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UNIDADE 2 O SUS: evolução, organização e legislação OBJETIVOS DA UNIDADE Conhecer a política e os programas de saúde no Brasil republicano; Relacionar a trajetória das políticas de saúde no Brasil com o modelo de saúde vigente; Especificar o contexto em que o Sistema Único de Saúde foi criado; Compreender os princípios do SUS, bem como seus objetivos e conceitos teóricos; Reconhecer os objetivos e áreas prioritárias do Pacto pela Saúde; Contextualizar a organização dos pactos nas três esferas em que se organizam. TÓPICOS DE ESTUDO Políticas de saúde no Brasil // Programas de saúde no Brasil República // Influência da Reforma Sanitária e da VIII Conferência Nacional de Saúde na criação do SUS Sistema Único de Saúde – SUS // Princípios doutrinários e organizacionais // Financiamento do SUS Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão // A organização dos pactos nos âmbitos federais, estaduais e municipais // Ações estratégicas e prioritárias Unidade 2 de 4 Políticas de saúde no Brasil Durante o período colonial, as políticas de saúde pública no Brasil eram praticamente inexistentes. Todavia, com a Proclamação da República em 1889, o país passou por uma série de mudanças estruturais, e a então recente abolição da horrenda escravatura fez com que a demanda por mão de obra braçal aumentasse, incitando a imigração em massa, sobretudo de europeus. CONTEXTUALIZANDO As políticas de saúde pública no Brasil funcionaram, sobretudo, no formato de campanhas, até por volta de 1930, fase que ficou conhecida como campanhista. O sistema dessa época era parcialmente voltado para questões de saúde que afetavam a população, mas essencialmente motivado por conveniências de ordem econômica. Entre os avanços desse período, há a criação de escolas de enfermagem, laboratórios públicos direcionados para a pesquisa e centros de saúde. A saúde individual continuou semelhante à do período imperial: médicos para os que podiam pagar e métodos empíricos/caridade para os demais. Nessa época, a varíola e a febre amarela eram epidemias que assolavam o país. Não é exagero afirmar que a disseminação dessas doenças ameaçava o sistema econômico, uma vez que era considerado um risco biológico comprar e receber produtos provenientes do Brasil. Como uma tentativa de solucionar o problema da disseminação em massa das doenças, além de prevenir a ocorrência de epidemias, foram criados o Departamento Nacional de Saúde, que posteriormente evoluiria para o Ministério da Saúde, e o Instituto de Pesquisa Para a Saúde Pública Manguinhos. Ambos tiveram como seu principal idealizador o médico sanitarista Oswaldo Cruz. Os imigrantes trouxeram consigo novos ideais políticos e sociais, principalmente no que diz respeito à importância da união como forma de assegurar benefícios fundamentais à vida, como o direito ao acesso à saúde, por exemplo. Essa ideologia propiciou o surgimento de greves, bem como a associação entre as categorias de trabalhadores que objetivavam gerar fundos monetários mútuos, que funcionavam por meio do pagamento de um percentual mensal do salário recebido. Esses fundos asseguravam ao trabalhador e sua família o acesso ao atendimento médico quando necessário. É relevante mencionar que as regras referentes a esses fundos eram estipuladas em reuniões pelos próprios contribuintes, sem qualquer influência governamental. PROGRAMAS DE SAÚDE NO BRASIL REPÚBLICA A Lei Eloy Chaves, aprovada em 1923, pode ser considerada um precedente dos fundos mútuos dos trabalhadores, uma vez que determinava a formação das Caixas de Aposentadoria e Pensão (ou CAPs), que também tinham como princípio a contribuição financeira mensal de empregados de determinadas empresas, como as marítimas, ferroviárias e portuárias. Todavia, ela inovava ao incluir também os empregadores como contribuintes (MACHADO et al., 2013). O objetivo da CAPs era a constituição de um montante conjunto que garantisse, entre outras coisas, que os trabalhadores tivessem acesso à saúde. Vale ressaltar que o Estado apenas fiscalizava a lei, mas não participava ativamente dos fundos. Posto isso, a Lei Eloy Chaves é considerada por muitos historiadores como o “embrião” da Previdência Social no país. Durante o governo do presidente Getúlio Vargas, que foi extensivamente apelidado de “pai dos pobres” graças ao seu modelo político populista, foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensão (ou IAPs). Nesse novo modelo, os fundos deixaram de ser vinculados a empresas e Positivo Realce Positivo Realce Positivo Sublinhado Positivo Realce Positivo Realce passaram a relacionar-se a determinadas categorias profissionais, como os bancários e comerciários. Além disso, o governo começou a também contribuir financeiramente para os fundos de saúde; logo, a administração destes ficou sob responsabilidade do Estado, fato que culminou na perda da tomada de decisões por parte dos trabalhadores. Um marco importante do IAP é que os fundos arrecadados por ele deixaram de financiar somente a saúde dos contribuintes: os recursos angariados também eram utilizados para custear obras públicas, como a construção de estradas, e patrocinar empréstimos para empresas privadas de saúde que possuíam a intenção de edificar hospitais pelo país. Desde o mandato de Getúlio Vargas até o golpe de Estado, o Brasil passou por um período denominado de desenvolvimentista, em que o propósito era desenvolver e modernizar as cidades. Em 1953, cria-se o Ministério da Saúde, mas sua atuação era limitada em relação à deliberação de medidas e decisões. A medicina privada e estrangeira conquistou maior espaço e atenção na saúde, administrando e construindo mais hospitais pelo país, equipados com verbas públicas. Após o golpe militar de 1964, muitos direitos individuais da população foram suspensos. A assistência à saúde - que já era precária – piorou, e a oferta de empréstimos chamados de “fundos perdidos” cresceu vertiginosamente para que a edificação de mais hospitais privados fosse possível. O Estado acabava pagando a conta duas vezes: ao emprestar a verba e, posteriormente, ao custear a assistência prestada à sociedade. As diretrizes dos IAP foram alteradas e este foi unificado com o Instituto Nacional de Previdência Social (ou INPS), órgão conhecido e lembrado até os dias de hoje por suas famosas e gigantescas filas. O INPS assim como o IAP prestava assistência à saúde individual, mas somente incluía os trabalhadores com Carteira de Trabalho assinada. Autônomos, trabalhadores informais e rurais não eram englobados pelo programa, dependendo, assim, de seus próprios recursos financeiros, filantropia ou caridade. Nos anos seguintes, o INPS foi dividido em dois segmentos: o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (ou INAMPS), encarregado do atendimento hospitalar e ambulatorial, e o Instituto Nacional de Previdência Social (ou INSS). Agora que os programas de saúde que antecederam o SUS foram apresentados, observe o Diagrama 1 e analise atenciosamente as características que os diferenciam. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Diagrama 1. Características dos programas de saúde: CAPs, IAPs, INPS e INAMPS. Fonte: WINTER, 2015 Alguns atribuem ao governo militar a responsabilidade por um momento de “milagre econômico”; todavia, é fundamental ressaltar que as grandes obras construídas nessa época, visando a modernização e desenvolvimento do país, foram majoritariamente financiadas por verbas que deveriam ser destinadas à saúde e à Previdência Social. Como nesse período o número de contribuintes era bem maior do que o de beneficiários, os recursos foram constantemente remanejados para outras áreas emvez de serem investidos e guardados, fato que correlaciona-se com a crise da Previdência Social enfrentada atualmente. O vigoroso êxodo rural ocorrido no regime militar exacerbou a já delicada situação das grandes cidades, uma vez que este fato, associado à inflação sem controle, os baixos salários e a disponibilidade de saúde para uma minoria, propiciou o crescimento da pobreza e a instauração de epidemias como a de meningite, em 1974, responsável por sequelar e matar inúmeras pessoas. Ademais, a censura instituída, própria desse período, proibiu que fossem divulgadas notícias sobre a crise de saúde enfrentada, e profissionais que procuravam advertir a população sobre esse cenário eram ameaçados e perseguidos pelo então governo, conforme assevera Greice Bassinello em seu livro Saúde coletiva, de 2014. O Diagrama 2 representa uma linha do tempo que contempla os principais programas de saúde do Brasil. Observe sua evolução histórica até chegar ao SUS. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Diagrama 2. Evolução dos programas de saúde. Fonte: WINTER, 2015 INFLUÊNCIA DA REFORMA SANITÁRIA E DA VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE NA CRIAÇÃO DO SUS No ano de 1975 entrou em atuação o Sistema Nacional de Saúde, fomentando as funções da previdência de prestar atendimento médico individual de caráter curativo e atribuindo às secretarias de saúde municipais e estaduais, juntamente com o Ministério da Saúde, a incumbência de realizar ações preventivas no país. Nesse período, surgiu o Movimento da Reforma Sanitária, que almejava que a democracia mudasse a política de saúde vigente. Esse movimento era formado por representantes de sindicatos, profissionais da área da saúde, pesquisadores, gestores e Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce opositores políticos, como afirma Juan Rocha em seu livro Manual de saúde pública e saúde coletiva no Brasil, de 2012. O Movimento da Reforma Sanitária, em conjunto com outros grupos sociais, lutava para implementar um sistema de saúde com participação ativa da comunidade, no qual os serviços fossem regionalizados, atendessem a toda a população e a atenção primária se tornasse o primeiro acesso. Surpreendentemente, essa proposta foi aceita praticamente em sua totalidade durante a VIII Conferência Nacional de Saúde do ano de 1986. O foco da VIII Conferência Nacional de Saúde era debater o direito à saúde, além do sistema de saúde vigente e seus modelos de financiamento. Entre representantes de grupos sociais, políticos e a população em geral, ressalta-se que foi a primeira edição da conferência aberta ao público. A Constituição da República Federativa de 1988 acatou os principais pontos da proposta, disponibilizando, pela primeira vez na história, uma seção destinada unicamente à saúde. Figura 1. VIII Conferência Nacional de Saúde. Fonte: Conselho Nacional de Saúde, 2019 As políticas de saúde pública foram reformuladas a partir da expedição da nova Constituição, estabelecendo-se assim um novo programa, o Sistema Único de Saúde (ou SUS), que ampliou os níveis de atenção à saúde e rompeu com o modelo excludente que condicionava o acesso à saúde à contribuição na Previdência Social (MACHADO et al., 2013). A legislação determinou que as medidas de saúde passassem a ser unificadas, ou seja, as ações curativas, reabilitadoras, preventivas e de promoção à saúde tornaram-se atribuições do Ministério da Saúde, isentando a Previdência Social da responsabilidade sobre estas. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Unidade 3 de 4 Sistema Único de Saúde – SUS O primeiro passo para começar a desvendar o SUS é compreender que um sistema é o No SUS, o sistema tem como objetivo propiciar cuidados à saúde da sociedade por meio de ações curativas, preventivas, reabilitadoras, educativas e promotoras. A próxima etapa é assimilar porque o sistema é “único”: o SUS é assim chamado devido ao fato de seguir as mesmas diretrizes e princípios por todo o país. O SUS pode ser definido como um novo preceito organizacional e político voltado para a reorganização da saúde pública. Ademais, ele não é considerado um sucessor do INAMPS, mas sim um novo programa, completamente diferente, que marca na história a conquista do direito universal à saúde, já mencionado na Declaração dos Direitos Humanos. Os principais fundamentos do SUS foram decididos durante a VIII Conferência Nacional de Saúde e seu estabelecimento se deu por meio da Constituição Federal da República de 1988. A implementação do SUS é considerada a maior ação de inclusão social da história brasileira, sendo um símbolo da política positiva de engajamento do governo para com os direitos da população. Com o SUS, a saúde passou a ser um direito de todos e uma obrigação do Estado, algo até então inédito, visto que os programas anteriores possuíam um caráter centralizador, restrito e excludente. Basicamente, as únicas medidas de caráter universal antecessoras ao SUS, não condicionadas a outros fatores, foram as campanhas de vacinação promovidas pelo Ministério da Saúde. Todavia, deve ficar claro que a ideologia do SUS é muito mais do que apenas oferecer atendimento médico e hospitalar para que a população o acesse quando necessário: seu propósito é também atuar antes disso, diminuindo os casos de infecções, doenças e sequelas ocasionadas. Assim, o SUS não é apenas um serviço ou uma mera instituição pública, mas um amplo sistema que engloba um conjunto de unidades e ações que se relacionam na busca de um mesmo objetivo. Todos os usuários do SUS possuem o Cartão Nacional de Saúde (CNS), também chamado de cartão SUS, evidenciado na Figura 2. Esse cartão funciona como um documento de identificação e possui uma sequência de números únicos. Um dos principais objetivos do CNS é registrar o histórico do paciente na rede pública, como, por exemplo, a ocorrência de internações e as últimas medicações prescritas. O cartão não tem custo e pode ser solicitado até mesmo pela internet. Figura 2. Cartão Nacional de Saúde. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 06/03/2020. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Internacionalmente, o SUS é considerado um dos maiores e mais complexo sistema de saúde do mundo, no que tange à sua cobertura e população atendida. Entre os programas do SUS que são considerados modelos a serem seguidos, destacam-se as campanhas de vacinação, o programa de tratamento do HIV, o Sistema Nacional de Transplantes, o fornecimento de remédios para o manejo de doenças crônicas não transmissíveis, os hemocentros e o programa Saúde da Família. É importante observar também que a Constituição Federal estabeleceu o SUS em 1988, mas sua regulamentação se deu pela Lei Orgânica da Saúde n. 8.080/90, segundo Greice Bassinello em seu livro Saúde coletiva, de 2014. A legislação que rege o SUS, de modo geral, compreende os artigos 196 a 200 da Constituição, as Normas Operacionais Básicas (NOB), a Lei Orgânica da Saúde n. 8.080/1990 e o Decreto regulamentador n. 7.508/2011. Posto isso, pode-se afirmar que o fisioterapeuta, como um profissional atuante no SUS, deve ter conhecimento sobre as leis normalizadoras da saúde no Brasil. Agora, observe o que os artigos 196 a 200 da Constituição afirmam sobre a saúde: Artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitárioàs ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”; Artigo 197: “São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”; Artigo 198: “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”; Artigo 199: “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada”; Artigo 200: “Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”. Cada esfera do governo é responsável por desenvolver, executar, coordenar e avaliar os programas de saúde, sendo obrigação do âmbito federal, o Ministério da Saúde; do âmbito estadual, a Secretaria de Estado da Saúde; e do âmbito Municipal, a Secretaria Municipal de Saúde. PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZACIONAIS Todos os programas sociais precisam de normas para que se assegure o seu bom desempenho, e com o SUS não poderia ser diferente. O Sistema Único de Saúde possui uma série de princípios e diretrizes que o acompanham desde sua criação e sua essência é tudo o que o programa garante à Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce sociedade, direcionando o seu funcionamento e gestão. Para conhecer os princípios do SUS, observe atentamente o Diagrama 3, notando a divisão aplicada entre princípios doutrinários, também chamados de ideológicos, e organizacionais. Diagrama 3. Princípios ideológicos e organizacionais do SUS. Fonte: ARRUDA, 2017, Agora, observe com atenção as informações sobre cada princípio (FIGUEIREDO, 2012; NICOLICH; ROCHA, 2017): Universalidade: estabelece o acesso à saúde por meio do SUS a todos os cidadãos, sem restrições e condicionantes; Equidade: leva em consideração as diferenças individuais e regionais, oferecendo mais para aqueles que mais precisam. Equidade não deve ser confundida com igualdade, uma vez que esta busca propiciar condições para que todos tenham as mesmas oportunidades, podendo, em virtude disto, canalizar mais atenção a determinado grupo de pessoas. Para entender melhor a diferença entre igualdade e equidade, observe a analogia da Figura 3. Quando a igualdade é priorizada, todas as peças de xadrez recebem a mesma quantidade de moedas, independentemente de sua altura. Já quando considera-se o princípio da equidade, a quantidade de moedas distribuídas é equivalente à altura de cada peça, de modo que, no final, todas atinjam o mesmo nível; Figura 3. Analogia à diferença conceitual de igualdade e equidade. Fonte: Shutterstock Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Integralidade: considera o paciente como um todo indivisível e todas as suas necessidades devem ser atendidas por ações de saúde; Hierarquização: organiza em níveis os serviços que têm como objetivo atender as diferentes necessidades de saúde da população. Os serviços devem funcionar em níveis de complexidade crescente e o acesso inicial ao sistema deve ser através do nível primário de atenção, somente os casos mais complexos deverão ser encaminhados para níveis secundários e terciários. Observe o Quadro 1 para compreender melhor a diferença entre os níveis de atenção à saúde; Quadro 1. Níveis de atenção à saúde. Fonte: MOREIRA et al. Participação popular/social: refere-se à democratização das decisões a respeito da saúde pública, principalmente através da participação da sociedade no SUS. É a garantia de que o povo estará envolvido na formulação das políticas de saúde. Essa participação acontece a partir dos conselhos de saúde, que são grupos deliberativos constituídos por representantes de toda a população, com uma estrutura estabelecida por um número igual de pessoas que representam tanto os usuários quanto o Estado e seus respectivos funcionários da saúde e parceiros do setor privado; e das conferências de saúde, que são encontros entre diversos representantes sociais, que reúnem-se para avaliar o cenário da saúde e indicar suas diretrizes políticas. As conferências nacionais acontecem no intervalo de tempo de quatro anos, e têm como característica sua descentralização e seu fomento nas conferências estaduais e municipais; Descentralização: trata da distribuição das responsabilidades e poder sobre a saúde nas três esferas do governo, visando assim um trabalho mais efetivo e com maior controle e fiscalização por parte da população. Esse princípio parte da ideologia de que quanto mais próxima do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Com esse postulado, os municípios passaram a ser considerados gestores e administradores da oferta dos serviços de saúde do SUS, ou seja, responsáveis por determinar as políticas de saúde locais de acordo com sua realidade; Regionalização: define que os serviços de saúde devem funcionar dentro de um território bem delimitado e com a definição da população a ser assistida, ou seja, os serviços de saúde de determinado local têm que oferecer todas as modalidades de assistência. No caso da ausência de algum serviço, deve-se estabelecer consórcios intermunicipais ou mesmo interestaduais; Resolubilidade: afirma que os serviços de saúde precisam estar capacitados para enfrentar e resolver situações até o nível de sua competência; Complementariedade do setor privado: declara que quando a saúde pública não for suficiente, é permitida e necessária a contratação de serviços privados. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Os princípios do SUS garantem a maioria dos direitos à saúde contemplados pela Constituição de 1988. Todavia, esses princípios só começaram a ser realmente colocados em prática após a aprovação das Leis Orgânicas da Saúde. FINANCIAMENTO DO SUS SUS é tripartite, ou seja, atribuído a três âmbitos do governo: federal, estadual e municipal, a A Lei Complementar n. 141 de 2012 é responsável por definir os percentuais de investimento financeiro no SUS por cada setor e, segundo esta lei, os municípios têm obrigação de aplicar pelo menos 15% da sua arrecadação anual de impostos em medidas de saúde pública, ao passo que os estados, 12% do seu recolhimento. A União é um caso especial, uma vez que sua contribuiçãoé variável e equivale ao montante despendido anteriormente adicionado do percentual alusivo à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao da lei orçamentária anual. Todavia, no caso de variação negativa, o valor não poderá ser reduzido. A União repassa recursos monetários a estados e municípios e os estados transferem recursos aos municípios. Para compreender melhor o repasse de verbas entre as três esferas governamentais, observe o Diagrama 4. Diagrama 4. O caminho das verbas da saúde. Fonte: JUNKES, 2018 A transferência dos recursos financeiros entre as esferas governamentais acontece por meio dos fundos nacionais de saúde, os quais realizam a gestão e estabelecem o patrimônio da saúde em unidades orçamentárias e administradoras. Além das contribuições sociais arrecadadas pelos três âmbitos do governo, o SUS é financiado também a partir dos seguintes tributos, segundo afirmam Nicolich e Rocha em seu livro Sistema Único de Saúde, de 2017: MUNICÍPIOS Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU); https://sereduc.blackboard.com/courses/1/075_U_EC/content/_2585062_1/scormcontent/index.html Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI); Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF); Imposto Territorial Rural (ITR). ESTADOS Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF); Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD); Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); Cota-parte do imposto sobre produtos industrializados e do fundo de participação do Estado. Sabendo a origem dos recursos da saúde pública, resta saber onde eles são aplicados. Os destinos das verbas da saúde são inúmeros e, para facilitar seu entendimento, é possível classificá-los em seis categorias, a saber: Vigilância em saúde; Gestão do SUS; Atenção Básica; Atenção de média e alta complexidade; Redes de serviços à saúde; Assistência farmacêutica. A referência para fiscalização, acompanhamento e controle da aplicação dos recursos vinculados em ações e serviços públicos de saúde é o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde do Ministério da Saúde (SIOPS), desenvolvido para ser uma fonte de fácil acesso a todos aqueles que queiram visualizar os gastos públicos. Um importante ponto discutido sobre o financiamento do SUS é o vínculo entre os meios públicos e privados, uma vez que parte das verbas públicas é transferida para a rede privada. Segundo dados de 2018 do Banco Mundial, o gasto anual do Brasil em saúde é de aproximadamente 8% do PIB, sendo que apenas 3,8% deste é destinado ao setor público. Logo, mais da metade deste valor (4,4%) corresponde a gastos no setor privado de saúde, o oposto de países desenvolvidos que possuem programas semelhantes ao nosso, como a Suécia (SALDIVA, VERAS 2018; OPAS, 2019). O percentual total investido em saúde no Brasil é muito semelhante aos de outros países que também dispõem de acesso universal à saúde. Comparando os dados dos últimos anos, é possível inferir que os problemas enfrentados pelo SUS não são apenas relacionados à falta de investimento financeiro, mas também uma questão de má administração e distribuição dos recursos no país. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/075_U_EC/content/_2585062_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/075_U_EC/content/_2585062_1/scormcontent/index.html Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Unidade 4 de 4 Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão Desde sua criação, o SUS demonstra adversidades no que diz respeito à sua prestação de serviços; na tentativa de transpor alguns dos problemas de saúde pública, foi realizado no ano de 2006 um acordo entre o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde para o estabelecimento de um pacto de responsabilidades administrativas e de atenção à saúde denominado de Pacto pela Saúde. A criação deste pacto teve como principal objetivo a solução de situações consideradas prioritárias na saúde pública. Todos os anos o Pacto pela Saúde deve ser revisto, de modo a exaltar as carências de saúde da sociedade e, consequentemente, atualizar a lista de prioridades. As portarias número 399 e 699 de 2006 regulamentam o Pacto pela Saúde, que representa uma medida de descentralização e organização de um sistema hierarquizado e regionalizado de condutas do SUS. Objetivando uma melhor estruturação e elucidação das prioridades do Pacto pela Saúde, este foi dividido em três segmentos (Diagrama 5), a saber: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto pela Gestão do SUS. Diagrama 5. Segmentos do Pacto pela Saúde. Fonte: ARRUDA, 2017. A ORGANIZAÇÃO DOS PACTOS NOS ÂMBITOS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS Agora, torna-se necessário analisar as responsabilidades individuais dos governos municipais, estaduais e federais na gestão do SUS (BRASIL, 2005): Municípios Gerenciar e executar os serviços públicos de saúde; Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como avaliar a sua execução; Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Participar do planejamento, programação e organização do SUS em articulação com o gestor estadual; Executar serviços de vigilância epidemiológica, sanitária, de alimentação e nutrição, de saneamento básico e de saúde do trabalhador; Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, assim como controlar e avaliar sua execução; Participar do financiamento e garantir o fornecimento de medicamentos básicos. Estados Acompanhar, controlar e avaliar as redes assistenciais do SUS; Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios; Executar diretamente ações e serviços de saúde na rede própria; Gerir sistemas públicos de alta complexidade de referência estadual e regional; Acompanhar, avaliar e divulgar os seus indicadores de morbidade e mortalidade; Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e distribuir os medicamentos de alto custo em parceria com o Governo Federal; Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços de vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, alimentação e nutrição e saúde do trabalhador; Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados juntamente com a União e municípios; Coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros. Governo Federal Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, municípios e Distrito Federal; Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde; Formular, avaliar e apoiar políticas nacionais no campo da saúde; Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de alta complexidade da rede de laboratórios de saúde pública, vigilância sanitária e epidemiológica; Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportose fronteiras em parceria com estados e municípios; Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e distribuir para os estados medicamentos de alto custo; Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados juntamente com estados e municípios; Elaborar normas para regular as relações entre o SUS e os serviços privados contratados de assistência à saúde. Auditar, acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Em relação à responsabilidade sanitária: MUNICÍPIOS Executar e fazer a gestão das ações de Atenção Básica, incluindo as ações de promoção e proteção; Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qualidade na Atenção Básica, viabilizando o planejamento, a programação e a atenção à saúde descentralizados; Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de forma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; Identificar as necessidades da população de seu território, fazer um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos; Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um processo de regulação, planejamento, programação, monitoramento e avaliação; Definir a responsabilidade sanitária de cada serviço e equipe; Promover a equidade na atenção à saúde; Garantir a estrutura física necessária para a realização das ações de atenção básica; Promover a estruturação da assistência farmacêutica; Desenvolver ações educativas que possam interferir no processo de saúde-doença da população e na melhoria da qualidade de vida; Assumir a gestão e execução das ações de Vigilância em Saúde realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental; Assumir a gestão e execução das ações do Programa Nacional de Imunização; Assumir a execução das ações de vigilância para as doenças transmitidas por vetores; Notificar doenças de notificação compulsória, surtos e agravos inusitados; Realizar imunização de animais contra a raiva; Valorizar as práticas e saberes populares na organização e implementação das ações e serviços de saúde; Gerir laboratórios de saúde pública de âmbito municipal; Monitorar a água de consumo humano e contaminantes com importância em saúde pública ESTADOS Coordenar e acompanhar, no âmbito estadual, a pactuação; Apoiar os municípios para que estes assumam integralmente sua responsabilidade de gestor pleno da atenção à saúde; Fazer reconhecimento das necessidades da população no âmbito estadual e cooperar técnica e financeiramente com os municípios; Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um processo de regulação, planejamento, programação, monitoramento e avaliação; Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da Atenção Básica nos municípios, fazendo um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos; Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que executem com qualidade as ações básicas de vigilância em saúde; Promover a estruturação da assistência farmacêutica; https://sereduc.blackboard.com/courses/1/075_U_EC/content/_2585062_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/075_U_EC/content/_2585062_1/scormcontent/index.html Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Assumir, quando necessário, transitoriamente, a execução das ações de Vigilância em Saúde no município, comprometendo-se em cooperar para que o município assuma, no menor prazo possível, sua responsabilidade plena; Supervisionar as ações de prevenção e controle da vigilância em saúde, coordenando aquelas que exigem ação articulada e simultânea entre os municípios; Acompanhar e avaliar a Atenção Básica no âmbito do seu território; Apoiar financeiramente os municípios para que garantam a estrutura física necessária para a realização das ações de atenção básica; Considerar e valorizar as práticas e saberes populares na organização e implementação das ações e serviços de saúde; Manter atualizado o cadastro de estabelecimentos de interesse da vigilância sanitária; Proceder investigação, complementar ou conjunta, com os municípios em situação de risco sanitário; Monitorar a água de consumo humano; Realizar notificação, investigação e busca ativa de casos inusitados notificados, surtos e óbitos; Realizar ações de controle químico e biológico de vetores e eliminação de criadouros; Realizar registro, captura, apreensão e eliminação de animais que apresentem riscos para a saúde humana. UNI ÃO Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação; Apoiar os estados e municípios para que assumam integralmente sua responsabilidade de gestor pleno da atenção à saúde; Prestar cooperação técnica e financeira aos estados e aos municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional na gestão da Atenção Básica; Exercer de forma pactuada as funções de normalização e de coordenação no que se refere à gestão nacional da Atenção Básica no SUS; Fazer o reconhecimento das necessidades da população para o âmbito nacional; Desenvolver um processo de regulação, planejamento, programação, monitoramento e avaliação no seu âmbito, considerando a identificação de necessidades; Promover a estruturação da assistência farmacêutica; Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e serviços de média e alta complexidade; Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle da vigilância em saúde, que exigem ação articulada e simultânea entre os estados e municípios; Considerar e valorizar as práticas e saberes populares na organização e implementação das ações e serviços de saúde; Proceder investigação complementar ou conjunta com os demais gestores do SUS em situação de risco sanitário; Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, compreendendo as ações de média e alta complexidade, de acordo com as pactuações e normas vigentes; Realizar inquéritos de fatores de risco. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/075_U_EC/content/_2585062_1/scormcontent/index.html Positivo Realce Positivo Realce AÇÕES ESTRATÉGICAS E PRIORITÁRIAS O Pacto pela Vida é composto por uma série de compromissos sanitários e sociais, provenientes da observação da conjuntura da saúde do país e das prioridades deliberadas pelas três esferas do governo – federal, estadual e municipal. Fazem parte das ações estratégicas e prioritárias do Pacto pela Vida (BRASIL, 2006; LEMOS, 2015; NICOLICH; ROCHA, 2017): Saúde do Idoso Promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral à saúde; implantação de serviços de atenção domiciliar; acolhimento preferencial em unidades de saúde; fomento à participação social; educação permanente dos profissionais de saúde em geriatria; apoio a estudos e pesquisas sobre o envelhecimento; criação da caderneta de saúde da pessoa idosa, possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profissionais de saúde e melhora da assistência farmacêutica. Controle do câncer de colo do útero e de mama Contribuir para reduzir ao máximo as morbidades e a mortalidade por câncer de colo do útero e de mama; aumentar a cobertura do exame preventivo do câncer do colo de útero e do exame de mamografia, realizando-se punção em 100% dos casos e incentivar a realização da cirurgia de alta frequência para a retirada de lesões do colo uterino. Redução da mortalidade infantil e materna Reduzir a mortalidade neonatal; diminuir o número de óbitos por pneumonias e doenças diarreicas; qualificar os profissionais da saúde na atenção às doenças mais prevalentes; desenvolvercomitês de vigilância do óbito; garantir o acesso a medicamentos para o tratamento dos quadros hipertensivos no parto. Fortalecer a capacidade de resposta às doenças emergentes e endêmicas Enfatizar o controle da dengue, hanseníase, tuberculose, malária, hepatite, AIDS e influenza; implantar um plano de contingência com ações de vigilância, prevenção e controle; criar unidades sentinelas e melhorar o sistema de informação sobre estas doenças. Promoção da saúde Enfatizar a adoção de hábitos saudáveis na população; internalizar a responsabilidade individual da prática de atividade física regular e de alimentação saudável e combater o tabagismo. Fortalecimento da Atenção Básica Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da Atenção Básica; ampliar, consolidar e qualificar o Programa de Saúde da Família (PSF) como modelo de Atenção Básica à Saúde nos municípios e garantir infraestrutura necessária ao funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Saúde do trabalhador Maximizar o Sistema Nacional de Atenção Integral à saúde do Trabalhador e apoiar a capacitação de profissionais em saúde do trabalhador. Saúde mental Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Ampliar a cobertura de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); contemplar com o Programa de Volta para Casa, voltado para os pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos. Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência Implementar programas estaduais de reabilitação para o atendimento de pacientes com deficiência auditiva. Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência Desenvolver programas de proteção às vítimas de violência doméstica e sexual; aumentar a cobertura da ficha de notificação e investigação de casos de violência. Cuidados com a saúde bucal Prevenir o desencadeamento de doenças bucais e educar a população sobre os cuidados com a higiene da boca. Saúde do homem Promover a saúde integral do homem. Observe na Figura 5 um exemplo real de campanha que promove os cuidados com a saúde masculina. Figura 5. Campanha de conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde do homem. Fonte: Shutterstock. O Pacto em Defesa do SUS engloba medidas articuladas pelos governos federais, estaduais e municipais para o fortalecimento do SUS como política pública e a consolidação da reforma sanitária. A prioridade desse pacto é implementar um projeto permanente de mobilização social com a finalidade de: Evidenciar a saúde como um direito de cidadania e o SUS como um programa público universal que assegura esses direitos; Propiciar o incremento de recursos orçamentários e financeiros para a saúde; Controlar o orçamento do SUS, constituído pelos orçamentos das três esferas de governo, elucidando o compromisso de cada uma; Apoiar a mobilização social pela promoção e desenvolvimento da cidadania; Facilitar o acesso à Carta dos Direitos dos Usuários do SUS. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce CURIOSIDADE A carta dos Direitos dos Usuários do SUS foi elaborada em 2006 pelas três esferas do governo e pelo Conselho Nacional de Saúde. Sua publicação foi um marco importante, uma vez que possibilitou um maior entendimento sobre o sistema de saúde público. O Pacto pela Gestão determina as obrigações de cada âmbito federado, de modo a minimizar as competências adversárias e elucidar as funções de cada um, colaborando, assim, para o fomento da gestão conjunta e solidária do SUS. Esse pacto se fundamenta nos princípios organizacionais do SUS e suas prioridades são duas, a saber: Definir de forma inequívoca a responsabilidade sanitária de cada instância gestora do SUS: Federais, estaduais e municipais, dominando o processo atual de habilitação; Estabelecer as diretrizes para a gestão do SUS: Enfatizar a descentralização, regionalização, regulação, programação pactuada e integrada, gestão do trabalho, participação e controle social, além do financiamento, planejamento e educação na saúde. unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO Nesta unidade, você aprendeu que os programas de saúde em nosso país foram influenciados pelos fatores econômicos, sociais, culturais e políticos de cada época. Durante muito tempo os governantes não manifestaram uma preocupação no que diz respeito à saúde da população, tomando as primeiras medidas de saúde em virtude de interesses próprios. Vimos que a Previdência Social foi o órgão responsável pelos atendimentos individuais de ordem curativa durante determinado período, fato este que condicionou o acesso à saúde a sua contribuição. Este modelo era extremamente excludente, deixando grande parte da população à mercê da caridade e da filantropia. Essa realidade começou a mudar apenas em 1988, com a criação do SUS e a promulgação da nova constituição, em que a saúde passou a ser um direito universal de todos os cidadãos e um dever do Estado. Embora o SUS seja alvo de muitas críticas e enfrente problemas estruturais no seu dia a dia, é também um programa admirado por muitas pessoas, sendo considerado um modelo a ser seguido internacionalmente, graças a sua política de cobertura e extensão. Por fim, mas não menos importante, discutimos o Pacto pela Saúde, e analisamos os seus propósitos junto às três esferas governamentais. Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce Positivo Realce REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRUDA, J. M. L. Legislação, princípios e objetivos do Sistema Único de Saúde. São Paulo: Edipe, 2017. BASSINELLO, G. Saúde coletiva. São Paulo: Pearson, 2014. BRASIL. Carta dos direitos dos usuários da saúde. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 06 mar 2020. BRASIL. LEI Nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 19 set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 06 mar 2020. BRASIL. Portaria n. 399/GM de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela Saúde. Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Brasília, Ministério da Saúde, 2006. BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pacto de gestão: garantindo saúde para todos. Departamento de Apoio à Descentralização. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. VIII Conferência Nacional de Saúde. Relatório final. Brasília: Ministério da Saúde, 1986. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. 8ª Conferência Nacional de Saúde: quando o SUS ganhou forma. 2019. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/592-8- conferencia-nacional-de-saude-quando-o-sus-ganhou-forma>. Acesso em: 15 fev. 2020. FIGUEIREDO, N. M. A. Ensinando a cuidar em saúde pública. 2. ed. Yendis: São Caetano do Sul, 2012. JUNKES, A. Saúde coletiva no Brasil. Rio de Janeiro: Prior, 2018. LEMOS, T. Fisioterapia na saúde da família. Rio de Janeiro: Seses, 2015. MACHADO, P. H. B.; LEANDRO, J. A.; MICHALISZYN, M. S. Saúde coletiva: um campo em construção. Curitiba: Intersaberes, 2013. MOREIRA, T. C.; et al. Saúde coletiva. Porto Alegre: SAGAH, 2018. NICOLICH M.; ROCHA M. Sistema Único de Saúde. São Paulo: Medyn, 2017. OITAVA: a conferência que auscultou o Brasil. Postado por Ensp Fiocruz. (23min. 13s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zZAHdF0fNps>. Acesso em: 06 mar. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htmhttp://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/592-8-conferencia-nacional-de-saude-quando-o-sus-ganhou-forma http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/592-8-conferencia-nacional-de-saude-quando-o-sus-ganhou-forma https://www.youtube.com/watch?v=zZAHdF0fNps OPAS. Países estão gastando mais em saúde, mas pessoas ainda pagam muitos serviços com dinheiro do próprio bolso. 2019. Disponível em: <https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5874:paises- estao-gastando-mais-em-saude-mas-pessoas-ainda-pagam-muitos-servicos-com-dinheiro-do- proprio-bolso&Itemid=843>. Acesso em: 16 fev. 2020. ROCHA, J. S. Y. Manual de saúde pública e saúde coletiva no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017. SALDIVA, P. H. N.; VERAS, M. Gastos públicos com saúde: breve histórico, situação atual e perspectivas futuras. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 92, p. 47-61, 2018. SANTOS, A. S. et al. Administração de enfermagem em saúde coletiva. Barueri: Manole, 2015. SOARES, C. B.; CAMPOS, C. M. S. Fundamentos de saúde coletiva e o cuidado de enfermagem. Barueri: Manole, 2013. SOLHA, R. K. T. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas profissionais. 2. ed. São Paulo: Érica, 2014. WINTER, G. O bê-a-bá do Sistema Único de Saúde. 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