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Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) Autor: Leandro Signori 10 de Agosto de 2022 06348208184 - Mariza Fernandes Souza 1 34 Sumário Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agropecuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da economia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiânia, Industrialização, infraestrutura e planejamento. ............................................................................................ 2 1 - Goiás antes da mineração ...................................................................................................................... 2 1.1 As Bandeiras dos Anhangueras (pai e filho) ...................................................................................... 3 2 - A exploração do ouro ............................................................................................................................. 5 3 - A criação da estrutura administrativa .................................................................................................... 7 3.1 Os impostos ....................................................................................................................................... 8 3.2 O controle das minas ......................................................................................................................... 9 4 - A crise no setor minerador ..................................................................................................................... 9 5 - A transição da economia mineradora para a agropecuária .................................................................. 10 6 - A estrada de ferro e a modernização da economia goiana .................................................................. 11 7 - As transformações econômicas com a construção de Goiânia e Brasília ............................................. 12 7.1 RIDE do Distrito Federal e Entorno .................................................................................................. 14 8 - Industrialização, infraestrutura e planejamento .................................................................................. 16 Questões Comentadas .................................................................................................................................. 18 Lista de Questões .......................................................................................................................................... 28 Gabarito ........................................................................................................................................................ 34 Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 2 34 FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPECUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX, A ESTRADA DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA GOIANA, AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAESTRUTURA E PLANEJAMENTO. 1 - Goiás antes da mineração Desde o primeiro século de colonização do Brasil, o estado de Goiás foi percorrido pelas Bandeiras e pelas Descidas. Porém, foi só no século XVIII, com a mineração, que se iniciou a ocupação efetiva do território goiano pelos portugueses. Foi uma ocupação irregular e instável, característica do povoamento provocado pela mineração. A primeira Bandeira de que se tem notícia em terras goianas data de 1590-93, sob a direção de Domingos Luís Grau e Antônio Macedo. Depois desta, várias outras estiveram em Goiás. Além dos bandeirantes, os jesuítas e capuchinhos viajaram pelas terras goianas. Eram as Descidas, que vinham do Norte do País para capturar índios para suas aldeias na Amazônia. A primeira foi coordenada pelo padre Cristóvão de Lisboa, em 1625. Entradas, Bandeiras e Descidas As Entradas eram organizadas pelo governo, com financiamento público. Geralmente procuravam respeitar os limites de Tordesilhas. A maioria das expedições realizadas partiam da capital do Brasil na época, Salvador, na Bahia ou até mesmo de Pernambuco. Visavam primeiramente à prospecção do território e de metais preciosos. As Bandeiras eram expedições particulares e não respeitavam os limites de Tordesilhas. Em geral, começavam a partir da Vila de São Paulo de Piratininga, na Capitania de São Vicente (hoje São Paulo). Também visavam primeiramente à prospecção do território e de metais preciosos. Também se dedicavam também ao apresamento de índios para escravização. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 3 34 As Descidas eram expedições realizadas pelos jesuítas ao interior do Brasil. Tinham como objetivo convencer os indígenas dessa região a migrarem para regiões próximas das suas missões ou reduções visando facilitar o trabalho de catequização. As principais missões jesuíticas ficavam no norte e no sul do país. Apesar dessas duas investidas, nem bandeirantes, nem jesuítas vinham para se fixar na terra. Dessa forma, Goiás não possuía uma população branca; era habitado apenas pelos povos indígenas, pelo menos até a descoberta dos primeiros veios auríferos no Rio Vermelho no século XVIII, onde está situada a hoje Cidade de Goiás. 1.1 As Bandeiras dos Anhangueras (pai e filho) Em 1682, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera pai, esteve em território do sul de Goiás, onde encontrou vestígios de ouro na região do Rio Vermelho, aos pés da Serra Dourada, onde hoje está situada a cidade de Goiás. A região era habitada pelos índios da etnia Goya ou Goyazes. Na ocasião o experiente bandeirante, percebendo que os índios estavam usando adornos que possuíam pequenos pedaços de ouro, teria ateado fogo a uma bateia cheia de aguardente para forçar os índios a lhe mostrar onde eles haviam encontrado o precioso mineral. Diante da cena inusitada e com medo de terem os seus rios incendiados, os índios teriam começado a gritar: Anhanguera! Anhanguera!, que no idioma tupi significa “diabo que põe fogo na água”, dando origem ao apelido do Bandeirante. Na ocasião ele estava acompanhado de seu filho de 14 anos, Bartolomeu Bueno da Silva, que além de possuir o mesmo nome também herdaria, mais tarde, o seu apelido. Anhanguera, pai, voltou a São Paulo com planos de formar uma nova bandeira e retornar à região onde tinha encontrado vestígios de ouro para melhor investigá-la, mas morreu antes de conseguir seu intento. A partir da morte do pai, o seu filho assumiu consigo mesmo a promessa um dia voltar à terra do Goyazes, isso só iria acontecer em 1722, quando já tinha 54 anos de idade. A bandeira comandada por Bartolomeu Bueno da Silva (filho do primeiro Anhanguera) saiu de São Paulo em 3 de julho de 1722, seguindo a rota que já era conhecida até o Rio Grande. As dificuldades climáticas e vegetacionais do cerrado fizeram muitos dos bandeirantes morrerem de fome, além de obrigar os sobreviventes a comerem macacos, cachorros e até alguns dos próprios cavalos. Após várias mortes, seja por causa da fome, doenças ou ataques de índios hostis, finalmente Anhanguera encontrou ouro nas margens do rio Vermelho, na região da atual cidade de Goiás. Estavam descobertas as Minas dos Goyazes. Veja a seguir, o mapa das principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII do Brasil colonial, onde podemos ver a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera pai (número 9). Podemos ver também a linha (meridiano) do Tratado de Tordesilhas. Verificamos que por esse Tratado, parte do território atual do estado de Goiás pertencia a coroa espanhola, inclusive a cidade de Goiás, onde foi descoberto o ouro. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 4 34 Ocorre que, entre 1580 a 1640, Portugal esteve sob domínio espanhol, período conhecido como a União Ibérica. O rei Felipe II da Espanha, foi coroado rei de Portugal, passando a ser o rei tanto de Portugal, quanto da Espanha. Durante a União Ibérica, a linha de Tordesilhas perdeu o seu sentido, embora o tratado não tenha sido revogado. Os bandeirantes avançaram para muito além da linha, e o Brasil triplicou de tamanho. A expansão da pecuária e as missões jesuíticas foram fatores que contribuíram para essa expansão. O contínuo avanço português para além da linha de Tordesilhas fez com que Portugal e Espanha assinassem um novo tratado de fronteiras, o Tratado de Madri, em 1750. Os dois países aceitaram o princípio do uti possidetis, segundo o qual cada nação conservaria as terras que já tivessem efetivamente ocupado. Foi somente com esse Tratado, que a totalidade do atual território do estado de Goiás passou a pertencer a colônia portuguesa na América do Sul, o Brasil. O mapa a seguir mostra os limites dos tratados de Tordesilhas e de Madri. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 5 34 O Tratado de Madri foi anulado pelo Tratado de El Pardo, em 1761. Foi reestabelecido em sua quase totalidade pelo Tratado de Santo Ildefonso em 1777, com o território de Goiás voltando a pertencer a Portugal. o Tratado de Badajós, de 1801, finalizou a discussão de limites entre Portugal e Espanha, reestabelecendo os termos do Tratado de Madri. 2 - A exploração do ouro O contexto histórico do século XVIII destinava a Goiás o papel de região exportadora de minério de ouro. A agricultura e a pecuária não eram prioridade. Toda a força de trabalho deveria ser destinada à mineração, única atividade valorizada e compensatória, atraindo para Goiás trabalhadores das regiões mais distantes do país. “Os territórios de mineração deveriam dedicar-se quase exclusivamente a produção de ouro, não desviando esforços na produção de outros bens das demais capitanias”. (CHAIM, 1987). “O ouro extraído das minas goianas foi exportado, não acumulando capital em Goiás, o que dificultava a estruturação de uma economia própria que pudesse dar maior estabilidade à sociedade em formação. Por isso, com a crise do ouro, a população da província chega a decrescer”. (POLONIAL, 2001) Além da evasão do ouro produzido na capitania, vários outros fatores impediram a estruturação de uma economia mais dinâmica em Goiás: o rápido esgotamento das minas; a carência de mão-de-obra; a má administração local e as técnicas rudimentares de mineração. “A extração do ouro em Goiás serviu apenas como estímulo inicial para o povoamento da região e para dar início à produção agropastoril, que posteriormente se tornaria a base econômica da população”. (TIBALLI, Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 6 34 1991). “Essa situação subjugava sobremaneira, os colonos que exploravam o ouro, mas não ficavam com o minério. Além disso, um rígido controle do governo de Portugal sobre os mineradores impedia que eles desenvolvessem um comércio mais lucrativo”. (POLONIAL, 2001) Para fugir desse controle metropolitano, o contrabando foi utilizado em larga escala. Os impostos, como o quinto e a capitação, não eram aceitos pelos mineradores, que buscavam por todos os meios burlar a vigilância oficial. Até membros do clero participavam do contrabando. Nada conseguia conter essa ação ilegal dos mineradores. A grande dificuldade do governo é que estes mineradores tinham uma vida aventureira e sem muitas regras, muito próximos do estado natural. O contrabando e a violência eram a tônica da região. A euforia foi efêmera. A exploração do ouro em Goiás durou pouco tempo. Já na década de 1770 do século XVIII, a decadência era visível. Esse rápido período aurífero, entendido como Ciclo do Ouro, foi assim descrito por Palacin (1994): "Suas fases são quase fatais: descobrimento, um período de expansão febril – caracterizado pela pressa e semianarquia – depois, um breve mas brilhante período de apogeu e, imediatamente, quase sem transição, a súbita decadência prolongada às vezes com uma lenta agonia." Mesmo assim, esse período provocou algumas mudanças importantes na região, por exemplo: aumento territorial e populacional, concentração do poder e da riqueza nas mãos de uma minoria branca, aniquilamento físico e cultural da população indígena. Foi criada a Capitania de Goiás, separando-se da Capitania de São Paulo. O primeiro governador foi Dom Marcos José de Noronha e Brito, o Conde dos Arcos, que tomou posse em 8 de novembro de 1749. A produção de ouro em Goiás foi maior que a de Mato Grosso, porém muito menor que em Minas Gerais. O declínio da produção foi rápido. Veja abaixo: Produção de ouro ao longo dos anos Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 7 34 O pico foi em 1753, mas 50 anos depois a produção já era insignificante. Conforme o historiador Luís Palacin esses são os dados oficiais disponíveis, porém, o volume de ouro extraído deve ter sido muito maior. A maior parte do ouro retirada era sonegada para fugir dos pesados impostos e, portanto, não se sabe ao certo quanto ouro foi retirado de fato das terras goianas. 3 - A criação da estrutura administrativa Com a criação da capitania de Goiás estabelece-se uma nova relação de poder entre o povo e o setor público. No contexto da epopeia do ouro, os interesses dos mineradores e da Coroa sobre o metal eram díspares. Com a crise no setor minerador, a construção do aparelho burocrático, da força repressiva e do aparelho fiscal, seria uma alternativa para os próprios colonos enfrentarem com a ajuda oficial os graves problemas de Goiás. Tudo concorria para que o estado centralizasse e normalizasse as ações na capitania, principalmente com o início do declínio no setor de mineração. As autoridades administrativas, demonstradas no quadro abaixo, rivalizavam-se entre si, gerando graves conflitos no alto escalão da administração goiana. Fundamentalmente, o conflito tinha por base a intromissão de um na função do outro. “O conflito entre as autoridades administrativas revelava um caráter classista, pois os governadores eram da alta nobreza, enquanto a outra parte do corpo administrativo era de burocratas, criados com o estado moderno”. (POLONIAL, 2001) Várias outras dificuldades, como os excessos dos contratadores e dos dizimeiros na cobrança de impostos, a corrupção dos costumes, a luta do povo contra as autoridades e o pequeno rendimento do ouro concorriam para prejudicar a administração. Organograma do poder em uma capitania independente Essa situação revelava a crise no setor administrativo em Goiás, que dependia, principalmente, da arrecadação dos impostos do ouro. Governador ou Capitão-General Ouvidor-Mor (Justiça) Capitão-mor ou Guarda-mor (Defesa) Provedor-mor (Finanças) Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 8 34 3.1 Os impostos A Real Fazenda preocupava-se enormemente com a tributação, os impostos eram arrecadados através da cobrança do quinto. Para aprimorar a arrecadação e evitar a sonegação, em 1720 foram instituídas as casas de fundição juntamente com uma lei que proibia a circulação de ouro em pó, além da delação premiada. Essa medida gerou descontentamento entre os mineradores que se rebelaram, em Vila Rica (MG), sob a liderança de Filipe dos Santos. O desfechofoi sangrento. Filipe dos Santos foi enforcado e esquartejado. À medida que a arrecadação caía, devido ao esgotamento das jazidas, a fiscalização arrochava sobre os mineradores e então foi criada a “capitação”. Um imposto que era cobrado por cabeça de escravo que o minerador possuísse. A Real Fazenda não admitia que o ciclo do ouro estivesse se esgotando. Quando a arrecadação caía alegava que era sonegação e implementava novas medidas fiscais. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% ou 1/5 de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição, para onde todo o ouro extraído deveria ser levado, derretido e colocado em formas denominadas quinteiros. No fundo da forma havia uma espécie de brasão real que ficava impresso na barrinha de ouro depois de solidificada. O ouro quintado era devolvido depois de descontada a parte devida à Real Fazenda. Nas minas de Goiás, variou ao longo do tempo o seu sistema de cobrança. Entre 1726-1736, o quinto era cobrado na Casa de Fundição, instalada em São Paulo, o que facilitava a prática da sonegação e reduzia os ganhos da Fazenda Real. Era quase impossível fiscalizar devido às grandes distâncias. Para combater a sonegação e partindo da ideia que era mais difícil ao minerador esconder o escravo que o ouro extraído, de 1736 até 1751 partiu-se para o sistema de capitação. Nesse, era a quantidade de escravos matriculados que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. A injustiça dessa forma de cobrança reside no fato de o imposto desconsiderar as diferenças de rendimento de cada escravo, em função da maior ou menor riqueza das várias minas e datas. Além do quinto e da capitação, outros impostos eram cobrados: - Entradas - sobre a circulação de mercadorias; - Dízimos – sobre a décima parte da produção agropecuária; - Passagens – sobre o trânsito dos rios; - Ofícios – sobre a lotação de cargos públicos; - Sizas – sobre o comércio de escravos. Apesar de tantos tributos, a crise de arrecadação era constante, principalmente após a década de 1770, com a decadência da mineração. O último grande achado minerário em Goiás deu-se na cidade de Anicuns, em 1809, no sul da capitania. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 9 34 3.2 O controle das minas Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas de Goyazes, o governo português tomou uma série de medidas para garantir para si o maior proveito da exploração das lavras. Foi proibida a abertura de novas estradas em direção às minas. Os rios foram trancados à navegação. As indústrias proibidas ou limitadas. A lavoura e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços não podiam ser desviados da mineração. O comércio foi fiscalizado. E o fisco, insaciável na arrecadação. À época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o método de quintamento nas casas de fundição. O das minas de Goiás era em São Paulo. Para lá que deveriam ir os mineiros para quintar seu ouro. Recebiam de volta, depois de descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real. O ouro em pó podia ser usado como moeda no território das minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser declarado ao passar pelo registro e depois quintado, o que praticamente ficava como obrigação dos comerciantes. Estes, vendendo todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos acabavam ficando com o ouro dos mineiros e eram os que, na realidade, canalizavam o ouro das minas para o exterior e deviam, por conseguinte, pagar o quinto correspondente. O método da casa de fundição para a cobrança do quinto seria ideal se não fosse um problema que tomava de sobressalto o governo português: o contrabando do ouro, que oferecia alta rentabilidade: “os vinte por cento do imposto mais dez por cento de ágio”. Das minas para a costa ou para o exterior era sempre um negócio lucrativo, que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas régias e provisões, nem os sequestros, devassas de registros, prêmios prometidos aos delatores e comissões aos soldados puderam por freio.” (PALACIN, 1979) O grande contrabando era dos comerciantes que controlavam o comércio desde os portos, praticado “por meio da conivência dos guardas dos registros, ou de subornos de soldados, que custodiavam o comboio dos quintos reais. Contra si o governo tinha as dilatadas fronteiras, o escasso policiamento, o costume inveterado e a inflexibilidade das leis econômicas”. (PALACIN, 1979) A seu favor tinha o poder político, jurídico e econômico sobre toda a colônia. Assim, decreta como primeira medida, em se tratando das minas, o isolamento destas. A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de acesso a Goiás ficando um único caminho, o iniciado pelas bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi proibida a navegação fluvial pelo Tocantins, afastando o norte goiano de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão. 4 - A crise no setor minerador Como o quinto representava o principal imposto cobrado na capitania, podemos ter uma dimensão da crise na região, com a queda deste imposto. Na década de 1770, apesar da crise já evidente, o quinto do ouro ainda rendia à Coroa portuguesa até 15 arrobas. Mas na década de 1820 essa arrecadação não passava de Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 10 34 uma arroba. Vários fatores contribuíram para a decadência do ouro, como a falta de capital, falta de braços, técnicas rudimentares de exploração de jazidas e falta de uma ação governamental mais eficiente, não preocupada apenas em arrecadar impostos. A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades administrativas metropolitanas quanto dos mineiros e comerciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de ouro, que surgiam e desapareciam em Goiás, contribuíram apenas para o expansionismo geográfico. Cada vez se adentrava mais o interior em busca do ouro de aluvião, mas em vão. Várias foram as consequências para Goiás com a crise do setor minerador, assim relatadas por Palacin (1979): ● Diminuição da importação e do comércio externo; ● Menor arrecadação de impostos; ● Diminuição da mão-de-obra pelo estancamento na importação de escravos; ● Estreitamento do comércio interno, com tendência à formação de zonas de economia fechada e um consumo dirigido à pura subsistência; ● Esvaziamento dos centros urbanos; ● Ruralização, empobrecimento e isolamento cultural. Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico devido à falta de acumulação de capital e ao atrofiamento do mercado interno após o fim do ciclo da mineração, a população se volta para a economia de subsistência. Nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX, toda a capitania estava mergulhada numa situação de crise, o que levou os governantes goianos a voltarem suas atenções para as atividades econômicas que antes sofreram proibições, objetivando soerguer a região da crise em que mergulhara. 5 - A transição da economia mineradora para a agropecuária É um período de transição, tanto do ponto de vista econômico - da mineração para a agropecuária - quanto do ponto de vista político – passagem do sistema colonial para o sistema imperial. Contudo, mantêm-se as estruturas da sociedade goiana. Esse momento de transição, com todas as suas incertezas, relatadas pelos viajantes, deixa algumas impressões comuns sobre Goiás nas primeiras décadas do século XIX, como: ● Precárias condições das vias de comunicação e infraestrutura para os viajantes; ● Longas distâncias;● Crise no abastecimento de víveres; ● Despovoamento da região, com um processo de ruralização; ● Escassez de mão-de-obra; ● Comércio de pequeno porte e estagnado; Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 11 34 ● Pecuária como principal atividade de exportação. Isto posto, podemos concluir que “... Goiás, na primeira metade do século XIX, é terra em que vivem populações abandonadas, isoladas e iletradas, mantidas à margem da civilização capitalista”. A crise do ouro fez com que Goiás regredisse a uma economia de subsistência, com a agricultura e a pecuária. A estrutura social goiana dessa época apresentava-se bem definida: a elite, formada por grandes fazendeiros, altos funcionários da Coroa e alguns ricos comerciantes; os homens livres, como pequenos proprietários e pequenos comerciantes, vaqueiros, sapateiros, entre outros; e os pobres – mulatos, negros livres, aventureiros, fugitivos, mendigos –, estes sim, a maioria da população. O número de escravos era muito maior do que o número de pobres, porém eles eram considerados mercadorias, e não como pessoa (na época da Lei Áurea, em 1888, a quantidade de escravos era muito pequena e ela quase não afetou a sociedade goiana). Nessa sociedade, segundo documentos da época, as pessoas que tinham algum estudo eram uma minoria insignificante (mas as que eram estudadas tinham um certo privilégio e eram chamadas de “doutores”). A situação era tão crítica que em 1810, por exemplo, existiam apenas 14 professores em toda a Capitania de Goiás, sendo que três em Vila Boa, dois em Meia Ponte e os demais dispersos pelas vilas goianas. Havia uma única livraria em toda a Capitania, instalada em Meia Ponte. O papel das mulheres nessa sociedade era de ser sempre dominadas pelos homens. Viviam praticamente confinadas às suas casas e durante o dia só se viam homens nas ruas. Como as mulheres não recebiam educação, sua conversa era desprovida de encanto. Eram inibidas e estúpidas, e se achavam praticamente reduzidas ao papel de fêmeas para os homens. Geralmente os casamentos eram arranjados, e as mulheres eram sempre mais jovens do que os homens, ou seja, ainda crianças. Era frequente que, além da própria esposa, os homens da época tivessem amantes e filhos com elas. Estes filhos eram os “bastardos”, e ficavam à margem da sociedade, e quase sempre, não eram reconhecidos pelos pais. 6 - A estrada de ferro e a modernização da economia goiana As três primeiras décadas do século XX não modificam substancialmente a situação a que Goiás regredira como consequência de decadência da mineração no fim do século XVIII. Continuava sendo um estado isolado, pouco povoado, quase integralmente rural. Com o propósito de dotar o estado de Goiás de reais condições de transporte ferroviário, visando integrá-lo ao resto do Brasil, surge em 1873 um decreto do governo Imperial para que tal situação fosse concretizada. Dessa maneira, o então presidente da província goiana Antero Cícero de Assis foi autorizado a contratar a construção de uma estrada de ferro para ligar a cidade de Goiás, ora capital de Goiás, à margem do rio Vermelho, partindo da estrada de ferro Mogiana, em Minas Gerais. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 12 34 A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro passo na urbanização e na expansão do capitalismo em Goiás no início do século XX. Em 1886 a Estrada de Ferro Mogiana chegou até Araguari (MG). Os trabalhos da construção da Estrada de Ferro de Goiás tiveram início no começo do século XX. Já em 1912 chegavam à cidade goiana de Goiandira (onde foi inaugurada em 1913). Até o ano de 1952, a ferrovia percorria com seus trilhos, aproximadamente, 480 quilômetros, chegando ao seu ponto mais distante em Goiânia. No total, 30 estações à estrada, onde se destacavam as de: Araguari, Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a rede mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenho Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões e Goiânia. 7 - As transformações econômicas com a construção de Goiânia e Brasília A cidade de Goiânia foi planejada e construída na década de 1930 e início da década de 1940. A pedra fundamental da nova capital foi lançada em 24 de outubro de 1933. A data escolhida foi uma homenagem aos 3 anos da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder no Brasil. O Decreto estadual 327, de 2 de agosto de 1935, criou o município da nova capital, o qual recebeu o topônimo de Goiânia. A cidade foi inaugurada em 5 de julho de 1942. Pelo planejamento inicial, esperava-se que a cidade atingisse a casa dos 60 mil habitantes, no ano 2000. Mas, ao transpor o século, ultrapassa um milhão de pessoas. A presença de Goiânia no território goiano transformou radicalmente a história do estado. Pois a mudança da capital do estado da cidade de Goiás para Goiânia, deslocou o eixo político-econômico, ao longo dos anos, e acabou por criar condições para que ocorressem transformações significativas em Goiás. No discurso dos "mudancistas" (grupo político que apoiou a mudança), a transferência da capital para um local mais estratégico, do ponto de vista econômico e administrativo, não representava apenas uma velha aspiração da comunidade goiana, era também uma necessidade que vinha sendo adiada. Apesar de sua grandeza física, a cidade de Goiás era, então, uma das partes do território brasileiro mais pobre e atrasada e seus contingentes populacionais viviam, praticamente, isolados do resto do país. Isto acarretava em sua gente forte sentimento de frustração e a conduzia, consequentemente, à apatia. Esses eram argumentos utilizados pelo grupo que defendia a mudança da capital. Já os antimudancistas combatiam esse discurso e afirmavam ser possível o progresso na própria cidade de Goiás, desde que houvesse investimento financeiro por parte do governo federal. Vencidos, de forma parcial, os mais sérios obstáculos, principalmente os problemas de ordem política e financeira, no discurso dos mudancistas, a construção da nova capital confirmou o acerto da resolução do governo estadual de então, do governador Pedro Ludovico Teixeira (1930-1945). Abriram-se as fronteiras de Goiás, alargando as suas áreas, com a elevação dos índices demográficos e do progresso econômico do estado. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 13 34 Segundo alguns habitantes pioneiros da cidade de Goiânia, o progresso não acompanhou o mesmo ritmo dos planejamentos. A cidade não oferecia infraestrutura para o contingente de migrantes que chegava. Entre os mais frequentes e citados, estava o problema da falta de energia elétrica, este serviço, desde 1936, era fornecido pela Usina do Jaó, no rio Meia Ponte. Outro impasse era a falta de saneamento básico que dificultava a vida das pessoas, principalmente, de quem chegava dos grandes centros. Muitas vezes tinham que adotar os hábitos dos sertanejos, sendo comum o uso de tirar água das cisternas para os diversos afazeres. O que era considerado, para os moradores do antigo município de Campinas e para as pessoas vindas do interior, atividades costumeiras, como usar lamparinas para a iluminação, tomar banho nos poços, causava estranheza aos migrantes vindos de outras cidades maiores. Os relatos dos problemas de falta de água e de luz são marcantes e se fazem presentes na literatura brasileira. A cidade de Goiânia tem uma formação populacional híbrida, no qual constantemente se entrecruzam os valores da sociedade tradicional e moderna. Goiânia representava a fusão do urbano com o rural, e expressava a modernidade e o progresso.Fazendeiros e profissionais liberais circulavam pelas suas ruas realizando negócios. Como afirma CHAUL (1997), tratava-se da mentalidade urbana com os pés plantados em solo rural. Hoje, Goiânia é uma das capitais mais modernas do país, mas como acontece em outras cidades, sofre com problemas sociais, como a criminalidade, habitação e saneamento básico. A população de Goiânia aumentou sensivelmente e esse crescimento tão acelerado do número de habitantes se deve a vários fatores, sendo um deles a migração de pessoas que se deslocaram de todas as regiões do Brasil, principalmente do Nordeste, rumo a Goiânia. Por meio do estudo das "memórias urbanas dos migrantes” analisou-se a participação dos mesmos na construção da nova capital de Goiás. A construção de Goiânia foi um acontecimento peculiar por ser a primeira cidade planejada do século XX. Considerando o território escolhido, áreas rurais, despovoadas, viu-se a necessidade de atrair migrantes para executar o projeto idealizado. De acordo com o decreto nº 3.359, de 18 de maio de 1933, as fazendas Criméia, Vaca Brava e Botafogo, no município de Campinas seriam destinadas à edificação da nova capital do estado de Goiás (MONTEIRO, 1938). Parte dessa mesma área transformou-se, em pouco tempo, numa “oficina de obras”. A partir daí o número de migrantes que chegavam era cada vez maior. Portanto é possível afirmar que Goiânia teve uma formação populacional, inicialmente, 100% migrante. A cidade de Brasília foi construída estrategicamente no Planalto Central, uma vasta região sem grandes acidentes geográficos no interior do Brasil. Algumas razões para sua construção são o deslocamento do centro político do país para fora do eixo Rio-São Paulo, incentivo ao povoamento do interior quase vazio do país e melhor posição estratégica e militar da capital. A cidade cresceu muito desde que foi construída. A nova capital foi projetada para comportar no máximo 500.000 habitantes, sendo que hoje o Distrito Federal, quadrilátero em meio ao planalto determinado para abrigar a cidade, já possui quase 3 milhões de habitantes. A maior razão para seu superpovoamento é o fato de sua economia estar intimamente ligada ao poder público. Brasília é a cidade com uma das maiores rendas per capita do Brasil. Um dos problemas crônicos causados por tudo isso é que o número de carros em Brasília tende a aumentar a níveis para os quais a cidade não foi Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 14 34 projetada; começaram a surgir inúmeros engarrafamentos na cidade e alguns lugares se tornam intransitáveis na hora do rush. Para tentar amenizar esse quadro, está sendo implantado o sistema metroviário, mas devido à sua extensão limitada e ao próprio crescimento da cidade, não proporcionou alterações significativas em relação aos problemas de trânsito na cidade. 7.1 RIDE do Distrito Federal e Entorno A construção de Brasília atraiu grande contingente de trabalhadores que, nos primeiros anos, ocupavam acampamentos distribuídos pelo território do Distrito Federal. Com a finalização de grande parte das obras, e a valorização das terras na capital, parte do contingente inicial de trabalhadores deslocou-se para os municípios de Goiás e Minas Gerais, que continuaram atraindo grande número de pessoas, oriundas, em sua maioria, de regiões mais carentes de todo o País, para trabalhar na capital federal. Os problemas decorrentes desta pressão crescente exercida por essa população, desde as primeiras décadas após a inauguração de Brasília, levaram as entidades públicas (estados de Goiás e Minas Gerais, Distrito Federal e governo Federal) a se unirem, objetivando propor, criar e coordenar políticas públicas que levassem, juntamente com o Distrito Federal, a ações comuns para toda a região, visando minimizar a pressão exercida pelos habitantes desta periferia, que contorna o Distrito Federal. Desta forma, foi criada, por meio da Lei Complementar n.º 94, de 19 de fevereiro de 1998, para efeitos de articulação da ação administrativa da União, dos estados de Goiás, Minas Gerais e do Distrito Federal, a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE. O Decreto nº 7.469, de 4 de maio de 2011, regulamentou a LC nº 94, de 19 de fevereiro de 1998. Região Integrada de Desenvolvimento (ou RIDE) são grandes aglomerações urbanas que se situam em mais de uma unidade federativa. Elas são criadas por legislação federal específica, que delimita os municípios que a integram e fixa as competências assumidas pelo colegiado das mesmas. A RIDE do Distrito Federal e Entorno é constituída pelo Distrito Federal, e por 33 municípios, sendo 29 de Goiás e quatro de Minas Gerais. Os municípios de Goiás são: Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Cavalcante, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goianésia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaíso de Goiás, Vila Boa e Vila Propício. Os municípios de Minas Gerais são: Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí. A RIDE ocupa uma região de 94.551,17 km2 e sua população é de aproximadamente 4.608.863 habitantes (IBGE/2020 - estimativa populacional). Mais da metade dessa população está no Distrito Federal (3.055.149 habitantes). Principais problemas da RIDE ✔ Elevada violência e criminalidade; ✔ Saúde; educação; transporte; emprego; Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 15 34 ✔ Grilagem de terras; ✔ especulação imobiliária; ✔ Presença de favelas e invasões; ✔ Falta de moradias; ✔ Problemas de infraestrutura básica e saneamento; problema do lixo urbano; ✔ Destruição da biodiversidade e do bioma do Cerrado; ✔ Poluição dos rios e do Lago Paranoá; ✔ Desmatamento do cerrado. Mapa da RIDE Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 16 34 8 - Industrialização, infraestrutura e planejamento As dimensões continentais do Brasil redundavam sempre em impasses para a sua integração econômica e geográfica, visto que as grandes distâncias entre os centros regionais dificultavam a expansão do capital pelo país, e, como salienta Cunha (2002), a incorporação do interior à economia nacional estava calcada num mercado interno inexpressivo e na precariedade das estruturas de transporte, de energia e de comunicações. Tendo em vista esses aspectos, é importante mostrar o papel que os meios de transportes e comunicações tiveram frente à integração nacional. A ferrovia foi o meio de transporte que iniciou a integração nacional, pois ela contribuiu para estender a fronteira agrícola, criando e ligando os pontos de produção agropecuária. A construção de ferrovias faz parte da própria gênese do processo de constituição do mercado nacional, permitindo a absorção das mercadorias mais elaboradas que vinham dos núcleos urbanos mais avançados e viabilizando o escoamento dos bens agropecuários as outras regiões. A melhoria das condições do translado das mercadorias induz à maior especialização produtiva de diversas áreas geográficas, possibilitando uma crescente complementaridade entre suas estruturas produtivas. Assim, o papel do aperfeiçoamento das comunicações entre diferentes áreas vai desenhando uma divisão inter-regional do trabalho (BRANDÃO, 1999). Dessa forma, como em diversas outras regiões do país, o estado de Goiás possuía as características necessárias para ser considerado uma nova fronteiraagrícola, porém existiam algumas barreiras que inibiam a sua inserção no novo processo de acumulação capitalista. Essas barreiras eram as péssimas condições de transportes e comunicação. Devido à localização do estado, o alto custo dos transportes elevava o valor final dos bens e, ao mesmo tempo, reduzia a competitividade do produto goiano na região Sudeste. Para a consolidação do estado como fornecedor de bens primários, seriam necessários meios de transportes mais rápidos e eficientes, a fim de obter custos mais baixos e melhores condições de comercialização na região Sudeste. A Estrada de Ferro Goiás teve suas obras iniciadas na primeira metade do século XX, sendo o primeiro meio de transporte que propiciou ao estado de Goiás condições reais de escoamento da sua produção para a região Sudeste. Além de fazer todo o transporte de produtos destinados à exportação, levava, também, os produtos manufaturados do Sudeste para Goiás. Assim, a estrada de ferro, mais especificamente os terminais ferroviários, desempenharam a função de transformar a vida econômica e social das populações que viviam naqueles locais, pois, aos redores dos terminais ferroviários, desenvolveram-se vilas e vilarejos, acompanhados de um dinâmico comércio. A Estrada de Ferro de Goiás foi importante para a inserção do Goiás no processo de acumulação de capital industrial que estava ocorrendo no país. Porém os problemas financeiros e técnicos, em conjunto com a chegada da rede rodoviária federal na região Centro-Oeste, levaram a Estrada de Ferro de Goiás a assumir um papel secundário como um meio de transporte. Em última análise, a ferrovia, além de ter constituído uma via de transporte estratégica na ocupação do Centro-Oeste, foi um elemento fundamental na reorganização do espaço agrário regional e na estruturação da economia goiana. Nesse contexto, a malha rodoviária viria complementar a infraestrutura de transportes, necessária à plena inserção do estado de Goiás ao mercado nacional. Até a década de 1950, o desenvolvimento das rodovias Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 17 34 no estado ficava a cargo da iniciativa privada, dos governos estadual e municipal, não apresentando grande desenvolvimento, em razão da escassez de recursos para aplicar nessa área. A escolha pela expansão da rede rodoviária e não pela expansão e melhorias da rede ferroviária teve como pano de fundo o interesse político, pois os governos estaduais distribuíam subsídios ao capital privado. Com a construção de Brasília, o contexto foi alterado, passando a ser de interesse federal o desenvolvimento da estrutura rodoviária do Centro-Oeste. Com esse objetivo, foram feitos grandes investimentos em melhorias e na construção de novas rodovias, visando atender às necessidades da nova capital do país e, com isto, consolidar a posição da região como fronteira agrícola e grande exportadora de bens primários para a região Sudeste do país. A rodovia Belém-Brasília teve, também, papel relevante ao beneficiar as regiões localizadas mais ao norte do estado, proporcionando a essas áreas maior integração aos mercados das regiões Norte e Sul do país. Mais uma vez, o interesse político foi responsável pela maior vontade governamental em levar o projeto ao fim, visto que a emergente indústria automobilística multinacional, que estava sendo implantada no país, necessitava de novos mercados consumidores, e a expansão da malha rodoviária era o caminho para esse mercado. Castro (2014) categoriza a industrialização de Goiás em três fases distintas. A primeira fase surge depois da entrada da estrada de ferro – por volta de 1912 – em terras goianas e de sua chegada em Anápolis (1935), começo da construção de Goiânia (1933) e vai até meados do Século XX (aproximadamente de 1930 até 1960). Ao final deste período, o parque industrial instalado tinha uma característica agroindustrial. A segunda fase, que vai da década de 1960 a 1980, foi marcada pela expansão da fronteira agrícola que atingia o cerrado na época e pelo advento das ações para o desenvolvimento regional no Brasil, que resultaram na criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). Tais ações visavam promover a modernização da produção agropecuária e ampliação da infraestrutura (principalmente a de transporte), o que propiciou a instalação de novos empreendimentos agroindustriais de porte maior e tecnologias mais modernas. Em contrapartida, o governo do estado, implantou o Plano de Desenvolvimento de Goiás (em 1961), ampliou os mecanismos de atração industrial, atualizando o incentivo fiscal, e ainda, criando a Secretaria da Indústria e Comércio (em 1961) e o Goiásindustrial (em 1973), com a finalidade de dinamizar e consolidar o crescente processo de industrialização. A terceira fase vem na esteira da desconcentração da indústria da região Sudeste, secundada pelas políticas industriais de atração de empresas, baseadas em incentivos fiscais e ampliação de infraestrutura, o que tem provocado a diversificação do parque produtivo do estado. Distritos industriais e agroindustriais foram implantados em cidades-polo. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 18 34 QUESTÕES COMENTADAS 1. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) O povoamento do território goiano por paulistas e portugueses teve início há quase trezentos anos. Como eram conhecidos os primeiros desbravadores do território goiano? (A) Bandeirantes. (B) Caminhantes. (C) Romeiros. (D) Peregrinos. COMENTÁRIOS: Os desbravadores do território goiano eram conhecidos como bandeirantes. Desde o primeiro século de colonização do Brasil, o estado de Goiás foi percorrido pelas Bandeiras e pelas Descidas. Todavia, foi somente no século XVIII, com a mineração, que se iniciou a ocupação efetiva do território goiano pelos portugueses. As Bandeiras eram expedições particulares que não respeitavam os limites de Tordesilhas. Em geral, começavam a partir da Vila de São Paulo de Piratininga, na Capitania de São Vicente (hoje São Paulo). Visavam, primeiramente, à prospecção do território e de metais preciosos, além de se dedicarem ao apresamento de índios para escravização. Gabarito: A 2. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) A primeira capital goiana foi a Cidade de Goiás, povoação fundada no século XVIII às margens do Rio Vermelho. Qual foi seu primeiro nome antes de chamar-se Cidade de Goiás? (A) Arraial do Ouro Fino. (B) Arraial de Meia Ponte. (C) Arraial de Santa Ana. (D) Arraial de Traíras. COMENTÁRIOS: Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 19 34 O primeiro nome da cidade de Goiás foi Arraial de Sant’Anna, fundado em 1727, por Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, às margens do rio Vermelho. Gabarito: C 3. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) O povoamento do território goiano ocorreu a partir de 1726, com a vinda dos bandeirantes e mineradores paulistas, portugueses e de outras regiões da colônia brasileira. A capitania de Goiás, com governo próprio, seria criada somente em 1748. Até esse ano, a capitania pertencia ao território (A) do Rio de Janeiro. (B) de Minas Gerais. (C) de São Paulo. (D) do Mato Grosso. COMENTÁRIOS: Até o ano de 1748, a região onde foi criada a Capitania de Goiás fazia parte da Capitania de São Paulo. Gabarito: C 4. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) No século XVIII, em Goiás, o ouro era levado para a Casa de Fundição, onde se retirava o quinto para o rei e a parte restante era devolvida ao minerador, sendo fundido em barras, carimbado,recebendo uma guia para poder ser exportado. Em Goiás, foram criadas duas casas de fundição, uma no Sul, na sede administrativa das minas goianas, e outra em um arraial, mais ao Norte. Essas casas de fundição ficavam em (A) Vila Boa e Traíras. (B) Vila Boa e Crixás. (C) Vila Boa e São Félix. (D) Vila Boa e Meia Ponte. COMENTÁRIOS: A Capitania de Goiás contava com duas casas de fundição. A primeira foi instalada no sul, na sede administrativa das minas goianas, em Vila Boa, no ano de 1751. A segunda casa de fundição foi instalada no ano de 1754, mais ao Norte, no arraial de São Félix. Em 1796 foi transferida para Cavalcante e extinta em 1807. Gabarito: C Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 20 34 5. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Aqui nos desconfiamos de todo, persuadidos que o Anhanguera nos queria acabar no meio daqueles matos.” BRAGA, J. P. Memórias goianas - a bandeira do Anhanguera a Goyaz, em 1722. Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 13. O texto citado refere-se ao conflito entre o português alferes Silva e Braga e o paulista Bartolomeu Bueno da Silva, durante a Bandeira que foi o prenúncio da exploração sistemática da mineração aurífera da chamada Minas do Goyazes. Esse conflito expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada a) pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das minas na Guerra dos Emboabas. b) pela recusa dos portugueses em permitir que os bandeirantes paulistas escravizassem indígenas. c) pela vontade dos portugueses de retirar as minas descobertas da tutela administrativa dos paulistas. d) pelas disputas religiosas entre paulistas e jesuítas referentes ao concubinato com mulheres indígenas. COMENTÁRIOS: O conflito citado expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das minas de ouro na Guerra dos Emboabas. Esse conflito armado ocorreu entre os anos de 1707 e 1709. Teve como causa principal a disputa pela exploração das minas de ouro recém descobertas na região das Minas Gerais. Os paulistas queriam exclusividade na exploração da região, pois afirmavam que tinham descoberto as minas. Os paulistas foram derrotados e a Coroa Portuguesa criou a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Expulsos da região das Minas Gerais, os bandeirantes paulistas foram procurar ouro nas regiões de Goiás e Mato Grosso. Gabarito: A 6. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “No quadro de dificuldades econômicas, característico do século XIX em Goiás, a pecuária destacou-se como única atividade de caráter eminentemente comercial, sendo a lavoura voltada para a subsistência dos próprios plantadores, sendo o pouco excedente comercializado nos arraiais locais.” ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67. O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da economia goiana da primeira metade do século XIX, deveu-se fundamentalmente à a) industrialização do charque que disputou mercados com a produção sulista. b) excelente qualidade do gado zebu, que substituiu o improdutivo gado curraleiro. c) exportação de queijo por meio de tropeiros para Rio de Janeiro e São Paulo. d) possibilidade de o gado se autotransportar, alcançando, assim, lugares distantes. COMENTÁRIOS: Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 21 34 O caráter comercial da pecuária, no contexto da economia goiana da primeira metade do século XIX, deveu- se fundamentalmente à possibilidade de o gado se autotransportar, o que favorecia o seu deslocamento para os distantes mercados consumidores. Gabarito: D 7. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Com a decadência ou desaparecimento do ouro, o governo português, que antes procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as minas, passou, através das autoridades, a incentivar e promover a agricultura em Goiás.” PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994. p. 41. No contexto mencionado no texto citado, o príncipe regente D. João, no início do século XIX, adotou algumas medidas de incentivo à agricultura que afetaram Goiás. Uma dessas medidas foi a a) construção da estrada de ferro, ligando Goiás a Minas Gerais, para viabilizar a exportação de produtos agrícolas. b) isenção da cobrança do dízimo por dez anos aos agricultores que se estabelecessem às margens dos rios Tocantins e Araguaia. c) permissão aos particulares para utilização de mão de obra compulsória dos indígenas na produção agrícola. d) proibição da navegação nos rios Araguaia e Tocantins para evitar a concorrência dos produtos agrícolas vindos do Pará. COMENTÁRIOS: A partir de 1775, com a mineração em franco declínio, o Primeiro Ministro de Portugal, Sebastião de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, toma diversas medidas para diversificar a economia no Brasil, sendo que várias delas vão afetar diretamente a capitania de Goiás. A primeira, como tentativa de estimular a produção, foi isentar de impostos por um período de 10 anos os lavradores que fundassem estabelecimentos agrícolas às margens dos rios. Dentre os produtos beneficiados estavam o algodão, a cana-de-açúcar e o gado. A segunda medida foi a criação, em 1775 da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, para explorar a navegação e o comércio nos rios amazônicos, incluindo os rios Araguaia e Tocantins. O Marquês de Pombal também ordenou a criação dos chamados aldeamentos indígenas. Todas essas medidas fracassaram. Gabarito: B 8. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX, a situação econômica da capitania era crítica. A palavra decadência é a que mais se encontra entre os vários apelos e lamentos daqueles que a habitam, sejam provenientes das autoridades governamentais, sejam de elementos do povo”. FUNES, E. A. Goiás 1800 – 1850: um período de transição da mineração à agropecuária. Goiânia: Editora da UFG, 1986. p. 32. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 22 34 O texto citado aborda a crise da produção aurífera em Goiás. A consequência dessa crise foi o a) incremento da arrecadação tributária como consequência de o controle do contrabando ser mais eficaz na atividade agropecuária. b) aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e mudar-se para o campo. c) crescimento da importação de escravos para viabilizar a exploração de minas auríferas de maior profundidade. d) acréscimo da atividade comercial em virtude do aproveitamento de capitais antes empregados na mineração. COMENTÁRIOS: A crise do ouro fez com que Goiás regredisse a uma economia de subsistência baseada na agricultura e na pecuária. Houve um aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e mudar-se para o campo. Gabarito: B 9. (FUNCAB/SEMARH) A descoberta do ouro, no Brasil, no século XVII, ativou a cobiça das autoridades que identificavam a riqueza com a posse dos metais preciosos. Por ordem real, na época, todos os braços disponíveis deveriam ser empregados na extração do ouro, o que explica: A) os baixos impostos cobrados para a produção de produtos agrícolas. B) os inúmeros tipos de jazidas que foram exploradas em consequência da abundância do ouro. C) o grande número de entradas e bandeiras vindas de todo o país para Goiás. D) a grande riqueza da cidade de Goiás ocasionada pela grande produção de ouro. E) o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuáriaem Goiás. COMENTÁRIOS: Por ordem da Coroa portuguesa, os territórios das minas deveriam dedicar-se exclusivamente à produção de ouro, sem desviar esforços na produção de outros bens, que poderiam ser importados. Os alimentos e todas as outras coisas necessárias para a vida vinham das capitanias da costa. As minas eram assim, uma espécie de colônia dentro da colônia, no dizer do historiador Luís Palacin. Essa determinação real explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás no período da mineração. Gabarito: E 10. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) Com o processo de Independência do Brasil em 1822, a estrutura política não sofre mudanças marcantes em Goiás. Essas mudanças ocorrem de maneira gradual e com disputas internas pelo poder entre os grupos locais. Nesse contexto destaca-se: a) o atrito dos grandes proprietários de terra com o governo central, pois eles eram totalmente contra a separação de Portugal. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 23 34 b) o movimento separatista do norte de Goiás, provocado por interesses econômicos e políticos dos grandes proprietários de terra descontentes com a falta de benefícios do governo. c) o elevado índice de imigrantes estrangeiros, que se tornaram responsáveis pelo desenvolvimento da pecuária no Estado. d) a recuperação da economia mineradora com a descoberta de novas jazidas na região norte do Estado. e) a consolidação da separação do norte, aprovada em 1823 pelo governo imperial. COMENTÁRIOS: a) Incorreta. Os grandes proprietários de terra eram em sua maioria favoráveis a independência do Brasil. b) Correta. O movimento separatista do norte de Goiás, em 1821, foi a primeira tentativa oficial de criação do que hoje é o estado do Tocantins. O movimento foi provocado por interesses econômicos e políticos dos grandes proprietários de terra descontentes com a falta de benefícios do governo. c) Incorreta. Era baixo o índice de imigrantes estrangeiros. d) Incorreta. Em 1822 a economia mineradora estava na fase final do seu declínio. A produção de ouro era muito pequena. A última grande descoberta de ouro foi em Anicuns, na região central de Goiás, em 1809. e) Incorreta. O governo imperial foi contrário à separação do Norte de Goiás e recomendou o restabelecimento da unidade provincial, em 1823, no que foi atendido. Gabarito: B 11. (SOUZÂNDRADE/CBMGO – CADETE) Com a decadência da mineração, nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX, a economia goiana entra em profunda crise. Nesse período, a pecuária torna-se, lentamente, o setor mais dinâmico da economia, tendo como característica essencial a) a forma extensiva e a capacidade de deslocamento dos animais para os mercados consumidores. b) a forma intensiva possibilitando a formação de um grande rebanho, que logo de início transformou Goiás no principal criador do Brasil. c) o grande estímulo e investimento oferecidos pela administração da Província na época. d) a grande importância social do fazendeiro, muito conceituado mesmo na época do ouro. e) a produção voltada para o mercado consumidor interno, capaz de absorver a produção devido ao enriquecimento alcançado no período da mineração. COMENTÁRIOS: A criação de gado era extensiva. Os animais eram autotransportáveis, o que favorecia o seu deslocamento para os mercados consumidores. Gabarito: A 12. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) O século XVII representou a etapa de investigação das possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido. No século seguinte, em função da expansão da marcha do ouro, ele foi devassado em todos os sentidos, Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 24 34 estabelecendo-se a sua efetiva ocupação através da mineração. Nesse sentido, pode-se afirmar que a economia goiana no final do século XVIII se caracteriza: a) Pelo aumento da arrecadação fiscal e da imigração para a região. b) Como um período de desenvolvimento através do processo de industrialização urbana. c) Pelo declínio da mineração e empobrecimento da capitania que se volta para as atividades agropecuárias. d) Como o período áureo, grande circulação de riqueza, intenso povoamento, apogeu da mineração. e) Pelo crescimento comercial e desenvolvimento urbano. COMENTÁRIOS: O ciclo da mineração do ouro em Goiás foi breve. Nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX a situação econômica da capitania era crítica, o que leva o goiano a se voltar para as atividades agropecuárias. Gabarito: C 13. (SOUSAÂNDRADE/SSP-GO) Definir uma região significa, sobretudo, ordenar, classificar, hierarquizar. A exploração do ouro alargou o território colonial. Goiás, como região, é fruto desse processo, pois a (as): a) exploração do ouro exigia um investimento de vulto em homens e maquinários destinados a retirar o metal das profundezas da terra. A posse de escravos definia o sucesso da empresa mineradora. b) descobertas seguiam o impulso incontrolável da cobiça. A criação das vilas reafirmou o livre domínio dos mineiros em confronto direto com as autoridades metropolitanas. c) riqueza do ouro propiciou o entrelaçamento de interesses econômicos entre mineiros e roceiros, valorizando assim as atividades agrícolas e pastoris que assumiram importância vital para a economia goiana nos séculos XVIII e XIX. d) riqueza do ouro era apropriada por aqueles que se aventurassem pelo sertão goiano. Escravos fugidos se transformaram em ricos proprietários de datas de terra, demarcando um tempo de mobilidade social. e) descobertas de ouro anunciavam novos territórios a explorar, anunciavam também desordens e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região. COMENTÁRIOS: No Brasil e em Goiás, o ouro encontrava-se depositado na superfície ou em pequenas profundidades: inicialmente exploravam-se os veios (nos leitos dos rios), que eram superficiais; em seguida, os tabuleiros (nas margens), que eram pouco profundos; e, finalmente, as grupiaras (nas encostas), que eram mais profundas. Dizemos, por isso, que predominou o ouro de aluvião, que era depositado no fundo dos rios e de fácil extração. A extração do ouro de aluvião era simples. Na organização das lavras, as empresas eram concebidas de modo a poderem se mobilizar constantemente, conferindo à atividade mineradora um caráter nômade. Por conseguinte, o investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto. Seguindo as Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza ==261f9a== 25 34 características de toda a economia colonial, a mineração era igualmente extensiva e utilizava o trabalho escravo. A técnica de extração era rudimentar e número de escravos para cada lavra era reduzido. A manutenção de uma empresa com elevado e permanente número de escravos era incompatível com a natureza incerta das descobertas e da produtividade das minas. As descobertas de ouro em Goiás anunciavam novos territórios a explorar, anunciavam também desordens e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região. Gabarito: E 14. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO) Leia o quadro a seguir. Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e 2005 Ano: 1753 2005 Produção anual (kg) 3.060 9.449 PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994. <www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out. 2008. Os dados do quadro permitem comparar a produção aurífera goianado século XVIII e a produção contemporânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar: a) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía um peso maior na economia portuguesa, no século XVIII, do que possui atualmente na economia brasileira, em virtude da política mercantilista de acumulação de ouro e prata, naquela época. b) a maior produção aurífera de 2005 pode ser explicada pela utilização de recursos tecnológicos que permitem a exploração de jazidas profundas, enquanto, em 1753, explorava basicamente o chamado ouro de aluvião. c) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal do minério era muito maior no século XVIII do que no século XXI. d) o peso proporcional da produção aurífera do ano de 2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três vezes maior do que o da produção aurífera do ano de 1753. COMENTÁRIOS: Questão muito fácil. A base da economia goiana atual é a agropecuária, com um setor industrial em expansão e um setor de serviços bastante desenvolvido. Além da mineração de vários recursos minerais. Em 1753, a produção aurífera correspondia a grande parte da arrecadação tributária de Goiás. No período atual, século XXI, a arrecadação tributária derivada da produção de ouro não é significativa no total das receitas estaduais. Gabarito: D 15. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) No final do século XVII descobriu-se ouro em Minas Gerais e no início do século XVIII, estava no auge dos descobrimentos de áreas auríferas. Eram através de Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 26 34 expedições, um sistema denominado de Entradas e Bandeiras. Este último chegou à Goiás descobrindo grandes jazidas auríferas, o chefe do grupo era conhecido como a) Raposo Tavares b) Bartolomeu Bueno da Silva c) Fernão Dias Paes d) Amaro Leite e) Pascoal Moreira Cabral COMENTÁRIOS: O bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva (filho do primeiro Anhanguera) chegou em Goiás início do século XVIII, descobrindo ouro nas cabeceiras do rio Vermelho, na região da atual cidade de Goiás. Gabarito: B 16. (CORPO DE BOMBEIROS TO - CHC) – Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa implantou um sistema de cobrança de impostos. No norte de Goiás foi implantando um imposto muito mais elevado em relação ao sul de Goiás, causando assim, revolta e descontentamento pelos nortistas, esse imposto denomina-se: a) Entradas b) Passagem c) Sizas d) Derrama e) Captação COMENTÁRIOS: Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa implantou o quintamento ou o quinto, que consistia no pagamento de 20% do ouro extraído pelos mineiros. No norte de Goiás foi implantada a capitação ou captação no lugar do quinto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. As entradas eram impostos obrigatórios sobre todas as coisas comerciáveis. A passagem era um imposto sobre o trânsito nos rios e a siza sobre o comércio de escravos. Gabarito: E 17. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) A produção de ouro em Goiás, foi a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais. Essa atividade foi responsável pelo surgimento de vários aglomerados urbanos. Alguns não resistiram à crise econômica causada pela escassez do produto e desapareceram. Foram vários fatores que deram causa ao fim da era aurífera. Dentre eles podemos mencionar: a) A carência de mão-de-obra e a disputa entre mineração e pecuária Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 27 34 b) A má administração federal e o contrabando por parte dos índios c) As técnicas rudimentares e a concorrência da agricultura d) O esgotamento das minas em virtude das técnicas rudimentares e) Os interesses escusos do governo central e a interferência da indústria COMENTÁRIOS: Entre os fatores que deram causa ao fim da era aurífera, destaca-se o esgotamento das minas em virtude de ter sido explorado somente o ouro de aluvião, isto é, das margens dos rios, com o emprego de técnica rudimentar de extração do metal. Gabarito: D 18. (CHCPM TO - adaptada) Sobre o movimento dos bandeirantes que ocorreu durante o século XVIII, é correto afirmar que o primeiro a descobrir ouro nos sertões do antigo Norte de Goiás foi: a) Manuel Campos da Silva. b) Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera. c) Domingos Rodrigues. d) Antônio Pedroso Alvarenga. COMENTÁRIOS: O primeiro bandeirante a descobrir ouro nos sertões de Goiás foi Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera). Gabarito: B 19. (UFG GO) A expansão da colonização portuguesa na América, a partir da segunda metade do século XVII, foi marcada por um conjunto de medidas, dentre as quais podemos citar: A) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas mercantilistas. B) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para garantir a posse dos territórios por Portugal. C) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do planalto central. D) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta dos preços no mercado internacional. E) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses, para conter o expansionismo espanhol. COMENTÁRIOS: Uma das medidas relacionadas à expansão da colonização portuguesa na América, a partir da segunda metade do século XVII, foi o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do planalto central. Gabarito: C Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 28 34 LISTA DE QUESTÕES 1. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) O povoamento do território goiano por paulistas e portugueses teve início há quase trezentos anos. Como eram conhecidos os primeiros desbravadores do território goiano? (A) Bandeirantes. (B) Caminhantes. (C) Romeiros. (D) Peregrinos. 2. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) A primeira capital goiana foi a Cidade de Goiás, povoação fundada no século XVIII às margens do Rio Vermelho. Qual foi seu primeiro nome antes de chamar-se Cidade de Goiás? (A) Arraial do Ouro Fino. (B) Arraial de Meia Ponte. (C) Arraial de Santa Ana. (D) Arraial de Traíras. 3. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) O povoamento do território goiano ocorreu a partir de 1726, com a vinda dos bandeirantes e mineradores paulistas, portugueses e de outras regiões da colônia brasileira. A capitania de Goiás, com governo próprio, seria criada somente em 1748. Até esse ano, a capitania pertencia ao território (A) do Rio de Janeiro. (B) de Minas Gerais. (C) de São Paulo. (D) do Mato Grosso. 4. (UFG-CS/PREFEITURA DE GOIÂNIA/2022) No século XVIII, em Goiás, o ouro era levado para a Casa de Fundição, onde se retirava o quinto para o rei e a parte restante era devolvida ao minerador, sendo fundido em barras, carimbado, recebendo uma guia para poder ser exportado. Em Goiás, foram criadas duas casas de fundição, uma no Sul, na sede administrativa das minas goianas, e outra em um arraial, mais ao Norte. Essas casas de fundição ficavam em (A) Vila Boa e Traíras. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 29 34 (B) Vila Boa e Crixás. (C) Vila Boa e São Félix. (D) Vila Boa e Meia Ponte. 5. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Aqui nos desconfiamos de todo, persuadidos que o Anhanguera nos queria acabar no meio daqueles matos.” BRAGA, J.P. Memórias goianas - a bandeira do Anhanguera a Goyaz, em 1722. Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 13. O texto citado refere-se ao conflito entre o português alferes Silva e Braga e o paulista Bartolomeu Bueno da Silva, durante a Bandeira que foi o prenúncio da exploração sistemática da mineração aurífera da chamada Minas do Goyazes. Esse conflito expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada a) pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das minas na Guerra dos Emboabas. b) pela recusa dos portugueses em permitir que os bandeirantes paulistas escravizassem indígenas. c) pela vontade dos portugueses de retirar as minas descobertas da tutela administrativa dos paulistas. d) pelas disputas religiosas entre paulistas e jesuítas referentes ao concubinato com mulheres indígenas. 6. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “No quadro de dificuldades econômicas, característico do século XIX em Goiás, a pecuária destacou-se como única atividade de caráter eminentemente comercial, sendo a lavoura voltada para a subsistência dos próprios plantadores, sendo o pouco excedente comercializado nos arraiais locais.” ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67. O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da economia goiana da primeira metade do século XIX, deveu-se fundamentalmente à a) industrialização do charque que disputou mercados com a produção sulista. b) excelente qualidade do gado zebu, que substituiu o improdutivo gado curraleiro. c) exportação de queijo por meio de tropeiros para Rio de Janeiro e São Paulo. d) possibilidade de o gado se autotransportar, alcançando, assim, lugares distantes. 7. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Com a decadência ou desaparecimento do ouro, o governo português, que antes procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as minas, passou, através das autoridades, a incentivar e promover a agricultura em Goiás.” PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994. p. 41. No contexto mencionado no texto citado, o príncipe regente D. João, no início do século XIX, adotou algumas medidas de incentivo à agricultura que afetaram Goiás. Uma dessas medidas foi a a) construção da estrada de ferro, ligando Goiás a Minas Gerais, para viabilizar a exportação de produtos agrícolas. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 30 34 b) isenção da cobrança do dízimo por dez anos aos agricultores que se estabelecessem às margens dos rios Tocantins e Araguaia. c) permissão aos particulares para utilização de mão de obra compulsória dos indígenas na produção agrícola. d) proibição da navegação nos rios Araguaia e Tocantins para evitar a concorrência dos produtos agrícolas vindos do Pará. 8. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX, a situação econômica da capitania era crítica. A palavra decadência é a que mais se encontra entre os vários apelos e lamentos daqueles que a habitam, sejam provenientes das autoridades governamentais, sejam de elementos do povo”. FUNES, E. A. Goiás 1800 – 1850: um período de transição da mineração à agropecuária. Goiânia: Editora da UFG, 1986. p. 32. O texto citado aborda a crise da produção aurífera em Goiás. A consequência dessa crise foi o a) incremento da arrecadação tributária como consequência de o controle do contrabando ser mais eficaz na atividade agropecuária. b) aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e mudar-se para o campo. c) crescimento da importação de escravos para viabilizar a exploração de minas auríferas de maior profundidade. d) acréscimo da atividade comercial em virtude do aproveitamento de capitais antes empregados na mineração. 9. (FUNCAB/SEMARH) A descoberta do ouro, no Brasil, no século XVII, ativou a cobiça das autoridades que identificavam a riqueza com a posse dos metais preciosos. Por ordem real, na época, todos os braços disponíveis deveriam ser empregados na extração do ouro, o que explica: A) os baixos impostos cobrados para a produção de produtos agrícolas. B) os inúmeros tipos de jazidas que foram exploradas em consequência da abundância do ouro. C) o grande número de entradas e bandeiras vindas de todo o país para Goiás. D) a grande riqueza da cidade de Goiás ocasionada pela grande produção de ouro. E) o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás. 10. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) Com o processo de Independência do Brasil em 1822, a estrutura política não sofre mudanças marcantes em Goiás. Essas mudanças ocorrem de maneira gradual e com disputas internas pelo poder entre os grupos locais. Nesse contexto destaca-se: a) o atrito dos grandes proprietários de terra com o governo central, pois eles eram totalmente contra a separação de Portugal. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 31 34 b) o movimento separatista do norte de Goiás, provocado por interesses econômicos e políticos dos grandes proprietários de terra descontentes com a falta de benefícios do governo. c) o elevado índice de imigrantes estrangeiros, que se tornaram responsáveis pelo desenvolvimento da pecuária no Estado. d) a recuperação da economia mineradora com a descoberta de novas jazidas na região norte do Estado. e) a consolidação da separação do norte, aprovada em 1823 pelo governo imperial. 11. (SOUZÂNDRADE/CBMGO – CADETE) Com a decadência da mineração, nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX, a economia goiana entra em profunda crise. Nesse período, a pecuária torna-se, lentamente, o setor mais dinâmico da economia, tendo como característica essencial a) a forma extensiva e a capacidade de deslocamento dos animais para os mercados consumidores. b) a forma intensiva possibilitando a formação de um grande rebanho, que logo de início transformou Goiás no principal criador do Brasil. c) o grande estímulo e investimento oferecidos pela administração da Província na época. d) a grande importância social do fazendeiro, muito conceituado mesmo na época do ouro. e) a produção voltada para o mercado consumidor interno, capaz de absorver a produção devido ao enriquecimento alcançado no período da mineração. 12. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) O século XVII representou a etapa de investigação das possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido. No século seguinte, em função da expansão da marcha do ouro, ele foi devassado em todos os sentidos, estabelecendo-se a sua efetiva ocupação através da mineração. Nesse sentido, pode-se afirmar que a economia goiana no final do século XVIII se caracteriza: a) Pelo aumento da arrecadação fiscal e da imigração para a região. b) Como um período de desenvolvimento através do processo de industrialização urbana. c) Pelo declínio da mineração e empobrecimento da capitania que se volta para as atividades agropecuárias. d) Como o período áureo, grande circulação de riqueza, intenso povoamento, apogeu da mineração. e) Pelo crescimento comercial e desenvolvimento urbano. 13. (SOUSAÂNDRADE/SSP-GO) Definir uma região significa, sobretudo, ordenar, classificar, hierarquizar. A exploração do ouro alargou o território colonial. Goiás, como região, é fruto desse processo, pois a (as): a) exploração do ouro exigia um investimento de vulto em homens e maquinários destinados a retirar o metal das profundezas da terra. A posse de escravos definia o sucesso da empresa mineradora. b) descobertas seguiam o impulso incontrolável da cobiça. A criaçãodas vilas reafirmou o livre domínio dos mineiros em confronto direto com as autoridades metropolitanas. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 32 34 c) riqueza do ouro propiciou o entrelaçamento de interesses econômicos entre mineiros e roceiros, valorizando assim as atividades agrícolas e pastoris que assumiram importância vital para a economia goiana nos séculos XVIII e XIX. d) riqueza do ouro era apropriada por aqueles que se aventurassem pelo sertão goiano. Escravos fugidos se transformaram em ricos proprietários de datas de terra, demarcando um tempo de mobilidade social. e) descobertas de ouro anunciavam novos territórios a explorar, anunciavam também desordens e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região. 14. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO) Leia o quadro a seguir. Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e 2005 Ano: 1753 2005 Produção anual (kg) 3.060 9.449 PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994. <www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out. 2008. Os dados do quadro permitem comparar a produção aurífera goiana do século XVIII e a produção contemporânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar: a) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía um peso maior na economia portuguesa, no século XVIII, do que possui atualmente na economia brasileira, em virtude da política mercantilista de acumulação de ouro e prata, naquela época. b) a maior produção aurífera de 2005 pode ser explicada pela utilização de recursos tecnológicos que permitem a exploração de jazidas profundas, enquanto, em 1753, explorava basicamente o chamado ouro de aluvião. c) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal do minério era muito maior no século XVIII do que no século XXI. d) o peso proporcional da produção aurífera do ano de 2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três vezes maior do que o da produção aurífera do ano de 1753. 15. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) No final do século XVII descobriu-se ouro em Minas Gerais e no início do século XVIII, estava no auge dos descobrimentos de áreas auríferas. Eram através de expedições, um sistema denominado de Entradas e Bandeiras. Este último chegou à Goiás descobrindo grandes jazidas auríferas, o chefe do grupo era conhecido como a) Raposo Tavares b) Bartolomeu Bueno da Silva c) Fernão Dias Paes d) Amaro Leite e) Pascoal Moreira Cabral Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 33 34 16. (CORPO DE BOMBEIROS TO - CHC) – Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa implantou um sistema de cobrança de impostos. No norte de Goiás foi implantando um imposto muito mais elevado em relação ao sul de Goiás, causando assim, revolta e descontentamento pelos nortistas, esse imposto denomina-se: a) Entradas b) Passagem c) Sizas d) Derrama e) Captação 17. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) A produção de ouro em Goiás, foi a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais. Essa atividade foi responsável pelo surgimento de vários aglomerados urbanos. Alguns não resistiram à crise econômica causada pela escassez do produto e desapareceram. Foram vários fatores que deram causa ao fim da era aurífera. Dentre eles podemos mencionar: a) A carência de mão-de-obra e a disputa entre mineração e pecuária b) A má administração federal e o contrabando por parte dos índios c) As técnicas rudimentares e a concorrência da agricultura d) O esgotamento das minas em virtude das técnicas rudimentares e) Os interesses escusos do governo central e a interferência da indústria 18. (CHCPM TO - adaptada) Sobre o movimento dos bandeirantes que ocorreu durante o século XVIII, é correto afirmar que o primeiro a descobrir ouro nos sertões do antigo Norte de Goiás foi: a) Manuel Campos da Silva. b) Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera. c) Domingos Rodrigues. d) Antônio Pedroso Alvarenga. 19. (UFG GO) A expansão da colonização portuguesa na América, a partir da segunda metade do século XVII, foi marcada por um conjunto de medidas, dentre as quais podemos citar: A) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas mercantilistas. B) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para garantir a posse dos territórios por Portugal. C) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do planalto central. Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza 34 34 D) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta dos preços no mercado internacional. E) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses, para conter o expansionismo espanhol. GABARITO 1. A 2. C 3. C 4. C 5. A 6. D 7. B 8. B 9. E 10. B 11. A 12. C 13. E 14. D 15. B 16. E 17. D 18. B 19. C Leandro Signori Aula 03 SEDUC-GO - Realidade Étnica - 2022 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 249845806348208184 - Mariza Fernandes Souza