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DESIGN DO MOBILIÁRIO Laila Janna Canto Tavares Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Desenvolver desenhos técnicos e especificações de materiais em escala ampliada. Aplicar as normas de representação de plantas, elevações e detalha- mento de mobiliário para espaços internos. Criar projetos de mobiliário por meio de maquetes. Introdução A concepção projetual parte da ideia de conceito e forma idealizada pelo designer, e a sua transcrição para o papel possibilita a construção e a elaboração dessa ideia. Neste capítulo, você vai estudar as formas de representação gráfica bidimensionais e perspectivadas utilizadas por arquitetos e designers de interiores na representação de seus projetos de mobiliários, verificando as normas de representação de plantas, elevações e detalhamento e os estudos volumétricos e tridimensionais de maquetes eletrônicas. Desenhos técnicos e especificações de materiais em escala ampliada Os desenhos de vistas múltiplas compreendem tipos de desenhos conhecidos como plantas, elevações e cortes. Cada um deles é uma projeção ortogonal de um aspecto particular de objetos ou construções. Na projeção ortográfi ca, ou ortogonal, as linhas de projeção encontram o plano do desenho em ângulos retos. Portanto, uma projeção ortogonal de qualquer característica ou elemento que seja paralelo ao plano do desenho se mantém verdadeira em tamanho, formato e confi guração, conforme apontam Ching e Eckler (2014). Essas representações servem como estudos formais e volumétricos de um espaço ou modelo, conforme o seu tamanho, posição e configuração. Nas representações bidimensionais, a profundidade do desenho se dá pela interpretação da espessura das linhas. Quanto mais fina a linha, mais distante em profundidade, e quanto mais grossa, mais próxima. Essas interpretações guiam o observador para uma real descrição desse arranjo compositivo. Sobre as relações de vistas da projeção ortogonal, podemos caracterizá-las, segundo Ching e Eckler (2014), da seguinte forma: Vistas ortogonais — são os planos resultantes de quando um objeto é inserido em uma caixa de lados transparentes e sua imagem é projetada ortogonalmente nas laterais da caixa (Figura 1). Cada vista ortogonal representa uma orientação diferente e uma vantagem específica de cada ponto de onde se visualiza o objeto. Cada vista também desempenhará um papel específico no desenvolvimento e na comunicação do projeto. Planos principais — é qualquer um dos planos — que são perpendicu- lares entre si — em que a imagem do objeto é projetada ortogonalmente. Plano horizontal — é o plano do desenho do principal pavimento, no qual a planta baixa, ou vista superior, é projetada ortogonalmente. Plano frontal — é o plano vertical do desenho, no qual uma elevação, ou a vista frontal, é projetada ortogonalmente. Plano lateral — é o plano vertical do desenho no qual uma vista lateral, ou posterior, é projetada ortogonalmente. Aresta — é o traço correspondente à inserção de dois planos perpen- diculares do desenho. Vistas principais — as principais vistas ortogonais são a planta, a elevação e o corte. Planta — é a vista principal de um objeto projetada ortogonalmente em um plano horizontal do desenho. Também pode ser uma vista superior do objeto, chamada de planta de cobertura, no caso das edificações. No desenho de arquitetura, existem diferentes tipos de plantas para representação das várias projeções horizontais de uma edificação, uma construção ou um terreno. Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento2 Elevação — é uma vista principal do objeto projetada ortogonalmente em um plano horizontal do desenho. A elevação pode ser uma vista frontal, lateral ou posterior, dependendo de como nos orientamos com relação ao objeto ou como julgamos a importância relativa de suas faces. Na representação gráfica em arquitetura, denominamos cada elevação com base nas direções dos pontos cardeais ou por associação a uma característica específica do terreno. Corte — é uma projeção ortogonal do objeto, ou seja, como seria a sua aparência se fosse cortado por um plano de interseção. Figura 1. Representação gráfica das vistas ortogonais. Fonte: Ching e Eckler (2014, p. 330). 3Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento A planta baixa (Figura 2) representa um corte horizontal do edifício, ou seja, como ele seria visualizado se fosse cortado por um plano horizontal que o interceptasse. Em um plano horizontal de desenho, as plantas baixas são capazes de evidenciar a configuração de paredes e pilares, o formato e as dimensões do espaço, o padrão das aberturas (portas e janelas) e as conexões entre os cômodos internos e entre esses espaços e os externos. O plano de corte geralmente é feito a 1,20 metros do piso, mas a sua altura pode variar de acordo com a natureza do projeto da edificação. Abaixo desse plano de corte, vemos o piso, as bancadas, os tampos de mesa e outras superfícies horizontais similares, conforme apontam Ching e Eckler (2014). Figura 2. Representação gráfica da planta baixa. Fonte: Ching e Eckler (2014, p. 334). Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento4 A palavra inglesa layout (em português, leiaute) significa diagrama, esquema. Alguns profissionais preferem adotar o termo em inglês. No projeto arquitetônico, o leiaute deve conter os mobiliários e os equipa- mentos na mesma escala da planta, permitindo a melhor compreensão do espaço projetado, bem como de seu dimensionamento (Figura 3). Para que o desenho não tenha informações que o tornem visualmente poluído, nesse tipo de planta aconselha-se suprimir as cotas e os textos ou colocar apenas o valor numérico da cota, sem linhas de cota, conforme lecionam Sarapka et al. (2009). Figura 3. Representação gráfica do leiaute. Fonte: Montenegro (1997, p. 50). 5Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Para uma melhor leitura e interpretação das plantas, é necessário distinguir elementos sólidos dos elementos vazios, bem como sua profundidade. Por essa razão, é adotado um método de hierarquização de linhas e hachuras nos desenhos técnicos. As hachuras servem para enfatizar elementos cor- tados, estabelecendo uma relação de figura e fundo entre sólidos e vazios. As plantas baixas nos mostram também a representação de portas, janelas e vãos de abertura cortadas ou em projeção, que, acima do valor de 1,20 metros, são identificados por uma hierarquia de linhas — no caso da Figura 4, por ser um elemento em projeção, a linha é pontilhada. Demais informações estarão contidas nas elevações ou cortes do projeto, conforme lecionam Ching e Eckler (2014). Os Quadros 1 e 2 mostram a aparência, a tipologia e a largura das linhas, enquanto o Quadro 3 mostra a representação gráfica das hachuras. Figura 4. Representação gráfica de cheios e vazios. Fonte: Ching e Eckler (2014, p. 335). Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento6 Fonte: Adaptado de Ching (2017). As linhas de contorno delimitam a forma dos objetos, como a borda de um plano ou a interseção de dois planos. O peso relativo de uma linha de contorno varia de acordo com sua função na sugestão da profundidade. As linhas tracejadas ou pontilhadas, as quais consistem em traços curtos e bem próximos entre si ou pontos, indicam elementos ocultos ou removidos da nossa visão. Os eixos geométricos, que consistem em segmentos finos e relativamente longos separados por pontos ou linhas menores, representam o eixo de um objeto ou composição simétrica. As grades são um sistema retangular ou radial de linhas de contorno finas ou eixos geométricos para localizare regular os elementos de um plano. As linhas de divisa, que consistem em segmentos longos separados por dois traços ou pontos, indicam juridicamente as divisas definidas e registradas de um terreno. As linhas de interrupção, segmentos relativamente longos unidos por traços curtos em zigue-zague, são usadas para cortar uma parte de um desenho. As linhas de instalações públicas consistem em segmentos relativamente longos separados por uma letra indicando o tipo de instalação predial. Quadro 1. Representação gráfica das hachuras 7Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Fonte: Adaptado de Ching (2017). Linhas grossas Linhas grossas de contorno são utilizadas para delinear os perfis do plano, os cortes e as arestas espaciais. Utilize minas H, F, HB ou B; se for necessário pressionar com força demais para desenhar uma linha forte, isso indica que está sendo utilizada uma mina muito dura. Utilize uma lapiseira de mina grossa ou trace uma série de linhas próximas umas das outras com uma lapiseira de mina fina de 0,3 ou 0,5 mm; evite usar lapiseiras de 0,7 ou 0,9 mm para traçar linhas grossas. Linhas médias Linhas de contorno com peso médio, indicam as bordas e interseções dos planos. Utilize minas H, F ou HB. Linhas finas Linhas de contorno finas sugerem uma mudança de material, cor ou textura, sem mudança na forma de um objeto. Utilize minas 2H, H ou F. Linhas muito finas Linhas muito finas e contínuas são usadas para esboçar desenhos, estabelecer malhas reguladoras e indicar texturas de superfícies. Utilize minas 4H, 2H, H ou F. A variedade e o contraste visível dos pesos de linha devem ser proporcionais ao tamanho e à escala do desenho. Quadro 2. Representação gráfica das linhas Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento8 Fonte: Adaptado de Montenegro (1997). Concreto em vista Concreto em corte Mármore/granito em vista Madeira em vista Madeira em corte Compensado em madeira Aço em corte Isolante térmico Alvenaria em corte (dependendo da escala e do tipo de projeto, pode ser utilizada hachura ou pintura) Argamassa Talude em vista Enchimento de piso Aterro Borracha, vinil, neoprene, mastique, etc. Mármore/granito em corte Quadro 3. Representação gráfica das hachuras 9Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Os cortes são projeções ortogonais de representação de um objeto cortado por um plano de interseção (Figura 5). Ele abre o objeto para revelar os materiais, a composição e os sistemas do interior. Usamos cortes para projetar e comunicar os detalhes de construção de uma edificação, bem como a composição de móveis e equipamentos fixos. Na representação gráfica em arquitetura, contudo, os cortes são os melhores desenhos para revelar e estudar as relações entre estruturas de piso, paredes e coberturas de uma edificação e as dimensões e a escala vertical dos espaços definidos por esses elementos, conforme leciona Ching (2017). Os desenhos das fachadas correspondem às vistas externas da construção. Eles auxiliam a compreensão do projeto. A sua apresentação deve mostrar os tipos de acabamentos das fachadas, e aconselha-se a humanizar o desenho, isto é, inserir árvores e pessoas para se ter noção da escala e tornar a representação mais próxima do real. Usualmente, a fachada principal é vista olhando-se da rua de acesso ao lote para a edificação, conforme apontam Sarapka et al. (2009). Desenhos de detalhes fornecem informações sobre partes específicas da construção (Figura 6). Neles, são incluídas todas as informações fornecidas pelas plantas, elevações e cortes. Há muitos tipos de detalhes; todos são de- senhados à medida que se torna necessário esclarecer aspectos específicos de um projeto. Esses detalhes geralmente são desenhados como cortes feitos em fatias de uma área específica, tornando visíveis seus componentes internos, conforme leciona Kubba (2014). Figura 5. Representação gráfica de cortes. Fonte: Kubba (2014, p. 26). Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento10 Figura 6. Representação gráfica de detalhes. Fonte: Kubba (2014, p. 26). As representações gráficas anteriores nos mostram como devem ser organizadas as informações de projeto segundo cada necessidade. Os ma- teriais de acabamento e texturas podem ser compreendidos em maquetes volumétricas ou em desenhos perspectivados. Em um projeto técnico, a reunião de informações de revestimentos e materiais precisa estar organizada de forma que possibilite ao profissional identificar a quantidade necessária de material para cada peça ou espaço. Esse controle é agrupado na forma de tabelas e listas. As tabelas de representação gráfica podem ser das seguintes naturezas: tabela de áreas por m²; tabela de esquadrias; tabela de revestimentos de piso, parede e teto; tabela de móveis e mobílias; tabela de eletrodomésticos e eletrônicos. Normas de representação de plantas, elevações e detalhamento de mobiliário para espaços internos As normas visam uniformizar os diversos elementos do desenho técnico, de modo a facilitar a execução, a consulta e a classifi cação do projeto. A coletâ- nea de normas brasileiras de desenho técnico é constituída por mais de dez normas, abrangendo assuntos como legendas, conversões de traços, sistemas de representações, cotas e escalas, conforme leciona Montenegro (1997). 11Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento O Brasil emprega os padrões ISO, que utilizam o sistema métrico como unidade de medida padrão. A ISO também define um conjunto de formatos de papel com base em uma razão constante entre sua largura e seu comprimento. Assim, cada formato subsequente menor tem exatamente a metade da área do formato anterior, de modo que, se cortarmos uma folha A0 pela metade, teremos duas folhas A1, se cortarmos duas folhas A1, teremos duas folhas A2, e assim por diante. Assim como os formatos de folha A da ISO, os tamanhos de penas de desenho aumentam em um fator de dois, possibilitando acréscimo e correções nas ampliações ou reduções dos desenhos. A cada espessura de pena, é atribuída uma cor, conforme leciona Kubba (2014). A seguir, vejamos as principais normas de desenho técnico, com base em Sarapka et al. (2009): ABNT NBR 10068:1987 — Folha de desenho, leiaute e dimensões — O seu objetivo é padronizar as dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos técnicos e definir o leiaute com as suas respectivas margens e legenda. ABNT NBR 10582:1988 — Apresentação da folha para desenho téc- nico, que normaliza a distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para texto, o espaço para desenho, etc. Como regra geral, deve-se organizar os desenhos distribuídos na folha, de modo a ocupar toda a área, e organizar os textos acima da legenda junto à mar- gem direita, ou à esquerda da legenda, logo acima da margem inferior. ABNT NBR 8402:1994 — Execução de caracteres para escrita em desenho técnico que, visando à uniformidade e à legibilidade, para evitar prejuízos na clareza do desenho e evitar a possibilidade de interpreta- ções erradas, fixam as características de escrita em desenhos técnicos. ABNT NBR 8403:1984 — Aplicação de linhas em desenhos — Tipos de linhas e larguras de linhas. Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento12 ABNT NBR 10067:1995 — Princípios gerais de representação em desenho técnico. ABNT NBR 12298:1995 — Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. ABNT NBR 10126:1987 Versão Corrigida:1998 — Cotagem em desenho técnico. ABNT NBR 5671:1990 Versão Corrigida:1991 — Participação pro- fissional nos serviços e nas obras de engenharia e arquitetura. ABNT NBR 16636-1:2017 (Parte 1: Diretrizes eterminologia) — Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos. ABNT NBR 16636-2:2017 (Parte 2: Projeto arquitetônico) — Ela- boração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos. NBR 6492/94 — Representação de projetos de arquitetura. NBR 9077/01 — Saídas de emergência em edifícios. NBR 9050/04 — Acessibilidade para portadores de deficiência. Acima foram listadas as principais normas de representação gráfica para o desenvolvimento de projetos. A padronização de representações gráficas, quando se trata do desenvolvimento de projetos técnicos, consiste na organiza- ção de informações importantes para o seu desenvolvimento e sua leitura, seja por outros profissionais, clientes, fornecedores, representantes de órgãos que auxiliam na parte burocrática de obras, entre outros. A ideia da padronização de leitura permite a compreensão de todos sobre o projeto. A escala numérica é a relação constante entre as dimensões de um desenho e as dimensões reais de um objeto. A sua escolha para o desenho depende da complexidade do objeto a ser representado e da finalidade da representação. A escala deve permitir uma interpretação fácil da informação. Outro tipo de escala é a escala gráfica, que é usualmente utilizada em publicações (Figura 7). 13Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Figura 7. Representação gráfica da escala. Fonte: VikiVector/Shutterstock.com. A redução ou a ampliação de um desenho é acompanhada da redução ou ampliação de sua respectiva escala gráfica, conforme lecionam Sarapka et al. (2009). O Quadro 4 mostra a relações de escala. Fonte: Adaptado de Sarapka et al. (2009). Redução Natural Ampliação 1:2 1:1 2:1 1:5 5:1 1:10 10:1 1:50 1:100 1:500 Quadro 4. Representação gráfica da escala Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento14 Outro elemento importante adotado em norma são as escalas de repre- sentação. A cotagem é a representação gráfica no desenho da característica do elemento, por meio de linhas, símbolos, notas e valor numérico, em uma unidade de medida (Figura 8). De acordo com a ABNT NBR 8403:1984, os elementos de cotagem incluem linhas auxiliares, de cota, limite da linha de cota e o seu valor numérico, conforme lecionam Sarapka et al. (2009). A Figura 9 apresenta um modelo de planta baixa técnica, apresentando as cotas. Figura 8. Representação gráfica das cotas. Fonte: Sarapka et al. (2009, p. 43). 15Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Figura 9. Representação gráfica de uma planta baixa técnica. Fonte: Sarapka et al. (2009, p. 51). Desenvolvimento de projetos de mobiliário por meio de maquetes A história conhecida dos modelos, ou maquetes, de arquitetura teve início no Renascimento. Esse assunto ainda hoje carrega incógnitas, já que os registros dessas maquetes são tratados como um campo menor da história da arte. Existem apenas menções aos modelos tridimensionais que realmente se tornaram popu- lares: as maquetes de Michelangelo e Antonio da Sangallo para São Pedro e os modelos de Brunelleschi, por exemplo, que foram amplamente divulgados para o público em geral por meio de exposições, conforme leciona Oliveira (2011). A maquete de idealização, ou volumétrica, é utilizada para permitir uma noção generalizada da forma conceitual sugerida (Figuras 10 e 11). É constituída Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento16 por volumes, lisos e foscos, de materiais diversos, sem acabamentos, ainda inci- piente em relação a detalhes precisos — como aberturas e transparências. O seu papel é apresentar as peculiaridades necessárias para as averiguações desejadas pelo projetista nessa etapa. Por isso mesmo, tais maquetes não são usadas como modelos de referência visuais absolutas, conforme aponta Oliveira (2011). Figura 10. Maquete em papel. Fonte: Adaptada de Farknot Architect/Shutterstock.com. Figura 11. Maquete em madeira balsa. Fonte: Adaptada de EML/Shutterstock.com. Uma nova tecnologia que ampliou em grande escala o processo de de- senvolvimento do design em diversas áreas são as impressoras 3D. Com elas, consegue-se desenvolver diversas tipologias e formas de representação, 17Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento inclusive feitas de materiais que podem servir de base para novas formas de amoldamento do design de mobiliários. As representações gráficas de desenhos técnicos podem ser desenvolvi- das a partir de desenhos à mão ou digitais. No caso de desenhos digitais, contamos com a tecnologia de software e hardware computacionais. Assim, contamos com o programa AutoCAD 2D e 3D, que auxilia tanto em mode- lagens bidimensionais como modelagens tridimensionais. CAD, do inglês computer aided design, originalmente significava desenhos assistidos por computador, por conta do seu emprego original como um subproduto do desenho tradicional. Outros acrônimos são: CADD, que significa desenho e projeto assistidos por computador; CAID, projeto industrial assistido por computador; e CAAD, projetos de arquitetura assistidos por computador. Todos esses termos são essencialmente sinônimos, mas há algumas diferenças sutis de significados e aplicações. Quando fazemos uso do desenho e projeto assistidos por computador (CADD), conforme mostra a Figura 12, surgem determinadas questões que muitas vezes são ignoradas quando trabalhamos na mesa de desenho, conforme aponta Kubba (2014). A building information modeling (BIM) é uma tecnologia digital que se baseia nos recursos do CAD e usa bancos de dados e de informações de projetos e um software dinâmico de modelagem tridimensional para facilitar a troca de informações e o trabalho em equipe durante o projeto de uma edificação. As tecnologias BIM podem ser empregadas durante todo o ciclo de vida de um prédio, das atividades de projeto aos estudos de visualização, na elaboração dos contratos, na simulação e análise do desempenho da edificação, nos cronogramas, na coordenação e na otimização do processo de construção, na orçamentação e definição de propostas para equipamentos, mão de obra e materiais, e na administração do prédio, conforme leciona Ching (2017). Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento18 Figura 12. Representação gráfica por meio de desenho digital. Fonte: Kubba (2014, p. 17). O CADD é uma ferramenta eletrônica que possibilita a rápida criação de desenhos com o auxílio do computador. Além disso, ao contrário de métodos tradicionais de desenhos feitos em uma mesa, com os sistemas de CADD podem ser criados desenhos profissionais por meio do uso de um mouse e um teclado. Além de serem limpos e precisos e possuírem uma ótima apresentação, eles podem ser facilmente modificados e convertidos para uma variedade de formatos, conforme leciona Kubba (2014). Apesar de serem voltadas para desenhos com linhas simples e terem capa- cidades limitadas de criar representações artísticas, as aplicações de desenho em 3D e de renderização são bastante impressionantes. Um modelo 3D de um objeto pode ser criado e visualizado a partir de vários ângulos e, com o som- breamento e a renderização corretos, poderá parecer muito realista (Figura 13). Com o CADD, podem ser criados excelentes desenhos com centenas de cores, tipos de linhas, hachuras, símbolos de apresentação, estilos de texto, etc. Uma das principais vantagens do CADD é o fato de permitir a realização de diversas alterações no desenho, visto que modificações podem ser feitas com a máxima precisão e de forma rápida, conforme salienta Kubba (2014). 19Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Figura 13. Maquete digital. Fonte: Kubba (2014, p. 19). O conjunto de informaçõesnecessárias desde a aprovação até a construção de um espaço ou peça de mobiliário segue uma mesma representação gráfica, porém, com o avanço da tecnologia, hoje somos capazes de visualizar os pro- jetos além de simples desenhos bidimensionais ou perspectivas. No entanto, ainda existem profissionais que precisam de meios físicos para a interpretação de suas ideias; logo, as maquetes processuais são utilizadas por arquitetos e designers na concepção e construção de conceitos e formas que compõem o seu projeto. Nelas, eles definem o seu objeto, visualizando-o em escala reduzida e, em alguns casos, utilizando testes de materiais, texturas e acabamentos. Outra forma de representação tridimensional utilizada são as apresentações de projeto por meio de um desenho gráfico computadorizado cada vez mais próximo da realidade fotográfica (Figura 14). Maquetes eletrônicas realistas ganham cada vez mais espaço dentro de escritórios de design e arquitetura pela possibilidade de aplicação de diversos materiais, com diferentes iluminações (Figura 15). Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento20 Figura 14. Representação gráfica 3D de mobiliário. Fonte: Adaptada de Cosmin Dugan/Shutterstock.com. Figura 15. Renderização. Fonte: Adaptada de Robert Kneschke/Shutterstock.com. A realidade virtual (RV) também começou a ganhar espaço no desen- volvimento de projetos arquitetônicos, de design e de interiores, permitindo ao usuário uma compreensão realista de seu espaço antes mesmo de ser 21Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento finalizado. As representações em realidade virtual são derivadas da união entre as vistas e perspectivas de desenhos tridimensionais. O aparelho uti- lizado são os óculos de realidade virtual, que conseguem passar a sensação de vivência real ao usuário. Frederick Brooks modelou o novo prédio do departamento de Ciências da Compu- tação da Universidade da Carolina do Norte (UNC), nos Estados Unidos, denominado Sitterson Hall, por meio da RV. Usando poderosos gráficos de computador, um capacete de RV e uma esteira de exercícios, essa tecnologia permitia posicionar o ponto de vista do desenho em qualquer lugar do modelo de renderização, possibilitando controlar velocidade e direção e gerar consecutivas imagens do interior e do exterior. A planta baixa foi transformada em modelo eletrônico e possibilitava aos usuários caminharem pelos corredores do prédio, que não havia saído do papel (ou, no caso, do computador), permitindo a visualização de erros ou possibilidades de melhorias. Outros programas arquitetônicos também foram desenvolvidos na UNC, buscando-se gerar uma ferramenta para avaliação de projetos-conceito. O primeiro produto comercial de RV para o design de mobiliários foi uma cozinha virtual projetada em abril de 1991 pela japonesa Matsushita Electric Works. Os clientes podiam ver e experimentar como ficaria a cozinha antes de ela ser construída, conforme leciona Bylinsky (1991, apud CHAN, 1997). Essas simulações de computador fornecem aos designers e clientes valiosas experiências e constituem um conhecimento que pode ser usado para melhorar os ambientes e o design como um todo. Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento22 CHAN S. S. Departamento de Arquitetura, Universidade do Estado de Iowa, College of Design, Ames, Iowa, EUA, 1997. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura [recurso eletrônico]. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Bookman, 2014. KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Bookman, 2014. MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 3. ed. rev. e amp. São Paulo: Edgard Blucher, 1997. OLIVEIRA, J. A maquete de idealização como instrumento de ensino em arquitetura. Orienta- dor: Adilson Costa Macedo. 2011. Dissertação (Mestrado) — Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2011. SARAPKA, E. M. et al. Desenho arquitetônico básico. São Paulo: Pini, 2009. Leituras recomendadas CORRÊA, G. R.; ELIAN, M. T. Caderno de especificações mobiliários [recurso eletrônico]. Versão 01. Belo Horizonte: PROPLAN/UFMG, DPFP/UFMG, 2011. Disponível em: <https:// www.ufmg.br/dpfp/CADERNO_FINAL.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2018. RAIMUNDO, E. A. Meu sobrado digital. Orientador: Sérgio Luiz Busato. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) — Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, SP, 2011. Disponível em: <https://www.faac.unesp.br/Home/Departamentos/Design/ProjetosApresentados/ meu-sobrado-digital-relatorio.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2018. RAMOS, M. E. S. Representação gráfica em projetos de arquitetura: um novo paradigma. In: Seminário do programa de Pós-graduação em Desenho, Cultura e Interatividade, 11., 2015, Feira de Santana. Anais [...]. Bahia: Prédio da Pós-graduação em Educação, Letras e Artes, UEFS, 2015. Disponível em: <http://www2.uefs.br:8081/msdesenho/xisemina- rioppgdci2015/artigos/SD050_representacao_grafica.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2018. VALLADARES, P.; MATOSO, D. Projeto de interiores: apostila de projeto executivo e deta- lhamento. 2° semestre. Belo Horizonte: Escola de Arquitetura/UFMG, 2002. Disponível em: <https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2018. WELDON, R. Passeio virtual pela Case Study House #11 de J.R Davidson. ArchDaily, 5 mai. 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/893673/passeio-virtual- -pela-case-study-house-number-11-de-jr-davidson>. Acesso em: 5 dez. 2018. 23Projeto executivo de espaços internos: planta baixa, elevação, cortes e detalhamento Conteúdo:
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