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Tópico 1 – Estabilidade de Taludes 1 Introdução Entende-se por talude qualquer superfície inclinada que limita um maciço de terra, de rocha ou de terra e rocha. Podem ser naturais, no caso das encostas, ou artificiais, construídos pelo homem, como cortes e aterros, para construção de barragens, rodovias, diques,canais, fundações, e outras. A figura mostra as terminologias usualmente adotadas: A estabilidade do talude é decisivamente condicionada à natureza dos materiais e agentes perturbadores, quer de natureza geológica, hidrológica ou geotécnica, o que os torna da maior complexidade, abrindo amplos horizontes aos especialistas da área de solos. Esta análise de estabilidade de taludes, naturais ou artificiais, prevalece mais a probabilidade que a certeza. A estabilidade é um problema de grande importância, devido ao grande número de acidentes ocorridos, iminentes ou receados, em várias épocas dos anos e em vários países. Podendo-se citar os escorregamentos ocorridos no RJ, com inúmeras baixas. Apesar dos avanços da ciência, ainda hoje, esses fenômenos constituem um dos maiores problemas relacionados a Mecânica dos Solos, no que se refere aos aspectos teóricos de previsão de seu mecanismo de evolução com o tempo, correta quantificação dos parâmetros dos materiais e exata análise dos esforços solicitantes e resistentes. 2 Significado Socio-Econômico de Escorregamentos Cada vez mais, o estudo dos processos de instabilização de taludes e suas formas de contenção tornam-se necessários, devido a desastrosas conseqüências que os escorregamentos acarretam. Pode-se dizer que a ocorrência dos mesmos deve aumentar, devido principalmente a: Aumento da urbanização e do desenvolvimento de áreas sujeitas a escorregamentos; Desflorestamento contínuo destas áreas; Aumento das taxas de precipitação causadas pelas mudanças de clima. É obvio que os escorregamentos geram custos, que podem ser classificados como diretos e indiretos. Os custos diretos correspondem ao: Reparo de danos; Relocação de estruturas; Manutenção de obras; Instalações de contenção. Pode-se dizer que os custos indiretos são ainda maiores, podendo ser citados: Perda de produtividade industrial, agrícola e florestal, bem como potencial turístico devido aos danos locais e interrupção de sistemas de transporte; Perda de valor de propriedades, bem como de impostos referenciados por ele; Perda de vidas humanas, invalidez física ou trauma psicológico em moradores de locais afetados por escorregamentos. 3 Classificação dos movimentos Em relação as formas de instabilidade de maciços de terra ou rocha, nem sempre se apresentam bem caracterizados e definidos, podendo-se classificar os principais tipos em: Desprendimento de terra ou rocha (falls): - porção de um maciço terroso ou fragmento de rocha se desprende do resto, caindo livre e rapidamente, acumulando-se onde se estaciona. Trata-se de um fenômeno localizado. É evitado com técnicas de prevenção ou estabilização; Desprendimento (topples): - movimento de descida de massa de solos ou rocha, por uma superfície de deslizamento. Pode ter movimentos de rotação da massa de solo (comuns a solos homogêneos) ou translação (comuns a fragmentos de rochas). Escorregamento (propriamente dito ou slide): movimento de descida de massa de solo ou rocha, tendo uma superfície de ruptura bem definida. Geralmente o centro de rotação está acima do centro de gravidade da massa deslizante. Se a superfície de deslizamento ou ruptura passar acima ou no pé do talude, é dita como superficial, já se abaixo, é dita como profunda, ruptura de base ou sueca; Rastejo (creep): - quando o escorregamento ocorre de forma muito lenta e contínua, em camadas superficiais sobre camadas mais profundas, com ou sem limite definido. A velocidade de escorregamento do rastejo gira em torno de 30cm/10 anos. Já para os escorregamentos, pode variar em torno de 30 cm/h; Espalhamento (Spread): descreve movimentos relativamente rápidos de massas de argila, que podem ter estado estáveis por muito tempo, que se deslocam para frente por uma distância considerável; Corridas de lama (mood flow): Movimentos muito rápidos de solo argiloso mole, que se move como se fosse um fluido viscoso. Movimentos de “fluxo” também podem acontecer com outros materiais, por exemplo, areia seca. 4 Caracterização do local É muito importante a identificação de áreas vulneráveis a movimentações. A identificação destas áreas pode ser feita através de: Mapas topográficos; Mapas geológicos; Fotografias aéreas e de satélite; Evidências de movimento. Podem também ser realizadas investigações de campo, que exigem planejamento prévio, quando o problema a ser investigado deve ser bem definido e escolhidos os métodos de investigação. Devem ser realizados trabalhos detalhados de: Levantamento topográfico; Estudo das estruturas geológicas; Exploração do subsolo: (i. Sondagens a Trado; ii. Sondagens SPT; iii. Sondagens rotativas; iv. Outros ensaios: CPT, Palheta (Vane Test), dilatômetro, etc...) Água no terreno: superficial e subterrânea (medições de nível de água e poro-pressão (piezômetros), permeabilidade do solo/rocha, regime de chuvas) Fatores Ambientais: (i. Clima; ii. Fatores Humanos (antrópicos); iii. Ecossistema). 5 Causas de movimento Geralmente constituem causas de um escorregamento: O aumento dos esforços atuantes, como peso do talude (incluindo sobrecargas e acréscimo de umidade); A diminuição da resistência ao cisalhamento do material que o compõe. Sendo as primeiras ditas como externas e as segundas, como internas. A massa de talude tem a tendência natural de escorregar sob o efeito da ação da gravidade, que é sustentada pela resistência ao cisalhamento do solo. Para que não ocorra deslizamento, as tensões atuantes (τA) devem ser inferiores as tensão resistente (τr). 6 Fatores São vários os fatores que podem causar a diminuição das tensões de resistência e aumentar as tensões atuantes. Dentre os quais pode-se citar principalmente: Nas estações chuvosas ou pouco depois destas, onde a saturação, causada pelas águas infiltradas no maciço, aumenta o peso específico do material e o excesso de umidade reduz a resistência ao cisalhamento pelo efeito da poropressão. Estes efeitos são causas principais de deslizamento de taludes; Modificações da geometria do talude – causa muito comum de escorregamento é a escavação próximo ou no pé do talude, para implantação de uma obra. Outra forma de modificação de geometria, que causa desestabilização, são as causadas pelas erosões superficiais, que tendem a aumentar a inclinação do talude; Sobrecargas – aumento de cargas atuantes na superfície, como construções. Quanto mais próximo da extremidade, maior o efeito de desestabilização; Aumento do peso específico do material – além do acréscimo de peso provocado pela água infiltrada no maciço, por capilaridade, a água pode ascender no solo e evaporar. Entretanto com construções que impermeabilizem total ou parcialmente a superfície, estas águas não mais evaporam e tendem a acrescentar peso ao maciço; Areias saturadas ou secas perdem a parcela de resistência ao cisalhamento devido a coesão aparente, proveniente do efeito da capilaridade; Forças de percolação – quando o talude é composto de solo é permeável e está parcialmente submerso, como em barragens de terra ou taludes com acúmulo de água no topo, a água tende a percolar de montante para jusante. As forças envolvidas no processo são chamadas de forças de percolação, que tendem a orientar o fluxo no sentido de maior para menos pressão. Esta orientação pode arrastar partículas do solo. Quanto maior forem as forças de percolação, maiores serão os arrastes, constituindo as erosões internas. Estas erosões podemprogredir para a formação de tubos (pipping) ou formar superfícies isolantes entre camadas, podendo velar o talude a ruptura. As barragens de terra, em seus níveis elevados de acumulação, estão sujeitas ao fenômeno de pipping. Já quando ocorre um possível esvaziamento rápido, as forças de percolação serão no sentido de fora para dentro da barragem. Podem ainda ocorrer reduções de τr por efeito de intemperismo, lixiviação, mudanças de minerais secundários e descontinuidades. A ocorrência de atividades sísmicas e vibrações, também constituem fatores de desestabilização. Em taludes verticais o aparecimento de trincas de tração na crista do talude é um indicativo de ruptura iminente. O efeito destas trincas é aumentado quando águas superficiais infiltram por elas e acarretam os efeitos causados pela presença da água já mencionados. 7 Análise de Estabilidade Teoricamente, um talude é solicitado por três campos de forças: as devido ao peso do material, ao escoamento de água e à resistência ao cisalhamento. Os métodos de análise constituem basicamente em: Calcular as tensões atuantes em todos os pontos do meio e compará-las com as tensões resistentes. Caso as tensões atuantes forem maiores que as resistentes, aparecerão zonas de ruptura. Com as tensões resistentes maiores que as atuantes, tem-se zonas de equilíbrio; Isolar massas arbitrárias e estudar as condições de equilíbrio, pesquisando a de equilíbrio mais desfavorável. Elas tem como objetivo: Averiguar a estabilidade de taludes em diferentes tipos de obras geotécnicas, sob diferentes condições de solicitação, de modo a permitir a execução de projetos econômicos e seguros; Investigar a possibilidade de escorregamentos de taludes naturais ou construídos pelo homem, analisando-se a influência de modificações propostas, análise de sensibilidade, estudo da influência relativa de parâmetros, como por exemplo, de resistência, variando-se as condições de fluxo; Analisar escorregamentos já ocorridos, obtendo-se subsídios para o entendimento de mecanismos de ruptura e da influência de fatores ambientais (Retroanálise da estabilidade); Executar projetos de estabilização de taludes já rompidos, investigando-se as alternativas de medidas preventivas e corretivas que possam ser necessárias; Estudar o efeito de carregamentos extremos naturais ou decorrentes da ação do homem, tais como, terremotos, maremotos, explosões, altos gradientes de temperaturas, execução de obras, etc.; Entender o desenvolvimento e forma de taludes naturais e os processos responsáveis por diferenças em características naturais regionais (retrabalhamento da crosta terrestre). 8 Métodos de Estudo As técnicas de análise de estabilidade podem ser divididas em dois grandes grupos: ii. Análise Probabilística iii. Análises Determinísticas 9 Análise Probabilística Requer conhecimento das distribuições de probabilidade ou das funções de densidade de probabilidade das variáveis aleatórias associadas ao problema. A -- Define a probabilidade de ruptura O número de dados disponíveis e o grau de dispersão dos mesmos em relação a uma média afetam sensivelmente a probabilidade calculada. A interdependência de fatores (p.ex.: grau de intemperismo x resistência; Intensidade de chuva x tipo de solo x variações de resistência; inclinação do talude x tipo de solo x condições de drenagem; etc.) e número pequeno de informações tornam as análises probabilísticas, no momento, restritas do ponto de vista de aplicação prática na previsão de problemas de ruptura de um modo geral. Porém, com o progresso dos estudos nos últimos anos, estas análises encontram- se em expansão. As análises probabilísticas são essenciais para a confecção de Mapas de Potencial de Ruptura, Mapas de Risco de Ruptura, Mapas de Ocupação/Aproveitamento de solos, e outros. 10 Análises determinísticas As análises determinísticas são realizadas em função do coeficiente de segurança (F), que pode por sua vez ter diversas definições. No estudo da estabilidade de taludes naturais ou artificiais, costuma-se definir o coeficiente de segurança (F) como a relação entre a resistência ao cisalhamento (tR) e a tensão cisalhante atuante (tA) ou resistência mobilizadora, esta última obtida através das equações de equilíbrio. Esse fator de segurança pode ser atribuído a: Fator que minora os parâmetros de resistência ao cisalhamento (em termos de tensões efetivas): Fator que minora a resistência ao cisalhamento (em termos de tensões totais): Relação entre momentos resistente (MR) e atuante (MA) (para superfície de ruptura circular): Relação entre forças resistente (FR) e atuante (FA) (Fundações): Relação entre resistência ao cisalhamento do solo e tensões cisalhantes atuantes no maciço: Cada definição de F pode implicar em um valor, além disso, Não se conhece a posição da linha de ruptura ou linha crítica (associada ao coeficiente de segurança mínimo, obtido por tentativas). Atualmente esta tarefa é facilitada pela ajuda da computação eletrônica. As análises determinísticas envolvem os seguintes métodos: i. Análise limite; ii. Tensão – deformação; iii. Equilíbrio Limite. 11 Análise limite Baseia-se no uso das teorias de limite inferior e superior da Teoria da Plasticidade. Problemas envolvidos neste tipo de análise: i.Limite Inferior: Definição de campo de tensões admissíveis realísticos; ii. Limite Superior: Definição de modo de Ruptura “a priori” (forma da superfície de ruptura) realístico. 12 Tensão Deformação As tensões unitárias são calculadas em todos os pontos do meio empregando as teorias da elasticidade e da plasticidade. Exemplo: método de elementos finitos. Esta solução requer: i. Perfil geotécnico (geometria do problema, incluindo estratigrafia); ii. Processo de formação do solo; iii. Determinação e modelagem das características de tensão – deformação ( como esta geralmente é uma tarefa bastante complicada, representatividade do modelo para solos naturais pode ficar prejudicada). Análise do comportamento de um talude através do MEF: a) Seção transversal de aterro sobre argila mole; b) Campo de velocidades; c) Região plastificada. 13 Equilíbrio Limite No método do equilíbrio limite ou método das superfícies deslizantes calcula-se as tensões de cisalhamento ao longo de uma possível superfície de ruptura e compara-se com as máximas tensões cisalhantes que o solo suporta ao longo desta superfície. Ao longo da superfície (plana ou curva) estudam-se as várias tensões envolvidas nas reações do solo e suas consequências. Hipóteses básicas: 1) Assume-se a existência de uma superfície de ruptura bem definida; 2) A massa de solo ou rocha encontra-se em condições de ruptura generalizada iminente (i.e., em um estado de equilíbrio limite); 3) Assume-se um critério de ruptura (em geral Mohr-Coulomb), o qual é satisfeito ao longo de toda a superfície de ruptura; 4) Assume-se um coeficiente ou fator de segurança (F constante e único ao longo da superfície potencial de ruptura). Objetivo: encontrar a superfície crítica de ruptura, ou seja, a que corresponde ao menor valor de F. A análise por equilíbrio limite engloba os chamados métodos tradicionais: - Perfis homogêneos: para superfícies de ruptura circulares (hipótese compatível com a consideração de talude/fundação constituído por um único material). Geralmente utilizados para análises em termos de tensões totais. São métodos de análise expedita (sem justificativa atual para uso em projetos/retroanálises, pois são ultrapassados). Ex: Métodos de Taylor (1948) e Frohilich (1955). - Perfis Quaisquer: Englobam os chamados métodos de fatias. a) Métodos Simplificados: 1. Fellenius; 2. Bishop; 3. Janbu; b) Métodos rigososos: 1. Spencer;2. Morgenstern e Price; 3. GEL (Fredlund) 4. Sarma. Como pode-se observar existem vários métodos para análise da estabilidade. Com muitas variantes. Todavia, serão abordados os métodos de: Fellenius; Bishop e Culmann. 14 Taludes finitos – Conceitos Gerais Quando o valor da profundidade do plano ao longo do qual o equilíbrio crítico ocorre se aproximar do valor da altura do talude, geralmente este último pode ser considerado finito. Para simplificar, ao analisar a estabilidade de um talude finito em um solo homogêneo, precisamos assumir hipóteses sobre a forma geral da superfície potencial de ruptura. Embora evidências consideráveis sugiram que as rupturas de taludes ocorram normalmente em superfícies curvas. Culmann (1975) aproximou a superfície potencial de ruptura como um plano. O fator de segurança, calculado através da aproximação de Culman, fornece resultados razoavelmente bons apenas para taludes quase verticais. Depois de investigações, a maioria das análises de estabilidade de taludes convencionais tem sido feitas assumindo-se que a curva potencial de deslizamento é um arco de círculo. Porém, em muitas circunstâncias, a análise da estabilidade de taludes usando a ruptura de deslizamento plana é mais apropriada e apresenta excelentes resultados. 15 Análise de taludes finitos com superfícies de rupturas planas (Culmann) A análise de Culmann parte do princípio de que a ruptura de um talude ocorre ao longo de um plano quando a tensão média de cisalhamento que tende a causar o deslizamento é maior que a resistência ao cisalhamento do solo. Além disso, o plano mais crítico é aquele que tem uma relação mínima entre a tensão média de cisalhamento que tende a causar a ruptura e a resistência ao cisalhamento do solo. Os taludes, nesse método, são considerados homogêneos e íngremes ou com planos pré-existentes de fraqueza. É uma análise bidimensional. 16 Análise de taludes finitos com superfícies de rupturas circulares – Conceitos gerais Em geral, a ruptura de um talude finito ocorre de um dos seguintes modos: Quando a ruptura ocorre de tal forma que a superfície de deslizamento intercepte a face do talude ou esteja acima de sua ase, é chamada ruptura de face. O círculo de ruptura é chamado de círculo de pé se passar pelo pé do talude e círculo de face se passar acima do pé do talude. Em certas circunstâncias, pode ocorrer ruptura superficial da face. Quando a ruptura ocorre de tal forma que a superfície de deslizamento passar a alguma distância abaixo do pé do talude, ela é chamada ruptura da base. O círculo de ruptura, nesse caso, é chamado de círculo de ponto intermediário. Os vários procedimentos de análise de estabilidade podem, em geral, ser divididos em duas classes principais: Procedimento de massa: Nesse caso, a massa de solo acima da superfície de deslizamento é tomada com uma única unidade. Esse procedimento é útil quando se admite que o solo que forma o talude é homogêneo, embora esse não seja o caso na maioria dos taludes naturais. Método das fatias: Nesse procedimento, o solo acima da superfície de deslizamento é dividido em várias fatias, ou lamelas, verticais paralelas. A estabilidade de cada fatia é calculada separadamente. Essa é uma técnica versátil na qual a não homogeneidade dos solos e a poropressão podem ser levadas em conta. Também é usada na variação da tensão normal ao longo da possível superfície de ruptura. São os casos dos métodos bastante conhecidos de Fellenius e Bishop. Nesse método é realizado o equilíbrio das forças atuantes em cada fatia e então encontrado o coeficiente de segurança para impedir o colapso do talude. 17 Método de Fellenius Para esse método são adotadas as seguintes hipóteses: A superfície de deslizamento se dá segundo um arco de círculo e a ruptura se dá a um só tempo; Determina-se por tentativa o círculo crítico (menor F); Divide-se a cunha deslizante em uma série de fatias (n 15 - 30); Despreza-se a ação mútua entre as fatias, o maciço escorrega como um todo; Analisa-se o equilíbrio dos momentos resistentes e atuantes. Faz-se o equilíbrio das forças na direção da normal à base da fatia (direção do círculo de base de ruptura. Repete-se o cálculo para vários centros de rotação e adota-se como circunferência crítica aquela que se-conduzir ao menor valor de F, que deverá ser maior que 1,50. 18 Método de Bishop Hipóteses: São considerados os efeitos dos empuxos e cisalhamento ao longo das face laterais das fatias. Analisa-se o equilíbrio dos momentos resistentes e atuantes e equilíbrio das forças que agem em cada lamela. 19 Método de Bishop Simplificado Em 1955, Bishop propôs uma solução mais refinada para o método comum das fatias. Nesse método o efeito das forças nas faces de cada fatia é levado em conta só até certo ponto. As forças das fatias adjacentes são desconsideradas. Esse é o método, provavelmente, mais utilizado. Quando incorporado a programas de computador, na maioria dos casos apresenta resultados satisfatórios. Já o método convencional é raramente usado por ser muito conservador. 20 Taludes com extensão ilimitada – encostas naturais Para solos não coesivos, quando a inclinação do talude (b) for em módulo inferior ao ângulo de atrito interno entre os grãos (f), não ocorre ruptura por cisalhamento. Considerado que não existem sobrecargas (Q). Para os solos coesivos, existe uma altura crítica máxima (Hcrit), que quando superada, ocorre instabilidade, não havendo percolação e nem pressão neutra. Calculando-se o valor de N (coeficiente de estabilidade do solo), tem-se a altura crítica. Caso se deseje, aumentar a altura, ou a altura do talude superar a altura crítica, devem-se efetuar obras de estabilidade. Taludes com solos não coesivos, com percolação de água. Neste caso a inclinação do talude deve ser reduzida, para que se tenha estabilidade. Esta deve ter um valor inferior ao calculado pela expressão abaixo. 21 Estabilização de taludes O objetivo principal das técnicas de estabilização de taludes é aumentar a segurança dos mesmos. Não se pode normatizar o projeto de estabilização de taludes, pois cada problema é único, tendo-se em vista a natureza dos solos (materiais naturais) e o local onde se encontram. Para se poder projetar adequadamente um talude que seja estável, deve-se levar em consideração os dados de investigação de campo, ensaios de laboratório, análises de estabilidade efetuadas, a forma de execução da obra e sua manutenção. E, principalmente, o engenheiro deve utilizar seu bom senso. Muitas vezes, com uma simples modificação de geometria do talude, pode-se torná-lo estável. Outras vezes, é necessária a execução de obras complexas de engenharia. Para a construção de obras de taludes, deve-se basear nas informações características geotécnicas do material a ser utilizado. Com estas, pode-se determinar, de acordo com o método de análise adequado, as suas dimensões, como altura e inclinação. Os métodos reportam alturas críticas com respectivas inclinações máximas, para as quais devem ser obedecidas. Um talude não deve ser construído com inclinações e altura superior as determinadas para o tipo de material e condições de contorno. Deve-se ter conhecimento das condições de contorno ao talude (relevo) e das condições climáticas da região. Estes parâmetros são necessários para se garantir as condições de umidade e drenagem do talude. Quando as condições de projeto ou um talude construído não apresentam segurança suficiente para sua estabilidade, devem-se construir obras de suporte para melhorar estas condições. Algumas destas opções são mostradas a seguir. Redução do peso do talude – suavização da inclinação e/ou construções de patamares, ou retaludamento; Bermas de equilíbrio – aumento do peso sobreo pé do talude, funcionando como um confinamento ao movimento; Drenagem – superficial e profunda; Revestimento do talude – proteção contra erosão superficial e/ou impermeabilização, diminuindo a erosão superficial e a infiltração; Adição de materiais estabilizantes – injeção de nata de cimento ou outros produtos químicos; Grampos, ancoragens, cortinas atirantadas, estacas raiz, solos reforçados, muros de arrimo, entre outros. Tratamento Superficial - É uma medida preventiva a fim de evitar que material do maciço seja perdido, através da erosão da face e/ou que água em demasia infiltre no terreno. Para tal, faz-se o recobrimento da superfície do talude geralmente com: a) Vegetação rasteira; b) Telas (geossintéticos); c) Argamassa ou concreto jateado. Solo Reforçado - Consiste na introdução de elementos resistentes na massa de solo, com a finalidade de aumentar a resistência do maciço como um todo. O método de execução é o chamado “Down-Top” (de baixo para cima). Durante a execução do aterro a ser reforçado, a cada camada de solo compactado executada, faz-se o intercalamento com uma camada de elementos resistentes. À medida que o aterro vai sendo alteado, o talude reforçado vai tomando forma. Geralmente, a face do talude reforçado recebe um revestimento, para que problemas, como erosão, possam ser evitados. Diferentes tipos de materiais podem ser utilizados como elementos de reforço, tais como terra armada, geossintéticos e materiais alternativos. Terra Armada - Os elementos de reforço são tiras metálicas, que recebem tratamento especial anticorrosão. Estas tiras são presas a blocos de concreto que protegem a face, para que se evite deslocamento excessivo das mesmas. Cabe lembrar aqui que estes blocos de concreto não possuem função estrutural. Geossintéticos - Atualmente, estes materiais vêm sendo amplamente utilizados e novos tipos dos mesmos vem sendo desenvolvidos. Podem ser utilizados com diferentes finalidades: separação de materiais, reforço de aterros, filtração, drenagem e barreiras impermeáveis. Os mais utilizados como elementos de reforço em solo são: a)Geogrelhas; b)GeoNets (“geo-redes”); c)Geotêxteis – tecidos e não tecidos; d)Geocompostos (combinação de pelo menos dois geossintéticos). Materiais Alternativos - Outros materiais que apresentam resistência maior que o solo podem ser utilizados como elementos de reforço. Diversas alternativas consideradas de baixo custo e ecologicamente corretas podem ser citadas, entre elas, a utilização de pneus usados e bambus. Solo Grampeado (ou Pregado) - Consiste na introdução de barras metálicas, revestidas ou não, em maciços naturais ou em aterros. Sua execução é composta das seguintes fases: perfuração do maciço, introdução da barra metálica no furo e preenchimento do mesmo com nata de cimento. A cabeça do prego pode ser protegida, bem como a face do talude, com argamassa de cimento ou com concreto jateado. Os grampos não são protendidos, sendo solicitados somente quando o maciço sofre pequenos deslocamentos. Muros de Arrimo - São paredes que servem para conter massas de terra. Podem ser de diversos tipos e funcionar de diferentes maneiras; Cortina Atirantada - Consiste numa parede de concreto armado, através dos quais o maciço é perfurado, sendo introduzidas nos furos barras metálicas (tirantes). Após o posicionamento destas barras, é introduzida nas perfurações nata de cimento a alta pressão, que penetra nos vazios do solo, formando um bulbo, e ancorando as barras metálicas. Passado o tempo de cura da nata de cimento, os tirantes são protendidos e presos na parede de concreto, o que faz com que esta estrutura seja “empurrada” contra o maciço. Drenagem - Devido aos inúmeros efeitos que a água pode exercer sobre um maciço de solo ou de rocha (aumento do peso específico do material, aumento da poro- pressão e conseqüente diminuição da pressão efetiva, forças de percolação, subpressão, e outros), é extremamente necessário que se tomem os cuidados recomendados no que diz respeito à drenagem adequada do terreno. Devem ser instaladas no talude canaletas para recolhimento da água superficial. Quanto à água no interior do talude, a mesma poderá ser recolhida através de drenos. Os drenos podem ser basicamente de dois tipos: de subsuperfície, para drenar a água que se encontra logo atrás do barramento, e drenos profundos, para que água do interior do maciço possa escoar para fora do mesmo.
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