, e COFINS). Desse modo, o 
recolhimento dos tributos será realizado mensalmente a um valor fixo de R$ 47,85 para 
as atividades da indústria e comércio, R$ 51,85 para as atividades de prestação de 
serviços e de R$ 52,85 para as atividades combinadas de serviço e comércio. A 
destinação deste recolhimento será para à Previdência Social, ao ICMS ou ao ISS. 
A principal restrição para o ingresso no Simples Nacional é a receita bruta 
auferida mensalmente, todavia, é necessário se atentar para as demais restrições, 
previstas nos Arts. 3, § 4º e 17, ambos da Lei Complementar nº 123/2006, bem como na 
Resolução CGSN nº 140/2018, que trata do MEI. 
 
2. Qual o conceito jurídico de permuta? Ela pode ser equiparada ao instituto da 
compra e venda? A permuta implica acréscimo patrimonial? Há incidência do 
imposto sobre a renda nas operações de permuta? Quais os impactos tributários 
sobre a operação de permuta trazidos pela Lei n. 12.973 de 2014? O regime de 
apuração (lucro real ou lucro presumido) influencia no tratamento tributário a ser 
dispensado às permutas imobiliárias para fins de incidência do IRPJ? (Vide 
Parecer COSIT/RFB n. 09/14 e Parecer PGFN n. 454/92). 
O conceito jurídico de permuta pode ser definido como o negócio jurídico em 
que as partes se obrigam, reciprocamente, a entregar coisas. Importante ressaltar que as 
coisas a que o contrato se adstringe não pode ser dinheiro, pois, se assim o fosse, 
desnaturado restaria o instituto em tela. Assim, há uma relação estruturada em rem pro 
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Seminário VI - IRPJ 
 
 
re, ao invés de rem pro pretio, coisa por dinheiro, como ocorre nos contratos de compra 
e venda. Conforme SILVA, 2012, a permuta pode ser definida como: 
“Na permuta um dos contratantes promete uma coisa em troca de 
outra, ou seja, uma parte se obriga a dar uma coisa por outra. Em 
melhor definição, a troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a 
dar uma coisa por outra que não seja dinheiro”. 
Desse modo, não pode ser equiparado ao instituto da compra e venda, haja vista 
que não há a troca de um bem por pecúnia. Em relação ao acréscimo patrimonial, é 
necessário analisar o caso concreto, haja vista que os bens dados em permuta expressam 
valores conforme a determinação de cada sujeito da relação. No caso de permuta com 
torna, verifica-se um acréscimo patrimonial para o sujeito que recebe a torna, ao passo 
que ocorre um decréscimo patrimonial para o sujeito que paga a torna. 
A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça confirmou a tese da não incidência 
de tributos federais nas operações de permuta de imóveis, em julgamento recente e, 
cujo acórdão foi publicado em 21/11/2018. No caso das operações de permuta, restou 
decidido que somente eventual torna se sujeitará a tributação pelo IRPJ, CSLL, PIS e 
Cofins. 
Em relação aos impactos tributários trazidos pela Lei 12.973/14, é necessário 
observar o disposto no art. 27, § 3º. A presente inclusão prescreve que incidirá imposto 
por ocasião de ganho decorrente da avaliação do valor justo, nos casos de permutas 
envolvendo unidades imobiliárias. Quando isso ocorrer, a parcela do lucro bruto 
ocasionado pela referida reavaliação deverá ser computada na determinação do lucro 
real das pessoas jurídicas permutantes. Vejamos: 
art. 27. … 
§ 3º Na hipótese de operações de permuta envolvendo unidades 
imobiliárias, a parcela do lucro bruto decorrente da avaliação a valor 
justo das unidades permutadas será computada na determinação do 
lucro real pelas pessoas jurídicas permutantes, quando o imóvel 
recebido em permuta for alienado, inclusive como parte integrante do 
custo de outras unidades imobiliárias ou realizado a qualquer título, ou 
quando, a qualquer tempo, for classificada no ativo não circulante 
investimentos ou imobilizado. 
No caso de permuta de unidades imobiliárias, com ou sem recebimento de torna, 
o Parecer Normativo COSIT/RFB n. 09/14, disciplina que as PJ’s dedicada a atividades 
imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de 
prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos 
para a revenda, tributadas pelo lucro presumido, deverão reconhecer o valor da permuta 
recebida como receita bruta, resultando em oferecimento para base de cálculo do IRPJ 
presumido. 
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Seminário VI - IRPJ 
 
 
Em relação ao lucro real, a apuração do IRPJ ocorrerá conforme o caso concreto. 
No caso de recebimento de torna, não restam dúvidas de que ocorreu um acréscimo 
patrimonial, devendo esse resultado positivo pelo recebimento da torna ser oferecido à 
tributação. Caso não haja recebimento de torna, não há que se falar em resultado 
positivo, portanto, não ocorre o acréscimo patrimonial que impactará positivamente no 
resultado fiscal da empresa permutante. 
Sendo assim, é possível afirmar que o regime de apuração do IRPJ influenciará 
na apuração do IRPJ. No caso do lucro real, haverá incidência do imposto no caso de 
resultado positivo na permuta, como o recebimento de torna, enquanto no lucro 
presumido, o valor da permuta recebida deverá ser reconhecida como receita bruta e, 
por conseguinte, ser oferecida como base de cálculo para o IRPJ presumido. 
Com a máxima vênia, discordo do entendimento do Parecer Normativo 
COSIT/RFB n. 09/14, ao determinar que o valor da permuta recebida, com ou sem 
torna, deve ser reconhecido como receita bruta, haja vista que operação de permuta 
(ressalvado o tratamento à torna, sobre o qual não há divergência) não gera receita ou 
faturamento (fato gerador do PIS e da COFINS), tampouco incremento patrimonial 
disponível (fato gerador do IR) ou lucro (fato gerador da CSLL), sendo fato meramente 
permutativo. 
O Parecer PGFN n. 454/92 leciona que a essência da permuta pode ser traduzida 
como mera substituição de um bem de uma natureza por outro de natureza diferente, 
independentemente de qualquer referência a preço de mercado. Desse modo, cada parte 
da relação da permuta estipula um valor para o bem permutado. No caso de permuta 
sem a torna, não há que se falar em acréscimo patrimonial, sendo um fato meramente 
permutativo. Desse modo, a tributação pelo IRPJ não deverá ser aplicada, haja vista não 
se tratar de obtenção de renda, tampouco em acréscimo patrimonial. 
 
3. Com relação à base de cálculo do IRPJ pergunta-se: 
(a) “Entradas” e “ingressos” são sinônimos de “receita”? As despesas 
reembolsadas por clientes integram a receita bruta dos escritórios e empresas que 
trabalham com bens e direitos de terceiros (como escritórios de advocacia, 
contabilidade, empresas de cobrança, etc.) que adotam o lucro presumido? Esses 
reembolsos podem ser tributados pelo IRPJ? (Vide anexo I). 
O conceito de receita pode ser resumido como: um tipo de entrada ou ingresso 
no patrimônio da Pessoa Jurídica, resultante da operação proposta pela entidade (venda 
de mercadoria, prestação de serviço, industrialização de produto). Dito isso, podemos 
afirmar que nem todo entrada/ingresso financeiro representa uma receita. Isto porque o 
ingresso financeiro é um dos atributos que permitem qualificar o conteúdo material da 
receita, mas nem todo ingresso tem natureza de receita. É preciso caráter de 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VI - IRPJ 
 
 
definitividade do valor ingressado, e que tenha como causa o exercício de atividade 
empresarial. 
Referente ao tratamento dispensado às despesas reembolsadaspor clientes, no 
que tange integrar a receita bruta dos escritórios e empresas que trabalham com bens e 
direitos de terceiros, o anexo I do presente seminário disciplina que “Os reembolsos de 
despesas ou de custos integram a receita bruta, ou seja, a receita bruta é representada 
pelo valor total contratado (honorários e reembolsos)”. 
Segundo entendimento do CARF, essas despesas reembolsadas por seus clientes 
devem efetivamente integrar a receita bruta de escritórios de advocacia que optam pela 
tributação por lucro presumido. Sendo assim, tais valores deverão integrar a base de 
cálculo do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Como se não bastasse a referida decisão, cumpre 
observar que esses valores são comumente chamados de “entradas” ou “ingressos”. 
Contudo, é mister esclarecer que nem todos os ingressos deverão ser tratados 
como receitas, tendo em vista que alguns deles possuem natureza meramente de 
movimentos financeiros, de modo que não representam qualquer tipo de acréscimo ao 
patrimônio da entidade, tais como os reembolsos, os quais são ingressos que não 
acrescem o patrimônio da pessoa jurídica como elemento novo e positivo. Desse modo, 
com a máxima vênia, discordo do tratamento dado pelo CARF, ao estabelecer que os 
reembolsos deverão ser reconhecidos como receita, haja visque que não espelham a 
capacidade contributiva da sociedade e tampouco alteram o patrimônio, 
incrementando-o. Isso posto, entendo que os reembolsos não são receitas. 
 
(b) O ICMS pode compor a base de cálculo do IRPJ no caso de empresas sujeitas 
ao regime de tributação pelo lucro presumido? Justifique. (vide REsp 
1.760.429/RS, TRF 4 - Apelação Cível nº 5018422-58.2016.4.04.7200/SC anexo II) 
Em relação à composição do ICMS apurado no período na base de cálculo do 
IRPJ no caso de empresas optantes pelo lucro presumido, conforme entendimento da 
Segunda Turma do STJ, o ICMS deverá compor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, 
alegando ser legítima tal inclusão, sob o argumento do valor do ICMS está incluído no 
valor final da mercadoria vendida ou serviço prestado. 
Respeitosamente, venho discordar de tal entendimento, pois concordo 
plenamente com a decisão emanada pelo TRF 4, ao dizer que o ICMS não se incorpora 
ao patrimônio do contribuinte, representando apenas ingresso de caixa ou trânsito 
contábil a ser totalmente repassado ao fisco estadual. Desse modo, o ICMS apurado não 
pode ser tratado como receita bruta e, por conseguinte, deverá ser excluído da base de 
cálculo para IRPJ das entidades optantes pelo lucro presumido. 
 
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Seminário VI - IRPJ 
 
 
(c) O art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.316/96 prevê a impossibilidade de 
dedução do valor correspondente à CSLL para efeito da determinação do lucro 
real, compondo, portanto, a base de cálculo do IRPJ. A inclusão desse valor 
coaduna com o conceito constitucional de renda? A exigência legal de adição da 
CSLL, registrada como custo ou despesa ao lucro líquido, se afigura como hipótese 
de ficção jurídica apta a alterar o critério quantitativo da regra-matriz de 
incidência do IRPJ? Esta disposição legal viola algum princípio constitucional 
consentâneo ao imposto incidente sobre a renda? (Vide art. 71 da IN/RFB n. 1.585 
de 2015, Acórdão n. 1401.001.369 do CARF, anexo III). 
A redação dada pelo art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.316/96 prevê: 
Art. 1º O valor da contribuição social sobre o lucro líquido não poderá 
ser deduzido para efeito de determinação do lucro real, nem de sua 
própria base de cálculo. Parágrafo único. Os valores da contribuição 
social a que se refere este artigo, registrados como custo ou despesa, 
deverão ser adicionados ao lucro líquido do respectivo período de 
apuração para efeito de determinação do lucro real e de sua própria 
base de cálculo. 
O debate em tela gira em torno de uma suposta violação aos artigos dispostos na 
CF: arts. 145, § 1º; 146, III, “a”; 150, III, “a” e 153, III, CF; e no CTN arts. 43 e 44 do 
CTN: § 1º do art. 145. 
A alegação apresentada pelos sujeitos passivos se referem a alegação de 
inconstitucionalidade do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.316/96, sob a alegação de 
violação ao conceito constitucional de renda (art. 153,III), da reserva de lei 
complementar (art. 146, III, a), do princípio da capacidade contributiva (art. 145, 
parágrafo 1º) e da anterioridade (arts. 150, III, A E 195, § 7º). Contudo, o STF, ao julgar 
o RE 582.525, entendeu pela constitucionalidade do dispositivo legal em estudo, sob o 
argumento do valor pago a título de CSLL não perder a característica de corresponder a 
parte dos lucros ou da renda do contribuinte pela circunstância de ser utilizado para 
solver obrigação tributária. (RE 582525, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, 
Tribunal Pleno, julgado em 09/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO 
GERAL - MÉRITO DJe-026 DIVULG 06-02-2014 PUBLIC 07-02-2014). 
Respeitosamente, venho discordar de tal entendimento, haja vista que o valor 
pago a título de CSLL não corresponde a receita da empresa, ao passo que são tratados 
como despesa, devendo ser deduzido do lucro real da empresa e, por conseguinte, 
excluído da base de cálculo do IRPJ. 
 
4. A legislação do imposto de renda prescreve que a compensação dos prejuízos 
fiscais apurados é limitada à denominada trava de 30% (conforme artigo 250 do 
RIR). Por outro lado, regula ainda a forma com que o direito à compensação 
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subsiste, especialmente em face de eventos de cisão, incorporação ou fusão de 
sociedades (conforme artigos 513 e 514 do RIR). Indaga-se: é cabível a 
denominada “incorporação reversa” ou “incorporação às avessas”, isto é, a 
operação em que figura como incorporadora a sociedade detentora de prejuízos 
fiscais, realizada justamente para que estes não se percam? Trata-se de 
planejamento tributário lícito, ou seria, esse caso, hipótese de fraude ou 
simulação? Estaria essa operação proibida pelo parágrafo único do artigo 116 do 
Código Tributário Nacional? Explique. (Vide anexos IV, V, VI). 
A compensação de prejuízos fiscais apurados poderá ser realizada pela entidade, 
limitada a 30% do valor do prejuízo acumulado, a chamada trava de 30%, conforme 
previsto no art. 580 do Decreto 9.580/2018: 
Art. 580. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro líquido 
ajustado pelas adições e pelas exclusões previstas neste Regulamento, 
observado o limite máximo, para compensação, de trinta por cento do 
referido lucro líquido ajustado. 
Importante observar o disposto nos arts. 584 e 585, o qual estabelece que a 
pessoa jurídica não poderá compensar os referidos prejuízos fiscais nos casos de 
modificação do seu controle societário e do ramo de atividade; e de sucessora por 
incorporação, fusão ou cisão, não podendo compensar prejuízos fiscais da sucedida. O 
legislador buscou com esses artigos anular a tentativa de incorporação, fusão ou cisão 
de empresas que apresentam prejuízos acumulados com o único objetivo de se 
aproveitar dos saldos existentes somente para compensação nos resultados da entidade 
incorporadora. Nesse caso, não há que se falar em planejamento tributário, mas sim em 
operação com objetivo de fraude ou simulação. 
 Contudo, a chamada incorporação reversa é permitida, haja vista que consiste 
na incorporação da sociedade investidora e não da investida. Ocorre que a lei não proíbe 
a operação inversa, na qual empresa com prejuízo fiscal incorpora empresa rentável a 
fim de compensar os valores no momento do pagamento do IRPJ. 
Sendo assim, em se tratando de um negócio jurídico com o fito de resultar em 
economia fiscal ao sujeito passivo, vejamos um trecho do voto da Ministra Cármen 
Lúcia na ADI nº 2.446: 
“(...) A norma não proíbe o contribuinte de buscar, pelas vias legítimas 
e comportamentos coerentes com a ordem jurídica, economia fiscal, 
realizando suas atividades de forma menos onerosa, e, assim, 
deixando de pagar tributos quandonão configurado fato gerador cuja 
ocorrência tenha sido licitamente evitada.” 
Dito isso, o sujeito passivo dispõe do direito de reorganizar suas atividades como 
melhor lhe convir, desde que observado o fim e o intuito da operação. Isso posto, a 
incorporação às avessas é legalmente permitida, ao passo que empresa com saldo de 
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prejuízos acumulados incorpora empresa superavitária, com o objetivo de melhorar os 
seus resultados e aproveitar, legalmente, da compensação dos prejuízos acumulados. 
Para corroborar tal entendimento, vejamos um trecho do voto do E. Relator, 
Conselheiro Luiz Martins Valero, anexo IV do Acórdão nº . 107-07.596 CARF: 
[...] nas regras que norteiam as operações de cisão ou de incorporação 
de sociedades não há nada que proíba que a empresa detentora de 
prejuízos fiscais figure na qualidade de incorporadora, vale dizer, não 
há nada que proíba a dita “incorporação às avessas”. 
Desse modo, para que seja legítima a incorporação “às avessas” a fim de 
possibilitar a compensação dos prejuízos fiscais pela empresa incorporadora, é 
necessário que operações da espécie sejam, verdadeiramente, operações societárias 
visando a continuidade dos negócios e melhoria da eficiência nas operações praticadas 
entre ambas, e não com o único objetivo de não perda dos prejuízos fiscais acumulados 
na incorporadora. 
Como se não bastasse, o Acórdão CSRF n. 01-05.413 do CARF (anexo V) 
ratifica o entendimento acima apresentado: 
A denominada “incorporação às avessas”, não proibida pelo 
ordenamento jurídico, realizada entre empresas operativas e que 
sempre estiveram sob controle comum, não pode ser tipificada como 
operação simulada ou abusiva, mormente quando, a par da inegável 
intenção de não perda de prejuízos fiscais acumulados, teve por 
escopo a busca de melhor eficiência das operações entres ambas 
praticadas. 
O parágrafo único do art. 116 do CTN disciplina que autoridade administrativa 
poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de 
dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos 
constitutivos da obrigação tributária. Desse modo, para que a incorporação “às avessas” 
seja tratada como fraude ou simulação, e por conseguinte, seja aplicado o parágrafo 
único do art. 116 do CTN. Importante destacar que a redação do parágrafo único do 
referido artigo, prevê a existência de procedimentos a serem estabelecidos em lei 
ordinária, que até o momento não fora editada, não podendo, portanto, ser utilizado 
como fundamento da decisão. 
Para ratificar o exposto, recorremos a um trecho do voto do Ac. CSRF/01-
01.874/94 (anexo V), qual seja: “se o ato praticado era lícito, as eventuais 
consequências contrárias ao fisco devem ser qualificadas como casos de elisão fiscal e 
não de “evasão ilícita.” (Ac. CSRF/01-01.874/94).”. 
 
 
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5. Empresa CTX que atua no ramo de importação e exportação, situada no Estado 
de Santa Catarina se utilizou do Programa Pró-Emprego e Regime Especial (do 
art. 148-A do Regulamento do ICMS/SC). De acordo com esse regime os valores 
das importações ficam com tributação efetiva de 3,45% no caso do programa Pró-
Emprego e de 0,92% no caso do Regime Especial. Em fiscalização realizada a 
autoridade autuante afirma que os benefícios configuram subvenção corrente para 
custeio ou operação, circunstância em que incide o IRPJ. (arts. 392, 519 e 521 do 
RIR/99 e art. 36 da IN SRF nº 93/97.) Contudo o contribuinte considerou em sua 
escritura como subvenção de investimento, portanto, fora do âmbito de incidência 
do IRPJ. Em razão disso foi lavrado Auto de Infração com cobrança de IRPJ. 
Nesse contexto questiona-se (Vide anexo VII): 
(a) tal operação pode ser desmembrada para fins de tributação pelo ICMS? 
As subvenções podem ser definidas como uma espécie de assistência 
governamental, na maioria das vezes pecuniária, concedidas às pessoas jurídicas que 
assumam o compromisso de cumprir determinadas condições relacionadas às suas 
atividades produtivas. 
As subvenções de investimento têm por escopo o estímulo à implantação ou 
expansão empresarial. Tais estímulos podem se dar como isenção ou redução de 
impostos, concedidas por lei e como estímulo à implantação ou expansão de 
empreendimentos econômicos e das doações feitas pelo poder público. 
As subvenções de custeio, podem ser definidas como recursos destinados por 
entes políticos em favor de instituições que prestam serviços ou realizam obras de 
interesse público, com o objetivo de garantir o preço de serviços prestados ou de 
produtos vendidos. 
 
(b) Os créditos presumidos de ICMS, outorgados pelos Estados a seus 
contribuintes, podem ser considerados subvenções? 
Não, tendo em vista que a subvenção para investimento, não pode ser 
enquadrado como o conceito de renda. Sendo assim, não há que se falar em incidência 
da norma tributária. Isso porque a finalidade específica do ente político que concede a 
referida subvenção é possibilitar o investimento local e não o de custear a produção da 
empresa beneficiada. 
 
(c) Os créditos presumidos de ICMS, outorgados pelos Estados a seus 
contribuintes, podem ser considerados subvenções? 
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Na minha visão, é possível identificar o intuito subvencionador do Estado de 
Santa Catarina como subvenção para investimento. Isso porque o incentivo tem por 
objetivo “promover o incremento da geração de emprego e renda, mediante tratamento 
tributário diferenciado do ICMS, com o objetivo de incentivar empreendimentos 
situados no território do Estado, já instalados ou que venham a instalar-se, considerando 
para tanto o efetivo interesse sócio-econômico”. (Art. 1º, do Decreto 105 de 14 de 
março de 2007). 
Para corroborar tal entendimento, vejamos o que disciplina a redação do art. 30, 
§ 4º do Decreto 12.973/2014: 
Art. 30. As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção 
ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou 
expansão de empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo 
poder público não serão computadas na determinação do lucro real, 
desde que seja registrada em reserva de lucros a que se refere o art. 
195-A da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que somente 
poderá ser utilizada para: 
§ 4º Os incentivos e os benefícios fiscais ou financeiro-fiscais 
relativos ao imposto previsto no inciso II do caput do art. 155 da 
Constituição Federal, concedidos pelos Estados e pelo Distrito 
Federal, são considerados subvenções para investimento, vedada a 
exigência de outros requisitos ou condições não previstos neste artigo. 
Desse modo, com a máxima vênia, considero o Auto de Infração lavrado com 
cobrança de IRPJ equivocado, haja vista que a subvenção recebida foi a de 
investimento, como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos, não 
devendo ser computadas e nem reconhecidas por ocasião da determinação do lucro 
real, desde que seja registrada em reserva de lucros a que se refere o art. 195-A da Lei 
nº 6.404. 
 
(d) A prática do Estado de Santa Catarina pode ser compreendida como doação? 
Em caso positivo, quais os efeitos para o IRPJ do contribuinte? 
Não vislumbro o instituto da doação. No caso em tela, conforme exposto nos 
itens acima, vislumbro o incentivo como subvenção para investimento, haja vista que a 
assistência estatal requer contraprestações por parte da empresa beneficiária. Como bem 
elucidado anteriormente, não há que se falar em tributação dos recursos recebidos a 
título de subvenção para investimento, com base no art. 30, § 4º do Decreto 
12.973/2014, haja vista que as referidas subvenções não deverão ser computadas e nem 
reconhecidas por ocasião da determinação do lucro real, desde que seja registrada em 
reserva de lucros a que se refere o art. 195-A da Lei nº 6.404. 
 
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6. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu decisão favorável 
aos contribuintes (Recurso Extraordinário 574.706/PR, com repercussão geral), no 
sentido de reconhecer a não inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da 
COFINS (estando ainda pendentes Embargos de Declaração apresentados pela 
União em relação ao alcance e modulação dos efeitos). Tal decisão gerou ou irá 
gerar impactos para fins de IRPJ? Explicar. 
Referente à exclusão do ICMS da base de cálculo do Pis e Cofins, cumpre 
ressaltar que tal decisão, oriunda do Recurso Extraordinário 574.706/PR, com 
repercussão geral, vale salientar que resultará em impactos para fins de IRPJ. 
Necessário observar esses impactos quando o sujeito passivo optar pelo regime de 
tributação lucro real ou lucro presumido. 
Como vimos anteriormente, a base de cálculo do IRPJ para empresas optantes 
pelo lucro presumido considera o percentual de presunção estabelecido pelo Fisco 
aplicado ao faturamento, adicionado às demais receitas e ganhos de capital. Desse 
modo, no caso da tributação pelo lucro presumido, em nada altera a base de cálculo do 
IRPJ. Para que haja impacto no IRPJ das empresas optantes pelo lucro presumido, o 
mesmo tratamento dado ao PIS e Cofins, deverá ser dado ao IRPJ, considerando que o 
ICMS não é considerado renda, haja vista que o valor arrecadado não se incorpora ao 
patrimônio do contribuinte, sendo repassado ao Fisco Estadual. 
Contudo, no caso de empresas optantes pelo lucro real, cuja base de cálculo é 
obtida pelo lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou 
compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal, a exclusão do ICMS da 
base de cálculo do PIS e Cofins, resultará em um valor menor a recolher desses 
impostos. Por conseguinte, como a empresa pagará menos PIS e Cofins, o lucro real da 
entidade tende a ser maior, ou o prejuízo menor. Como resultado, a empresa apresentará 
uma base de cálculo para IRPJ maior e, por conseguinte, pagará mais IRPJ. 
Por fim, faz-se necessário observar que no caso de procedimento administrativo 
com o intuito de recuperação de créditos de PIS e Cofins por pagamento a maior (sem a 
exclusão do ICMS da base de cálculo) além da atualização monetária, haverá um 
aumento do resultado da empresa (lucro real). Caso o entendimento seja de que o 
crédito restituído por ocasião de Pis e Cofins pago a maior nos últimos 5 anos seja 
“renda”, independentemente do enquadramento tributário da PJ, resultará em IRPJ a 
recolher. 
Desse modo, entendo que a decisão do STF resultará em significativos 
resultados para as entidades referente ao IRPJ. 
 
7. A Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou um parágrafo segundo ao artigo 
43 do CTN, dispondo “que na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do 
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exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua 
disponibilidade, para fins de incidência do imposto...”. 
Indaga-se: o regime de tributação em bases universais abrangendo as controladas 
e coligadas no exterior nos moldes em que prescrito pela Lei 12.973/2014 está de 
acordo com o ordenamento jurídico? Considerar em sua resposta a manifestação 
do STF a respeito do tema. 
Ao examinar a constitucionalidade do art. 43, § 2º do CTN, o Plenário do STF se 
dividiu em quatro resultados, que exprimem claramente o posicionamento doutrinário 
acerca do tema. 
O primeiro posicionamento entende pela sua inconstitucionalidade 
incondicional, já que o dia 31 de dezembro de cada ano está dissociado de qualquer ato 
jurídico ou econômico necessário ao pagamento de participação nos lucros. 
O segundo entendimento afirma que o referido dispositivo é eivado de 
constitucionalidade incondicional, seja em razão do caráter antielisivo (impedir 
“planejamento tributário”) ou antievasivo (impedir sonegação) da normatização, ou 
devido à submissão obrigatória das empresas nacionais investidoras ao Método de de 
Equivalência Patrimonial – MEP, previsto na Lei das Sociedades por Ações (Lei 
6.404/1976, art. 248). 
A terceira vertente entende pela inconstitucionalidade condicional, afastada a 
aplicabilidade dos textos impugnados apenas em relação às empresas coligadas, 
porquanto as empresas nacionais controladoras teriam plena disponibilidade jurídica e 
econômica dos lucros auferidos pela empresa estrangeira controlada. 
A quarta vislumbra uma inconstitucionalidade condicional, afastada a 
aplicabilidade do texto impugnado para as empresas controladas ou coligadas sediadas 
em países de tributação normal, com o objetivo de preservar a função antievasiva da 
normatização. 
Diante disso, de acordo com o entendimento do STF sobre o tema, materializado 
na ADI nº 2588/DF, entendo que se coaduna com o ordenamento jurídico pátrio, tendo 
em vista a declaração da constitucionalidade da tributação automática dos lucros 
auferidos por controladas localizadas em países considerados paraísos fiscais, ou que 
detenham privilégio em seu regime fiscal. 
Contudo, cumpre ressaltar a inconstitucionalidade da tributação dos lucros 
apurados por coligadas em países que possuem tributação regular. Vislumbro que com 
essa decisão, o STF evitou a bitributação. 
Entretanto, é necessário observar que a MP 2.158-35, em seu artigo 74, ao 
obrigar ao contribuinte a realizar a escrituração de lucros não auferidos efetivamente, 
automaticamente está regulando questão normativa geral tributária, relativa a fato 
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gerador, pois antecipa o momento inicial, que deveria ser na aferição efetiva da renda. 
Contudo, é mister dizer que tal matéria é reservada a edição de Lei Complementar, de 
acordo com a CF, art. 146, III “a”. 
Desta forma, resta claro que o art. 74 da MP 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, 
é claramente inconstitucional, visto que determina que “os lucros auferidos no exterior, 
por coligadas ou controladas, serão considerados disponibilizados no Brasil na data do 
balanço no qual tiverem sido apurados, independentemente de sua efetiva 
disponibilização”, pois trata de matéria reservada à Lei Complementar e ainda, por 
desconsiderar o caráter pessoal e a capacidade econômica do contribuinte do referido 
imposto.

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