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Familia-Narcista-Entenda-o-Impacto-e-Cure-se

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Direitos autorais Taryana Rocha, 2021. www.taryanarocha.com.br 
 
Querida leitora ou querido leitor, 4 
Onde conseguir informações e apoio 5 
Grupo gratuito no Facebook Entre No Seu Poder 5 
Playlist de vídeos sobre narcisismo 5 
Tratamento psicológico gratuito ou por preços simbólicos 5 
Inscreva-se na minha lista de email para receber mais conteúdo assim 5 
Apoio especializado em grupo para superar o abuso narcisista 6 
Terapia ou consultas avulsas comigo 6 
O que é narcisismo? 7 
O espectro do narcisismo 9 
0-3 10 
4-6 11 
7 11 
8-9 12 
10 13 
A origem do TPN (Transtorno de Personalidade Narcisista) 14 
Porque narcisistas são infantis? Podem melhorar com terapia? 15 
Por que narcisistas têm filhos? 17 
Como é uma família narcisista? 17 
A existência da criança bode expiatório e da criança dourada. 17 
Obediência total é esperada/ aprovação é totalmente condicional 18 
Você tem que escolher um lado 19 
Seus membros costumam sofrer de transtorno de estresse pós-traumático complexo 
(TEPT-C) 19 
Pisar em ovos 19 
Comparação e competição 20 
Inversão de papéis 20 
Quais são as consequências de crescer numa família narcisista? 21 
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático Complexo (TEPT-C) 21 
Um sistema nervoso alterado (hiperatividade/ hipoatividade) 22 
Zero esperança de que a situação possa melhorar (Desamparo aprendido) 22 
Baixa autoestima 22 
Tendência a se culpar pelo abuso sofrido 23 
Tendência a dissociar e perder o foco do mundo externo 23 
Desrealização 23 
http://www.taryanarocha.com.br/
1 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
Despersonalização 23 
Amnésia dissociativa 23 
Devaneio excessivo 24 
Ideação suicida 24 
Auto-isolamento 24 
Comportamento destrutivo ou arriscado 24 
Experiências onde revivem o trauma 25 
Tentativas de evitar qualquer coisa relacionada ao trauma 25 
Maior chance de desenvolver um transtorno de personalidade 25 
Como se curar dessas consequências e sequelas 26 
Seu CVC (Currículo Personalizado de Cura) 30 
Como lidar com a culpa de reduzir ou cortar contato 34 
Como criar independência emocional e distância psicológica 36 
Como se acolher/se maternar 39 
Como sair do cativeiro 41 
Não sei como lidar com minha família. Quais são as opções? 42 
 44 
Histórias de superação de filhas de narcisistas 44 
Glossário de termos narcisistas 45 
Abuso Emocional 45 
Abuso Narcisista 46 
Agressividade Passiva 48 
Assobio de cachorro/Dog Whistling 48 
Bode Expiatório 49 
Campanha Difamatória 51 
Cativeiro 51 
Chantagem Emocional 52 
Ciclo de abuso 53 
Codependência 54 
Contato Reduzido 55 
Contato Zero 56 
Controle Mental 57 
Criança Dourada 58 
Criança Incapaz/Inadequada 59 
Criança Invisível 60 
Depreciação 61 
http://www.taryanarocha.com.br/
https://www.instagram.com/sol_cult/
2 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
Desamparo aprendido 61 
Descarte 61 
Devaneio Excessivo/ Maladaptive Daydreaming/MDD 62 
Dissonância cognitiva 63 
Distância Psicológica 64 
Dog Whistling 65 
Espelhamento 65 
Facilitador 67 
Idealização 67 
Injúria Narcísica/ Lesão Narcisista 68 
Fúria narcísica 69 
Future Faking 69 
Gaslighting 70 
Hoovering 72 
Invalidação 73 
Inversão de papéis 73 
Iscagem 74 
Lesão Narcisista 75 
Love Bombing/ bombardeio de amor 75 
Macaco Voador 75 
Maladaptive Daydreaming 76 
Manipulação 76 
MN 77 
Narcisista Cerebral 77 
Narcisista Comunal 77 
Narcisista Grandioso/ Aberto 78 
Narcisista Oculto/Vulnerável 78 
Narcisista Somático 78 
NP 79 
Pedra Cinza 79 
Projeção 80 
PN 81 
Reforço Intermitente 81 
Stonewalling 82 
Suprimento Narcisista 83 
Transtorno De Estresse Pós-Traumático Complexo (TEPT-C) 83 
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https://www.instagram.com/sol_cult/
3 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
Tratamento de Silêncio 84 
Trauma-Bonding/ Trauma-bond 85 
Triangulação 85 
Historias de superação de filhas de narcisistas 87 
 
 
 
 
 
 
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https://www.instagram.com/sol_cult/
4 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
Querida leitora ou querido 
leitor, 
 
 
Esse livrinho foi preparado com muito amor, muita energia boa e também muita pesquisa. 
Eu espero de coração que ele consiga transformar um assunto tão complexo e doloroso em 
algo mais simples de navegar e leve de tolerar. 
 
Informação liberta! A auto-educação salvou minha vida inúmeras vezes, tenho certeza que 
pode fazer o mesmo por você. 
 
Algumas coisinhas antes de começar: 
 
● Esse livro é dividido em duas partes, uma que explica 
o que é uma família narcisista e como superar seu 
impacto, e outra que é um glossário de termos narcisistas. 
Sempre que encontrar uma palavra cujo significado você 
desconhece, verifique se está no glossário. Se achar que 
esqueci de incluir algo essencial, mande um email para 
minha equipe por aqui info@taryanarocha.com.br ou neste 
whatsapp +55 21 99877-7032. 
● A maior parte das pessoas que me seguem são 
mulheres. No entanto, uns 13% são homens e eu quero 
incluir todos nessa conversa. Por isso você perceberá que 
às vezes eu escrevo como se a pessoa lendo fosse 
mulher, e em outros momentos como se fosse homem. 
● No meio do livro e antes do glossário tem 2 histórias de 
superação de filhas de narcisistas que também foram 
clientes minhas. É uma honra, um prazer e uma bênção 
tão grande fazer parte desses processos de libertação, eu 
espero que as histórias da Débora e da Kênia inspire você 
também! 
 
Eu desejo a você uma leitura gostosa e que você se dê permissão de ser cada vez mais 
você. 
 
 
http://www.taryanarocha.com.br/
https://www.instagram.com/sol_cult/
mailto:info@taryanarocha.com.br
https://wa.me/%2B5521998777032
5 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
Onde conseguir informações e 
apoio 
Grupo gratuito no Facebook Entre No Seu Poder 
 
Para que você não fique sem apoio, sugiro que entre no grupo fechado do Facebook Entre 
No Seu Poder, pois lá você consegue apoio de milhares de filhas e filhos de narcisistas a 
qualquer hora do dia que podem ajudar com seu caso específico: 
 
https://www.facebook.com/groups/1894929164108105/ 
 
Playlist de vídeos sobre narcisismo 
 
Também tem minha playlist de vídeos no Youtube aqui: 
 
https://www.youtube.com/playlist?list=PLBJnhlSaQn3s1Fq3uJLlDgw9VhC1spEUl 
 
Tratamento psicológico gratuito ou por preços simbólicos 
 
Você pode encontrar isso em Clínicas-Escola de Psicologia em São Paulo. Se você estiver 
em outro lugar, pesquise escolas de psicologia na sua área que oferecem esse serviço: 
 
http://www.sedes.org.br/Departamentos/Psicanalise/arquivos_comunicacao/Clinicas-
Escolas%20novo%20(e-mail)%20E-mail.pdf 
 
Inscreva-se na minha lista de email para receber mais conteúdo assim 
 
Se quiser ir se trabalhando com mais conteúdo meu, tenho uma lista de email onde você 
recebe algumas lições exclusivas, é só se inscrever aqui: 
 
https://taryanarocha.com.br/inscreva-se/ 
 
 
 
 
 
 
http://www.taryanarocha.com.br/
https://www.instagram.com/sol_cult/
https://www.facebook.com/groups/1894929164108105/
https://www.facebook.com/groups/1894929164108105/
https://www.facebook.com/groups/1894929164108105/
https://www.youtube.com/playlist?list=PLBJnhlSaQn3s1Fq3uJLlDgw9VhC1spEUl
https://www.youtube.com/playlist?list=PLBJnhlSaQn3s1Fq3uJLlDgw9VhC1spEUl
http://www.sedes.org.br/Departamentos/Psicanalise/arquivos_comunicacao/Clinicas-Escolas%20novo%20(e-mail)%20E-mail.pdf
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6 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
Apoio especializado em grupo 
para superar o abuso narcisista 
 
Se você se identificar com o meu trabalho e quiser focar nasua reprogramação 
inteiramente online, individualmente ou em grupo, eu ministro um programa para filhas e 
filhos de narcisistas cujo objetivo é começar a realmente transformar essa sensação de 
impotência e falta de amor. 
 
Isso é possível usando técnicas para identificar o seu Eu Real momento a momento. Com 
algumas ferramentas simples que podem ser usadas sempre, você cliente consegue achar 
seu poder interior na prática e consegue tomar os passos difíceis que pareciam impossíveis 
ao enfrentar o narcisismo. 
 
Ao fortalecer seu Eu Real, você se sente mais capaz de ser você mesma, com cada vez 
menos ecos dos traumas. 
 
Esse ensinamento é passado no Workshop Entre No Seu Poder. É um processo pago e 
dura 9 semanas intensas! O Workshop conta com vários bônus e tem mais informações 
aqui: 
 
https://taryanarocha.com.br/workshop-entre-no-seu-poder/ 
Terapia ou consultas avulsas comigo 
 
Em alguns momentos do ano eu abro minha agenda para fazer consultas avulsas sobre 
assuntos pontuais relacionados ao narcisismo. Às vezes também posso ter vaga para 
paciente de psicanálise regular. Para indagar sobre estas possibilidades e marcar sessão, 
você pode entrar em contato através deste email (info@taryanarocha.com ) ou este 
Whatsapp: +55 21 99877-7032. 
 
 
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https://www.instagram.com/sol_cult/
https://taryanarocha.com.br/workshop-entre-no-seu-poder/
https://taryanarocha.com.br/workshop-entre-no-seu-poder/
https://taryanarocha.com.br/workshop-entre-no-seu-poder/
mailto:info@taryanarocha.com
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O que é narcisismo? 
 
Na fala popular, o narcisismo tem a ver com vaidade e o foco na aparência. 
 
É verdade que alguns narcisistas usam sua aparência para conseguir atenção a qualquer 
custo. No entanto, esse é apenas um perfil de narcisismo, o narcisista somático. 
 
Independente do estilo individual do narcisista, aqui estamos falando de algo específico: o 
transtorno de personalidade narcisista, ou TPN. 
 
Um transtorno de personalidade é um padrão de pensamento e comportamento 
desadaptativos, bem rígidos e repetitivos. 
 
Isso quer dizer que este indivíduo teria algumas características extremamente marcantes 
que também causam mal para ele e para quem se relaciona com ele. 
 
Existem vários transtornos de personalidade, e cada um é marcado por um princípio 
organizador. Aquilo que é a motivação principal de quem tem aquele transtorno. 
 
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Por exemplo: 
 
Para o psicopata, seu motivo por trás de tudo é controle e domínio absoluto. Ele segue 
unicamente as próprias regras e dane-se o mundo. Esse princípio organizador se apresenta 
em todas as suas escolhas, seus pensamentos e seus comportamentos. Tudo que ele faz é 
para ganhos pessoais sem levar em consideração as consequências dos seus atos. 
 
Já para quem tem transtorno borderline, seu princípio organizador de personalidade é o 
medo do abandono. 
 
Grande parte de sua energia é dedicada a tentativas de evitar ser abandonado ou para 
evitar que fique sozinho. 
 
Finalmente, no caso de quem tem transtorno de personalidade narcisista, seu princípio 
organizador é conseguir suprimento narcisista para manter um senso de identidade e 
regular suas emoções. 
 
Por incrível que pareça, tudo que o narcisista faz e pensa tem o objetivo de conseguir esse 
suprimento narcisista. Quanto mais grave seu transtorno, mas obcecado ele é por essa 
busca, sem qualquer interesse nas pessoas reais que estão oferecendo o suprimento. Elas 
são apenas fornecedoras e não têm qualquer outra utilidade. 
 
Suprimento narcisista é qualquer coisa que permite que o narcisista se sinta o centro das 
atenções, superior ou sempre "certo". 
 
● Quando ele engrossa a voz e seus olhos demonstram medo, seu medo é o 
suprimento narcisista. 
● Quando sua mãe diz que você vai sentir muita culpa se não fizer o que ela quer 
hoje, sua culpa é o suprimento narcisista dela e permite que ela controle você. 
● Quando sua amiga vive reclamando sobre diversas doenças que aparecem nela, e 
parece só falar disso, sua dó e compaixão são o suprimento narcisista dela. 
● Monopolizar uma conversa com um monólogo interminável. 
● Vestir as roupas mais chamativas para causar ciúmes e medo de abandono no 
marido. 
● Fazer draminha quando os outros estão felizes e não estão incluindo o narcisista na 
brincadeira. 
● Difamar filhos para toda a família quando desobedecem. 
 
Todos esses comportamentos são tentativas de conseguir algum tipo de suprimento 
narcisista! 
 
Seu medo, sua culpa, sua vergonha, sua desistência, sua frustração, seu fracasso, seu 
tempo, sua energia, a infelicidade dos outros, poder, status, dinheiro, aplausos, atenção, dó, 
compaixão, cuidados, mimos, inclusão social forçada, bajulação…todas essas coisas são 
suprimento narcisista.Narcisistas são, portanto, pessoas obcecadas em conseguir essas 
coisas. 
 
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Existem várias literaturas que descrevem esse transtorno. Se utilizarmos o livro DSM-5, da 
Associação Americana de Psiquiatria, vemos que para diagnosticar o TPN, os pacientes 
devem ter um padrão persistente de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de 
empatia. 
 
Esse padrão se caracteriza por ≥ 5 dos seguintes: 
 
● Uma sensação exagerada e infundada da sua própria importância e talentos 
(grandiosidade). 
● Preocupação com fantasias de realizações ilimitadas, influência, poder, inteligência, 
beleza ou amor perfeito. 
● Convicção de que eles são especiais e únicos e devem associar-se apenas com 
pessoas do mais alto calibre. 
● Necessidade de ser incondicionalmente admirado ou de ser o centro das atenções. 
● Uma sensação de merecimento no sentido de que as regras não se aplicam a eles. 
São especiais e merecem, naturalmente, mais mimos do que os outros. 
● Exploração dos outros para alcançar objetivos próprios. 
● Falta de empatia. 
● Inveja dos outros e convicção de que os outros os invejam. 
● Arrogância, soberba. 
 
Além disso, os sintomas devem ter se manifestado no início da idade adulta ou antes. 
 
É importante entender que qualquer pessoa pode ter o transtorno de personalidade 
narcisista. Homens, mulheres, líderes religiosos, celebridades, mães, pais, filhos, chefes, 
ricos, pobres, amigas...realmente qualquer pessoa! Algumas dessas pessoas se tornam 
pais, porém já tinham o transtorno antes deste evento. 
 
O espectro do narcisismo 
 
 
Todos nós temos traços narcisistas. O problema não é ter um ou outro traço, é quando sua 
personalidade inteira é tomada por esses comportamentos e você é incapaz de modificá-
los, mesmo quando isso causa sofrimento para si e para os outros. 
 
Outro fato interessante é que existe narcisismo saudável. Em muitos casos, o indivíduo 
apresenta uma falta desse tipo de narcisismo, o que também não é legal. 
 
Uma terceira questão é que o narcisismo acontece num espectro. Algumas pessoas são 
mais narcisistas e outras menos. Uma mesma pessoa pode subir e descer sua pontuação 
nesse espectro em resposta a certos eventos. 
 
Por exemplo, uma mulher que tem TPN perde sua fonte de suprimento narcisista principal: 
seu marido que acaba de falecer. Nos meses ou anos que seguem, seu narcisismo pode 
escalar até mesmo atingir níveis sociopatas. 
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Na mesma medida, quem tem fortes traços narcisistas, mas não o transtorno de 
personalidade, pode se trabalhar e descer no espectro do narcisismo. 
 
Exige tempo, muito esforço e disponibilidadeem mudar comportamentos. Eu já vi acontecer 
e a pessoa realmente aprende a se relacionar mais respeitosamente. Ela continua sendo 
autocentrada, mas passa a assumir responsabilidade por si e demonstrar mais empatia. 
 
Isso já não parece acontecer quando a pessoa já tem o transtorno de personalidade. Não 
existe, neste momento, nenhuma terapia reconhecida que realmente faça os sintomas do 
TPN entrarem em remissão ou descerem no espectro do narcisismo. Uma vez que a 
pessoa chega no ponto crítico do espectro onde já tem um transtorno de personalidade: 
distancie-se! Esses padrões provavelmente não vão melhorar. 
 
E qual é esse ponto que define o início de um transtorno de personalidade? Se usarmos o 
trabalho do Craig Malkin, podemos imaginar uma régua que pontua desde 0 a 10. 
 
0-3 
 
Pessoas cujo narcisismo pontua entre 0 e 3, carecem de narcisismo saudável. Elas não 
conhecem seus próprios valores, vontades, necessidades ou sonhos. 
 
Elas não acreditam em si, em nada que pensam ou fazem. Têm baixíssima autoestima e 
não se sentem merecedoras das coisas que acreditam que qualquer outro ser humano 
mereceria. 
Estes indivíduos não pedem ajuda e não aceitam atenção, nem mesmo quando faz sentido 
receberem um pouco a mais, como no funeral do próprio filho, ou no dia de aniversário. 
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4-6 
 
Já pessoas que pontuam entre 4 e 6 no espectro demonstram o tal do narcisismo saudável. 
Essas pessoas validam seus próprios estados internos. Se estão tristes, com raiva ou mal 
de qualquer jeito, se acolhem. Se estão cansadas, cuidam de si e de sua saúde e qualidade 
de vida. Se estão sobrecarregadas, pedem ajuda. 
 
São indivíduos que acreditam na sua sabedoria interna e aceitam que cada pessoa é única. 
Por isso, se permitem ser exatamente como são. 
 
Por acharem que têm valor, elas acreditam nos seus próprios sonhos e ideias. Elas 
apostam em si, mesmo que outras pessoas não apostem. Ao mesmo tempo, sabem se 
cercar de uma rede de apoio composta por pessoas que realmente as amam. 
 
Estes indivíduos conseguem experimentar fracassos e erros sem desmoronar. Eles não 
levam essas coisas para o lado pessoal e se perdoam rapidamente, afinal, não acham que 
um erro significa que perderam todo valor! Simplesmente faz parte do processo. 
 
Narcisistas saudáveis não precisam fingir falsa modéstia, podem falar muito bem daquilo 
que, de fato, fazem bem. Simultaneamente, se empolgam com o sucesso dos outros e 
sabem quando estão passando dos limites ao se gabarem do seu. 
 
Não são pessoas arrogantes, e sim confiantes. Não são pessoas hostis e controladoras, e 
sim líderes que inspiram os outros a darem o melhor de si. 
 
Até podem buscar os holofotes ou os palcos. Se o fazem, geralmente é com ética e um foco 
específico em contribuir para a humanidade de algum jeito positivo. 
 
7 
 
Quando chegamos na pontuação 7 no espectro do narcisismo já estamos lidando com um 
perfil tóxico. No entanto, o 7 ainda pode se trabalhar e descer para um 6. 
 
Pessoas que pontuam 7 são autocentradas a ponto de faltar empatia com outras pessoas 
de forma semi-regular. No entanto, diferente de quem tem o TPN, elas têm a capacidade de 
insight e conseguem perceber seu comportamento e também modificá-lo. 
 
São sensíveis a crítica e não gostam de perceber seus erros. Podem não ter maturidade, 
inicialmente, de receber uma crítica. Ainda assim, é possível perceber que elas processam 
essa informação a sós e vão mudando, aos poucos, suas atitudes. 
 
Quem pontua no 7 pode ter problema em regular suas emoções, particularmente sua raiva. 
Para elas, a energia é intensa demais para ser domada. Por isso, não se importam em punir 
os outros com essa raiva. 
 
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12 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
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Quem lida com esse perfil se vê tendo que pisar em ovos para não enfrentar surtos de fúria 
narcísica. 
 
Com o tempo e trabalho, o narcisista 7 aprende a regular sua raiva e comunicar melhor 
suas necessidades. Ele ou ela consegue assumir responsabilidade pelas suas respostas 
emocionais e pelos seus comportamentos com os outros. Claro, isso só é possível se a 
pessoa optar por fazer esse trabalho de transformação. 
 
8-9 
 
Quem pontua entre 8 e 9 no espectro do narcisismo se encaixa no transtorno de 
personalidade narcisista. 
 
Essas pessoas falham, sistematicamente, em reconhecer o direito a uma existência 
individual que cada pessoa tem. Isso acontece porque pessoas com TPN não se relacionam 
com pessoas reais, e sim com suas fantasias internas. 
 
O processo ocorre assim: ao conhecer alguém novo, o narcisista tira uma foto mental dessa 
pessoa e a partir desse momento não se relaciona mais com a pessoa física, e sim 
exclusivamente com a imagem interna. 
 
Lembra que narcisistas sentem um vazio interno gigante? Lembra que, também sentem 
uma profunda sensação de serem inadequados? Foi por isso que brotou a necessidade de 
se acharem especiais, superiores, merecedores de obediência e dos recursos alheios. Para 
manter essa auto-imagem, eles precisam que você seja aquilo que eles definem. 
 
Por exemplo: 
 
Quando narcisistas começam um relacionamento amoroso eles passam pela fase inicial 
chamada idealização. 
 
E nesse período ocorre o bombardeio de amor e eles derramam abundantes quantidades 
de atenção e afeto nas suas futuras vítimas. 
 
Eles já não estão se relacionando com as pessoas físicas em si, e sim com sua imagem 
interna dela. 
 
Como narcisistas precisam se enxergar como perfeitos, precisam que a pessoa com quem 
se relacionam seja perfeita também. Afinal, se eles são tão superiores, não dariam seu 
tempo para qualquer um. 
 
Eles entram num estado de semi-psicose onde barram, por um momento, qualquer 
percepção de defeitos do novo parceiro amoroso. Esse novo parceiro precisa ser incrível só 
para fazer eles parecerem incríveis. 
 
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13 - - - Direitos autorais Taryana Rocha, 2021, www.taryanarocha.com.br - 
 Arte: Eri Rocha @sol_cult 
A fantasia começa a ruir quando a pessoa real não segue o roteiro, do qual ela nem tem 
ciência. Quando ela age como um ser humano com defeitos e vontades próprias, a bolha de 
fantasia do narcisista estoura e os abusos se escalam. 
 
Você, filha ou filho, também existe apenas como uma função do ego do narcisista. 
Conforme o estado interno deles manda, a sua função vai mudando para dar uma regulada 
nesse caos. 
 
Dentro da família narcisista os papéis que o narcisista precisa que os filhos assumam são o 
de bode expiatório e criança dourada. Para entender melhor essa dinâmica, pesquise essas 
expressões na parte do glossário, junto com "criança inadequada" e "criança invisível". 
 
Lá você entenderá como cada criança serve para fazer o narcisista se sentir bem sobre si 
mesmo, e como nenhuma delas tem o direito de existir tal qual é. 
 
10 
 
O narcisista que pontua no 10 já atinge o nível de um psicopata. 
 
Para entender melhor, o psicopata se sente o deus do universo. Ele cria as regras que vai 
seguir e não quer se submeter a nada nem ninguém. Ele vê o mundo como uma selva 
perigosa dividida em dois tipos de pessoas: caçador e presa. 
 
Se a realidade é assim, ele assume alegremente a posição de caçador e culpa as presas 
por serem fracas, burras e inferiores. Elas merecem o sofrimento que passam e tudo o que 
ele faz é justificado. 
 
Imagine um perfil assim, ativamente predatório, que ainda tem uma necessidade 
compulsiva de chamar atenção e angariar aplausos. Pense num líder de uma seita ou 
mesmo um líder religioso tradicional, por exemplo. Este indivíduo ativamente busca 
posições de poder e influência e ainda usa a aparência de bonzinho para conseguir 
bajulação pública e encobrir seus atos.Este perfil se sente tão absurdamente superior e no direito de fazer o que quiser que se 
alimenta ativamente das vulnerabilidades de quem estiver no seu caminho, e ainda exige 
aplausos. 
 
É o jogador de futebol que estupra rotineiramente porque sabe que não será punido...e 
adora estar na mídia e nos comentários alheios. 
 
Ou o CEO que passou a perna em várias pessoas e busca sempre uma posição de maior 
status, custe o que custar. 
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A origem do TPN (Transtorno de Personalidade 
Narcisista) 
 
O transtorno de personalidade narcisista costuma ser gerado mais por fatores ambientais 
do que genéticos. É claro que a genética sempre executa um papel no temperamento 
humano. No entanto, percebemos que o narcisismo patológico é, em grande parte, 
aprendido e repassado de geração em geração. 
 
Especificamente, deficiências na maturidade e no senso de eu da mãe ou do pai fazem com 
que a criança não receba os cuidados emocionais que precisa. 
 
Existem diferentes caminhos até o narcisismo, mas todos têm uma coisa em comum: a 
rejeição do Eu Real da criança. 
 
No caso dos narcisistas ocultos, eles costumam ter sofrido abusos psicológicos, físicos e, 
às vezes, sexuais. Essas crianças recebiam críticas constantes, nada do que elas faziam 
tinha valor. Sua mera existência era tratada como uma ofensa. 
 
Elas ouviram que nunca seriam pessoas dignas e que eram culpados pela infelicidade dos 
outros. Foram xingadas e humilhadas repetidas vezes e não tiveram o direito de ser quem 
são. 
 
Se sentindo injustiçadas, invisíveis e cheias de dor: acabam se identificando completamente 
com a posição de vítima que tem direito de se vingar do mundo. O mundo, nesse caso, é 
qualquer pessoa, mesmo que não tenha feito mal diretamente ao narcisista oculto. Não 
existe discriminação, toda a existência é culpaso pela dor do narcisista! 
 
É importantíssimo observar que, como disse Paulo Freire: 
 
"O sonho do oprimido é ser o opressor. " 
 
O narcisista oculto é um perfeito exemplo disso. Tendo sido vítima, 
se apodera do direito absoluto de vitimizar quem quiser. 
 
Já em outros casos de narcisismo a criança recebe demasiada 
bajulação e não tem que assumir responsabilidades por nada. 
Ela é posta num pedestal de forma tão surreal que, no fundo, ela 
sabe que ela não está sendo amada por quem realmente é. 
 
Dizem para ela que nasceu mais 
inteligente, bonita ou especial do 
que outras crianças. Ela recebe 
mensagens constantes sobre como 
não terá que passar por certas coisas que seus pais tiveram que 
passar. É tratada como a realeza e não recebe limites. 
 
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Uma hora ela passa acreditar que realmente nasceu, inerentemente, superior. Se todo seu 
sistema familiar reflete isso, como não acreditar?Então ela passa a esperar esse tipo de 
bajulação mesmo fora de casa na sua fase adulta sem ter que fazer esforço para consegui-
lo. 
 
Esse narcisista parte do pressuposto que sua superioridade natural é o suficiente para 
garantir aplausos e tratamento especial e honestamente se choca quando não recebe isso. 
 
Existe, no entanto, uma lacuna entre quem os pais disseram que o narcisista era, e o que 
suas conquistas reais, de fato, mostram. O narcisista percebe essa lacuna mas usa sua 
grandiosidade e distorção da realidade para evitar realmente contemplá-la. 
 
Em outros casos ainda, a criança não recebe carinho ou calor humano. Simultaneamente, 
sua criação é extremamente rígida e as expectativas são altíssimas. 
 
Nessas famílias a criança deve refletir perfeitamente os desejos dos pais. Ela serve para 
realizar os sonhos que os eles não realizaram. Assim, ela é instrumentalizada e e não tem 
permissão de seguir o próprio caminho. 
 
Aos poucos, ela abre mão de si mesma para assumir o papel que lhe fornecerá aprovação 
parental. Na fase adulta, se confunde com aquilo que faz e não sabe ser autêntica, sempre 
usando uma máscara de sucesso para conseguir suprimento narcisista. 
 
Em todos esses casos o Eu Real da criança nunca foi validado. Ela fica esperando perceber 
que é amada pelos pais para, então, se dar permissão de se amar. Se não existe essa 
percepção de ser amada e especial para seus pais, a criança não consegue aceitar a 
própria essência. 
 
Quando uma criança é rejeitada, negligenciada, instrumentalizada para satisfazer os 
desejos dos pais, ou bajulada sem limites...ela nunca conhece a real pessoinha que ela é. 
Tendo que rejeitar a si mesma, ela preenche o vazio se achando superior e sempre "certa". 
 
No caso de narcisistas, se torna necessário mentir para si e para os outros constantemente 
para manter uma ilusão de superioridade. Por isso, a fantasia, a projeção e a racionalização 
fazem parte dos mecanismos de defesa preferidos do narcisista. 
 
Porque narcisistas são infantis? Podem melhorar com 
terapia? 
 
Qualquer pessoa que convive com um narcisista percebe como suas respostas emocionais 
são infantis. 
 
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Narcisistas fazem birra, gritam para chamar atenção, xingam, batem, se fazem de 
coitadinhos e outras atitudes que crianças pequenas costumam ter quando querem 
comunicar uma necessidade. 
 
A idade emocional de narcisistas diverge da sua idade cronológica. Mesmo que 
envelheçam, eles não amadurecem. É perturbador observar como alguns podem, inclusive, 
se tornar cada vez mais infantis com a idade. 
 
A razão é que os narcisistas empacaram num estágio de desenvolvimento psicológico muito 
primitivo, provavelmente devido a trauma. Da mesma forma que se um corpo não recebe 
nutrientes ele pode ficar subdesenvolvido, se a psique não recebe nutriente emocional e 
psicológico ela também pode ficar subdesenvolvida 
. 
 
Quando uma criança cresce com cuidadores "suficientemente bons " (Winnicott, 1971) ela 
recebe validação e calor humano. Suas emoções não são minimizadas ou ridicularizadas. 
São ouvidas e levadas em consideração. 
 
Elas conseguem atravessar estágios cada vez mais evoluídos de desenvolvimento 
psicológico. O que possibilita a passagem para outro estágio é a satisfação das 
necessidades da criança no estágio atual. Se essas necessidades não são satisfeitas, elas 
ficam armazenadas no inconsciente do indivíduo em forma de trauma. 
 
É como se aquele momento do trauma fosse internalizado num pequeno filme mental que o 
inconsciente repete diante de qualquer gatilho futuro. Esse pequeno filme captura o estado 
psicológico da criança que sofreu o trauma. O jeito dela de enxergar o mundo, de sentir e 
reagir fica gravado de acordo com a idade da criança. 
 
O ser humano não consegue amadurecer até essa criança interna receber o que precisava 
ter recebido na infância. Essa é a base da terapia: é possível, hoje, criar condições de 
satisfazer as necessidades emocionais da criança ferida que existe dentro de todos nós. 
Dessa vez, um terapeuta treinado e não uma mãe ou um pai narcisista receberia a dor da 
criança interna com amor e acolhimento. 
 
Na relação terapêutica uma segunda chance é dada a essa criança 
de forma que ela possa, finalmente, crescer e passar de estágio 
de desenvolvimento. Isso, junto com treinar e assumir novas 
responsabilidades, resulta em atitudes mais adultas. 
 
Narcisistas sofreram uma frustração no desenvolvimento 
normal e ficaram presos na psicologia infantil. O problema é 
que eles se acham únicos e especiais demais para serem 
ajudados por um mero terapeuta. No caso do narcisista 
grandioso, ele não vê problema nenhum com seu 
comportamento e realmente acha que é melhor que os 
outros. 
 
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Em todo caso, eles não têm qualquer motivação de mudar comportamentos que, 
claramente, funcionam muito bem para extrair suprimento narcisista e manter tudo como 
está. Estes perfis não costumam buscar terapia, e quando o fazem, geralmente é por 
pressão de terceiros. 
 
Neste momento não existe nenhuma terapia validada para o manejo exitoso do TPN. A 
questão não é unicamente o método, e sim o fato que narcisistas são excepcionalmente 
resistentes à mudança e o próprio transtorno impossibilita a capacidade de confessar que 
eles têm algum problema. 
Por que narcisistas têm filhos? 
 
Como narcisistas têm empatia limitada e um padrão de explorar os outros para ganhos 
pessoais, isso se estende para seus filhos também. Na prática, significa que eles têm filhos 
para atingir objetivos pessoais, não pela experiência de conhecer a pessoa que o filho é em 
si. 
 
Os objetivos são vários, entre eles: 
 
● Conseguir fugir de uma família tóxica através de uma gravidez e um casamento. 
● Criar um laço ou uma dependência com o pai ou a mãe da criança para forçar um 
relacionamento, mesmo que este não queira. 
● Moldar um pequeno ser humano para suas necessidades emocionais e financeiras a 
curto e longo prazo. 
● Treinar esta pessoa a ser e fazer tudo que a mãe ou pai narcisista deseja. Assim, 
eles receberam atenção, amor e obediência ilimitados, como sentem que merecem. 
 
É por isso também que pais narcisistas chantageiam emocionalmente mencionando o que 
fizeram para criar seus filhos. Eles enxergam isso como um investimento que gera uma 
dívida. Por isso, acham que seus filhos têm obrigação, sim, de ser e fazer o que eles 
mandam. 
 
Como é uma família narcisista? 
 
Em famílias onde há um cuidador principal que tenha o TPN, ou mesmos fortes traços 
narcisistas, existem alguns padrões. É interessante observar que estes padrões se repetem 
mesmo que seja em países diferentes ou entre famílias de classes diferentes. A seguir, 
alguns padrões comuns onde há pelo menos uma mãe ou um pai narcisista. 
 
A existência da criança bode expiatório e da criança dourada. 
 
 
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Nessas famílias há um filho preferido e um que serve de saco de pancada coletivo. O filho 
preferido é a criança dourada, que é escolhida para refletir perfeitamente os desejos dos 
pais narcisistas. É como se ela fosse o mascote treinando deles. 
 
Ela existe porque o ego narcisista necessita de comprovação externa de que ele é o 
máximo. A função da criança dourada é abdicar da sua personalidade real para se tornar o 
que fizer seus pais narcisistas se sentirem bem consigo mesmos. Para conhecer mais 
detalhes sobre a criança dourada, visite o glossário. 
 
Além disso, o ego narcisista também precisa de um saco de pancada. Esse saco de 
pancada é um recipiente de toda a projeção da sombra do narcisista.Quem preenche este 
papel é o bode expiatório. Ele permite que todos o culpem por questões que não têm nada 
a ver com ele. Assim, ninguém que realmente cometer um erro precisa assumir isso e toda 
a família finge que o problema é sempre o bode expiatório. Para conhecer maiores detalhes 
sobre o bode expiatório, visite o glossário. 
 
Fora essas duas funções, existem também a criança invisível e a criança inadequada. No 
entanto, não são papéis obrigatórios na composição familiar narcisista. Para conhecer 
esses papéis mais profundamente, visite o glossário. Aqui deixarei um breve resumo: 
 
A criança invisível não tem nenhuma função específica para o ego narcisista. Já existe o 
bode para culpar e detestar, e a criança dourada para pôr num pedestal. A criança invisível 
acaba sendo exatamente isso, invisível. Ela não é mencionada, ela é excluída e às vezes os 
amigos da mãe ou do pai narcisista nem sabem que este filho existe! 
 
Já no caso da criança inadequada, o destino dela é outro. O narcisista vê nela a 
oportunidade de criar uma dependência duradoura, perfeita para o fornecimento de 
suprimento narcisista. Para isso, esta criança é tratada como sendo extremamente frágil, 
com vários tipos de déficits, incapaz de amadurecer normalmente. 
 
Ela é a doentinha, a "lerdinha", que não consegue fazer nada e precisa que mamãe e papai 
façam por ela. Ela é treinada a acreditar que nunca se tornará uma pessoa adulta normal 
em autônoma. 
 
Para finalizar, em famílias onde há um filho único, ele mesmo deverá preencher todos os 
papéis. 
 
Obediência total é esperada/ aprovação é totalmente condicional 
 
Toda família tem histórias a respeito de si mesma. Da mesma forma que a criança dourada 
e o bode expiatório fazem parte da narrativa da família narcisista, existem padrões que são 
definidos pelo sistema familiar e que deverão ser obedecidos. Esses padrões familiares 
podem ser vários, por exemplo: 
 
● Todo mundo tem que ir para igreja. 
● Todos têm que cuidar emocionalmente da mãe solitária e amarga. 
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● Todos têm que agradar o pai narcisista psicopata. 
● Todos têm que ser amargos e frustrados na vida. 
 
Não existe tolerância para qualquer tentativa de desviar dos padrões estabelecidos. Os 
membros da família que tentarem fazer isso serão difamados, punidos ou descartados. 
 
Você tem que escolher um lado 
 
Narcisistas mentem e jogam as pessoas umas contra as outras para se sentirem vivos e no 
controle. Assim, para conseguir a aprovação e o amor da pessoa narcisista você precisa ser 
inimigo dos seus inimigos também. Mesmo que isso signifique se distanciar de quem você 
ama, mas o narcisista não aprova. 
 
 
Seus membros costumam sofrer de transtorno de estresse pós-
traumático complexo (TEPT-C) 
 
O TEPT-C é uma resposta psicológica e fisiológica a experiências traumáticas repetitivas e 
prolongadas, sem esperança de salvação. Este transtorno será explicado a fundo mais 
adiante, ou você pode visitar o glossário agora 
Pisar em ovos 
 
Uma experiência muito comum de quem vem de família narcisista é a 
sensação de pisar em ovos. Dá a impressão que, a qualquer 
momento, algo caótico vai acontecer. Muitas vezes, é difícil para 
as crianças entenderem quais são as regras a serem seguidas. O 
que elas têm que fazer para evitar esse caos? Isso cria um clima 
emocional de insegurança. O lar familiar não representa, na prática, 
um porto seguro. 
 
Quando se pensa em reuniões familiares, em vez de sentir empolgação e 
segurança, a pessoa já fica tensa e às vezes nem consegue entender direito o 
porquê. Na fase adulta, percebemos que muitos filhos de narcisistas não sabem 
estar tranquilos, não sabem ter relacionamentos saudáveis, pois precisam da 
constante ameaça de perigo. Alguns não sabem trabalhar sem se 
cobrar coisas desumanas. Precisam ser workaholic para sentir o 
estresse rotineiro. Parece que buscam caos e drama para voltar ao 
padrão familiar. 
 
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Comparação e competição 
 
Ninguém pode ser simplesmente quem se é na família narcisista. A pessoa tem que se 
sentir superior ou inferior em comparação a alguém: 
 
"Porque você não pode ser como seu irmão?" 
 
"O filho do vizinho fez assim e não assado..." 
 
"Eu na sua idade já conseguia fazer não sei o quê..." 
 
"Sou mais velha! Mereço mais disso ou daquilo!" 
 
Quando a gente se sente bem na nossa essência, a ação é de dentro para fora. Nossas 
motivações e propósitos borbulham do coração, do interior. Isso dá uma força tão grande! 
Quando você age a partir de um saber interno, parece que todoo universo oferece apoio. 
 
No entanto, isso só é possível se você tem permissão de entrar em contato com sua própria 
essência e expressá-la, e lembre-se, o narcisista não quer que isso aconteça. O abuso 
narcisista visa, especificamente, apagar o senso de eu e a autonomia do outro. 
 
Não conseguindo acessar a sua própria essência, narcisistas só conseguem mensurar valor 
a partir de padrões externos e comparações. Quando a gente se treina a olhar para dentro, 
percebe que lá existe um oásis de força, amor, paciência, beleza e nutrição para a alma. 
 
Quem faz questão de se comparar com algo externo, sempre vai achar alguém melhor ou 
superior. Por isso, simplesmente não é seguro derivar um senso de identidade ou 
autoestima a partir de comparações. Quanto mais uma pessoa tenta ser feliz vestindo a 
máscara que os outros querem, menos ela simplesmente pergunta para o seu coração: 
 
"O que me faz feliz, de fato?" 
 
Agora, barrar esse olhar para fora e se treinar a, sistematicamente, se acalmar, se centrar e 
perguntar para o seu interior: 
 
"Me mostre o caminho para minha real essência e felicidade." 
 
Isso, sim, gera confiança, paz interior, e senso de Eu. 
 
Inversão de papéis 
 
Em famílias saudáveis existe uma consciência de que as crianças são particularmente 
vulneráveis e precisam que suas necessidades sejam cuidadas por adultos. A família cria 
um ambiente nutritivo para o desenvolvimento daquele pequeno ser totalmente dependente. 
 
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Já na família narcisista, é a mãe ou o pai narcisista que exige atenção e as necessidades 
das crianças ficam em segundo lugar. Isso acontece de diferentes formas: 
 
● Através do incesto emocional, onde os pais narcisistas usam seus filhos de "esposa 
ou esposo postiço". A criança tem que ouvir histórias com conteúdo maduro, ser 
uma pequena psicóloga e lidar com questões que ela não tem nem estrutura de 
entender ou remediar. 
● Através de cobranças desmedidas para a idade da criança. Por exemplo, existe uma 
diferença entre uma criança mais velha ajudar com o irmão mais novo e ter que 
criar, quase sozinha, este irmão quando os pais têm condições de estar presentes 
mas escolhem não fazê-lo. 
● Através da priorização dos caprichos narcisistas em detrimento da saúde da família. 
● Etc. 
 
Entenda, não estou dizendo que não possa fazer sentido para uma criança ajudar os irmãos 
mais novos, acolher a mãe ou se mudar, é claro que pode. Estou falando de casos onde 
isso acontece sistematicamente e sem levar em consideração até onde impacta nas 
crianças. 
 
Quais são as consequências de crescer numa família 
narcisista? 
 
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático Complexo (TEPT-C) 
 
 
O TEPT-C é uma resposta a trauma prolongado, onde a vítima não tinha nenhuma 
esperança de escapar. 
 
Exemplos de pessoas propensas a desenvolverem esse transtorno são: 
 
● Crianças em ambientes familiares disfuncionais. 
● Prisioneiros de guerra. 
● Escravos sexuais. 
● Crianças que sofrem pedofilia a longo prazo. 
● Pessoas criadas em ambientes de extrema instabilidade política e social crônica. 
● Pessoas em locais onde há condições climáticas extremas e impiedosas por longos 
períodos de tempo. 
 
A seguir, uma breve descrição dos sintomas do TEPT-C. 
 
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Um sistema nervoso alterado (hiperatividade/ hipoatividade) 
 
A pessoa ou sente demais e tem dificuldade em regular suas emoções, ou não sente nada 
ou é apática. Para algumas pessoas, suas respostas emocionais são enormes, demora 
para voltar ao normal, e o seu padrão pessoal de normalidade já é um desvio do padrão 
geral. 
 
Umas dissociam imediatamente diante de qualquer emoção difícil e entram no mundo de 
devaneio, mesmo não querendo. Podem ficar nesse mundo horas. 
 
Outras não têm acesso às suas emoções, não conseguem chorar, sentir raiva ou mesmo 
muito prazer. Por dentro parece que não tem movimentação. 
 
Zero esperança de que a situação possa melhorar (Desamparo aprendido) 
 
De tanta frustração contínua, a pessoa se convenceu de que sua situação nunca mudará. 
 
Se ela sente depressão, acha que não tem como melhorar. Se ela tem ansiedade social, 
não vê qualquer possibilidade de que, um dia, possa se sentir confortável nessa área de 
sua vida. Se ela é dependente emocional ou financeira, não acredita que se tornará 
independente. A pessoa que tem TEPT-C tem dificuldade em enxergar um futuro diferente 
do presente. 
 
Baixa autoestima 
 
Diferente de quem tem apenas transtorno de estresse 
pós-traumático simples, a versão complexa afeta a 
visão de si e do mundo que o indivíduo tem 
 
Por exemplo, uma pessoa que é sequestrada pode ter 
o gatilho de sempre achar qu 
e isso pode acontecer novamente. Ela pode reviver o 
momento através de flashbacks e respostas 
emocionais intensas. No entanto, ela não passa 
acreditar que ela não tem valor enquanto pessoa. Ela 
não passa a se enxergar como inadequada e inútil. Ela 
não é preenchida de vergonha e da sensação de ter 
nascido torta. 
 
Ela simplesmente tem medo e ansiedade elevada. Sua 
autoestima permanece intacta. Já no caso do TEPT-C, 
o indivíduo se acha sem valor e não merecedor. 
 
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Tendência a se culpar pelo abuso sofrido 
 
O TEPT-C cria uma resposta bizarra de sobrevivência chamada trauma bonding ou trauma 
bond. Sabe aquela história de síndrome de Estocolmo, onde as reféns se apaixonam por 
seus sequestradores? Pois é, quando a pessoa está em estado constante de perigo e não 
sabe quanto vem o próximo golpe, ela acaba se apegando demasiado a qualquer migalha 
de amor. 
 
Abusadores usam uma tática chamada reforço intermitente. Eles intercalam longos períodos 
de abuso ou negligência com umas migalhinhas aqui e ali de momentos bons. Isso 
confunde a vítima, que supervaloriza aquela migalha e esquece que aquilo não é nem o 
mínimo que um ser humano precisa. 
 
Ela passa a enxergar o abusador como uma pessoa benéfica, e se culpa por ter duvidado 
da qualidade da relação. Ela puxa para si toda a responsabilidade daquilo que dá errado na 
dinâmica e sente que, de certa forma, deve ter merecido aquele tratamento mesmo. 
 
Tendência a dissociar e perder o foco do mundo externo 
 
Dissociação é uma tentativa do cérebro de diminuir a percepção de dor. A mente pensa: "se 
eu conseguir desconectar a mente do corpo, essa pessoa não precisa sentir tanto. " 
 
Alguns tipos de dissociação são: 
 
Desrealização 
 
A sensação de que o mundo externo não é real, não existe ou está distorcido. 
 
Despersonalização 
 
A sensação de que a pessoa está desconectada de si mesma, que não tem eu, como se 
fosse um fantasma. Ela não vê a vida a partir dos seus olhos e sim a partir dos olhos de 
uma terceira pessoa, como se estivesse assistindo um filme. 
 
Amnésia dissociativa 
 
A incapacidade de lembrar informações importantes sobre si mesmo, que normalmente uma 
pessoa lembraria. 
 
Vai além de esquecer onde colocou as chaves ou não lembrar detalhes de um evento. Na 
amnésia dissociativa a pessoa esquece informações pessoais como seu próprio nome ou 
endereço, ou então tem lacunas onde não lembra nada de períodos inteiros da sua vida. 
 
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Essa condição pode durar alguns minutos ou toda uma vida. Precisa ser grave o suficiente 
para prejudicar o indivíduo na sua vida cotidiana para ser diagnosticado. 
 
Devaneio excessivo 
 
A tendência ater um mundo de fantasia que distrai tanto que a pessoa não só deixa de 
fazer coisas importantes, como se refugia nele quando deveria estar prestando atenção na 
realidade. 
 
É mais do que se perder em devaneios, sonhar acordado. É uma resposta defensiva pelo 
fato de que é ativado por desafios externos ou internos, bem como outras coisas como 
música. 
 
Por exemplo: 
 
Maria, uma cozinheira, consegue um emprego novo. 
 
Como muitas pessoas que têm devaneio excessivo, ela também tem ansiedade social. 
Maria tenta focar nos processos da cozinha mas ela acaba cometendo um erro e sente uma 
vergonha tão absurda que não consegue sair do devaneio todo o resto do dia. 
 
Isso impacta a vida real dela de forma concreta porque ela passa a errar todos os pedidos 
dos clientes depois desse momento. 
 
Ideação suicida 
 
O indivíduo acredita que nenhuma mudança 
no seu estado é possível. Por isso, não acha 
razão para continuar vivendo. 
 
Auto-isolamento 
 
A pessoa passa a ter tanta dificuldade em socializar 
que prefere se exilar da sociedade. Aqui estão alguns 
possíveis caminhos que podem levar a isso: 
 
● Ela tem ansiedade social ou transtorno de personalidade esquiva e se sente muito 
envergonhada para socializar. 
● Ela não confia em ninguém, acha muito esforço fazer contato humano e mesmo que 
uma vida sem relações não satisfaça, não vê saída se não se isolar. 
 
Comportamento destrutivo ou arriscado 
 
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Alguns exemplos de comportamentos autodestrutivos são: 
 
● Automutilação, se machucar fisicamente para tentar aliviar dor emocional. 
● Se colocar em situações de perigo, não refletir e buscar estímulos impulsivamente e 
acabar se machucando. 
● Abuso de drogas ou álcool. 
● Sexo desenfreado usado para evitar dor emocional ou solidão. 
 
Experiências onde revivem o trauma 
 
Alguns exemplos de reviver o trauma são: 
 
● Pesadelos. 
● Flashbacks, seja da memória do evento ou das sensações e desconfortos físicos. 
● Pensamentos intrusivos e repetitivos. 
○ Aqui pode haver o desencadeamento do devaneio excessivo com cenas 
repetitivas envolvendo temas do trauma. 
● Interpretar situações inofensivas como sendo perigosas, pois elas lembram o trauma 
original, e reagir a elas como tal. 
 
 
Tentativas de evitar qualquer coisa relacionada ao trauma 
 
O indivíduo faz esforços para não ter que lidar com qualquer coisa que 
possa relembrar o evento traumático. Ele evita falar do assunto, passear 
por aquele local, se distrai com trabalho excessivo ou hobbies. Algumas 
pessoas evitam sentir qualquer coisa e se tornam amortecidas por 
dentro. 
 
O que podemos falar do impacto da experiência repetitiva de trauma a 
longo prazo é que ela facilita o desenvolvimento de todos os 
transtornos de humor, como depressão, ansiedade e bipolaridade. 
 
Maior chance de desenvolver um transtorno de personalidade 
 
Existem estudiosos que acreditam que os transtornos de personalidade 
nada mais são do que diferentes variantes de uma coisa só: resposta a 
trauma prolongado na infância. 
 
A partir desse ponto de vista, tudo é TEPT-C, porém com traços disso ou 
aquilo. Um diagnóstico poderia ser algo tipo: TEPT-C com traços 
esquivos e esquizóides. 
 
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Nesse caso, estaríamos lidando com um indivíduo que, além de apresentar os sintomas do 
TEPT-C, também tem uma estrutura de personalidade consistentemente esquiva e 
esquizóide. 
 
 
Eu compactuo deste ponto de vista porque, além de ser mais fácil entender os transtornos 
de personalidade, também permite uma maior flexibilidade no diagnóstico. 
 
Nessa lógica, dá para ver que quem vem de família narcisista naturalmente tem grandes 
chances de também desenvolver um transtorno de personalidade, ou pelo menos traços 
fortes. 
 
Como se curar dessas consequências e sequelas 
 
O estudo da psicologia é tão vasto e tem tantas abordagens de cura diferentes, algumas 
convencionais outras alternativas, outras ainda uma mistureba...seria arrogante sintetizar 
isso num método para ajudar filhos de narcisistas a se curar? O assunto não é enorme 
demais? 
 
Eu não pretendo fingir que eu sei de todas as coisas e que eu saberia resolver seus 
problemas. 
O que ofereço aqui é um resumo de um longo processo pessoal e profissional que me levou 
a acreditar que existe um mecanismo específico que leva à superação do abuso narcisista. 
 
O mecanismo é simples de entender. Se a consequência do abuso narcisista é que a vítima 
abre mão do seu Eu Real em prol do vínculo com o narcisista, então toda atitude alinhada 
com o Eu Real (mesmo correndo o risco de perder o vínculo) é a solução. Em outras 
palavras: quanto mais você entrar em contato com e expressar sua real natureza, mais você 
supera o abuso narcisista. 
 
Para fazer isso, existem vários caminhos. Terapia ajuda, meditação, escrever suas 
emoções num diário até ir fazendo sentido delas, yoga, dança ou outro exercício físico, 
auto-massagem, técnicas de respiração, etc., todas essas coisas são exemplos de 
ferramentas que permitem que você comece a tomar as rédeas dos seus estados 
emocionais. 
 
O momento de usar essas ferramentas é, convenientemente, sempre que necessário. Aqui 
está um exemplo de como usar o contato com seu Eu Real para resolver um desafio. 
 
Imagine que você tem uma parceria de trabalho com uma pessoa com quem não se dá 
bem, e está chegando num ponto de não tolerar mais, pode sentir uma certa angústia. Ao 
perceber esta emoção pesada, você lembra que precisa se centrar antes de qualquer coisa. 
Você escolhe uma ferramenta para se acalmar. 
 
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Digamos que você escolheu colocar uma música relaxante, fechar os olhos e simplesmente 
respirar uns minutinhos. Depois de conseguir se centrar, você simplesmente pergunta para 
o seu interior: 
 
"O que o meu Eu Real faria nessa situação com minha parceira de trabalho?" 
 
Espere, pacientemente, o seu saber interno se comunicar com você. Pode ser através de 
uma intuição, uma frase, uma imagem na cabeça, uma sensação, etc. De algum jeito você 
vai entender se deve tomar esse caminho ou aquele. 
 
Digamos que no seu caso, decidiu finalizar o projeto atual, uma vez que já está no meio, 
porém não vai fazer mais projetos com esta pessoa. Agora que você usou uma técnica 
prática que deixou seu corpo bem calminho e conseguiu perguntar para o seu Eu Real o 
caminho a tomar, o que resta é a coragem e a ação. 
 
Esse é o último passo: executar a mensagem que recebeu do seu interior. Essa execução 
pode levar desde minutos, como mandar uma mensagem de texto para alguém, até anos, 
como criar um filho. 
 
Dependendo da ação a executar que foi revelada pelo seu Eu Real, pode ser que você 
tenha que passar por várias etapas antes de chegar no destino final. Mesmo nesses casos, 
ou especialmente nesses casos, sua sabedoria interna sabe quais eventos, oportunidades e 
escolhas desembocam no seu destino escolhido. Sua sabedoria interna, seu Eu Real sabe 
de tudo isso mesmo que você não saiba. 
 
Aqui está outro exemplo: 
 
Digamos que você acabou de descobrir que seu marido é um 
narcisista sociopata . Digamos também que você é dependente 
financeiramente dele e ainda está em depressão e não tem 
forças de fazer nada. 
 
Se perguntar para sua mente consciente qual é o caminho, 
talvez ela não veja nada. Mas se perguntar para o seu Eu Real, 
"mostre-me o próximo passo" ele e a vida vão oferecer meios, 
direção e recursos para o primeiro passo da sua jornada de 
libertação. Sua sabedoria também sabe qual é o próximo 
passo, e o passo depoisdesse, e o próximo e assim por 
diante... até chegar aonde você quer. 
 
Fez sentido? Para recapitular, eu gostaria de resumir, 
brevemente, o que vimos até aqui. 
 
O abuso narcisista afasta a vítima do seu Eu Real, que é sua 
essência. Qualquer atitude que seja uma expressão autêntica 
do Uu Real terá um efeito curativo. Para acessar o Eu Real, é 
preciso conseguir regular as emoções e se centrar. Depois, é só perguntar para o seu 
interior "o que meu Eu Real faria" (ou algo nesse sentido) e esperar uma resposta. Para 
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finalizar, também é necessário a coragem e a ação de executar a mensagem revelada pelo 
Eu Real, nem que esta execução demore anos. 
 
É importante entender que todo ser humano tem faculdades que desconhece como, por 
exemplo, a capacidade de se guiar momento a momento. É tão difícil acreditar nisso porque 
recebemos mensagens consistentes de que devemos ser e fazer o que os outros querem. 
 
Ouse testar a ideia de que a melhor voz de todas para você ouvir é a sua, mas não quando 
você está sentindo caos emocional: a voz que surge na sua paz interior. 
 
Uma vez recebida a mensagem sobre o que fazer na sua situação, a sua psique fica 
esperando você agir. Quanto mais tempo você tiver certeza do que fazer sem tomar passos, 
mais a sua angústia vai crescer. 
 
Essa dor não é uma punição, ela tem uma função importantíssima. A dor vem das suas 
emoções e do seu corpo. Uma inteligência realmente muito complexa e vasta administra 
essas duas coisas (seu inconsciente). Quando essa inteligência faz uma emoção dolorosa 
como a angústia brotar, a função disso é chamar a sua atenção. 
 
A dor é um alerta para uma situação que exige atenção e talvez remédio. A dor sinaliza que 
algo ou alguma situação está fazendo mal e que você precisa modificar isso pela sua 
própria segurança e felicidade. 
 
Enquanto você não agir, não fique surpresa se o desconforto emocional, a ansiedade, 
angústia, desesperança ou depressão aumentarem. Sua psique está gritando: "Você 
precisa seguir seu Eu Real! Você precisa seguir seu Eu Real! Você precisa seguir seu Eu 
Real" 
 
Às vezes, sua sabedoria interna não quer ação e sim aceitação. Talvez você esteja 
forçando a barra numa situação irremediável. Talvez esteja na hora de aceitar que você é 
impotente para mudar algo. Nesses casos, não existe ação a tomar e sim uma espécie de 
rendição. O reconhecimento de que não há nada para se fazer ali, que você pode deixar de 
teimar e brigar com a vida, que você está pronta para desapegar de um resultado que você 
esperava. 
 
Independente da solução ser ação ou aceitação, tudo o que falei aqui pode ser resumido na 
oração da serenidade: 
 
"Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para 
mudar as que posso e sabedoria para distinguir entre elas." 
 
Seja ação ou aceitação, a dor emocional aponta para a necessidade de tomar um desses 
dois caminhos. Enquanto não tomar: haverá dor. 
 
Por outro lado, seguir seu Eu Real costuma ser difícil para caramba. Ele não está nem aí se 
o que ele pede é politicamente correto, se a família vai gostar, se você vai perder amigos e 
parentes...ele quer sua realização pessoal a qualquer custo. 
 
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Ele usa suas respostas emocionais para guiá-la, passo-a-passo, momento a momento. Por 
isso é tão importante estar atenta no seu dia a dia e não perdida no mundo da lua, em 
devaneios ou pensando compulsivamente. A pessoa que não presta atenção nas suas 
respostas fisiológicas e emocionais, não consegue acessar as mensagens do seu interior. 
 
A esposa infeliz que passa o dia em devaneio excessivo não consegue perceber como seu 
casamento é intolerável, porque no mundo de fantasia dela as coisas são legais. Assim, ela 
acaba ficando na relação por mais tempo do que seria saudável. 
 
O workaholic que se distrai com trabalho 
não tem tempo de perceber a própria dor. É 
melhor não parar e encarar o vazio interior. 
 
Ao desenvolver o hábito responder à dor se 
acalmando e ouvindo a mensagem do Eu 
Real, você tem dois ganhos práticos: 
 
1. Você aprende a administrar suas 
emoções. 
2. Você toma atitudes, que podem ser 
ações ou aceitação, para 
transformar situações tóxicas na sua 
vida em circunstâncias capazes de 
fazê-la feliz. 
 
Você também ganha relacionamentos 
melhores, um trabalho mais alinhado com 
seus valores, uma casa mais pacífica, mas 
confiança, menos ansiedade e uma série de 
outras preciosidades. 
 
Quanto mais você age ou aceita, conforme seu Eu Real vai orientando, mais você percebe 
que as consequências disso são incríveis. Você vai se convencendo de que é a melhor 
pessoa para se guiar e sua vida vai se transformando em algo que é realmente 
delicioso.Tudo isso cria uma existência bem melhor que aquela que viveu junto à família 
narcisista. 
 
De repente, não está nem aí para sua família ou os vizinhos, não usa sua energia para 
pensar nisso e sim para investir nos seus cursos, hobbies, estudos, relacionamentos, ócio e 
projetos. Você se dá permissão de errar, testar coisas, se divertir, criar projetos, encerrar 
ciclos desnecessários, ser espontânea, enfim: fazer o que sua essência manda. 
 
Entenda, não é que os problemas deixam de existir. Isso não é uma expectativa realista, os 
problemas sempre existirão. E já que é assim, podemos focar em melhorar nossa 
capacidade de resposta à eles. De fato, é isso que muda: nossa resiliência, paciência, 
capacidade de auto-acolhimento, de assumir responsabilidade pela vida e felicidade e de se 
dar outra chance. Somos nós que mudamos e nos tornamos maiores do que os problemas. 
 
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O que permite ser maior do que os problemas é saber que você tem uma inteligência 
incrivelmente precisa com a qual contar nos momentos de perrengue. 
 
Quando você saca que você tem essa força interna, e que funciona mesmo, tanto faz os 
problemas que virão. 
 
Eu asseguro que essa força é incrível. Mas é você que tem que usar a própria vida como 
um laboratório para ver se é verdade. É bom se permitir testar várias coisas, se perdoando 
a cada erro e se permitindo brincar para descobrir como se fazer feliz. 
 
Seu CVC (Currículo Personalizado de Cura) 
 
Eu tenho uma notícia para você que é, ao mesmo tempo, maravilhosa e irônica. Você tem 
mais um aliado na sua jornada de cura além do seu Eu Real, e eu chamo ele do seu CVC 
ou seu currículo personalizado de cura. 
 
O seu currículo personalizado de cura são os desafios que brotam no seu caminho e 
exigem que você amadureça. É por isso que falei que este aliado é um pouco irônico. 
Basicamente estou dizendo que suas frustrações são, na verdade, um mapa para sua 
realização pessoal. 
 
Para fazer pazes com essas "chatices" e usufruir do poder do CVC, é preciso aprender uma 
habilidade específica: conseguir transformar obstáculo em desafio interessante. Uma forma 
extremamente simples e poderosa de fazer isso é simplesmente olhar o desafio diante de si 
e se perguntar: 
 
"Tem alguma razão que essa situação apareceu para mim. Qual é a lição ou a habilidade 
que eu tenho que aprender para transformar esse problema num aprendizado?" 
 
Essa pergunta é poderosa porque ela nos força a sair da posição de "não acredito que a 
vida está me sacaneando de novo!" e nos permite entrar na posição de "já saquei que essa 
situação veio me mostrar algo que ainda tenho que aprender." 
 
A primeira posição não oferece nenhuma possibilidade de achar uma solução. Enquanto a 
gente só se chateia com um desafio, não consegue ver a lição escondida nele, e issoé 
muito sério! Pois todo desafio traz justamente a lição mais importante para sua jornada, 
nesse momento específico. 
 
Pare para pensar: se você sempre se vê diante do mesmo problema, é porque não 
aprendeu a tal da lição escondida. Quando realmente se dedicar ao treino na nova lição ou 
habilidade, aquilo deixa de ser um problema porque você já sabe lidar com ele. A gente 
pode entender, intelectualmente, que todos os desafios são projetados de forma a forçar 
você a expandir. 
 
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Mesmo assim, o que acaba acontecendo é que na hora do desafio a gente não enxerga ele 
como uma oportunidade de crescimento, e sim como um pé no saco. Enquanto a gente tem 
essa atitude, também não consegue focar em achar uma solução. A partir dessa posição, 
não se tem poder pessoal. Afinal, se você é a vítima da vida, então se sente sem 
capacidade de superar o desafio. 
 
É delicado o que vou dizer agora, porque parece pouco empático com a dor das pessoas. 
No entanto, ao meu ver é a coisa mais empática possível. Apesar de ser difícil o que vou 
dizer, é a única coisa que leva para uma possível salvação. 
 
Enquanto nos sentimos vítimas de uma situação, mesmo que tenhamos sido vitimizados 
mesmo, não nos enxergamos como os agentes protagonistas da nossa história. 
Consequentemente, não achamos saídas. 
 
Por exemplo, enquanto eu achava que jamais poderia ser livre pois tinha medo das 
respostas da minha mãe, eu sempre ia me achar a vítima da história. A partir do momento 
que comecei a me perguntar "como posso achar um fiapinho de poder pessoal nessa 
história terrível?" Aí esse fiapinho de possibilidade começou a se revelar para mim. 
 
Percebi que eu estava escolhendo deixar o medo da minha mãe ditar meus 
comportamentos. Eu poderia decidir seguir meu caminho, custe o que custasse, 
independente das atitudes dela. É claro que isso causava um medo danado! No entanto, 
enquanto eu não tomasse essa decisão, eu nunca seria realmente livre. Às vezes, nosso 
estado de vítima vem da recusa a tomar alguma decisão que é dolorosa para caramba, mas 
que a única que leva para a libertação. 
 
Outro exemplo: 
 
Quando comecei a trabalhar com filhas e filhos de narcisistas eu não tinha nada além dos 
meus estudos informais e minha experiência pessoal. Não era psicanalista e nem coach, 
era administradora. É claro que eu senti que isso seria um bloqueio para eu conseguir ser 
uma profissional respeitada e competente na área. No entanto, se eu tivesse aceitado essas 
limitações, chegando à conclusão que eu estaria eternamente limitada por causa delas, eu 
não teria a empresa e o trabalho que eu tenho hoje. 
 
Uma forma de transformar obstáculo em desafio interessante é achar no seu desafio algo 
que possa ser um tesouro escondido. 
 
No meu caso, tudo bem que eu não tinha as formações necessárias na época, tudo bem 
que eu estava num país onde existe a santificação da mãe...mas e se o fato de eu ser filha 
de narcisista e ter tido essa experiência direta fosse algo positivo e não uma limitação? 
 
Eu decidi corajosamente transformar este bloqueio em algo lindo. Eu me dei permissão de 
relatar as experiências pessoais que eu tive na minha jornada de superação, e a resposta 
das pessoas foi um estrondoso "obrigada!" 
 
"Obrigada Taryana, por ter tido a coragem, obrigada por compartilhar seus ensinamentos! 
Me sinto mais livre porque você se libertou!" 
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Mais um exemplo: 
 
Se você sempre atrai pessoas narcisistas e abusivas, você pode chegar à conclusão que a 
vida está fornecendo essas experiências para que você possa aprender a habilidade de 
colocar limites e falar não. 
 
Se você só fica repetindo: 
 
"Puxa, eu sí atraio abusadores! A vida me detesta!" 
 
Você vai se sentir eternamente uma vítima desprotegida que não sabe o que fazer com os 
abusadores. 
 
Se, por outro lado, você entender que cada pessoa abusiva que aparece na sua vida é uma 
oportunidade para você treinar a habilidade de falar não, então você passa até agradecer 
os abusadores pela oportunidade de treinamento! Pode parecer besta, mas não é. Nossos 
maiores desafios são, de fato, nossas maiores lições. 
 
Outro exemplo: 
 
Se você está numa péssima situação financeira, pode dizer: 
 
"A culpa é da minha família que nunca me ensinou a administrar dinheiro!" 
 
Se pensar assim, só vai sentir raiva da família inteira e ainda continuar na situação 
financeira péssima. 
 
Se, em vez disso, você se perguntar: 
 
"Qual é a lição que eu tenho que aprender através deste desafio 
financeiro repetitivo?" 
 
 
Você pode chegar à conclusão que, na verdade, foi você que nunca 
fez pesquisa. Você nunca se prestou a ver um vídeo ou ler um livro 
sobre administração financeira. Nunca adiou a gratificação 
imediata para guardar dinheiro. Em vez disso, gastou em besteira 
para receber validação externa ou preencher um vazio interno, 
ou porque era sem noção mesmo (quem nunca). 
 
Ao encarar a sua parcela de responsabilidade, você 
também encontra um caminho para uma solução. 
Enquanto a gente não assume responsabilidade por 
um problema, não é possível se sentir no poder de 
resolvê-lo. 
 
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Entenda, ninguém está falando que sua raiva não é válida e que você, de fato, não passou 
maus bocados com a família, com outros relacionamentos e em várias situações. A questão 
não é se você foi ou não foi vitimizado. 
 
Se você está lendo esse PDF, imagino que você veio de uma família tóxica e, nesse caso, 
foi vítima sim. Você foi vítima porque toda criança é vítima de toxicidade de adultos, 
nenhuma criança é culpada pela dinâmica doentia da família. Mesmo assim, a realidade é 
estruturada de tal forma que, não interessa quem criou o seu problema na infância, na fase 
adulta, apenas você pode consertá-lo. 
 
Por mais que isso cause raiva, por mais que você se sinta injustiçado, por mais que você 
ache que a vida deveria funcionar de outro jeito...não funciona assim. Você pode gritar e se 
espernear o quanto quiser. A verdade continua sendo essa: não interessa quem causou os 
seus problemas no passado, enquanto adulto, unicamente você é capaz de resolvê-los. 
 
Mais um exemplo para ficar mais claro: 
 
Imagine que toda vez que você tem contato com a família, fica mal emocionalmente e sua 
autoestima vai para o saco. Você está cansado de achar que as coisas vão ser diferentes, 
mas nunca são. 
 
Porque você se sente muito inadequado para gerar uma rede de apoio de amigos, acaba 
ficando com medo de abrir mão das poucas pessoas que já existem na sua vida, nesse 
caso, sua família tóxica. 
 
Você fica com raiva de si por voltar ao ambiente familiar, vez após vez, só para se 
machucar de novo. No fundo, sabe que a dinâmica nunca vai mudar e que enquanto não 
achar pessoas mais nutritivas para se relacionar, vai sempre ter dependência emocional 
com os seus pais. 
 
Você pode até se sentir a vítima do mundo, pode falar: 
 
"Poxa, eu não tenho habilidade social porque meus pais são narcisistas e fui sabotado! Por 
isso não consigo amigos e acabo me prendendo emocionalmente a uma família tóxica!" 
 
Isso pode até ser verdade mas não resolve seu problema. 
 
"Poxa Tary, mas quem causou minha dependência química foi minha mãe narcisista." 
 
"Tary, mas eu estou frustrado, deprimido na vida por causa do meu pai sociopata." 
 
"Mas eu sou dependente financeira porque minha família não me ajudou, sendo que 
ajudaram a criança dourada!" 
 
Eu não estou falando que eu sei qual seria a solução para você em cada um desses casos. 
Essa não é minha tarefa,achar uma solução é tarefa sua. Eu também não estou falando 
que essa dor não é válida, entenda, eu jamais falaria isso! Todas as suas dores são válidas 
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sim! O que estou falando é que existe uma saída, apesar de ser difícil e parecer injusta: 
você tem que consertar o que os outros ajudaram a estragar. 
 
Como eu já me identifiquei com o papel de injustiçada, como eu já apontei o dedo para os 
outros, dizendo que a minha situação péssima era culpa deles, como eu já precisei "estar 
certa" e fazer os outros "estarem errados"... eu sei como é difícil assumir 100% de 
responsabilidade por si. 
 
Por isso, diante de desafios, foque em achar onde você tem poder de mudar a situação. 
Quando vier o próximo obstáculo, em vez de só se queixar, pergunte se: 
 
"Qual é a lição ou habilidade que eu tenho que aprender com esse desafio?" 
 
Resista à tentação de ficar com tanta raiva do mundo que você não treina a lição ou 
habilidade que o desafio trouxe. A sua raiva dos outros não vai resolver sua questão. A sua 
ação consistente a longo prazo para aprender a lição do desafio é o que vai. 
 
Por esse ponto de vista, não existem problemas e sim lições a serem aprendidas no seu 
currículo personalizado de cura. Eu sei que essa parte foi um pouco extensa, mas eu queria 
dar inúmeros exemplos para ficar mais fácil achar essa vontade interna louca de ser 
protagonista na sua vida. 
 
 
 
Como lidar com a culpa de reduzir ou cortar contato 
 
Quando eu descobri o narcisismo eu lembro que eu sentia culpa só de pesquisar o tema. Eu 
tinha medo que minha mãe pudesse, de alguma forma, estar observando e julgando. Na 
verdade, eu sentia terror. 
 
Hoje sei que mesmo que eu não tivesse uma mãe narcisista, mesmo que eu viesse de uma 
família mais funcional, talvez eu ainda sentisse culpa. Tal é o poder da nossa cultura que 
prioriza a união familiar em vez da saúde mental dos indivíduos que compõem essa família. 
 
Existe uma ideia totalmente errônea que se os membros de uma família ficarem juntos, isso 
será melhor para todos. Isso nunca é verdade numa família disfuncional. Esse tipo de 
família funciona como uma seita onde há um líder e uma ideologia distorcida que todos têm 
que acreditar ou fingir que acreditam. 
 
Permanecer em um ambiente desses impede que os membros consigam pensar por conta 
própria, uma vez que estão inseridos numa fantasia coletiva que visa a manutenção 
daquele mesmo sistema. 
 
Qualquer pessoa que fez contato zero ou reduziu o contato com a família tóxica consegue 
explicar como essa distância já facilita um pouco essa capacidade de identificar a própria 
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voz interna. Ainda assim, só a distância física não cura ninguém, mas ela facilita uma 
conexão com o seu Eu Real, uma vez que perto da família isso não é tão fácil. 
 
A dinâmica na família narcisista é que a gente faz de tudo para ganhar aprovação e fazer 
parte, e nada funciona satisfatoriamente. Ou então, a gente tenta fazer nossos pais felizes, 
e eles se recusam a mudar qualquer comportamento. Aí percebemos que não temos esse 
poder de fazer ninguém feliz, fora nós mesmos. Tudo isso adoece! Viver uma vida longe do 
seu Eu Real, tentando ser bem-vista pela sua família adoece também. 
 
Tudo isso gera a culpa tóxica. Na família narcisista a culpa é usada como ferramenta para 
manter todo mundo em linha. Por isso é totalmente esperado que você sinta culpa ao 
pensar em se distanciar dos seus pais, ou mesmo ao pesquisar o narcisismo. 
 
Eu estou aqui para dizer que essa culpa passa conforme você vai identificando e 
respeitando suas próprias necessidades. Quanto mais você consegue se tornar feliz e 
saudável na sua nova vida mais longe da sua família, mas a culpa desaparece. 
 
 
Vou contar uma pequena história para exemplificar. Quando eu cortei contato com minha 
mãe eu senti muita dissonância cognitiva. Basicamente, parecia que existiam várias 
Taryanas dentro de mim, cada uma com um ponto de vista, e todas estavam em 
conflito. 
 
Algumas dessas Taryanas gritavam desesperadamente para eu sossegar e 
deixar tudo do jeito que estava. Elas falavam coisas do tipo: 
 
"Estou exagerando." 
"Talvez nem seja tão ruim assim, eu acho que dá para levar." 
"Devo estar distorcendo as coisas " 
"Sou uma péssima filha! Que tipo de pessoa corta 
contato com a mãe?" 
 
Por outro lado, tinha uma Taryana com quem 
eu estava me relacionando há pouco tempo. 
Ela falava comigo através de um saber interno. 
Ela simplesmente repetia: 
 
"Distância! Distância!" 
 
Quando eu ouvia a voz dessa Taryana eu 
sentia paz, mesmo sentido culpa junto. A 
realidade é complexa, a gente pode sentir um 
monte de coisa ao mesmo tempo. Complexo 
ou não, um saber interno me falava que aquele 
era o caminho correto para mim. 
 
Esse mesmo saber também foi me falando 
para explorar algumas vontades e curiosidades 
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minhas. Decidi testar se este saber interno era uma boa pessoa para me guiar. Fui 
obedecendo suas instruções, e percebi que a voz da culpa começou a me visitar cada vez 
menos, até que parou totalmente. 
 
Aparentemente, se eu apenas identificasse e respeitasse minha real vontade, por mais 
socialmente incorreta que fosse, menos a culpa se fazia presente. Percebi que, ao honrar e 
obedecer minha própria voz, fui criando consequências bem melhores daquelas que eu 
gerava quando tinha contato com minha mãe. 
 
É isso que eu quero que você saiba, se você não apenas cortar contato com sua mãe, mas 
fizer isso especificamente para aprender a ouvir e viver a sua voz, não tem como dar 
errado, não tem como fracassar, você nunca vai se arrepender de decidir respeitar a sua 
própria essência. 
 
Os primeiros meses que cortamos ou reduzimos contato são os mais difíceis de dissonância 
cognitiva. A gritaria interna de culpa e terror pode ser intensa. Mas agora você já sabe o 
caminho: acalme-se, entre em contato com a voz do seu Eu Real, e obedeça o que ela 
pedir. Eu sei que soa difícil, mas lembre-se que é possível e que várias pessoas já fizeram 
isso antes de você com sucesso. 
 
Falando da sua voz interna, ela pode pedir algo como distância ou algo como um novo corte 
de cabelo. Ela pode querer que você faça uma aula de dança ou que você reduza sua 
carga horária de trabalho. Ela pode querer que você largue um curso que está fazendo ou 
comece um outro. Escute-a diante de cada desafio e vá testando o que acontece quando 
você a obedece. 
 
Se for que nem foi para mim e para meus clientes, você vai ver que literalmente não tem 
como dar errado quando você escuta o seu coração. Entenda que eu não estou falando que 
o processo é fácil e sem dor. Ele não é. Existem sim uns momentos de guerra, conflito, e 
dor profunda. Mas a recompensa costuma ser bem maior do que a gente consegue sequer 
imaginar. 
 
Por isso, sempre vale a pena começar a ouvir a sua própria voz, pois além de não ser 
possível se arrepender, a colheita depois costuma surpreender. E é assim que você lida 
com a sua culpa, respeitando o seu Eu Real desafio a desafio. Com o tempo, ela vai 
embora. 
 
Como criar independência emocional e distância 
psicológica 
 
O que nos aprisiona a pessoas e grupos disfuncionais é nossa dependência emocional ou 
financeira. Estar vivo é um processo de entrar no mundo em total e absoluta dependência e, 
aos poucos, se individuar. É compreensível que aconteçam obstáculos neste percurso, 
mantendo o indivíduo preso em algum estágio dessa aventura. 
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37 - - - Direitos

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