Buscar

APOSTILA TEA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Transtorno do
Espectro Autista
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
P436t Pereira, Larissa Hühl Izidoro 
 Transtornos do espectro autista / Larissa Hühl Izidoro 
 Pereira. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 112 p. : il. Color. 
 
 
1. Transtornos do espectro autista. 2. Crianças com transtorno 
 do espectro autista – cuidado e tratamento. I. Centro 
 Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. 
 III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 616.85882 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
● Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM);
● Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM);
● Docente da Unespar – Campus Paranavaí – Colegiado de Pedagogia;
● Durante a graduação foi bolsista do grupo PET-Pedagogia (Programa de Edu-
cação Tutorial), no período de 2009 a 2011;
● Participou do projeto Brincadeiras, vinculado ao PCA (Programa multidisciplinar de 
Estudo, Pesquisa e Defesa da Criança e do Adolescente) nos anos de 2010 e 2011;
● Participou do grupo de estudos nudisex, coordenado pela Prof.Dr. Eliane Rose 
Maio Braga, professora com quem desenvolveu uma Pesquisa de Iniciação 
Científica (PIC), intutulada “Como o brinquedo influência as crianças na for-
mação de gênero?”, temática aprofundada em sua pesquisa de conclusão de 
curso (TCC) defendida no final de 2011, “A influência da formação de gênero no 
momento da brincadeira: aspectos com professoras da Educação Infantil;
● Atuou no ano de 2012 como professora na educação infantil na escola Criarte;
● No ano de 2013 ingressou no Mestrado em Educação da Universidade Estadual 
de Maringá, orientada pela professora Dr. Eliane Rose Maio finalizando em abril 
de 2015 com a dissertação intitulada “Lei Maria da Penha: Análise dos livros de 
registros, referentes aos boletins de ocorrência da cidade de Maringá (2006-
2007). O que a educação escolar tem a ver com isso?”;
● Tem experiência na educação básica, com primeiro, segundo e terceiro ano do 
ensino fundamental, no Município de Maringá, concursada como professora 20 h 
desde 2013;
● Assumiu a direção escolar no ano de 2017, sendo eleita pela comunidade es-
colar e funcionários para continuar na gestão escolar nos próximos 2 anos. (Por 
questões pessoais de mudança de cidade, atualmente não está mais no cargo.). 
● Experiência como tutora da Educação à Distância da UEM, desde 2014 até 
2018. Participou do processo seletivo para professora PSS da Unespar, campus 
de Paranavaí, ao qual assumiu o cargo em setembro de 2019, ministrando aulas 
para graduação dos cursos de licenciatura. 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1728602615742205
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo (a)!
Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o 
início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com 
você, construir novos conhecimentos sobre o Transtorno do Espectro Autista. Vamos com-
preender as principais características da criança com TEA. Além de estudar a fundo sobre 
seu desenvolvimento, intervenções, campos de estudo, tipos de tratamento. Ao final dessa 
disciplina, você terá ampliado seu conhecimento sobre a criança com TEA, podendo contribuir 
ativamente para o desenvolvimento e aprendizagem desse aluno no ambiente escolar.
Sabemos que a Educação Inclusiva faz parte do atual contexto educacional, entre 
as dificuldades de aprendizagens, deficiências e transtornos, será abordado o Transtorno do 
Espectro Autista (TEA), que é um transtorno do desenvolvimento neurológico. A criança com 
TEA apresenta características variadas que comprometem, desde as suas relações pessoais 
até sua comunicação, além de afetar áreas emocionais, cognitivas, motores e sensoriais. 
Na Unidade I, vamos estudar sobre o histórico do autismo, o diagnóstico da crian-
ça com TEA, bem como quais são os tipos de tratamentos e intervenções mais usados. 
Questionamentos relacionados ao uso de medicamentos também serão respondidos. Essa 
unidade é o início para você compreender o que é o Autismo.
Já na Unidade II você irá estudar sobre a equipe multidisciplinar, vimos brevemente 
na unidade I sobre sua importância para o pleno desenvolvimento da criança com TEA, 
agora, vamos aprofundar esse conhecimento, estudando especificamente cada profissional 
que compõe a equipe multidisciplinar.
Depois, na Unidade III avançaremos para a interação social da tríade família, escola 
e autismo. Como cada área interfere no desenvolvimento da criança com TEA, como elas 
devem caminhar com o mesmo objetivo, você irá perceber como esses aspectos precisam 
estar correlacionados, por fim, abordaremos sobre o TEA e o mercado de trabalho.
Em nossa Unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina aprofundando 
nosso conhecimento sobre a avaliação, o diagnóstico e tratamento da criança com TEA, 
você estudou brevemente sobre o diagnóstico na unidade I, agora é o momento de conhecer 
as diferentes correntes de avaliação, quais são seus processos formativos e o tratamento.
Aproveito para reforçar o convite a você, para que percorra junto conosco essa jor-
nada de conhecimento. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.
Muito obrigado e bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
UNIDADE II ................................................................................................... 25
Equipe Multidisciplinar
UNIDADE III .................................................................................................. 50
Interação Social: Família / Escola / Autista
UNIDADE IV .................................................................................................. 77
Avaliação, Diagnóstico e Tratamento
3
Plano de Estudo:● Diagnóstico: reconhecimento e detecção;
● Tratamento e intervenção: principais abordagens clínicas do TEA;
● Intervenções Frequentes: Uso De Hormônios, Aprimoramento De Funções 
 Comunicativas, Intervenções Clínicas Psicanalíticas, Procedimentos Multiprofissionais, 
 Uso De Ambientes Digitais De Aprendizagem Adaptados.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar historicamente quando o TEA 
foi citado pela primeira vez, e sua trajetória desde então;
● Compreender como a definição do TEA sofreu alterações nos 
documentos norteadores de diagnóstico - CID e DSM;
● Conhecer como cada modalidade terapêutica trabalha no TEA;
● Estabelecer a importância da Epidemiologia no TEA;
● Abranger as intervenções frequentemente mais utilizadas.
UNIDADE I
Aspectos Psicológicos
Relacionados ao Autismo
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
4UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
INTRODUÇÃO
Olá aluno (a), espero que esteja bem!
Os desafios e possibilidades em torno da inclusão escolar do aluno com TEA são 
enormes, pois, além de ser uma criança que exige atendimento individualizado, são neces-
sárias atenções e estratégias diversificadas, para que você, futuro professor (a) possa con-
tribuir ativamente para a formação dessa criança, é necessário conhecer as características 
do TEA, suas limitações e possibilidades, através de muitos estudos, leituras e analises, 
para assim, conhecer um pouco mais dessa realidade, afinal, a educação inclusiva é um 
direto e está em todas as escolas.
Nesta primeira unidade vamos estudar sobre o diagnóstico da criança com TEA. 
Em seguida, mergulharemos nos tipos de tratamento e intervenções mais utilizadas nas 
abordagens clínicas, além de compreender sobre os usos de hormônios, aprimoramento 
de funções comunicativas, clínicas psicanalíticas, procedimentos multiprofissionais e o uso 
de ambientes digitais de aprendizagem adaptados.
Desejo a você um excelente estudo!
Aproveite.
5UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
1. DIAGNÓSTICO: RECONHECIMENTO E DETECÇÃO
Diferente da meningite ou de uma infecção de garganta, o autismo não pode ser 
diagnosticado em laboratório. Como muitas síndromes psiquiátricas (depressão, transtorno 
obsessivo compulsivo, entre outros), o autismo é diagnosticado pela observação e avalia-
ção do comportamento. Nesse sentido, muitas vezes, o diagnostico pode ser confuso, pois 
as observações e avaliações são subjetivas e os comportamentos variam de uma pessoa 
para outra (TEMPLE e PANEK, 2015, p. 26).
Sabe-se que o Autismo é uma condição que afeta a vida de milhares de pessoas ao 
redor do mundo. O termo, vem do grego autós, que significa “de si mesmo”, foi empregado 
pela primeira vez pelo psiquiatra suíço Eugene Bleuler, em 1908, para descrever a fuga da 
realidade para um mundo interior observado em pacientes esquizofrênicos. 
No ano de 1940, o psiquiatra infantil Leo Kanner publicou o artigo “Autistic Distur-
bances of Affective Contact” 1 na revista The Nervous Child. Apresentando estudos de caso 
de onze crianças, que, segundo ele, compartilhavam um conjunto de sintomas – que hoje 
sabemos estar relacionados ao autismo (TEMPLE e PANEK, 2015, p. 28).
A mais notada era a incapacidade de se relacionar com pessoas, característica que 
distinguia de outras patologias como a esquizofrenia, por exemplo. Ele observou que as 
crianças apresentavam dificuldades em “adotar uma atitude antecipatória que assinalasse 
ao adulto a vontade de ser pego no colo (ex.: inclinar o rosto, estender os braços e após, 
acomodar-se ao colo); um “fechamento autístico extremo”, que levava a criança a negligen-
ciar, ignorar ou recusar tudo o que vinha do exterior” (BOSA, 2002, p. 23).
1 Distúrbios autísticos do contato afetivo
6UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
O médico também observou um atraso no desenvolvimento da linguagem oral (em-
bora não em todas as crianças), além das crianças não utilizarem a linguagem como instru-
mento para receber e transmitir mensagens aos outros. A fala consistia principalmente para 
nomear objetos, cores, alfabeto, repetir canções, muitas vezes as palavras eram ouvidas e 
repetidas, as crianças também falavam em terceira pessoa (pronome reverso – falando de 
si mesma) (BAPTISTA e BOSA, 2002, p. 23).
A entonação também não combinava com o contexto linguístico, (como responder 
com entonação de pergunta). As palavras também eram usadas em seu sentido literal, 
inflexíveis. A memória das crianças foi considerada excelente, principalmente a capaci-
dade para recordar acontecimentos ocorridos há vários anos, decorar poemas, nomes, 
esquemas complexos e sequencias. “Kanner (1943) acreditava no bom potencial cognitivo 
dessas crianças, as quais mostravam fisionomias notadamente inteligentes” (BAPTISTA e 
BOSA, 2002, p. 23).
Baptista e Bosa (2002) reforçam que,
[...] para esse autor, a insistência obsessiva na manutenção da rotina, levan-
do a uma limitação na variedade de atividades espontâneas, era uma das 
características chave no autismo. A isso somava-se a inabilidade no rela-
cionamento interpessoal: “há nelas uma necessidade poderosa de não se-
rem perturbadas. Tudo o que é trazido para a criança do exterior, tudo o que 
altera o seu meio externo ou interno representa uma intrusão assustadora.” 
(BAPTISTA e BOSA, 2002, p. 23-24).
Ou seja, se algo em alguma situação é mudado, mesmo que seja um pequeno 
detalhe, a situação deixa de ser idêntica, não sendo mais aceita. Kanner (1943) assinalava 
que tudo que não sofria alterações quanto a aparência e posição, mantendo sua identidade 
era bem aceito pela criança, inclusive esses objetos eram de interesse, podendo passar 
horas brincando. Pois, segundo o especialista, conferia à criança uma sensação gratifi-
cante de onipotência e controle, justificando porque as crianças ficavam em êxtase com a 
habilidade de fazer rodar objetos, ou até mesmo em seu próprio corpo, balançando-se e 
fazendo movimentos rítmicos. Hoje é compreendido que “o senso de previsibilidade e con-
trole sobre as situações facilita a adaptação e a aprendizagem de indivíduos com autismo 
e têm implicações para intervenções” (BAPTISTA e BOSA, 2002, p. 24).
Nessa mesma época, em 1944, Hans Asperger na Áustria, publica o artigo “Psi-
copatologia autista da infância”, descrevendo quatro crianças com características seme-
lhantes às descritas por Kanner (1943), inclusive usando o mesmo termo, autista, para 
descrever seus sintomas. Mesmo sendo publicados em anos próximos, as descrições só 
foram comparadas em 1981. (ASSUMPÇÃO e PIMENTEL, 2000).
7UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
As descrições de Asperger (1944) apresentaram características que não foram 
levantadas por Kanner, como a dificuldade das crianças que observava em fixar o olhar 
durante situações sociais, fez ressalvas sobre as peculiaridades dos gestos, carentes de 
significados e caracterizados por estereotipias. Em relação ao convívio social, Asperger 
enfatiza a forma ingênua e inapropriada das crianças em aproximar-se das pessoas. Notou, 
ainda, dificuldade dos pais em constatar comprometimentos nos três primeiros anos de vida 
da criança (BAPTISTA e BOSA, 2002, p. 25).
SAIBA MAIS
A primeira criança diagnosticada com autismo foi Donald, filho de Oliver Triplett Jr. e 
Mary. O pai enviou uma carta para o médico Leo Kanner, descrevendo detalhadamente 
os primeiros cinco anos de vida de seu filho. Ele relatou que seu filho parecia não querer 
ficar perto da mãe, e permanecia totalmente alheio a todos à sua volta, tinha ataque de 
raivas frequentes, e achava objetos giratórios infinitamente fascinantes. Mesmo com 
esses problemas de desenvolvimento, Donald apresentava talentos incomuns, com dois 
anos memorizou o salmo 23, cantou sozinho e com afinação perfeita músicas que havia 
ouvido de sua mãe uma única vez. Tinha ouvido absoluto. 
A revista BBC News Brasil encontrou Donald em 2007, com 82 anos, vivendoem sua 
própria casa, em uma pequena cidade onde todos os conheciam, tinha um Cadillac para 
percorrer as redondezas e um hobby: o golfe. Sozinho, ele rodou os Estados Unidos e 
conheceu outros países.
Fonte: DONVAN, I. Z. Como toda uma cidade ajudou o primeiro menino diagnosticado com autismo 
a superar obstáculos e ser feliz. BBC News Brasil. Abril, 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/por-
tuguese/noticias/2016/04/160402_primeiro_menino_diagnostico_autismo_rb .Acesso em: 02 maio. 2021.
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160402_primeiro_menino_diagnostico_autismo_rb
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160402_primeiro_menino_diagnostico_autismo_rb
8UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
Os sintomas da criança com TEA raramente são perceptíveis durante os primeiros 
6 meses de vida, e costumam surgir em torno dos oito a doze meses. Aproximadamente 
um terço das crianças que terão autismo apresentam desenvolvimento normal até o final 
da primeira infância. 
A severidade do transtorno varia de modo considerável, alguns conseguem de-
senvolver a fala por exemplo, outros não. Independente, para a maioria “os desafios são 
contínuos ao longo de toda a vida, mas toda criança faz progressos e adquire habilidades, 
embora com ritmos muito variados” (BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021).
No período da década de 50, houveram muitos conflitos sobre a natureza do autis-
mo, será que era desencadeado por fatores biológicos, sociais, de comportamento? A tese 
mais comum para responder essas perguntas era a que considerava o autismo um distúrbio 
que seria causado por pais emocionalmente distantes, hipótese criada por Leo Kanner 
(1943) chamada de “mãe geladeira”.
No entanto, nos anos 60, crescem as evidências sugerindo que o autismo era um 
transtorno cerebral presente desde a infância e encontrado em todos os países e grupos 
socioeconômicos e étnico-raciais. Leo Kanner (1943) tentou se retratar e, mais tarde a 
teoria mostrou-se totalmente infundada (JUNIOR e PIMENTEL, 2000).
9UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
2. TRATAMENTO E INTERVENÇÃO: PRINCIPAIS ABORDAGENS CLÍNICAS DO TEA
De acordo com Klin (2006), as concepções de Leo Kanner (1943) passam a terem 
alterações a partir de Rivto (1978), que relaciona o autismo a um déficit cognitivo, consi-
derando-o não como uma psicose, mas sim, um distúrbio do desenvolvimento.Klin (2006) 
pontua que Rivto (1978) propõe uma definição do autismo com base em quatro critérios: 
1) atraso e desvio sociais não só como função de retardo mental; 2) problemas de comu-
nicação, novamente, não só em função de retardo mental associado; 3) comportamentos 
incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos; e 4) início antes dos 30 
meses de idade (KLIN, 2006, p. 64).
2.1 Principais abordagens clínicas, CID e DSM 
As controvérsias sobre a definição do autismo foram refletidas na própria história 
dos dois sistemas de classificação de transtornos mentais e de comportamento – CID 
(The International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems – ICD), 
publicados pela Organização Mundial da Saúde, e o Manual diagnóstico e estatístico de 
transtornos mentais – DSM (Diagnostic and Statistical Manual for Mental Disease) da Asso-
ciação Psiquiátrica Americana (APA). (JUNIOR; PIMENTEL, 2000).
Os manuais citados acima são usados por clínicos como um sistema comum para 
diagnosticar saúde mental e transtornos do desenvolvimento.
10UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM) é um guia 
para diagnosticar uma ampla gama de condições que afetam a saúde mental 
e o desenvolvimento. Elaborado logo após a Segunda Guerra Mundial para 
padronizar a terminologia psiquiátrica, e atualmente publicado pela American 
Psychiatric Association (APA), o manual tem sido revisado de modo significa-
tivo com o passar dos anos e, agora, inclui condições que afetam o desenvol-
vimento do cérebro e o comportamento em crianças (BERNIER; DAWSON e 
NIGG, 2021, p. 10).
Esses manuais fornecem as nomenclaturas e os critérios padrões para os diag-
nósticos dos transtornos mentais estabelecidos. Historicamente, as controvérsias sobre o 
conceito de autismo estavam relacionadas a distinção entre autismo, psicose e esquizofre-
nia. As primeiras edições do CID não fazem qualquer menção ao autismo. A oitava edição 
o traz como uma forma de esquizofrenia e a nona edição, como psicose infantil.
Foi apenas na década de 80 que o autismo foi retirado da categoria de psicose ou 
esquizofrenia. Na terceira edição do DSM (DSM-III), a nomenclatura passou a ser “autismo 
infantil”. Em 1987, a APA publicou uma edição revisada (DSM-III-R) na qual o termo “trans-
torno autista” foi apresentado com alguns critérios mais formalizados com base em novas 
análises estatísticas (BERNIER; DAWSON e NIGG; 2021).
Em 1994 foi publicado o DSM-IV, mantendo o transtorno autista, mas unido a con-
dições associadas sob o termo abrangente de “Transtornos Invasivos do Desenvolvimento” 
(TID). Tanto o CID-10 como o DSM-IV estabelecem como critério para o transtorno autista 
o comprometimento em três áreas principais: alterações qualitativas das interações sociais 
recíprocas; modalidades de comunicação; interesses e atividades restritos, estereotipados 
e repetitivos. (p. 28-29) Nessa qualificação estavam incluídos o transtorno autista, síndrome 
de Asperger e TID não especificado – esses três subgrupos se transformariam no futuro 
“espectro”, além de síndrome de Rett e o transtorno desintegrativo da infância. “Assim, 
por quase duas décadas, de 1994 a 2013, tentamos estudar e tratar o autismo dentro de 
três subcategorias oficiais: transtorno autista, síndrome de Asperger e TID” (BERNIER; 
DAWSON e NIGG, 2021, p. 10).
Atualmente o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais está em sua 
quinta edição – DSM-V, publicado em 2013. Nessa nova versão as subcategorias foram 
eliminadas, como a síndrome de Asperger versus transtorno autista, passando a ser um 
único transtorno do espectro autista, “ampliando os critérios para autismo e simplificando a 
tarefa diagnóstica do clínico.” (p.11) Os critérios atuais continuam os mesmos, desafios de 
comunicação e interação social e comportamentos restritos e/ou repetitivos que aparecem 
no início da vida e causam prejuízos significativos.
11UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
QUADRO 1 – ANTIGA CLASSIFICAÇÃO VERSUS ATUAL CLASSIFICAÇÃO 
DOS TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO
Fonte: A autora (2021).
No DMS-V o autismo está no grupo de transtornos do neurodesenvolvimento, re-
cebendo o nome de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Assim, o TEA é definido como 
um “distúrbio do desenvolvimento neurológico que deve estar presente desde a infância, 
apresentando déficit nas dimensões sociocomunicativa e comportamental” (JUNIOR e 
KUCZYNSKI, 2015, p. 13).
De acordo com o DMS-V, o TEA se caracteriza por um quadro clinico com prejuízos 
na interação social, nos comportamentos não verbais, dificuldade no contato visual, na 
postura e na expressão facial, perdas na comunicação (verbal e não verbal) podendo existir 
atraso ou ausência da linguagem. O DSM-V descreve também o uso da linguagem e com-
portamentos estereotipados (como correr em círculos, sacudir uma mãozinha, movimentar 
os braços como que batendo asas), a dificuldade no estabelecimento de relações sociais, 
preferindo realizar suas atividades sozinhas, o que acarreta em obstáculos para iniciar ou 
manter relações sociais. “possuem dificuldades com a teoria da mente, que é a capacidade 
de entender o que o outro sente ou colocar-se no lugar dele, pouco compreendendo ex-
pressões faciais” (MEDEIROS D.; MEDEIROS T. e MEDEIROS D., 2021). O DMS-V divide 
o TEA em graus: nível 3, nível 2 e nível 1.
12UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
TABELA 1 – GRAUSDO AUTISMO
Gravidade do TEA Comunicação Social
Comportamentos repetitivos
 e interesses restritos
Nível 3 
“exigindo apoio 
muito substancial”
Graves déficits em comunicação 
verbal e não verbal, 
ocasionando graves prejuízos no 
funcionamento social; interações 
sociais muito limitadas e mínima 
resposta social ao contato com 
outras pessoas,
Preocupações, rituais imutáveis 
e comportamentos repetitivos 
que interferem muito no 
funcionamento em todas as 
esperas. Intenso desconforto 
quando rituais ou rotinas são 
interrompidas, com grande 
dificuldade no redirecionamento 
dos interesses ou de dirigir para 
outros rapidamente.
Nível 2 
“exigindo apoio 
substancial”
Graves déficits em comunicação 
social verbal e não verbal que 
surgem sempre, mesmo com 
suportes, em locais limitados. Ob-
servam-se respostas reduzidas ou 
anomalias ao contato social com 
outras pessoas.
Preocupações ou interesses fixos 
frequentes, óbvios a um observa-
dor casual, e que interferem em 
vários contextos. Desconforto e 
frustação visíveis quando rotinas 
são interrompidas, o que dificulta 
o redirecionamento dos interesses 
restritos.
Nível 1 
“Exigindo apoio”
Sem suporte local, o déficit social 
ocasiona prejuízos. Dificuldades 
em iniciar relações sociais e claros 
exemplos de respostas atípicas e 
sem sucesso no relacionamento 
social. Observa-se interesse dimi-
nuído pelas relações sociais.
Rituais e comportamentos repetiti-
vos interferem, de modo acentua-
do, no funcionamento em vários 
contextos. Resiste às tentativas de 
interrupção dos rituais e ao redi-
recionamento de seus interesses 
fixos.
Fonte: SCHMIDT, 2014, p. 11.
Os autores Baptista e Bossa (2002) lembram que independente do sistema de 
classificação ou a abordagem teórica usada para o TEA, as crianças com autismo irão 
apresentar dificuldades nos relacionamentos, na linguagem-comunicação, na capacidade 
simbólica e comportamentos estereotipado. Os estudos iniciais de Kanner e Asperger foram 
fundamentais e alguns aspectos são utilizados até hoje.
13UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
Finalmente, cabe ressaltar a mudança na forma de conceber o autismo, 
passando da condição de “doença” com identidade definida e distinta dos 
quadros envolvendo problemas orgânicos para a de “síndrome” (conjunto de 
sintomas). Dessa forma, quando se fala em transtornos ou síndromes autís-
ticas, quer-se designar a “tríade de comprometimentos” independentemente 
da sua associação com aspectos orgânicos. Em outras palavras, a síndro-
me do autismo identifica um perfil comportamental com diferentes etiologias 
(GILLBERG, 1990 apud BAPTISTA e BOSSA, 2002, p. 31).
Os cientistas acreditam que o autismo ocorre ao longo de um espectro porque 
suas características assumem diversas formas, e que os caminhos causais para isso são 
distintos, envolvendo diferentes sistemas biológicos e diferentes contribuições genéticas e 
ambientais. Reconhecer o autismo em um amplo espectro permite que os clínicos possam 
usar imagem cerebral, genética e outras abordagens cientificas para entender a variabili-
dade do TEA. Além de, com essas informações é possível “elaborar planos de tratamentos 
que irão beneficiar uma população diversificada no espectro e planejar intervenções ino-
vadoras e que, por fim, serão mais individualizadas para determinada criança” (BERNIER; 
DAWSON e NIGG, 2021, p. 12).
2.2 Epidemiologia – Estudo da difusão do autismo 
O número de crianças diagnosticadas com autismo tem aumentado a cada ano, 
de acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos - Autism and Developmental 
Disabilities Monitoring (ADDM), a prevalência de TEA em crianças de 8 anos nos Estados 
Unidos aumentou de 1/150 no ano de 2000, para 1/88 em 2008 e 1/68 no ano de 2012. No 
Brasil, em 2010, a estimativa foi de 500 mil autistas9. O TEA é diagnosticado em todos os 
grupos raciais, étnicos e socioeconômicos. No Brasil, em 2010, a estimativa foi de 500 mil 
autistas. O TEA é diagnosticado em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconômicos 
(ALMEIDA; MAZETE; BRITO e VASCONSELOS, 2018, p. 72).
No Reino Unido a prevalência de crianças com autismo é de 4 a 5 a cada 10 mil 
crianças, porém, esse número aumenta de 15 a 20 em cada 10 mil se as características 
autistas no que se refere a “tríade” forem incluídas (social, comunicação e atividades res-
tritas/repetitivas). No Brasil considerando apenas a forma típica da síndrome cerca de 600 
mil pessoas possuem TEA (BOSA, 2002, p. 31).
O número de meninos com autismo é maior do que meninas, em uma proporção 
de 2 a 3 homens para 1 mulher. Os autores também apresentam um aumento em crianças 
diagnosticadas com a autismo, sendo que em 2005, a partir das análises sobre as publica-
ções do TEA, o número de crianças era aproximadamente de 60 para cada 10 mil. Em 2009 
esse número passou de 70 para cada 10 mil crianças. Porém não há como esses números 
serem exatos (JUNIOR e KUCZYNSKI, 2015, p. 12).
14UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
A chance de o irmão de uma criança autista também ser é 20 vezes maior, pois a 
prevalência passa de 0,5% para 10,1%. Se dois irmãos tiverem TEA, a chance do terceiro 
ter vai para 25%. Do número total de autistas, entre 30% e 50% possuem deficiência inte-
lectual. O TEA também pode estar associado a um transtorno mental, em aproximadamente 
70%. O risco de epilepsia entre autistas é maior entre aqueles com deficiência intelectual 
(ALMEIDA; MAZETE; BRITO e VASCONSELOS, 2018, p. 72).
2.3 Modalidades terapêuticas
Cada criança com TEA irá apresentar necessidades e habilidades individualizadas, 
que precisam estar de acordo com a funcionalidade, dinâmica familiar e quantidade de 
recursos que podem ser oferecidos, por isso, é necessária uma avaliação terapêutica per-
sonalizada, possibilitando um plano individual de intervenção. Veremos posteriormente2 em 
nossos estudos de maneira mais aprofundada como esses diagnósticos podem ser obtidos.
O modelo terapêutico Denver de Intervenção precoce para Crianças Autistas, tra-
balha com estimulação intensiva e diária baseada em Análise do Comportamento Aplicado 
(ABA)3 visando promover interações sociais positivas e naturalistas com objetivo de aumen-
tar a motivação da criança para as competências sociais, aprendizagem e desenvolvimento 
da comunicação receptiva e das habilidades cognitivas e motoras (SPB, 2019).
Ou seja, ABA é uma ciência que analisa o comportamento, o modelo Denver enqua-
dra-se dentro do ABA, porém a maneira de aplicar o método é mais naturalista. A terapia ABA 
é uma intervenção que tem mostrado bastante efetiva para tratamento de crianças com TEA.
A Estimulação Cognitivo Comportamental baseada no ABA é um programa com-
portamental, reconhecido e muito utilizado que busca desenvolver habilidades sociais e 
comunicativas, partindo das estratégias de reforço.
A sociedade Brasileira de Pediatria (2019) apresenta outros tipos de modelos tera-
pêuticos, como,
O “Coaching Parental”, que tem como princípio orientar familiares e pais, na busca 
de estratégias para o comportamento dos cuidadores, adequações de rotina e correspon-
sabilização para estimulação da criança. 
O método Picture Exchange Communication System ou em português Sistema de 
Comunicação por Troca de Figuras (PECS) é um método alternativo de comunicação por 
meio de troca de figuras, gestos, sinais e símbolos para pessoas com TEA que não desen-
volvem a linguagem verbal, como para aqueles que apresentam dificuldades ou limitação 
na fala. Nessa abordagem, a criança pode escolher a imagem que representa o objeto 
pretendido por ela e dar nas mãos do profissional para que o mesmo a entregue o objeto 
físico, permitindo a comunicação da criança dentro do contexto social. 
2 No capítulo IV da nossa apostila, intitulado “Avaliação, diagnóstico e tratamento”
3 Em inglês o termo é Applied Behavior Analysis
15UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
O desenho pode ser linear em preto e brancoou colorido, apresentado atra-
vés de fotografias, devendo estar ao alcance da criança em qualquer ambien-
te de sua casa, podendo, ainda, ser utilizado um feltro para prender a figura 
no quadro (LOCATELLI e SANTOS, 2016, p. 210).
O Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped 
Children ou Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com outros prejuízos na 
comunicação (TEACCH) é um programa que combina diferentes materiais visuais para 
organização do ambiente físico por meio de rotinas e sistemas de trabalho, tornando o 
ambiente mais compreensível, esse método visa a independência e o aprendizado, sendo 
bastante utilizado no campo da educação.
A Terapia de integração sensorial é para crianças com TEA que apresentam alte-
rações no processamento sensorial, para ocorrer precisa envolver a equipe de saúde, a 
equipe pedagógica e a família. As estratégias utilizadas podem envolver os recursos de um 
acompanhante terapêutico e também aparelhos de alta tecnologia, como jogos e aplicativos 
elaborados especialmente para o desenvolvimento das habilidades comunicativas.
REFLITA
Você já parou para pensar sobre os custos e acessos das terapias e intervenções neces-
sárias para crianças com TEA? Muitas famílias encontram dificuldades para tratamentos. 
Fonte: Sem cura e com tratamento caro, autismo é desafio para pais e instituições sociais. 
Profissão repórter, g1. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/06/20/sem-
-cura-e-com-tratamento-caro-autismo-e-desafio-para-pais-e-instituicoes-sociais.ghtml.Acesso em: 27 set. 2021.
https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/06/20/sem-cura-e-com-tratamento-caro-autismo-e-
https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/06/20/sem-cura-e-com-tratamento-caro-autismo-e-
16UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
Os tratamentos para TEA que estão baseados empiricamente (ou seja, na ciência) 
para trabalhar com as questões centrais do autismo – desafio na comunicação social e 
os comportamentos repetitivos e restritos são os que estão baseados no comportamento, 
ou seja, são aqueles que se fundamentam nos princípios da ABA (BERNIER; DAWSON e 
NIGG, 2021, p. 95). 
De acordo com esses autores: 
Por exemplo, reforço positivo se refere ao princípio de que, quando um com-
portamento é seguido por uma recompensa, com todas as outras coisas sen-
do iguais, há mais probabilidade de que ele seja repetido. Igualmente, quan-
do nenhuma recompensa é oferecida após um comportamento, este tende a 
desaparecer com o tempo. As terapias comportamentais usam esses princí-
pios simples de aprendizagem para promover habilidades de comunicação 
social e reduzir comportamentos problemáticos, até que, um dia, os novos 
comportamentos de alguma forma se tornem, até certo ponto, automáticos 
ou naturais para a criança. Os princípios podem ser simples, e o tratamento 
pode realmente funcionar – mas a aplicação requer grande habilidade, pois 
você deve saber o que é motivador para determinada criança e quais estraté-
gias serão mais efetivas (BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 95).
De acordo com Bernier, Dawson e Nigg (2021) a plasticidade do cérebro é a res-
ponsável para que as intervenções baseadas no comportamento melhorem as condições 
de comunicação social e reduzem os comportamentos desafiadores e disruptivos.
TABELA 2 - ABA: TRATAMENTOS COMPORTAMENTAIS 
QUE TIRAM PROVEITO DA PLASTICIDADE DO CÉREBRO
ABA significa “análise comportamental aplicada”. A maioria dos tratamentos 
baseados empiricamente usa os princípios da ABA, mesmo intervenções baseadas no 
jogo, como a ESDM. Os princípios da ABA incluem as regras que regem como ocorre 
a aprendizagem. Por exemplo, o reforçamento positivo está baseado no princípio 
de que, quando um comportamento é seguido por uma recompensa, ele terá mais 
probabilidade de ser repetido. Igualmente, quando retiramos uma recompensa depois 
de um comportamento, esse comportamento tende a se extinguir ou a enfraquecer com 
o tempo. Assim, terapias ABA são aquelas que usam esses princípios para promover 
comportamentos desejados (como a interação social) e reduzir comportamentos 
problemáticos (como explosões agressivas).
Fonte: BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 107. 
17UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
É importante enfatizar que independentemente do método utilizado para interven-
ção da criança com TEA é necessário levar em conta as necessidades individuais de cada 
um. Os tipos de especialidades variam, assim como os níveis de intensidade. Por exemplo, 
um autista entre severo e moderado aprenderá a engolir a saliva em um tratamento com 
fonoaudiólogo, enquanto um autista leve poderá trabalhar a modulação do tom de voz, me-
lhorar sua capacidade de verbalizar as palavras. Diante disso, fica claro que as estratégias 
de tratamento precisam ser planejadas de acordo com as necessidades da criança.
18UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
3. INTERVENÇÕES FREQUENTES: USO DE HORMÔNIOS, APRIMORAMENTO 
 DE FUNÇÕES COMUNICATIVAS, INTERVENÇÕES CLÍNICAS PSICANALÍTICAS, 
 PROCEDIMENTOS MULTIPROFISSIONAIS, USO DE AMBIENTES DIGITAIS DE 
 APRENDIZAGEM ADAPTADOS
A Sociedade Brasileira de Pediatria (2019) retrata que ainda não há tratamentos 
farmacológicos para os sintomas centrais do TEA. Em adultos existem dados que compro-
vam o uso de agentes serotoninérgicos ajudam nos comportamentos repetitivos. 
Os antipsicóticos risperidona e aripiprazol mostraram uma modesta eficácia no manejo 
de comportamentos repetitivos, esses são os únicos medicamentos com indicação da Food and 
Drug Administration dos Estados Unidos para os sintomas relacionados ao TEA. Mostraram-se 
eficazes na redução de alguns comportamentos como a automutilação e a agressão, sintomas 
que podem interferir drasticamente na aprendizagem de outras habilidades.
O uso da ocitocina mostrou uma importante ação para pacientes com déficits de 
cognição social, porém os estudos ainda não são randomizados em grande escala em 
longo prazo. Nesse sentido, a SBP (2019) reforça que: 
[...] para cada comorbidade, apesar de não existir medicação para os sinto-
mas centrais do TEA, pode- -se tentar um tratamento farmacológico a fim de 
melhorar comportamentos específicos e assim trazer algum benefício para os 
sintomas centrais e ajudar na intervenção da equipe interdisciplinar. Comor-
bidades importantes de tratamento são ansiedade, movimentos repetitivos 
estereotipados, sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, impulsividade, 
depressão, oscilações no humor, agitação, hiperatividade e agressividade 
(SBP, 2019, p. 18).
19UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
Os remédios que podem ser usados para tratar essas comorbidades são os antie-
piléticos, antipsicóticos atípicos, estimulantes do sistema nervoso central, antidepressivos 
e estabilizadores de humor.
Alguns estudos ainda novos têm como proposta terapêutica o uso de esteroides, 
porém, os primeiros resultados foram encorajadores. Há também propostas de intervenção 
nutricional, como as dietas de isenção de glúten e/ou caseína e a suplementação de vita-
minas e ômega-3 (SPB, 2019, p.18).
Todos os medicamentos citados podem apresentar efeitos colaterais, por isso é im-
prescindível que eles sejam usados com acompanhamento e em consulta com um médico 
especializado no transtorno.
Em alguns casos a criança com TEA não irá apresentar sintomas que necessitam 
de tratamento com psicofármacos. O uso da melatonina tem sido associado a melhorar 
o sono das crianças que possuem dificuldade nesse aspecto, o que tem acarretado em 
melhoras no comportamento diurno. Alguns probióticos estão sendo utilizados com base 
no eixo cérebro-intestino na busca de restaurar a microbiota de pacientes com TEA que 
apresentam distúrbios gastrointestinais ligados a disbiose, que pode contribuir para os qua-
dros de irritabilidade, raiva, comportamentosagressivos e distúrbios do sono (ALMEIDA; 
MAZETE; BRITO e VASCONSELOS, 2018, p. 77).
3.1 Procedimentos multiprofissionais
Já vimos que o TEA possui uma complexa natureza etiológica, por isso, para o 
tratamento apresentar os melhores resultados é necessário que a criança seja incluída 
em equipes de reabilitação interdisciplinar, com especialistas de várias áreas, como, psi-
copedagogos, médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, terapeutas 
comportamentais. 
Mesmo o autismo sendo um comprometimento permanente, a maioria dos indiví-
duos apresentam melhoras no relacionamento social, na comunicação e nas habilidades 
de autocuidado quando crescem. Entre vários fatores que acarretam essa melhora, desta-
cam-se a presença de alguma linguagem de comunicação perto dos cinco ou seis anos de 
idade, o nível intelectual não-verbal, a gravidade da condição e a resposta à intervenção 
educacional (KLIN, 2006).
Esses ganhos acontecem geralmente quando a criança frequenta a escola primária 
e principalmente quando são feitas intervenções estruturadas, individualizadas e intensivas 
(KLIN, 2006). É necessário, acima de tudo:
20UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
saber o que tratar, tendo claro o papel de cada profissional numa equipe inter-
disciplinar, em que tal criança ou adolescente sejam observados, tratados e 
conduzidos mediante olhares aconselhadores para a otimização de sua rede 
neural (SCHMIDT, 2014, p. 37).
Além disso, pais, profissionais e pacientes precisam estar em sintonia, com os 
mesmos objetivos, além da escola em que a criança frequenta. Para Schmidt (2014, p. 
37) essa sintonia perpassa os profissionais do corpo docente da escola, chegando até os 
colegas, “que muitas vezes, por desconhecer o que de fato ocorre com esse aluno incluído, 
o submetem ao papel de vitimizado (bullying). 
3.2 Intervenções clínicas psicanalíticas 
Você já viu nessa unidade que o autismo já foi considerado esquizofrenia ou psi-
cose. Na análise dos autores Junior e Francisco (1997) compreende-se por psicose um 
distúrbio maciço da realidade, envolvendo uma desorganização da personalidade. Já as 
primeiras definições de esquizofrenia, foi demência precoce e depois alterações especificas 
no pensamento, nos sentimentos e nas relações com o mundo externo, as vezes crônico ou 
com ataques intermitentes.
Como dito anteriormente, Kanner (1943) destacou o comportamento dos familiares 
das crianças autistas que observou, relatando uma certa frieza nas relações entre os casais 
e os filhos. Para o autor, tanto questões inatas (biológicas) como a qualidade nas relações 
parentais (fatores ambientais) são consideradas.
Vários teóricos psicanalistas apresentam propostas de explicação para o autismo, 
Margareth Mahler foi quem estudou as psicoses infantis, descrevendo as psicoses autísti-
cas e simbióticas de desenvolvimento, a psicanalista Melanie Klein (1965) também auxiliou 
na compreensão das raízes históricas dos termos psicose e esquizofrenia ao autismo 
(JUNIOR e PIMENTEL, 2000).
Mahler (1975) teve grande importância, segundo Kanner (1943) para as investiga-
ções clínicas, em que propõe dois tipos de psicose infantil, o autismo infantil – em que a 
mãe é percebida como representante do não eu e a psicose simbiótica, em que a mãe não 
é percebida como distinta, mas sim confundindo com ele. Para Klein (1965 apud BOSA e 
CALLINAS) o autismo era explicado em termos de inibição do desenvolvimento:
cuja angustia decorria do intenso conflito entre instinto de vida e de morte. 
Supunha, tal como Kanner (1943), que tal inibição seria de origem constitu-
cional a qual, em combinação com as defesas primitivas e excessivas do ego, 
resultaria no quadro autista. O bloqueio da relação com a realidade e do de-
senvolvimento da fantasia, que culminaria com um déficit na capacidade de 
simbolizar, seria então, central à síndrome (BOSA e CALLIAS, 2000, p. 169).
21UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
Diante disso, o tratamento psicanalítico busca oferecer condições para que a crian-
ça autista constitua a noção dela mesma e dos outros, os fatores de desenvolvimento seja 
na fala ou cognitivo não atrapalham essa relação analítica da criança autista. O método psi-
canalítico leva em conta dois aspectos distintos, a singularidade de cada relação analítica 
e as peculiaridades do mundo interno de uma criança em desenvolvimento (CAMARGOS 
e WALTER, 2005).
3.3 Uso de ambientes digitais de aprendizagem adaptados
O questionamento sobre o uso de tecnologia na vida das crianças é tema cada 
vez mais recorrente, perguntas como “será que se meu filho jogar determinado jogo no 
videogame irá ficar violento?”, ou “tem problema o meu filho assistir tv a noite antes de 
dormir?”. No caso das crianças com TEA também há dúvidas e questões sobre o uso da 
tecnologia, tanto para aspectos positivos, como negativos.
Os avanços da tecnologia oferecem uma promessa para novos tipos de diagnós-
ticos e tratamentos para TEA, porém, “a interação genuína sempre será a melhor maneira 
de engajar as crianças e ajudá-las a se desenvolver e aprender” (BERNIER; DAWSON e 
NIGG, 2021, p. 182). Nada substitui a interação com o outro.
Os autores destacam alguns estudos realizados nos Estados Unidos em que crian-
ças com TEA usam a mídia eletrônica sem interação com os pais ou cuidadores, ou seja, 
estão assistindo TV ou usando outras mídias sozinhas, sendo uma experiencia menos 
social do que para outras crianças que fazem isso com a família. Diante dos estudos é 
possível afirmar que as crianças com TEA usam as mídias eletrônicas de maneira diferente 
dos demais. “Para crianças com autismo, o tempo de tela é frequentemente uma atividade 
solitária, menos orientada socialmente do que para outras crianças” (BERNIER; DAWSON 
e NIGG, 2021, p. 183).
A comunicação aumentativa e alternativa (CAA) é uma ampla categoria de inter-
venções projetadas para auxiliar a linguagem e a comunicação por meio de sinais visuais 
ou auditivos. Ela investiga o autismo desde a década de 1980, e suas primeiras abordagens 
incluíam ensinar as crianças a usarem placas gráficas,
uma pessoa apontava para um símbolo na placa para se comunicar ou entre-
gava um símbolo gráfico em troca de uma atividade ou objeto. Por exemplo, 
se uma criança queria um copo de leite, ela puxava sua placa gráfica cheia 
de imagens de objetos e atividades e simplesmente apontava para a figura do 
copo de leite (BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 196).
22UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
Já vimos que essa abordagem com figuras apresenta o nome de Sistema de 
Comunicação por Troca de Figuras (PECS), e pode ser eficaz no apoio à comunicação, 
porém, os autores destacam que crianças que usam PECS para se comunicarem não usam 
a linguagem verbal mais efetivamente após a prática. “Pesquisas mostraram que a CAA 
pode ajudar seu filho a comunicar o que deseja e precisa no momento, mas não promove 
seu uso da linguagem falada posteriormente” (BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 196).
Diante dessa breve discussão os autores concluem que os novos métodos de tec-
nologia para o tratamento de autismo são fascinantes e alguns muito promissores, porém, 
a maioria não apresenta comprovação de benefícios para serem colocados em prática. 
Sabemos que as telas vieram para ficar, porém, é importante saber o que a criança está 
tendo acesso, além de ter consciência de que restringe as oportunidades de interação 
social direta. 
23UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade nós vimos sobre o conceito histórico do autismo, e o longo caminho 
de estudos percorridos até o momento. O autismo é uma síndrome intrigante, desafiando o 
conhecimento sobre a natureza humana. Sua definição sofreu alterações no CID e também 
no DSM no decorrer dos anos, são desdobramentos nos critérios e instrumentos de diag-
nósticos da etiologia multifatorial,incluindo fatores genéticos, ambientais e epigenéticos 
que colocam o TEA em uma posição de destaque nos últimos anos. 
As possibilidades de intervenção para TEA são inúmeras e o trabalho da equipe 
multidisciplinar é fundamental para o desenvolvimento da criança. O aumento do número 
de crianças diagnosticadas com TEA nos oferece um cenário futuro em que todas as insti-
tuições deverão criar condições para trabalhar com essas crianças.
Na próxima unidade veremos como cada profissional da equipe multidisciplinar 
contribui para o desenvolvimento da criança com TEA, além dos aspectos teóricos e práti-
cas da avaliação diagnóstica na educação, estudos que contribuirão ainda mais para o seu 
conhecimento e formação. Te encontro lá!
24UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Um antropólogo em Marte
Autor: Oliver Sacks.
Editora: Companhia das Letras.
Sinopse: Escrito pelo neurologista anglo-americano Oliver Sacks, 
baseado em seis estudos de casos clínicos extraordinários do 
autor sobre indivíduos com condições neurológicas paradoxais, e 
como esses indivíduos cujas vidas muitas vezes são pressionadas 
com situações limites, trágicas e dramáticas podem nos ajudar a 
compreender melhor o que somos, podendo nos levar a um estado 
de desenvolvimento pessoal e profissional. 
FILME / VÍDEO 
Título: Arthur e o infinito
Ano: 2012.
Sinopse: Marina e César são os pais de duas crianças, Sofia de 
10 anos e Arthur, de 6 anos. Quando Arthur tinha um ano e meio 
de idade, começou a apresentar um comportamento diferente das 
outras crianças, como por exemplo a sua comunicação era precária, 
parecia não ouvir quando seus pais o chamavam e quase não tinha 
contato visual. Essas características levaram os pais a procurarem 
médicos e especialistas. A longa busca dos pais só terminou quan-
do Arthur completou seis anos, e foi diagnosticado como autista. 
Marina sente maior responsabilidade sobre o menino e decide se 
dedicar unicamente a tentar desenvolve-lo o máximo possível. A 
família passará por momentos difíceis e desafiadores, onde Marina 
colocará em questão a sua capacidade de lidar com seu filho.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=33Fv3_0s0rE
25
Plano de Estudo:
● A importância da presença de uma equipe multidisciplinar: Terapeuta 
 ocupacional, Psicólogo, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador, psicopedagogo;
● O diagnóstico e as intervenções necessárias;
● Compreender os profissionais da equipe multidisciplinar: Terapeuta Ocupacional 
 e fisioterapia: a importância da psicomotricidade;
● Estabelecer a importância do psicólogo e do neuropsicólogo na intervenção 
 da criança com TEA;
● O papel do fonoaudiólogo, do educador e psicopedagogo;
● Aspectos teóricos e práticos da avaliação diagnóstica e multidisciplinar na educação.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a importância da equipe multidisciplinar;
● Contextualizar algumas áreas profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar, 
como, Terapeuta ocupacional, Psicólogo, Neuropsicólogo, 
Fonoaudiólogo, Educador, psicopedagogo;
● Estabelecer a importância do diagnóstico e 
● das intervenções realizadas a partir dele. 
UNIDADE II
Equipe Multidisciplinar
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
26UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 26UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem?
Você viu brevemente na Unidade I sobre a equipe multidisciplinar na intervenção 
do TEA, nesta unidade, vamos aprofundar esse assunto. Você irá conhecer cada profis-
são que engloba a equipe multidisciplinar, que são: o Terapeuta ocupacional, Psicólogo, 
Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador, Psicopedagogo entre outros. Você vai perceber 
como o trabalho de cada profissional é fundamental para o TEA. Para melhor compreensão 
das áreas você irá estudar sobre os aspectos teóricos e práticos da avaliação diagnóstica 
e multidisciplinar na educação.
Desejo a você um ótimo estudo!
27UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 27UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
1. A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: 
 TERAPEUTA OCUPACIONAL, PSICÓLOGO, NEUROPSICÓLOGO,
 FONOAUDIÓLOGO, EDUCADOR, PSICOPEDAGOGO
Como você já sabe, o Transtorno do Espectro Autista possui uma complexa natureza 
etiológica, e como explicado brevemente na unidade I, a equipe multidisciplinar faz toda dife-
rença na aprendizagem e desenvolvimento da criança com TEA. As abordagens multidiscipli-
nares precisam ser efetivadas, visando não somente a questão educacional e da socialização, 
mas também a questão médica e a tentativa de estabelecer quadros clínicos bem definidos, 
com princípios precisos e abordagens terapêuticas eficazes (JUNIOR e PIMENTEL, 2000).
Com maior precisão de diagnóstico, resultadas das pesquisas clínicas, um “grande 
número de sub síndromes ligadas ao complexo “autismo” devem ser identificadas nos pró-
ximos anos, de forma que os conhecimentos sobre a área aumentem de modo significativo 
em um futuro próximo” (JUNIOR e PIMENTEL, 2000, p. 39).
Os autores também reforçam sobre como o desenvolvimento dessas pesquisas 
biológicas e cognitivas podem contribuir de forma efetiva para pouco a pouco o autismo ser 
melhor compreendido e analisado. Enfatizando que apenas com uma visão médica, a partir 
de modelos científicos claros é que “poderemos contribuir para o estudo da questão, ao 
mesmo tempo em que nos dispomos a pensar realisticamente o problema dessa população 
afetada” (JUNIOR e PIMENTEL, 2000, p. 39).
28UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 28UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
Outro ponto a destacar é que as terapias sem objetivo bem definido trazem pouco 
ou nenhum resultado. É fundamental que o tratamento seja feito em conjunto, em que, 
médicos, família, escola e demais terapias necessárias para o paciente com TEA estejam 
em plena sintonia. 
Os autores Silvia; Gaiato e Reveles (2012, p. 106) apresentam alguns pontos 
importantes para que a criança autista tenha um bom desenvolvimento. Eles chamam de 
“10 mandamentos para o bom desenvolvimento da criança com autismo” apresentados no 
quadro abaixo.
TABELA 1 - 10 MANDAMENTOS PARA O BOM 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM AUTISMO
1. Tratamento individualizado
A criança com autismo necessita passar por uma 
avaliação multidisciplinar e ter cada uma das suas 
áreas de comprometimento investigada de manei-
ra criteriosa pelos profissionais. Somente a partir 
disso é que o planejamento terapêutico será esta-
belecido. A única maneira de se tratar uma criança 
com autismo é com personalização das atividades 
e dos treinos. Cada criança tem maior ou menor fa-
cilidade com alguma área, por isso não precisamos 
perder tempo com aquilo que ela já domina. Cada 
sessão da terapia deve ser pensada e moldada 
especificamente para aquela criança, sempre com 
foco em avanços para as próximas etapas.
2. Currículo adaptado
É importante que as crianças com autismo estejam 
na escola e participem dela integralmente. Diversas 
atividades podem ser adaptadas para que ela faça 
as mesmas atividades dos colegas em sala de aula. 
Assim, ela se sentirá melhor e mais estimulada. 
Provavelmente a criança com autismo precisará de 
outros recursos para aprender as mesmas coisas 
que os demais alunos. A confecção de materiais 
concretos e visuais personalizados pode garantir 
uma verdadeira inclusão. Para personalizar as 
atividades escolares, podemos lançar mão de 
variados recursos: dividi-las em pequenas etapas, 
traduzi-las em figuras para melhor compreensão do 
conteúdo escolar, dentre outros.
29UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 29UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
3. Hiper investimento em comunicação
O treino em comunicação é muito importante e, 
para isso, é preciso empregar o maior número 
possível de recursos, e agir com rapidez. O inves-
timento nessa área trará consequências sociais 
muito positivas, jáque a criança conseguirá intera-
gir e entender melhor seus pares. Mesmo que ela 
encontre dificuldades, a estimulação na linguagem 
jamais deve ser interrompida. Se a criança não 
conseguir desenvolver uma linguagem falada, ou-
tras estratégias devem ser traçadas para garantir 
que ela consiga se expressar, como, por exemplo, 
comunicação por trocas de figuras.
4. Ensino sistematizado e estruturado
Na escola, a criança que possui menos dificulda-
des que devem ser acompanhadas e amparadas, 
caso precise de algum reforço. Porém, aquela com 
autismo mais grave precisa de um ensino sistema-
tizado, com estruturação de suas atividades e de 
sua rotina, e pautado em técnicas cientificamente 
comprovadas. Os professores devem ser orienta-
dos e preparados tanto pedagógica quanto psico-
logicamente.
5. Engajamento 
 (mínimo de 20 horas semanais)
Estudos científicos têm mostrado que, além do pe-
ríodo escolar, a criança com autismo deveria passar 
por mais quatro a cinco horas por dia em terapias e 
treinamentos. Estes podem ser realizados tanto por 
profissionais especializados em cada área quanto 
pelos pais, quando bem-orientados.
6. Práticas adequadas para 
 o desenvolvimento
A utilização de todos os recursos disponíveis rela-
cionados a socialização, aquisição de linguagem 
e comunicação, e adequação de comportamentos 
deve ser feita para garantir o bom desenvolvimento 
dessa criança. Para isso, a família deve contar com 
uma rede de apoio social de modo que consiga co-
locar em prática as habilidades aprendidas.
30UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 30UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
7. Contato com crianças “típicas” 
 (sem autismo)
A observação e a imitação são pré-requisitos so-
ciais. É importante que a criança tenha em seu 
ambiente modelos típicos para aprender e imitar. 
O contato com crianças “típicas” propicia estimula-
ções diferentes daquelas obtidas em terapia.
8.Atividades físicas
A criança deve ter acesso irrestrito às práticas es-
portivas e de lazer, nas quais consiga desenvolver 
sua motricidade e coordenação motora de maneira 
adequada. Além disso, as práticas esportivas são 
um bom caminho para ter acesso à socialização.
9.Envolvimento familiar
A criança com autismo só consegue se desenvolver 
se estiver verdadeiramente integrada no ambiente 
familiar. A compreensão de suas dificuldades e a 
tentativa de buscar estratégias para superá-las de-
vem ser o lema de toda a família.
10.Psicoeducação familiar
A família deve estar bem-orientada pelos profis-
sionais que atendem a criança e ser incentivada a 
buscar conhecimentos sobre o tema por meio de 
livros, filmes e grupos de apoio. Muitas vezes as fa-
mílias funcionam como multiplicadores dos ganhos 
da criança e podem ser um instrumento importante 
para potencializar o tratamento, pois condutas ade-
quadas propiciarão melhor desenvolvimento dos 
comportamentos das crianças.
Fonte: SILVIA, A. B. B.; GAIATO, M. B.; REVELES, L. T. Mundo singular, entenda o autismo. Fortanar, p. 106-108. 2012.
Um ponto importante precisa ser considerado quando analisamos a tabela acima, 
os autores usam como base para seus estudos a terapia comportamental, visto que é a mais 
indicada com comprovações científicas para crianças com transtorno do desenvolvimento. 
Nessa linha, as técnicas utilizadas nesta abordagem psicoterápica é a Análise Aplicada do 
Comportamento (ABA). 
Independente da linha terapêutica, o fundamental para o desenvolvimento da crian-
ça com TEA é o trabalho em equipe, em que cada um tenha em mente que fazer a sua parte 
bem-feita é contribuir para o desempenho do trabalho do outro. “Transpor as dificuldades 
do autismo é uma busca incessante em direção à superação de nossos próprios limites” 
(SILVIA, GAIATO e REVELES, 2012, p. 39). No próximo tópico vamos ver como cada te-
rapia específica pode contribuir para o desenvolvimento da criança com TEA, caso seja 
necessário para seu quadro.
Venha comigo!
31UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 31UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
2. O DIAGNÓSTICO E AS INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
O conceito do espectro autista nos ajuda a compreender que empregamos termos 
comuns para pessoas muito diferentes. O diagnóstico de autismo não quer dizer que todas 
as crianças autistas possuem o mesmo comprometimento ou necessidades, ao contrário, 
nos remete a um conjunto de diferentes individualidades, com níveis evolutivos, necessida-
des educativas e terapêuticas bem diferentes. 
A ideia de considerar o autismo como um “contínuo”, mais do que como uma 
categoria que define um modo de “ser”, ajuda-nos a compreender que, ape-
sar das importantes diferenças que existem entre diferentes pessoas, todas 
elas apresentam alterações, em maior ou menor grau, em uma série de as-
pectos ou “dimensões”, cuja afecção se produz sempre nos casos de trans-
torno profundo do desenvolvimento (ÁNGEL, 2007, p. 241).
A autora apresenta seis fatores principais que precisam ser analisados individual-
mente na pessoa com TEA:
TABELA 2 – FATORES PRINCIPAIS
1. A associação ou não do autismo com atraso mental mais ou menos grave.
2. A gravidade do transtorno que apresentam.
3. A idade – o momento evolutivo – da pessoa autista.
4. O sexo: o transtorno autista afeta com menos frequência, porém com maior gravida-
de de alteração, as mulheres do que os homens.
5. A adequação e a eficiência dos tratamentos utilizados e das experiências de apren-
dizagem.
6. O compromisso e o apoio da família.
Fonte: ÁNGEL, 2007, p. 241.
32UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 32UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
De acordo com a autora os sintomas específicos que a pessoa com TEA apresenta 
dependem desses seis fatores, alguns não são independentes entre si, mas não podem ser 
reduzidos uns aos outros. 
Os profissionais que trabalham com crianças com TEA precisam desenvolver um 
planejamento que contemple as necessidades de cada paciente. A partir daí é possível 
organizar a rotina das intervenções com objetivos, recursos e estratégias para atender 
individualmente cada caso (BLANCO, 2007).
Para que isso ocorra de maneira efetiva, os profissionais precisam conhecer todas 
as possibilidades de aprendizagem da criança com TEA, quais fatores que podem favore-
cer a sua evolução e as demandas específicas daquela criança. Por isso, só após entender 
a situação de cada um é que o profissional irá conseguir colaborar com o processo de 
desenvolvimento e construção pessoal de cada um desses indivíduos (BLANCO, 2007).
Conhecendo as capacidades e habilidades de cada criança com TEA, os profissio-
nais poderão assim trabalhar com segurança, reconhecendo as demandas e traçando um 
planejamento pertinente para cada caso. 
Os profissionais precisam identificar as possibilidades de adaptação ao ambiente, 
o uso de recursos e estratégias frente à diversidade de habilidades e necessidades da 
criança com TEA. Após o reconhecimento das necessidades individuais apresentadas, é 
fundamental que os ambientes em que a criança circule estejam preparados e que o ensino 
seja estruturado, com estratégias, técnicas, adaptações que deem suporte às diferentes 
necessidades de cada criança. Reforçar as habilidades por eles apresentadas é uma ótima 
estratégia e ampliação da aprendizagem, já que a criança tem como desejo natural explorar 
os ambientes. Essas estratégias devem ser planejadas pelos profissionais que atendem 
a criança, sendo definidos, mais uma vez, de acordo com as necessidades individuais 
(ROCHA; NARENE; CAPOIANCO; APARECIDA; BRITO e SANTOS, 2018).
33UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 33UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
3. COMPREENDER OS PROFISSIONAIS DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR:
 TERAPEUTA OCUPACIONAL E FISIOTERAPIA: A IMPORTÂNCIA DA 
 PSICOMOTRICIDADE
A história da psicomotricidade está relacionada com a história do estudo do corpo 
humano e da busca pela compreensão de como se processam asemoções, as sensações 
e a relação entre o corpo e a alma. A psicomotricidade é um campo transdisciplinar que 
estuda as relações entre o psiquismo e a motricidade, considerando as funções cognitivas, 
socioemocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras integradas, gerando a capacidade 
da pessoa agir em um contexto psicossocial (LEITE, 2019).
A psicomotricidade está relacionada com o movimento organizado e integrado, 
“de acordo com as experiências vividas pelo sujeito, considerando-se sua individualidade, 
linguagem e socialização” (LEITE, 2019, p. 26).
Para o autor, a psicomotricidade é alcançada pelo amadurecimento e está sustenta-
da em três pilares: o movimento, o intelecto e o afeto, que são complementares, integrados 
e indissociáveis, resultando em harmonia e satisfação pessoal. 
O movimento está relacionado com a descoberta da criança em conhecer as 
funções de seu próprio corpo, primeiro por meio da observação e depois da experiência, 
assim, ela vai descobrindo sentimentos e emoções. Além de que, toda atividade motora 
está relacionada com o desenvolvimento intelectual, social e moral da criança (LEITE, 
2019, p. 27).
34UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 34UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
O pilar intelecto, para Leite (2019) está relacionado com a compreensão do quanto 
a pessoa conhece em oposição àquilo que sente e deseja, é o entendimento, a faculdade 
de pensar e adquirir conhecimento iniciando em uma baixa complexidade até chegar na 
alta complexidade mental. “A inteligência envolve a lógica, a abstração, a memorização, a 
compreensão, o autoconhecimento, a comunicação, o aprendizado, o controle emocional, 
planejamento e a resolução de problemas” (LEITE, 2019, p. 33).
Podemos dizer então, que a psicomotricidade está integrada às funções cognitivas, 
socioemocionais, simbólicas, motoras e psicolinguísticas. Sem o intelecto, esses processos 
não seriam possíveis. 
Afeto deriva de um estado da alma, um sentimento, está relacionado à afetividade 
e afetivo, compreendido na psicologia como a capacidade da pessoa em experimentar o 
conjunto de fenômenos afetivos, emoções, sentimentos. “A afetividade consiste na força 
exercida por esses fenômenos no caráter de uma pessoa” (LEITE, 2019, p. 36).
O vínculo entre professor-aluno, terapeuta-criança é fundamental para o processo de 
desenvolvimento e aprendizagem. É necessário que a criança seja vista e atendida na sua 
forma integral, levando em consideração os aspectos emocionais, motores, culturais e sociais. 
A terapia precisa ser prazerosa para criança na maior parte do tempo, haverá 
momentos em que a criança será resistente, principalmente quando novos objetivos forem 
introduzidos, porém, um bom profissional, deve ser capaz de tornar a terapia divertida e 
envolvente. O terapeuta precisa ser sensível às necessidades e as preferências da criança 
(BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 118).
Muitas crianças com TEA possuem aversão ou interesses sensoriais, inclusive as 
sensibilidades sensoriais foram acrescentadas no DSM-5 como um dos critérios de diag-
nóstico. Em algumas situações, essas sensibilidades podem se tornar problemáticas. É 
importante ressaltar, que, quando falamos em sensibilidade sensórias, estamos abordando 
desde sensibilidade no paladar, como ruídos, luzes, uso de roupas. 
A terapia ocupacional também contribui para reduzir as aversões sensoriais. Por 
exemplo, trabalhar o uso de fones de ouvido para reduzir os sons do ambiente, usar uma 
variedade de exposições táteis para a criança adaptar-se às sensações. 
É comum também que a criança com TEA apresentam dificuldade na motricidade 
fina e ampla, a criança pode ser desajeitada ou não muito coordenada, além dos desafios 
com as habilidades motoras finas, como movimentos de pinça, manusear lápis ou usar 
instrumentos como tesouras. 
35UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 35UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
Fisioterapia e terapia ocupacional são abordagens de tratamento bem apoia-
das para abordar esses desafios. A melhora nas habilidades motoras amplas 
ajuda seu filho a se entrosar nas atividades rotineiras na escola ou na área 
de recreação. Ser incapaz de correr, brincar de pega-pega ou pular em uma 
casinha inflável com seus pares reduz suas oportunidades de se envolver 
com eles, de praticar as principais habilidades sociais trabalhadas na terapia 
e, por fim, de construir a competência social que serve como o fundamento 
para a aprendizagem (BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 120).
Nesse sentido, garantir que a criança tenha habilidades motoras apropriadas pode 
contribuir com a sua capacidade de se envolver com os outros, como brincar, realizar ativi-
dades escolares, entre outras. 
O fisioterapeuta, assim como o terapeuta ocupacional, possibilita melhorias mo-
toras e mentais, a partir de técnicas que estimulem a proximidade ao paciente, diálogo, 
integração social e a independência da criança. Ele consegue atuar na prevenção e melho-
ria de situações patológicas. Esse trabalho acontece por avaliações musculoesqueléticas, 
relacionadas à ergonomia, diagnósticos, aplicação de exames, prescrição e planejamento. 
Atuando, assim, na promoção da qualidade de vida e reabilitação do paciente (MAIA; MOU-
RA; MADEIROS; CARVALHO; SILVA e SANTOS, 2015). 
A fisioterapia é de fundamental importância para pessoas com TEA, no tratamento 
dos acometimentos motores e na prevenção de agravos ao estado da criança. Entre as 
estratégias existentes para tratar crianças com TEA, há a sigla mnemônica SPECTRUM: 
Sequência prática, Percepção, Equilíbrio, Coordenação, Tônus, Resistência, Uniformidade, 
Marcos motores, desenvolvido para facilitar a avaliação, o raciocínio clínico e as tomadas de 
decisão sobre as abordagens terapêuticas das crianças com TEA (MENDONÇA et al., 2015).
As intervenções da terapia ocupacional e da fisioterapia irão contribuir para in-
gressão da criança com TEA ao convívio social, treinando habilidades de concentração, 
melhorando ou excluindo movimentos anormais, contribuindo para o autocontrole corporal, 
além das habilidades motoras, equilíbrio e coordenação também serem trabalhadas.
 
36UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 36UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
4. ESTABELECER A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO E DO NEUROPSICÓLOGO 
 NA INTERVENÇÃO DA CRIANÇA COM TEA
O psicólogo, com sua formação específica e definida, também faz parte da equipe 
multidisciplinar necessária para contribuir no desenvolvimento da pessoa com TEA. Seu 
conhecimento na área do desenvolvimento humano possibilita condições para detectar 
as áreas defasadas e comprometidas, para tanto, o relato e observações da família são 
fundamentais para o processo. É importante que o psicólogo esteja atualizado com os 
trabalhos e pesquisas recentes para orientar a família. A sua sensibilidade diante da criança 
e do nível de comprometimento desta é importante para que ele saiba adequar propostas 
terapêuticas que realmente a beneficiem (ELLIS, 1996 apud SOUZA et al., 2004).
A autora Amiralian (1986) apresenta importantes discussões sobre a contribuição 
da psicologia para pessoas com deficiência, espectro ou transtornos, independente dos ní-
veis de desenvolvimento, todas elas precisam desenvolver seus sentimentos de autovalor 
e autoconfiança, assim como confiar no outro, buscar sua independência. Mesmo com as 
limitações de cada um, o dever do psicólogo, da equipe multidisciplinar, do educador, dos 
pais, é ajudar essa pessoa a acreditar em si mesmo, a buscar o sentido de realização e 
sentimentos de autovalor.
37UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 37UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
FIGURA 1 – AUTOCONHECIMENTO
 
A neuropsicologia é uma área interdisciplinar, composta por profissionais das áreas 
da saúde e educação, com o intuito de investigar as bases cerebrais do comportamento 
humano, contribuindo para o diagnósticoe intervenção em problemas cognitivos, compor-
tamentais e emocionais (HAASE, 2014). 
Essa ciência aplicada busca a interação existente entre a expressão comportamen-
tal e as disfunções cerebrais, utilizando como método de investigação a avaliação, obser-
vação e testes específicos para analisar o comprometimento ou preservação das funções 
corticais, para assim, embasar a equipe multidisciplinar tanto de maneira qualitativa como 
quantitativa (CZERMAINSKI, 2012).
Nesse sentido, a neuropsicologia tem como objeto principal o funcionamento cog-
nitivo, emocional, familiar, acadêmico e social de crianças e adolescentes que apresentam 
lesões do cérebro (paralisia cerebral, meningoencefalite, traumatismo cranioencefálico etc.) 
ou transtornos do desenvolvimento (deficiência intelectual, autismo, síndromes genéticas, 
TDAH, transtornos específicos de aprendizagem etc.) (HAASE; OLIVEIRA; PINHEIRO; 
ANDRADE; FERREIRA; DE FREITAS e TEODORO, 2016).
A avaliação neuropsicológica também é utilizada como um instrumento para avaliar 
as funções executivas da criança, contribuindo para o desenvolvimento e formulação de 
estratégias para alcançar os objetivos traçados pela equipe multidisciplinar. Essa avaliação 
é realizada no primeiro encontro com o paciente, através de observação comportamental 
com a criança e perguntas estruturadas para os cuidadores (SOUZA et al., 2021).
Além do diagnóstico, a avaliação também é fundamental para obter um repertório 
inicial - linha de base, para cada aspecto identificado na criança. A neuropsicologia contribui 
de forma significativa nos contextos psicológicos, com informações para compreensão do 
funcionamento cerebral e dos processos cognitivos, onde o neuropsicólogo tem a função 
de relacionar as observações do comportamento com os critérios necessários para fechar 
o diagnóstico.
38UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 38UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
5. O PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO, DO EDUCADOR E PSICOPEDAGOGO
Como você já sabe, o TEA envolve uma ampla gama de distúrbios neurodesenvol-
vimentais, tendo como eixos centrais três grandes áreas: dificuldades de interação social, 
dificuldades de comunicação verbal e não verbal e padrões restritos e repetitivos de com-
portamento (FERNANDES; CARDOSO; SASSI; AMATO e SOUSA-MORATO, 2008).
Nesse sentido, a comunicação para pessoas com TEA é um grande desafio e está 
diretamente relacionada com o nível de comprometimento da criança, nos casos mais 
graves a dificuldade é ainda maior para conseguir efeitos desejáveis no mundo físico. No 
nível intermediário carecem da competência necessária para desenvolver as atividades co-
municativas que apresentam finalidade de compartilhar a experiência interna. No TEA grau 
leve, as crianças conseguem realizar funções comunicativas que permitem compartilhar 
experiência, a dificuldade está em conseguir uma comunicação com flexibilidade espontâ-
nea, fluida (COOL; MARCHESI e PALACIUS, 2007).
Segundo os autores, conforme a tradição estabelecida na psicologia do desenvolvimen-
to, a comunicação é uma conduta que apresenta três propriedades essenciais: É uma atividade 
intencionada. Refere-se a algo, ou seja, é intencional. Realiza-se por meio de significantes. 
De acordo com Cool, Marchesi e Palacius (2007) as condutas comunicativas apa-
recem nas crianças normais no último trimestre do primeiro ano de vida, com diversas 
funções significativas, duas que se sobressaem por sua importância: A função de intercam-
biar o mundo físico ou conseguir algo dele, e a função de intercambiar o mundo mental do 
colega de interação, compartilhando uma experiência interior. 
39UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 39UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
As manifestações comportamentais que definem o TEA incluem comprome-
timentos qualitativos no desenvolvimento sociocomunicativo, bem como a 
presença de comportamentos estereotipados e de um repertório restrito de 
interesses e atividades, sendo que os sintomas nessas áreas, quando to-
mados conjuntamente, devem limitar ou dificultar o funcionamento diário do 
indivíduo (APA, 2013, p. 25).
Nesse aspecto, a atuação de um educador e/ou psicopedagogo é essencial para 
manter o diálogo e a ação mediadora. A linguagem deve ser vista não apenas como um 
código ou conjunto de regras gramaticais, mas também como uma atividade dialógica e 
cognitiva, esse novo aspecto amplia o universo de investigação da linguagem, incluindo 
comportamentos não verbais no fenômeno da linguagem (CAMPELO; LUCENA; LIMA; 
ARAÚJO; VIANA; VELOSO; CORREIA e MUNIZ, 2009).
Os meios comunicativos são divididos em verbais (VE), que envolvem pelo menos 
75% dos fonemas da língua, os vocais (VO), envolvendo todas as outras emissões e ges-
tuais (GE) relacionados aos movimentos do corpo e do rosto. As crianças autistas utilizam 
mais a comunicação gestual, menos verbal e poucas vocalizações (CAMPELO; LUCENA; 
LIMA; ARAÚJO; VIANA; VELOSO; CORREIA e MUNIZ, 2009).
É interessante comentar que no trabalho com crianças autistas, o fonoaudió-
logo deve ter em mente que se trata de um quadro clínico objeto de contra-
dições e frequentes mudanças na sua descrição e categorização. O olhar do 
fonoaudiólogo deve extrapolar os limites dos meros sintomas apresentados 
pelos indivíduos, buscando-se sentido e interpretação (CAMPELO; LUCENA; 
LIMA; ARAÚJO; VIANA; VELOSO; CORREIA e MUNIZ, 2009, p. 02).
A linguagem precisa ser vista como um instrumento da ação e interação da criança 
sobre o ambiente e sobre os outros. A terapia fonoaudiológica é comumente citada para a 
intervenção na área de linguagem dentro da equipe multidisciplinar para atender as crian-
ças com TEA. Alguns estudos têm enfatizado a importância da intervenção fonoaudiológica 
precoce no autismo. Considerando a linguagem como a principal forma de interação social, 
a terapia fonoaudiológica é considerada fundamental, pois trabalha diretamente com os 
aspectos mais relevantes da patologia (GONÇALVES e CASTRO, 2013).
40UNIDADE I Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo 40UNIDADE II Equipe Multidisciplinar
SAIBA MAIS
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada cento e ses-
senta crianças em todo o mundo tem algum Transtorno do Espectro Autista (TEA). A 
condição afeta como a pessoa vê, ouve, sente e interage com o mundo ao seu redor, em 
diferentes graus. Pode dificultar a comunicação, a interpretação de sinais. Assim como 
na população em geral, algumas pessoas autistas são bastantes sociáveis, outras são 
mais tímidas e retraídas. Como as pessoas autistas têm mais dificuldade em interpretar 
o comportamento e a linguagem corporal dos outros, elas podem não conseguir iden-
tificar quando é apropriado iniciar, terminar ou entrar em uma conversa. Convidá-las a 
contribuir para uma discussão e fazer perguntas diretas pode ajudar.
Fonte: BBC. Dez coisas que pessoas autistas querem que os outros sabem sobre elas. BBC News Brasil. 
2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54312657. Acesso em: 10 out. 2021.
 
O processo de aprendizagem ocorre de maneira peculiar e com ritmo diferenciado 
para todos os indivíduos, essa diferença é ainda mais evidente nas crianças com TEA. 
Para compreender como ocorre a aprendizagem na criança é necessário conhecer suas 
habilidades, capacidades e limitações dentro do seu desenvolvimento global, para assim 
ser estruturado um plano educacional individualizado (CALDAS, 2020).
Dentro da aprendizagem, o que funciona para uma criança com TEA pode não 
funcionar para outra. É necessário grande perseverança por parte dos profissionais no 
planejamento das ações. Para que a aprendizagem aconteça de maneira efetiva são “ne-
cessárias estratégias estruturadas, aplicadas com sistematicidade observando as caracte-
rísticas individuais levantadas durante o processo de avaliação e conhecimento da criança” 
(CALDAS, 2020, p. 68).
https://www.bbc.com/portuguese/geral-54312657
41UNIDADE

Continue navegando