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Legislação penal crimes de preconceito

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
CRIMES DE PRECONCEITO (LEI 7.716/89) 
 
Por Roberto Lobo 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A LEI .......................................................................................................... 3 
1.1 CONCEITOS .................................................................................................................................... 3 
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS ................................................................................ 3 
1.3 BEM JURÍDICO TUTELADO .............................................................................................................. 4 
1.4 PREVISÃO CONSTITUCIONAL, MANDADO DE CRIMINALIZAÇÃO E IMPRESCRITIBILIDADE.................. 4 
1.5 OBJETO DA LEI ............................................................................................................................... 4 
1.6 LEIS QUE TRATAM DE OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO .......................................................... 7 
1.7 CRIMES DE PRECONCEITO X TORTURA (PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE) ........................................... 7 
1.8 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................... 8 
1.9 SUJEITOS DOS CRIMES .................................................................................................................... 8 
1.10 CONSUMAÇÃO ............................................................................................................................... 8 
1.11 AÇÃO PENAL .................................................................................................................................. 8 
1.12 COMPETÊNCIA ............................................................................................................................... 8 
1.13 CRIMES DE PRECONCEITO X INJÚRIA PRECONCEITO (CAI MUITO) .................................................... 9 
2 CRIMES EM ESPÉCIE ..............................................................................................................................10 
3 EFEITOS DA CONDENAÇÃO ...................................................................................................................13 
4 RACISMO INSTITUCIONAL .....................................................................................................................14 
5 PROSELITISMO RELIGIOSO ....................................................................................................................17 
6 DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO ........................................................................................19 
7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................19 
 
 
 
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ATUALIZADO EM 24/07/20191 
CRIMES DE PRECONCEITO (LEI Nº 7.716/89) 
Caros alunos Ciclos, muito importante no estudo das leis penais especiais atentar para o seguinte: 
elementos subjetivos especiais, princípio da especialidade, qualificadoras, causas de aumento, efeitos da 
condenação e jurisprudências. As questões sempre tratam desses pontos. Bom estudo! 
 
1 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A LEI 
 
1.1 CONCEITOS 
Racismo é a teoria segundo a qual certos povos ou nações são dotados de qualidades psíquicas e 
biológicas que os tornam superiores a outros seres humanos. 
Preconceito é o conceito ou opinião formados antecipadamente, sem levar em conta o fato que os 
conteste, e, por extensão, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões etc. 
Discriminação, ao contrário do preconceito, que é estático, consiste em uma atitude dinâmica de 
separação, apartação ou segregação, traduzindo a manifestação fática ou a concretização do preconceito. 
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial: Dispõe que 
a expressão “discriminação racial” significa qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência baseadas em 
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objetivo ou efeito anular ou restringir o 
reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano (em igualdade de condição), de direitos humanos e 
liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida 
pública. 
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS 
O que a lei do racismo veda é a discriminação negativa. Esta deve ser distinguida da discriminação 
positiva, manifestada em ações afirmativas (programas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada 
para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade). Tais políticas são permitidas, mesmo 
 
1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo 
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura 
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o 
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca 
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos 
anteriormente citados. 
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que adotem critérios baseados em raça, cor ou etnia, como é o caso da reserva de vagas em universidades para 
membros de determinados grupos étnicos (STF, ADI 3.330, Britto, Pl., 03/05/2012). 
1.3 BEM JURÍDICO TUTELADO 
A dignidade da pessoa humana, princípio e fundamento da República Federativa Brasileira, bem como 
o direito à igualdade, direito fundamental. 
1.4 PREVISÃO CONSTITUCIONAL, MANDADO DE CRIMINALIZAÇÃO E IMPRESCRITIBILIDADE 
A vedação ao tratamento discriminatório está prevista nos seguintes artigos da CRFB/88: art. 1º, III (A 
República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana); art. 
32, IV (Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV -promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação); art. 42, VIII (A 
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: VIII - repúdio 
ao terrorismo e ao racismo). 
Haja vista a gravidade do delito, o legislador constitucional entendeu por bem impedir que o instituto 
da prescrição penal atingisse tal delito, possibilitando ao Estado Brasileiro soberano, a qualquer momento, 
exercer o jus puniendi contra o autor do delito. Nesse sentido: 
Art. 52, XLII da CF. a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
RECLUSÃO, nos termos da lei. 
Como se percebe, há um mandado de criminalização explícito na CF em relação ao racismo. Ademais, a 
CF diz que o crime de racismo, em resumo, é: 
• Inafiançável 
• Imprescritível 
• Sujeito a pena de RECLUSÃO 
* #ATENÇÃO: A CF/88 [XLII]: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível”. Na Lei 7.716 
temos, que “serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, 
cor, etnia, religião ou procedência nacional” (art. 1º). Portanto, a discriminação ou preconceito em razão da cor, 
etnia, religião e procedência nacional é também imprescritível? Temos duas posições: 
1ª corrente: “[...] a CRFB/88 apenas fez menção expressa ao racismo, como sendo imprescritível e inafiançável, 
nada dispondo em relação às demais formas de discriminação previstas na lei (cor, etnia, religião ou procedência 
nacional). Dessa forma, conclui-se que a imprescritibilidade e a inafiançabilidade se referem tão somente à 
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discriminação em razão de raça,não podendo o preceito constitucional ser aplicado às demais formas de 
discriminação, sob pena de incidência em analogia in malam partem.” (Gabriel Habib). 
2ª corrente: “Não procede a preliminar de prescrição da pretensão punitiva estatal, uma vez que o paciente foi 
denunciado como incurso no art. 20 da Lei 7.716/1989 [‘Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito 
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.’]. Tratando-se de crime de racismo, incide sobre o tipo penal 
a cláusula de imprescritibilidade prevista no art. 5º, XLII, da Constituição Federal. A jurisprudência do STF e do STJ 
é firme no sentido de que o crime de racismo não se restringe aos atos preconceituosos em função de cor ou 
etnia, mas abrangem todo ato discriminatório praticado em função de raça, cor, etnia, religião ou procedência, 
conforme previsão literal do art. 20 da Lei n. 7.716/1989”. (HC 143.147, 6ªT.STJ, DJe 31.03.2016) + STF, HC 82424, 
DJ 19.03.2004. 
1.5 OBJETO DA LEI 
Art. 1º. Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional (orientação sexual não entra). 
• Raça: conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, a conformação do crânio 
e do rosto, o tipo de cabelo são semelhantes e se transmitem por hereditariedade, embora variem de 
indivíduo para indivíduo. 
• Cor: expressão cromática da pele de um indivíduo. 
• Etnia: população ou grupo social que apresenta relativa homogeneidade cultural e linguística, 
compartilhando história e origem comuns. 
• Religião: crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada(s) como criadora(s) do 
Universo, e que como tal(is) deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s). 
 
#ATENÇÃO - Com relação a religião é necessário salientar que não é necessário para caracterização do delito que 
os sujeitos ativos e passivo possuam religiões distintas, bem como que estará caracterizado o delito ainda que o 
preconceito do sujeito ativo surja do fato de o sujeito passivo não professar nenhuma religião, ou o inverso. 
 
• Procedência nacional: origem nacional ou regional. Logo, XENOFOBIA É RACISMO (CAIU EM PROVA) 
#CAIUEMPROVA - A lei não dá preferência à grupos historicamente estigmatizados. Ela vale para todos. Logo, 
também é crime impedir a entrada de um branco num estabelecimento por discriminação, por exemplo. 
 
É tranquilo o entendimento na doutrina e na jurisprudência no sentido de que esta lei não trata de 
outras formas de preconceito e discriminação, estando o seu objeto delimitado ao que prescreve o art. 1º. O 
LEGISLADOR NÃO INSERIU OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO, COMO SEXUAL, IDADE, FILOSÓFICA, 
POLÍTICA OU PREFERÊNCIA ESPORTIVA. DESSA FORMA, CASO A DISCRIMINAÇÃO SE DÊ POR QUALQUER DESSES 
MOTIVOS, A CONDUTA SERÁ ATÍPICA em relação aos tipos penais previstos nesta lei. 
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ATENÇÃO à seguinte decisão do STF: 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: 1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada 
a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da 
República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação 
sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua 
dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de 
incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, 
circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”); 2. A repressão 
penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer 
que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás 
ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito 
de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e 
de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de 
ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os 
atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual 
ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas 
exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua 
orientação sexual ou de sua identidade de gênero; 3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão 
social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto 
manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a 
desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da 
alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não 
pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados 
estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência 
de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral 
de proteção do direito. STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, 
julgados em em 13/6/2019 (Info 944). #IMPORTANTE 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no 
auditório de determinado clube e ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e de povos 
estrangeiros. No trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado 
Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para 
procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais 
material em implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra 
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enxada, pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque eles revendem tudo 
baratinho lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime 
de racismo (art. 20 da Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão 
prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela imunidade parlamentar (art. 53 da 
CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação, supressão ou eliminação dos quilombolas 
ou dos estrangeiros. O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito 
econômico das terras e configuram manifestação política que não extrapola os limites da liberdade de 
expressão. Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de parlamentar. 
Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua 
visão geopolítica e econômica do País. Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra 
com os seu pronunciamentos na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a imunidade parlamentar . STF. 1ª 
Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915). 
 
1.6 LEIS QUE TRATAM DE OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO 
Nesse tópico, achei importante colocar outras leis que tratam de discriminação, para que nós não 
confundamos na hora da prova: 
Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso): Tipifica crimes resultantes de discriminaçãoà pessoa idosa 
(arts. 96, 100 e 105). Logo, se a discriminação for em razão de a pessoa ser idosa, aplica-se o estatuto do idoso. 
Lei nº 7.853/89 e lei 13.146/2015: Tipificam crimes resultantes de discriminação à pessoa com 
deficiência física, auditiva, visual ou mental. A 7.853 no art. 8º e a 13.146 no art. 88. 
Lei nº 7.437/85: Inclui, entre as contravenções penais, a prática de atos resultantes de preconceito de 
sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso Arinos. Esta última 
Lei originariamente tipificava contravenções penais referentes a preconceito apenas de raça e de cor, e foi 
revogada, nesta parte, pela Lei nº 7.716/89. Logo, no que toca à discriminação em razão de raça e cor, os tipos 
penais da mencionada lei encontram-se derrogados, em razão do critério cronológico, uma vez que a lei ora 
comentada é posterior à lei 7.437 /85. Entretanto, os tipos penais permanecem em vigor quando se tratar de 
discriminação em razão de sexo ou estado civil. 
1.7 CRIMES DE PRECONCEITO X TORTURA (PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE) 
A lei 9.455/97, que traz os delitos de tortura, no art. 1º, 1, alínea c, dispõe sobre a denominada tortura 
discriminatória, tortura preconceituosa ou tortura racismo. Eis a redação legal: 'Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I -constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: c) 
em razão de discriminação racial ou religiosa". Dessa forma, se o dolo do agente for causar sofrimento físico ou 
mental na vítima, por meio de violência ou grave ameaça, movido por motivo de discriminação racial ou 
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religiosa, a sua conduta estará tipificada na lei de tortura, e não na lei ora comentada, haja vista o princípio da 
especialidade. 
1.8 ELEMENTO SUBJETIVO 
Todos os tipos penais da lei são dolosos. 
Ademais, todos os tipos penais possuem um especial fim de agir, consistente na discriminação de 
alguém em razão de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. Ausente o especial fim de agir, a conduta 
será atípica, como na hipótese de uma brincadeira feita entre amigos, em que não há a vontade específica de 
discriminar. 
1.9 SUJEITOS DOS CRIMES 
É crime comum com relação ao sujeito ativo, podendo ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito 
passivo pode ser qualquer pessoa física. 
1.10 CONSUMAÇÃO 
Mesmo que a vítima não se sinta ofendida o crime estará consumado. 
1.11 AÇÃO PENAL 
Todos os crimes da lei são de ação penal pública incondicionada. 
1.12 COMPETÊNCIA 
Estadual ou federal, a depender do caso concreto, mas nunca será de competência da justiça militar. 
Será da JE nos casos dos delitos dos arts. 4º, 5º, 7º a 12 e 14, que se dão, necessariamente, no âmbito 
de relações privadas. A competência será da JF, por exemplo, nos casos adiante mencionados: 
• No caso do art. 3º (acesso a cargo público), quando o delito ocorrer em órgão federal da administração 
direta, bem como em autarquia ou empresa pública federal; 
• No caso do art. 6º (acesso a estabelecimento de ensino), se a instituição de ensino for federal; 
• Nos casos do art. 13, que envolve as Forças Armadas; 
• No caso de internacionalidade do delito (CF, art. 109, V), uma vez que se trata de crime que o Brasil se 
obrigou a reprimir, nos termos do art. IV, “a”, da Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Discriminação Racial (Decreto n. 65.810/69); 
 
#DEOLHONAJURIS - inf. 515/STJ – Conexão probatória (competência) - Em regra, a competência para processar 
e julgar o crime de racismo praticado pela internet é do local de onde partiram as mensagens com base no art. 70 
do CPP, tendo em vista que, quando o usuário da rede social posta a manifestação racista, ele, com esta conduta, 
já consuma o crime. 
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Logo, se as condutas delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades diversas, a princípio, 
a competência para julgar seria das Justiças localizadas nos locais de onde partiram as mensagens racistas. 
Todavia, tais condutas contaram com o mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de mensagens de 
cunho racista e discriminatório contra diversas minorias. Dessa forma, estando interligadas as condutas, constata-
se a existência de conexão probatória a atrair a incidência dos arts. 76, III, e 78, II, do CPP. 
Será competente para julgar conjuntamente os fatos o juízo prevento, ou seja, aquele que primeiro conheceu dos 
fatos. 
 
1.13 CRIMES DE PRECONCEITO X INJÚRIA PRECONCEITO (CAI MUITO) 
CRIME DE PRECONCEITO INJÚRIA PRECONCEITUOSA 
Bem jurídico: dignidade humana Bem jurídico: honra subjetiva 
Crime de ação pena pública incondicionada Crime de ação penal pública condicionada a 
representação 
Crime inafiançável e imprescritível *Crime Inafiançável e Imprescritível 
Raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional Raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de 
pessoa idosa ou portadora de deficiência 
O dolo do agente é fazer a distinção da pessoa 
justamente em razão de sua raça, cor, etnia, religião 
ou procedência da vítima nacional, sem emitir 
qualquer conceito depreciativo. É segregar. 
O dolo do agente é ofender pessoa determinada, 
emitindo conceitos depreciativos, qualidades 
negativas. 
Intenção de ofender a coletividade de determinada 
raça, cor, etnia... 
Intenção de ofender sujeito passivo determinado. 
 
 
* #ATENÇÃO O art. 5º, XLII, abrange também o crime de injúria racial [art. 140, §3º, do CP] Caso a injúria consista 
na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou 
portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa]? 
Temos aqui duas correntes que buscam solucionar esse questionamento. 
1ª corrente: Não. Reflete o posicionamento então majoritário da doutrina, até decisão do STJ (2ª corrente). 
2ª corrente: STJ - “[...] com o advento da Lei n. 9.459/97, introduzindo a denominada injúria racial, criou-se mais 
um delito no cenário do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão”. (AgRg no 
AREsp 686.965/DF, 6ªT.STJ, DJe 31/08/2015) – Nesta decisão o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de sua 
1ª Turma, reconheceu a equiparação dos crimes de injúria racial e racismo e, por conseguinte, a 
imprescritibilidade e inafiançabilidade daqueles. 
 Crítica sobre a 2º Corrente: faz-se analogia in malam partem. 
 
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2 CRIMES EM ESPÉCIE 
Aluno Ciclos, aqui você vai perceber que praticamente todos os tipos preveem a segregação, alterando-
se apenas o local ou atividade para a qual o sujeito foi impedido. Sendo assim, colocarei a letra seca da lei e farei 
alguns comentários (em preto) sobre o que importa em provas de concursos. 
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta 
ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência nacional, obstar a promoção funcional. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do 
preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica 
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais 
trabalhadores. 
Pode acontecer que determinado empregador deixe de fornecer os equipamentos necessários para 
todos os trabalhadores, sem distinção. Basta pensar na hipótese em que o empregador de uma construtora não 
fornece o capacete para nenhum dos trabalhadores. Nesse caso, a sua conduta será formalmente atípica em 
relação ao delito ora comentado, uma vez que todos os trabalhadores estão na mesma situação, não havendo, 
portanto, situação de desigualdade em relação aos trabalhadores 
II -impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional. 
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao 
salário (NÃO SIGNIFICA QUE É SOMENTE QUANTO AO SALÁRIO, PODE SER OUTRO TIPO DE DIFERENCIAÇÃO) 
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção 
da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir 
aspectos de aparência próprios de raça ou etnia (SOMENTE, NÃO INCLUI AS OUTRAS FORMAS DE 
PRECONCEITO) para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente 
ou comprador. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou 
privado de qualquer grau. 
Pena: reclusão de três a cinco anos. 
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). 
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento 
similar. 
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Pena: reclusão de três a cinco anos. 
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes 
abertos ao público. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes 
sociais abertos ao público. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de 
massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de 
acesso aos mesmos: 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô 
ou qualquer outro meio de transporte concedido 
É caso de interpretação analógica, pois a enumeração dos transportes aqui descritos é meramente 
exemplificativa). 
Pena: reclusão de um a três anos. 
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas. 
Pena: reclusão de dois a quatro anos. 
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social. 
Pena: reclusão de dois a quatro anos. 
Art. 15. (Vetado). 
(...) 
 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional. (ESTE ARTIGO TRATA DE UM TIPO PENAL GENÉRICO, QUE DEVE SER UTILIZADO QUANDO A CONDUTA 
NÃO SE SUBSUMIR A NENHUM DOS TIPOS PENAIS ANTERIORES, MAS AINDA ASSIM CARACTERIZAR CRIME DE 
PRECONCEITO) 
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda 
QUE UTILIZEM A CRUZ SUÁSTICA OU GAMADA, PARA FINS DE DIVULGAÇÃO DO NAZISMO (CAI BASTANTE). 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou 
publicação de qualquer natureza. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
 
Trata-se de uma qualificadora prevista para os crimes do art. 20: se cometido por meios de comunicação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/anterior_98/VEP-LEI-7716-1989.pdf
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* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE: A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações 
religiosas e seus seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de 
expressão. Assim, é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime de 
racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/81) por ter proferido discursos de ódio público contra outras denominações 
religiosas e seus seguidores. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
29/11/2016 (Info 849). 
 
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda 
antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: 
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo; 
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer 
meio; 
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores. 
No § 3º, O legislador inseriu medidas que façam cessar imediatamente a prática da discriminação. O 
inciso III foi inserido pela lei 12.288/2010 e trata da interdição das mensagens ou páginas de informação na rede 
mundial de computadores, na hipótese da prática de qualquer dos crimes previstos no caput por meio de rede 
mundial de computadores, como sites de relacionamentos exibidos na internet (Facebook, Twitter etc). 
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do 
material apreendido. 
O § 4º trata de efeitos da condenação referentes ao crime do §2º do artigo 20. A destruição do material 
apreendido trata-se de efeito secundário a condenação, que somente poderá ocorrer após o trânsito em julgado 
da sentença penal condenatória. 
 
#DEOLHONAJURIS - inf. 849/STF - Análise do caso "Jonas Abib" - Determinado padre escreveu um livro, voltado 
ao público da Igreja Católica, no qual ele faz críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a 
umbanda e o candomblé. O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela prática do art. 20, § 2º 
da Lei nº 7.716/89 (Lei do racismo). No caso concreto, o STF entendeu que não houve o crime. A CF/88 garante o 
direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não 
apenas escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso. Proselitismo religioso 
significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também se converterem à sua religião. Desse 
modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo que uma é 
melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só haverá racismo se o discurso dessa religião 
supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de direitos ou violação da dignidade humana das 
pessoas integrantes dos demais grupos. Por outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem 
o dever de ajudar os "inferiores" para que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação 
13 
espiritual e, neste caso não haverá conduta criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas 
fez comparações entre as religiões, procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve 
tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e de que 
uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, 
seria indispensável que tivesse ficado demonstrado o especial fim de supressão ou redução da dignidade do 
diferente, elemento que confere sentido à discriminação que atua como verbo núcleo do tipo. 
3 EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
 
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão 
do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses. 
Art. 17. (Vetado). 
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei nãosão automáticos, devendo ser motivadamente 
declarados na sentença. 
Art. 19. (Vetado). 
 
Aquele efeito da condenação que vimos (do §4º, do artigo 20) se referia apenas ao crime do artigo 20. 
Esses que estudaremos agora se referem a todos os crimes que estudamos anteriormente. 
Primeiramente, cumpre registrar que, conforme o art. 18, eles são efeitos NÃO AUTOMÁTICOS, devendo ser 
declarados expressamente na sentença condenatória. Dessa forma, caso o Juiz não os estabeleça expressamente, 
tais efeitos não incidirão. 
No art. 16, o legislador inseriu dois efeitos da condenação criminal transitada em julgado. O primeiro é 
a perda do cargo ou função pública para o servidor público. O segundo é a suspensão do funcionamento do 
estabelecimento particular por prazo não superior a três meses. 
Perda do cargo ou função pública - O legislador trouxe a perda do cargo ou função pública para o 
servidor público, como efeito secundário da condenação, nos mesmos moldes do previsto no art. 92, 1 do Código 
Penal. No entanto, há uma diferença em relação ao art. 92, 1 do Código Penal: 
ART. 92, I DO CP ART. 16 DA LEI 7.716 
Faz uma distinção, em relação ao quantum 
da pena privativa de liberdade aplicada, se delito foi 
praticado com abuso de poder ou violação de dever 
para com a Administração Pública. Assim, na primeira 
hipótese, prevista na alínea a, a perda do cargo ou 
função pública se dá quando aplicada pena privativa 
de liberdade igual ou superior a um ano, nos crimes 
praticados com abuso de poder ou violação de dever 
No art. 16 da lei ora comentada, o legislador não fez 
tal distinção, razão pela qual é de se concluir que a 
perda do cargo ou função pública se dá 
independentemente do quantum de pena privativa 
de liberdade aplicada na sentença condenatória. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/anterior_98/VEP-LEI-7716-1989.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/anterior_98/VEP-LEI-7716-1989.pdf
14 
para com a Administração Pública. Na segunda 
hipótese, prevista na alínea b, a perda do cargo ou 
função pública se dá quando aplicada pena privativa 
de liberdade superior a quatro anos nos demais casos, 
isso é, se o crime não for praticado com abuso de 
poder ou violação de dever para com a Administração 
Pública. 
 
 
Suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 3 (TRÊS) MESES 
- Da mesma forma, só pode produzir efeitos com o trânsito em julgado da sentença condenatória, em 
homenagem ao princípio constitucional da presunção de inocência. O prazo máximo de suspensão é de 3 meses. 
Note-se que, segundo o disposto no art. 16, a suspensão não será por três meses, mas sim por prazo não superior 
a três meses! 
4 RACISMO INSTITUCIONAL 
#CAIUEMPROVA - Foi perguntado na prova oral para o cargo de Defensor do Estado da Bahia: o que se entende 
por racismo sistêmico (ou racismo institucional)? 
O racismo institucional atua de forma difusa no funcionamento cotidiano de instituições e organizações, 
provocando uma desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades aos diferentes segmentos 
da população do ponto de vista racial. 
Vejamos a parte histórica do tema em análise: 
Destaca Theodoro (2008) que o trabalho escravo, núcleo do sistema produtivo do Brasil Colônia, foi 
gradativamente substituído pelo trabalho livre no decorrer do século XIX. Essa substituição, no entanto, dá-se de 
uma forma particularmente excludente. Mecanismos legais, como a Lei de Terras de 1850 (que legaliza a 
apropriação desigual da terra entre grupos étnicorraciais), a Lei da Abolição de 1888 (sem políticas direcionadas 
à inclusão da população ex-escravizada do ponto de vista social, econômico, político), e mesmo o processo de 
estímulo à imigração, na virada do século XIX para o XX, forjaram um cenário de desigualdade racial no acesso ao 
trabalho. 
Durante o século XX, em que transcorreram importantes mudanças sociais pelas quais passou o país, 
seja no campo da modernização da economia, da urbanização, ou da ampliação das oportunidades educacionais 
e culturais, não se observou uma trajetória de redução das desigualdades raciais. Pôde-se notar ainda “a piora 
da posição relativa dos negros nas posições superiores da estrutura de ocupações, derivada, em grande parte, 
da crescente desigualdade de acesso de brancos e negros no ensino superior” (Jaccoud, 2008, p.58). 
Nesse sentido, Hasenbalg destacou, no final da década de 1970, que o preconceito e a discriminação 
racial operaram como critérios adstritivos na alocação de posições no mercado de trabalho, favorecendo, 
sobremaneira, aos brancos, passados mais de cem anos da abolição da escravatura. A raça tem sido mantida 
“como símbolo de posição subalterna na divisão hierárquica do trabalho e continua a fornecer a lógica para 
15 
confinar os membros dos grupos raciais subordinados àquilo que o código racial da sociedade define como ‘seus 
lugares apropriados’” (1979, p.83). 
Nesse sentido, pode-se afirmar que o racismo teve uma configuração institucional, tendo o Estado 
legitimado historicamente o racismo institucional. Este fato dá legitimidade às políticas de ação afirmativa na 
atualidade, e nos permite um entendimento da complexidade que envolve essas ações. Refiro-me às ações 
afirmativas, no Brasil, como políticas públicas que se destinam a corrigir uma história de desigualdades e 
desvantagens sofridas por um grupo étnicorracial frente a um Estado nacional que o discriminou negativamente. 
Devido a isso, o que motiva essas políticas é a ideia de que essas desigualdades tendem a se perpetuar 
caso o Estado continue utilizando os mesmos princípios considerados universalistas (mas que, na prática, 
favorecem só a alguns setores da sociedade) com que vem operando até agora na distribuição de recursos e 
oportunidades para as populações que contam com uma história secular de discriminação (Carvalho, 2005). 
Na atualidade, entre as políticas afirmativas implementadas no Brasil há: políticas de acesso e 
permanência de estudantes negros nas universidades; a aplicação de conteúdos de história e cultura afro-
brasileira e africana, assim como práticas de educação antirracista nas instituições de Ensino Fundamental e 
Médio (Lei Federal 10639/03) (Brasil, 2004); a reserva de vagas para negros no mercado de trabalho; o 
reconhecimento étnico e a regularização fundiária de comunidades negras rurais e urbanas (chamadas na 
Constituição Federal de “remanescentes de quilombos”), e a própria Política Nacional de Saúde Integral da 
População Negra. Estas políticas destinam-se a reverter a desigualdade racial em vários campos sociais. 
Não obstante a Constituição Federal de 1988 tenha estabelecido políticas sociais universais – como 
saúde, educação e assistência – verifica-se que o aumento expressivo da cobertura das políticas sociais na 
população não tem colaborado significativamente para a redução das desigualdades raciais: “os avanços no 
sentido da consolidação de políticas sociais universais têm ampliado o acesso e as oportunidades da população 
negra, mas, em geral, não vêm alterando os índices históricos de desigualdade entre brancos e negros” (Jaccoud, 
2008, p. 63). Conclui Jaccoud (2008, p.63) que “o desafio de construção de uma sociedade onde o Estado e as 
políticas beneficiem, de forma geral e abrangente, o conjunto da população, parece estar, no caso brasileiro, 
diretamente associado ao enfrentamento da questão racial”. 
Quanto à Assembleia Constituinte, embora o movimento negro tenha permeado as discussões, ao 
contar com interlocutores mais próximos das decisões e que, de alguma forma, representavam os interesses da 
população negra (como foram os casos de Benedita da Silva, Luiz Alberto Caó, Edmilson Valentim e Paulo Paim), 
e tenha trazido um avanço em matéria de direitos, o leque de demandas apresentado não foi incluído em sua 
totalidade. Foi consolidado o artigoque inseria as comunidades remanescentes de quilombos por entrarem no 
quadro das “minorias” junto às populações indígenas. Porém, a temática racial ficou reduzida à punição por meio 
da criminalização do racismo, restringindo o antirracismo aos tipos de racismo mais ostensivos, e não aos 
mecanismos institucionais que conformam as desigualdades no Brasil (Rodrigues, 2005). 
É no contexto posterior à 3ª Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação 
Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, realizada em Durban, África do Sul, no ano 2001, que é 
recolocada a discussão do racismo e da necessidade de políticas públicas. É nesse contexto que ações afirmativas 
passam a constar nas agendas internacionais e nacionais. Um reflexo desse contexto é a criação da Secretaria 
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, no início do governo do presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva, em 2003. A partir daí, novos pactos de combate ao racismo são estabelecidos, configurados na 
proposição de uma política de promoção da igualdade racial transversal. 
É, então, no contexto dos anos de 1990, e com maior ênfase nos anos 2000, com a crescente demanda 
e permeabilidade do Estado brasileiro por parte do movimento negro, que o conceito de racismo institucional 
16 
emerge como organizador de uma nova pauta de ações que possibilita a mobilização dos vários atores sociais 
que intervêm no processo de elaboração de políticas públicas de promoção da igualdade racial. 
A utilização do conceito permite não apenas uma compreensão mais ampla sobre a produção e a 
reprodução das desigualdades raciais brasileiras, como, também, aumenta as possibilidades de se efetivarem, nas 
políticas públicas e nas políticas organizacionais, novas frentes para se desconstruir o racismo e promover a 
igualdade racial; com isso, deslocando o debate do plano exclusivo das relações interpessoais, para relocalizá-lo 
nos termos de sua dimensão política e social (Silva et al., 2009). 
Busca-se dar visibilidade a processos de discriminação indireta que ocorrem no seio das instituições, 
resultantes de mecanismos que operam, até certo ponto, à revelia dos indivíduos. A essa modalidade de 
racismo convencionou-se chamar de racismo institucional, em referência às formas como as instituições 
funcionam, contribuindo para a naturalização e reprodução da desigualdade racial. 
O racismo institucional, tal como o definem Silva et al. (2009), não se expressa em atos manifestos, 
explícitos ou declarados de discriminação (como poderiam ser as manifestações individuais e conscientes que 
marcam o racismo e a discriminação racial, tal qual reconhecidas e punidas pela Constituição brasileira). Ao 
contrário, atua de forma difusa no funcionamento cotidiano de instituições e organizações, que operam de 
forma diferenciada na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades aos diferentes segmentos da 
população do ponto de vista racial. Ele extrapola as relações interpessoais e instaura-se no cotidiano 
institucional, inclusive na implementação efetiva de políticas públicas, gerando, de forma ampla, desigualdades 
e iniquidades. 
A produção e o uso do conceito de racismo institucional para a promoção de políticas de igualdade racial 
vêm se dando desde o final da década de 1960, vinculados a contextos pós-coloniais de empoderamento e 
(re)definição de sujeitos políticos negros em âmbito transnacional. Nos Estados Unidos, ele surge na arena de luta 
pelos direitos civis e com a implementação de políticas de ação afirmativa. 
O conceito é enunciado de maneira pioneira no livro Poder Negro (Carmichael, Hamilton, 1967), de 
autoria de dois intelectuais e lideranças do movimento Panteras Negras, a modo de manifesto e reflexão sobre o 
projeto político em que se baseava essa mobilização. O racismo institucional, tal como definido pelos autores, 
denuncia as estruturas de poder branco e cria as condições políticas para se estabelecerem estruturas de poder 
negro. Os autores se referem ao racismo como a predicação de decisões e de políticas sob considerações de raça 
com o propósito de subordinar um grupo racial e manter o domínio sobre esse grupo. 
O racismo apresenta-se, ao mesmo tempo, aberto e encoberto, em duas formas estreitamente 
relacionadas entre si. Quanto à forma individual, o racismo manifesta-se em atos de violência de indivíduos 
brancos que causam mortes, danos, feridas, destruição de propriedade, insultos contra indivíduos negros. Já com 
a forma de racismo institucional, aparece menos identificável em relação aos indivíduos específicos que 
cometem esses atos, mas não por isso menos destrutivo de vidas humanas. Origina-se no funcionamento das 
forças consagradas da sociedade, e recebe condenação pública muito menor do que a primeira forma. Dá-se 
por meio da reprodução de políticas institucionalmente racistas, sendo muito difícil de se culpar certos 
indivíduos como responsáveis. Porém, são os próprios indivíduos que reproduzem essas políticas. Inclusive, as 
estruturas de poder branco absorvem, em muitos casos, indivíduos negros nos mecanismos de reprodução do 
racismo. 
No Brasil, como mencionamos anteriormente, a partir da década de 1990 e, mais especificamente, no 
começo dos anos 2000, o movimento negro dissemina o debate, no governo brasileiro, para a efetivação dos 
compromissos pela promoção de igualdade racial no país, assumidos transnacionalmente na Conferência Mundial 
contra o Racismo de 2001, anteriormente citada. A mobilização então realizada ampliou o debate público sobre 
17 
a questão racial e sobre como o poder público poderia desenvolver atividades efetivas de desconstrução do 
racismo, ao mesmo tempo em que propiciou contato e conhecimento mais amplos com experiências que estavam 
sendo desenvolvidas em outros países. 
Dentro dessa nova cartografia pode ser considerado o Programa de Combate ao Racismo Institucional 
(PCRI), implementado, no Brasil, em 2005, por meio de uma parceria que contou com: a SEPPIR, o Ministério 
Público Federal, o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), e o Departamento 
Britânico para o Desenvolvimento Internacional e Redução da Pobreza (DFID), como agente financiador, e o 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), como agência responsável pela administração dos 
recursos alocados para o programa. O PCRI, no Brasil, tem como foco principal a saúde (CRI, 2006). 
A definição de racismo institucional adotada por esse Programa deriva do relatório publicado, em 1999, 
referente ao inquérito sobre o caso Stephen Lawrence. Essa definição, usada amplamente pela militância negra 
no Brasil, diz o seguinte: 
#IMPORTANTE: O racismo institucional é o fracasso das instituições e organizações em prover um serviço 
profissional e adequado às pessoas em virtude de sua cor, cultura, origem racial ou étnica. Ele se manifesta em 
normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do trabalho, os quais são resultantes 
do preconceito racial, uma atitude que combina estereótipos racistas, falta de atenção e ignorância. Em qualquer 
caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de 
desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações. (CRI, 2006, 
p.22) 
#SÍNTESECONCLUSIVA: O racismo institucional tem uma configuração histórica no Brasil, fato que legitima e 
reclama as políticas com enfoque racial na atualidade. Embora a ampliação das coberturas das políticas sociais 
tenha provocado impactos importantes na redução das desigualdades raciais (no que diz respeito ao acesso aos 
serviços e benefícios), as políticas sociais universais foram progressivamente deixando de ser consideradas como 
os únicos instrumentos necessários a serem adotados para se alcançar a redução das desigualdades raciais. Desde 
os anos 1960,em nível transnacional, e a partir dos anos 1990, no Brasil, surge tanto o conceito de racismo 
institucional quanto dispositivos políticos (como são as ações afirmativas) que podem revertê-lo. Para a 
desconstrução do racismo institucional, que atua de forma difusa no funcionamento cotidiano de instituições e 
organizações, provocando uma desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades aos 
diferentes segmentos da população do ponto de vista racial, precisa-se de políticas públicas que provoquem uma 
desrracialização, mas, também, de reflexões acadêmicas sobre como operam esses mecanismos. 
 
5 PROSELITISMO RELIGIOSO 
#CAIUEMPROVA - A respeito da proteção penal trazida pela Lei 7.716/89 e levando em consideração o 
entendimento recente do STF, o que se entende por proselitismo religioso? Essa prática configura o crime de 
racismo? 
Proselitismo religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também se 
converterem à sua religião. 
“(...) A criminalização do proselitismo em termos genéricos traduzir-se-ia, não na proteção de um bem 
fundamental devidamente identificado, mas sim na proibição de uma conduta religiosa, independentemente do 
impacto que a mesma pudesse vir a ter, ou não, nos bens fundamentais constitucional e penalmente tutelados. 
Tal solução, ao transferir para as autoridades administrativas vastos poderes de restrição do direito à liberdade 
18 
religiosa, deve ter-se, evidentemente, como constitucionalmente inadmissível.” (MACHADO, Jônatas. Liberdade 
Religiosa numa comunidade constitucional inclusiva. Coimbra: Coimbra Editora, 1996, p 229). 
Apesar de o proselitismo, por si só, não configurar crime, ainda que feito por meio de comparações 
entre as religiões, é preciso que isso seja feito dentro de limites que, se ultrapassados, podem sim configurar 
condutas discriminatórias e preconceituosas. 
É normal que no discurso proselitista defenda-se que uma religião é melhor que a outra, que uma está 
"certa" e a outra "errada". Até aqui não há qualquer ilícito na conduta. O ponto crucial vem a seguir: pelo fato de 
uma religião ser superior a outra, o que está "superior" deve fazer em relação às demais? 
SITUAÇÃO 01 SITUAÇÃO 02 
 
Se o discurso dessa religião supostamente superior 
for de dominação, opressão, restrição de direitos 
ou violação da dignidade humana das pessoas 
integrantes dos demais grupos: aí teremos 
discriminação passível de ser punida 
criminalmente. 
Por outro lado, se o discurso dessa religião 
supostamente superior for no sentido de que os 
superiores têm o dever de ajudar os inferiores para que 
estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de 
salvação espiritual: neste caso, não haverá conduta 
criminosa. 
 
 
#SURPREENDAOEXAMINADOR: O discurso discriminatório criminoso somente se materializa se forem 
ultrapassadas três etapas indispensáveis: 
a) uma de caráter cognitivo, em que atestada a desigualdade entre grupos e/ou indivíduos (existem religiões 
diferentes entre si); 
b) outra de viés valorativo, em que se assenta suposta relação de superioridade entre eles (a minha religião é 
"superior" às demais); e 
c) uma terceira, em que o agente, a partir das fases anteriores, supõe legítima a dominação, exploração, 
escravização, eliminação, supressão ou redução de direitos fundamentais do diferente que compreende 
inferior. Se o discurso proselitista prega que a religião supostamente "superior" tem o objetivo de auxiliar os 
adeptos de outras religiões (tidas como equivocadas), neste caso, não há discriminação. Isso porque se ficou 
apenas nas duas primeiras etapas acima expostas, não se ultrapassando a terceira (mais danosa). 
#CONCLUSÃO: Assim, a tentativa de persuasão, de convencimento pela fé, sem contornos de violência ou que 
atinjam diretamente a dignidade humana, não é crime. 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da Igreja Católica, no 
qual ele faz críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé. O Ministério 
Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela prática do art. 20, § 2º da Lei nº 7.716/89 (Lei do Racismo). 
No caso concreto, o STF entendeu que não houve o crime. A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos 
aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não apenas escolher qual religião irá seguir, 
mas também o de fazer proselitismo religioso. Proselitismo religioso significa empreender esforços para 
convencer outras pessoas a também se converterem à sua religião. Desse modo, a prática do proselitismo, ainda 
que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo que uma é melhor que a outra) não configura, por 
si só, crime de racismo. Só haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, 
opressão, restrição de direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais grupos. Por 
outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar os "inferiores" para que 
estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual e, neste caso não haverá conduta 
19 
criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas fez comparações entre as religiões, procurando 
demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar 
um discurso de que as religiões são desiguais e de que uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento 
típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, seria indispensável que tivesse ficado demonstrado o 
especial fim de supressão ou redução da dignidade do diferente, elemento que confere sentido à discriminação 
que atua como verbo núcleo do tipo. STF. 1ª Turma. RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
29/11/2016 (Info 849). 
6 DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO 
LER A LEI 7.716/89 NA ÍNTEGRA. 
7 BIBLIOGRAFIA 
Esse material é uma fusão das seguintes fontes: 
- Livro de Gabriel Habib 
- Livro de Victor Eduardo Rios Gonçalves 
- Livro de Renato Brasileiro 
- Anotações pessoais de aulas 
 
	1.1 CONCEITOS
	1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS
	1.3 BEM JURÍDICO TUTELADO
	1.4 PREVISÃO CONSTITUCIONAL, MANDADO DE CRIMINALIZAÇÃO E IMPRESCRITIBILIDADE
	1.5 OBJETO DA LEI
	1.6 LEIS QUE TRATAM DE OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
	1.7 CRIMES DE PRECONCEITO X TORTURA (PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE)
	1.8 ELEMENTO SUBJETIVO
	1.9 SUJEITOS DOS CRIMES
	1.10 CONSUMAÇÃO
	1.11 AÇÃO PENAL
	1.12 COMPETÊNCIA
	1.13 CRIMES DE PRECONCEITO X INJÚRIA PRECONCEITO (CAI MUITO)
	2 CRIMES EM ESPÉCIE
	3 EFEITOS DA CONDENAÇÃO
	4 RACISMO INSTITUCIONAL
	5 PROSELITISMO RELIGIOSO
	6 DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO
	7 BIBLIOGRAFIA

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