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PROGRAMA DE EDUCAÇÃOTUTORIAL PRÁTICAS INTEGRADAS EM SAÚDE COLETIVA COMUNICA PISC EDIÇÃO XV Doação de órgãos e tecidos A VIDA CONTINUA A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS Ato de consciência e amor ao próximo, capaz de salvar milhares de vidas através do transplante. O transplante trata-se de um procedimento cirúrgico em que um órgão ou tecido doente é substituído por um saudável, pode ser feito por doadores vivos ou mortos e, atualmente, mais de 80% dos transplantes são realizados com sucesso. A HISTÓRIA DO TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS O primeiro transplante do mundo foi realizado em 1933 por cirurgião ucraniano para tratar uma insuficiência renal aguda. Em 1963 foi realizado o primeiro transplante de fígado e em 1967 o primeiro cardíaco. No Brasil o primeiro transplante realizado foi em 1968. Apesar do avanço das técnicas cirúrgicas, cirurgiões se deparavam com problemas relacionados à rejeição. Em 1978, a introdução da ciclosporina – droga imunossupressora revolucionou os transplantes clínicos em todo o mundo. Na década 80, as retiradas de múltiplos órgãos foram padronizadas, surgiram novos medicamentos imunossupressores e o desenvolvimento de soluções de conservação de órgãos que aumentaram o sucesso dos transplantes no mundo. Atualmente, o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação. A data instituída pela Lei nº 11.584/2.007 amplia ainda a discussão e compreensão do tema. Dia Nacional da Doação de Órgãos 27 de Setembro A doação de órgãos só acontece com a autorização da família, portanto é muito importante avisar às famílias sobre o desejo de tornar-se um doador, após a confirmação da morte encefálica. No Brasil, o número de famílias que não autorizam a doação ainda é alto. Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que sua família atenda ao seu pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos. V O C Ê G O S T A R I A D E S E R U M D O A D O R D E Ó R G Ã O S ? S A I B A O Q U E F A Z E R ! Doador vivo é qualquer pessoa saudável e capaz, nos termos da lei, que concorde com a doação e que esteja apta a realizá-la sem prejudicar sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado ou do pulmão e medula óssea. TIPOS DE DOADORES Doador falecido é qualquer pessoa identificada cuja morte encefálica tenha sido comprovada e cuja família autorize a doação. O doador falecido por morte encefálica pode doar fígado, rins, pulmões, pâncreas, coração, intestino delgado e tecidos. AOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Informe-se e contribua! O Sistema Único de Saúde oferece capacitações por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. Fatores positivos à doação: • acolhimento adequado • bom relacionamento com a família; • explicação satisfatória sobre morte encefálica; • realização da consulta sobre doação somente com a certeza da compreensão da morte pela equipe multidisciplinar e pela família; • garantia de que a família possa demonstrar suas dúvidas e sentimentos em relação à doação; • postura sensível e acolhedora do entrevistador; • realização da entrevista em ambiente tranquilo e protegido; - use linguagem simples, seja transparente, domine o assunto, tenha sensibil idade, empatia e compaixão. O PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS ME : MORTE ENCEFÁLICA CET : CENTRO ESTADUAL DE TRANSPLANTES CURIOSIDADES DOAÇÃO DE ÓRGÃOS Qualquer pessoa pode doar órgãos e nenhuma religião é contra a doação. Basta ter mais de 18 anos e ter condições adequadas de saúde. Para ser um doador em vida, você pode acessar o site da Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador. Quem não pode ser doador? Portadores de doenças infectocontagiosas, como pessoas vivendo com HIV, hepatites B e C, Doença de Chagas. Pessoas com doenças degenerativas crônicas ou tumores malignos. Pacientes em coma ou que tenham sepse ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas. Após a doação, o corpo do doador fica deformado? Não, após a retirada dos órgãos, é feita a recomposição do corpo e o doador poderá ser velado normalmente. 1:25 Se todos os órgãos de um doador com morte encefálica forem aproveitados, 25 pessoas são ajudadas sangue A transfusão de sangue também é considerada transplante. É o transplante mais comum no mundo. A transfusão é feita quando doador e receptor têm tipagem sanguínea igual ou compatível COMUNICA PISC CONVIDA: L U I Z F E R N A N D O X I M E N E S C I B I N Médico pneumologista, responsável técnico pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana. 1. O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um ou mais órgãos ou tecidos. Quais órgãos e tecidos podem ser doados e transplantados? Após a retirada de órgãos do corpo do doador, em quanto tempo devem ser transplantados ao corpo do receptor? Como uma parada cardiorrespiratória influencia nesse período de tempo? Fernando Cibin: Quando o paciente é um potencial doador e está sendo mantido em ventilação mecânica para que sejam retirados os órgãos, se ele tiver uma parada cardiorrespiratória (PCR) ele pode ser reanimado e continuar sendo mantido até a captação dos órgãos. Podemos reanimar um paciente, em Morte Encefálica (ME), a parte cardiovascular. Para a captação dos órgãos existe a Parada Cardíaca (PC) para os órgãos serem captados durante o procedimento cirúrgico. 2. Outra forma de doar órgãos é ser um doador em vida. Quais são os critérios para ser um doador em vida e quais órgãos e tecidos podem ser doados sem que afete a vitalidade do doador? Fernando Cibin: Basta que seja saudável e tenha compatibilidade com o receptor. Um rim, parte do fígado, parte do pâncreas, parte do pulmão ou medula óssea, esses são os orgãos pra doação em vida. 3. Quais diretrizes norteiam a identificação, avaliação e validação de pacientes potenciais doadores de órgãos? Quais são as fases do processo de doação de órgãos? Fernando Cibin: A resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2173 de 2017. As fases do processo de doação de órgãos são: diagnóstico de morte encefálica; entrevista com os familiares; captação dos órgãos e implante dos órgãos. 4. O dia 27 de Setembro é conhecido como o Dia Nacional de Doação de Órgãos, pelo Setembro Verde. Como são realizadas as campanhas informativas e incentivadoras de doação de órgãos em Uruguaiana e região? Fernando Cibin: Neste ano, estamos divulgando por mídias sociais, entrevista na rádio, palestra na Biblioteca Municipal e mateada com a comunidade na Praça do Barão. 5. Atualmente, para ser doador no Brasil, não é preciso deixar nenhuma declaração de forma escrita, e sim comunicar à família, pois somente os parentes podem autorizar a doação (ADOTE, 2019). Como podemos inserir esse assunto no meio familiar para que seja visto como uma decisão consciente e benéfica a outras pessoas? Fernando Cibin: Devemos discutir o assunto com a família e manifestar o desejo de ser doador de órgãos pois a decisão será tomada pelos familiares no momento da entrevista. 6. Sabe-se que é possível, mesmo após a manifestação prévia do doador, os familiares não autorizarem a remoção de órgãos e tecidos. Na sua opinião, que fatores contribuem para a negação da família frente a doação de órgãos? Fernando Cibin: A falta de informação sobre o processo que definiu a morte encefálica; a desconfiança em relação ao mesmo; o medo de tomar uma decisão que desagrade outros familiares; algumas crenças errôneas que desacreditam o processo. 7. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e que estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Existem critérios ou situações que colocam um paciente como prioridadede urgência na fila de transplantes? Fernando Cibin: Os órgãos são doados de acordo com a compatibilidade. Nem sempre o primeiro da lista será compatível com o órgão captado. E os pacientes que estão aguardando em situações mais graves também têm prioridade. 8. Existe um gênero de documentos de manifestação de vontade para cuidados e tratamentos médicos chamado Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV) que tratam de valores, desejos e decisões sobre o fim da vida (GOIATÁ e NAVES, 2014). Nesse sentido, de que forma uma DAV pode servir para a otimização na outorga da doação de órgãos? Fernando Cibin: Este documento pode reforçar e tornar explícita a vontade do doador porém, mesmo assim, a família é quem decidirá se doará ou não. Mas pode ajudar bastante a convencer os familiares. 9. Para finalizar, quais são as suas atribuições e quais são os principais desafios encontrados ao trabalhar na área de doação de órgãos? Como você vê essa experiência? Fernando Cibin: Eu sou o médico que coordena a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). Quando tem uma suspeita de morte encefálica, eu converso com o médico plantonista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e com o médico neurologista para que sejam feitos os testes para morte encefálica. Sou um coordenador técnico, quando há qualquer caso suspeito de morte encefálica, eu acompanho diretamente todo o processo. Os principais desafios? Temos dificuldades com alguns exames que não são realizados aqui no nosso hospital e temos que mandar para fora da cidade, também temos dificuldade pra conseguir fazer o exame complementar, precisaríamos de um aparelho de eletroencefalograma que nos ajudaria bastante. E, com certeza, o índice de negativa familiar é o nosso principal desafio, conseguir convencer os familiares a doarem os órgãos quando a gente tem um caso definido de morte encefálica. "Pra mim, é uma experiência muito gratificante quando a gente consegue ter o processo finalizado e a família resolve doar os órgãos, é bastante satisfatório." Referências Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos. Seja um doador. Disponível em: http://www.adote.org.br/seja-um-doador Brasil, Ministério da Saúde. Doação de Órgãos: transplantes, lista de espera e como ser doador. 2019. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-orgaos Goiatá SR, Naves BTO. As diretivas antecipadas de vontade na política de doação de órgãos . Revista Jus Navigandi, ISSN 1518- 4862, Teresina, ano 20, n. 4459, 16 set. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33626 Google Imagens PDF: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/entendadoacao.pdf http://www.cremers.org.br/dowload/doacao.pdf http://www.adote.org.br/seja-um-doador Danielen Antunes Eggres P E T I A N A R E S P O N S Á V E L P E L O I N F O R M A T I V O A C A D Ê M I C A D O 8 º S E M E S T R E D O C U R S O D E E N F E R M A G E M P A R A M A I S I N F O R M A Ç Õ E S : instagram.com/petpisc facebook.com/petpisc sites.unipampa.edu.br/petpisc
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