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Mieloma Múltiplo

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Análises Clínicas e Laboratoriais, 3.º Ano
Discentes:
Amélia Peu
Milvan Paulino
Muhammad Chitará
Telma Maguengue
MIELOMA MÚLTIPLO E DOENÇAS SIMILARES
Xai-Xai
2022
Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo Gwaza Muthini
Amélia Peu
Milvan Paulino
Muhammad Chitará
Telma Maguengue
Mieloma Múltiplo e Doenças Similares
~
Trabalho apresentado ao Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo Gwaza Muthini (ISGE-GM) como requisito para uma das avaliações da disciplina de Hematologia Laboratorial II.
Orientador (a): Helena Baixane
Xai-Xai
2022
Sumário
Introdução	4
1.1. Objectivos	5
1.1.1. Objectivos Gerais	5
1.1.2. Objectivos Específicos	5
1.2. Metodologia de Pesquisa 	6
Mieloma Múltiplo 	7
2.1. Etiologia 	7
2.2. Epidemiologia	8
2.3. Carcterísticas Clínicas	8
2.4. Fisiopatologia	9
2.5. Diagnóstico Laboratorial	11
2.6. Prognóstico 	13
2.7. Tratamento	13
2.7.1. Estratégias de Tratamento para Pacientes Elegíveis a TCTH	14
2.7.2. Estratégias de Tratamento para Pacientes não Elegíveis a TCTH	15
2.7.3. Tratamento de Complicações	15
Doenças Relacionadas	16
3.1. Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado	16
3.2. Linfoma Linfoplasmocítico	17
3.3. Amiloidose de Cadeia Leve	18
3.4. Leucemia Plamocitária 	19
3.5. Doença de Cadeia Pesada 	19
3.6. Plamocitoma Solitário 	20
4. Conclusão	21
5. Referências Bibliográficas	22
1. Introdução
O mieloma múltiplo tem início na medula óssea, devido a um defeito celular: no momento em que os linfócitos B se diferenciam e se tornam plasmócitos, ocorre uma mutação em um ou mais de seus genes e passam a produzir plasmócitos anormais.
O MM é responsável por 1% de todos os casos de câncer e 10% dos casos de doenças hematológicas, ocorrendo com maior frequência em homens do que em mulheres com idade média de diagnostico da doença aos 70 anos.
O Mieloma Múltiplo (MM) ainda é uma doença incurável e na investigação das anemias tem o diagnóstico diferencial esquecido, por isso a importância da sua fisiopatologia e o conhecimento dos seus parâmetros clínico-laboratoriais com o objectivo de aumentar a qualidade de vida desses pacientes acometidos.
1.1. Objectivos de Pesquisa
1.1.1. Objectivo Geral
· Analisar as doenças recorrentes da gamopatia monoclonal como Mieloma Múltiplo e outras similares.
1.1.2. Objectivos Específicos
· Conceptualizar o Mieloma Múltiplo;
· Apresentar a Etiologia;
· Apresentar dados epidemiológicos gerais;
· Descrever a fisiopatologia;
· Descrever o Prognóstico;
· Descrever a patogenia de outras doenças relacionadas ao MM;
· Descrever as vias de tratamento;
· Apresentar a forma de diagnóstico.
1.2. Metodologia de Pesquisa
Método cientifico é o conjunto de técnicas que possibilitam a verificação de certo conhecimento, ou seja, determinar o caminho/procedimento que possibilitou chegar a esse conhecimento. (Gil, 2008)
Este trabalho se caracteriza como uma revisão bibliográfica narrativa, que segundo Rother (2007) são publicações amplas, apropriadas para descrever e discutir o desenvolvimento ou o estado da arte de um determinado assunto, sob ponto de vista teórico ou contextual. 
Foram utilizados com banco de dados: American Cancer Society, Tratado de Hematologia, Robins Patologia Básica, Associação Brasileira de Linfomas e Leucemias, são literaturas publicadas a partir de 2013. Como critério de inclusão foi definido que os estudos deveriam tratar sobre a fisiopatologia do Mieloma Múltiplo, diagnósticos utilizados, doenças similares e tratamento.
2. Mieloma Múltiplo 
O mieloma múltiplo tem início na medula óssea, devido a um defeito celular: no momento em que os linfócitos B se diferenciam e se tornam plasmócitos, ocorre uma mutação em um ou mais de seus genes e passam a produzir plasmócitos anormais. (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, 2021)
Em virtualmente todos os casos, é secretada uma única imunoglobulina, parcial ou completa. Como essas imunoglobulinas podem ser detectadas no soro, esses distúrbios são também referidos como gamopatias monoclonais, e a imunoglobulina associada é frequentemente referida como proteína M. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
Os plasmócitos defeituosos acumulam-se na medula óssea, formando os plamocitomas - considerado um “tumor maligno” por se tratar de um aglomerado de células defeituosas a atrapalhar o bom funcionamento das células saudáveis. (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, 2021)
2.1. Etiologia
“A causa do Mieloma Múltiplo (MM) ainda não é bem estabelecida. Numerosos vírus e outros agentes infecciosos têm sido relacionados à patogenia do MM, mas os mecanismos ainda não foram totalmente elucidados.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 556)
“Vários estudos associam o risco de MM à exposição a pesticidas, como, por exemplo, as dioxinas. A taxa de mortalidade por MM aumentou em países industrializados nas décadas de 1960 e 70.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 556)
Dados da American Cancer Society mostram um aumento de 82% na incidência da doença entre 1950 e 1980, período esse que coincidiu com o momento em que vários factores de risco, como, por exemplo, produtos químicos, foram lançados ao meio ambiente. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
É relatada a ocorrência de MM em grupos familiares de dois ou mais parentes de primeiro grau e em gémeos idênticos. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
2.2. Epidemiologia
“O MM representa 1% de todos os tipos de câncer, sendo a segunda neoplasia hematológica mais frequente (13%). A incidência é de quatro por 100 mil aproximadamente, com predomínio discreto do sexo masculino.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 556)
A idade mediana ao diagnóstico é de aproximadamente 70 anos, assim distribuídos: 37% dos pacientes são diagnosticados com mais de 75 anos, 26%, entre 65 e 74 anos, e 37%, abaixo dos 65 anos. Raramente o MM é diagnosticado abaixo dos 35 anos (0,6% de todos os casos). (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 556)
2.3. Características Clínicas
“As manifestações clínicas dos tumores de plasmócitos são variadas. Elas resultam de efeitos destrutivos ou de outro modo danosos das células tumorais em diversos tecidos e de complicações relacionadas com as imunoglobulinas completas ou parciais secretadas pelas células tumorais.” (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 439)
De acordo com (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 439), as características clínico-patológicas comuns do mieloma múltiplo podem ser resumidas como se segue:
• Dor óssea, devido a fracturas patológicas. As fracturas patológicas das vértebras podem causar invasão da medula espinhal, caracterizando uma emergência oncológica.
• Hipercalcemia resultante da reabsorção óssea origina manifestações neurológicas como a confusão e a letargia, e também contribui para a disfunção renal.
• Anemia, devido à substituição da medula óssea pelas células tumorais, como também devido à supressão da hematopoese através de mecanismos incertos.
• Infecções recorrentes por bactérias como S. aureus, S. pneumoniae e E. coli, resultantes da marcante supressão da imunidade humoral normal.
• Insuficiência renal (em até 50% dos pacientes), resultante de efeitos deletérios das proteínas de Bence Jones nas células tubulares renais, como também de infecções bacterianas, da hipercalcemia e da amiloidose.
• Amiloidose do tipo AL (5-10% dos pacientes).
• Sintomas relacionados com a hiperviscosidade podem ocorrer devido à produção excessiva e à agregação de proteínas M, porém essa apresentação clínica é muito mais característica do linfoma linfoplasmocítico.
2.4. Fisiopatologia
A proteína M mais frequentemente produzida pelas células do mieloma é a IgG (60%), seguida da IgA (20-25%); apenas raramente proteínas M do tipo IgM, IgD ou IgE são observadas. Nos casos remanescentes (15-20%), os plasmócitos produzem somente cadeias leves k ou λ. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 437)
Devido ao seu baixo peso molecular, cadeias leves livres são excretadas na urina, onde são denominadas proteínas de Bence Jones. Ainda mais comummente, plasmócitos malignos secretam tanto imunoglobulinas completas quantocadeias leves livres, produzindo desse modo proteínas M e proteínas de Bence Jones. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 437)
O plasmócito neoplásico apresenta uma combinação complexa de alterações genéticas. Podem ser observadas alterações cromossómicas múltiplas, com ganho e perda de vários cromossomas e anormalidades estruturais. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Translocação cromossómica primariamente precoce ocorre na região switch do cromossoma 14 (q32.33), que é mais comummente justa posicionada ao oncogene MAF t(14;16) e MMSET (Multiple Myeloma SET, uma histona metiltransferase e factor de transcrição) no cromossoma 4p16.3, t(4;14). (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
Anormalidades genéticas alteram a expressão das moléculas de adesão nos plasmócitos malignos, assim como resposta aos estímulos de crescimento do microambiente medular. 
As interacções entre as células do MM e as do microambiente medular ou proteínas da matriz extracelular, que são mediadas por receptores de superfície celular (como integrinas, caderinas, selectinas e moléculas de adesão celular), aumentam o crescimento do tumor, sobrevida, migração e resistência a drogas. (American Cancer Society, 2018)
A adesão das células do MM às células hematopoéticas e do estroma induz a secreção de citocinas e factores de crescimento, incluindo IL-6, VEGF, IGF-1, membros da superfamília dos factores de necrose tumoral, TGF-b1 e IL-10. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
A proliferação das células do mieloma é estimulada pela citocina interleucina 6 (IL-6), que é produzida por fibroblastos e macrófagos no estroma da medula óssea. A reabsorção óssea característica resulta da secreção de certas citocinas (p. ex., IL-1b, factor de necrose tumoral e IL-6) pelas células do mieloma. Essas citocinas estimulam a produção de outra citocina denominada RANK-ligante, que estimula a diferenciação e a actividade de absorção dos osteoclastos. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
Isso vai fazer com que os osteoclastos acelerem a dissolução do osso. E ocorre a inibição da via Wnt suprime os osteoblastos. Assim, o osso velho é quebrado sem osso novo para substituí-lo, tornando os ossos fracos e fáceis de quebrar. Este aumento na degradação óssea também pode aumentar os níveis de cálcio no sangue. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
Os pacientes diagnosticados com mieloma são imunossuprimidos. Através de mecanismos ainda incertos, as células do mieloma interferem na função normal dos plasmócitos, originando falhas na produção de anticorpos. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
Por conseguinte, apesar de o plasma geralmente apresentar nível aumentado de imunoglobulinas devido à presença da proteína M, frequentemente os níveis de anticorpos funcionais estão profundamente reduzidos, deixando o paciente em alto risco de infecções bacterianas. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 439)
O acometimento renal está associado a acúmulos de proteínas nos túbulos contorcidos distais e nos ductos colectores, consistindo principalmente em proteínas de Bence Jones e quantidade variada de imunoglobulinas completas, proteína de Tam-Horsfall e albumina. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 439)
Células gigantes multinucleadas derivadas de macrófagos geralmente circundam os acúmulos. As células epiteliais adjacentes aos acúmulos frequentemente tornam-se necróticas ou atróficas devido ao efeito tóxico das proteínas de Bence Jones. Outros processos patológicos comuns envolvendo o rim incluem calcificação metastática, decorrente da reabsorção óssea e hipercalcemia. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 439). 
2.5. Diagnóstico Laboratorial
Os exames sanguíneos de rotina compreendem hemograma, VHS e perfil bioquímico. Há anemia em 80% dos pacientes, geralmente normocítica, normocrômica com formação de rouleaux, que são agregados de 3 a 12 eritrócitos que ocorrem em pilhas. As contagens de leucócitos e plaquetas quase sempre são normais. (Berenson, 2019)
A VHS normalmente é > 100 mm/hora; ureia no sangue, creatinina sérica, DHL, microglobulina beta-2 e ácido úrico podem estar elevados. O hiato aniônico às vezes é baixo. Hipercalcemia está presente no diagnóstico em cerca de 10%. (Berenson, 2019)
Realiza-se a eletroforese de proteína e imunofixação em uma amostra de soro e urina concentrada colectada em 24 horas para quantificar o nível de proteína M na urina. A eletroforese sérica identifica a M-proteína em cerca de 80 a 90% dos pacientes. Os 10 a 20% restantes são habitualmente aqueles com cadeias monoclonais leves livres (proteína de Bence Jones) ou IgD. Quase sempre apresentam M-proteína detectada pela eletroforese da proteína urinária. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
A eletroforese de imunofixação pode identificar a classe da imunoglobulina da M-proteína (IgG, IgA, ou, raramente, IgD, IgM ou IgE) com frequência pode detectar proteína de cadeia leve se a imunoeletroforese sérica for falso-negativa; a eletroforese de imunofixação é obtida mesmo que o teste sérico seja negativo, se houver forte suspeita de mieloma múltiplo. (Berenson, 2019)
A análise de cadeia leve livre no soro com classificação das proporções capa e lambda ajuda a confirmar o diagnóstico e também pode ser usada para monitorar a eficácia da terapia e fornecer dados para o prognóstico. (Berenson, 2019)
“Mede-se o nível sérico de microglobulina beta-2 se o diagnóstico é confirmado ou se é muito provável e, junto com a albumina sérica, é utilizado para estadiar os pacientes como parte do sistema de estadiamento internacional.” (Berenson, 2019)
“Radiografias incluem exame do esqueleto (radiografia simples do crânio, ossos longos, coluna vertebral, pelve e arcos costais). Lesões líticas em saca-bocado ou osteoporose difusa estão presentes em 80% dos casos.” (Berenson, 2019)
“As cintigrafias ósseas habitualmente não são úteis. RM pode fornecer detalhes adicionais e ser obtida se houver locais de dor ou sintomas neurológicos. A PET-CT pode fornecer informações prognósticas e ajudar a determinar se os pacientes têm plasmocitoma solitário ou mieloma múltiplo.” (Berenson, 2019)
Figure 1. Aspecto rouleaux. Fonte: https://bibliotecadehematologia.wordpress.com/2014/11/09/celulas-de-rouleaux/
Figure 2. Pico monoclonal no MM. Fonte: http://www.biomedicinapadrao.com.br/2014/03/para-que-serve-tecnica-de-imunofixacao.html
2.6. Prognóstico
A sobrevida do MM varia desde poucos meses a mais de dez anos. O incremento na sobrevida foi mais significativo na ultima década, devido aos novos tratamentos e à quimioterapia em altas doses, além da melhora nos cuidados de suporte. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Sinais prognósticos desfavoráveis no diagnóstico são baixos níveis de albumina sérica, níveis mais altos de microglobulina beta-2 sérica e anomalias citogenéticas específicas nas células tumorais. Pacientes que inicialmente têm insuficiência renal também não evoluem bem, a menos que a função renal melhore com a terapia. (Berenson, 2019)
O estadiamento desenvolvido por Durie e Salmon em 1975 ainda é utilizado para a identificação do risco. Na última década, um painel internacional de investigadores apresentou o Sistema de Estadiamento Internacional (International Staging System, ISS), que utiliza apenas as dosagens de b 2 microglobulina e da albumina sérica. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 558)
Tabela 1.Sistema de estadiamento internacional do MM ao diagnóstico (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
2.7. Tratamento
A terapia dever ser instituída apenas quando houver sintomas. O MM assintomático requer observação clinica, uma vez que tratamento com quimioterapia convencional não demonstrou benefício. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Para estabelecer a estratégia terapêutica é importante considerar a idade, performance status e presença de comorbidades. Os pacientes com idade inferior a 65 anos e boas condições clínicas devem ser considerados elegíveis para altas doses de quimioterapia seguida de Transplante Autólogo de Células-Tronco Hematopoéticas (TCTH). (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
2.7.1. Estratégias de Tratamento para Pacientes Elegíveis a TCTH
A recomendação é realizarde quatro a seis ciclos de terapia, combinando as novas drogas com a Dexametasona e/ou Ciclofosfamida. As combinações triplas desses fármacos entre si e com os outros agentes aumentaram as taxas de resposta completa pré-TCTH. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
O esquema de altas doses mais utilizado é Melfalano, isoladamente, na dose de 200 mg/m2. Pacientes entre 65 a 70 anos em boas condições aos quais se indique o TCTH, assim como aqueles com insuficiência renal, devem utilizar doses reduzidas de Melfalano (110 a 140 mg/m2). (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Deve-se fazer a colecta de células-tronco hematopoéticas em número suficiente para pelo menos dois transplantes, já que pacientes em recidiva tardia após o primeiro TCTH parecem se beneficiar de um segundo procedimento. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
“O IMWG recomenda que se colete pelo menos 4,0 × 106 células CD34/kg para um único transplante e o dobro dessa quantidade, pensando na possibilidade de um segundo procedimento.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 559)
“O papel da consolidação pós-TCTH tem sido alvo de grande interesse. Esquemas combinando Bortezomibe, Talidomida e/ou Lenalidomida por mais dois a quatro ciclos pós-TCTH são bem tolerados e prolongam o tempo de sobrevida livre de doença.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 559)
“Manutenção utilizando as novas drogas isoladamente ou em combinação com Dexametasonapor um longo período de tempo ou eventualmente até a progressão também foram testados em estudos randomizados.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 559)
2.7.2. Estratégias de Tratamento para Pacientes não Elegíveis a TCTH
“Os pacientes não candidatos às altas doses de quimioterapia e TCTH devem receber combinações com Melfalano oral em doses convencionais. O principal objectivo nesses casos é atingir resposta e prolongar a sobrevida livre de progressão com mínima toxicidade.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 559)
“As combinações de Melfalano e Prednisolona + Talidomina e de Melfalano e Prednisolona + Bortezomibe são hoje consideradas padrão para os pacientes não elegíveis à TCTH.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 560)
Doses elevadas de Dexametasona devem ser evitadas, a talidomida deve ser utilizada em dose máxima de 100 mg, e esquemas semanais de Bortezomibe por via venosa ou subcutânea têm sido recomendadas para diminuir a incidência de neuropatia periférica e aumentar a tolerância ao tratamento. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
2.7.3. Tratamento das Complicações
A Anemia pode ser tratada com eritropoetina recombinante (40.000 unidades 1 vez/semana, subcutânea) em pacientes cuja anemia não é aliviada adequadamente pela quimioterapia. Se a anemia produzir sintomas cardiovasculares ou sistêmicos significantes, transfusões de concentrados de eritrócitos são feitas. (Berenson, 2019)
A hiperuricemia pode ocorrer em alguns pacientes com alta carga tumoral e problemas metabólicos subjacentes. Indica-se alopurinol ou rasburicase para pacientes com altos níveis séricos de ácido úrico ou grande volume tumoral e alto risco de síndrome da lise tumoral com o tratamento. (Berenson, 2019)
Infecções bacterianas documentadas devem ser tratadas com antibiótico; no entanto, o uso profilático de antibióticos não é rotineiramente recomendado. (Berenson, 2019)
É indicado fazer profilaxia com antivirais (p. ex., aciclovir, vanganciclovir ou fanciclovir) para os pacientes que recebem um inibidor de proteassoma (bortezomibe, carfilzomibe ou ixazomibe) ou anticorpo monoclonal (daratumumabe, elotuzumabe). (Berenson, 2019)
Combinação de Bortezomibe e Dexametasona eventualmente associado a Ciclofosfamida é recomendado para insuficiência renal, já que promove uma rápida depuração das cadeias leves em circulação. (Berenson, 2019)
A hipercalcemia que pode piorar a insuficiência renal deve ser prontamente identificada e tratada com hidratação adequada, diuréticos, glicocorticoides e bisfosfonatos. Mas caso o distúrbio renal não esteja relacionado a hipercalcemia, uma opção é o denosumabe mensal (administrado por via subcutânea) que, contrariamente aos bisfosfonatos, não é eliminado pelos rins e não causa reacções à infusão. (Berenson, 2019, Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Os bisfosfonatos devem ser utilizados para reduzir as complicações ósseas, além de corrigir com eficácia a hipercalcemia: o Zoledronato e o Pamidronato são os bisfosfonatos mais utilizados no momento. Bisfosfonatos reduzem as complicações esqueléticas, diminuem a dor óssea e podem ter efeito antitumoral. (Berenson, 2019, Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
3. Doenças Relacionadas
3.1. Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado
Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI) é o nome utilizado para uma gamopatia monoclonal assintomática. As proteínas M são encontradas no soro de 1-3% dos indivíduos saudáveis com mais de 50 anos de idade, tonando-a a forma mais comum de proliferação de plasmócitos. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 438)
Apesar do seu nome, torna-se cada vez mais evidente que a GMSI é uma lesão precursora com tendência de evoluir para mieloma múltiplo. Entre os pacientes com GMSI, um tumor sintomático de plasmócitos, mais comummente o mieloma múltiplo, se desenvolve a uma taxa de 1% ao ano. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013, p. 438)
Além disso, as células plasmáticas clonais da GMSI apresentam as mesmas translocações cromossómicas encontradas no mieloma múltiplo clássico. O diagnóstico de GMSI deve ser estabelecido somente após a exclusão cuidadosa de outras gamopatias monoclonais, particularmente o mieloma múltiplo. Em geral, pacientes com GMSI possuem menos de 3 g/dL de proteína monoclonal no soro e ausência de proteinúria de Bence Jones. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
3.2. Linfoma Linfoplasmocítico
O linfoma linfoplasmocítico inclui-se nas neoplasias de plasmócitos porque as células tumorais secretam a proteína M, mais comummente a IgM, porém é específica de outro modo. (American Cancer Society, 2018)
Segundo (Kumar, Abbas, & Aster, 2013), o linfoma linfoplasmocítico afecta indivíduos de idade mais avançada; o pico de incidência localiza-se entre a sexta e a sétima década de vida. A maioria dos sinais e sintomas clínicos são causados pela secreção de IgM (macroglobulina) pelas células tumorais. Devido ao seu tamanho, as macroglobulinas tornam o sangue viscoso, originando a síndrome conhecida como macroglobulinemia de Waldenström, associada aos seguintes aspectos:
• Comprometimento visual, resultante da notável sinuosidade e distensão das veias retinianas; as hemorragias e os exsudatos retinianos podem também contribuir para o aparecimento dos problemas visuais
• Problemas neurológicos, como cefaleias, tonturas, zumbido, surdez e torpor, causados pelo fluxo lento e pela viscosidade do sangue
• Sangramento, relacionado com a formação de complexos entre as macroglobulinas e os fatores de coagulação, bem como interferências nas funções plaquetárias
• Crioglobulinemia, devido à precipitação de macroglobulinas em baixas temperaturas, produzindo sintomas como o fenómeno de Raynaud e urticária ao frio
O linfoma linfoplasmocítico responde bem, por determinado tempo, a regimes terapêuticos relativamente leves e à plasmaférese, que remove as macroglobulinas; a sobrevida mediana varia de 4-5 anos. (Kumar, Abbas, & Aster, 2013)
3.3. Amiloidose de Cadeia Leve
A amiloidose de cadeia leve também é um distúrbio do crescimento anormal de plasmócitos, mas com quantidades menores de plasmócitos anormais na medula óssea em comparação com o mieloma múltiplo. (American Cancer Society, 2018)
As proteínas monoclonais (anticorpos) são compostas por cadeias de proteínas unidas - 2 cadeias leves curtas e 2 cadeias pesadas mais longas. Na amiloidose de cadeia leve, as células plasmáticas anormais produzem muitas cadeias leves que são mais curtas e pesam menos do que as cadeias pesadas. (American Cancer Society, 2018)
As cadeias leves se acumulam nos tecidos como uma proteína anormal conhecida como amilóide. O acúmulo de amilóide em certos órgãos pode aumentá-los e afetar a maneiracomo eles funcionam. (American Cancer Society, 2018)
Por exemplo, quando o amilóide se acumula no coração, pode causar um batimento cardíaco irregular e fazer com que o coração aumente e fique mais fraco. Um coração fraco pode levar a uma condição chamada insuficiência cardíaca congestiva, com sintomas como falta de ar e inchaço nas pernas. (American Cancer Society, 2018)
A amilóide nos rins pode fazer com que funcionem mal. Isso pode não causar sintomas no início, mas a função renal ruim pode ser encontrada em exames de sangue. Se piorar, pode levar à insuficiência renal. (American Cancer Society, 2018)
A percentagem de plasmócitos na medula óssea é inferior a 10% na maioria dos casos. Realização da biópsia identifica depósito amilóide em 85% dos casos. Existe um predomínio de cadeia leve lambda (70%) na AL, ao contrário do MM. A biópsia de medula óssea com imuno-histoquímica anticadeia leve também pode ajudar na identificação da clonagem dos plasmócitos. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 564) 
A maioria dos esquemas de tratamento da baseia-se na experiência do MM, incluindo quimioterapia convencional e quimioterapia de altas doses seguida de TCTH. A quimioterapia de altas doses seguida de TCTH é indicada para pacientes jovens, geralmente com um único acometimento orgânico não cardíaco ao diagnóstico. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Em relação à quimioterapia convencional, o Melfalano oral tem sido utilizado para controle da doença há vários anos e, recentemente, foi associado à Dexametasona com uma resposta orgânica em 48% dos pacientes não elegíveis ao TCTH. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
3.4. Leucemia Plamocitária
A leucemia plasmocitária pode ser primária ou secundária, quando ocorre durante a evolução do MM. Os pacientes com leucemia plasmocitária apresentam mais de 20% de plasmócitos no sangue periférico, com contagem absoluta dos plasmócitos de pelo menos 2000 μ/L. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
Os pacientes com leucemia plasmocitária primária são mais jovens e têm contagem plaquetária mais elevada, menor número de lesões ósseas, menor quantidade de proteína M sérica e sobrevida mais prolongada do que aqueles com leucemia plasmocitária secundária (mediana de 6,8 versus 1,3 mês). (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
O prognóstico desses pacientes é ruim, com pouca resposta aos esquemas quimioterápicos convencionais, sem melhora significativa mesmo com as novas drogas. A leucemia plasmocitária secundária raramente responde à quimioterapia. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
3.5. Doença de Cadeia Pesada
A doença da cadeia pesada não é uma entidade específica, porém representa um grupo de proliferações nas quais somente as cadeias pesadas são produzidas, mais comummente a IgA. (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013)
“A doença da cadeia pesada da IgG, menos comum, frequentemente se manifesta por linfadenopatia difusa e hepatoesplenomegalia, assemelhando-se histologicamente ao linfoma linfoplasmocítico.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 565)
“O diagnóstico laboratorial é feito pela identificação da cadeia pesada. Na electroforese de proteínas séricas, o achado é de uma banda larga, aparentemente policlonal, que corre na região de b. A imunofixação é um exame imprescindível para detectar a natureza monoclonal da condição.” (Zago, Falcão, & Pasquini, 2013, p. 565)
3.6. Plamocitoma Solitário
Um plasmocitoma é um tipo de crescimento anormal de células plasmáticas cancerígenas. Em vez de muitos tumores em locais diferentes, como no mieloma múltiplo, há apenas um tumor, daí o nome de plasmocitoma solitário. (American Cancer Society, 2018)
Um plasmocitoma solitário geralmente se desenvolve em um osso. Quando um plasmocitoma começa em outros tecidos (como pulmões ou outros órgãos), ele é chamado de Plasmocitoma extramedular ou extraósseo. (American Cancer Society, 2018)
Plasmocitomas solitários são mais frequentemente tratados com radioterapia. Às vezes, a cirurgia pode ser usada. Desde que nenhum outro plasmocitoma seja encontrado posteriormente, a perspectiva do paciente geralmente é excelente. No entanto, como muitas pessoas com plasmocitoma solitário desenvolvem mieloma múltiplo, essas pessoas são observadas de perto quanto a sinais dessa doença. (American Cancer Society, 2018)
4. Conclusão
Mieloma Múltiplo é considerado uma neoplasia maligna, incurável e progressiva da medula óssea, de aspectos clínico-laboratoriais graves e sistêmicos compatíveis com o estádio da doença. Os métodos laboratoriais incluem quantificação de proteínas gama com electroforese, biópisa, etc.
Desta forma, torna-se relevante os conhecimentos da doença, os achados clínicos e a interpretação dos exames laboratoriais que levam ao diagnóstico mais precoce possível do MM, bem como a identificação do estádio do tumor, que tem como intuito o aumento da qualidade de vida desses pacientes acometidos.
Existem doenças relacionadas ao mieloma múltiplo que têm características similares e que podem ser confundidas.
Não existe uma cura para o mieloma múltiplo, mas pode-se fazer o acompanhamento, para os pacientes elegíveis ao transplante autónomo de medula pode-se dar medicamentos mais intensos, enquanto a terapia dos outros tem que ser mais leve.
5. Referências Bibliográficas
American Cancer Society. (2018, February 28). O que é mieloma multiplo? Retrieved from https://www.cancer.org/cancer/multple-myeloma/about/what-is-multiple-myeloma.html
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. (2021). Mieloma Multiplo: tudo o que voce precisa saber. São Paulo: ABRALE.
Berenson, J. R. (2019, September). Mieloma Multiplo. Retrieved from https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-dos-plasm%C3%B3citos/mieloma-m%C3%BAltiplo
Gil, A. C. (2008). Metodos e Tecnicas de Pesquisa Social (6ª ed). São Paulo: Editora Atlas
Kumar, V., Abbas, A. K., & Aster, J. C. (2013). Robbins Patologia Básica (9th ed.). Rio de Janeiro: Elsevier.
Rother, E. T. (2007). Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paul. enferm. [online]. Vol. 20, n.2, 
Zago, M. A., Falcão, R. P., & Pasquini, R. (2013). Tratado de Hematologia. São Paulo: Atheneu.
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