Buscar

Fichamento - A história do ensino da sociologia no Brasil

Prévia do material em texto

Fichamento de Textual. 
	Revisitando a história do ensino da Sociologia da Educação Básica.
	Nome do discente: Maria Cristina Corrêa dos Reis
	OLIVEIRA, A. Revisitando a história do ensino de Sociologia na Educação Básica. Revista Acta Scientiarum. Education: Maringá. v. 35, n. 2, July-Dec., 2013, p. 179-189.
	O autor introduz o tema sobre a Sociologia da Educação, abordando noções básicas da ciência que estuda a sociedade em todos os seus aspectos, e como ela é recente quando comparada a filosofia e outras matérias da ciência humanas. Além, de fazer comparações sobre a introdução da sociologia no ramo educacional, tendo o Brasil uma aplicação heterogênea quando comparada a América Latina. Sendo uma dessas características singulares a interrupção da ciência no currículo escolar no período da Era Vargas e Ditadura Militar. 
O subtítulo do texto aborda sobre as principais reformas educacionais feitas na primeira metade do século, mostrando as suas aplicações, efeitos e alguns comentários de certos professores, filósofos, etc. O autor começa demonstrando a Reforma Benjamin Constant, feita no século 19, mas, também, traz a relevância dos comentários e debates propostos por Machado, citado por Oliveira, (1987), relatando sobre o caráter elitista da introdução da sociologia nas escolas, por ser inserida nos últimos anos do curso letivo, além, do acesso mais amplo do assunto que só foi concedido aqueles que queriam ingressar em cursos superiores. Após essa reforma escolar que foi mal institucionalizada e que não atendia abertamente a população brasileira, houve a mudança proposta por Rocha Vaz e depois foi concedida a Reforma de Francisco Campo, que trouxe como inclusão a “substituição do jurídico e literário para uma sociologia mais para o realismo” científico, (MEUCCI, apud OLIVEIRA, 2011, p. 57). Moares, traz comentários sobre as novas reformas, trazendo sua opinião em 2011 sobre a falta de preparo e a não formação daqueles que assumem o papel de professores de sociologia, (MOARES, apud OLIVEIRA, 2011, p. 362). 
O autor faz uma grande ênfase no livro “Sociologia: Compendio Escolar para o Curso Gymnasial”, que seria o primeiro manual de sociologia publicado no Brasil. Entretanto, apesar de representar uma grande evolução para essa ciência, o manual não continha uma certa cientificidade nele, trazendo consigo caráter elitista, conservador, além de apresentar presença de ideologias religiosas. Sendo o objetivo deste manual:
Lorton: O fim dessas reuniões é criar homens catholicos, de convicções arraigadas, christãos firmes e solidos. Isto, pelo conhecimento mais aprofundado das verdades religiosas, por uma conducta sempre honesta, pura e illibada, e frequentação assidua dos sacramentos, pela penetração lenta de todas as virtudes naturaes e sobrenaturais” (LORTON, apud OLIVEIRA, 1926, p. 12-13). 
A Reforma de Capanema, que ocorreu em 1942 na Era Vargas, fez com que tirasse a sociologia do ramo estudantil, isso ocorreu por conta de Vargas ser um líder autoritário. O autor do texto traz os comentários de Saviani (2011), que relata do pacto do ditador com a igreja católica, abordando que as partes concordaram em se ajudar se Vargas colocasse as teses católicas na Constituição de 1934, concedido pela parte da igreja o apoio ao Vargas, (SAVIANI, apud OLIVEIRA, 2011, p. 270). Novamente o locutor traz os comentários de outros professores sobre a Reforma de Capanema, sendo um deles Saviani que trouxe relevância novamente ao assunto, abordando:
“Nunca é demais recordar que a Reforma Capanema longe de ter como objeto específico o ensino ou não da Sociologia, focou em realizar um conjunto de reformas que possuíam um caráter centralista, burocratizado e dualista, que separava o ensino secundário, voltado para as elites, do ensino profissional” (SAVIANI, apud OLIVEIRA, 2011).
A Reforma Universitária, em 1968, fez com que acentuasse o declínio da educação no curso de ciências sociais, sendo em uma de suas medidas a separação dos dois cursos, tendo a educação um objeto de reflexão ainda mais distante (CUNHA, apud, OLIVEIRA 1992; SILVA, 2002; COSTA; SILVA, 2003; MARTINS; WEBER, 2010; OLIVEIRA, 2012, apud OLIVEIRA, 2013). Fazendo com que a educação se tornasse um processo ainda mais complicado, além de tudo já ocorria desde as medidas adotadas na ditadura militar, como a tentativa de “sucatear” os ensinos ligados à educação. A lei de número 7.044, feita em 1982, teve o objetivo de dar fim à profissionalização obrigatória do ensino médio, o que deu a entrada de novos currículos escolares. Apesar de a sociologia não ter sido uma matéria que estava completamente em vigor nessa época, foi através dessa lei que alguns assuntos relevantes em sociologia e filosofia foram dados, apesar de terem sido de maneira indireta por outras ciências e matérias. 
O autor aborda em seu texto a seguinte problemática atrelada à matéria que estuda a sociedade em todos os seus aspectos, sendo ela, a noção de que a sociologia tem a função de formar o ser social para a cidadania. O que em certa parte não é cem por cento verídico, uma vez que apesar da sociologia indagar o questionamento sobre a realidade do ser, ela em si não tem capacidade de “formar” o cidadão para assumir o seu papel social, tendo em mente que essa ação deriva de outras habilidades que vão além da ciência própria dita, como a própria relação com o conhecimento que o aluno tem e de como é complexa a relação entre educação e cidadania, (OLIVEIRA, 2013). 
O texto aborda o termo que fala sobre a pedagogia das competências e o ensino ‘transdisciplinar’, que se relaciona a negação da possibilidade da sociologia como disciplina específica na grade curricular. Entretanto, o autor traz o comentário do professor Moraes que questiona as deficiências das formações especificas desses professores que iram aplicar o ensino transdisciplinar, além de citar qual a modalidade que este professor teria que ter para dar esta disciplina e qual seria o conhecimento atribuído, (MOARES, apud OLIVEIRA, 2007, p. 247). O autor traz um comentário sobre a sua indagação sobre: “o fato de que muitas disciplinas que constam nos currículos escolares, cuja permanência não é questionada, não são citadas na LDB, situação inversa à vivenciada pela Sociologia”, (MOARES, apud OLIVEIRA, 2007, p. 247). 
Em 2001 houve o veto para a reincidência da matéria de sociologia e filosofia no ensino médio. Fato que levou muita revolta aos sociólogos, a Federação Nacional dos Sociólogos e o Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo. Uma vez que para levar esse assunto a ser debatido novamente pelo Estado fez com que houvesse muita organização e luta por parte dos interessados da reinserção. Além de notar que a não reincidência vai além da matéria ser ofertada ou não na grade curricular, demanda também uma relação de poder com a sociedade e o Governo, e da valorização do ensinamento oferecido. 
A OCN o Parecer CNE nº 38/06 aprova a introdução da Sociologia e da Filosofia como disciplinas escolares no Ensino Médio, fazendo com que se dê um avanço no Brasil, além de não averiguar o ensino ‘transdisciplinar’. Esse processo se solidifica com a aprovação da Lei nº 11.684/08 (BRASIL, 2008) que torna obrigatória as disciplinas de Sociologia e Filosofia. O autor comenta também sobre o insulamento acadêmico e os seus desafios na realidade brasileira, comentando que essa ação deveria ser cessada, (OLIVEIRA, 2013).

Continue navegando