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Método_dos_6_Pilares_-_12_Partidas_Brilhantes

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P U B L I C A D O P O R C L U B E D E X A D R E Z O N L I N E
MÉTODO DOS 6 PILARES
 
12 PARTIDAS 
BRILHANTES
 M N G É R S O N P E R E S
P R O F A . D R A . N A B Y L L A F I O R I
O S G Ê N I O S D O X A D R E Z 
E S U A S O B R A S - P R I M A S
A ARTE EM ESTADO DE PURA BELEZA
" O S J O G A D O R E S M O R R E M , O S T O R N E I O S
S Ã O E S Q U E C I D O S , M A S A S O B R A S D O S
G R A N D E S A R T I S T A S D O T A B U L E I R O F I C A M
P A R A A P O S T E R I D A D E , T O R N A N D O
E T E R N A A M E M Ó R I A D O S S E U S
C R I A D O R E S " - T A L
Apresentação
Partida 1 
Capablanca, J. x Lasker, E.
Partida 2 
Saemisch, F. x Nimzowitsch, A.
Partida 3 
Botvinnik, M. x Alekhine, A.
Partida 4 
Botvinnik, M. x Smyslov, V.
Partida 5
Byrne, D. x Fischer, R.
Partida 6
Tal, M. x Larsen, B.
06
07
20
36
46
57
66
ÍN
DI
CE
Partida 7
Petrosian, T. x Fischer, R. 
Partida 8
Miles, A. x Korchnoi, V. 
Partida 9
Karpov, A. x Topalov, V.
Partida 10
Kasparov, G. x Kramnik, V. 
Partida 11
Anand, V. x Lautier, J.
Partida 12
Karjakin, S. x Carlsen, M.
Referência Bibliográfica
76
96
107
115
125
140
156
ÍN
DI
CE
Equipe Editorial
Créditos das Imagens
Autores
Conecte-se com o CXOL
Realização
158
158
159
162
164
ÍN
DI
CE
Apresentação
A estética é a filosofia da arte, o belo em sua forma mais natural. 
Além desta ligação estreita com a beleza em si, a estética
também provoca sentimentos elevados e de plenitude. 
Reunimos aqui 12 partidas que têm este elemento estético de
arte e beleza, que nos deixam encantados das múltiplas
possibilidades do xadrez nos processos criativos da mente.
Os jogos ilustram algumas das figuras mais destacadas do
mundo das 64 casas do tabuleiro, jogadores consagrados na
história do xadrez dos últimos 100 anos.
O quão longe uma pessoa pode elevar a sua mente? Difícil saber.
Mas, as obras-primas destes gênios do xadrez selecionadas aqui
neste livro digital mostram em alguma medida estas
potencialidades da mente e quão grande é o ser humano quando
decide usar sua inteligência com sabedoria! 
Fique agora com o xadrez em seu estado puro, da beleza
artística associada ao profundo conhecimento científico das leis
que governam as posições no tabuleiro.
Vamos em frente rumo à excelência!
Os autores.
6
Partida 1
 
Jose Raul Capablanca - Emanuel Lasker [D64]
Havana – Cuba, 1921
7
1.d4 d5 2.Cf3 e6 3.c4 Cf6 4.Bg5 Cbd7 5.e3
Be7 6.Cc3 0–0 7.Tc1 Te8 8.Dc2 c6 
Ambos os lados jogam sem riscos. As pretas
tomarão em c4 apenas quando as brancas
moverem seu bispo de casas claras.
9.Bd3 
Capablanca se recusa a continuar na espera e
decide perder o tempo. 
Na partida C.Lakdawala-J.Booth, San Diego 1981,
as brancas jogaram 9.a3 Cf8 10.h3 e as pretas,
cansadas de esperar o lance com o bispo de f1,
tomaram em c4. 10. . .dxc4 (As pretas poderiam ter
esperado ainda com 10. . .b6; ou 10. . .Cg6). 
9.. .dxc4 10.Bxc4 Cd5 
O mecanismo de troca padrão para al iviar a
tensão.
Na partida Rubinstein-Capablanca (1914), o ex-
campeão mundial cubano quase não sobreviveu ao
estrategicamente suspeito 10. . .b5?!
8
11.Bxe7 Txe7!? 
Tecnicamente, esta é uma péssima jogada. 
Kasparov avaliou a ação de Lasker com "?!" mas é
importante lembrar que Lasker, precisando da
vitória, instigou Capablanca com movimentos
deliberadamente imprecisos.
Muito provavelmente Lasker estava ciente de que
sua atitude era duvidosa, mas não estava
interessado em jogar pelo empate com o padrão
11.. .Dxe7 com a ideia de . . .e5.
12.0–0 Cf8!? 
A mesma fi losofia. Mais uma vez, para entrar num
jogo tranquilo, poderia ter feito 12. . .Cxc3 seguido
por. . .b6.
9
13.Tfd1 Bd7 14.e4 Cb6?! 
Lasker estava indo longe demais em sua estratégia
de complicar a todo custo. Ele quebrou o princípio:
troque quando estiver com pouco espaço.
Portanto, ele deveria ter trocado em c3.
15.Bf1 Tc8 
As pretas planejam o l ibertador . . .c5 para
confrontar a vantagem de espaço das brancas. 
16.b4! Be8 
Lasker põe suas peças na primeira f i la,
talvez na esperança de colocar Capablanca
em uma posição de excessiva confiança no
seu potencial espacial . 
10
Mas ao fazer isso, perde cada vez mais espaço. 
Essa foi , na verdade, uma das piores estratégias
contra Capablanca, que era genial em conquistar
território.
17.Db3 Tec7 18.a4 
Ganhando mais espaço.
18.. .Cg6 19.a5 
E mais espaço.
19.. .Cd7 20.e5 
E mais espaço! A casa d6 acena para o cavalo.
20.. .b6 21.Ce4 
Com vistas a dif icultar a l iberação da posição com
a ruptura . . .c5, bem como a entrada em d6 com o
cavalo.
21.. .Tb8 22.Dc3 Cf4 23.Cd6 Cd5 24.Da3
f6!? 
11
Levenfish e Panov sugerem 24. . .De7 e só então
. . . f6, a f im de proteger o peão de e6.
25.Cxe8!
Antes que o bispo das pretas saia para h5.
25.. .Dxe8 26.exf6 gxf6! 
A recuperação do peão parece correta, pois e5
deve ser mantido sob controle. As pretas estariam
ainda pior depois de 26. . .C7xf6 por 27.Ce5.
27.b5! 
As brancas estão tentando trocar todos os seus
peões da ala da dama.
12
Capablanca escreveu: "Depois que esses dois
peões são trocados, as brancas podem dedicar
toda a sua atenção ao ataque contra o rei sem ter
com o que se preocupar do outro lado".
27.. .Tbc8!
Não 27. . .c5?! por 28.dxc5 Cxc5 29.axb6 axb6
30.Cd4 quando o peão de b5 das brancas bloqueia
as pretas e faz com que a infi ltração em c6 seja
motivo de preocupação.
28.bxc6 Txc6 29.Txc6 Txc6 30.axb6 axb6 
As brancas tinham anteriormente a seu favor uma
enorme vantagem de espaço, que não se vê mais. 
13
Ele trocou sua vantagem espacial por outras
vantagens: 
1) As brancas têm vários alvos nos peões para
escolher em b6, e6, f6 e h7; 
2) O peão isolado das brancas em d4 não é
problema e cobre as principais casas c5 e e5;
 
3) O bispo das brancas cobre as casas claras; 
4) O rei das pretas está l igeiramente exposto. 
Conclusão: Vantagem das brancas.
31.Te1 Dc8 32.Cd2!
 
O instinto de Capablanca diz que seu cavalo de f3,
apesar de vistoso, na verdade não faz muita coisa.
Ele sai em busca de alvos no campo das pretas.
32.. .Cf8 
Lasker sugere 32. . .Tc3! 33.Da1 Cf8 34.Ce4 Tc7
como uma defesa mais consistente para as pretas.
33.Ce4 Dd8 34.h4!
14
 Além de iniciar uma investida na direção do rei
das pretas, as brancas impedem.. .f5, que seria
respondido com Cg5.
34.. .Tc7 35.Db3 Tg7 36.g3 Ta7 37.Bc4! 
As forças das brancas mantêm uma distância
discreta do rei das pretas, mas sonham em
derrubar o muro de Lasker. As peças menores
brancas são superiores aos cavalos pretos.
37.. .Ta5 
Aumenta a pressão.
Se as pretas ignorassem a ameaça, seguiria
37. . .Tc7?? 38.Bxd5 exd5 39.Dxd5+!
15
38.Cc3! 
Quebrando o bloqueio!
38.. .Cxc3 39.Dxc3 
Agora o bispo das brancas domina o cavalo
adversário.
39.. .Rf7 40.De3! 
Alvo é e6.
40.. .Dd6 41.De4
41.d5! e5 42.h5 também seria possível .
16
41.. .Ta4?
"Suicídio!" escreve Lasker, que deveria ter jogado
sua torre para a7 para impedir o próximo
movimento das brancas. Lasker faz esse
movimento descuidado, quase como uma reflexão
tardia desconexa.
42.Db7+ Rg6 
Provavelmente Lasker pretendia 42. . .De7 e então
percebeu que era impossível de jogar devido a
43.Dc6 Tb4 44.Bxe6+! Cxe6 45.d5; Capablanca
joga mecanicamente e perde uma combinação
depois de 42. . .Rg6. Kasparov escreve: "Antes de
Alekhine, ninguém conseguia forçar Capablanca a
realmente exigir o seu máximo! Estava,
naturalmente, acostumado a vencer com pouco
esforço. 
No entanto, em Buenos Aires, em 1927, esse
hábito custou caro ao cubano". 
Infelizmente isso é verdade. A máquina de xadrez
infalível é simplesmente uma lenda. Capablanca
era muito humano e cometeu erros - mas
provavelmente menos do que qualquer outro na
história do xadrez.
17
43.Dc8?! 
 
Capablanca tinha aqui 43.h5+! Rh6 44.Df7 Dd8 45.Bd3
Txd4 46.Txe6!! e ganha na hora.
43...Db4?! 
Depois de 43...Rh6! 44.Bxe6 Txd4 a vantagem das
brancas não seria tão fácil de converter.44.Tc1! De7? 
44...Ta7 era forçado.
45.Bd3+! 
18
Abrindo caminho para a torre ir para c7.
45.. .Rh6 
45.. . f5 46.Tc7 Ta1+ 47.Rh2 Dd6 48.De8+ Rh6
49.Df7.
46.Tc7 
Capablanca invade lentamente com suas peças a
posição inimiga.
46.. .Ta1+ 47.Rg2 Dd6 
Demorou para quebrar as defesas de Lasker,
porém Capablanca f inalmente conseguiu.
48.Dxf8+! 1-0 
19
Partida 2
 
Friedrich Saemisch - Aaron Nimzowitsch [E06]
Copenhague – Dinamarca, 1923
20
1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cf3 b6 
Continuando a luta pela casa e4.
4.g3 Bb7 
4.. .Ba6 é mais popular hoje em dia. Também era
uma ideia de Nimzowitsch. Por exemplo, seu jogo
contra Sultan Khan, de Liege (1930), continuou
com 5.b3 Bb4+ 6.Bd2 Bxd2+ (6. . .Be7 é a l inha
principal atualmente) 7.Cbxd2 Bb7 8.Bg2 c5
9.dxc5 bxc5 10.0–0 0–0 e as pretas f icaram bem,
vencendo depois de 60 jogadas.
5.Bg2 Be7 6.Cc3 
Não deve ser surpresa que em uma partida jogada
quase 100 anos atrás, quando o desenvolvimento
dessa defesa estava engatinhando, a ordem de
movimentos adotadas por ambos os jogadores não
sejam totalmente precisas, em comparação com a
compreensão contemporânea.
A maneira usual de alcançar a posição do jogo é
6.0–0 0–0 7.Cc3.
21
6.. .0–0!? 
Atualmente, não é considerado 100% exato pela
teoria.
A melhor resposta e certamente a mais segura é
6. . .Ce4!
7.0–0 
E as brancas, por sua vez, preferem o
desenvolvimento rotineiro, em vez de tentar
explorar a posição.
22
De fato, 7.Dc2! é a jogada mais desafiadora para
as pretas. Como mencionado na primeira nota
deste jogo, a India da Dama luta pela casa e4,
especialmente nas l inhas com o bispo das pretas
em b7. 
Se as brancas conseguirem ocupar e4, geralmente
terão alguma vantagem, devido ao seu controle
central . Sendo assim, a luta se desenvolve em
torno das tentativas das brancas de jogar e4 e das
pretas em impedi-lo. 
A jogada 7.Dc2 ameaça fazer e4, e as pretas não
podem mais responder com 7. . .Ce4. Na partida,
certamente as pretas teriam que resolver esse
problema de alguma forma. O movimento 7. . .d5 da
partida não é confortável , por causa da prisão do
bispo da dama. Então as pretas geralmente entram
em linhas agudas começando com 7. . .c5 8.d5! exd5
9.Cg5 com complicações pouco claras. 
Essa variante foi testada várias vezes no match
final do Torneio de Candidatos de 1974, entre
Korchnoi e Karpov, que mostrou que as pretas
precisam seguir com cuidado para evitar um
desastre. 
23
A famosa miniatura mostra o que pode acontecer:
9. . .Cc6 10.Cxd5 g6 11.Dd2 Cxd5?! 12.Bxd5 Tb8??
13.Cxh7! e as pretas f icam completamente presas.
13. . .Te8 (13. . .Rxh7 14.Dh6+ Rg8 15.Dxg6+ Rh8
16.Dh5+ Rg8 17.Be4 f5 18.Bd5+ força mate em
três.) 14.Dh6 Ce5 15.Cg5 Bxg5 16.Bxg5 Dxg5
17.Dxg5 Bxd5 18.0–0 Bxc4 19.f4 1–0, V.Korchnoi-
A.Karpov, Moscou 1974. 
Essa l inha é perigosa para as pretas? Não é tão
terrível quanto Karpov fez parecer, mas
definitivamente apresenta alguns problemas.
7.. .d5?! 
Um tratamento levemente antiquado, que
raramente é visto nos dias de hoje. 
24
Qual é a objeção a 7. . .d5? O problema básico é
que, tendo se esforçado para colocar o bispo da
dama em uma boa diagonal aberta e longa, as
pretas agora fecham essa diagonal e
potencialmente permitem que as brancas entrem
com uma cravada também. 
Não é o f im do mundo e, de fato, Botvinnik teve um
sucesso considerável com a posição preta na
década de 1930. Mas a prática mostrou que, com
jogadas precisas, as brancas podem garantir uma
certa vantagem posicional .
A l inha principal aqui é 7. . .Ce4; enquanto o
favorito de Sergey Tiviakov 7. . .Ca6 também é
perfeitamente satisfatório para as negras.
8.Ce5 c6?! 
Outra escolha questionável .
8. . .Ca6 é relativamente melhor, mas as brancas
ainda têm alguma pressão contra os peões centrais
das pretas depois de 9.cxd5 exd5 10.Bf4 c5
11.Tc1.
É um lance natural , mas 8. . .Cbd7?! também
apresenta problemas, principalmente devido à
fraqueza da casa c6. 
25
As brancas podem responder com 9.Da4! que
ameaça entrar em c6 com o cavalo ou (mais
imediatamente) enfrentar d7 quantas vezes for
necessário e ganhar o peão de d5. 
As pretas podem capturar em e5? Depois de
9. . .Cxe5 10.dxe5 as pretas ainda têm um problema. 
a) 10. . .Cd7? apenas deixa cair um peão depois de
11.cxd5 graças ao golpe tático 11. . .Cxe5 12.d6!;
b) 10. . .Ce4 é um pouco melhor, mas ainda não é
legal para as pretas depois de 11.cxd5 Cxc3
12.bxc3 Bxd5 (12. . .exd5 13.c4 continua a explorar
a cravada na diagonal longa) 13.Td1 De8 14.Dg4 e
as pretas ainda tem problemas, com Bh6 sendo
uma ameaça desagradável .
9.cxd5?! 
26
Essa troca diminui a vantagem.
As pretas enfrentam mais problemas após o
avanço central 9.e4! Seguiria: 9. . .dxc4 (9. . .Cbd7?!
é pior, graças ao golpe tático 10.Cxc6! Bxc6
11.exd5 exd5 12.cxd5 Bb7 13.d6! Bxg2 14.dxe7
Dxe7 15.Rxg2 com um peão extra.) 10.Cxc4 Ba6
11.b3 com superioridade. 
As pretas podem ganhar um peão aqui com 11. . .b5
12.Ce3 b4 13.Ce2 Bxe2 14.Dxe2 Dxd4, mas não é
bom por 15.Bb2.
As brancas teriam compensação devido ao par de
bispos, melhor desenvolvimento, mais espaço, e o
peão extra das pretas acabará sendo uma
debil idade em c6.
9.. .cxd5 10.Bf4 a6! 
27
As pretas agora estão bem. A troca em d5 aliviou
seus problemas. O seu bispo em b7 está ruim, mas
a estrutura das pretas é sólida e, na verdade, o
bispo das brancas em g2 não é muito mais ativo do
que o de b7. Parece melhor o bispo branco porque
seus peões não estão f ixos nos mesmos quadros
que ele, mas, na realidade, ambos os bispos estão
batendo num muro que é o peão d5. 
O branco pode atacar o centro com e4? Pode, mas
isso abrirá o bispo das pretas tanto quanto o das
brancas, e também deixará o primeiro jogador com
um peão fraco e isolado em d4. 
O plano das pretas é avançar . . .b5 e usar a casa c4
como posto avançado para seu cavalo. No entanto,
a posição não é mais do que igual , na melhor das
hipóteses. 
As imprecisões posteriores das brancas é que
levarão a problemas.
11.Tc1 b5 12.Db3 
Kasparov sugere 12.a3 impedindo 12. . .Cc6?, que é
inviável por causa do tático 13.Cxd5! E 12. . .Cbd7
é respondido com 13.Cd3, com posição
complicada. 
28
12.. .Cc6?! 
Em vista da possibil idade tática apontada por
Kasparov (vide próximo comentário) ,
provavelmente seria mais preciso jogar 12. . .Cbd7.
13.Cxc6?! 
13.Cxd5 é mais forte, forçando a continuação
13.. .Cxd4 14.Cxe7+ Dxe7 15.De3. O que há de
bom nessa sequência? 
Kasparov continua a variante com 15. . .Bxg2 (Fritz
prefere o imediato 15. . .Cf5 mas mesmo aqui,
depois de 16.Dc5 Dxc5 17.Txc5 Bxg2 18.Rxg2 g5!
19.Bc1! h6 20.g4 o branco tem alguma iniciativa)
16.Rxg2 Db7+ 17.f3 Cf5 18.Df2 quando as brancas
realmente têm vantagem. O cavalo das pretas será
expulso do centro com e4, após o qual as brancas
terão pressão. 
29
De qualquer forma, f ica claro que 13 Cxd5 é mais
forte do que a continuação do jogo, após o que as
brancas começam gradualmente a entrar em
dificuldade.
13.. .Bxc6 14.h3 Dd7 15.Rh2 
Não é fácil ver um plano construtivo para as
brancas, e Saemisch apenas se move de forma
indecisa, quase como se estivesse esperando que
as pretas f izessem alguma coisa e, assim, o
estimulassem a responder. 
Nimzowitsch começa a dominar o jogo.
15.. .Ch5 16.Bd2 f5
30
Aqui temos uma típica estrutura Stonewall (muro
de pedra), que nesse caso é relativamente
favorável para as pretas. Vale a pena refletir
novamente sobre os dois bispos de casas brancas.
As brancas ainda parecem mais ativas, já que seus
peões centrais não estão f ixos nas casas claras. 
No entanto, olhando mais profundamente a
posição, f ica claro que o bispo de g2 não está
realmente fazendo muito, apenas olhando para o
paredão de d5. As pretas, por outro lado, têm um
plano para ativar o seu bispo de casas brancas, por
meio de . . .b4 e . . .Bb5.
17.Dd1? 
As brancas já perderam muito tempo e estão muito
mal, mas Kasparov sugere que estelance de dama
é o erro f inal e decisivo.
Ainda para Kasparov, as brancas ainda poderiam
lutar com 17.Cb1 a5 18.Tc2, embora não seja
suficiente para as brancas igualarem. Seguiria
18. . . f4 19.g4 Bd6 20.Bf3 Cf6 21.Tfc1 Tfc8 e a
posição resultante não é nada animadora para as
brancas. Mesmo assim, é melhor do que o que
aconteceu no jogo.
31
17.. .b4 18.Cb1 Bb5 
Agora veremos o bispo mal de casas brancas do
muro de pedra sendo ativado na diagonal a6-f1.
19.Tg1 Bd6 20.e4 
O lance da partida é uma última e desesperada
tentativa de mudar o curso da história, buscando
explorar possibil idades táticas sobre o cavalo
indefeso em h5. 
Perde forçosamente, como Nimzowitsch
demonstrará. Mas as brancas não têm nada
melhor.
32
Saemisch pode suportar as ameaças sobre seu rei
por meio de 20.e3 mas depois de 20. . .Cf6 as pretas
mudam sua atenção para a ala da dama e dobram
na coluna "c". 
A posição das brancas é tão restringida que as
suas peças estão l iteralmente tropeçando uma na
outra. A posição está perdida.
20.. .fxe4! 
O prelúdio de uma das mais curiosas posições do
xadrez.
21.Dxh5 Txf2 
As pretas já contam com dois peões pela peça, e as
peças brancas quase não têm movimentos.
33
22.Dg5 
As brancas querem defender seu peão "g", para
que poder mover o rei . Não resolve todos os
problemas, mas as brancas não têm lances
melhores.
22.. .Taf8 
Agora 23. . .T8f3 é uma ameaça.
23.Rh1 T8f5 24.De3 Bd3 
Ameaçando 25. . .Te2.
25.Tce1 h6!! 0–1 
34
Uma das posições mais conhecidas na história do
xadrez. 
Depois de 25. . .h6 as brancas não têm nenhum
movimento seguro além de 26.b3 (respondido por
qualquer movimento de espera), (ou 26.a3
(respondido por 26. . .a5): por exemplo, 26.Bc1
Bxb1; 26.Rh2 T5f3; ou 26.g4 T5f3.
As brancas estão em Zugzwang, que é não ter
nenhum movimento úti l na posição. Tudo o que se
faz, piora o jogo.
35
Partida 3
 
Mikhail Botvinnik - Alexander Alekhine [D41]
Holanda, 1938
36
1.Cf3 d5 2.d4 Cf6 3.c4 e6 4.Cc3 c5 
Esses lances ocorreram três vezes no match-
revanche Alekhine-Euwe de 1937. As pretas visam
à simplif icação, a f im de facil itar sua defesa.
5.cxd5 
Escolhendo outro caminho mais modesto e
frequentemente seguido pelos mestres soviéticos.
Alekhine estava bem familiarizado com a
continuação de Euwe 5.Bg5 cxd4 6.Cxd4 e5 7.Cb3!
5.. .Cxd5 6.e3 
Esta é uma continuação muito segura, mas com
tendência a levar à igualdade. 
A variante principal 6.e4 Cxc3 7.bxc3 cxd4 8.cxd4
Bb4+ 9.Bd2 Bxd2+ 10.Dxd2 também não traz
perigos para as pretas.
6.. .Cc6 7.Bc4 
7.a3 Be7 8.Bd3 0–0 9.0–0 cxd4 10.exd4 Bf6
11.Be3 Cxc3 12.bxc3 e5 leva a igualdade.
37
7.. .cxd4 
Alekhine deixou escapar a oportunidade de fazer
7. . .Cb6 e entrar a uma posição bem conhecida do
Gambito da Dama Aceito, com jogo igualado.
8.exd4 Be7 9.0–0 0–0 10.Te1 
A posição das brancas é superior. Embora o peão
de "d" esteja isolado, ele restringe as pretas
consideravelmente. As brancas têm muitas
possibil idades com suas peças, enquanto as pretas
ainda precisam resolver o problema de onde
colocar o bispo da dama.
10.. .b6? 
38
Um erro que deixará Alekhine em grandes
dificuldades. Agora as brancas reduzem o jogo a
uma pressão na ala da dama, enfraquecida por
. . .b6, uma tarefa facil itada pela perceptível
superioridade das brancas no desenvolvimento. 
Melhor seria 10. . .Cxc3 (assegurando a diagonal
longa para o bispo da dama) 11.bxc3 b6 embora o
peão de "d" branco seja apoiado agora por c3 e as
brancas tenham chances na ala do rei , as pretas
deveriam ter jogado assim como aconteceu na
partida Botvinnik-Szabo, Groningen 1946.
11.Cxd5 exd5 12.Bb5 Bd7 
Leva a trocas inevitáveis, após as quais a
superioridade das brancas f icará muito clara. Se
12. . .Ca5 então 13.Ce5.
13.Da4 Cb8
A vantagem das brancas no desenvolvimento
aumenta ainda mais. Para 13. . .Tc8 14.Bd2!
(14.Bxc6? Bxc6 15.Dxa7 Bb4) 14. . .a6 15.Bxc6 Bxc6
16.Dxa6 e as pretas não teriam compensação pelo
peão.
39
14.Bf4 Bxb5 15.Dxb5 a6 16.Da4
Impedindo o cavalo de ir a c6. As pretas são
forçadas a trocar os bispos.
16.. .Bd6 17.Bxd6 Dxd6 18.Tac1 Ta7
19.Dc2± 
Com esse movimento, o branco impede . . .Tc7 e
mantém o domínio das duas colunas abertas. 
O cavalo das pretas está mal posicionado, e é
difíci l trazê-lo para o jogo. 
Esses fatores permitem concluir que as pretas
perderam a chance de buscar uma boa posição e as
brancas apenas encontraram um bom plano para
explorar sua superioridade.
40
20.Txe7 Dxe7 21.Dc7 Dxc7 
A troca é necessária para as pretas. A dama branca
ocupa uma posição muito forte em c7.
22.Txc7 f6! 
A torre branca será confrontada na sétima fi leira e
isso al ivia um pouco a situação das pretas.
23.Rf1 
Não 23.Tb7 Tc8! 24.Rf1 b5 e a coluna "c" é
dominada pelas pretas.
23.. .Tf7 24.Tc8+ Tf8 25.Tc3! 
Uma situação intrigante. As pretas não podem
mover uma única peça. 
A melhor chance delas é trazer o rei para o centro. 
Para fazer isso, devem avançar os peões de "g" e
de "h".
41
25.. .g5 
Se 25. . .Cd7 então 26.Tc7. E para 25. . .Te8 segue
26.Tc7.
26.Ce1 h5 
As pretas escaparam das ameaças diretas. 
Agora as brancas exploram o enfraquecimento da
ala do rei das pretas. Se f izesse 26. . .h6 então
27.Cc2 Rf7 28.Ce3 Re6 29.g4!
27.h4!
42
A tentativa de 27.Cc2 é respondida com Rf7
28.Tc7+ Re6 29.Th7 Cd7.
27.. .Cd7 
O lance 27. . .gxh4 tem como resposta 28.Cf3. Já
27. . .Rf7 28.hxg5 (28.Cf3 g4 29.Ce1 Re6 30.Cd3
Rf5 31.g3 Re4 32.Cf4 com vantagem branca
segundo Botvinnik) 28. . . fxg5 29.Cf3 g4 30.Ce5+,
era o que Alekhine temia.
28.Tc7 Tf7 29.Cf3 g4 30.Ce1 f5 31.Cd3 f4
32.f3 gxf3 33.gxf3 a5 34.a4 Rf8 35.Tc6
Re7 36.Rf2 Tf5 37.b3 Rd8 38.Re2 Cb8 
Uma armadilha.
39.Tg6 
Se agora 39.Txb6 Rc7 seguido por . . .Cc6.
39.. .Rc7 40.Ce5 Ca6 
A vitória é das brancas, não tem salvação.
43
41.Tg7+ Rc8 42.Cc6 
Finalmente, a vantagem se material iza. As brancas
saem com pelo menos dois peões extras.
42.. .Tf6 43.Ce7+ Rb8 44.Cxd5 Td6 45.Tg5
Cb4 46.Cxb4 axb4 47.Txh5 Tc6 
Se 47. . .Txd4 48.Tf5 Rb7 49.Tf6 Rc7 50.h5 e é
decisivo para o branco.
48.Tb5 Rc7 49.Txb4 Th6 50.Tb5 
50.Rd3 Te6!
44
50.. .Txh4 51.Rd3 1–0 
Um daqueles jogos que não têm movimentos
fantásticos, onde cada lance parece muito simples.
Mas é impossível el iminar qualquer um deles, pois
todos estão intimamente interligados à estratégia
das brancas que levaram a esta bela vitória
posicional .
45
Partida 4
 
Mikhail Botvinnik - Vasily Smyslov [E68]
Moscou - URSS, 1954
46
Vasily Smyslov, o grande inovador com as peças
pretas, teve menos influência no desenvolvimento
da teoria das aberturas com as peças brancas.
Smyslov estava simplesmente satisfeito com um
jogo confortável e l ivre. Suas escolhas favoritas
com as brancas eram bastante tranquilas. Nesta
partida jogada no Mundial , Smyslov deu novos
ares à Defesa Índia do Rei .
1.d4 Cf6 2.c4 g6 3.g3 Bg7 4.Bg2 0–0 5.Cc3 
Botvinnik provavelmente não ficou muito
satisfeito que Smyslov não tenha entrado na
Grunfeld com 4. . .d5. 
47
A Índia do Rei nunca havia aparecido antes nos
jogos de Smyslov, enquanto Botvinnik tinha
grande experiência nela.
5.. .d6 6.Cf3 Cbd7 7.0–0 e5 8.e4 c6 9.Be3 
É importante notar que o último lance de
Botvinnik foi uma novidade, pelo menos para a
teoria da época. 
Atualmente as opções mais jogadas são 9.h3 ou
9.b3.
Após este match do Mundial de 1954, a Índia do
Rei havia praticamente desaparecido do
repertório de Smyslov. Mas em 1980 ele mostrou
como os preparativos para o primeiro match com
Botvinnik foram profundos. 
Observe a sequência 9.h3 Db6 10.Te1 exd4
11.Cxd4 Ce8! Durante anos, os melhores
especialistas do mundo estavam jogando
automaticamente 11. . .Te8 e experimentando
algumas dificuldades nesta posição. A novidade de
Smyslov em 1954 mudou drasticamente o caráter
da posição. Onde quer que o cavalo branco em d4
vá, as pretas são capazes de desenvolver um
contra-jogo efetivo. 
48
É por isso que os condutoresdas brancas preferem
predominantemente 10.c5 - até mesmo Karpov
mudou para essa l inha. 
9.. .Cg4! 10.Bg5 Db6 11.h3 
Como as pretas podem continuar?
11.. .exd4! 
A continuação mais vigorosa. As brancas f icariam
bem colocadas após 11. . .Cgf6 12.Dd2 exd4
13.Cxd4 Cc5 14.Tad1 Te8 15.Tfe1 Cfd7 16.Be3
(Lil ienthal - Konstantinopolsky, Sochy 1952).
49
12.Ca4 Da6 13.hxg4 b5 
Agora a peça temporariamente sacrif icada será
devolvida. Na sequência, as múltiplas fraquezas de
peões em ambos os lados tornam a posição
dinamicamente igual .
14.Cxd4 
Muitos anos depois, em 1992, Yussupov tentou
uma melhoria contra Kasparov no Torneio de
Linares: 14.Be7 Te8 15.Bxd6 bxa4 16.e5, mas
depois 16. . .c5! as pretas estão bem. Seguiria
17.Cxd4 (a tentativa de Yusupov de complicar
ainda mais a situação com 17.b4!? cxb4 18.Dxd4
Bb7 cria complicações adicionais e leva a uma
posição pouco clara. Ele subestimou o potencial de
ataque das pretas e perdeu o jogo.) 17. . .Bb7
18.Cb5 Bxg2 19.Rxg2 Bxe5.
14.. .bxa4 15.Cxc6 
As brancas não têm tempo para consolidar a
posição e aceitam o desafio. Esse lance tem o
mérito de retardar Ce5, aguardando o momento
ideal .
50
A jogada 15.b3 também era jogável: 15. . .Ce5
16.Be7 Bxg4 17.f3 Tfe8 18.Bxd6 Tad8 19.c5 Bc8
(19. . .Cd3 20.Cxc6!) com jogo pouco claro.
15.. .Dxc6 16.e5 Dxc4 17.Bxa8 Cxe5 
Em troca da qualidade, as pretas possuem uma
compensação excelente. Os peões brancos são
vulneráveis, suas peças descoordenadas e a
posição do seu rei enfraquecida. 
Finalmente o cavalo se posiciona em e5, de onde
domina o centro e ameaça o f lanco enfraquecido
do rei branco. 
51
A despeito da qualidade a mais, as brancas não
contam com uma boa posição e somente jogando
com muita precisão poderão se sustentar.
18.Tc1 
No caso de 18.Dxd6 Bxg4 (18. . .Dxg4?! 19.Bf6!)
19.Bd5 Dd3 e as pretas não têm com o que se
preocupar.
18.. .Db4?! 
Aqui havia 18. . .Db5!, que é muito mais
desagradável para as brancas.
 
19.a3 
52
A possibil idade de 19.Be7 Bxg4 20.Bxd6! seguiria
20. . .Db6 21.Dd5 Bf3! (21. . .Td8 22.Bc7 Txd5
23.Bxb6 Td2 24.Bxa7 Txb2 25.a3) 22.Dc5 Txa8
23.Bxe5 De6! 24.De3 (24.Bxg7?? Dh3 e mate;
24.Tc3 Bb7 25.Te3 Dh3 26.f3) com jogo complexo.
19.. .Dxb2 20.Dxa4 Bb7! 
Agora a segurança do rei das brancas está se
tornando um problema sério.
21.Tb1? 
Sério equívoco que permite às pretas um imediato
aproveitamento.
O resultado de um erro de cálculo óbvio.
53
A sequência 21.Bxb7 Dxb7 22.Tc3 h6 (22. . .Cf3+
23.Txf3 Dxf3 24.Be7) 23.Bf4 Cf3+ 24.Txf3 Dxf3
25.Bxd6 Td8 26.Bc5 e embora as brancas ainda
tenham algumas dificuldades a enfrentar na defesa
de seu f lanco rei , estas não deverão mostrar-se
insuperáveis. Portanto, seria o caminho indicado.
21.. .Cf3+ 22.Rh1 Bxa8! 
As pretas obtêm 3 peças menores pela dama. Mas
aqui é decisivo, em vista da posição aberta do rei
branco.
23.Txb2 Cxg5+ 24.Rh2 Cf3+ 25.Rh3 Bxb2 
A posição das brancas é desesperadora. Não
podem impedir que as pretas montem o seu ataque
de mate. 
54
Suas quatro peças se juntam rapidamente e
organizam o ataque final ao indefeso rei branco.
26.Dxa7 Be4 
Antecipando-se ao Tb1 seguido de Tb8, trocando
as torres. Se as brancas conseguissem realizar a
troca teriam melhores oportunidades, dado que o
rei das pretas estaria exposto aos xeques, e desta
forma o ataque das pretas se enfraqueceria.
27.a4 Rg7 28.Td1 Be5 29.De7 Tc8 
A torre está se preparando para dar o golpe
mortal .
30.a5 Tc2 31.Rg2 Cd4+ 32.Rf1 Bf3 33.Tb1
Cc6 0–1 
55
As brancas abandonam. Não existe meio de evitar
o ataque em massa das peças pretas.
Se 33. . .Cc6 34.Dc7 Bd4 35.Dxd6 Txf2+ 36.Re1
Te2+ 37.Rf1 Th2.
56
Partida 5
 
Donald Byrne - Robert James Fischer [D97]
Nova York - E.U.A., 1956
57
Bobby tinha 13 anos quando jogou esta partida,
também conhecida como "O Jogo do Século". Seria
difíci l encontrar performances concorrentes de
outros prodígios como Capablanca, Kasparov e
Carlsen, que igualassem a qualidade desta
combinação de Fischer nessa idade.
1.Cf3 Cf6 2.c4 g6 3.Cc3 Bg7 4.d4 0–0 5.Bf4
d5 
Fischer muda para a Grunfeld, ao invés de 5. . .d6
que nos leva ao Sistema London contra a Índia do
Rei, ou 5. . .c5 que é uma boa possibil idade, já que
não está claro se as brancas querem seu bispo em
f4 nessa estrutura.
6.Db3 dxc4 7.Dxc4 c6!? 
58
10.. .Bg4 11.Bg5? 
Qual é a motivação por trás do último lance das
brancas, uma vez que ele move uma peça já
desenvolvida? Este movimento viola o princípio:
Não mova uma peça mais de uma vez na abertura,
especialmente em posições abertas. A motivação
de Byrne é prender o cavalo f6 das negras,
impedindo . . .Cfd7. No entanto, a perda de tempo
das brancas é desastrosa. Quando nossa voz
interior sussurra em nosso ouvido, acenando para
uma ideia tentadora, às vezes o melhor a fazer é
calar essa voz!
As táticas estão à nossa frente, mas às vezes
somos como turistas inconscientes que não falam
ou leem aquele idioma. Nem todas as novidades
teóricas são boas. Esse movimento é uma perda de
tempo e uma construção de artif ícios, em uma
posição que não pode permitir um luxo tão grande. 
Correto seria 11.Be2 Cfd7 12.Da3 Bxf3 13.Bxf3 e5
14.dxe5 De8 15.Be2 Cxe5 16.0–0 quando o bispo
das brancas oferece vantagem [G.Flear-P. Morris,
Dublin, 1991].
11.. .Ca4!! 
59
Aqui entra o tema do desvio. 
12.Da3 
Forçado. 
A posição das brancas f ica fora de controle depois
de 12.Cxa4?? Cxe4 13.Bxe7 (não 13.Dc1?? Bxf3
14.gxf3 Da5+ e as pretas recuperam a peça com
uma posição completamente vencedora) 13. . .Te8!
14.Bxd8 Cxc5+ 15.Be2 Cxa4 16.Bg5 Cxb2 17.Tb1
Bxf3 18.gxf3 Bxd4 onde as brancas perdem dois
peões e f icam com uma posição completamente
destruída.
60
12.. .Cxc3 13.bxc3 Cxe4! 
A perda da qualidade é compensada pelas l inhas
abertas que as pretas vão aproveitar com sua
vantagem no desenvolvimento.
14.Bxe7 Db6 15.Bc4 
As brancas não podem aceitar a qualidade:
15.Bxf8 Bxf8 16.Db3 Te8! 17.Dxb6 (17.Be2??
entra 17. . .Cxc3! 18.Td2 Da5 19.Ce5 Be6 20.Dc2
Cxe2 21.Rxe2 f6 e acabou, já que o cavalo das
brancas é incapaz de se mover) 17. . .axb6 e as
brancas vão perder devido ao xeque descoberto ao
longo da coluna "e".
15.. .Cxc3! 
61
Um golpe atrás do outro. Fischer calculou com
precisão as consequências desse movimento.
16.Bc5 
Para 16.Dxc3 Tae8 17.0–0 Txe7 e recupera a peça
com posição vencedora.
16.. .Tfe8+ 17.Rf1 
A dama das pretas e o cavalo de c3 estão atacados
simultaneamente. 
17.. .Be6!!
Fischer nunca se sentiu confortável em posições
com grandes complicações onde apenas o
computador ou Tal se sentiria em casa. 
62
No entanto, tudo aqui pode ser trabalhado com
detalhes exatos. Então ,Fischer estava realmente
confortável . 
Byrne, sem dúvida, esperava 17. . .Cb5? 18.Bxf7+!
Rh8 19.Bxb6 Cxa3 20.Bc5! Tf8 21.Bxf8 Txf8
22.Td3 Cb5 23.Bc4.
18.Bxb6 
Se o branco jogar 18.Bxe6?? ele entra em um mate
por asfixia depois de 18. . .Db5+ 19.Rg1 Ce2+
20.Rf1 Cg3+ 21.Rg1 Df1+ 22.Txf1 Ce2#.
18.. .Bxc4+ 19.Rg1 Ce2+ 
O rei das brancas agora entra no "moinho de
vento" das pretas.
20.Rf1 Cxd4+ 
E o cavalo segue causando estragos.
21.Rg1 Ce2+ 
Olha ele aí de novo!
63
22.Rf1 Cc3+ 23.Rg1 axb6 24.Db4 Ta4! 
25.Dxb6 Cxd1 26.h3 Txa2 27.Rh2 Cxf2
28.Te1 Txe1 29.Dd8+ Bf8 30.Cxe1 Bd5 
Fischer tem como alvo g2.
31.Cf3 Ce4 32.Db8 b5 33.h4 h5 34.Ce5 
Ameaça Cd7.
34.. .Rg7 
Defendendo-se contra Cd7, enquanto ameaça
ainda . . .Bd6+.
64
35.Rg1 Bc5+ 36.Rf1
E se 36.Rh2 Cd2! 37.Rh1 Ta1+ 38.Rh2 Cf1+
39.Rh1 Bf2 40.Cf3 Cg3+ 41.Rh2 Th1#.
36.. .Cg3+ 
Ou 36. . .Tf2+ 37.Re1 Bb4+ 38.Rd1 Bb3+ 39.Rc1
Ba3+ 40.Rb1 Tf1#.
37.Re1 Bb4+ 
Pretas teriam arremate mais rápido com
37.. .Te2+! 38.Rd1 Bb3+ 39.Rc1 Ba3+ 40.Rb1 Te1#.
38.Rd1 Bb3+ 39.Rc1 Ce2+ 40.Rb1 Cc3+
41.Rc1 Tc2# 0–1
65
Partida 6
 
Mikhail Tal - Bent Larsen [D97]
Bled - Eslovênia, 1962
66
1.e4 c5 2.Cf3 Cc6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 e6
5.Cc3 d6 6.Be3 Cf6 7.f4 Be7 8.Df3 
Este ativo sistema do branco é uma arma muito
perigosa contra a varianteescolhida pelas pretas. 
8.. .0–0 9.0–0–0 Dc7 
Este movimento, normal da Sici l iana, leva as
pretas a dif iculdades. Larsen deveria antes ter
desenvolvido o bispo da dama.
Depois de 9. . .Dc7, o imediato 10.g4 é respondido
com 10. . .Cxd4 11.Txd4 e5 12.Tc4 Bxg4! (13.Dxg4
Dxc4).
67
10.Cdb5! Db8 11.g4 a6 12.Cd4 Cxd4
13.Bxd4 b5 
Um momento muito importante. Após a jogada de
Larsen, é óbvio que o ataque das brancas se
desenvolverá mais rapidamente, o que em tais
posições é muitas vezes o fator decisivo.
As pretas definitivamente deveriam ter jogado
13.. .e5 ao qual Tal poderia responder com 14.g5.
Agora, a tentativa de ganhar a qualidade falha:
14. . .Bg4 15.Dg3 Bxd1? 16.gxf6 Bxf6 17.Cd5 e as
pretas perdem com 17. . .exd4 18.Cxf6+ Rh8
19.Tg1; ou 17. . .Dd8 18.Bb6. 
Mas depois de 13. . .e5 14.g5 Bg4 15.Dg3 ,
continuando 15. . .exd4 (em vez de 15 . . . Bxd1)
16.gxf6 dxc3 17.fxe7 cxb2+ 18.Rb1 Bxd1 as pretas
mantêm boas chances defensivas, pois a posição
simplif icou demasiadamente.
68
14.g5 Cd7 
A princípio depois de 14. . .Cd7, Mikhail Tal queria
jogar o profi lático 15.a3 para manter o cavalo em
c3. Variantes do tipo 15. . .b4 16.axb4 Dxb4 17.Dh5
Tb8 18.Td3 Dxb2+ 19.Rd1 parecem atraentes, mas
então Tal tem o tema típico do sacrif ício de cavalo
em d5, abrindo l inhas para o ataque. Assim, ele
decide não rejeitar a ideia tentadora. 
15.Bd3 b4 
Sobre o mais cauteloso 15. . .Bb7, Tal planejava
jogar 16.a3.
16.Cd5! exd5 17.exd5 
O sacrif ício tem algo também de natureza
posicional . 
69
As peças das pretas estão agrupadas na ala da
dama (torre em a8, dama em b8 e bispo em c8), e
não é de forma alguma fácil para elas virem em
auxíl io de seu rei . 
A coluna "e" aberta é também um problema. Além
disso, ambos os bispos brancos estão voltados
para o rei inimigo, e ameaçam a combinação
padrão com sucessivos sacrif ícios de bispos em h7
e g7. 
As pretas não podem se defender sem fazer
concessões. Contra 17.exd5 g6 as brancas devem
continuar com 18.h4 ou 18.Tde1. Mas não 18.Dh3
por causa de 18. . .Cf6 19.Dh6 Ch5, quando as
brancas não têm nada a ganhar pelo material
sacrif icado. 
17.. .f5
70
18.Tde1 
As pretas têm uma escolha desagradável: defender
seu bispo com a torre em f7, quando a posição da
torre dá às brancas a possibil idade de abrir l inhas
na ala do rei com ganho de tempo (g6!) , ou então
mover outra peça longe do rei .
Contra 18. . .Bd8, uma sequência muito curiosa é:
19.Dh5 Cc5 20.Bxg7! Cxd3+ 21.Rb1 (não 21.cxd3?
Dc7+) 21. . .Cxe1 (21. . .Cxf4 22.Dh6) 22.g6 Rxg7
23.Dxh7+ Rf6 24.g7 Tf7 25.g8C#.
18.. .Tf7 19.h4 Bb7 20.Bxf5 
Tal poderia ter continuado com 20.g6 hxg6 21.h5
g5 22.Bxf5 com múltiplas ameaças. Mais fraco é
22.h6 g4 23.hxg7 Bf6 (ou 23. . .Cf6 24.Txe7 gxf3
25.Bxf6 Txe7).
As pretas não podem jogar, por exemplo: 22. . .Txf5
23.Txe7 Ce5 por causa de 24.h6! Cxf3 25.h7+ Rh8
26.Txg7 com mate inevitável . 
Mas na partida, Tal não encontrou a vitória
forçada depois de 22. . .Bf6 23.Be6 Df8 (não
23. . .Bxd4 24.fxg5 e g6).
71
Jogadores experientes sabem do risco de
desperdício de tempo no cálculo de variantes
longas e complicadas, pois é assim que se entra em
problemas de apuro de tempo no relógio. Além
disso, após a jogada realizada na partida, a posição
de Tal continuou promissora.
20.. .Txf5 21.Txe7 Ce5 
Com a defesa passiva 21. . .Tf7 as pretas perdem
por 22.Txf7 Rxf7 23.g6+ hxg6 24.h5. Larsen tenta
aproveitar a iniciativa por meios táticos, mas as
brancas estavam preparadas para isso.
22.De4 Df8! 23.fxe5! Tf4 24.De3 Tf3 
Depois dessa jogada, as brancas vencem sem
grandes dificuldades.
72
Os reflexos da combinação começada lá no lance
20 com Bxf5 se vê aqui: 24. . .Bxd5 25.exd6 Txd4
(depois de 25. . .Bxh1 26.Txg7+ as peças dispersas
das pretas estão desamparadas) 26.Dxd4! (mais
fraco é 26.Te1 Df4!) 26. . .Bxh1 27.b3. 
Aqui, provavelmente, as pretas fariam melhor
devolvendo a peça imediatamente 27. . .Bf3
28.Dc4+ Rh8 29.Tf7 Dxd6 30.Txf3 quando teriam
alguma chance de salvar o jogo. 
Tentativas de manter sua vantagem material são
inúteis; o peão "h", ao atingir a sexta f i leira, aplica
o golpe decisivo. A troca de torres com 27. . .Te8
também leva à derrota depois de 28.De5 Txe7
29.dxe7 De8 30.De6+ Rh8 31.h5 Bf3 (ou 31. . .Bc6
32.g6 , com a irresistível ameaça de Df7) 32.h6. 
Neste momento do jogo, entretanto, Larsen tinha
apenas sete minutos restantes no relógio.
25.De2 Dxe7 
Não 25. . .Df4+ 26.Dd2 Tf1+ 27.Txf1 Dxf1+ 28.Dd1;
ou 25. . .Bxd5 26.exd6.
26.Dxf3 dxe5 27.Te1 Td8 
73
O final depois de 27. . .Tf8 28.Txe5 Dxe5 29.Dxf8+
Rxf8 30.Bxe5 é facilmente vencido pelas brancas. 
As pretas não têm tempo para capturar em d5 em
vista de 31 Bd6+.
28.Txe5 Dd6 29.Df4! 
 
Com a ajuda desta tática simples (29.Df4 Bxd5
30.Te8+) as brancas mantêm seus dois peões
extras. 
29.. .Tf8 30.De4 b3 
Não há nada melhor.
74
31.axb3 Tf1+ 32.Rd2 Db4+ 33.c3 Dd6
34.Bc5 
Havia outras maneiras de ganhar, mas esta é mais
vistosa.
34.. .Dxc5 35.Te8+ Tf8 36.De6+ Rh8 37.Df7
1–0
75
Partida 7
 
Tigran Petrosian - Robert James Fischer [D82]
Buenos Aires – Argentina, 1971
76
Robert James (Bobby) Fischer (1943–2008), o
décimo primeiro campeão mundial (1972–1975), é
considerado um dos grandes gênios do xadrez. Ele
era uma estrela de primeira grandeza do xadrez,
principalmente considerando os jogadores
representativos da era pré-computador. Antes
deste jogo, ele já havia derrotada Taimanov e
Larsen no ciclo do Match de Candidatos, com uma
pontuação surpreendente de 6 a 0 em ambos os
confrontos. Agora ele t inha apenas um obstáculo
para a tão esperada Final do Campeonato Mundial
contra Spassky. 
Petrosian teve os grandes mestres Averbakh e
Suetin como segundos. Suetin disse ao jornal russo
Pravda: "Será um confronto entre dois
representantes do esti lo clássico de xadrez". O
próprio Petrosian disse: “Vamos ver o que
acontece”. Fischer venceu o primeiro jogo, mas
Petrosian não foi tão afetado pelas oportunidades
perdidas e imediatamente revidou no segundo.
1.d4 Cf6 2.c4 g6 3.Cc3 d5 4.Bf4 
Essa Variante Clássica estava em voga durante o
Torneio AVRO, em 1938. É uma formação sólida
em que as brancas exercem pressão ao longo da
coluna "c". 
77
O renomado treinador russo Mark Dvoretsky
(1947-2016) escreveu que em defesas como a
Grunfeld as brancas têm escolhas extremamente
amplas. 
O branco é quem determina as variantes e as
pretas precisam estar preparadas para tudo.
Normalmente Bf4 é jogado em conjunto com 4.Cf3
Bg7 5.Bf4 mas Petrosian provavelmente não
queria que Fischer tivesse boas lembranças de sua
juventude quando fez seu jogo imortal contra
Donald Byrne.
4.. .Bg7 
78
Uma imprecisão jogada no jogo entre Euwe e
Alekhine, Holanda 1935, é 4. . .Ch5?! Com 5.Be5
força o adversário a enfraquecer sua posição por
causa do peão desprotegido em d5 (se 5.Cxd5?
Cxf4 6.Cxf4 e5! 7.dxe5?? Bb4+ e brancas têm
sérios problemas). Então 5. . . f6 e depois de 6.Bg3
Cxg3 7.hxg3 c6 8.e3 Bg7 9.Bd3 as brancas têm
uma posição confortável e ameaçam 10.Txh7. 
Se as pretas tentarem contornar isso com 9. . .0–0?,
as brancas jogam 10.Txh7! de qualquer forma. Foi
o que aconteceu no jogo acima mencionado.
5.e3
O movimento profi lático 5.Tc1 para desencorajar
. . .c5, permite 5. . .Ch5 atacando o bispo. A partida
A.Dreev-P.Leko, Wijk e Zee 1996, continuou 6.Bg5
h6 7.Bh4 dxc4 8.e3 Be6 9.Be2 Cf6 10.Cf3 c6
11.Ce5 b5 12.f4 Cd5.
5.. .c5 
É lógico pressionar o centro, já que as brancas
estão a três movimentos do roque e as pretas,
apenas um.
79
6.dxc5 
É totalmente fora de contexto 6.Bxb8? Txb8
7.Da4+ Bd7 8.Dxa7 que ganha um peão, mas perde
o bispo de casas escuras e muitos tempos. 
80
6.. .Da5 7.Tc1 
Claro, Petrosian não estava interessado numa
possibil idade de empate, depois de perder o
primeiro jogo, decorrente de 7.cxd5 Cxd5 8.Dxd5
Bxc3+ 9.bxc3 Dxc3+ 10.Re2 Dxa1 11.Be5 Dc1 (se
as pretas querem manter o jogo vivo, podem até
jogar11. . .Db1!? 12.Bxh8 Be6 13.Dd3 Dxa2+
14.Rf3 f6 15.Bg7 Cd7 16.Rg3 Rf7 17.Bh6 Cxc5
18.Dd4 Dc2 19.f3 g5 20.h4 g4 com compensação,
como no jogo de correspondência de 1999 entre
Kristensen-Sergel) 12.Bxh8 Be6 13.Dxb7 Dc2+
com xeque-perpétuo, independentemente das
brancas jogarem 14.Rf3 (ou 14.Re1 Dc1+)
14. . .Df5+.
7.. .Ce4 
Fischer buscou essa ideia no jogo S. Reshevsky-
V.Hort, Palma de Maiorca 1970, onde ele também
esteve jogando. Kasparov e Rowson recomendam
7.. .dxc4 8.Bxc4 0–0 9.Cge2 Dxc5.
8.cxd5 
No jogo acima mencionado, Reshevsky jogou o
mais fraco 8.Cf3? Cxc3 9.bxc3 Bxc3+ 10.Cd2.
81
8.. .Cxc3 9.Dd2 
 
Seguindo a recomendação de Boleslavsky. Antes
deste jogo, a opinião era de que as brancas tinham
a vantagem. É claro que nem Hort nem Fischer
concordaram com essa conclusão.
9.. .Dxa2 
Melhor que 9. . .Dxc5? Por que esse lance seria
ruim?! Por causa de 10.Bh6! (note que 10.Ce2? é
um erro depois de 10. . .Dxd5! 11.Dxd5 Cxd5
12.Txc8+ Rd7) e as pretas têm problemas, não
importa o que joguem: 
82
a) 10. . .0–0 11.Bxg7 Rxg7 12.Txc3 com uma clara
vantagem. 
b) 10. . .Bf6 11.bxc3 e as pretas têm um peão a
menos e são incapazes de fortalecer a ala do rei .
10.bxc3 
O grande mestre americano Hikaru Nakamura
jogou 10.Txc3 0–0 11.Bc4! Da1+ 12.Tc1 Dxb2
13.e4 com iniciativa das brancas.
10.. .Da5 
A.Karpov-G.Kasparov, Campeonato do Mundo
(Jogo 5) , Londres 1986, continuaram com
10.. .Dxd2+ 11.Rxd2 Cd7 12.Bb5 0–0 13.Bxd7 Bxd7
14.e4 f5 15.e5 e agora 15. . .Tac8 teria recuperado
o peão, levando a um final praticamente igual
depois de 16.c4 Txc5 17.Be3 Ta5 18.f4 como em
D.Rogozenko-Berndt, Sas van Gent 1992. 
O melhor agora é 18. . .Ta2+ 19.Tc2 Ta1 20.Bd4 Tf1
21.Re2 Txf4 22.Cf3 Tg4 23.Rf2 e as brancas têm
compensação pelo peão com sua forte posição no
centro.
83
11.Bc4 
O natural 11.e4?! para apoiar o centro acaba
sendo fraco depois de 11. . .Cd7 seguido por . . .Cxc5.
O cavalo preto desempenha um papel muito
importante nessa variação e não deve receber
nenhuma ameaça.
11.. .Cd7! 
É mais f lexível capturar com o cavalo em c5, onde
ele f icará em um bom posto avançado, exercendo o
controle das casas brancas em e4, d3 e b3. O
cavalo também coordenará bem com o bispo em
g7.
84
12.Ce2 
Hoje em dia 12.Cf3 é considerado como a principal
l inha, enquanto 12.c6 é uma continuação
inofensiva depois de 12. . .bxc6 13.dxc6 Cc5 e agora
o movimento natural de desenvolvimento 14.Ce2 é
uma imprecisão, dando às pretas a iniciativa
depois de 14. . .Ba6 15.Bxa6 Dxa6.
12.. .Ce5 
Uma continuação mais moderna é 12. . .Cxc5 13.0–0
com duas variações:
a) 13. . .e5?! dá às brancas uma l igeira vantagem
depois de 14.dxe6 Bxe6 15.Ta1 Dd8 16.Dxd8+
Rxd8 17.Tfd1+ Rc8 18.Ta5! porque não é possível
jogar 18. . .b6?? devido a 19.Txc5+ bxc5 20.Ba6#.
b) 13. . .0–0 14.Cd4 e agora 14. . .e5 15.dxe6 Bxe6!
com igualdade. O forte da posição das brancas é o
cavalo em d4, que deve ser mantido no tabuleiro o
maior tempo possível .
85
13.Ba2 Bf5? 
Deveria ter jogado 13. . .Dxc5 confiando em seu
contra-jogo resultante do peão passado. A chave
para o sucesso na Grunfeld é, sobretudo, o f inal . 
14.Bxe5! 
As brancas devem eliminar o cavalo forte antes
que ele crie um caos em sua posição.
No entanto, há outra opção interessante, ou seja,
garantir às brancas a iniciativa com 14.e4!? Bxe4
15.0–0. As principais ideias são de ganhar tempo e
abrir a posição em combinação com Cg3, já que o
bispo das pretas não tem uma boa casa de
retirada. 
86
As brancas exercem pressão sobre a coluna "e"
com Tfe1 e o cavalo preto está bastante inseguro,
assim como o peão em e7 e o rei em e8. E se
15. . .Dxc5 16.Cg3 f5 (depois de 16. . .Bf5 17.Tfe1
brancas atingem seu objetivo principal) 17.Cxe4
fxe4 18.Tb1 Cd3 19.Txb7 Bxc3 20.De3 Dxe3
21.Bxe3 o lado branco tem pequena vantagem.
14.. .Bxe5 15.Cd4! Dxc5 
As pretas não podem evitar a troca em f5 pois
15. . .Bd7 é respondido com 16.c6 bxc6 17.dxc6 Bc8
18.f4 Bg7 19.0–0 mantendo grande vantagem de
acordo com Petrosian. Para 15. . .0–0 vem 16.c6 e
também é incômodo para as pretas.
16.Cxf5 gxf5 17.0–0 Da5? 
O grande mestre americano Edmar Mednis (1937–
2002), em seu l ivro How to Beat Bobby Fischer ,
chegou a colocar dois pontos de interrogação
nesse movimento que ele considerou o momento
perdedor. 
Em vez disso, Mednis recomenda uma continuação
em que a vitória é dif íci l de ser construída fazendo
o sacrif ício de peão com 17. . . f4! 18.exf4 Bd6
seguido de dama entrando pela ala da dama. 
87
É claro que as pretas estão piores, mas essa defesa
parece ser mais tenaz do que a da partida.
Kasparov dá a seguinte variação: 19.Tfe1 0–0–0
20.Te4 Rb8 21.g3 afirmando que "Não é tão fácil
entrar na posição das pretas. O principal é que, às
custas de um peão, bloqueou o centro branco e se
defendeu contra um ataque direto".
18.Dc2! 
Esse belo movimento para uma casa clara exerce
pressão imediata sobre o peão em f5 e planeja o
futuro avanço do peão c4–c5. 
Já 18.Bb1 torna a tarefa defensiva das pretas um
pouco mais fácil depois de 18. . .e6.
88
18.. .f4 
 
Estabil izar a posição do bispo com 18. . .Bf6 seria
respondido por um movimento estabil izador
similar das brancas, ameaçando o peão em f5.
Depois de 19.Bb3 Tc8 o outro plano das brancas
estaria em movimento com 20.c4 e6 21.c5 de
acordo com Techner. Se 18. . .Tc8? perde
imediatamente depois de 19.Dxf5 Dc7 20.d6! exd6
21.Bxf7+.
19.c4! 
A 19.exf4 segue 19. . .Bxf4 20.Tb1 Dc7 21.g3 Bd6
22.Da4+ Rf8 parece menos convincente em
comparação com o jogo.
19.. .fxe3
89
Se as pretas pararem o plano do branco de jogar
c4–c5 com 19. . .b6 então 20.De4! Bd6 21.Bb3! com
a ideia de 22 Ra1 e 23 Ba4 + levando a uma
posição em que as pretas estão estrategicamente
perdidas.
Se o rei das pretas procura refúgio na ala da dama
com 21. . .0–0–0 o branco vencerá com o avanço
dos peões 22.c5! bxc5 (22. . .Bxc5 perde
imediatamente por um segundo avanço decisivo de
peão: 23.d6! exd6 24.Ta1) 23.exf4 com l inhas
abertas na ala da dama combinadas com a pressão
nas casas brancas. É apenas uma questão de tempo
até o jogo terminar.
20.c5! 
Petrosian mostra uma boa noção de tempo. 
É muito mais importante ter a dupla de peões na
quinta f i leira do que fazer 20.fxe3, o que daria às
pretas a oportunidade de bloqueio depois de
20. . .Dc5.
20.. .Dd2 
90
Se fizesse 20. . .exf2+ seria respondido com 21.Rh1!
E se 21. . . f6 (depois de 21. . .0–0 22.Bb1 f5 23.Dxf2
o branco vence concentrando-se em um ataque às
casas brancas) 22.d6! e o rei das pretas não está
seguro em lugar algum.
21.Da4+ Rf8
O rei estaria mais em perigo depois de 21. . .Rd8
22.Tcd1:
a) 22. . .exf2+ 23.Txf2 (não 23.Rh1? Dh6 24.h3 Df4
quando as pretas forçam a troca das damas e as
brancas têm que lutar por um empate) 23. . .Dh6
(Kholmov dá 23. . .Bxh2+ 24.Rf1 Dh6 25.d6 exd6
26.Txf7 e vence) 24.d6 Dxh2+ 25.Rf1 e as brancas
têm um ataque vencedor.
91
b) 22. . .e2 23.Txd2 Bxh2+ 24.Rxh2 exf1=D ganha
qualidade, mas as pretas não conseguem organizar
uma defesa satisfatória depois de 25.d6.
22.Tcd1! 
Jogada eficaz exige cálculo preciso.
Mednis sugere 22.Tc2?, mas não funciona depois
de 22. . .exf2+ 23.Rh1 Dd4! 24.Tc4! Db2! 25.Te4
Tg8 com uma posição confusa, de acordo com
Kasparov.
22.. .De2 
Se aqui 22. . .e2 perde depois de 23.Txd2 Bxh2+
24.Rxh2 exf1D 25.d6 e mesmo com o rei em f8, as
pretas estão perdidas por causa da posição passiva
de suas peças na defesa do rei . A 25. . .e6 é
simplesmente respondido com 26.d7.
23.d6 
As brancas abrem a diagonal para o seu bispo. O
movimento profi lático 23.g3 mais tarde foi
recomendado por Petrosian como sendo ainda
mais forte. Com a possível continuação 23. . .Rg7
24.d6. 
92
23.. .Dh5! 
A defesa mais forte. 
Outras alternativas são piores: 
Para 23. . .Bxh2+ é respondido com 24.Rxh2 Dh5+
25.Rg1 e2 26.dxe7+ Rg7 27.Td4 (claro que não
27.Td3?? Dh1+! e as pretas ganham) 27. . .exf1=D+
28.Rxf1 Dh1+ 29.Re2 Dh5+ 30.Tg4+ Rf6 31.Df4+
Rxe7 32.Dd6+Re8 33.f3! e as pretas devem se
defender de Te4+ e Bb3–Ba4+.
E se 23. . .exf2+ 24.Txf2 Bxh2+ 25.Rxh2 Dxf2
26.dxe7+ vitória forçada: 26. . .Rg7 (Kholmov dá
26. . .Rxe7 27.Td7+ Rf8 28.Dc4! e f7 cai) 27.Dg4+
Rf6 28.Td3 Rxe7 29.Dd7+ Rf8 30.Dd6+ Re8
31.Bb3.
93
Por f im 23. . .exd6 24.fxe3 é decisivo porque as
pretas não podem fazer 24. . .Tg8 devido 25.Txf7#.
24.f4! 
Se 24.dxe7+ Rg7 e o incrível 25.fxe3!! Bxh2+
26.Rf2 também vence.
24.. .e2? 
Mais persistente é a sugestão de Kholmov 24. . .Bf6.
Embora a sugestão de Mednis seja poderosa:
25.Td5 o que detém uma clara vantagem depois de
25. . .Dg6 26.Db3! Tg8 27.g3 Te8 28.Te1 de acordo
com Sull ivan.
25.fxe5 exd1D 26.Txd1 Dxe5 27.Tf1 f6 
Não há muito o que as pretas possam fazer.
Kholmov dá 27. . .Dxc5+ 28.Rh1 f6 29.Db3 Dh5
30.De6 e as pretas estão indefesas. As quatro
peças que atacam o rei das pretas são fortes
demais para a defesa. Aqui 27. . . f5 não ajuda depois
de 28.Dc4 Df6 (ou 28. . .e6 29.Dh4) 29.Dd5 e as
brancas têm ameaças decisivas em f5 e b7.
94
28.Db3 
Com a dupla ameaça de tomar em b7 e de dar mate
em f7.
28.. .Rg7 29.Df7+ Rh6 30.dxe7 f5 
Outras variantes sem esperança são: 
Para 30. . .Thg8 31.Bb1 Tg6 32.Bxg6 hxg6 33.Df8+
as brancas vencem de acordo com Robert Byrne.
Jogo ativo com 30. . .Rg5 no espírito de como
jogava Steinitz não funciona depois de 31.Dg7+
Rh5 32.Bf7+.
Se 30. . .Tag8 é respondido com 31.Bb1 ganhando.
31.Txf5 Dd4+ 32.Rh1 1–0
95
Partida 8
 
Anthony Miles x Viktor Korchnoi [E19]
Wijk aan Zee – Holanda, 1978
96
1.d4 Cf6 2.Cf3 e6 3.g3 b6 4.Bg2 Bb7 5.c4
Be7 6.0–0 0–0 7.Cc3 Ce4 8.Dc2 
O lance 8.Bd2 é a principal alternativa das
brancas. Por exemplo: 8. . .Bf6 9.Tc1 d5 10.cxd5
exd5 11.Bf4 Cxc3 12.bxc3 como em G.Kasparov-R.
Ponomariov, Linares 2003.
8.. .Cxc3 
Qual a razão por trás dos lances . . .Cf6, . . .Ce4 e
. . .Cxc3? Há duas: 
1. As pretas seguem o princípio: as trocas ajudam
o lado mais restringido.
97
2. A dama das brancas é atraída para c3, o que
enfraquece seu domínio sobre e4 e também ela
está agora em um local l igeiramente vulnerável .
Um futuro . . .Bf6 permite que as pretas apontem
seu bispo de casas escuras na direção da dama.
9.Dxc3 f5 
A principal alternativa das pretas é a ruptura
central com 9. . .c5 10.Td1 d6 11.b3 Bf6 12.Bb2
De7 13.Dc2 Cc6 14.e4 e5 15.d5 Cd4 16.Bxd4 cxd4
com uma luta interessante pela frente, Comp Deep
Fritz-V.Kramnik, Manama (7º jogo) 2002.
10.b3 Bf6 11.Bb2 Cc6 12.Tad1 De7 13.Dd2 
Brancas apontam para o temático d4–d5.
98
13.. .Cd8 14.d5 Bxb2 15.Dxb2 d6 16.dxe6 
Isso ajuda o adversário. Mas se as brancas não
capturassem, as pretas jogariam . . .e5 no próximo
lance.
16.. .Cxe6 17.b4?! 
Surpreendentemente, esse movimento lógico e
típoico pode ser a raiz dos próximos problemas
das brancas. Qual é a intenção deste lance? 
As brancas planejam uma eventual ação com c4–
c5. O problema é que Miles rapidamente entra em
dificuldades com a necessidade de proteção do seu
rei e simplesmente não terá tempo para
concretizar seu objetivo.
99
Talvez o melhor caminho das brancas fosse o
lento, mas seguro, 17.Cd4 Bxg2 18.Rxg2 Cxd4
19.Txd4 , como em A. Panchenko-A. Kharitonov,
Pavlodar 1987.
17.. .f4 
Enquanto isso, Korchnoi atua na outra ala.
18.Td2 
Aqui 18.Cd4 Bxg2 19.Rxg2 a5 20.a3 Cxd4 21.Txd4
axb4 22.axb4 Tae8 parece favorável para as
pretas, mas isso é muito melhor do que a posição
que Miles obteve no jogo.
18.. .Tf6 19.Dc3 
Ainda planejando o avanço c4–c5. Nota-se que
Korchnoi pressiona a todo o momento.
19.. .Taf8 20.a3 De8! 
Qual é o objetivo desta retirada? Os planos das
pretas são . . .Dh5, . . .g5 e quiçá . . .Th6, com uma
disposição ameaçadora ao redor do rei das
brancas.
100
21.Dd3 
O que as brancas esperam?! Por que não fazer
21.Cd4? A jogada segue o princípio: contra-atacar
no centro quando agredido na ala! No entanto,
viola o princípio: não permita que o oponente
elimine os principais defensores do seu rei .
Portanto, temos um caso de princípios
conflitantes, em que este último domina. 
As pretas rapidamente constroem um ataque
decisivo depois de 21. . .Bxg2 22.Rxg2 Cg5!
(ameaçando um ataque duplo em e4) 23.f3 c5!
24.Cb5 fxg3 25.hxg3 De6! (ameaça de invasão em
h3) 26.Th1 Ce4! e o cavalo não pode ser atacado
devido a 27.fxe4 Tf2+ 28.Rg1 Tf1+ 29.Rg2 T8f2#.
101
21.. .Dh5 22.Tdd1 
Mais uma vez, a jogada temática 22.Cd4?? falha
por 22. . .Bxg2 23.Rxg2 fxg3 24.hxg3 Th6.
22.. .Rh8 23.Ch4 
Essencialmente uma admissão de fato da
verdadeira potência do ataque das pretas. Esse
movimento, uma reescrita mal disfarçada do seu
plano original de Cd4, parece errado. Mas é dif íci l
sugerir outro lance, já que esperar que as pretas
se organizem equivale à derrota. Não é possível
identif icar um único cenário em que as brancas se
salvem da sua aventura. 
A principal razão: as brancas provêm seu rei com
pouca generosidade. Os demais defensores
simplesmente não são suficientes para realizar o
trabalho de protegê-lo. Houdini sugere aqui a
atitude totalmente desumana 23.h3!, que de fato
parece uma tentativa defensiva superior. 
O problema é que nós, humanos, fomos preparados
para evitar movimentos que enfraquecem o
entorno de nossos reis. Por isso a dif iculdade de
encontrar um lance de máquina como h3.
102
23.. .Bxg2 24.Rxg2! 
A retomada correta. Se 24.Cxg2? f3! 25.exf3 Dh3!
26.f4 Th6 27.Ch4 Cxf4! é decisivo.
24.. .g5 
Como sempre, Korchnoi segue o f luxo da posição e
está disposto a ir aonde quer que as correntes o
levem. MI Jeremy Silman escreveu um
interessante artigo no chess.com sobre o
movimento peculiar e favorito dos jogadores. O de
Korchnoi é g4 quando está de brancas e . . .g5
quando de pretas.
25.Cf3 Th6 
As casas claras h3 e f3 provam ser o elo mais fraco
das brancas.
103
26.h4 
As brancas também podem tentar 26.Dc3+ Rg8
27.g4 (o lógico 27.Td5?? é combatido com
27.. .Dh3+ 28.Rg1 g4 29.Ch4 f3 30.exf3 Txh4!
31.gxh4 gxf3) 27. . .Dxg4+ 28.Rh1 Dh5 29.Tg1 Tg6
30.Td5 com alguma compensação.
26.. .gxh4 27.Dc3+ Rg8 28.gxh4? 
Este movimento pouco faz para rechaçar a ameaça
que se aproxima do rei das brancas.
Em vez disso, 28.g4! Seguiria 28. . .Dxg4+ 29.Rh2
Tg6 30.Tg1 Df5 31.Td5 De4 32.Dd3 era a chance
final das brancas de oferecer resistência
significativa.
28.. .Dg4+ 29.Rh2 
O caos para alguns é um lugar assustador, um
abismo na escuridão. 
Para outros, como Korchnoi, o caos é abraçado e
vira sinônimo de oportunidade. 
29.. .Cg5!!
104
Dupla f inalidade: as pretas bloqueiam a ameaça de
cravada com Tg1 ao longo da coluna "g" aberta e
eliminam o único defensor de h4. 
Korchnoi abre ambas as posições dos reis e, em
seguida, com a mesma destreza se reorganiza, de
modo que apenas o rei das brancas f ique em
perigo.
30.Cxg5 f3! 
105
31.Dxf3 
As brancas não têm escolha a não ser entregar sua
dama. Com 31.Cxf3 Txf3 32.Dxf3 Txh4+ perde e
para 31.Tg1 Txh4+ leva ao mate na próxima
jogada.
31.. .Txh4+ 32.Dh3 Dxg5! 0–1
106
Partida 9
 
Anatoly Karpov x Veselin Topalov [A33]
Linares – Espanha, 1994
107
O desempenho de Anatoly Karpov no Torneio de
Linares de 1994 foi de 3.000 pontos de Elo, algo
sem precedentes. Nove vitórias, quatro empates e
nenhuma derrota num evento em que tomava
parte a el ite do xadrez mundial . 
1.d4 Cf6 2.c4 c5 3.Cf3!? cxd4 4.Cxd4 e6
5.g3 Cc6 6.Bg2 Bc5 7.Cb3 Be7 8.Cc3 0–0
9.0–0 d6 10.Bf4! 
10.Bg5 também é possível , pressionando d6
indiretamente.
10.. .Ch5 11.e3! 
108
Novidade! A continuação usual 11.Be3 dá apenas
uma pequena vantagem: 11. . .Ce5 12.c5 d5 13.Bd4
Cc6 14.e4. A ideia de Karpov parece mais
atraente: o branco abre a coluna "e" para
pressionar os peões centrais, e os peões de c4 e f4
vigiam os peões de d6 e e6.
11.. .Cxf4 
Único. As pretas não podem esperar, pois depois
de 11. . .g6 o bispo branco vai para h6.
12.exf4 Bd7 13.Dd2 Db8 
Não é fácil encontrar uma casa melhor para a
dama. 
14.Tfe1 g6 
O avanço do peão de "f" deve serevitado, e isso é
feito à custa de enfraquecer a estrutura de peões
do flanco do rei .
15.h4 a6 
Embora os dois cavalos brancos estejam na ala da
dama, fazer 15. . .h5 seria imprudente demais. As
brancas poderiam invadir com 16.Tad1 Td8 17.f5
gxf5 18.Dh6.
109
16.h5 
No momento, não está claro o que as brancas vão
empreender contra o rei preto, mas a situação fica
clara após alguns lances.
16.. .b5 
O grande mestre búlgaro é um jogador combativo
e sempre à procura de contra-jogo. Entretanto,
agora as brancas iniciam um ataque perigoso.
17.hxg6 hxg6 18.Cc5! dxc5 
Após a retirada 18. . .Be8 o branco tem duas boas
continuações: 19.Cxa6 (ou 19.Cxe6!? fxe6 20.Txe6
Tf6 21.Tae1 Txe6 22.Txe6 Bf7 23.Dd3 Dc8
24.Bxc6) 19. . .Txa6 20.cxb5 Tb6 21.bxc6.
110
19.Dxd7 Tc8 
As brancas começam a derrubar a posição do
adversário. 
20.Txe6! 
Triunfo da estratégia pelas casas brancas! A torre,
como um furacão, leva tudo em seu caminho.
Obviamente, esse golpe teve que ser visto antes
que o cavalo entrasse em c5. Caso 20.Bxc6 não
ganha e leva a uma posição complicada depois de
20. . .Ta7 21.Dd3 Txc6 22.cxb5 c4 23.Df3 Tc8.
20.. .Ta7! 21.Txg6+! 
 
111
As pretas são obrigadas a aceitar o sacrif ício. Caso
contrário, perde forçado.
21.. .fxg6 
No caso de 21. . .Rf8 22.Dh3 fxg6 23.Dh8+ Rf7
24.Bd5#; ou 21. . .Rh7 22.Dh3+ Rxg6 23.Be4+ Rg7
24.Dh7+ seguido de mate.
22.De6+ Rg7 23.Bxc6 Td8 24.cxb5 Bf6
25.Ce4 Bd4 26.bxa6 
O branco ganhou muitos peões pela qualidade
sacrif icada!
26.. .Db6 27.Td1 Dxa6 28.Txd4 
112
Curioso: o terceiro sacrif ício de torre no jogo!
28.. .Txd4 29.Df6+ Rg8 30.Dxg6+ Rf8
31.De8+ Rg7 32.De5+ 
Se 32.Cxc5 Td1+ 33.Rh2 Df1 34.De5+ Rh6
35.Dg5+ Rh7 36.De5 venceria de maneira mais
simples.
No entanto, Karpov não teve tempo suficiente
para calcular a sequência de jogadas mais precisa.
32.. .Rg8 33.Cf6+ Rf7 34.Be8+ Rf8
35.Dxc5+ Dd6 36.Dxa7 Dxf6 
113
Pretas teriam se salvado na criativa variante
36. . .Td1+ 37.Rg2 Tg1+ 38.Rxg1 (no entanto, as
brancas não são obrigadas a tomar a torre: 38.Rh3
Th1+ 39.Rg4 e tudo se acaba) 38. . .Dd1+ 39.Rg2
Dh1+ 40.Rxh1 afogado!
37.Bh5 Td2 38.b3 Tb2 39.Rg2 1–0
Obra-prima de Karpov!
114
Partida 10
 
Garry Kasparov x Vladimir Kramnik [D48]
Dos Hermanas – Espanha, 1996
115
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cc3 Cf6 4.Cf3 e6 5.e3
Cbd7 6.Bd3 
A linha principal da Semi-Eslava. Por que as
brancas estão tão dispostas a perder tempo com
seu bispo? As brancas de fato perdem um tempo
depois que as pretas tomam em c4, mas tenha em
mente que as pretas também perderão um tempo. 
Como? Sua ruptura com . . .c5 é absolutamente
essencial; mas as pretas já gastaram um tempo
com . . .c6, então quando jogarem . . .c5, esse é o
tempo que perderão. Também é possível 6.Dc2.
6.. .dxc4 7.Bxc4 b5 8.Bd3 Bb7
116
O lance 8. . .a6 entra noutra importante variante.
9.0–0 
Com 9.e4 b4 10.Ca4 c5 11.e5 Cd5 12.0–0
(12.Cxc5; e 12.dxc5 também são possíveis)
12. . .cxd4 13.Te1 g6 14.Bg5 Da5 15.Cxd4 a6 16.a3
bxa3 17.bxa3 Bg7 e as pretas têm recursos
suficientes para permanecer niveladas conforme
M. I lescas Cordoba-V. Kramnik, Madri 1993.
9.. .a6 
 
Este lance pode ser considerado um pouco lento?
Sim, mas necessário se as pretas planejarem sua
ruptura com . . .c6–c5.
117
10.e4 c5 11.d5 c4 12.Bc2 Dc7 13.Cd4!?
Raro. Normalmente, se as brancas querem jogar
seu cavalo para d4 fazem antes 13.dxe6 fxe6.
13.. .Cc5 
O lance 13. . .e5!? dá ao oponente um peão passado
e parece não fazer muito sentido, mas foi jogado
por jogadores muito fortes.
Exemplo: 14.Cf5 g6 15.Ch6 Ch5 16.g3 Bc5 17.Df3
com vantagem para as brancas, Ma.Carlsen-
A.Shirov, Biel 2011.
14.b4 cxb3 15.axb3 b4 16.Ca4 Ccxe4 
Kramnik viu que a boa atividade das suas peças
tem o benefício indireto de manter seu rei seguro.
118
17.Bxe4 
Uma nova ideia na época. Mas desistir do par de
bispos em uma posição aberta não parece uma boa.
Com 17.dxe6 Td8! 18.exf7+ Rxf7 Y.Yakovich-
M.Sorokin, Calcutá 1991, as pretas estavam pelo
menos igual .
17.. .Cxe4 18.dxe6 Bd6 19.exf7+ Dxf7! 
20.f3 Dh5 21.g3!? 
O rei estaria mais seguro depois de 21.h3? O rei
das brancas está mais seguro, mas nessa l inha, as
pretas conseguiriam entrincheirar o cavalo em e4,
após 21. . .De5 22.f4 Df6.
119
21.. .0–0?! 
A vida raramente é como aparece. A posição das
pretas irradia uma imagem de beleza
deslumbrante, como um folheto turístico. E, assim
como o folheto, a realidade quando de chega no
local às vezes não coincide com a beleza da foto do
anúncio. 
Depois que esse jogo foi disputado, o sacrif ício de
Kramnik foi aclamado como de puro gênio pelos
especialistas. Mas foi talvez um pouco prematuro
e não se sustentou sob o olhar do monstro de
sil ício. 
Kramnik, na verdade, escolheu o caminho de
ataque errado, embora com boas chances práticas.
O correto seria 21. . .Cxg3! 22.hxg3 (22.Te1+ Rf7
não incomoda as pretas) 22. . .0–0 23.Ta2! Bxg3
24.Tg2 e segue o jogo.
22.fxe4 Dh3 
120
As brancas devem vencer com um jogo perfeito.
Kramnik, como todos os predadores habil idosos,
faz um exercício de paciência. 
23.Cf3? 
A tarefa defensiva se mostra dif íci l demais para o
então campeão do mundo. 
As brancas deveriam seguir com 23.De2! Tae8 (ou
23. . .Bxg3 24.Cf5! Be5 25.Bb2) 24.Txf8+ Bxf8
25.Be3 Bxe4 26.Df1 quando o ataque das pretas
desaparece.
23.. .Bxg3! Cc5? 
121
Kasparov se perde a chance mais uma vez. 
Ele deveria ter tentado 24.De2!
24.. .Txf3! 
Eliminando o defensor de h2. 
25.Txf3? 
Kasparov cambaleia. Em vez disso, Kramnik sugere
a melhor defesa 25.Ta2! Txf1+ 26.Dxf1 Dxf1+
27.Rxf1 Tc8 28.Be3 Bf4 29.Cxb7 Bxe3 30.Txa6
quando as pretas têm a vantagem, mas as brancas
ainda podem se manter devido ao material
reduzido.
122
25.. .Dxh2+ 26.Rf1 Bc6! 
Uma imagem desorientadora. O branco vai perder,
apesar de sua torre extra.
27.Bg5 
Nada funciona. 
27.. .Bb5+ 28.Cd3 Te8! 
Ameaça . . .Txe4 seguido por . . .Dh1+.
29.Ta2 
Mais preciso é 29.Tc1 Dh1+ (agora não 29. . .Txe4?
30.Tc8+) 30.Re2 Txe4+ 31.Rd2 Dg2+, já que a
torre em c1 bloqueia a rota de fuga do rei branco.
123
29.. .Dh1+ 
Vencendo. Mas já havia arremate! A sequência
para o mate é: 29. . .Bxd3+! 30.Txd3 Dh1+ 31.Re2
Dg2+ 32.Re3 Txe4#.
30.Re2 
Se 30. . .Txe4+ 31.Rd2 [31.Be3 Dg2+ 32.Tf2 Dxf2# 
31.. .Dg2+ 32.Rc1 Dxa2 33.Txg3 Da1+
34.Rc2 Dc3+ 35.Rb1 Td4 0–1
Este jogo deve ser visto como uma advertência:
nem todos os ataques improváveis estão
destinados a falhar! Se você não acredita, basta
ver algumas das partidas do Mikhail Tal . . .
124
Partida 11
 
Viswanathan Anand x Joel Lautier [B01]
Biel – Suíça, 1997
125
1.e4 d5 
Anand não se lembrava que Lautier t ivesse jogado
a Defesa Escandinava antes, mas presumiu que ele
a estudara minuciosamente nos meses anteriores
enquanto estava ausente das competições.
2.exd5 Dxd5 3.Cc3 Da5 4.d4 Cf6 5.Cf3 c6
6.Bc4 
Anand explicou que 6.Ce5 era mais popular na
época, mas ele optou por esse movimento em parte
por razões práticas, pois era provável que Lautier
estivesse menos familiarizado com ele.
126
O lance 6.Ce5 entra em l inha principal , mas na
época era menos popular. Havia também um
elemento objetivo na escolha de Anand: durante a
preparação para o seu match pelo Campeonato
Mundial com Kasparov (em que Anand jogou a
Escandinava em um jogo), ele notou que "as l inhas
com 6 Bc4 eram águas muito perigosas para as
pretas navegarem."
6.. .Bf5 7.Ce5 
Isso foi escolhido por razões semelhantes. Apesar
de 7.Bd2 oferecer às brancas uma l igeira
vantagem, Anand lembrou que, de acordo com sua
análise, 7.Ce5 e 8.g4 colocam mais problemas para
as pretas.
7.. .e6 8.g4 Bg6 9.h4 Cbd7! 
 
 
 
127
A 9. . .Bb4 10.Bd2 Ce4 11.f3! Cxc3 12.bxc3 Bxc3
pode ser respondido com 13.h5!, embora as
brancas precisem ter cuidado.
10.Cxd7 Cxd7 11.h5 Be4 12.Th3
Desenvolver a torre na terceira f i leira é bastante
normal nas l inhas em que as brancas jogam g4 e
h4. Entre outras vantagens, a torre defende o
possívelponto fraco em c3.
12.. .Bg2 
Um bonito lance intermediário. Ideia do GM
francês Eric Prié, provocando Rg3.
A alternativa é jogar 12. . .Bd5 imediatamente.
 
128
13.Te3 
A torre vai para a casa e3? Isso não convida o
preto a jogar . . .Cd5? Não é melhor fazer o natural
13.Tg3? 
Quando Anand optou por 13.Te3, ele logicamente
levou essa manobra de cavalo em consideração.
13.Te3 é uma ideia notável e muito profunda, que
não estava na preparação, mas que foi elaborada
diante do tabuleiro. No entanto, não está claro
que seja a melhor jogada, por razões igualmente
profundas. 
De fato, 13.Tg3 foi o primeiro pensamento de
Anand, que ele também considerou um pouco
melhor para as brancas, apesar de um eventual
. . .Bd6.
129
13.. .Cb6?! 
Uma resposta muito natural , que parece explorar a
posição da torre em e3. Planeja . . .Cd5 mas, como
Anand provará bri lhantemente, que não é o
melhor. Se 13. . .b5 14.Bd3 b4 15.Ce4 também não
seria muito promissor. 
As pretas logo teriam que aceitar a troca de seu
bispo de casas claras, entregando o par de bispos e
permanecendo em uma posição um pouco inferior. 
Sabendo o que sabemos hoje, anos após este jogo,
o que é melhor para as pretas? 
As chances são a base de 13. . .Dc7!, que é outra
ideia de Eric Prié, possivelmente encontrada após
seu jogo com Bauer. Prié disse que havia indicado
a Lautier antes da partida, mas ele esqueceu a
análise. Prié mais tarde teve a chance de jogar
13. . .Dc7! em T. Moriuchi-E.Prié, San Sebastian
2005. As brancas responderam com 14.f4?!,
enfraquecendo sua estrutura de peões.
130
14.Bd3! 
Ao passo que 14.Bb3 Cd5 é menos claro.
14.. .Cd5 
Qual foi a ideia de Anand em colocar sua torre na
e3? 
15.f3!
131
Este suti l movimento é a chave da ideia das
brancas. Segundo Anan: "Abandona alguns peões
e/ou a qualidade, a f im de caçar o bispo de g2". 
Anand calculou que, embora ele não tenha
nenhuma vantagem material após a tomada do
bispo do g2, já que as pretas trocam uma torre e
dois peões por duas peças menores, as peças
menores serão mais ativas do que a torre preta,
que não possui colunas abertas. 
Juntamente com a vantagem no desenvolvimento,
isso dará a vantagem às brancas. 
Tudo isso foi avaliado e calculado por Anand
quando ele jogou 13.Te3. 
132
Admirável , você não acha? 
15.. .Bb4 
Depois de 15. . .Cxc3 16.bxc3 Dxc3+ 17.Bd2 Dxd4
18.Rf2 Bxf3 19.Rxf3 0–0–0 20.Tb1; ou 15. . .Cxe3
16.Bxe3 Db6 (as pretas podem criar mais confusão
com 16. . .Ba3!?, mas os computadores ainda
preferem as brancas, embora não com grande
vantagem) 17.Rf2 Bh3 18.Tb1 (ou 18.Rg3,
alcançamos o tipo de posição descrita por Anand
acima e que é boa para as brancas) .
16.Rf2! Bxc3 
Agora 16. . .Cxc3 17.bxc3 Bxc3 18.Tb1 Bxd4
19.Rxg2 Bxe3 20.Bxe3 cria um cenário ainda mais
favorável para as brancas, que ameaçam capturar
em b7, enquanto se 20. . .0–0–0 então 21.Dc1 ,
seguido por Db2, é muito forte.
133
17.bxc3 Dxc3 18.Tb1 Dxd4 
 
Com 18. . .Bxf3 19.Dxf3 Cxe3 (19. . .Dxd4 20.Txb7
0–0, então 21.De4 toma a qualidade e vence,
conforme indicado por Anand) 20.Dxe3 permite
que as brancas defendam o peão em d4 e ameacem
Rxb7, enquanto se 20. . .b6 (20. . .0–0–0 falha por
21.Txb7!, explorando a dama preta solta) 21.Bd2
Da3 22.De5! 
A atividade das brancas dá uma vantagem decisiva.
Alternando a ordem de movimentação 18. . .Cxe3
19.Bxe3 Bxf3 20.Dxf3 permite que as brancas
mantenham seu importante peão central . 
Então depois de 20. . .0–0–0, as brancas ativam
suas peças com uma velocidade surpreendente: 
134
21.Tb3 Da5 22.Be4! e agora 22. . .Dc7 (22. . .Thf8?
perde de uma vez para 23.Bxc6! bxc6 24.Dxc6+
Dc7 25.Da6+ Rd7 26.Tb7) 23.Bf4 Dd7 24.Bxc6!
Dxc6 25.Tc3.
19.Txb7 Td8 
O rei preto ainda está no centro e as peças das
brancas estão ativas. 
A outra l inha crítica era 19. . .Bh3. O que Anand
tinha em mente nesse caso? As brancas podem
explorar a posição da dama preta mais uma vez
com 20.Txf7!
Anand comentou que terminou a sua análise aqui,
mas Lautier calculou mais profundamente: 20. . .c5
(defendendo a dama e ameaçando tomar a torre)
21.Tf5!! e ganha. 
Por exemplo, 21. . .Cxe3 (ou 21. . .c4 22.Tf4!!)
22.Bxe3 Db2 23.De2! (ameaçando Bb5+ Anand
complementa: 23.Txc5 0–0 24.Rg3! ganha
também) 23. . .exf5 24.Bxc5+ e mate.
135
No caso de 19. . .Cf4 20.Rg3 Dd6, as brancas têm
uma boa chance com 21.Ba3!, e se 21. . .Dxa3 ,
então (depois de 21. . .Cxh5+ 22.Rxg2 Dg3+ 23.Rf1,
as brancas ameaçam 24.Te7+ e também capturam
o cavalo em h5) 22.Be4! (Anand) (ou 22.Bb5!)
Finalmente, 19. . .0–0–0 pode ser respondido pelo
simples 20.Txf7 Rb8 21.Dg1!
20.h6!! 
Este não é o primeiro movimento que vem à mente.
Na "ChessBase Magazine" nº 60, Anand explicou
seu processo de pensamento: "Aqui vi a
possibil idade de Bg6 e depois percebi que não
funcionava porque, em um determinado momento,
as pretas simplesmente jogavam . . .Tg8.
136
Então, vi a possibil idade de h6, quando . . .Tg7
poderia ser respondido com Tg7+! De repente,
tudo o que restava era verif icar os detalhes."
Para esclarecer, a primeira l inha que ele viu (que
não funcionou) foi 20.Bg6?? Dxd1 21.Txe6+ Rf8
22.Ba3+ (ou 22.Txf7+ Rg8) 22. . .Ce7 23.Bxe7+ Rg8
e as pretas vencem.
20.. .gxh6? 
"Isso me deu a chance de ter um final realmente
bonito. As pretas ainda podiam lutar com . . .Cxe3,
mas Lautier não tinha visto a ideia por trás de h5-
h6" (Anand).
Tendo em vista a punição severa agora aplicada,
20. . .Cxe3 era preferível , embora as brancas
continuassem ganhando depois de 21.Bxe3 De5
22.hxg7 Tg8 23.Dc1!, cobrindo o bispo de e3 para
possibil itar Rxg2, enquanto também ameaça Da3,
(ou similar 23.Dg1! Observe que as brancas devem
evitar 23.Bh6? Dh2!) .
21.Bg6!! Ce7
137
 
Agora se 21. . .Dxd1 as pretas levam mate:
22.Txe6+ Rf8 23.Bxh6+ Rg8 24.Bxf7#. 
E não há melhores defesas: 21. . .Dxe3+ 22.Bxe3
hxg6 (ou 22. . . fxg6) 23.Dd4 vence com várias
ameaças.
21. . .Df6 22.Bxf7+ Dxf7 23.Txf7 Cxe3 24.Dxd8+!
(retirar a dama é bom, mas a opção mais prática e
mais forte é simplesmente devolvê-la) 24. . .Rxd8
25.Bxe3 Bh3 26.Txa7 com vitória fácil .
21. . .Cxe3 22.Bxf7+ Rf8 23.Dxd4 Txd4 24.Bxe3
também vence com facil idade, ameaçando mate
com Bxh6, mais a torre e o outro bispo.
138
22.Dxd4 Txd4 23.Td3! 
O lance 23.Txe6 segue Td7 24.Txd7 Rxd7 25.Bxf7
e venceria, Mas o movimento da partida é mais
simples, el iminando a única peça ativa das pretas.
23.. .Td8 24.Txd8+ Rxd8 25.Bd3! 1–0
Depois de 25.Bd3 Bh1 26.Bb2 Te8 27.Bf6, as
pretas estão paralisadas e em breve perderão
material .
139
Partida 12
 
Sergey Karjakin x Magnus Carlsen [C95]
Sandnes – Noruega, 2013
140
Antes deste jogo, Karjakin havia vencido quatro
partidas consecutivas contra a el ite mundial . Ele
chegou perto de alcançar quinta, se não fosse pela
defesa de Carlsen.
1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Cf6 5.0–
0 Be7 6.Te1 b5 7.Bb3 d6 8.c3 0–0 9.h3 Cb8 
A variante de Breyer da Ruy Lopez. As pretas
recuam para levar seu cavalo para d7, permitindo
que seu peão de "c" tenha flexibil idade para
avançar.
10.d4 Cbd7 11.Cbd2 Bb7 12.Bc2 Te8 13.a4
141
Mais comum é 13.Cf1 Bf8 14.Cg3 g6 15.a4 c5
16.d5 c4 17.Bg5 h6 18.Be3 Cc5 19.Dd2 h5 20.Bxc5
dxc5 O branco pode ficar um pouco melhor, já que
seu peão de "d" ultrapassado supera o controle
das casas escuras das pretas (A.Grischuk-
G.Kamsky, Nalchik 2009).
13.. .Bf8 14.Bd3 c6 15.Dc2!? 
Uma surpresa preparada para Carlsen, que
derrotou Karjakin no Campeonato Mundial de
Blitz de 2010 após a continuação mais comum
15.b3: 15. . .Dc7 16.Dc2 Tac8 17.Bb2 Ch5 18.Bf1
Cf4 19.b4 Cb6 20.axb5 cxb5 21.dxe5?! dxe5
22.Db1 Tcd8 23.g3 Ce6 24.h4 Ca4 25.Ta3 Td7
26.Ba1 Ted8 27.Da2 Cb6 28.Bh3?! Td6. 
142
15.. .Tc8 
Coloca a torre na mesma fi leira da dama das
brancas. O lance 15. . .g6 é visto com mais
frequência.
16.axb5 axb5 17.b4 
Não está tão claro se as pretas são as únicas donas
do jogo na ala da dama. No momento, ambos os
lados se esforçam para obterganhos por lá. 
Uma ideia por trás de jogar b4 é que movimentos
como . . .c5 podem ser respondidos com bxc5,
seguido por d5, criando um peão de "d" passado.
17.. .Dc7
143
Uma novidade. A sequência 17. . .g6 18.Bb2 Ch5
19.g3 exd4 20.cxd4 d5 21.Bc3 Cb6 22.e5 foi
jogada na partida N.Short-L.Portisch, Wijk aan
Zee, 1990. 
O cavalo das pretas ganhou acesso o c4, enquanto
as brancas podem gerar um ataque ao rei com sua
maioria nessa ala. O branco fica melhor, já que seu
cavalo também pode pular para a casa fraca c5, via
b3.
18.Bb2 Ta8 
Brigando pela coluna "a". 
O lance 18. . .c5?! parece prematuro depois de
19.bxc5 dxc5 20.dxe5! c4 (e se 20. . .Cxe5? 21.Cxe5
Txe5 22.c4 quando o branco pega um peão ou uma
troca) 21.exf6 cxd3 22.Dxd3 Cxf6 23.e5 Cd7
24.Dxb5 as pretas têm o par de bispos e excelente
jogo nas casas claras. Mas isso vale dois peões? 
19.Tad1 Cb6?! 
As pretas lutam pelo controle de c4. Embora a
jogada não atrapalhe a ruptura de c4 do branco,
ela enfraquece e5, um fato que Karjakin logo
percebe.
144
20.c4! bxc4 21.Cxc4 
"E as pretas se encontram em uma posição
realmente desagradável . O que quer que ele faça,
a iniciativa das brancas é forte", escreveu o GM
Mikhail Golubev.
21.. .Cxc4 22.Bxc4 
As pretas devem se preocupar com e5 e também
com f7.
22.. .h6 
145
22.. .exd4 23.Bxd4 d5 (de outra forma, 23. . .Cd7??
24.Cg5 Ce5 25.Bxe5 ganha e 23. . .Cxe4?? é
respondido por 24.Bd5! Cf6 quando as brancas
vencem com 25.Cg5!) 24.e5! c5 25.Bb3! Ce4
26.Txe4! dxe4 27.Cg5 Te7 28.Bxc5 e as brancas
recuperam a qualidade sacrif icada e f icam com
uma clara vantagem.
23.dxe5 dxe5 24.Bc3 
Brancas tinham a opção de 24.Dc3 Bd6 25.Bb3 Bc8
26.Txd6! Dxd6 27.Cxe5 Be6 28.Bc2 Tec8 29.Td1
Dc7 30.Cd3 com vantagem. 
Pela qualidade, elas recebem um peão, o par de
bispos, um posto avançado em c5 para o seu cavalo
e possíveis chances de ataque ao rei .
24.. .Ba6 
Carlsen espera se desfazer de seu bispo passivo.
25.Bb3! 
146
O bispo das brancas é mais forte.
25.. .c5?! 
Carlsen espera el iminar seu peão de "c" fraco e
caminhar para uma posição empatada. No entanto,
ele errou. Pretas minimizariam sua desvantagem
com 25. . .Bb5.
26.Db2! 
Com o alvo em e5.
26.. .c4! 
147
27.Ba4! Te6 28.Cxe5 
 Lá vai um peão central importante.
28.. .Bb7 29.Bc2? 
Depois de superar Carlsen completamente,
Karjakin falha em encontrar a continuação mais
forte. 
O branco deve jogar 29.Bb5! Ba6 30.Bd7 Tb6
31.b5 Bxb5 32.Bxb5 Tab8 33.Ba5 c3 34.Dxc3 Dxc3
35.Bxc3 Txb5 36.Cd3 Cd7 com um peão extra,
embora o fato de que todos os peões restantes
estarem de um lado do tabuleiro aumente as
chances de empate das pretas.
29.. .Tae8 30.f4 
148
Este movimento de enfraquecimento é obrigatório
se as brancas quiserem agarrar-se ao seu peão
extra. 
30.. .Bd6!
Veja como, nos próximos movimentos, Carlsen
ataca o ponto e5 de todos os ângulos.
31.Rh2 
Golubev chamou sua jogada de "aparência
absurda". Mas as opções das brancas não parecem
tão boas. 
149
31.. .Ch5! 
Carlsen procura um ponto de apoio ofensivo como
alvo. 
32.g3 f6! 33.Cg6 
Os exércitos colidem e se entrelaçam no centro. 
33.. .Cxf4! 
A jogada 33. . .Bxe4?! permite que as brancas se
segurem com 34.Txe4 Txe4 35.Bxe4 Txe4 36.Dc2
Cxg3 37.Rxg3 Te3+ 38.Rh4 Bxf4 39.Df5! Txc3
40.De6+ Rh7 41.Cf8+ Rh8 42.Cg6+ com empate.
34.Txd6! 
150
 O rei das brancas está vulnerável; 
 O peão "e" das brancas é fraco; 
 As pretas controlam e5.
Karjakin encontra o único caminho para mantê-lo
vivo, tendo em vista que 34.gxf4?? Bxf4+ 35.Rh1
Txe4! 36.Bxe4 Txe4 37.Rg1 Bd2!! e se 38.Dxd2
Dg3+ 39.Rf1 Dxh3+ 40.Rf2 (40.Dg2 pendura a
dama com 40. . .Txe1+) 40. . .Df5+ mate.
34.. .Cxg6 35.Txe6 Txe6 
1.
2.
3.
36.Bd4?! 
Se 36.Bb1 h5! 37.Dd2 h4 38.De3 Ce5 não parece
tão fácil para as brancas, mas é melhor do que o
que aconteceu no jogo.
151
36.. .f5! 
Carlsen aproveita a última jogada das brancas, que
deixa a torre e1 desprotegida.
37.e5 
Esta não é uma situação em que possamos nos
confortar. A posição vacilante das brancas se
desfaz se você encontrar a continuação correta
das pretas.
As brancas não sobrevivem com 37.Dc3 fxe4
38.Bb3 Bd5 39.Bd1 Ch4.
37.. .Cxe5!!
152
 
Sacrifício. Uma posição deteriorada tende a
desmoronar dos lados para dentro ou do meio para
fora. O sofrimento das brancas é um exemplo da
última categoria. 
Karjakin é incapaz de se manter, já que ele não
consegue segurar sua peça extra, devido às
inúmeras ameaças de mate. Não se deve jogar
37. . .Dc6?? por 38.Bxf5 e é o branco quem ganha.
38.Bxe5 Dc6! 
Ameaça de mate.
39.Tg1 
Tudo perde.
153
39.. .Dd5! 
Ameaçando o bispo, e também um xeque mortal em
d2.
40.Bxf5 Txe5 41.Bg4 h5! 42.Bd1 
O 42.Td1 é recebido com o bonito sacrif ício da
dama: 42. . .Dxd1! 43.Bxd1 Te1 44.g4 h4! cortando
a rota de fuga do rei branco e forçando a vitória.
42.. .c3! 
Pretas governam o tabuleiro.
43.Df2 
Na mais resolve:
154
Se 43.Db3 Te2+! e ganha.
E 43.Dxc3 Da2+ 44.Dc2 Dxc2+ 45.Bxc2 Te2+
mate.
43.. .Tf5 44.De3 Df7!
Ameaçando um xeque mortal em f2.
45.g4 Te5! 46.Dd4 
E se 46.Dxe5 Df2+ 47.Tg2 Dxg2# 
46.. .Dc7! 0–1
 
Depois de 46. . .Dc7! 47.Tg3 Te1 48.Bb3+ Rh8
49.Bd5 Te2+ 50.Bg2 Txg2+ e as aspirações
ilusórias do rei branco pela imortalidade são
abaladas por sua morte iminente.
155
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Botvinnik, Mihail. Avro 1938 - Uno de los grandes torneos de
la historia. Santa Eulalia de Morcín: Chessy Editorial, 2008.
Engqvist, Thomas. Petrosian: Move by Move. London:
Everyman Chess, 2014.
Franco, Zenon. Anand: Move by Move. London: Everyman
Chess, 2014.
Giddins, Steve. Nimzowitsch: Move by Move. London:
Everyman Chess, 2014
Karpov, Anatoly. My Best Games. Berlin: Edition Olms, 2008.
Lakdawala, Cyrus. Capablanca: Move by Move. London:
Everyman Chess, 2012.
Lakdawala, Cyrus. Kramnik: Move by Move. London:
Everyman Chess, 2013.
Lakdawala, Cyrus. Carlsen - Move by Move. London:
Everyman Chess, 2014.
Lakdawala, Cyrus. Korchnoi: Move by Move. London:
Everyman Chess, 2014.
156
Lakdawala, Cyrus. Fischer: Move by Move. London:
Everyman Chess, 2015.
Smyslov, Vassily Vassilievitch. Xadrez. Partidas Selecionadas
de V. V. Smyslov. São Paulo: IBRASA, 1999.
Tal, Mikhail. The Life and Games of Mikhail Tal. London:
Everyman Chess, 2012.
157
EQUIPE EDITORIAL
Autores: 
MN Gérson Peres Batista
Profa. Dra. Nabylla Fiori de Lima
Edição: Prof. Jeovane Cascais Santos
 
CRÉDITOS DAS IMAGENS
Pixabay
158
AUTORES
Gérson Peres é mestre
nacional e tetracampeão
mineiro absoluto. 
É formado em pedagogia, pós-
graduado em tecnologias e
educação a distância, além de
técnico desportivo com
habilitação em xadrez (Cref
9681-P/MG). 
Superou a marca de 16,5 mil alunos atendidos em escolas,
clubes e pela internet, tendo já disputado mais de 800
torneios em sua carreira. 
 
Fundou o Clube de Xadrez Online - CXOL
(http://www.cxol.com.br), site que já publicou 16 mil artigos
especializados.
Criou o Canal CXOL no YouTube
(https://www.youtube.com/clubedexadrezonline), que tem
nesse momento mais de 1300 vídeos no ar.
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http://www.cxol.com.br/
https://www.youtube.com/clubedexadrezonline
Coautor dos livros impressos "O Espírito da Abertura" e "Os
Mestres do Xadrez", escreveu ainda 23 livros digitais através
da série MÉTODO DOS 6 PILARES.
É autor de mais de 700 videoaulas que compõem o catálogo
da Loja do CXOL (https://www.lojacxol.com.br).
Desde 1989 vem jogando e ensinando xadrez, levando a
modalidade hoje para mais de 60 mil enxadristas com ações
diárias pró-xadrez promovidas por sua empresa!
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https://www.lojacxol.com.br/
Nabylla Fiori é treinadora de
xadrez, certificada pelo Clube de
Xadrez Online. 
Doutora em Tecnologia e
Sociedade, se graduou em Letras e
em Música. 
Hoje dedica-se principalmente ao
xadrez e às artes corporais
chinesas. 
É responsável pelo perfil da @bibliotecadexadrez no
Instagram, onde posta conteúdo de estudos de xadrez
através dos livros. 
Tem paixão por livros e ama ensinar.
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https://www.instagram.com/bibliotecadexadrez

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