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Livro-Texto-Unidade I

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Autora: Profa. Neusa Meirelles Costa
Colaboradoras: Profa. Maria José da Silva Dias
 Profa. Tânia Sandroni
Tópicos de 
Atuação Profissional
Professora conteudista: Neusa Meirelles Costa
Doutora em Ciências Sociais, desde 1968, na área de Ciência Política pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (Unesp), o tema da tese é “Poder local: aparência e realidade, um estudo dos reflexos do Golpe de 1964 
em Rio Claro”.
Desde 1992, é professora titular de Sociologia da Universidade Paulista (UNIP), ministrando cursos de Sociologia 
e de Ciência Política nos Institutos de Ciências Sociais e Comunicação, Ciências Jurídicas e de Ciências Humanas da 
universidade. Desde 1994, é pesquisadora do Programa de Apoio à Pesquisa do Corpo Docente, da Vice-Reitoria de 
Pesquisa e Pós-Graduação da UNIP. Desde então, desenvolveu vários projetos de pesquisa sobre música popular e 
cinema nacional, focalizando, sob uma abordagem foucaultiana, temas como o discurso das letras, corporeidade, 
inclusão e exclusão social, ordem social e seu avesso, subjetividade e formação social. Concluiu, em 2014, pesquisa 
sobre a subjetividade masculina construída pelo cinema nacional, e ainda como pesquisadora passou a integrar o 
Grupo de Pesquisa e Núcleo de Estudos Interdisciplinaridade: Movimento e Transformação, desde sua criação, em 2014.
Desde 2005, produz textos didáticos para cursos presenciais que ministra na UNIP, em Sociologia Geral, Filosofia 
e Ciência Política. Em 2007, desenvolveu conteúdo para divulgação on-line de cursos especiais de Sociologia e de 
Sociologia da Comunicação, como líder de disciplina de Sociologia da Comunicação. No curso de Sociologia da UNIP 
EAD, professora e autora dos livros-texto das disciplinas Sociologia da Comunicação (2013), Pensamento Político 
Moderno (2014) e Pensamento Social Brasileiro (2015).
Membro da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Membro da Associação Internacional para Estudos da Música 
Popular – América Latina (IASPM-AL), em cujos congressos nacionais e internacionais tem apresentado trabalhos. 
Publicou a obra De amor, cotidiano e outras falas na música brasileira popular.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C837t Costa, Neusa Meirelles.
Tópicos de atuação Profissional. / Neusa Meirelles Costa. 2. ed. 
São Paulo: Editora Sol, 2020.
96 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Atuação Profissional. 2. Sociologia. 3. Identidade Profissional. 
I. Título.
CDU 301
U420.48 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Vitor Andrade
Sumário
Tópicos de Atuação Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 IDENTIDADE PROFISSIONAL: QUEM É O SOCIÓLOGO?........................................................................9
1.1 Ser sociólogo (a) seria uma identidade? ..................................................................................... 10
1.2 Ser sociólogo seria uma vocação? ................................................................................................ 11
1.3 Ser sociólogo, a escolha de uma profissão ................................................................................ 12
2 O REGISTRO PROFISSIONAL ........................................................................................................................ 19
3 SER SOCIÓLOGO E PROFESSOR DE SOCIOLOGIA ................................................................................ 20
3.1 Lecionar Sociologia é atividade privativa do sociólogo? ..................................................... 21
3.2 O exercício do magistério – exigências ....................................................................................... 23
3.3 O que é ser professor de sua própria profissão? ...................................................................... 25
4 QUAL SOCIOLOGIA DEVA SER LECIONADA, COM QUAIS OBJETIVOS E TEMAS? .................... 26
4.1 Qual sentido de ministrar Sociologia para jovens do Ensino Médio? ............................. 26
4.2 Objetivos e finalidades a atingir com o ensino da disciplina ............................................. 31
4.3 A Sociologia a ser ensinada: temas e assuntos considerados ............................................ 32
Unidade II
5 AUTOFORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA ............................................. 37
5.1 Recursos para autoformação continuada do professor de Sociologia .......................... 40
5.2 A integração do professor de Sociologia na comunidade científica nacional 
e internacional .............................................................................................................................................. 47
5.2.1 A comunidade científica nacional ................................................................................................... 47
5.2.2 A comunidade científica internacional .......................................................................................... 48
6 A ÉTICA PROFISSIONAL DO SOCIÓLOGO ................................................................................................ 49
7 TÓPICOS ESPECIAIS SOBRE A SOCIOLOGIA .......................................................................................... 60
7.1 A escolha do objeto de pesquisa .................................................................................................... 61
7.2 Poder, metodologia, procedimentos de pesquisa e questões paralelas ......................... 61
7.2.1 Quando os dados empíricos obrigam à revisão teórica conceptual .................................. 63
7.2.2 A prática do poder político e a norma legal ................................................................................ 64
7.3 Os procedimentos de pesquisa ....................................................................................................... 65
8 EMPIRICIDADES, SOCIOLOGIA E FILMES ................................................................................................ 67
8.1 Discurso e imagem na construção da sociabilidade .............................................................. 72
8.2 A fresta e o olhar para a disjunção entre norma e prática ................................................. 74
8.3 Subjetividade e subjetivação, as práticas ................................................................................... 75
8.4 As práticas e seus agentes, os segmentos em foco ................................................................ 76
8.5 Quando a pesquisa se impõe à pesquisadora ...........................................................................77
8.6 Subjetividade e subjetivação, deslizamento para além das telas ..................................... 79
8.7 Espiando pela fresta do cinema e vídeos: procedimentos e material ............................ 81
7
APRESENTAÇÃO
Caros (as) alunos (as)
Bem-vindos (as) à disciplina Tópicos de Atuação Profissional; ela se destina à preparação do 
profissional sociólogo, tarefa que envolve questões teóricas, relacionadas à epistemologia das Ciências 
Sociais e temas afins, mas também abrange questões da prática profissional, sobretudo na condição de 
professor de Sociologia no Ensino Médio, sem desconsiderar outras possibilidades que podem existir, 
razão pela qual a formação continuada do profissional aparece com relevância nessas páginas.
A atuação profissional do sociólogo (a) na sociedade brasileira, especialmente como professor 
de Ensino Médio, de Sociologia e disciplinas afins, implica competência e isenção para analisar e 
compreender a realidade social brasileira, em seus vários aspectos, o que só é possível com sólida 
formação teórica e metodológica, além disso, a prática da atuação profissional, em especial na 
docência do Ensino Médio, remete diretamente à dimensão ética da produção da verdade, sempre 
presente no fazer das Ciências Sociais.
Da complexidade da tarefa do profissional de Sociologia e disciplinas afins decorre o caráter desse 
livro-texto: nele, primeiramente, há uma discussão sobre as implicações formais da condição de 
sociólogo (a), completando com os temas a serem trabalhados no Ensino Médio. Depois, são discutidos 
os recursos para formação continuada e inserção na comunidade científica, passando para a discussão 
de dois exemplos de pesquisa, compreendendo construção do “objeto”, a escolha de metodologia, dos 
procedimentos etc.
Aos novos sociólogos (as) é bom lembrar que a profissão é fascinante, e que vai se revelando quanto 
mais com ela se envolve o profissional, mesmo porque, integrada na formação de jovens, cidadãos e 
cidadãs, ela mantém sempre um tempero de utopia, ou talvez, de poesia, por que não?
INTRODUÇÃO
O profissional de Sociologia, independentemente do exercício de uma eventual condição de professor 
ou pesquisador, está presente no palco social em que se inserem as demais profissões, mas há sobre ele 
uma áurea de dúvida: “o que fazem os sociólogos?”
Trata-se de uma dúvida distinta daquela que cerca o luthier, profissional de constrói ou reforma 
instrumentos de corda, visto que seu fazer é imediatamente entendido: “Ah! Reforma e conserto de 
violinos...” Mas, na Sociologia, é diferente, porque, em geral, as pessoas não entendem que sociedade 
não é o conjunto dos habitantes de um lugar, nem o povo, mas algo mais complexo, e não pode ser 
“consertada” por qualquer ação profissional.
Desse estranhamento, parte o exame da profissão de sociólogo e suas implicações, que são cada vez 
mais complexas.
9
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade I
1 IDENTIDADE PROFISSIONAL: QUEM É O SOCIÓLOGO?
A princípio, falta ao sociólogo a imagem social que outras profissões já formaram: médico? Saúde, 
doença, roupa branca. Dentista? Boca, dor de dente, medo, roupa branca. E assim também para o advogado, 
com seus ternos, palavras difíceis e leis; para o engenheiro, com as construções, capacetes etc.
Mas, e o sociólogo? Ele é uma espécie de enigma para o Outro: aparentemente uma pessoa 
comum, com carro, poupança (quando dá), fim de semana, um look de moda despojado e uma 
profissão que...“É igual à daquele ex-presidente”, arremata o Outro, confundindo tudo, tentando, 
com o recurso da semelhança, reconhecer uma profissão tão diferente, numa pessoa tão comum. 
Nem adianta resgatar o diálogo que comumente se instala, a partir dessa tentativa de entendimento, 
porque seria demorado e cansativo.
A imagem social formada é a de alguém que tem assumidamente um compromisso político, (o que 
é verdade), uma determinada filiação política, (que não é a regra), com um determinado partido, (menos 
verdadeiro ainda). Se o Outro ensaia desvendar o enigma a partir dessa imagem herdada dos anos da 
repressão, fala quase sem querer: “Ah! Sociólogo, socialista...”
O discurso que segue deveria ser destinado a desfazer preconceitos, enganos e ilusões forjados 
pela mídia, mas não é assim: em algumas situações, a fala, que supostamente desfaria enganos, vem 
construída em “sociologês antigo”, uma modalidade de discurso pretensamente intelectual e preciso, 
mas que de fato é pernóstico, consistindo na articulação de “palavras difíceis”. Diante disso, o interlocutor 
desiste, mesmo porque, em sua tentativa de entendimento, não esperava uma suposta aula teórica. 
Segue pensando “se não é socialista, nem assistente social, o que é essa profissão, de sociólogo?”
Talvez a resposta deva partir do exame de aspectos que caracterizam o sociólogo, como profissional. 
Em poucas palavras: o olhar, que não se detém nas aparências, mas perscruta desconfiado para além da 
aparência das coisas o sentido e implicações; seu pensamento sobre o que vê, lê e ouve, que é racional 
e crítico; sua perspectiva, que é sempre a da sociedade, e da história.
Se esses traços da sua formação profissional o levam, como um cidadão, para uma determinada 
filiação política, seja para o socialismo, seja para a social-democracia, ou se a sua escolha recai sobre um 
ou outro partido político, são questões de foro e opção individual, e não de vínculo profissional.
É bem verdade que os traços característicos, apontados anteriormente, não se aplicam apenas ao 
sociólogo, mas também aos outros profissionais das Ciências Sociais: aos antropólogos, arqueólogos, 
historiadores... É verdade também que aqueles traços, o olhar, a perspectiva e o pensamento crítico podem 
ser cultivados por qualquer pessoa que assim o deseje. Contudo, nas Ciências Sociais, especialmente na 
10
Unidade I
Sociologia, embora não vestidos em roupas especiais, esses traços constituem parte fundamental da 
formação profissional específica.
Em todos os campos em que o sociólogo possa exercer sua profissão, seja no ensino, no planejamento 
ou na produção cultural, dentre muitos outros, ele deve manter sempre aquele olhar desconfiado, o 
pensamento crítico e a perspectiva do conjunto da sociedade, peculiares à profissão.
1.1 Ser sociólogo (a) seria uma identidade?
Até agora o sociólogo esteve sob a mira do texto, refletindo o modelo social androcêntrico (Bourdieu), 
mas haveria distinção quando se trata de uma mulher, de uma socióloga? Difícil resposta, todavia 
certo é que as complexas questões de gênero constituem temas de pesquisa frequentes na produção 
intelectual e acadêmica de sociólogas, permitindo supor que a vivência da posição de mulher, em uma 
sociedade androcêntrica, reforce o olhar desconfiado das sociólogas para as supostas “igualdades”, 
quando o assunto for a posição da mulher.
De qualquer forma, todo processo de profissionalização empresta à pessoa em formação alguns 
traços de comportamento, eles podem ser, ou não, assumidos como pessoais, embora não constituam, 
a rigor, elementos de identidade pessoal, subjetivação ou de individualização. Isso porque o processo 
de identidade se caracteriza por ser um “reconhecimento de si”, a percepção do Sujeito de si mesmo, 
de seus gostos, preferências, atitudes, valores, corpo etc. Nesses termos, o aspecto significativo é saber 
como o Sujeito se apercebe em meio dos outros, dos que lhe são próximos, amigos, pais, família, bem 
como em meio da sociedade em geral, nas ruas, no cotidiano, ou em ocasiões e momentos especiais, nos 
lugares desconhecidos e situações não experimentadas anteriormente.
Essa dimensão social psicológica do processo de identidade repercute nos relacionamentos sociais, 
gerando uma imagem social que atrai receptividade ou um sentimento de “pertencimento”, de 
acolhimento, reforçado pelas semelhanças entre indivíduos do mesmo grupo.
Contudo, quando se trata de identidade profissional, é a imagem social a que é a projetada, 
e não a do sujeito paraele mesmo, portanto não se pode dizer que o sujeito se reconheça pela 
profissão, apesar de as profissões contaminarem os profissionais com suas características, conforme 
anteriormente apontado.
Quanto à Sociologia, a formação profissional, ao longo de quatro anos, vai reforçando traços de 
comportamento que integram o processo de construção do sujeito e de individuação, mesmo porque o 
olhar desconfiado, o pensamento crítico e a perspectiva social e histórica da existência são dimensões 
compatíveis e coerentes com a vida contemporânea, especialmente na sociedade brasileira.
Um sociólogo observa, analisa, compreende e interpreta o que vê em sociedade, e por isso as coisas 
não lhe parecem tão simples como, em geral, os meios de comunicação querem fazer crer. O olhar 
profissional, e o pensamento treinado para examinar criticamente a “realidade” dos fatos, são afinados 
com a tendência em considerar a dimensão histórica das mudanças em curso, em indagar o futuro, 
buscando extrair os rumos prováveis. Como indivíduo, o sociólogo torce para que tudo dê certo e cultiva 
11
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
a esperança, mas em geral a profissão lhe confere uma espécie de ressaca, o “desencanto do mundo”, 
como disse Weber e, mais tarde, repetiu J. Habermas...
Por isso sociólogos, em geral, não são seduzidos pelos consensos planejados e midiáticos. Pode-se dizer 
que a Sociologia impõe aos profissionais seguir por um caminho de saber que vai para além do espelho, ou 
para além da superfície dos fatos e notícias, como se formassem um lago tranquilo. A reflexão sociológica 
se dirige para um espaço imaginário que fica antes da poesia, mas vizinho da filosofia.
Nesse lugar talvez o Outro reconhecesse o sociólogo, e não importa o gênero, despido dos rótulos e 
etiquetas que lhe prenderam o jogo das profissões na sociedade de mercado; poderia então pensar: “ele é um 
sujeito assim como eu, remando contra a maré”. E com estas palavras seria esclarecido o enigma: a Sociologia 
é destinada a desvendar o movimento das ondas, e o sociólogo a pensar sobre a direção do barco...
1.2 Ser sociólogo seria uma vocação?
A palavra “vocação” significa o ato de chamar, e o próprio chamamento. Por decorrência, a palavra 
implicitamente alude à atitude de resposta do Sujeito para quem o chamamento foi dirigido, seu 
atendimento ao chamado, sua anuência. Assim, vocação implica a escolha do Sujeito, e sua disposição 
em seguir o rumo para o qual foi chamado.
Quanto à origem, esse ato de chamar pode ser considerado externo e sagrado, caracterizando 
o que seria a predestinação ou uma vocação religiosa, mas também o chamado pode ser fruto do 
autorreconhecimento do Sujeito, de seus desejos, e preferências, reconhecimento de um pendor, 
talento ou aptidão; e no caso da vocação profissional, reconhecimento de suas inclinações, tendências 
e facilidade para o exercício de uma dada profissão.
Max Weber tratou dessa questão, discutindo, em duas conferências, a inclinação profissional para a 
ciência e para a política como duas vocações distintas, as quais implicam a vivência de condições sociais 
e adoção de escolhas diferenciadas. As duas conferências proferidas em Munich, 1917, encontram-se 
publicadas em português, no livro Ciência e Política, duas vocações (1970).
O discurso de Weber é um exemplo de exercício da sociologia compreensiva, ao analisar dificuldades 
e possibilidades que, na Alemanha, ao fim da Grande Guerra, configuravam os caminhos da ciência e da 
docência universitária. Com franqueza e simplicidade, inicia Weber (1970, p. 17):
Pediram-me os senhores que lhes falasse da ciência como vocação. Ora, 
nós economistas temos o hábito pedante, a que me agradaria permanecer 
fiel, de partir sempre do exame das condições externas do problema. No 
caso presente, parto da seguinte indagação: quais são, no sentido material 
do termo, as condições de que se rodeia a ciência como vocação? Hoje 
em dia essa pergunta equivale, praticamente e em essência, a esta outra: 
quais são as perspectivas de alguém que, tendo concluído seus estudos 
superiores, decida dedicar-se profissionalmente à ciência, no âmbito da 
vida universitária?
12
Unidade I
Em princípio, a dedicação de alguém à ciência implicaria adotar a racionalidade como modelo de 
pensar e objetivo do pensamento, posturas coerentes com o desencantamento do mundo, corrente na 
cultura ocidental moderna. Todavia, a ciência não permite resposta para como viver em um mundo 
desencantado, e muito menos as ciências históricas “que nos capacitam a compreender os fenômenos 
políticos sociais da civilização [...] não dão por si mesmas resposta à pergunta: esses fenômenos 
mereceriam ou merecem existir?” (WEBER, 1970, p. 38).
Para exame da ciência como vocação, Weber se desloca para o exercício docente e, nesse contexto, 
examina a prática do cientista como professor, sobretudo a dimensão ética dessa condição.
Importante lembrar que Weber está falando do ambiente universitário alemão antes do fim da 
Grande Guerra, mesmo assim um ambiente em que ele já percebia emergência de tendências políticas 
que mobilizavam estudantes e professores para manifestação política, e não para a análise científica de 
uma situação política. Para ele (WEBER, 1970, p. 39):
[...] o profeta e o demagogo estão deslocados em uma cátedra universitária. 
Tanto ao profeta quanto ao demagogo cabe dizer: “Vá à rua e fale em 
público”, o que vale dizer que ele fale em lugar onde possa ser criticado. 
Numa sala de aula, enfrenta-se o auditório de maneira inteiramente diversa: 
o professor tem a palavra, mas os estudantes estão condenados ao silêncio.
A postura de Weber reflete um ambiente intelectual acadêmico bem distinto do atual, porém hoje 
frequentemente estudantes ficam “condenados ao silêncio” por não disporem de um conteúdo para 
análise, inclusive das informações que circulam livremente pelas redes sociais e imprensa.
Evidentemente que não existe uma ciência “sem pressupostos”, muito menos no caso das Ciências 
Sociais, porém não cabe ao professor assumir o papel de líder ou de condutor da juventude. Cabe a ele 
conduzir a análise das situações com clareza, validade lógica e conteúdo preciso, expor conceitos, esmiuçar 
os processos focalizados, revelando sentido e significado das posições adotadas e de seus encadeamentos.
A lição de Weber permitiu apontar para uma particular dimensão da vocação pela Sociologia: quando 
o gosto por essa ciência se torna um chamado, o fascínio que ela exerce sobre aquele que escolhe um 
curso de graduação universitária o leva a identificar, em certas situações, oportunidades que nem sempre 
são reais, a desconsiderar barreiras, a deixar de perceber que os ambientes corporativos e acadêmicos são 
também redes de privilégios e favoritismos, enfim, que eles refletem a sociedade em que se inserem.
Todavia, se todos esses alertas não silenciarem a voz do chamado, a vocação pela Sociologia se torna 
uma escolha profissional que, seja no ambiente corporativo, seja na vida acadêmica, manterá o fascínio 
exercido durante a juventude, e sem arrependimentos, mesmo na velhice...
1.3 Ser sociólogo, a escolha de uma profissão
A Sociologia exige que o profissional se inteire de diversos assuntos, de distintos saberes elaborados 
ao longo da História. Por isso as cercas disciplinares não costumam deter os sociólogos: os temas 
13
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
pesquisados, a partir de problematizações que desafiaram o pensamento crítico, sempre implicam 
conhecimentos desenvolvidos por outras ciências.
Na realidade, o profissional de Sociologia está preparado para se ocupar de uma multiplicidade de 
temas, em vários níveis e aspectos da vida, por exemplo: o estudo e proposição de ações e políticas 
públicas, pesquisas acadêmicas ou em outras modalidades de investigação, e tratar de temas diversos 
como: violência, artes, moda, música popular ou erudita, tendências de mercado, religiões, modernidade 
e tradição, dentre muitos, muitos outros.
Pela legislaçãobrasileira – Lei nº 6.888 (BRASIL, 1980) – que criou a profissão e regulamentou seu 
exercício, compete ao sociólogo, nos termos dos Art. 2º:
I – elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar, programar, implantar, 
controlar, dirigir, executar, analisar ou avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, 
planos, programas e projetos atinentes à realidade social;
II – ensinar Sociologia Geral ou Especial, nos estabelecimentos de ensino, 
desde que cumpridas as exigências legais; 
III – assessorar e prestar consultoria a empresas, órgãos da administração 
pública direta ou indireta, entidades e associações, relativamente à 
realidade social;
IV – participar da elaboração, supervisão, orientação, coordenação, 
planejamento, programação, implantação, direção, controle, execução, 
análise ou avaliação de qualquer estudo, trabalho, pesquisa, plano, programa 
ou projeto global, regional ou setorial, atinente à realidade social.
A mesma legislação, no Art. 3º, cria a obrigatoriedade de órgãos públicos e empresas privadas 
contratarem sociólogos conforme:
Art. 3º Os órgãos públicos da administração direta ou indireta ou as entidades 
privadas, quando encarregados da elaboração e execução de planos, 
estudos, programas e projetos socioeconômicos ao nível global, regional ou 
setorial, manterão, em caráter permanente, ou enquanto perdurar a referida 
atividade, Sociólogos legalmente habilitados, em seu quadro de pessoal, ou 
em regime de contrato para prestação de serviços.
Os três artigos vinculam o exercício da profissão a estudos, projetos, programas e planos “atinentes 
à realidade social” ou de caráter “socioeconômico”, tanto na esfera pública, governamental, quanto 
privada. Essa vinculação revela alguns aspectos interessantes quando examinada detalhadamente, 
por exemplo: a) o texto pressupõe a atuação do sociólogo como agente em projetos e programas de 
intervenção planejada, conquanto não haja referência ao sentido previsto na intervenção; b) a lei data 
de 1980, ainda na vigência da ditadura, governo João Baptista Figueiredo, mas sua origem é anterior, 
14
Unidade I
com o projeto de lei datado de 1974. Estranhamente, a ditadura regulamentou a profissão de sociólogo, 
mas foi a época de repressão em que sociólogos e demais cientistas sociais sofreram perseguições etc. 
Há uma contradição apenas aparente entre os dois posicionamentos, dado que a dimensão social e 
psicológica da chamada “revolução” foi tratada com cuidado pelo general Golbery, na Escola Superior 
de Guerra (ESG).
Conforme demonstra Rezende, a ditadura instalada tinha pretensões à legitimidade que iam para 
além de (REZENDE, 2013, p. 31):
[...] conseguir obediência para um determinado sistema de poder. Ela 
significava um processo muito mais complexo do que isto, na medida em 
que se procurava construir, de maneira contínua, uma determinada ordem, 
em que todos aderissem, nos âmbitos objetivo e subjetivo, a uma dada 
forma de organização social.
Nesse sentido, comenta a mesma autora, que “os valores sociais” consistiam em “dimensão essencial 
para se compreender a pretensão de legitimidade da ditadura militar: a Escola Superior de Guerra (ESG) 
e seu papel na articulação da denominada estratégia psicossocial” (REZENDE, 2013, p. 36). Desse modo, 
a figura funcional do sociólogo se harmonizava com esse plano mais amplo, o que não significa que seja 
esse o motivo do reconhecimento da profissão.
 Lembrete
Observar a aplicação do pensamento reflexivo e crítico a um fato da 
história política brasileira: a associação (espúria) entre a figura profissional 
do sociólogo e o pensamento do ideólogo da ditadura.
Vale lembrar, contudo, que, nessa época, dos governos Médici e Geisel, a ditadura promovia a 
“ocupação da Amazônia”, com projetos que visavam à exploração econômica dos recursos naturais da 
área, com grandes projetos pecuários, com rodovias, exploração de jazidas minerais etc.
As empresas de consultoria, especialmente de engenharia de recursos naturais, construção de 
hidrelétricas, estradas e outras obras de grande impacto, estavam localizadas principalmente em São 
Paulo e Rio de Janeiro e precisavam de sociólogos para “dar conta” das questões sociais envolvidas nos 
projetos, tais como nos planos de desenvolvimento regionais, canteiros de obras, nas desapropriações 
para represas etc.
Em 1972, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) contratou estudos básicos 
da região amazônica, visando ao Plano de Desenvolvimento Regional em 1974, a exemplo do que 
antes havia sido feito com o Plano da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). 
Vários sociólogos integraram a equipe desses estudos, contudo a atuação profissional nesse contexto 
apresentava aspectos políticos e ideológicos delicados, visto que o propósito econômico tinha primazia 
sobre as questões ambientais, sobre as questões pertinentes à população local, ou mesmo sobre os 
15
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
interesses dos contingentes de trabalhadores rurais atraídos do Nordeste e dos estados do Sul. No 
ambiente em que predominava o pensamento tecnocrático, os interesses econômicos eram a afinação 
perfeita, mas a abordagem sociológica desafinava.
De qualquer forma, a regulamentação da profissão, pelo Projeto de Lei original de 1974, foi se 
arrastando entre 1974, 1976, para ressurgir em 1980. O contexto político nessa data era outro: os 
Projetos-Impacto de desenvolvimento econômico, fundamentados em uma estratégia de política 
econômica autoritária, já não contavam com tanto apoio, a intervenção “sociológica” na chamada 
“realidade social” visando ao desenvolvimento já não integrava mais a política de segurança nacional 
nos termos que foram colocados pelo general Golbery.
Os sociólogos, que antes eram olhados com preconceito pelas equipes de tecnocratas economistas, 
como estranhos “socialistas”, agora eram ouvidos, integrando o coro de críticos do regime e dos 
planos afobados.
O planejamento econômico foi uma faceta decisiva na legitimação da ditadura, e sem dúvida, sociólogos 
participaram do processo de planejamento, mas não como legitimadores do autoritarismo, e sim como críticos 
das medidas adotadas. A esfera de atuação a eles reservada era a da chamada “infraestrutura econômica 
e social” dos grandes projetos. Sob esse rótulo, engenheiros e economistas entendiam particularmente: 
levantamento demográfico, sobretudo a qualificação da PEA, educação e saúde; nos projetos voltados para 
o setor primário, a “infraestrutura” incluía dados oficiais, em geral, não muito confiáveis, sobre estrutura 
fundiária e áreas reservadas. Todavia a leitura de documentos da época demonstra que, apesar de haver 
limitações, a atuação profissional se caracterizou pelo exercício do pensamento crítico.
Na verdade, a Sociologia, ao se constituir com Augusto Comte, tinha finalidade prática de minimizar 
contradições sociais e morais emergentes do capitalismo industrial, conforme o pensamento positivista. 
Essa “destinação” também esteve presente no pensamento das elites e na prática política dos brasileiros 
positivistas e simpatizantes, militares e civis; aliás, se, de um lado, a proximidade da engenharia civil com 
a militar vem desde a origem da famosa Escola Nacional de Engenharia, mais tarde integrada na UFRJ, 
versão carioca da Poli de São Paulo, de outro, a crença na intervenção racional visando à ordem faz 
parte tanto do ideário positivista quanto da política conduzida por engenheiros, e daquela observada 
sob inspiração e controle militar.
Sem dúvida que há, nas entrelinhas do discurso positivista, a intenção autoritária de imprimir uma 
dada direção à vida social e assim garantir “ordem e progresso”, paz social e equilíbrio.
Todavia, próxima a essa perspectiva, com outro conteúdo e discurso, encontra-se a crença na ciência 
e superioridade intelectual como fator imprescindível ao exercício da prática política. O caráter elitista 
dessas ideias aparece reafirmado no Manifesto de criação da ESPSP, em 1933, disponívelno site da 
entidade, assinado por “uma centena de figuras eminentes da sociedade paulistana, dentre as quais se 
destacam os dirigentes das principais entidades de ensino de São Paulo, como a Faculdade de Direito, 
a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina, a Escola de Comércio “Álvares Penteado” e a Escola de 
Belas Artes, além de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, do Instituto de Engenharia, da 
Federação das Indústrias, dentre outros (FESPSP, 2014a).”
16
Unidade I
O Manifesto, escrito ainda sob o efeito da derrota paulista de 1932, reafirma o interesse em 
“melhorar as nossas condições de existência”, mas explica que as várias iniciativas adotadas foram 
malogradas e decepcionantes. Embora os fatores responsáveis por tal situação fossem vários, para os 
signatários do documento...
Dentre eles, entretanto, destaca-se naturalmente por seu caráter básico, 
a falta de uma elite numerosa e organizada, instruída sob métodos 
científicos, a par das instituições e conquistas do mundo civilizado, capaz de 
compreender, antes de agir, o meio social que vivemos [...] o povo sente-se 
mais ou menos às tontas e vacilante. Quer agir, tem vontade de promover 
algo de útil, cogita de uma renovação benéfica, mas não encontra a mola 
central de uma elite harmoniosa, que lhes inspire confiança, que lhe ensine 
passos firmes e seguros (FESPSP, 2014b).
Os bacharéis de Sociologia e Política formados na ESPSP seriam preparados para desempenhar o 
papel de elite política governativa do estado, mesmo porque, ainda segundo o Manifesto: “A história 
universal encerra exemplos de grandes civilizações construídas sem base na instrução popular. Mas não 
há exemplo de civilização alguma que não tivesse por alicerce elites intelectuais sábia e poderosamente 
constituídas (FESPSP, 2014b)”.
Esse elitismo dos fundadores da ESPSP foi sendo desbastado ao longo dos anos, inclusive pela 
elaboração teórica e pesquisa dos professores e alunos que nela tiveram sua formação básica, como 
Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro.
Os cursos de Ciências Sociais criados posteriormente, na USP e na PUC-SP, não mantiveram propósitos 
elitistas explícitos; em ambos, a excelência de formação teórica e de pesquisa sempre foram dimensões 
cuidadas e reafirmadas em ambas as universidades.
Nos anos 1930, a formação em Ciências Sociais não se constituía com um perfil profissional preciso, 
conquanto decididamente acadêmico, abrangendo antropólogos, arqueólogos, geógrafos, historiadores. 
Nas três décadas seguintes, especialmente nos anos 1950 e primeiros anos de 1960, verifica-se um 
delineamento mais preciso especialmente de caráter político e ideológico, conferindo ao sociólogo um 
perfil profissional compromissado com a mudança social e industrialização.
Schwartzman (2009), sobre a profissão de sociólogo, associou esse compromisso à célebre frase 
de Marx: “os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é 
transformá-lo” (MARX, [s.d.]).
De fato, Octavio Ianni, analisando, em breve artigo, A Sociologia de Florestan Fernandes, reconhece 
que (IANNI, 1996, p. 26):
Uma parte importante da sociologia de Florestan Fernandes concentra-se na 
pesquisa e interpretação das condições e possibilidades das transformações 
sociais. A revolução social é um dos seus temas mais frequentes. Está 
17
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
presente em boa parte dos seus escritos, umas vezes como desafio teórico e 
outras como perspectiva prática.
Segundo o mesmo autor, esse compromisso com a revolução social decorreu das “próprias condições 
sociais, nas quais emergiram as ciências sociais, que as levaram a defrontar as diversidades, desigualdades 
e antagonismos” (IANNI, 1996, p. 26). Dessa forma, o pensamento crítico se desenvolveu na Sociologia 
como reflexo das condições de origem da ciência na Europa, mas no Brasil, Florestan Fernandes incorporou 
as características peculiares presentes nas diversidades, desigualdades e antagonismos emergentes na 
sociedade de classes na expansão internacional do capital. Como explica Ianni se reportando a Fernandes:
Para estar em condições de “apanhar tais contradições em suas condições, 
causas e efeitos, [a sociologia] precisou adaptar suas técnicas de observação, 
de análise e de explicação a um padrão de objetividade que incorporasse a 
negação da ordem social” (FERNANDES apud IANNI, 1996, p. 26).
É verdade que os sociólogos, e não somente os alunos e leitores de Florestan Fernandes, 
identificavam no processo de transformação social uma possibilidade aberta à práxis política, na 
qual a Sociologia crítica encontrava seu lugar. Contudo, vários processos sociais intervieram nesse 
curso, dentre eles, a implantação do projeto político da ditadura e o modelo de economia capitalista 
excludente que a caracterizou.
Em paralelo, verificou-se o esvaziamento do socialismo, como linha política de estado, afetada pelo 
avanço do capitalismo global, construindo o cenário da chamada pós-modernidade. Schwartzman ainda 
aponta nesse quadro as obras da Escola de Frankfurt, especialmente as de Habermas, e também a crítica 
de Foucault. De fato a obra teórica de Escola de Frankfurt veio apontar para a dimensão sociológica da 
comunicação, um campo que, no Brasil, foi rapidamente ocupado pelos profissionais de comunicação; 
quanto à produção de Foucault, ela ampliou a produção sociológica porque contribuiu com novas e 
produtivas problematizações.
De qualquer forma, não se trata de esvaziar o sentido e utilização da Sociologia, mas de redefinir 
seu papel e diversificação, aliás, como o fez, em 2004, Michael Burawoy, então presidente da American 
Sociological Association (ASA), citado pelo próprio Schwartzman (2009, p. 274):
Burawoy propõe quatro tipos diferentes de sociologia, que, segundo ele, 
poderiam e deveriam coexistir. A primeira seria a “sociologia profissional”, 
que ele define como a sociologia acadêmica, organizada como uma ciência 
empírica convencional, que existe e se desenvolve nos departamentos de 
sociologia das universidades. A segunda, também acadêmica, é o que ele 
denomina de “sociologia crítica”, preocupada com os debates e discussões 
sobre a natureza da sociologia. [...] A terceira seria a sociologia aplicada, 
orientada para a implementação de políticas públicas, a “sociologia para 
políticas públicas”, trabalhando para clientes, preocupada com resultados 
práticos e efetivos. A quarta, finalmente, seria a “sociologia pública”, em 
que o sociólogo participa e se envolve em redes que vão além do mundo 
18
Unidade I
acadêmico, ajudando a criar públicos com os quais se comunica e que 
atestam a relevância de suas contribuições. Tanto a sociologia profissional 
quanto a aplicada seriam “instrumentais”, enquanto que a sociologia crítica 
e pública seriam críticas.
Embora essa classificação não constitua uma novidade no exercício profissional dos sociólogos 
brasileiros, visto que, em geral, eles exerceram e exercem a profissão em todas essas modalidades, pode-se 
registrar como “sinal dos tempos” a linha divisória separando a sociologia instrumental e aplicada da 
sociologia crítica e pública. Parece que a classificação, nos termos de Burawoy, diz mais respeito à 
relação entre sociólogo e eventuais públicos, que propriamente ao pensamento teórico sociológico e 
conteúdo da produção.
De qualquer modo, no Brasil, a produção acadêmica em Sociologia tem observado um crescimento, 
embora não se compare com aquele observado em outras áreas profissionais, nas quais o pensamento 
crítico não é predominante, imperando o pragmatismo político, a eficiência econômica, acrescidos do 
normativismo jurídico, campos como Direito, Administração, Economia, Contabilidade. Além dessas áreas 
que são consideradas “ciências sociais aplicadas” pelo CNPq, vale mencionar o fantástico crescimento 
dos estudos acadêmicos compreendidos sob a rubrica de “educação”, embora parcela significativa dessa 
produção seja constituída por estudos antes denominados e apontadoscomo “sociologia da educação”.
Considerando esse quadro, qual seria o espaço reservado ao profissional sociólogo nos dias atuais 
no Brasil? Schwartzman considerou Tom Dwyer um otimista quando, em seu discurso de posse como 
presidente SBS, em 2007, definiu como prioridades:
Que a reintrodução da Sociologia no ensino médio seja feita com qualidade 
e de modo a fortalecer a disciplina; reforçar a capacidade da Sociologia 
brasileira de refletir de maneira rigorosa sobre as transformações no 
país; contribuir a manter a disciplina aberta à variedade de objetos e de 
abordagens teóricas e epistemológicas sem levar à excessiva fragmentação; 
garantir o espaço das ciências sociais dentro de um cenário marcado pela 
tendência de crescente padronização da mensuração da produtividade 
científica; e internacionalizar não apenas o foco, mas também o alcance da 
nossa sociologia (DWYER apud SCHWARTZMAN, 2009, p. 272).
O exame dos congressos da SBS (disponíveis no site da entidade) demonstra ampliação de temas 
desenvolvidos nos Grupos de Trabalho (GT) e, principalmente, evidencia a relação estreita entre a 
pesquisa sociológica de caráter acadêmico no Brasil e o estudo das tensões e questões que percorrem 
a sociedade brasileira: a conformação e alcance do Estado Nacional, conteúdo e condução das políticas 
públicas, as questões pertinentes aos direitos civis e sociais, formação de tendências políticas e atuação 
dos sujeitos coletivos são temas que integram a produção dos grupos de trabalho, assim como os 
programas de ensino.
19
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
 Saiba mais
A Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, além dos cursos 
de graduação e pós-graduação, oferece cursos de extensão, seminários e 
outras atividades de interesse. Maiores informações no site:
<http://www.fespsp.org.br/>.
O site da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) também pode ser 
consultado:
<http://www.sbsociologia.com.br/>.
2 O REGISTRO PROFISSIONAL
Recebido o diploma de licenciatura ou o de bacharel em Ciências Sociais, como proceder para obter 
o registro profissional? Antigamente o registro era obtido diretamente nas Delegacias do Ministério 
do Trabalho, mediante comprovação documental. Desde 2013, o Ministério do Trabalho e Emprego, 
segundo o site do órgão, concede o registro profissional a quatorze categorias profissionais: agenciador 
de propaganda, artista, atuário, arquivista, guardador e lavador de veículos, jornalista, publicitário, 
radialista, secretário, sociólogo, técnico em espetáculos de diversões, técnico de segurança do trabalho, 
técnico em arquivo e técnico em secretariado.
Para o profissional obter o registro, deve acessar o Sistema Informatizado de Registro Profissional 
(SIRPWEB) e protocolar os documentos necessários em uma das Superintendências Regionais do 
Trabalho e Emprego ou Gerências e Agências Regionais do Trabalho e Emprego, as etapas da obtenção 
do registro estão na sequência:
• preenchimento dos dados pessoais;
• seleção da categoria profissional e dos documentos de capacitação;
• resumo para conferência dos dados informados;
• transmissão da solicitação;
• impressão da solicitação;
• protocolo dos documentos na SRTE.
20
Unidade I
 Saiba mais
A seguir, o site do SIRPWEB:
<http://sirpweb.mte.gov.br/>.
Os documentos necessários para registro são: requerimento em duas vias, devidamente assinado; 
fotocópia autenticada do documento de identificação que será apresentado ao órgão; fotocópia 
autenticada do Cadastro de Pessoa Física (CPF); fotocópia autenticada do número, série e qualificação 
civil da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e documentos de capacitação específicos da 
profissão. As fotocópias poderão ser autenticadas em cartório ou poderão ser autenticadas por um 
servidor do órgão do MTE, desde que o interessado apresente, juntamente com a fotocópia, o documento 
original. Em caso de alteração de nome, deverá ser apresentada, também, fotocópia autenticada da 
certidão de casamento ou o documento que motivou a alteração do nome.
 Saiba mais
No caso do sociólogo, o documento para registro é o diploma de curso 
superior na área, autenticado, desde que o curso tenha sido reconhecido 
pelo MEC; a informação pode ser obtida em:
PRINCIPAIS licenciaturas. Seja um professor, [s.d.]. Disponível em: 
<http://sejaumprofessor.mec.gov.br/internas.php?area=como&id= 
licenciaturas>. Acesso em: 23 set. 2016.
FORMAÇÃO. Seja um professor, [s.d.]. Disponível em: <http://sejaum 
professor.mec.gov.br/internas.php?area=como&id=formacao>. Acesso 
em: 23 set. 2016.
O registro profissional será lançado na Carteira Profissional do interessado.
3 SER SOCIÓLOGO E PROFESSOR DE SOCIOLOGIA
Se a identidade profissional do sociólogo tem sido objeto de discussão, da qual apenas alguns 
aspectos foram apresentados aqui, o que se pode dizer quando o sociólogo se vê na condição de 
lecionar Sociologia? Nesse caso, três questões devem ser colocadas e discutidas: 1) Lecionar sociologia 
é privativo do sociólogo? 2) O que é ser professor de sua própria profissão? 3) Qual Sociologia deve ser 
lecionada, com quais objetivos e temas? As três questões são discutidas a seguir, mas sem a pretensão 
de esgotá-las.
21
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
3.1 Lecionar Sociologia é atividade privativa do sociólogo?
À primeira vista a resposta seria afirmativa, porém retornando à Legislação que instituiu a profissão, 
nos termos do Art. 1º da Lei nº 6.888 (BRASIL, 1980), o registro profissional como sociólogo não ficou 
restrito aos formados em Ciências Sociais ou titulados nessa área acadêmica, conforme:
a) aos bacharéis em Sociologia, Sociologia e Política ou Ciências 
Sociais, diplomados por estabelecimentos de ensino superior, oficiais 
ou reconhecidos;
b) aos diplomados em curso similar no exterior, após a revalidação do 
diploma, de acordo com a legislação em vigor;
c) aos licenciados em Sociologia, Sociologia Política ou Ciências Sociais, 
com licenciatura plena, realizada até a data da publicação desta Lei, em 
estabelecimentos de ensino superior, oficiais ou reconhecidos;
d) aos mestres ou doutores em Sociologia, Sociologia Política ou Ciências 
Sociais, diplomados até a data da publicação desta Lei, por estabelecimentos 
de pós-graduação, oficiais ou reconhecidos; e) aos que, embora não 
diplomados nos termos das alíneas a, b, c e d, venham exercendo 
efetivamente, há mais de 5 (cinco) anos, atividade de Sociólogo, até a data 
da publicação desta Lei.
Por princípio, a lei, ao estabelecer como critério a formação específica, ou anos de atividades na área, 
estava exigindo competência do profissional, porém, considerando-se que as Ciências Sociais abrangem 
pelo menos três ciências distintas: Antropologia, Ciência Política e Sociologia, o perfil profissional se 
torna mais generalista, perdendo em especificidade.
Outro aspecto negativo dessa “abertura” na lei residiu em facultar aos graduados de várias 
áreas buscarem o registro profissional como sociólogos, apesar de o piso salarial não ser vantajoso. 
Nessa situação estão incontáveis advogados (bacharéis em direito), os formados em comunicação, 
administradores, pedagogos, economistas e outros profissionais.
 Lembrete
Apesar de existir discussões entre os sociólogos (a possibilidade de 
criação de um Conselho Regional de Sociologia), a profissão continua 
sendo uma “terra de ninguém”, aberta aos leigos.
Esse problema foi objeto do Projeto de Lei n.º 1.446-B, de 2011 (de Chico Alencar), que alterou a Lei 
nº 6.888, de 10 de dezembro de 1980; tendo parecer da Comissão de Educação e Cultura, pela aprovação, 
com emenda (relator: deputado Luiz Noé); e da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, pela 
22
Unidade I
constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa e da Emenda da Comissão de Educação e Cultura 
(relator: deputado Alessandro Molon). Conforme constava na Justificativa do deputado Chico Alencar,
Este projeto foi originalmente apresentado pelo Deputado Mario Heringer 
(PDT/MG),em março de 2009 (PL 4781/2009), e foi arquivado no início de 
2011 em razão da mudança de legislatura, sem sua apreciação pelas comissões 
respectivas. Dados os nobres propósitos do projeto, estou reapresentando-o, 
de modo a permitir a sua discussão pelo Parlamento.
O exercício da profissão de Sociólogo foi regulamentado no Brasil no ano 
de 1980, por meio da Lei nº 6.888. De acordo com esse diploma legal, uma 
das competências do sociólogo é o ensino de Sociologia geral ou especial 
nos estabelecimentos de ensino. Como a lei não previu ao sociólogo 
exclusividade na competência do magistério das disciplinas de Sociologia, 
ocorre que, tanto no ensino médio como no ensino superior, os sociólogos 
vêm gradativamente perdendo a cátedra de Sociologia para profissionais de 
outras áreas sem a devida formação na matéria
A alteração que propomos na Lei nº 6.888, de 1980, visa a atribuir competência 
exclusiva ao sociólogo na atividade de docência da Sociologia, de modo a 
evitar que profissionais de outras áreas assumam cátedras que devem ser 
ocupadas pelo profissional da Sociologia. Nosso intuito, com essa alteração, 
é o de assegurar a qualidade das disciplinas de Sociologia ministradas nas 
escolas de ensino médio e nas instituições de ensino superior. Entendemos 
que, por possuir uma formação mínima de quatro anos especificamente 
dedicados às Ciências Sociais, o professor mais adequado para o ensino da 
Sociologia não pode ser outro senão o próprio sociólogo.
Sala das sessões, 25 de maio de 2011.
Chico Alencar
Deputado Federal
PSOL/RJ (BRASIL, 2011, p. 2-3).
Encaminhado o Projeto à Comissão de Educação e Cultura (CEC), a relatora, Dep. Rosane Ferreira, 
julgou de bom alvitre retardar a implantação, conforme consta de seu voto: “No entanto, considero, 
após ouvir as ponderações de meus Pares nesta Comissão, que é preciso dar um prazo mínimo para que 
os sistemas de ensino possam se adequar às mudanças introduzidas pela lei” (BRASIL, 2011, p. 7). Com 
a mudança da Legislatura, o parecer dessa relatora não foi votado, assumiu novo relator (deputado Luís 
Noé), que concordou com os termos do relatório. Encaminhado o Projeto para a Comissão de Constituição 
e Justiça e de Cidadania, ele foi analisado pelo Relator (deputado Alessandro Molon) e aprovado por 
unanimidade, no dia 22 de outubro de 2015, “apenas” quatro anos após ser proposto, considerando 
ainda que os sistemas de ensino terão cinco anos para adequação às mudanças introduzidas.
23
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Isso significa que, à pergunta se o ensino de Sociologia seria privativo do sociólogo, embora a resposta 
óbvia fosse sim, tal como se passa com outras profissões, ainda permanece a possibilidade de um bacharel 
em Direito, um economista, jornalista ou marqueteiro “ser registrado” como sociólogo, portanto o número 
de tais profissionais lecionando Sociologia continua sendo bem significativo, e talvez até maior que o de 
sociólogos. Como foi apontado, a própria lei de regulamentação da profissão que permitiu tal prática, além 
de ela ser justificada porque o professor cursou um determinado número de horas de Sociologia, em sua 
graduação, ou porque fez licenciatura, ou ainda pela “falta” de professores na área etc.
3.2 O exercício do magistério – exigências
Os cursos de graduação em Ciências Sociais conferem título de bacharel em Ciências Sociais, mas, 
para o exercício do magistério, é necessário curso de Licenciatura, conforme determinação do MEC:
[...] os cursos de bacharelado não habilitam o profissional a lecionar. São 
cursos superiores de graduação que dão o título de bacharel. Para atuar como 
docente, o bacharel precisa de curso de complementação pedagógica. E para 
lecionar no Ensino Superior exige-se que o profissional tenha, no mínimo, 
curso de Pós-Graduação Lato Sensu (especialização) (FORMAÇÃO..., [s.d.]).
Em relação às Ciências Sociais, a distinção entre bacharelado e licenciatura ficou definitivamente 
estabelecida conforme as determinações do MEC, datadas de abril de 2010, as quais também 
caracterizaram o perfil do egresso, os temas incluídos na formação e as áreas de atuação. Conforme:
Área III – Humanidades 
Referencial das Ciências Sociais – Bacharelado 
Carga Horária Mínima: 2400 horas
Perfil do Egresso
O Bacharel em Ciências Sociais deve reunir conhecimentos de Sociologia, 
Antropologia e Ciência Política que permitam atuar na formulação, execução, 
acompanhamento e avaliação de políticas públicas e programas em órgãos 
governamentais; em planejamento, consultoria, formação e assessoria a 
sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais, organizações sociais, não 
governamentais e do terceiro setor e em empresas privadas; no desenvolvimento 
de projetos em instituições de pesquisa social, com enfoques qualitativos e 
quantitativos. O cientista social deve ser capaz de produzir conhecimentos que 
articulem a teoria, a pesquisa e a prática profissional para uma atuação qualificada 
diante de problemas relevantes do contexto político e cultural em que se insere.
Temas Abordados na Formação
Sociologia; Antropologia; Ciência Política; Processos Sociais, Culturais 
e Políticos Clássicos, Contemporâneos e Emergentes; Metodologias de 
24
Unidade I
Pesquisa Quantitativas e Qualitativas; Ciências Humanas, Filosofia e Ciências 
Sociais Aplicadas.
Áreas de Atuação
O Bacharel em Ciências Sociais pode atuar em órgãos governamentais e em 
empresas privadas; em sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais; 
em organizações sociais, organizações não governamentais e do terceiro 
setor; e na docência em ensino básico.
Infraestrutura Recomendada
Laboratórios e/ou núcleos de pesquisa social.
Área III – Humanidades: Referencial das Ciências Sociais – Licenciatura
Carga Horária Mínima: 2400 horas
Perfil do Egresso
O Licenciado em Ciências Sociais deve reunir conhecimentos de Sociologia, 
Antropologia e Ciência Política que permitam atuar na formulação, 
execução, acompanhamento e avaliação de políticas públicas e programas 
em órgãos governamentais; em planejamento, consultoria, formação 
e assessoria a sindicatos[,] partidos políticos e movimentos sociais, 
organizações sociais, não governamentais e do terceiro setor e em empresas 
privadas; no desenvolvimento de projetos em instituições de pesquisa social, 
com enfoques qualitativos e quantitativos; no exercício da docência em 
Sociologia, Antropologia, Ciência Política e disciplinas correlatas, no ensino 
fundamental e médio, e em diferentes formas de educação promovidas por 
agentes sociais, como movimentos sociais, sindicatos, organizações não 
governamentais e empresas. Além disso, o cientista social deve ser capaz 
de produzir conhecimentos que articulem a teoria, a pesquisa e a prática 
profissional para uma atuação qualificada diante de problemas relevantes 
do contexto político e cultural em que se insere.
Temas Abordados na Formação
Sociologia; Antropologia; Ciência Política; Processos Sociais, Culturais 
e Políticos Clássicos, Contemporâneos e Emergentes; Metodologias de 
Pesquisa Quantitativas e Qualitativas; Ciências Humanas, Filosofia e Ciências 
Sociais Aplicadas.
25
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Áreas de Atuação
O Licenciado em Ciências Sociais pode atuar em instituições de ensino 
públicas e privadas; em sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais; 
em organizações sociais, organizações não governamentais e do terceiro 
setor; e na docência em ensino básico, fundamental e médio.
Infraestrutura Recomendada
Laboratórios e/ou núcleos de pesquisa social (PRINCIPAIS..., [s.d.]).
É importante esclarecer que o exercício da profissão de sociólogo difere radicalmente do exercício da 
condição de professor de Sociologia porque essa é uma condição profissional sujeita a peculiaridades, 
tais como: nível de ensino (superior ou médio), ensino público ou privado etc. Considerando essas 
distinções, é possível tecer alguns comentários, por exemplo:
• O professor que leciona no ensino universitário, nas universidadespúblicas, goza de maior 
autonomia, conta com maior interesse dos alunos, principalmente se o ensino se dá em cursos 
de Ciências Sociais; mas, nas universidades particulares, a Sociologia acaba por integrar o rótulo 
amplo de “Ciências Sociais”, disciplina oferecida para todos os cursos de graduação, os quais são 
de orientação pragmática. Nessas condições, alunos, mas também alguns dos colegas professores, 
frequentemente, questionam: “afinal, para que Sociologia?”
• O professor que leciona no Ensino Médio, em escola pública, encontrará dificuldade em conseguir 
atrair e reter a atenção dos alunos. Nesse caso, ensinar Sociologia implicará desenvolver 
estratégias de ensino que levem os alunos a pensar criticamente as condições vividas em 
sociedade, a examinar as possibilidades abertas, enfim, a pensar o social e nele se situar como 
sujeito e cidadão. Como será discutido em outro tópico, essa é a principal tarefa do professor 
de Sociologia, e os jovens esperam que o professor seja capaz de conduzi-la a contento, indo 
ao encontro de suas expectativas.
3.3 O que é ser professor de sua própria profissão?
Dizem as más línguas que, se alguém não domina um dado conteúdo de conhecimento, será 
professor desse conteúdo. Sempre há um pouco de verdade no saber popular, mas, no caso do sociólogo, 
essa situação se apresenta de modo peculiar, visto que, pela sua formação, o professor de Sociologia 
possivelmente terá facilidade em se relacionar com os estudantes. Contudo deve-se oferecer aos alunos 
exemplos para que eles exercitem a problematização, ou em outros termos, para que eles trabalhem com 
as questões suscitadas pelos temas do programa. É importante notar que o suporte teórico deve permitir 
a condução do questionamento, do raciocínio, mas, em poucos momentos, a teoria deve constituir o 
ponto de partida de uma aula. Outro aspecto relevante reside na linguagem utilizada em aula: não 
é possível abrir mão do instrumental conceitual, mas ele não pode se constituir em uma barreira ao 
entendimento, nem deve ser objeto de memorização.
26
Unidade I
Evidente que o jovem que cursou Ciências Sociais tem facilidade em ler textos volumosos, 
em interpretar tais textos, jogar com as ideias e conceitos; além de ser muito bem informado, ele 
redige com concisão, objetividade etc. Pois bem, os alunos que estarão nas salas de aula do Ensino 
Médio, especialmente da escola pública, provavelmente não apresentam essas características. Cabe ao 
sociólogo-professor reconhecer e superar as dificuldades decorrentes de uma formação escolar precária, 
pois elas integram o modelo brasileiro de socialização excludente e pouco democrática. Em muitos 
casos, o trabalho do professor precisa começar pelo resgate da autoestima dos alunos.
 Observação
Resgatar a autoestima não significa uma prática individual, ou de 
valorização pessoal, mas sim uma orientação para desgastar um processo 
social de construção da baixa estima. Sabendo-se que boa parte dos 
alunos das escolas públicas é proveniente de bairros e segmentos sociais 
desprivilegiados, é fundamental que esses alunos interiorizem que não 
são responsáveis pelas situações vividas, e principalmente, o fato de 
não interpretarem facilmente um texto não significa comprometimento 
cognitivo, mas simplesmente falta de hábito no trato com a chamada 
linguagem culta. É comum, mesmo no ensino universitário, alunos dizerem 
“minha cabeça não é boa”, e vencer essa modalidade de preconceito é 
fundamental na condição de professor de Sociologia.
A produção dos meios de comunicação e a produção artística popular formam dois campos de inúmeros e 
valiosos recursos para serem explorados pelo professor de Sociologia, notadamente, letras de música popular 
e filmes. As letras da música brasileira popular, do samba de partido alto ao rap, passando pelo rock, funk e 
variações oferecem “instantâneos discursivos” da sociedade brasileira ao longo de sua história e tragédias; 
essas letras formam uma “sociologia popular brasileira”, paralela à acadêmica, e que se mostra atraente para 
análise dos jovens alunos. Os filmes nacionais “representificam” a sociedade brasileira, filmes de curta e de 
longa-metragem exploram a ordem social e seu avesso, as diferenciações sociais, gêneros e gerações, jogos de 
poder etc. e, desse modo, eles constituem um acervo de inestimável valor para estudo de Sociologia.
4 QUAL SOCIOLOGIA DEVA SER LECIONADA, COM QUAIS OBJETIVOS E TEMAS?
Das três questões apontadas anteriormente, essa é a mais complexa e extensa e, por vários motivos, 
inclusive porque envolve questões políticas e ideológicas. Desse modo, é esclarecedor considerar as 
três dimensões constitutivas da questão: a) Qual sentido de ministrar Sociologia para jovens do Ensino 
Médio; b) objetivos e finalidades a atingir; c) a opção teórica e metodológica da Sociologia a ser ensinada, 
temas e assuntos considerados.
4.1 Qual sentido de ministrar Sociologia para jovens do Ensino Médio?
A inserção da Sociologia no ensino brasileiro não constitui uma tradição continuada, ao contrário, 
foi inserida e retirada várias vezes ao longo do tempo. Vários estudos foram desenvolvidos sobre o tema 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
e, dentre eles, o estudo de Bispo Santos e Ileizi (apud MORAES, 2010) focaliza o vai e vem da Sociologia 
nas reformas educacionais brasileiras, desde 1891 a 2008, a fonte de onde foi retirado o quadro síntese 
a seguir.
Note-se que do fim dos anos 1920 até a Reforma Capanema, em 1942, a Sociologia era oferecida 
para alunos de Ensino Médio e, nos anos 1950, ela era vista como disciplina importante e quase exclusiva 
do curso normal, ou seja, da preparação de professores, juntamente com Psicologia. Nos institutos de 
educação, as duas disciplinas tinham conteúdo voltado para educação.
Quadro 1 – A Sociologia no contexto das reformas educacionais – 1891-2009
1891-1941 Institucionalização da Sociologia no Ensino Médio.
1891 A Reforma Benjamin Constant propõe, pela primeira vez no Brasil, a Sociologia como disciplina do ensino secundário.
1901 A Reforma Epitácio Pessoa retira oficialmente a Sociologia do currículo, disciplina que nunca chegou a ser ofertada.
1925
A Reforma Rocha Vaz coloca novamente a Sociologia como disciplina obrigatória do curso 
secundário, no 6º ano. Como decorrência dessa Reforma, ainda em 1925, a Sociologia é ofertada 
aos alunos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, tendo como professor Delgado Carvalho.
1928 
No Rio de Janeiro, tendo como professor Delgado Carvalho, a Sociologia passa a constar dos 
currículos dos cursos normais de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, onde foi 
ministrada por Gilberto Freyre, no Ginásio Pernambucano de Recife.
1931
A Reforma Francisco Campos organiza o ensino secundário num ciclo fundamental de cinco anos 
e num ciclo complementar dividido em três opções destinadas à preparação para o ingresso nas 
faculdades de Direito, de Ciências Médicas e de Engenharia e Arquitetura. A Sociologia foi incluída 
como disciplina obrigatória no 2º ano dos três cursos complementares.
1933 Criação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo.
1934 Fundação da Universidade de São Paulo, que conta com Fernando de Azevedo como o primeiro diretor de sua Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, e como catedrático de Sociologia.
1935 Introdução da disciplina Sociologia no curso normal do Instituto Estadual de Educação de Florianópolis com o apoio de Roger Bastide, Donald Pierson e Fernando de Azevedo.
1942 A Reforma Capanema retira a obrigatoriedade da Sociologia dos cursos secundários, com exceção do curso normal. 
1942-1981 Ausência da Sociologia como disciplina obrigatória.
1949 No Simpósio O Ensino de Sociologia e Etnologia, Antônio Cândido defende o retorno da Sociologia aos currículos da escola secundária.
1954 No Congresso Brasileiro de Sociologia, em São Paulo, Florestan Fernandes discute as possibilidades e limites da Sociologia no ensino secundário.
1961
Aprovação da Lei 4.024, de20 de dezembro, a primeira Lei de Diretrizes e Bases promulgada no 
País. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) manteve a divisão do Ensino Médio em dois ciclos: ginasial e 
colegial.
1962
O Conselho Federal de Educação e o Ministério da Educação publicam Os novos currículos para 
o ensino médio. Neles constava o conjunto das disciplinas obrigatórias, a lista das disciplinas 
complementares e um conjunto de sugestões de disciplinas optativas. Sociologia não constava de 
nenhum dos três conjuntos.
1963 Resolução nº 7, de 23 de dezembro, do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, na qual a Sociologia estaria presente como disciplina optativa nos cursos clássicos, científico e eclético.
1971 Lei nº 5.692, de agosto, a Reforma Jarbas Passarinho torna obrigatória a profissionalização no Ensino Médio. A Sociologia deixa também de constar como disciplina obrigatória do curso normal.
1982-2001 Reinserção gradativa da Sociologia no Ensino Médio. 
28
Unidade I
1982 Lei 7.044, de 18 de outubro, que torna optativa para escolas a profissionalização no Ensino Médio.
1983 Associação dos Sociólogos de São Paulo promove a mobilização da categoria em torno do “Dia Estadual de Luta pela volta da Sociologia ao 2º Grau”, ocorrido em 27 de outubro.
1984 A Sociologia é reinserida nos currículos das escolas de São Paulo.
1986 A Sociologia passa a constar dos currículos das escolas do Pará e do Distrito Federal.
1989
A Sociologia torna-se disciplina constante da grade curricular das escolas de Pernambuco, Rio 
Grande do Sul e do Rio de Janeiro. A constituinte mineira e fluminense torna obrigatório o ensino 
de Sociologia.
1996 Nova Lei de Diretrizes e Bases – Lei nº 9394, de 20 de dezembro, na qual os conhecimentos de Sociologia e Filosofia são considerados fundamentais no exercício da cidadania.
1997 A Sociologia torna-se disciplina obrigatória do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia.
1998
Aprovação do Parecer nº 15, de 1º de junho, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Médio (DCNEM), nas quais os conhecimentos de Sociologia são incluídos na área de Ciências 
Humanas e suas Tecnologias.
1999 Ministério da Educação lança os Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM), que trazem as competências relativas aos conhecimentos de Sociologia, Antropologia e Ciência Política.
2000 No novo currículo das escolas públicas do Distrito Federal, a Sociologia aparece como disciplina obrigatória das três séries do Ensino Médio, com carga semanal de duas horas-aula.
2001
Vetado pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, do PDSB, o projeto de lei do 
Deputado Padre Roque, do Partido dos Trabalhadores do Paraná, que torna obrigatório o ensino de 
Sociologia e Filosofia em todas as escolas públicas e privadas.
2001 Veto presidencial em apreciação no Congresso Nacional.
2003
Inicia-se nova equipe no MEC e nas secretarias de Ensino Médio e Ensino Profissionalizante 
(Governo de Luiz Inácio Lula da Silva – LULA, 2003-2006). UEL introduz Sociologia nas Provas do 
Vestibular.
2004
Forma-se uma equipe para rever os PCNEM. O MEC solicita às sociedades científicas a indicação de 
intelectuais ligados ao ensino para reformularem os PCNEM. Amaury Moraes e sua equipe inicia a 
elaboração das Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Sociologia.
2005
Amaury Moraes elabora o Parecer que questiona as DCNEM e as envia ao MEC, que as encaminha 
ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Cria-se o Grupo de Trabalho (GT) Ensino de Sociologia na 
Sociedade Brasileira de Sociologia e ocorrem duas sessões especiais sobre as questões do ensino no 
Congresso em Belo Horizonte.
2006
O CNE analisa a matéria e vota favorável ao Parecer e à mudança das DCNEM, tornando a Filosofia 
e a Sociologia componentes ou disciplinas curriculares obrigatórias em ao menos uma série do 
Ensino Médio.
2007
Vários estados da federação questionam essa medida junto ao CNE e aguardam o debate antes de 
implementarem; foram os casos de SP e RS.
A maioria dos estados continuou a implantação da disciplina, elaborando diretrizes curriculares 
estaduais, realizando concursos públicos para professores de Sociologia e estruturando materiais 
didáticos.
A SBS realiza junto com a USP o 1° Seminário Nacional de Ensino de Sociologia nos dias 28 
de fevereiro a 2 de março, na Faculdade de Educação da USP. Cria-se a Comissão de Ensino de 
Sociologia no Congresso da SBS em Recife e mantém-se o Grupo de Trabalho (GT) Ensino de 
Sociologia, entre outras tantas atividades.
O Sinsesp e a Apeosp organizam o 1° Encontro Nacional sobre Ensino de Sociologia e de Filosofia, 
em julho, em São Paulo, com a participação de cerca de 800 pessoas. A UFPR introduz Sociologia 
nas provas do vestibular.
A Editora Escala cria a Revista mensal Sociologia: Ciência & Vida, revista vendida na maioria das 
bancas do País.
29
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
2008
Diante das resistências de alguns estados em acatar a mudança das DCNEM, o Sindicato dos 
Sociólogos de São Paulo (Sinsesp) liderou mais um movimento de pressão pela aprovação da lei 
que obriga o ensino de Filosofia e Sociologia nas três séries do Ensino Médio, no Congresso e 
Senado Federal. Em 2 de junho de 2008, o Presidente da República em exercício, José de Alencar, 
assinou a Lei nº 11.684. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com o apoio da 
SBS, realiza o 1° Seminário Nacional de Educação e Ciências Sociais, nos dias 18 e 19 de abril, em 
Natal. A Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o apoio do 
MEC e SBS, realizou o 1° Encontro Estadual sobre Ensino de Sociologia na Educação Básica, no Rio 
de Janeiro, em 19 a 21 de setembro de 2008. A FCS da UFG realizou o 5° Seminário sobre Sociologia 
no Ensino Médio, em Goiânia-GO, em setembro de 2008. 
2009
O CNE regulamenta o modo de implantação da Filosofia e Sociologia nas três séries do Ensino 
Médio pela Resolução n° 1, de 15 de maio de 2009, ordenando que se conclua a efetivação dessa 
medida até 2011.
A SBS realiza o 1º Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica, nos dias 25 a 
27 de julho na UFRJ (participação de cerca de 300 pessoas) e mantém o GT Ensino de Sociologia 
no seu Congresso Bianual, realizado na sequência e que comemorou os 60 anos de existência da 
entidade. A FCS da UFG realizou o 6º Seminário sobre Sociologia no Ensino Médio, em Goiânia (GO), 
em setembro de 2009.
Fonte: Santos; Ilezi apud Moraes (2011, p. 40-4).
No início dos anos 1960, havia vários cursos de Ciências Sociais em São Paulo, sendo os mais 
tradicionais, ESPSP, USP e PUC; no interior, Campinas (Unicamp) e institutos isolados em Marília, 
Araraquara e Rio Claro, esses dois incorporados primeiramente à Unicamp, mas logo depois vieram a 
constituir a Unesp.
Todavia, no âmbito do Ensino Médio, sob o pretexto de emprestar a esse nível de ensino um perfil 
profissionalizante, Sociologia e Filosofia foram retiradas do Ensino Médio, inclusive do curso normal! As 
Ciências Sociais ficaram reservadas aos cursos universitários, mesmo assim, os anos 1970 foram uma fase 
de grande e inovadora produção acadêmica, seguida pela expansão dos cursos de Comunicação Social.
Em São Paulo, em 1971, formou-se a Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo (ASESP) 
segundo informação de Sérgio Sanandaj Mattos (2009):
O primeiro presidente da ASESP foi o Prof. Dr. Luiz Pereira, livre-docente 
da Universidade de São Paulo. Posteriormente presidiram a Associação dos 
Sociólogos do Estado de São Paulo, intelectuais que formavam boa parte 
da tradição sociológica brasileira, como Duglas Teixeira Monteiro, Carmen 
Sylvia A. Junqueira, Cândido, Procópio Ferreira de Camargo, Francisco de 
Oliveira, José Álvaro Moisés, Gabriel Cohn, Sedi Hirano, Eder Sader, Antônio 
Gonçalves, Levi Bucalém Ferrari, Nancy Valadares de Carvalho, Paulo Edgar 
de Almeida Resende e Heleieth Iara Bongiovani Saffioti.
De fato, sociólogos e demais cientistas sociais foram contra a ditadura, favoráveis ao retornoda 
democracia, além de participarem dos movimentos de oposição e de resistência ao regime autoritário. 
Conta Sergio Mattos que:
Depois do reconhecimento da profissão em 1980 e da regulamentação por 
Decreto em 1984, muitas entidades sindicais foram fundadas nos Estados, 
30
Unidade I
propiciando o aparecimento do Sindicato de Sociólogos, até então uma 
novidade para estes profissionais das Ciências Sociais. Uma das maiores 
conquistas da ASESP foi sem dúvida o reconhecimento da profissão e também 
a criação em 1º de outubro de 1982 da APSESP, entidade pré-sindical, 
convertida em Sindicato em 1985. A criação do Sindicato dos Sociólogos é 
consequência de um processo de debates que se iniciou em 1980, entre os 
sociólogos paulistas (MATTOS, 2009).
Após a queda do regime autoritário, no clima democrático que se formara, todos esperavam que 
houvesse a reinserção de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio, o que parecia justificável, inclusive para 
os integrantes do Senado e da Câmara dos Deputados, perante a necessidade de fortalecer a cidadania. 
Na verdade, esse era o conteúdo do Art. 36 e incisos da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996). Todavia, no ambiente político de franca predominância neoliberal, 
a referência a disciplinas como Sociologia e Filosofia parecia inconveniente, ou desnecessário. Carvalho 
(2007) relembra que:
Foi assim que, nesse mesmo ano, o então deputado Padre Roque (PT/PR) 
apresenta em outubro um projeto de Lei que altera o artigo 36 da LDB, 
dando-lhe um caráter obrigatório a ambas as disciplinas. Tal Lei tramitou 
por quatro anos e, em 18 de setembro de 2001, foi, finalmente, aprovada 
no Senado da República (mesmo com orientação contrária da liderança 
do governo FHC, a votação foi de 40 votos a favor e 20 contrários). A 
comunidade acadêmica e estudantil, que tanto lutou por essa aprovação, 
comemorou com festas. Mas, a felicidade duraria pouco. Em 8 de outubro 
desse mesmo ano, o sociólogo e presidente Fernando Henrique Cardoso veta 
integralmente a Lei aprovada (que, na Câmara, o fora por unanimidade).
Podem ser realizadas distintas interpretações do veto presidencial, mas, na leitura de Carvalho 
(apud OLIVEIRA, 2013. p. 358), ele se deveu ao fato de que “[...] era preciso impedir que os milhões 
de jovens do Ensino Médio pudessem ter acesso a duas disciplinas que lhes propiciassem uma 
melhor condição de reflexão e análise da realidade social em que estão inseridos.“ Sem dúvida que 
outros motivos, mais complexos e sutis, poderiam ser alegados para explicar finalidades do gesto 
de FHC. Moraes (2011), embora recuse o argumento ideológico como simplista, reconhece uma 
intencionalidade política no gesto, diz ele que “apesar das manobras do governo que se opunha 
frontalmente ao projeto, este é aprovado em 18 de setembro de 2001” (MORAES, 2011, p. 369).
Citando parte da justificativa do veto presidencial, destaca:
[...] o projeto de inclusão da Filosofia e da Sociologia como disciplinas 
obrigatórias no currículo do ensino médio implicará a constituição de 
ônus para os estados e o Distrito Federal, pressupondo a necessidade da 
criação de cargos para a contratação de professores de tais disciplinas, com 
a agravante de que, segundo informações da Secretaria de Educação Média 
e Tecnológica, não há no país formação suficiente de tais profissionais para 
atender à demanda que advirá caso fosse sancionado o projeto, situações 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
que por si só recomendam que seja vetado na sua totalidade por ser contrário 
ao interesse público (BRASIL, 2011).
Seja porque não houve suficiente convencimento da necessidade das duas disciplinas, seja 
porque houve pressão conservadora, o fato é que esse veto foi derrubado e, desde 2008, as 
duas disciplinas, Sociologia e Filosofia, se tornaram obrigatórias em todas as escolas do Ensino 
Médio; isso graças ao esforço e participação das organizações profissionais, grupos de trabalho 
de sociólogos e de outros profissionais.
De toda a luta realizada, especialmente a dos últimos anos, pode-se extrair uma resposta para a 
primeira parte da questão: “qual é o sentido de lecionar Sociologia para jovens no Ensino Médio?” 
Sem dúvida que, para despertar-lhes o pensamento crítico e analítico, para devolver-lhes, ainda que 
em parte, as possibilidades para exercício pleno da condição de sujeito e de cidadão. Parece ser nesse 
sentido que se coloca a reflexão sobre finalidades e objetivos da disciplina.
 Observação
A perspectiva pragmática subjacente ao neoliberalismo que impregnou 
a política de Fernando Henrique Cardoso possivelmente responde por seu 
gesto. Reforçar a formação democrática das camadas populares seria 
compatível com o exercício de uma cidadania plena, mas essa linha política 
não era cogitada pela política neoliberal do Conselho de Washington.
4.2 Objetivos e finalidades a atingir com o ensino da disciplina
A aprovação da obrigatoriedade de ensino de Sociologia nas escolas brasileiras de nível médio (Parecer 
CNE/CEB nº 38/2006 e Lei nº 11.684/2008) se deu graças a um exaustivo processo de envolvimento dos 
órgãos representativos dos sociólogos, discussão e produção intelectual, sobretudo na discussão das 
Orientações Curriculares para Ensino Médio Sociologia (OCEM), segundo Moraes e Guimarães (2010, p, 10):
Para isso, a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) vem desenvolvendo 
atividades, pela sua Comissão de Ensino, quer na divulgação das 
OCEM-Sociologia (I Seminário Nacional sobre Ensino de Sociologia no nível 
médio, USP, São Paulo, março de 2007), quer na divulgação de pesquisas 
sobre o ensino de Sociologia (XIII Congresso Brasileiro de Sociologia, UFPE, 
Recife, GTs Ensino de Sociologia, maio e junho de 2007; I Seminário Nacional 
de Educação em Ciências Sociais, UFRN, Natal, março de 2008; I Encontro 
Estadual de Ensino de Sociologia, UFRJ, Rio de Janeiro, junho de 2008; I 
Simpósio Estadual sobre a Formação de Professores de Sociologia, UEL, 
Londrina, setembro de 2008; I Encontro Nacional sobre Ensino de Sociologia 
na Escola Básica, UFRJ, Rio de Janeiro, julho de 2009).
32
Unidade I
Essa síntese do processo de discussão do ensino de Sociologia consta na introdução da obra 
coordenada por ele: Sociologia: Ensino Médio. Dessa obra, disponível na internet, participaram vários 
especialistas discutindo aspectos e questões pertinentes ao ensino de Sociologia, inclusive fazendo 
sugestões importantes.
Moraes e Guimarães (2010, p. 45) escreveram o capítulo Metodologia de Ensino de Ciências 
Sociais: relendo as Ocem-Sociologia, nele discutem os princípios epistemológicos de estranhamento 
e desnaturalização que fundamentam a Sociologia, os princípios metodológicos que abrangem a 
utilização de conceitos, temas e teorias, e finalmente apresentam a utilização da pesquisa como um 
princípio transversal. Para os autores, a adoção desses recursos pelo professor permite aos alunos 
avançar na sistematização do conhecimento:
Procurando fazer uma ponte entre o estranhamento e a desnaturalização, 
pode-se afirmar que a vida em sociedade é dinâmica, em constante 
transformação; constitui-se de uma multiplicidade de relações sociais 
que revelam as mediações e as contradições da realidade objetiva de um 
dado período histórico. É representada por um conjunto de ações que se 
caracterizam pela capacidade de alterar o curso dos acontecimentos, e 
provocar transformações no processo histórico. Os saberes sociológicos são 
construídos a partir da sistematização teórica e prática do processo social e 
a ação concreta dos homens delimita o campo de análise sociológica; além 
disso, a dinâmica da vida social oferece as ferramentas fundamentais para a 
sistematização do conhecimento.
 Lembrete
A leitura desse capítulo converge para a postura sociológica indicada 
anteriormente como a de um “olhar desconfiado” dirigido para a aparência, 
embora as indicações de Moraes (2010) emprestem à expressão o necessário 
refinamento teórico, assim

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