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EDUARDO MENDONÇA PINHEIRO GLAUBER TÚLIO FONSECA COELHO PATRÍCIO MOREIRA DE ARAÚJO FILHO (ORGANIzADORES) PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR VOL. 1 EDITORA PASCAL 2019 2019 - COPyRIGhT© DA EDITORA PASCAL EDITOR ChEfE: PROF. DR. PATRÍCIO MOREIRA DE ARAÚJO FILHO EDIçãO E DIAGRAMAçãO: PROF. M.SC. EDUARDO MENDONÇA PINHEIRO EDIçãO DE ARTE: MARCOS CLyvER DOS SANTOS OLIvEIRA REVISãO: OS AUTORES CONSELhO EDITORIAL PROFª DRª SINARA DE FáTIMA FREIRE DOS SANTOS PROFª M.SC. MIREILLy MARqUES RESENDE PROF. M.SC. THIAGO SANTANA DE OLIvEIRA PROF. M.SC. JOSé RIBAMAR NERES COSTA DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAçãO NA PUbLICAçãO (CIP) O CONTEÚDO DOS ARTIGOS E SEUS DADOS EM SUA FORMA, CORREÇãO E CONFIABILIDADE SãO DE RESPONSABILIDADE ExCLUSIvA DOS AUTORES. 2019 www.EDITORA PASCAL.COM.BR EDITORAPASCAL@GMAIL.COM C694 Coletânea Projeto Integrado Multidisciplinar. Organizadores: Eduardo Mendonça Pinhei- ro, Glauber Túlio Fonseca Coelho e Patricio Moreira de Araújo Filho. Vol. 1. São Luís (MA): Editora Pascal, 2019. 265p. il. Formato: PDF ISBN: nº 978-65-80751-00-6 Inclui bibliografia Modo de acesso: World Wide Web 1. Projeto 2. Engenharia 3. Logística I. Título CDD: 670.1 APRESENTAçãO A obra Coletânea Projeto Integrado Multidisciplinar é um esforço conjunto de alunos e professores com pesquisas em diversas áreas de conhecimento principalmente, as en- genharias e logística. A história dessa obra teve início nas disciplinas de projeto integrado multidisciplinar ministrados em Instituições de Ensino Superior e que reuniu um conjunto de trabalhos de cunho tecnológico e gerencial tratando temas atuais, tais como ergonômia, gestão da manutenção, indústria 4.0, gestão de resíduos, estoque, gestão portuária, agrega- dos de concreto, gestão de projetos, análises de ruído, temperatura, logística, gestão ambiental, dentre outros. Esta publicação conta com 28 trabalhos científicos de diversos autores. Tenham uma excelente leitura! EDUARDO MENDONÇA PINHEIRO GLAUBER TÚLIO FONSECA COELHO PATRÍCIO MOREIRA DE ARAÚJO FILHO Sumário CAPÍTULO 1 ........................................................................................................ 12 CONCRETO ECOLÓGICO: UTILIZAÇÃO DE VIDRO COMO AGREGADO Eduardo Witalo Maia de Souza Thais Barros Pacheco Moisés Pinheiro Nogueira Filho Eduardo Mendonça Pinheiro CAPÍTULO 2 ........................................................................................................ 20 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA LOGÍSTICA FERROVIÁRIA Alessandra Cristina Beatriz Fernanda Araújo da Silva Daniella Ferreira Silva Fernandes Francilene Silva e Silva Maria Gleicyanne Melo CAPÍTULO 3 ........................................................................................................ 26 FERRAMENTAS DA QUALIDADE: APLICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE SOLU- ÇÕES DE ENGENHARIA PARA MELHORIA NA GESTÃO DE DEMANDAS Luiz Henrique Costa Ferreira Klayton dos Santos Barbosa Deyvison José da Silva Leitão Sidney Leonardo da Silva Sousa Ramilton Araújo Silva CAPÍTULO 4 ........................................................................................................ 35 GESTÃO DA MANUTENÇÃO ESTRATÉGICA FOCADA NA CONTINUIDADE OPE- RACIONAL DE EQUIPAMENTOS DE LINHA AMARELA Antonio Carlos Pereira Santos Bruno Castro Tavares Endryo Rudyere Frazão Gomes Maria Cristina Araujo Santos Ronald de Assis Cantanhede Correa Thiago Santana de Oliveira CAPÍTULO 5 ........................................................................................................ 41 USO DE UM CONTROLADOR PID (Proporcional, Integral e Derivativo) PARA MONITORAR A TEMPERATURA COM O USO DE UM PLC André Luís Eliziane Rocha Hemerson Araújo Isac Costa Nadla Rose Wagner Elvio CAPÍTULO 6 ....................................................................................................... 50 ANÁLISE E CONTROLE DE ESTOQUE NO CANTEIRO DE OBRAS Darc Marianny Freire Xavier José Ribamar Santos Moraes Filho CAPÍTULO 7 ........................................................................................................ 57 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET): TRABALHADORES FEIRANTES LOCALIZADOS NA FEIRA DA COHAB ANIL II EM SÃO LUÍS - MA Francisco Gomes Soares Júnior Géssica do Nascimento Oliveira Lucas de Moraes Duo Nilvana Sousa dos Santos Talissa Raiane T. Dutra José Ribamar Santos Moraes Filho CAPÍTULO 8 ........................................................................................................ 66 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM UMA LINHA DE LAPIDAÇÃO NAS INDÚSTRIAS DE VIDROS Ronaldo Marcio Gonçalves Eduardo Mendonça Pinheiro CAPÍTULO 9 ........................................................................................................ 85 LOGÍSTICA DE TRANSPORTE APLICADA NO ESCOAMENTO DE GRÃOS DE SOJA DOS PRODUTORES DO SUL MARANHENSE PARA O PORTO DO ITAQUI Antônio David Pinheiro Lopes Klycya Tayanne Moraes Silva Helenilton Pereira Rodrigues Rodrigo de Sousa Muniz Victor Henrique Ferreira Lobão Eduardo Mendonça Pinheiro CAPÍTULO 10 ...................................................................................................... 94 DESENVOLVIMENTO DE REATOR EM BATELADA AUTOMATIZADA POR MI- CRO CONTROLADOR Judson David da Silva Sousa Leonam de Oliveira Dias Costa Michelle Suzane Mendes Pinheiro Oliveira CAPÍTULO 11 ...................................................................................................... 102 A INFRAESTRUTURA MECÂNICA DOS PORTOS BRASILEIROS QUE EXPORTAM CAFÉ Fábio Oliveira Curvelo CAPÍTULO 12 ...................................................................................................... 112 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET) DA ATIVIDADE DO FORNEIRO DE FARINHA NO MUNICIPIO DE PRESIDENTE JUSCELINO - MARANHÃO Fernando Oliveira Assunção Rondnney Martins Nunes Victor Hugo Rabêlo dos Santos Gustavo da Costa Carvalho Kaythelin Ferreira Soares Marcos Cliver dos Santos Oliveira José Ribamar Santos Moraes Filho CAPÍTULO 13 ...................................................................................................... 122 SEGURANÇA DO TRABALHO: UMA ANÁLISE ERGONOMICA EM UM HOSPITAL DE SÃO LUÍS-MA Cristiano Carvalho de Sá Denise Trindade Fonseca Ilourdes Maria Lopes Sousa Naikon Marques Monteiro Paloma Fonseca da Silva Jéssica Alves Trindade Lima CAPÍTULO 14 ...................................................................................................... 132 ANÁLISE DA GESTÃO DE MANUTENÇÃO DOS CONDICIONADORES DE AR DO O CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UEMA ATRAVÉS DA FERRAMENTA FMEA Taísa Santos Machado José Felipe de Carvalho Ayrton Campos Leonardo da Silva Chaves Sidney da Conceição Rondymilson de Souza Lopes CAPÍTULO 15 ...................................................................................................... 144 GESTÃO AMBIENTAL APLICADA AOS TRANSPORTES: AVALIAÇÃO DE IMPAC- TOS AMBIENTAIS Túlio Lauande Itapary Nicolau Eduardo Mendonça Pinheiro CAPÍTULO 16 ...................................................................................................... 155 ANALISE ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO DE AUXILIARES DE CAR- GAS E DESCARGAS: MÉTODO APLICADO OWAS E CHECKLIST DE COUTO Bruno Gomes Ferreira Leonardo Tavares Farinha Raysa Cruz Almeida Jessica Nascimento da Silva José Ribamar Santos Moraes Filho CAPÍTULO 17 ...................................................................................................... 165 GERAÇÃO E ACONDIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS: PER- CEPÇÃO DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS-MA Ellen Karine Morais Julyana Martins Mota Ana Luiza da Costa Lima Eduardo Mendonça Pinheiro CAPÍTULO 18 ...................................................................................................... 178 A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROJETO PROJECT MODEL CANVAS NA UTILIZAÇÃO DO VIDRO COMO AGREGADO GRAÚDO NA PRODU-ÇÃO DE CONCRETO Hayra Julliane de Oliveira Ferreira Isabella Fernanda Gouveia Santos Eduardo Mendonça Pinheiro CAPÍTULO 19 ...................................................................................................... 186 ANÁLISE DE RUÍDOS EM TERMINAIS DE TRANSPORTE COLETIVO NA CIDADE DE SÃO LUIS-MA Alisson Araújo Magalhaes Antony Yury Mota Rodrigues Hernan Santos Rodrigues Jorge Willian Lopes Chaves Vanely Montelo Rondymilson de Souza Lopes CAPÍTULO 20 ...................................................................................................... 195 LOGÍSTICA: GESTÃO DE ESTOQUE Débora Raquel Cordeiro de Sousa Bezerra Joracyneide Silva Diniz Sabrina Maria da Silva Carvalho Moisés Mendes Mendes CAPÍTULO 21 ...................................................................................................... 204 AUTOMATIZAÇÃO DA FERRAMENTA DE TROCA DE LÍQUIDO DO SISTEMA DE ARREFECIMENTO DO MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA Leandro Martins Furtado Mary Jouse Martins de Morais Pablo de Araujo Melo Ramon da Silva Martins Rodolfo Muniz da Silva Rondymilson de Souza Lopes CAPÍTULO 22 ...................................................................................................... 210 TEORIA DAS FILAS: SISTEMA DE UM CANAL E UMA FILA COM POPULAÇÃO INFINITA Bianca Karine da Silva Privado Bruna Karine da Silva Privado Claudomiro Aguiar da Cunha Lucas Sousa Silva Roberto Costa Júnior Jackeline de Sousa da Silva CAPÍTULO 23 ...................................................................................................... 218 GESTÃO DA MANUTENÇÃO: UMA REVISÃO Swanny Vila Nova Leite Anderson Cunha Duarte Ricardo Figueiredo Demétrio Sérgio Raphael Lopes Buratto Thiago Santana de Oliveira CAPÍTULO 24 ...................................................................................................... 224 APLICAÇÃO DO MÉTODO OWAS E ANÁLISE ERGONOMICA DO TRABALHO DE UMA EMPRESA NO RAMO DE VIDRAÇARIA Dionesyo Campos Pereira Deyziellen Fernanda Marques Eliane Fonseca de Azevedo Kaliane Fernandes Furtado Thatyelle Serejo Pires José Ribamar S. Moraes Filho CAPÍTULO 25..................................................................................................... 234 O CICLO PDCA PARA O PLANEJAMENTO, CONTROLE E MELHORIA DA QUALI- DADE Marliane Rodrigues Monteiro Fernando Flávio de Sousa Jadão Felipe Khalil Alves da Silva Sousa Ricardo Rabelo França Rondymilson de Souza Lopes CAPÍTULO 26 ...................................................................................................... 240 RECUPERAÇÃO E REUTILIZAÇÃO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES MINERAIS: O PROCESSO RERREFINO Rayone Amorim da Silva Jorge Antonio Santos Silva Gustavo Henrique Chaves Castro Glauber Ferreira de Almeida Arthur Alexander Guimarães Garcia Thiago Santana de Oliveira CAPÍTULO 27 ...................................................................................................... 247 SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE APARELHOS DE AR CONDICIO- NADO Luís Fernando Amorim da Silva Nilbert Santos Paurá Raimundo Nonato Silva de Sousa Rodrigo Soares do Lago CAPÍTULO 28 ...................................................................................................... 258 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA USINAGEM DE UMA PEÇA DE AÇO 1045 EMPREGANDO CORTE COM FLUIDO SINTÉTICO E SOLUVÉL EM UM TORNO MECÂNICO Gabriel Silveira Fonseca Gilson dos Santos Leão José Jadson Oliveira da Silva Lucas Marcelo Vale de Lima Clenilson Ramos Santos Isaque Silva dos Santos CAPÍTULO 1 AUTORES RESUMO O vidro é um material de grande aplicação devido à sua dura-bilidade, versatilidade e aplicabilidade, tornando proporcio- nal seus níveis de descarte e utilização. Analisando a necessidade de uma alternativa que minimizasse o crescimento contínuo desse material como dejeto, notou-se semelhança entre as propriedades do vidro paralelas às da pedra brita, possibilitando o estudo de sua integração no traço do concreto. Após testes laborais, obteve-se um produto com boa resistência mecânica, durabilidade, de baixo custo e altamente sustentável. Palavras-chave: Vidro. Concreto. Meio Ambiente. Material de Construção. CONCRETO ECOLÓGICO: UTILIZAÇÃO DE VIDRO COMO AGREGADO Eduardo Witalo Maia de Souza Thais Barros Pacheco Moisés Pinheiro Nogueira Filho Eduardo Mendonça Pinheiro 13PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO As construções de obras civis realizadas no Brasil possuem, em sua maioria, o concreto como base defi- nitiva em todo o processo (IBRACON, 2009). As informações se atualizam e a preocupação com o meio socioambiental se torna cada vez mais enfática na realidade em que vivemos e, por conseguinte, a busca constante por alternativas de revelar menos impacto ambiental de forma negativa. O concreto possui como insumos areia, cimento, pedra brita e água, possibilitando o estudo individual de cada agregado em sua produção. Dentre os insumos, a brita é o agregado graúdo mais utilizado, pois sua estrutura e tamanho possuem boa eficiência na resistência da estrutura do material (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Segundo Petrucci (2003), o vidro pode ser fabricado com superfícies muito lisas e impermeáveis, condu- zindo-o à um grande número de aplicações, distinguindo-se de outros materiais por várias características, tais como baixa porosidade, absortividade, dilatação e condutibilidade térmica, sendo o vidro temperado o portador de maior resistência mecânica justificando, assim, sua utilização como objeto de estudo. O trabalho em questão utiliza o vidro proveniente de descarte como agregado do concreto a fim de re- duzir os impactos ambientais causados por esses dejetos e de apresentar uma nova opção de uso desse material na Engenharia com a proposta de reduzir custo e manter a qualidade dos procedimentos. 2. METODOLOGIA Durante o experimento, utilizou-se um balde de 18L como unidade de medida, totalizando 3 baldes de vidro, 6 baldes de pedra brita 1, 9 baldes de areia, 2 baldes de cimento e 9L de água. Os materiais utiliza- dos foram: 1 betoneira, 1 peneira ABNT 4, 27 moldes de corpos de prova (10cmx20cm), 1 soquete, 1L de óleo queimado, 1 colher de pedreiro e 1 cone para slump test. Materiais estes separados para elaboração de 3 traços distintos de concreto, conforme Tabela 1. Tabela 1: Traços do concreto Experimento Materiais Quantidade (balde de 18L) Traço comparativo Cimento CP IV 2/3 Areia média 3 Brita 1 3 Água 1/6 Traço 1 (30% de vidro) Cimento CP IV 2/3 Areia média 3 Brita 1 2 Vidro temperado 1 Água 1/6 Traço 2 (60% de vidro) Cimento CP IV 2/3 Areia média 3 Brita 1 1 Vidro temperado 2 Água 1/6 Fonte: Autores, 2018 14PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Essas composições permitem que haja uma definição de quantidade de cada material e, por consequên- cia, uma proporção mais equilibrada deles, que variam de acordo com o serviço a ser executado estabe- lecendo, assim, que os traços seriam compostos pelos seguintes materiais: • O primeiro deles é o convencional, composto de cimento, brita, areia e água, sem adição do vidro, para se verificar qual a resistência alcançada nessa composição. Serão moldados nove corpos de prova (CP), de tamanho 10X20cm, para cada tipo de mistura que serão testados à resistência no período de 14, 21 e 28 dias. • Para os traços com substituição parcial da brita é necessário executá-los de duas formas; o primei- ro com cimento, areia, 60% de brita, 30% de vidro e água; e o segundo com cimento, areia, 30% de brita, 60% de vidro e água. Mudando as quantidades desses agregados, mudam-se também as resistências. Foram moldados nove corpos de prova, de tamanho 10X20cm, para cada tipo de mistura que serão testados no período de 14, 21 e 28 dias. Após a etapa de separação de cada material de cada traço, foi iniciada a mistura dos materiais que foi realizada em uma betoneira, está por sua vez, permite, ao contrário da mistura manual,uma maior homogeneidade dos produtos e uma produção mais ágil. Os passos dessa etapa foram: • Com a betoneira ligada, colocar inicialmente as pedras e metade da água de cada traço, misturan- do-se por um minuto (Figura 1); • Adicionar o cimento e, por último, a areia e o restante da água; • O tempo total da mistura costuma ser de 3 a 4 minutos. Figura 1: Aplicação de materiais na betoneira Fonte: Autores (2018) Logo que passado os 4 minutos, é feito o teste de slump onde se coloca concreto em 1/3 do cone, bate-se 25 vezes com o soquete sem que o mesmo encoste nas laterais ou fundo do cone; posteriormente, colo- ca-se mais massa em 1/3 do cone e repete-se o processo, finalmente coloca-se o último 1/3, preenchendo o cone totalmente e, após bater mais 25 vezes com o soquete, tira-se calmamente o cone de cima da massa verificando sua pastosidade, obtendo o resultado de 10 cm, de acordo com a norma ABNT NBR 6118:2003, com margem de variação de 2 cm para mais ou para menos. Conforme a Figura 2 pode-se 15PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 notar a execução em parte do slump test. Figura 2: Teste de slump Fonte: Autores (2018) Passado mais essa etapa, foi iniciada a confecção dos CP (corpos de prova) nas formas de concreto, que depois de moldados passaram pelo processo de cura pelo tempo de 24 horas para que pudessem ser desmoldados e imergidos em um tanque de água para serem hidratados pelo tempo de 14, 21 e 28 dias. Conforme a Figura 3 pode-se observar os corpos de prova imersos sob a água. Figura 3: Corpos de prova imersos na água Fonte: Autores (2018) Ao chegar a essas datas, cada CP correspondente a elas deverão ser rompidos na prensa de concreto para se obter o valor de sua resistividade. A partir desses resultados será possível saber a viabilidade do pro- jeto e se ele será uma opção de melhoria dentro da Engenharia. 16PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Todos os serviços de teste foram executados nas dependências do Laboratório de Concreto da Faculdade Pitágoras São Luís – MA, no período de março a maio de 2018. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para se chegar aos resultados, após o prazo de hidratação correspondente à cada corpo de prova de con- creto, os mesmos foram submetidos à rompimento através da prensa manual de compressão. Tendo como resultados de cada traço. Traço comparativo: no dia 04/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente aos 14 dias após o inicio do processo de cura, atingindo o quantitativo de 11,49 ton., representando 14,7 MPa. No dia 11/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente a 21 dias após o inicio do processo de cura, atingindo um quantitativo de 13,15 ton., representando 17,2 MPa. No dia 18/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente a 28 dias após o inicio do processo de cura, atingindo um quan- titativo de 21,4 ton., representando 27,2 MPa, conforme Figura 4. Figura 4: Resultados dos traços comparativos em 3 testes de compressão simples. Fonte: Autores (2018) Traço 1 (30% de vidro): no dia 04/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente aos 14 dias após o início do processo de cura, atingindo o quantitativo de 9,38 ton., representando 11,9 MPa. No dia 11/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente a 21 dias após o início do processo de cura, atingindo um quantitativo de 11,71 ton., representando 14,9 MPa. No dia 18/05/2018 foi reali- zado o teste de compressão simples referente a 28 dias após o início do processo de cura, atingindo um quantitativo de 19,6 ton., representando 24,4 MPa, conforme Figura 5. 17PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 5: Resultados do traço com adição de 30% de vidro na composição em 3 testes de compressão simples. Fonte: Autores (2018) Traço 2 (60% de vidro): no dia 04/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente aos 14 dias após o início do processo de cura, atingindo o quantitativo de 9,54 ton., representando 12,1 MPa. No dia 11/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente a 21 dias após o início do pro- cesso de cura, atingindo um quantitativo de 10,95 ton., representando 13,9 MPa. No dia 18/05/2018 foi realizado o teste de compressão simples referente a 28 dias após o início do processo de cura atingindo um quantitativo de 17,2 ton. representando 24,9 MPa, conforme Figura 6. Figura 6: Resultados do traço com adição de 60% de vidro na composição em 3 testes de compressão simples. Fonte: Autores (2018) 18PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Conforme a Figura 7 observa-se o corpo de prova depois do teste de compressão simples. Figura 7: Corpo de prova após rompimento Fonte: Autores (2018) Comparando os resultados dos traços, observamos que o experimento sem adição de vidro na composi- ção do concreto apresentou resultados satisfatório no teste de compressão simples, conforme Figura 8. Figura 8: Comparação dos resultados de compressão simples nos experimentos com e sem adição de vidro na composição do concreto em MPa. Fonte: Autores (2018) Contudo, Vieira e Dal Molin (2004), afirmam em experimento com a utilização de concreto com agrega- dos de resíduos reciclados que a economia obtida diz respeito a durabilidade (em anos) para um concreto 19PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 com 20 MPa de resistência e substituindo a areia natural por uma areia reciclada, por exemplo, o tempo para despassivação seria de 45,8 anos, contra 35,1 anos com um concreto convencional. Apesar dos resultados da utilização de vidro no concreto ser uma alternativa viável, existe o desafio desta técnica substituir os recursos naturais na constituição de concreto, devido a poucos estudos sobre a utili- zação de resíduos de construção com agregado de concretos. 4. CONCLUSÃO De acordo com os fatos mencionados, pode-se concluir que o estudo a respeito do uso do vidro como agregado no concreto obtém resistência favorável, mas não o suficiente para ultrapassar a resistência de um concreto produzido de forma convencional, ou seja, sem o uso do agregado em questão. Contudo, a sua viabilidade sustentável é o seu ponto central, uma vez que torna possível utiliza-lo em construções em que o concreto não exija uma resistência mecânica tão elevada. Como ponto positivo tem-se a impor- tância da realização de testes dentro da Engenharia Civil, agregando informações científicas e aplicando na prática o que é aprendido em teoria. Portanto o concreto utilizado no programa experimental contemplou a adição do vidro como agregado graúdo somado aos outros componentes que constituem o produto. Dessa forma, após a conclusão das análises de viabilidade e testes das sucatas de vidro, se pôde conhecer o verdadeiro potencial dessa subs- tituição e o impacto positivo que o uso desse material em larga escala trará ao meio ambiente. REFERÊNCIAS ABNT NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento – Agência Brasileira de Normas Técnicas – 1 ed. – 2003. IBRACON. Concreto: material construtivo mais consumido no mundo – Instituto Brasileiro do Concreto – São Paulo, 2009. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M.; Concreto: estrutura, propriedades, materiais. São Paulo, PINI, 1994. PETRUCCI, E. G. R. Materiais de construção. 12 ed – São Paulo: Globo, 2003. VIEIRA, G. L.; DAL MOLIN, D. C. C. Contribuição ao estudo e análise de viabilidade da utilização de concretos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. In: II Seminário de Patologia das Edificações: “Novos Mate- riais e Tecnologias Emergentes”. Porto Alegre: UFGRS, 2004. p. 4-10. CAPÍTULO 2 AUTORES RESUMO Alessandra Cristina Beatriz Fernanda Araújo da Silva Daniella Ferreira Silva Fernan- des Francilene Silva e Silva Maria Gleicyanne Melo EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA LOGÍSTICA FERROVIÁRIA O objetivo deste trabalho é nos aprofundarmos aos ganhos que o estudo da eficiência energética e posterior aplicação deste, podem trazer para empresas que trabalham com a logísticano ramo de transportes com foco no modal ferroviário. Para melhor mostrar- mos o verdadeiro ganho, iremos focar no comparativo entre os mo- dais ferroviários e rodoviários. Neste artigo serão abordados pontos relevantes para a garantia de uma eficiência energética no trato do transporte ferroviário, indicadores, cálculos, estudos e outros fato- res importantes falarão como conquistar o mercado de transporte de cargas com economia de combustível. Palavras-chave: logística de transporte; transporte ferroviário; transporte rodoviário. 21PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO Em busca da melhor utilização do combustível propulsor de qualquer meio de transporte garantindo o equilíbrio de utilização x economia deste, sem que haja prejuízo, surgiu a eficiência energética. Esta ne- cessidade de economizar no processo final de uma empresa que é a logística na gestão de transporte veio devido a vários estudos que comprovaram que cerca de 30% a 60% do custo final de um produto, deve- -se ao transporte de insumos e produtos acabados (ALVARENGA ROSA, 2011). Em outras palavras, a eficiência energética vem a ser o uso mais eficiente do combustível para desempenhar a mesma tarefa. O combustível é indispensável para o funcionamento e transporte das grandes indústrias, e graças a isso elas podem fornecer os bens e serviços que produzem à sociedade. Atualmente, são aplicadas práticas e medidas técnicas e organizacionais com o objetivo de diminuir esse consumo de combustível, ao mesmo tempo em que otimiza o desempenho das produções. A fim de diminuir seus custos de produção, empresas buscam automatizar cada vez mais todos os pro- cessos de transportes de sua linha de distribuição. No entanto, isto implica uma contradição, pois os processos automáticos envolvem um maior consumo de combustível (quanto mais automatização mais energia será necessária). Portanto, é preciso buscar um equilíbrio e encontrar uma solução que seja ren- tável e energeticamente eficiente. Segundo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos em eficiência energética podem gerar ganhos acumulados de US$ 18 trilhões até 2035, quase a soma das economias dos Estados Unidos e Canadá (BARBOSA, 2014). A pesquisa mostra que cada dólar investido em eficiência pode trazer 2,5 vezes mais em ganhos de produtividade, reforçando a competitividade, rentabilidade e produ- ção das empresas. Falaremos das melhores práticas adotadas por empresas ferroviárias para garantir o sucesso da melhor utilização de seu combustível na execução da logística. 2. METODOLOGIA As pesquisas geralmente podem ser classificadas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e causais. De acordo com Selltiz, Wrigutsmann e Cook (1974): “os estudos formuladores ou explorató- rios têm como objetivos de pesquisa, a familiarização com o fenômeno ou conseguir nova compreensão deste, frequentemente para poder criar um problema mais preciso de pesquisa ou criar novas hipóteses, sendo a principal acentuação a descoberta de ideias e instituições”. Neste estudo foi realizada uma pesquisa exploratória, dado que foram buscadas informações por meio da investigação qualitativa do problema em tela, visando à descoberta de ideias e intuições sobre o tema. O método adotado para o levantamento de dados foi o estudo de caso, que é indicado para estudos em que se trabalha com um fato específico que se considera típico ou ideal para explicar certa situação, sen- do útil, quando se está em fase inicial de investigação ou buscando ampliar o conhecimento a respeito de certo tema. Como o propósito básico deste estudo foi à busca de informações sobre o processo da Eficiência Energé- tica na Logística de Transportes, fez-se necessário escolher um método que apresentasse ideias e sinais de como processo se efetivou e desenvolveu. Desse modo, optou-se pela utilização de pesquisas literá- rias, entrevistas com profissionais que vivenciam o processo já estabelecido em seu ambiente de traba- lho. Entre os pontos relevantes destacados, o foco maior será o investimento em estudos das empresas para estabelecer a EE e o ganho na economia destas empresas com a aplicação da EE. Para melhor exemplificar a evolução que ocorreu com a ênfase da EE, será apresentada a logística de transporte ferroviário, que vem crescendo em economia de combustível sem que seja diminuída sua pro- dução em transporte, como o exemplo da empresa VALE que é uma mineradora que explora e transporta seu produto. Foi realizado entrevistas com engenheiros da VALE que trouxe detalhes de seus ganhos. 22PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Para esclarecimento do conceito de logística ferroviária, foi estudado o livro Fundamentos de Logística Empresarial (RODRIGO ROSA, 2011) que trouxe informações de definição e importância da logística. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Não há logística sem que haja transporte, e ao falar em transporte de cargas, o conceito que ainda predo- mina é a frota de caminhões (modal rodoviário). Figura 1 – Matriz do transporte de cargas no Brasil Porém, não somente a malha rodoviária tem um papel importante, como também a malha ferroviária do Brasil contribui para o escoamento de produtos (LOTUS LOGISTICA, 2018). Embora não seja o modal mais utilizado em território nacional, é fato que as ferrovias impactam positivamente o trabalho do setor logístico, porque trazem vantagens diferentes daquelas de outros modais. Ela facilita o escoamento da produção e sua distribuição para todo o território nacional e também, para o exterior. Essa tarefa poderia ser realizada pela malha rodoviária, no entanto o custo das operações ficaria mais alto. Estima-se, de maneira conservadora, que os custos logísticos evitáveis seriam de ordem de US$ 2,5 bilhões por ano, evidenciando que a racionalização dos custos de transportes pode produzir efeitos sig- nificativamente benéficos sobre o componente mais expressivo dos custos logísticos, haja vista que, sob certas condicionantes e para determinados fluxos de cargas, os fretes hidroviários e ferroviários podem ser 62% e 37%, respectivamente, mais baratos do que os fretes rodoviários (PNLT, 2012). E para tornar ainda mais rentável e atrativo o transporte ferroviário, as ferrovias vem investindo em es- tudos que garantam a eficiência energética gerando economia para o modal além de ganhos ecológicos ao meio ambiente, uma vez que o consumo de óleo diesel, além de sua grande dimensão no custo, influi também no meio ambiente e na poluição do mesmo através de sua queima e por isso se torna um item de grande valor estratégico e ambiental. Para o alcance de resultados satisfatórios na melhoria da eficiência energética é necessário focar em cin- co níveis (áreas) de uma ferrovia e trabalhar de forma impar em cada uma para garantir uma atuação de excelência. 1. Nível Operacional Empregados de uma ferrovia diretamente ligado ao transporte como os maquinistas devem ser sufi- cientemente treinados e conscientizados da importância do combustível dentro do sistema ferroviário, a ponto de sua operação ser pautada na condução eficiente. 2. Nível Tecnológico Providências em que introduzam algum dispositivo, equipamento ou alteração técnica nas locomotivas, no combustível ou na via permanente. Para isso, são necessários investimentos. 3. Nível Manutenção A eficiência energética depende do bom funcionamento de alguns equipamentos da locomotiva. É neces- sário manter controlados e testados os superalimentadores responsáveis pela potência do motor, motor de tração entre outros que juntos fazem a combustão acontecer. 4. Nível de Recebimento, Controle e Abastecimento 23PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 São considerados os cuidados necessários com o óleo diesel desde o recebimento até o abastecimento, considerando controles de filtragem, centrifugação e estocagem. 5. Nível Gerencial Proporcionar atualização de treinamentos, viabilizar investimento em pesquisa e tecnologia. 3.1 Calculoda Eficiência Energética A eficiência energética representa o consumo de óleo diesel das locomotivas dividido pela carga trans- portada e pela distância de um determinado trecho (Figura 2). Figura 2 – Formula da eficiência energética Para planejar, acompanhar e controlar melhor as atividades de qualquer ramo empresarial, as empresas fazem uso de indicadores e para uma ferrovia esse fator se torna ainda mais relevante em função da com- petição acirrada com os demais modais. 3.1.2 Indicador de Eficiência Energética O consumo relativo de combustível na maioria das ferrovias é conhecido também como eficiência ener- gética e é o principal fator para considerar a eficiência operacional de uma ferrovia (PEREIRA, 2009). “O índice de eficiência energética é a expressão de consumo de combustível de uma locomotiva (diese- leletrico) em relação a quantidade de carga tracionada por uma determinada distancia” segundo Jordão (2006), ele ainda afirma que “uma locomotiva apresenta bom resultado em eficiência energética caso economize no consumo de combustível e/ou aumente a carga bruta tracionada no trem”. Portanto, deve- -se obter ganho na eficiência energética da locomotiva aumentando sua autonomia, ou seja, ampliando a distância percorrida pelo trem sem que precise reabastecer o tanque da mesma. 3.1.3 Cálculo do indicador de Eficiência Energética “Este indicador é expresso uma unidade em litros por 1000 toneladas quilometro bruto (L/KTKB), rela- cionado para um determinado período, o total de litros consumido, o volume de transporte e a distância em que foi efetuado o transporte” (RIBEIRO et al., 2006), conforme figura 3. Figura 3 - Formula do cálculo do indicador de eficiência energética 3.2 Principais Indicadores Ferroviários 3.2.1 Carregamento Médio de um Vagão Define por ser a relação entre a quantidade de TU (Tonelada Útil) tracionada e a quantidade total de 24PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 carregamento. Sua unidade de apresentação é expressa em TU/VAGÃO. Este indicador avalia a produti- vidade dos vagões no transporte. Para melhorar a eficiência energética, ações podem ser tomadas em alguns níveis: operacional, tecnoló- gico, manutenção, recebimento e controle e abastecimento e gerencial. 3.2.2 Trem Hora Parado (THP) Defini por ser a soma das horas do trem parado em toda malha ferroviária. É um indicador de grande impacto no consumo de combustível, pois toda parada necessita de uma arrancada, o que gera grande consumo de óleo diesel. 3.2.3 Transit Time (Tempo Médio de Percurso) Medi o tempo em horas de uma viagem de ida e volta. Através deste indicador pode-se fazer um compa- rativo mês a mês e conhecer se houve grandes impactos das restrições de velocidade na malha. 3.3 Evolução do Indicador de Eficiência Energética Pelo fato do óleo diesel ser um importante item no orçamento de uma ferrovia, dimensionar a aquisição deste, é por tanto uma tarefa necessária e que merece total atenção. Por isso nos últimos anos pode-se perceber a evolução no controle deste índice por parte de algumas ferrovias (RIBEIRO et al., 2006) onde é sugerido um modelo para previsão do consumo de óleo diesel com base em uma demanda futura de transporte de uma ferrovia (Figura 4). Figura 4 - Panorama de evolução da EE da EFC 2007/2009 Figura 5 – Panorama de evolução da EE da EFC 2016/2017 A busca por maior eficiência deve ser constante e ações para este fim acontecem diariamente em uma ferrovia. 4. CONCLUSÃO 25PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Ações implantadas para a melhoria da eficiência energética em qualquer ferrovia contribuem significa- tivamente para a redução constante deste indicador. Nesta revisão literária foi observado que soluções educacionais e gerencias como treinamento a maquinista aumentam a importância deste indicador pe- rante os maquinistas e os leva a realizar uma condução mais consciente do trem. O investimento feito em implantação de novas tecnologias para gestão de abastecimento, controle e armazenamento do óleo diesel também contribuem para a manutenção da EE. Toda solução visando o melhoramento da eficiência energética geraram e geram e vão gerar economia de grande impacto na rentabilidade do negócio ferrovia. No início da operação da Estrada de Ferro Ca- rajás, 1985, o índice de eficiência energética superava o valor de 2,5 L/KTKB. Adotando medidas como as citadas neste trabalho o índice de EE reduziu em torno de 40% (1,5 L/KTKB), proporcionado uma economia em números atuais em torno de 144.000.000 Litros/ano (FONTES, 2008). Quem ganha com todo este movimento é a logística de transportes, pois com o mercado cada vez mais competitivo, as empresas do ramo de transportes que irão se destacar são as que oferecerem qualidade e preço baixo somando ao respeito com o meio ambiente. E o investimento em eficiência energética traz tudo isso ao cliente. Ainda pode ser feito muito, melhorias em processos, condições podem chegar ao patamar ideal, inves- timentos em treinamento de profissionais, investimento em processos e em equipamentos podem ser realizados. Pensar no dia a dia de forma sustentada em soluções para melhoria do indicador eficiência energética é essencial para diminuição de impactos ambientais, diminuição de gastos, melhoria da com- petitividade das empresas ferroviárias e tornar ainda mais atraente o modal ferroviário em relação aos outros modais. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. Evolução Recente do transporte Ferroviário, 2007. Dis- ponivel em: < www.antt.gov.br >. Acesso em: 06 nov. 2018 ALVARENGA, A. C.; NOVAES, A. G. N. Logística Aplicada: suprimento e distribuição física. E. 3. Ed. São Paulo: Ed- gard Blucher Ltda, 2000. BARBOSA, V. Eficiência energética: o combustível invisível de US$ 18 tri. 2014. Disponível em: https://exame.abril. com.br/economia/eficiencia-energetica-o-combustivel-invisivel-de-us-18-tri/. Acesso em: 14 out. 2018. KEFALAS, A. M.. Potencial Logística Ferroviária. Revista de Economia e Sociologia Rural, vol.45 no.4. Brasília Out./ Dec. 2007. LOTUS LOGÍSTICA. A importância da malha ferroviária do Brasil para o setor de logística. 2018. Disponível em: ht- tps://lotuslogistica.com/logistica/importancia-da-malha-ferroviaria-do-brasil-para-o-setor-de-logistica/. Acesso em: 14 out. 2018. MOTA VICTOR, Melhoria da eficiência energética na EFC. In: PROJETO SEIS SIGMA, 31., 2017, Maranhão. PLANO NACIONAL DE LOGÍSTICA E TRANSPORTES – PNLT. Relatório Final. Ministério dos Transportes. Secre- taria de Política Nacional de Transportes SPNT/MT. Setembro 2012. Brasília – DF. SARKIS, J. An Analysis of the Oper- ational Efficiency of Major Airports in the United States. Journal of Operations Management. Volume 18, Issue 3, April 2000, pp. 335 – 351. PEREIRA, Olyntho Carmo. Soluções de otimização da eficiência energética de uma ferrovia de carga: o caso da Es- trada de Ferro Carajás–EFC. 2009 126 f. 2009. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial)– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. RIBEIRO, L.B. GHIOTTI, V. VIEIRA, D.S. PEREIRA, O.C. CAVALCANTI, T. Simulador de Custos Operacionais – Módulo Óleo Diesel. Companhia Vale do Rio Doce, 2006. SELLTIZ, C.; WRIGUTSMANN, L.; COOK, S. Métodos de pesquisa nas relações sociais (3a ed.) São Paulo: Herder. 1974. CAPÍTULO 3 AUTORES RESUMO FERRAMENTAS DA QUALI- DADE: APLICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE SOLUÇÕES DE ENGENHARIA PARA MELHO- RIA NA GESTÃO DE DEMAN- DAS O setor empresarial a cada dia este mais focado no mercado e em suas tendências, pois buscam melhorias e um diferencial para poderem se manter no mercado competitivo, porém sua per- maneça no mercado depende de vários fatores, é um desses fatores é melhoria continua nos processos e nos métodos de fabricação ou de serviços. Diante disso, o presente estudo pretende demonstra a necessidade e importância da aplicabilidade das ferramentas de qua- lidade no gerenciamento de negócios, como também para processo produtivo.O artigo foi desenvolvido através de um estudo teórico que busca fazer uma abordagem a respeito dos conceitos apresen- tando os principais tipos de ferramentas da qualidade. Além disso, a pesquisa pretende demonstrar de forma bastante clara as principais ferramentas da qualidade em sua aplicabilidade no ambiente indus- trial e seus benefícios. Serão apresentadas definições relacionadas à gestão da qualidade e das ferramentas por meio de uma pesquisa em referencial teórico sobre o tema. Palavras-chave: Ferramentas da qualidade, Controle da qualidade, Abordagem conceitual. Luiz Henrique Costa Ferreira Klayton dos Santos Barbosa Deyvison José da Silva Leitão Sidney Leonardo da Silva Sou- sa Ramilton Araújo Silva 27PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO Com a globalização e com os avanços tecnológicos a organização empresarial tento melhoria contínua da qualidade de seus processos objetivando satisfação total de seus clientes e parceiros. Neste contexto que o presente estudo tem como finalidade demonstrar a importância das ferramentas de qualidade para sucesso empresarial, a pesquisa foi realizada através de um revisão literária das ferramentas, que é de sua importância para as empresas que almejam se manter no mercado e também faça toda diferença do produto no mercado, através da qualidade dos produtos e serviços diferenciados. Pois, nas empresas grande parte dos problemas poderia ser resolvida com o auxílio destas ferramentas. Cada ferramenta de qualidade tem utilização própria, ou seja, somente com a aplicação de cada uma e com prática que se pode averiguar qual ferramenta é mais adequada para cada situação, e assim deter- minar qual será a ferramenta utilizada. A pesquisa foi realizada para que se justifique a necessidade do conhecimento teórico das ferramentas de qualidade para que possa ser utilizada de maneira correta, tanto para acadêmicos, empresas ou profissionais interessados no tema. É de suma importância ressaltar que a qualidade não engloba somente à qualidade de um produto ou serviço específico já na última etapa de produção, mas a qualidade do processo desde do primeiro processo até o último, ou seja, envolvendo todos os processos que ocorrem e serão realizados no dia a dia da empresa. 2. METODOLOGIA O tipo de pesquisa realizada no estudo, foi uma Revisão Literária de caráter qualitativo e explorató- rio referente as ferramentas de qualidade como solução de melhoria para uma gestão. O levantamento bibliográfico será realizado através de pesquisas de material impresso em Livros, Revistas cientificas, monografias, SCIELO - Artigos - Google Acadêmico. Foram categorizadas em sua totalidade 15 fontes, sendo apenas 7 selecionadas para o estudo: 2 artigos sobre ferramentas de qualidade, 2 Revistas sobre os benefícios da aplicação de ferramentas e gestão de qualidade, 3 Monografias sobre gestão e aplicação das sete ferramentas de qualidades e o uso das ferramentas da qualidade na melhoria de processos produti- vos. O período dos artigos pesquisados serão trabalhos publicados nos anos de 2010 à 2018. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a realização da revisão literária, notou-se que muitos são as definições acerca de ferramentas de qualidade e sua importância para uma gestão de qualidade nas empresas, por ser um tema não tão recen- te, é notável encontrar várias fontes de pesquisa da literatura, e uma quantidade significativa de volumes atuais de publicações referentes ao tema, conforme Tabela 1. 28PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Tabela 1 - Resumo dos trabalhos referentes às ferramentas da qualidade: aplicação em uma empresa de soluções de engenharia para melhoria na gestão de demandas. Objetivos Resultados Autores/Ano Descrever e analisar os prin- cipais sistemas e ferramen- tas da gestão da qualidade. Demonstrou que as ferramentas de qualidade são de suma importância para um setor industrial e como é vantajoso para os gestores. Campanatti (2016). Fazer uma abordagem es- tratégica da administração e serviço de produção e ope- rações. O estudo evidenciou como é importante o planejamento estraté- gico por parte da administração para que a produção seja em alto nível e as operações funcione de acordo com pré-estabelecido pelos administrado- res Corrêa e Corrêa (2010) Conceituar a administração organizacional geral, assim como a importância das ferramentas de qualidade para a competitividade da empresa. Que os conhecimentos dos conceitos sobre os tipos de organização e das ferramentas modernas e antigas são essenciais para uma administração de sucesso empresarial, pois essas pro- movem melhorias na produção, com produto com mais qualidade, ajuda na melhoria do desempenho dos co- laboradores e manter a empresa no mercado. Costa Neto (2010) Descrever a importância dos fundamentos e aspectos práticos das principais ferra- mentas e técnicas utilizadas pelas organizações para me- lhoria de sua performance e competividade. Demonstrou que cada dia, as orga- nizações dos mais variados setores de atividade buscam profissionais com conhecimentos em ferramentas e metodologias na área da qualidade, tomando esse importante recurso hu- mano uma peça chave para a produti- vidade e lucratividade das empresas. Lucinda (2010) Demonstrar a importância da aplicabilidade do PDCA e das ferramentas de qua- lidade para uma gestão de sucesso. Que com o uso do PDCA junto com as ferramentas garante um melhor desenvolvimento no processo pro- dutivo tendo como resultado uma melhoria continua dos produtos e serviços. Trivelatto (2018) Fonte: Os Autores 1.1 Conceito de Qualidade As organizações sempre estão em busca da melhoria continua e da qualidade dos seus produtos e servi- ços, objetivando a satisfação completa dos seus clientes e colaboradores, porém essa qualidade ao longo do tempo vem sofrendo modificações no tocante a seu conceito, técnicas, métodos e ferramentas de qua- lidade, devido à evolução tecnológica. Segundo Lucinda (2010) o conceito de qualidade engloba vários significados diferentes. Porém, de for- ma geral, a maioria concorda que alguns elementos são essenciais para se possa definir a qualidade, tais como satisfação, preço justo, funcionalidade e superação de expectativas. Junior et al. (2016) descreve como forma de evolução a gestão qualidade em quatro eras: Era da inspeção, a Era do controle estatístico da qualidade, a Era da garantia da qualidade e a Era da gestão estratégica 29PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 da qualidade. Tratadas não apenas como um programa que é implantado, mas como um processo de me- lhoria continua. Podendo tornar-se tática, estratégica e operacional, em todos os níveis da organização. As normas ABNT NBR ISO ao falar de gestão, destacam a NBR ISO 9001/2000 em que possibilita uma forma de estruturar e gerenciar as atividades/processos juntamente com as organizações, desencadeando uma ligação entre as expectativas dos clientes e a eficácia da empresa, de forma sistemática e integrada e a NBR ISO, 9004/2000 que define como gestão de qualidade, situações coordenadas para dirigir e controlar uma organização, englobando o planejamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade (ABNT, 2016). Apesar da definição de qualidade ser muito complexa, devido, as suas diferentes perspectivas, o conceito mais apropriado, e que será utilizado nesta pesquisa é a adequação de meios e técnicas para produção de produtos e bens com segurança e que satisfação os clientes e colaboradores. 3.2 Gestão de Qualidade O cenário empresarial brasileiro vem apresentando situações desafiadoras, o que exige dos gestores uma e colaboradores estratégias e planejamento para alcancem resultados bem-sucedidos. As organizações estão cada vez mais competitivas, sempre tentando inovar, diante disso, surgem as ferramentas de gestão a fim de otimizar os processos, agregar mais valor a organizações e controlar os recursos e custos(TRI- VELATTO, 2018). Já segundo Filho (2017) define o sucesso organizacional, através dos parâmetros de segurança, eficiên- cia, eficácia e atendimento a cultura organizacional, garantindo resultados nos processos. 3.3 Ferramentas da Qualidade As ferramentas de qualidades são frequentemente utilizadas em métodos e técnicas de gerenciamento de processos organizacionais que visam a melhoria contínua da qualidade. Segundo Costa (2017), as sete ferramentas da qualidade são um conjunto de instrumentos estatísticos que busca a melhoria da qualida- de de produtos, serviços e processos. A grande finalidade das ferramentas está na sua habilidade de auxiliar nas etapas de geração e organiza- ção ideias, análise de dados, definição de estratégias e planos de ação, definição e priorização de ações. Além de facilitar o entendimento do problema, ter um método eficaz de abordagem, disciplinar/organizar o trabalho e aumentar a produtividade (FABRIS, 2018). Nesse processo de melhorias na qualidade, as organizações precisam estabelecer planejamento adequado que busque resultado eficiente na produção de bens e produtos, conforme o esperado pelos clientes. Corrêa e Corrêa (2010), afirmam que as sete ferramentas da qualidade são o fluxograma ou diagrama de processo, diagrama de causa e efeito, diagrama de Pareto, histograma, folha de verificação, diagrama de dispersão e gráfico de controle O fluxograma ou diagrama de processo representa graficamente um instrumento essencial através de sequência lógica de cada etapa pela qual passa um processo, facilitando uma melhor visualização, con- forme a figura 1. 30PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1 – Exemplo de fluxograma para identificação, e avaliação de riscos, aspectos e impacto. Fonte: Pessoa (2016). O diagrama de causa e efeito tem como objetivo, essencialmente, identificar e organizar todas as causas de um problema ou situação específica, fazendo uma análise das dispersões em seu processo e os efei- tos decorrentes disso de forma logica, representado na figura 2. Figura 2 – Estrutura do diagrama de Ishikawa Fonte: http://www.ricardovargas.com/pt/podcasts/qualitymanagement/ 31PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Diagrama de Pareto utilizada para identificar o problema mais importante através do uso de diferentes critérios de medição, como frequência ou custo, e sua finalidade é mostrar as condições necessárias para uma melhor escolha através de um monitoramento eficiente, conforme Figura 3. Figura 3 – Exemplo de Gráfico de Pareto Fonte: Marques (2016) Histograma é uma ferramenta estatística que é utilizada para fornecer valores ou vários valores que ocorre em um grupo de dados e razão, conforme Figura 4. Figura 4 - Histograma. Fonte: Coelho (2016) A ferramenta denominada gráfico de controle utiliza-se do monitoramento para um melhor controle e variabilidades do processo, e além disso, analisa a estabilidade, o desempenho previsível, como obser- vamos no modelo apresentado na Figura 5. 32PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 5 - Gráfico de Controle Fonte: Costa (2017) A folha de verificação apresenta-se em formato de tabelas ou planilhas usadas para auxiliar a coleta e análise de dados, que permite rápida percepção da realidade e imediata interpretação da situação, dimi- nuindo erros e confusões. Figura 6 - Modelo de folha de verificação Fonte: Campos (2016) Diagrama de dispersão é utilizado para identificar a correlação e estabelecer associação entre dois fatores ou parâmetros. Essas variáveis contribuem de forma eficaz dos métodos de controle do processo, facili- tando a identificação de possíveis problemas (Figura 7). 33PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 7 – Gráfico de dispersão Fonte: Soares (2016) Dependendo do contexto que se utilize as ferramentas de qualidades estas podem sofrer variações, tudo isso ocorre, por sequência de utilização das técnicas, quanto na quantidade de técnicas utilizadas. 3.4 Ferramentas de qualidade e seus benefícios Conforme Murback (2016) e Campanatti (2016) relatam que os benefícios são inúmeros com a utilização das ferramentas de qualidade como: a) Aumentar a qualidade do processo através de soluções eficazes na existência do problema, assim proporcionando o aumento da satisfação e confiabilidade dos clientes, seja este interno ou externo, consequentemente fortalecendo a imagem da empresa; b) Diminuir os custos decorrentes de erros, pois quanto mais cedo identificar um pro- blema, menor será o custo da produção. Com isso aumentar o lucro da empresa; c) Melhorar os padrões de forma organizacional; d) Redução dos custos operacionais, uma vez que se tem a diminuição de custos da qualidade e do tempo, aumenta- se a eficiência, e se alcança como resultado a pre- venção versus correção entre outros; e) Melhora da transparência de conhecimento; f) Contribuir para equilíbrio no ambiente de trabalho, consequentemente no cresci- mento da produção, proporcionado um trabalho eficiente e com poucas falhas, o que motiva a todos, melhorando a capacidade de comunicação, e resolução de pro- blemas, além de permitir um melhor trabalho em equipe, diminuindo os riscos de acidentes de trabalho; g) Maior competitividade e oportunidades, tanto no mercado interno e externo; h) Elabora projetos melhores. 4. CONCLUSÃO Com o alto nível de competição internacional entre as organizações, surge a necessidade de se adaptar a processos internos eficientes e eficazes e cada vez mais com excelência. Logo, a qualidade total tem 34PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 como meta controlar as atividades para tornar o negócio cada vez mais lucrativo e com alto nível com- petitivo. No contexto atual a concorrência entre as organizações empresariais é altíssima e qualquer transformação que gere resultados consistentes. Portanto, a utilização das ferramentas de qualidade proporciona mais segurança e estabilidade no mer- cado e um diferencial competitivo. O objetivo do estudo de apresentar e incitar o uso das ferramentas da qualidade de forma prática facilitando melhor a compreensão dos leitores alcançados, frente aos concei- tos expostos. De maneira contributiva o artigo definiu as ferramentas da qualidade e pretendente que os leitores utilizem dos conceitos e apliquem como forma de controle e clareza de informações. REFERÊNCIAS CAMPANATTI, R; GOBIS. M.A. Os benefícios da aplicação de ferramentas de gestão de qualidade dentro das in- dústrias do setor alimentício. Rev.Hórus, v. 7, n. 1, p. 26-40, 2016. CAMPOS, Vicente Falconi. Controle da qualidade total: No estilo japonês. 9. Nova Lima: Falconi, 2016. COELHO, F.P.S et al. Aplicação das ferramentas da qualidade: estudo de caso em pequena empresa de pintura. REFAS. V.3,n.1,2016. CORRÊA, Henrique Luiz; CORRÊA, Carlos Alberto. Administração de produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. COSTA NETO, Pedro L. de O.; CANUTO, Simone A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. COSTA, A. A. Ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na cultura do mamão, no município de pinheiros- -es.72f. Monografia (Curso de Administração de Empresas) Faculdade Capixaba de Nova Venécia. Nova Venécia, 2017. FABRIS, C. B. Aplicação das ferramentas da qualidade em um processo produtivo em uma indústria de ração. 74f. Projeto (Curso de Engenharia de Produção). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira, 2018. FILHO, M.C. As ferramentas de qualidade no processo produtivo. Bauru – SP, 2016. LUCINDA, Marco Antônio. Qualidade: Fundamentos e práticas para cursos de graduação. Rio de Janeiro: Bradsport, 2010 MURBACK, F.G.R.; DANIEL, E.A. Levantamento bibliográfico do uso das ferramentas da qualidade. Artido.do Curso de Administração – PUC, v.2015. Poços de Caldas,2016. PESSOA, G. A. Notas de aula da disciplina PDCA e Seis sigma: metodologia e ferramentas da qualidade.São Luís: FAMA, 2016. SOARES, M.T.R.C. Liderança e desenvolvimento de equipes. São Paulo, 2016. TRIVELATTO, A. A. Aplicação das sete ferramentas básicas da qualidade no ciclo PDCA para melhoria continua. 73f. Monografia (Curso de Engenharia) Universidade de São Paulo, 2018. CAPÍTULO 4 AUTORES RESUMO GESTÃO DA MANUTENÇÃO ESTRATÉGICA FOCADA NA CONTINUIDADE OPERACIO- NAL DE EQUIPAMENTOS DE LINHA AMARELA Antonio Carlos Pereira Santos Bruno Castro Tavares Endryo Rudyere Frazão Gomes Maria Cristina Araujo Santos Ronald de Assis Cantanhede Correa Thiago Santana de Oliveira A falta de manutenção de maquinários, ocasionada pela bus-ca irracional por produtividade, pode ser considerada o item principal para a redução de vida útil de equipamentos. Levando em consideração esta realidade, a gestão de manutenção estratégi- ca surge para contribuir significativamente para o aumento da pro- dutividade, uma vez que garante a disponibilidade operacional dos equipamentos. Desenvolver um plano de manutenção alinhado ao plano de produção é um desafio em muitas empresas, porém cria um ambiente onde os requisitos necessários para alcançar a melhor eficiência entre trabalho e os lucros se tornam presentes, de modo a garantir um perfeito convívio e eficiente desenvolvimento. Deste modo, o artigo apresenta um plano de manutenção estratégico, ba- seado em um estudo de caso em uma empresa de construção civil, que tem por objetivo contribuir para a continuidade operacional de equipamento de linha amarela. Palavras-chave: Máquinas, Manutenção, Produtividade. 36PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A constante busca de empresas do ramo de construção civíl pela produtividade total criou um cenário onde as máquinas pesadas se tornaram um dos principais recursos produtivos, conforme destaca a As- sociação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, que revelou em dados recentes que o setor de vendas de máquinas e equipamentos obteve alta de 13,4%, em setembro/18, em relação ao mesmo mês do ano passado (ABIMAQ, 2018). No entanto, a manutenção dentro das empresas não é considerada um ponto importante e fica em segundo plano, mesmo sua gestão garantindo a disponibilidade intrínseca de equi- pamentos e a continuidade da produção operacional (FURTADO, 2016). A gestão da manutenção de maquinários muitas vezes é tratada apenas com ações corretivas, gerando impactos negativos, pois com a ocorrência constante de avarias, os recursos operacionais ficam parados por mais tempo. A política do “quebrou, conserta!” se tornou uma ação extremamente comum, praticada pelo “homem da manuten- ção”(BELHOT; CAMPOS, 1995). Levando em consideração este contexto, as atividades da manutenção só aparecem como mais um componente das despesas da empresa e uma intervenção desnecessária nas atividades de produção (SOBRINHO, 2012). No entando, uma atividade realizada sem planejamento pode gerar até 65% de desperdício de tempo, ou seja, dentro das 8 horas normais de trabalho, apenas 2,8 horas são de fato aproveitadas (TELLES, 2018). Portanto, a gestão e controle da manutenção, sendo aplicada de forma estratégica, deve atuar junto à produção a fim de criar um ambiente onde os requisitos necessários para alcançar a melhor eficiência entre trabalho e os lucros estejam presentes, de modo a garantir um perfeito convívio e eficiente desenvolvimento (CAIADO; LIMA; QUELHAS, 2015). Baseado neste contexto, o objetivo principal deste artigo é apresentar, através de um estudo de caso, um plano de manutenção estratégico de equipamentos de linha amarela, plano este que contribua para a continuidade operacional, garantindo que as áreas de manutenção e produção possam trabalhar de forma sinérgica em prol da realização da obra. 2. METODOLOGIA O estudo de caso para desenvolvimento deste trabalho foi realizado em uma empresa de construção civil, com sede em Rosário-MA, que atua por todo o estado do Maranhão. Para desenvolvimento das ativida- des da empresa são utilizados os equipamentos pesados descritos na Tabela 1: Item Quantidade Escavadeira Hidráulica Caterpillar 320D 3 Pá Carregadeira Caterpillar 1 Retroescavadeira Caterpillar 1 Trator de Esteiras D6 Caterpillar 2 Rolo Compactador Liso Caterpillar 2 Rolo Compactador Pé-de-carneiro Caterpillar 2 Motoniveladora 140K Caterpillar 2 Trator Agrícola com Grade Massey Ferguson 1 Tabela 1 – Equipamentos de linha amarela da empresa. Fonte: acervo da empresa A fim de conhecer o processo de manutenção e como este era realizado para atendimento das demandas da empresa, foi realizado uma coleta dos dados baseada em histórico de fichas de controle, documentos, relatórios diários de obra, planilhas de medições e entrevista com responsável pela produção. Nesse processo, foram identificados os problemas que impactavam diretamente nos resultados operacio- nais. Dentre estes, selecionou-se as avarias de maior ocorrência e que causavam maior indisponibilidade 37PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 do equipamento. Procurou-se levantar também o período de parada para correção de avarias, bem como os custos adicionais ocasionados por estas paradas. Com base nestas ocorrências, elaborou-se um plano de manutenção estratégico focado em itens básicos e em itens de maior ocorrência de falhas, bem como check-lists de inspeção/manutenção para relato de anomalias durante operação e para parada de inspeção sensitiva, a fim de levantar itens a serem corrigi- dos em eventual manutenção programada realizada na assistência especializada. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Conforme mostrado no gráfico 1, todas as ocorrências dos equipamentos utilizados nas atividades da empresa foram levantadas, as avarias mais frequentes ao longo dos últimos 18 meses, com contribuição direta na interrupção das atividades. Gráfico 1 – Dados de ocorrências de avarias nas máquinas nos últimos 18 meses. Algumas das avarias verificadas eram ocasionadas por falhas na operação, como ocorrências de pneus avariados e casos de quebra de unhas de concha. No entanto, as demais falhas ocorriam pela falta de ins- peção e manutenção preventiva dos equipamentos. Em poucos casos, na ocorrência da avaria, a mesma era solucionada de imediato, como substituição de unhas quebradas e correias quebradas. Visto que a empresa não possuía peças reservas para troca, o equipamento aguardava a aquisição do mesmo, ficando parado por até 1 dia. As demais ocorrências, que envolviam partes elétricas, materiais rodantes e sistema hidráulico, só eram corrigidas na assistência especializada, o que ocasionava uma indisponibilidade do equipamento por até 5 dias. Essa indisponibilidade era causada pela avaliação e orçamento de peças e serviços; e posterior a isso, o equipamento aguardava a realização das correções. Verificou-se que a hora trabalhada dos equipamentos varia seu custo de R$ 120 a R$ 220, o que ocasio- nava prejuízos de até R$ 8.000,00 por um equipamento parado por 5 dias. Levando em consideração a quantidade de equipamentos, esse valor pode ser bem maior. A fim de evitar essas falhas, e consequentemente, prejuízos à produção, desenvolveu-se um plano de 38PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 manutenção focado em ocorrências de maior repetição. Este plano prevê tanto o acompanhamento dos equipamentos durante operação quanto paradas para inspeção sensitiva; estabelece o controle de revisão e/ou manutenção nos equipamentos através do Controle de Horas Trabalhadas (horímetro) de cada equi- pamento, sempre alinhado com o plano operacional, obtendo-se um histórico de manutenções. Todos os controles de acompanhamento devem ser previamente divulgados de forma clara e objetiva aos operado- res e responsáveis de manutenção. Conforme proposto, as inspeções visuais diárias, realizadas pelos operadores, tem por objetivo a identi- ficação de possíveis focos de falhas, especialmente durante a realização da atividade, e envolvem inspe- ções conforme apresentado na Tabela 2. OK NOKNA ITEM DE INSPEÇÃO Nível do Líquido Arrefecedor Verificação visual de esteiras e roletes Verificação visual dos pneus Verificação visual das mangueiras/conexões do sistema hidráulico Verificação de nível de óleo do sistema hidráulico Sistema de limpeza do para-brisa Verificação do funcionamento do ar-condicionado Verifique o Nível do Óleo Indicador e Medidores Teste Cinto de Segurança Teste do sistema de frenagem Verificação da iluminação Verificação visual de correias/engrenagens Verificação do sistema elétrico Verificação de ruído anormal na esteira Tabela 2 – Relação de itens de inspeção visual diária. O plano de manutenção preventiva desenvolvido leva em consideração o plano operacional da empresa, as rigorosas condições de trabalho, os itens a serem inspecionados, as ações a serem aplicadas e o tempo gasto nestas ações. Com isso, o plano é apresentado conforme a Tabela 3. PLANO CICLO DE REVISÃO TEMPO DE PARA- DA ITENS DE INSPEÇÕES MP-01 500 h 2,5 h Ar condicionado - Limpeza do condensador e filtro Correia de transmissão - Condições físicas e desgaste Pneus - Desgaste e calibragem Esteiras - superfície da esteira, roletes superiores, rodas- -guias, sapatas e rodas-motrizes de comando Sistema de Arrefecimento - Radiador, nível do fluído e limpeza da colmeia Lubrificação - Articulações e partes móveis Sistema Hidráulico - Mangueiras, conexões, cilindros, vedações, bomba, nível de óleo 39PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 MP-02 1000 h 5 h Ações do Plano MP-01 Motor - Filtros, óleo, válvulas, bombas (combustível/ óleo), cárter, Elétrica - Iluminação, bateria, fusíveis, disjuntores, alter- nador, motor de arranque MP-03 1500 h 8 h Ações do Plano MP-02 Unhas/Lâminas/Caçambas - Desgaste, empeno, trincas, fixação Freios - Nível do fluido, pastilhas, discos, acumuladores Tabela 3 – Inspeção de Manutenção Preventiva. A Tabela 3 apresenta quais itens serão inspecionados, conforme o ciclo. No check-list aplicado a cada equipamento é descrito quais tipos de ações cada um destes itens sofrerá. É importante ressaltar que os itens descritos na Tabela 3 são comuns a todas as máquinas, devendo sofrer alterações conforme cada tipo de equipamento. A manutenção do sistema de arrefecimento e seus componentes envolve a verificação do nível de fluido, bomba de fluido, mangueiras e a limpeza do radiador, uma vez que as atividades realizadas pelas má- quinas em geral envolvem processos extremamente poluídos, colaborando para a presença de sujeiras na colmeia, contribuindo para queda de desempenho do componente e superaquecimento do motor. Se faz necessária também a verificação do sistema de ar condicionado, como limpeza do condensador e do elemento filtrante, uma vez que um filtro obstruído com poeira ocasiona um pior desempenho e reduz a vida útil do condicionador de ar. Devido a trepidação durante operação, as conexões tendem a folgar, motivo que leva a realização da ma- nutenção de itens do sistema hidráulico, devido sua importância para a operação do equipamento. Nesta inspeção é possível a identificação de vazamentos por vedações/uniões, trincas em terminais e conexões, bem como as condições físicas dos mangotes e filtros e, se necessário, a troca dos elementos filtrantes. Um dos focos dessa inspeção em componentes hidráulicos é a inspeção de mangueiras, tendo em vista que é um dos itens mais caros e de maior quantidade no sistema, devendo-se observar as condições físi- cas da mesma, identificando qualquer anomalia, como: ressecamento, quebra, torção, atrito com cantos vivos, vazamentos, defeito no prensamento das conexões e avaria nas tramas; se necessário, devem ser sinalizadas para troca. Essa inspeção aprofundada se faz extremamente necessária para se evitar possí- veis vazamentos e avarias que se tornam uma entrada de contaminantes, gerando problemas mais sérios, como defeitos em bombas, válvulas direcionais e etc. Um item que requer bastante atenção é a manutenção de partes rodantes, que já foi responsável por paradas de equipamentos, como escavadeira e trator de esteiras. É importante que seja feita a limpeza, verificação da folga adequada e desalinhamento da esteira, bem como a verificação das sapatas, pinos, molas tensoras e buchas, com o objetivo de se evitar travamento e quebra do rolete superior e até mesmo da esteira, devido aos impactos sofridos durante a operação. Apesar da parte elétrica das máquinas necessitarem de manutenção e mão-de-obra especializada, algu- mas ações podem ser tomadas para evitar avarias e panes elétricas. A exemplo dessas ações, pode-se citar o alternador, responsável por carregar a bateria. Verificação das condições das correias e do regulador de voltagem podem aumentar a vida útil do alternador. Já no caso da bateria, ações como verificação da fixação do componente, limpeza dos pólos e verificação dos cabos contribui para manter o bom funcio- namento da mesma. É importante ressaltar o controle específico de itens de desgaste natural das máquinas, como unhas, lâminas, rolos e chapas de sacrifício, devido ao grande atrito com material durante operação. Este acom- panhamento permite a aquisição do elemento e a troca num período mais preciso. Na prática, o plano de inspeção desenvolvido, além de garantir a continuação da produção, também ga- rante a redução do tempo de indisponibilidade do equipamento e redução de custos de manutenção. A 40PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 falha inesperada de quaisquer destes itens, por mais simples que seja, pode causar um impacto bastante significativo no faturamento. Uma mangueira que custa cerca de R$ 200,00 e se gasta cerca de 2 h para troca durante manutenção preventiva, pode ter seu custo elevado em 300% quando a troca da mesma é realizada em manutenção corretiva. Além do custo, o tempo de manutenção também aumenta, pois se tem óleo perdido com o rompimento da mangueira, perda do óleo hidráulico, interrupção da operação, contaminação do meio ambiente, além do tempo gasto para especificação e aquisição da mangueira no mercado em caráter de urgência. Outro exemplo bastante significativo é uma simples verificação de nível de fluido no radiador e limpeza do componente, que pode evitar um superaquecimento, causando danos ao motor, e no pior dos casos, sendo necessária a realização de uma retífica, que pode variar seu valor entre R$ 19.194,99 a R$ 21.295,00. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio do estudo de caso, possibilitou-se constatar a importância da manutenção de equipamento de li- nha amarela, porém realizar esta gestão se torna um grande desafio quando se depara com uma irracional busca por produtividade. No entanto, quando aplicada de forma estratégica, contribui significativamente para o aumento da produtividade e, consequentemente, para a lucratividade. Para que isso ocorra, esta aplicação deve andar lado a lado com gestão da produção, a fim de garantir a continuidade operacional e reduzindo custos excessivos com manutenção corretiva. Algumas simples ações, até mesmo sem custo algum, podem contribuir para o perfeito funcionamento de componentes. Assim sendo, as inspeções realizadas são de fundamental importância para a realização da manuten- ção preventiva e redução de custos a longo prazo, possibilitando ter exatidão nas manutenções a serem realizadas na assistência especializada, logo otimizando o tempo de manutenção/indisponibilidade do equipamento e garantindo a realização de todos os serviços necessários ao perfeito funcionamento do mesmo. REFERÊNCIAS BELHOT, Renato Vairo, CAMPOS, Fernando Celso de. Relações entre manutenção e engenharia de produção: uma reflexão. 1995, vol.5, n.2, pp.125-134. FURTADO, Anderson Antônio dos Santos. A importância da gestão estratégica da manutenção para qualidade, dis- ponibilidade e confiabilidade dos ativos empresariais. 2016. 53 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade Pitágoras. São Luís, 2016. SOBRINHO, João Carlos Flügel. Manutenção x Produtividade:A importância da gestão da manutenção para o au- mento da produtividade em uma indústria de manufatura de madeira. 2012. 57 folhas. Monografia de Especialização em Gestão Industrial – Produção e Manutenção. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2012. CAIADO, Rodrigo Goyannes Gusmão; LIMA, Gilson Brito Alves; QUELHAS, Osvaldo Luiz Gonçalves. Aspectos Da Aplicação Da Manutenção Centrada Em Confiabilidade. XI Congresso Nacional De Excelência Em Gestão, 2015. TELES, Jhonata. Plano de Manutenção Preventiva: Como Elaborar. Engeteles, 2017. Disponível em: < https://engeteles. com.br/plano-de-manutencao-preventiva/>. Acesso em 8 nov. 2018. ABIMAQ. Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos. http://www.abimaq.org.br/site.aspx/Imprensa-Clipping- -Tendencias-detalhe. Acessado em 01 nov. 2018. CAPÍTULO 5 AUTORES RESUMO USO DE UM CONTROLADOR PID (Proporcional, Integral e De- rivativo) PARA MONITORAR A TEMPERATURA COM O USO DE UM PLC André Luís Eliziane Rocha Hemerson Araújo Isac Costa Nadla Rose Wagner Elvio O controlador PID, é o algoritmo de controle bastante usa-do na indústria. O objetivo do estudo é o uso do controle proporcional integral derivativo (PID) para controlar um valor de temperatura estabelecida em um equipamento. Foram rea- lizadas pesquisas bibliográficas e estudos sobre os algoritmos de PID (Proporcional, Integral e Derivativo). Fez-se pesquisas também das funcionalidades do PID inseridas em um PLC. Foi utilizado o software do fabricante do PLC para acessar as fun- cionalidades deste equipamento através da linguagem ladder. Foi feito um circuito com o controle PID e seus componentes. A solução para o controle de temperatura com uso do PID em um PLC apresentou um custo de aquisição atraente e seu geren- ciamento remoto, pois PLC com acesso a rede Ethernet permite o controle remoto de suas operações. Palavras-cheve: Linguagem Ladder; Controle de temperatura; Co- lador PID. 42PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO O controlador PID, é o algoritmo de controle bastante usado na indústria [1], [2], [3]. O trabalho abordou o uso do controle proporcional integral derivativo (PID) para controlar um valor de temperatura estabe- lecida em um equipamento. Será feito o uso de um PLC (Programmable Logic Controller) que é um tipo de computador industrial capaz de controlar máquinas e processos, com recursos necessários ao arma- zenamento de instruções para implementar lógica combinatória, sequenciamento, temporização e ope- rações aritméticas, utilizando entradas e saídas digitais e/ou analógicas. Algumas funções e/ou ações de controle e ajustes de parâmetros já estão disponíveis nesse equipamento do PLC, proporcionando assim o uso do PID (Proporcional-Integral-Derivativo) em um PLC. Foi realizada pesquisa bibliográfica com o objetivo de obter; informações sobre o controle com o uso do PID, sua descrição vantagens e desvanta- gens, informações sobre as funcionalidades do PID inseridas em um PLC e a construção de um circuito para o controle da temperatura, utilizando a linguagem ladder para a simulação no PLC. O controlador PID em um PLC apresentou um bom desempenho e uma simplicidade funcional [1]. 2. CONTROLE PID A maioria dos controladores industriais em uso atualmente empregam esquemas de controle PID ou PID modificado. [2]. Métodos de sintonia automática vêm sendo desenvolvidos e alguns controladores PID tem a capacidade de fazer a sintonia automática [2], [3]. Controles PID e controles I-PD estão em uso na indústria. [2], [3]. Há controle PID comerciais disponíveis utilizando métodos práticos de comutação suave. [1], [2]. O uso do controle tem por objetivo fazer com que o sistema “siga” um valor de referência estabelecido, no caso a temperatura, por exemplo, e ao alcançar esse valor o sistema desliga, e quando o valor da temperatura ficar abaixo do valor desejado o sistema volta a ser ligado. [4]. Para tornar esse sis- tema mais eficiente e evitar que o mesmo fique ligando e desligando toda vez que um valor de referência é alcançado, faz-se o uso do controle PID. O uso deste controle torna mais eficiente para ser utilizado nesse sistema. Foi utilizado o controle PID baseado nas regras de ajuste de Ziegler e Nichols [2], [5], [6]. Esses ajustes referem-se aos parâmetros de , respectivamente, constante proporcional, constante integral e constante derivativa. [8], [9]. O uso do controlador PID envolve três parâmetros: o proporcional, o in- tegral e o derivativo. A fórmula desse sistema de controle é dada pela expressão: (1).[7], [8] , [9]. u(t)=MV(t)=Kpe(t)+Ki � e(t)dt t 0 +Kd d dt e(t) Onde: 𝑢𝑢(𝑡𝑡) é 𝑎𝑎 𝑠𝑠𝑎𝑎í𝑑𝑑𝑎𝑎 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑟𝑟𝑒𝑒𝑟𝑟𝑎𝑎çã𝑜𝑜 𝑎𝑎𝑜𝑜 𝑡𝑡𝑒𝑒𝑒𝑒𝑡𝑡𝑜𝑜 𝑀𝑀𝑀𝑀 é 𝑎𝑎 𝑣𝑣𝑎𝑎𝑟𝑟𝑣𝑣á𝑣𝑣𝑒𝑒𝑟𝑟 𝑒𝑒𝑎𝑎𝑚𝑚𝑣𝑣𝑡𝑡𝑢𝑢𝑟𝑟𝑎𝑎𝑑𝑑𝑎𝑎 𝑒𝑒(𝑡𝑡) é 𝑎𝑎 𝑒𝑒𝑚𝑚𝑡𝑡𝑟𝑟𝑎𝑎𝑑𝑑𝑎𝑎 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝑜𝑜𝑠𝑠 𝑜𝑜 𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑜𝑜 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑟𝑟𝑒𝑒𝑟𝑟𝑎𝑎çã𝑜𝑜 𝑎𝑎𝑜𝑜 𝑡𝑡𝑒𝑒𝑒𝑒𝑡𝑡𝑜𝑜 𝐾𝐾𝑡𝑡é 𝑎𝑎 𝑐𝑐𝑜𝑜𝑚𝑚𝑠𝑠𝑡𝑡𝑎𝑎𝑚𝑚𝑡𝑡𝑒𝑒 𝑡𝑡𝑟𝑟𝑜𝑜𝑡𝑡𝑜𝑜𝑟𝑟𝑐𝑐𝑣𝑣𝑜𝑜𝑚𝑚𝑎𝑎𝑟𝑟 𝐾𝐾𝑣𝑣é 𝑎𝑎 𝑐𝑐𝑜𝑜𝑚𝑚𝑠𝑠𝑡𝑡𝑎𝑎𝑚𝑚𝑡𝑡𝑒𝑒 𝑣𝑣𝑚𝑚𝑡𝑡𝑒𝑒𝑖𝑖𝑟𝑟𝑎𝑎𝑟𝑟 𝐾𝐾𝑑𝑑 é 𝑎𝑎 𝑐𝑐𝑜𝑜𝑚𝑚𝑠𝑠𝑡𝑡𝑎𝑎𝑚𝑚𝑡𝑡𝑒𝑒 𝑑𝑑𝑒𝑒𝑟𝑟𝑣𝑣𝑣𝑣𝑎𝑎𝑡𝑡𝑣𝑣𝑣𝑣𝑎𝑎 43PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Função proporcional [7] 𝑷𝑷𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐 = 𝑲𝑲𝒑𝒑𝒆𝒆(𝒐𝒐) Essa função do controlador PID produz um valor na saída proporcional ao erro obtido na Realimentação. A resposta proporcional pode ser ajustada a partir da constante de ganho .[7] A figura 01 mostra um grá- fico com uma entrada (linha azul) e as saídas com vários valores de . Figura 01- Função Proporcional [7] Fonte: CONTROLADOR PID (2018) Função Integral [7] 𝑰𝑰𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐 = 𝑲𝑲𝒊𝒊 � 𝒆𝒆(𝝉𝝉)𝒅𝒅𝝉𝝉 𝒐𝒐 𝟎𝟎 A função integral soma todos os erros instantâneos e essa somatória é multiplicada pela constante Ki. [7]. A função integral do controlador PID acelera o movimento do processo até o ponto desejado e elimina o erro que ocorre na função anterior [7]. O resultado do processo ultrapassa o ponto desejado, ponto de referência (overshoot). A figura 02 mostra um gráfico com uma entrada (linha azul) e as saídas com vá- rios valores de .[7]. 44PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 02- Função Integral [7] Fonte: CONTROLADOR PID (2018) Função Derivativa [7] 𝑫𝑫𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐 = 𝑲𝑲𝒅𝒅 𝒅𝒅 𝒅𝒅𝒐𝒐 𝒆𝒆(𝒐𝒐) Essa função do controlador PID produz um valor na saída proporcional ao erro obtido na realimentação. A resposta proporcional pode ser ajustada a partir da constante de ganho . Quanto maior a constante , maior será o ganho do erro e mais instável será o sistema. A figura 03, mostra o sistema com o controle de PID, as constantes envolvidas e o processo a ser controlado. [7] Figura 03- Sistema de Controle Fonte: Produção Própria. 3. USO DO PLC COM O CONTROLE PID O controlador PID, (Proporcional-Integral-Derivativo) já está embutido em produtos comerciais de pro- dutos como o da LabVIEW[1], do PLC da Allen-Badelly[10] e do PLC da Delta [12], este último será utilizado para o controle de temperatura com o uso do controlador PID. Foram utilizados blocos de fun- ções de controle PID do PLC da Delta. Na figura 04, está mostrado a ligação dos componentes e o PLC. 45PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 04- Diagrama da ligação do PLC e os componentes Fonte: Produção Própria. 4. MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizadas pesquisas bibliográficas e estudos sobre os algoritmos de PID (Proporcional, In- tegral e Derivativo). Fez-se pesquisas também das funcionalidades do PID inseridas em um PLC. Foi utilizado o software do fabricante do PLC para acessar as funcionalidades deste equipamento através da linguagem ladder.[11] Foi feito um circuito com o controle PID e seus componentes. Este modelo de PLC já possui funções de um PID embutidas em sua programação. A instalação constou de: um CPL, uma placa analógica, um termopartipo k, um relé de estado sólido, uma resistência de 10kohms.Foram realizadas as ligações dos componentes e iniciado as observações dos dados ge- rados pelo equipamento conectado a resistência (forno). Neste experimento definimos um valor de referência de temperatura igual a 140ºC, o valor do setpoint. Este valor de temperatura será o valor a ser mantido pelo controle PID no software do PLC. 5. DESCRIÇÃO DO PLC COM PID Na Figura 05, mostra-se a Network 01, que é responsável por lê o dado de temperatura não tratado. Nesta instrução, os dados são obtidos da seguinte forma: Leu-se um registro (n), o CR número 6 (m2) do módu- lo especial 0 (m1), conforme mostrado na Figura 06. A instrução SCLP, (Figura 08) irá linearizar a leitura feita através da instrução FROM (Figura 07). Em S1, ele RECEBE A LEITURA. Em S2, é declarado um registro e a partir dele e mais 3 posições são declaradas: Valor máximo da word; Valor mínimo da word e Valor máximo e mínimo do range da grandeza a ser lida. O resultado linearizado irá para o registro D11, com o valor real da grandeza medida, (Figura 06). 46PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 05 - Network 01 Fonte: Produção Própria. Figura 06 - Network 02 Fonte: Produção Própria. Na Figura 07, a instrução MOVP, na Network 3 – move o tempo de amostragem para D500, que estará ligado a entrada S3 do bloco PID, responsável pelo tempo de amostragem responsável por atualizar a variável manipulada em função de alguma ação do PID. 47PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 07 - Network 03 Fonte: Produção Própria. Figura 08- Network 01 Fonte: Produção Própria. O segundo MOV, na Figura 08, Network 1 é responsável por conduzir a auto sintonia para controle de temperatura (3) e informar quando os parâmetros de P, I e D estão “ajustados”. Na Figura 09, Network 02, a instrução PID, (bloco PID), tem os seguintes valores: D408 – valor desejado de temperatura ou set point (s1); D11 – valor de temperatura lido em tempo real(s2); D500 (tempo de amostragem) update time; D0 – saída do PID (d) recebe a saída do PID e conjugado com o valor parametrizado em D438 irá gerar uma forma de onde modulada em PWM (Pulse Width Modulation) que irá para saída Y0, esta por sua vez irá acionar o relé de estado sólido, que por sua vez irá controlar a potência que será entregue a resistência elétrica. O bloco abaixo, na Figura 09, Network 2, irá ser carregado com os valores de PID individualmente. 48PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 09: Network 01 Fonte: Produção Própria. O controle de temperatura com o uso do PID em um PLC mostrou-se satisfatório. Atendeu as exigên- cias e resultados esperados. O valor escolhido para o setpoint, (140ºC,) foi alcançado. Na Figura 10, mostra o gráfico com os valores do setpoint (verde) e os valores dos dados coletados da temperatura (vermelho) no diagrama da ligação do PLC e os componentes, conforme mostrado na Figura 04. Figura 10- Valores registrados do Controle de Temperatura com PID com uso do PLC Fonte: Produção Própria. A Tabela 01, apresenta algumas amostras para os valores de P, I e D (valores de temperatura e setpoint), coletados do PLC. Nesta tabela mostra-se os valores próximos do valor desejado. Tabela 01 - Valores de P, I e D P I D Temperatura atual Temperatura Setpoint 63 4 80 134 140 2 72 19 139 140 2 72 19 140 140 2 72 19 141 140 Fonte: Produção Própria. 49PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 6. CONCLUSÃO Esta solução para o controle de temperatura com uso do PID em um PLC apresentou um custo de aqui- sição atraente, pois as funções do controle PID já estão inseridas no PLC, bastando apenas, fazer as configurações necessárias na linguagem ladder e ajustar o valor do setpoint desejado. Outra vantagem é seu gerenciamento remoto, pois PLC com acesso a rede Ethernet permite o controle remoto de suas operações, bem como o seu gerenciamento permitindo que o status de sua operação seja acompanhado a distância ou até mesmo uma mensagem de alerta seja enviada para o operador, caso ocorra algum evento fora do esperado. Um outro valor para o controle de temperatura (setpoint) com o uso de PID no PLC, pode facilmente ser alterado para um valor superior em um outro projeto de controle de temperatura que utilize controle PID com o uso de um PLC. REFERÊNCIAS [1] NATIONAL Instruments. Explicando a Teoria PID. Disponível em: <http://www.ni.com/white-paper/3782/pt/>. Acesso em:11 nov. 2018. [2] OGATA, Katsuhito. Engenharia de Controle Moderno. 5ed. São Paulo: Ed. Pearson, 2014. 822p. [3] FRACHI, Claiton Moro. Controle de processos industriais: princípios e aplicações. 1ed. São Paulo: Ed. Érica e Sa- raiva.2014, 255p. [4] MONK, Simon. Movimento, Luz com Arduino e Raspberry Pi.1ed. São Paulo: Ed. Novatec, 2016. 5352p. [5] KAGUEYAMA, Cintia Ayumi. Sintonia do controlador PID: método de Ziegler nichols modificado. Disponível em: <http://www.uel.br/ctu/deel/TCC/TCC2011_CintiaAyumiKagueyama.pdf > Acesso em: 10 nov. 2018. [6] MATIAS, Juliano. Teoria de Controle PID. Disponível em: < http: //coral.ufsm.br/beltrame/arquivos/disciplinas/me- dio_automacao_industrial/Artigo_Teoria_controle_PID.pdf > Acesso em: 11 nov. 2018. [7] CONTROLADOR PID (Proporcional-Integral-Derivativo) - Parte 1-Introdução Disponível em:< http://labdegaragem. com/profiles/blogs/artigo-controlador-pid-proporcional-integral-derivativo-parte-1>. Acesso em: 11 nov. de 2018. [8] FERREIRA, Flávio Meireles. Controle de velocidade em motor CA Trifásico utilizando controle PID do CLP. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/3122/2/20134882.pdf > Centro Universitário de Brasília – UNICEUB, 2007. Acesso em 11 nov. 2018. [9] BASILIO, João Carlos; MANYARI, Rivera. Integrated Online Auto-tuning and Digital Implementation of PID Controllers in Industrial Processes. Disponível em: <http://www.dee.ufrj.br/controle_automatico/artigos/icca2011.pdf > Acesso em: 11 nov. 2018. [10] CONTROLADORES programáveis. Disponível em: <https://ab.rockwellautomation.com/pt/Programmable-Con- trollers>. Acesso em: 11 de nov. de 2018. [11] FRACHI, Claiton Moro et al. Controladores lógicos programáveis. 2 ed. São Paulo: Ed. Érica e Saraiva, 2014. 352p. [12]. PLC da Delta. Disponível em: <https://www.deltaww.com/Products/CategoryListT1.aspx?CID=060301&PI- D=ALL&hl=en-US>. Acesso em: 11 nov. 2018. CAPÍTULO 6 AUTORES RESUMO ANÁLISE E CONTROLE DE ESTOQUE NO CANTEIRO DE OBRAS Darc Marianny Freire Xavier José Ribamar Santos Moraes Filho Para alcance de melhores resultados, empresas de todos os segmen- tos devem se atentar a proeminências considerados de grande acui- dade para a gerência de uma empresa adentrando pro canteiro de obras, uma delas são a gestão e o controle de estoque. Saber o que deve permanecer no estoque, definir quando reabastecer o estoque e quão necessidade de estoques são indispensáveis, como controlar este estoque e identificar o estoque obsoleto, é um dos papéis do novo gestor de materiais dentro de uma empresa. Assim, o objetivo deste artigo é analisar os estoques, seus tipos e as ferramentas dispo- níveis de gestão com foco no planejamento e controle dos materiais, de forma que atenda a demanda de uma empresa independentemen- te do segmento em que atua, sem desperdícios no suprimento e com agregação de valor aos investimentos organizacionais. Para tanto, a metodologia de pesquisa utilizada foi o levantamento bibliográfico de caráter exploratório e análise qualitativa. Pode-se verificar que há um grande repertório de sistemas de gestão de estoques e ferra- mentas que facilitam a administração dos materiais na organização, contribuindo para uma maior agregação de valor neste processo, promovendo vantagens competitivas para as organizações. Palavras-chave: estoque; construção civil; controle. 51PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A gestão dos estoques nas obras é essencial paraque o engenheiro de produção tenha total controle dos materiais utilizados na obra, e assim passar para a empresa tudo o que se utiliza, sem desperdícios e nem faltas significativas, evitando problemas na produção e execução da obra. Para Borges et al. (2010), um bom gerenciamento de estoques ajuda na redução dos valores monetários envolvidos, de forma a man- tê-los os mais baixos possíveis, mas dentro dos níveis de segurança e dos volumes para o atendimento da demanda. O gerenciamento dos estoques que são enviados para as obras tem que acontecer desde o cálculo da ne- cessidade real de materiais na obra (contando com possíveis erros e problemas), o pedido, o recebimento, o despacho para a obra, e posteriormente recebendo relatórios semanalmente como este material está sendo aplicado na obra para que não haja desperdícios significativos. Isso tudo de forma sequenciada e sem interrupções para que a obra não pare por falta de estoque. A gestão de estoques visa elevar o controle de custos e melhorar a qualidade dos produtos guardados na empresa. As teorias sobre o tema normalmente ressaltam a seguinte premissa: “é possível definir uma quantidade ótima de estoque de cada componente e dos produtos da empresa, entretanto, só é possível defini-la a partir da previsão da demanda de consumo do produto” (DIAS, 2010, p.36). No relatório enviado semanalmente será analisado cada item mandado para obra, tendo controle dos mesmos. Posteriormente com a junção dos relatórios semanais, tem-se o relatório mensal, avaliando assim um apanhado geral, verificando-se problemas ou não na produção. O objetivo central da pesquisa é entender como o gerenciamento do controle de estoque nas obras pode impactar no crescimento da empresa. O mesmo é importante para que não haja desperdício havendo melhor investimento nos materiais necessários diminuindo assim custos da empresa sendo ele em arma- zenamento posterior de materiais não utilizados, ou descarte apropriado para materiais de construções, e também na falta de materiais na obra atrasando a mesma e incidindo em falta de lucro e credibilidade para a mesma. A gestão de estoque é relevante nas empresas sendo vista como uma estratégia real para melhor avanço na obra, cálculo com erros para que não tenha-se problemas em falta de materiais e consequentemente não haja atraso na execução da obra, no que acarretará em uma empresa rápida na entrega da obra sem desperdícios e com mais lucro. Esse trabalho tem como foco ajudar no menor desperdício possível de materiais na obra e também des- carte correto do mesmo podendo-se utilizar de logística reversa para menor impacto ambiental, bem como tratar para que não falte materiais no canteiro de obra, utilizando maior margem de execução rápi- da, visando maior credibilidade para empresas novas e pioneiras no mercado, pois empresas que sabem descartar seus materiais, ou quase não precisam descartar pois utilizam dos mesmo quase que em sua totalidade, tem maior lucro e menor custo. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 A engenharia de produção e a gestão de operações A Engenharia de produção surgiu após a Revolução Industrial considerada assim relativamente nova em relação as outras engenharias, porém, a origem mais remota da Engenharia de produção pode ser considerada como o instante em que, além de produzir, o homem preocupou-se em organizar, integrar, mecanizar, mensurar e aprimorar a produção (CUNHA et al., 2010). A definição mais utilizada para a Engenharia de produção de acordo com Afonso Fleury é: A Engenharia de Produção tra- ta do projeto, aperfeiçoamento e implantação de sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia, para a produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando os preceitos éticos e culturais. Tem como base os conhecimentos específicos e as habilidades associadas às ciências físicas, matemáticas e sociais, assim como aos princípios e métodos de análise da engenharia de projeto para especificar, predizer e avaliar os resultados obtidos por tais 52PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 sistemas (FLEURY, 2008). 2.2 Gestão de operações A gestão de operações corresponde ao conjunto das ações de planejamento, gerenciamento e controle das atividades operacionais necessárias à obtenção de produção e serviços oferecidos ao mercado con- sumidor (BATALHA, 2008). A área de Gestão de Operações foi submetida a mudanças substanciais desde a aplicação das manufa- turas do século XIX, com determinadas crises de identidades (SPRAGUE, 2007). Da gestão da fábrica, seguida pela Gestão da produção e finalizando na Gestão de Operações, as diferenças se reforçaram, principalmente nas últimas décadas, tendo como consequência um impacto na atividade empresarial quanto nas atividades de ensino e pesquisa. (GUPTA; VERMA; VICTORINO, 2006) Para Kleindorfer et al. (2005) a gestão de operações é determinada como a soma das aptidões e conceitos que possibilitam às empresas estruturalizar e monitorar seus processos de negócio, para conseguir um retorno considerável e competitivo, sem linkar as necessidades especificas de um ou de outro indepen- dentes de serem internas ou externas, considerando o impacto das suas operações sobre cada pessoa e meio, com isso consequentemente alcançando maior produtividade e vantagem competitiva. A mudança no foco das competições externas com a globalização, faz-se necessário a promoção e busca influenciar o estudo e trabalhos práticos de Gestão de Produção e Operações (GPO) (ARKADER, 2003) Falando de gestão da produção, que tem como objetivo determinar um conjunto de políticas que deem embasamento à dinâmica do posicionamento competitivo para uma empresa, consistindo em aspectos com desempenho e programação para diversas ramificações decisórias da produção. Com um sistema de produção (SP), em que insumos são combinados para guarnecer uma saída, a produtividade compete ao maior ou menor aproveitamento de recursos nesse âmbito do processo de produção. Assim um aumento da produtividade é consequência de um aproveitamento significativamente alto de funcionários, máqui- nas, de energia e dos combustíveis consumidos, da matéria prima e assim sucessivamente (RITZMAN; KRAJESWSKI 2004). A gestão de operações (GPO) é um necessário ponto estratégico das empresas, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, conforme Hayes et al. (2004), que comenta também que a GPO está cada vez mais sendo sinônimo de ampliação na concorrência expressivamente relevante nas suas táticas. 2.3 Gestão de estoque Classifica-se por estoque tudo aquilo que gera ou tem a capacidade de gerar riqueza, no sentido econômi- co do termo. Um insumo do estoque é um recurso, pois, agrupado a um produto em processo, irá cons- tituir-se em um produto acabado, que será comercializado por um preço maior ao somatório de todos os custos aplicados em sua fabricação (VENANZI; SILVA, 2013). A gestão de estoque é principalmente definida de acordo com Corrêa et al. (2007, 36p) por “quando e quanto ressuprir determinado item à medida que ele será consumido pela demanda, ou seja, o momento do ressurgimento e a quantidade a ser ressuprida, para que o estoque atenda às necessidades apresenta- das”. No contexto, relata-se que empresas buscam destacar-se diferencialmente estruturando e organizando a sua logística de suprimentos, qualificando a gestão de aquisição de materiais, distribuição, controle e ar- mazenamento dos mesmos, assim como os maquinários disponíveis no canteiro de obras (CARVALHO, 2009). Essa qualidade na logística somente é possível quando o planejamento trabalha paralelamente ao setor de compras, ao setor contábil e ao controle de estoque (GOLDMAN, 2004). Como consequência e benefí- cio tem-se a redução de desvios orçamentários, maior produtividade, diminuição do tempo improdutivo e minimização do desperdício e por resultado maior diminuição de custos durante e no fim da execução 53PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 da obra (CARDOSO,2000). A gestão de estoques é considerada como via fundamental para a minimização e controle dos custos totais e melhoria do nível de serviço prestado pelas empresas (WANKE, 2003 apud KUNIGAMI; OSÓ- RIO, 2009). 2.4 Controle de estoque Segundo Venanzi e Silva (2013) os princípios básicos para o controle de estoque são: • Determinar “o que” pode continuar em estoque (em números); • Determinar “quando” os estoques devem ser reabastecidos (periodicamente); • Determinar “quanto” de estoque se precisa para um determinado período predetermina (quanti- dade de compra); • Informar o departamento de compras para fazer novos pedidos para suprimento do estoque (com- prar); • Receber, armazenar e atender os pedidos do canteiro de obras de acordo com a necessidade; • Analisar estoques em termos de quantidade e valor para fornecimento de informações sobre a situação do estoque; • Manter inventários periódicos para casa análise das quantidades e estados dos materiais estoca- dos; • Vistoriar estoque para identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e/ou danificados. Em acordo Chiavenato (2005) orienta classificar e definir antecipadamente o grau de importância de cada material à frente de serviço. Ele ainda sugere a utilização de projetos para execução, cronogramas da obra e a curva ABC como auxiliadores para tomadas de decisões. As técnicas de controle de estoque estão diretamente ligadas em modelos matemáticos (GUERRINI; BE- LHOT; JUNIOR, 2014) ainda de acordo com os autores, o sistema de estoque mínimo também é descrito como sistema de duas gavetas. O lote econômico de compras que é encontrado através da diferenciação da equação do custo total de estoques representa a quantidade associada ao menor custo total. O sistema de revisão aplicado periodicamente considera constante o período de tempo entre pedidos de reposição consecutivos, e variável, a quantidade pedida em cada solicitação de reposição de insumos. 3. IMPORTANCIA DO CONTROLE DE ESTOQUE O estoque é um artigo imperioso para a formação de uma empresa, seja ela industrial ou comercial. A forma como ele é guardado e controlado pode elevar a lucratividade da empresa ou causar problemas para a mesma. Para isso, é indispensável que o gestor participe ativamente na administração da empresa. De acordo com Tadeu (2010) para o gestor tomar uma decisão de forma eficiente, ele tem que analisar todos os fatores influenciadores, sendo eles externos ou internos, e analisar como chegar-se ao objetivo principal da empresa. Produtos acabados, comercialização correta, armazenamento adequado, melhor manuseio ou transferência de materiais para que não haja necessidade de descarte improprio ou arma- zenamento com tempo excessivo, utilizando de ferramentas e conhecimentos de gestão para melhor desenvolvimento da obra. 3.1 Canteiro de obras e a deficiência no gerenciamento de estoque A NB-1367 (ABNT, 1991, 11p), define canteiro de obras como “áreas destinadas à execução e apoio dos 54PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivencias”. Segundo Vollman, Berry e Whybark (1997) o planejamento e controle da produção ineficiente é uma das maiores fontes de falência das empresas. E muitas obras são prejudicadas pela má gestão de suprimentos (NAKAMURA,2015). Segundo Batalha et al. (2008) pode ter como consequência um péssimo atendimento ao cliente, exce- dente de estoques, escassez de mão de obra, matérias-primas e insumos para atender a necessidade da demandada de produção, mau uso de equipamentos e de mão de obra, alto índice de obsolescência de insumos, componentes e de produtos acabados, atraso nas entregas e alto índice de “apagar incêndio” no chão de fábrica. 4. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, na qual serão utilizados livros, sites de bancos de dados, revistas, periódicos, etc., com publicações que não excedam vinte anos, utilizando- -se para a busca as seguintes palavras-chaves: planejamento e controle de produção; gestão de estoque; canteiro de obras; administração de estoques; gerenciamento de estoque. Os critérios de exclusão utili- zados serão: artigos e dados além do período de vinte anos, ou sem o aprofundamento necessário para enriquecimento do trabalho. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir do estudo de Cunha et al. (2010) analisa-se a engenharia de produção como precursora na orga- nização, integração, mecanização, mensuração e aprimoração a produção, busca uma melhor utilização das funções, respeitando cada etapa e trabalhando-as para que sejam devidamente bem executadas para obtenção dos resultados esperados. Analisando o que Fleury (2008) fala a engenharia de produção está ligada diretamente a gestão de pro- dução mediante as explicações expostas, que tem como objetivo a busca da boa administração de cada setor da empresa, fazendo com que tudo tenha somente uma consequência a conquista da boa execução de tarefas e sinalizando cada risco que pode ocorrer para que tudo seja previamente organizado, e utili- zar-se da melhor maneira para melhor solução do problema. Com a execução de GPO na empresa temos uma melhor produtividade aparente, que podem ser esten- didas por toda as áreas da mesma, tendo assim o máximo de fertilidade na empresa e consequentemente maior lucro como visto por Batalha, 2008. Além disso o GPO trata da melhor formação para execução, analisando desde onde implantar a empresa, buscando referenciais de mercado, até as linhas de produção internas, analisando layouts para melhor execução de processos de acordo com Kleindorfer et al. (2005). O estoque é um ativo importantíssimo na organização pois através dele, cria-se o serviço ou o produto final, de maneira que tem que ser bem armazenado, conservado e aplicado, portanto trata-se de um ativo que se não bem administrado acarretará em prejuízos para a empresa, com a gestão de estoque tem-se um melhor desenvolvimento dos processos, pois sabendo o que se precisa ter no estoque, não haverá necessidade de armazenamentos exorbitantes gerando custos desnecessários, e nem da falta de estoque ocasionando perda de tempo e atraso na obra (VENANZI; SILVA, 2013) Analisando a visão sobre a gestão de estoque por meio de Corrêa et al. (2007) determina quando e quanto deverá ser reposto, analisando frequência de pedidos, recebimento dos mesmos, armazenamento (incluindo o tempo de armazenamento que é superimportante principalmente falando em materiais com validade), tendo assim uma constância no que será realizado com o que tem em estoque e tendo dimen- são de tempo para conclusão da obra o que é tipicamente almejado por empresas, pois quem tem essa gestão de estoque solidificada, têm vantagem competitiva mediante as outras. A partir do estudo de Carvalho (2009) conclui-se que quem sabe o tem, o que se fará com o que tem, em 55PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 quanto tempo terá que ser solicitado novos insumos, quando receberá, sabe automaticamente a previsão de conclusão e utiliza disso como vantagem externa, além do que, quem cumpre suas previsões é visto como bom administrador e tudo isso vende, tudo isso é marketing positivo para a organização. Isso claro deve-se a uma boa comunicação interna, almoxarifes junto ao setor de compras que está linka- do automaticamente com o setor financeiro, tudo é ligado quase que simultaneamente, se tudo funcionar da forma correta as respostas positivas serão mais que certas, aumentando a produtividade, diminuindo desperdícios e tempo de improdução tendo como consequência o fim mais rápido da obra e automatica- mente maior retorno de investimento (lucro), porém se houver falha em qualquer uma das partes envol- vidas a consequência virá encadeada de notícias reversas ao que foi tratado (GOLDMAN, 2004). A gestão de estoque é vista como uma das melhores formas de minimização de custos totais das empre- sas fazendo assim com que se tenha um melhor aparição externacom serviços de qualidade e de rápida obtenção de resultados, determina-se que o controle de estoque é primordial para que a empresa obtenha vantagem competitiva (CARDOSO 2000; WANKE, 2003 apud KUNIGAMI; OSÓRIO, 2009). O controle de estoque baseia-se em princípios que para aplicar-se nas empresas veem através de per- guntas que determinam as necessidades dos estoques, fazendo com que cada empresa tenha suas parti- cularidades com ele determina-se o que pode ficar em estoque, quando haverá necessidade de comprar mais insumos e o quanto precisa para suprir a necessidade por determinado tempo, ou para conclusão de alguma obra, além disso avisar quando haverá necessidade de novas compras para que o estoque não zere, gerando um gargalo na obra. Receber, armazenar e atender a necessidade do canteiro de obras, ana- lisar através de relatórios o estado do estoque, para que a empresa gere um planejamento de compras, por fim sempre verificar o estoque para descartar itens obsoletos ou com algum tipo de avaria (VENANZI; SILVA, 2013). É de grande classificar os insumos com maior importância principalmente com os níveis de preço, para que busque-se controla-lo mais proximamente pois eles serão determinantes para a lucratividade da empresa, uma vez que tem-se muito desperdício ou utiliza-se do produto de forma inadequada a consequência virá em forma de despesas adicionais e declive do lucro (CHIAVENATO, 2005). Para gerir uma empresa e tomar-se decisões sábias precisa-se analisar todos os agentes influenciadores sejam eles internos ou externos, para que a consequência positiva mediante os objetivos da empresa seja favorável (TADEU, 2010). É mais que correto afirmar que a partir do estudo de Vollman, Berry e Whybark (1997) a ineficiência no PCP (planejamento e controle da produção) define a inexperiência de uma empresa e que em pouco tem- po terá como consequência a falência, muitas obras são prejudicadas pela falta de gerência dos estoques, comunicação entre os setores é primordial e fator determinante também como Nakamura (2015) afirma em sua obra. Com base em Batalha et al. (2008), o controle de estoque no canteiro de obras visa melhoramentos sig- nificativos para toda a empresa, principalmente no quesito custo, já que o estoque é um ativo importan- tíssimo para toda a empresa, pois o mau gerenciamento e controle do mesmo implicará em prejuízo em todos as áreas da empresa, assim é importantíssimo que tenha-se um boa análise do estoque e cálculos certeiros para utilização de cada material, trabalhando a margem de erro a cada dia, para que vá dimi- nuindo e consequentemente o erros também diminuam, visando uma boa satisfação do cliente e gerando pontos positivos para uma empresa, principalmente quando trata-se de empresas novas no mercado Essa pesquisa teve como principal objetivo a obtenção de maiores conhecimentos sobre estoque, con- trole de estoque, planejamento e controle da produção e suas formas de analises contendo a melhores maneiras de trabalhar com o mesmo para que não haja perdas significativas no ativo da empresa. 6. CONCLUSÃO A gestão de estoque tem uma importância substancial, visto que esta gestão trata de uma parcela do ativo da empresa. Se essa gestão falhar, a empresa poderá deixar de gerar lucros e agregação de valor a este 56PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 processo. Outro ponto fundamental dentro de uma empresa é a forma como os materiais são armazena- dos e movimentados. Pois se não for de uma forma correta incidirá danos aos materiais, em consequên- cia, custo para a empresa. Estoques elevados e mal administrados aumentam o preço final dos produtos, bem como uma aplicação indevida do capital de giro. Também se observou que uma empresa pode apresentar maior ganho e melhor serviço junto a seus clien- tes com o uso de um método adequado de controle de estoque e um processo de armazenagem satisfa- tório. Hoje, por meio da informatização, o gestor pode contar com os vários sistemas e ferramentas de gestão de estoque, auxiliando-o nas rotinas administrativas da empresa, trazendo melhorias e completo controle e organização para as melhorias futuras. REFERÊNCIAS BATALHA, organizador Mario Otávio. Introdução à Engenharia de produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 41 p. BORGES C. T.; CAMPOS S. M.; BORGES C. E. Implantação de um sistema para o controle de estoques em uma gráfica/ editora de uma universidade. Revista Eletrônica Produção & Engenharia, v. 3, n. 1, p. 236-247, Jul./Dez. 2010. CARDOSO, F.C. Organização e gestão da produção na construção civil. Universidade de São Paulo. São Paulo: 2000. CARVALHO, K. Planejamento. Construção Mercado. São Paulo: 2009. 27 p. CHIAVENATO, I. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 169 p. CORRÊA, Henrique Luiz; GIANESI, Irineu Gustavo Nogueira; CAON, Mauro. Planejamento, programação e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2007. 36 p. CUNHA, Gilberto et al. Trajetória e estado da arte da formação, Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Brasília: 2010. 19 p. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 5. ed.São Paulo:Atlas, 2010. FLEURY, Afonso. O que é Engenharia de Produção? In: BATALHA, Mário Otávio. Introdução à Engenharia de Produ- ção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 312. GOLDMAN, P. Introdução ao planejamento e controle de custos na construção civil brasileira. 4ª ed. Editora Pini, 2004 176 p. GUERRINI, Fábio Muller; BELHOT, Renato Vairo; JUNIOR, Walther Azzolini. Planejamento e controle da produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 140 p. GUPTA, S.; VERMA, R.; VICTORINO, L. EmpiricalResearchPublished in Productionand Operations Management (1992-2005): Trendsand Future Research Directions. Productionand Operations Management, v. 15, n. 3, p. 432448, 2006. KUNIGAMI, J.F.; OSÓRIO R.W. Gestão no controle de estoque: Estudo de caso Montadora Automobilística. Revista Gestão Industrial. v.05, n.04: p24-41. NAKAMURA, J. Gestão à prova. Téchne, São Paulo, 215 ed. P.-28-33, 2015. Nb-1367. Áreas de vivencias em canteiros de obra. (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – 1991. Disponível em: <wlmcne.blogspot.com/2007/12/administraoda-produo.htm> Acesso em: 10 de outubro de 2018. SILVA, Orlando Roque da; VENANZI, Délvio. Gerenciamento da produção e operações. Rio de Janeiro: LTC, 2013 88/89 p. SPRAGUE, L. Evolution of the field of operations management. Journal of Operations Management, v. 25, p. 219-238, 2007. TADEU, Hugo Ferreira Braga. Gestão de Estoques: Fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas aplicadas. 1ª edição. São Paulo: CENGAGE, 2010. VENANZI, Délvio; SILVA, Orlando Roque da. Gerenciamento da produção e operações. Rio de Janeiro: LTC, 2013 87 p. VOLLMAN, T.E.; BERRY, W.L.; WHYBARK, D.C. Manufacturing plannig & control systems. Nova York, McGraw Hill, 1997 CAPÍTULO 7 AUTORES RESUMO ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET): TRABA- LHADORES FEIRANTES LO- CALIZADOS NA FEIRA DA COHAB ANIL II EM SÃO LUÍS - MA Francisco Gomes Soares Jú- nior Géssica do Nascimento Olivei- ra Lucas de Moraes Duo Nilvana Sousa dos Santos Talissa Raiane T. Dutra José Ribamar Santos Moraes Filho A ergonomia ressalta a interação entre o homem e o ambiente de trabalho, as condições na qual os funcionários estão submeti- dos, os quais influenciam diretamente na qualidade do produto e no desempenho dos processos e serviços. O estudo tem como objetivo realizar a Análise Ergonômica do Trabalho através da ferramenta Ergolândia e Owas aplicada aos feirantes nos seus postos de tra- balho na cidade de São Luís na feira Cohab Anil II. A metodologia utilizada tratou-se de uma pesquisa qualitativa, quantitativa, explo- ratória, com escopo de estudo de casos múltiplos, através de entre- vistas semiestruturadas e observação sistemática dos postos de tra- balho. Os resultados que foram obtidos, ressaltam que o ambientes de trabalho dos feirantes não cumprem os requisitos estabelecidos pela NR 17,onde não são atendidas as condições básicas sanitárias extremamente importante para a realização das atividades. Destaca- -se também, que muitos desconhecem as informações necessárias sobre os aspectos ergonômico. Com tudo no que tange o aspecto da qualidade de Vida no Trabalho, na qual visa o bem-estar no traba- lhador, observou que os feirantes não se sentem motivados com suas atividades. E que a profissão desempenhada é mais uma forma de sobrevivência do que uma escolha profissional. Palavras-chave: Ergonomia; Posto de Trabalhos; Ergolândia; Fei- ra. 58PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO Segundo a Norma Regulamentadora NR 17 do ano de 1990, a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), tem como objetivo, rastrear, observar e avaliar as relações existentes entre demandas de doenças, aciden- tes e produtividade com as condições de trabalho, com as interfaces, com os sistemas e a organização do trabalho. Neste contexto, a AET compreende três importantes fases: i) análise ergonômica da demanda; ii) análise ergonômica da tarefa (envolve a análise dos ambientes físicos, das condições posturais e an- tropométricas dos trabalhadores, dos aspectos psicológicos dos trabalhadores, da análise organizacional, das condições ambientais); e iii) a análise ergonômica das atividades. Por conseguinte, faz-se a formula- ção do diagnóstico, bem como as recomendações ergonômicas. As condições de trabalho e o ambiente onde o trabalhador está inserido influenciam na qualidade do produto e desempenho dos processos, e reflete na qualidade de vida dos funcionários. Neste cenário, surge a importância da ergonomia, que destaca os aspectos físicos, relacionado com as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação a atividade física; os as- pectos cognitivos, o qual refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema; e, os aspectos organizacionais, o qual concerne à otimização dos sistemas sócio técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos (ABERGO, 2017). O objetivo do estudo consiste em realizar a AET aplicada ao posto de trabalho de feirantes na cidade de São Luís. A feira analisada acontece em todos os dias da semana, localizada próxima a Maternidade Mar- ly Sarney, Bairro Cohab Anil II, de 5:30h às 16:00h. Neste contexto, emerge a importância de verificar como os trabalhadores e vendedores da feira conseguem suportar condições extremas, seja em suportar as condições ambientais do dia (odores ruins e temperatura elevada, principalmente). Portanto, o estudo propicia, não só oportunidade de investigar tais aspectos, como uma análise mais profunda, através dos preceitos de Ergonomia, para o estudo de tal posto de trabalho. Avaliação ergonômica dos trabalhadores feira livre da COHAB, fizemos por meio de entrevistas pergun- tas sobre a higienização do local entre outros fatos, que ali se apresentam preocupantes, como riscos de acidentes, riscos físicos, químicos e biológicos. A falta de segurança no local e os descuidos praticados pelos feirantes com a sua alimentação deixam a desejar fazendo assim os riscos de doenças aumentarem ainda mais. Os objetivos específicos deste trabalho consiste em: Verificar os principais riscos ergonômicos e a falta de segurança vivida pelos feirantes. Preparar e cons- cientizar os feirantes dos ricos presentes por má alimentação e por descuidos em suas posturas.Aplicar o uso da ferramenta Ergolândia para avaliar a ergonomia dos trabalhadores em prol de estabelecer uma melhoria continua no ambiente em que os feirantes se encontram. 2. METODOLOGIA A metodologia adotada no trabalho se classifica como um estudo de caso, que se deu por meio de entre- vistas e técnica de obervação.As observações das atividades realizadas naquele local aconteceram em uma visita, foram tiradasimagens dos equipamentos utilizados pelos feirantes e do ambientede trabalho em que atuam. Analisou-se as condições dos feirantes ao realizar suas tarefas e como seus produtos eram armazenados A metodologia é a essência principal em qualquer que seja a pesquisa na procura do conhecimento e permite definir as ferramentas e os meios utilizados (LEÃO, 2011). 3. REVISÃO DE LITERATURA Por volta do século XIX, houve uma crescente na quantidade de máquinas, atividades que nescessita- vam de grandes esforços físicos, até crianças eram inseridas nesses trabalhos, onde a importância estava 59PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 voltada para o quanto se produzia. Trabalhava-se durante 16 horas por dia! Backer, um médico da época propôs uma análise bastante criteriosa, relacionada aos impactos que a realização das atividades de tra- baho afetaria na saúde do operário. A partir desse estudo outros países começaram a realizar esse mesmo tipo de investigação (PEREIRA, 2001). O termo Ergonomia foi primeiramente mencionado no ano de 1857,por W. Jastrzebowski, que leciona- vano Instituto Agronômico de Varsóvia. O seu trabalho titulava-se “Ensaios de ergonomia, ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”. A palavra ergonomia tem origem grega: ”ergo”quer dizer“trabalho”, e “nomo” significa“regras”, portanto o termo representa, estudos normati- vos do trabalho (ABRANTES, 2004). Há 27 séculos, o poeta grego Hesíodo escreveu os versos do Erga (Os Trabalhos e os Dias). Naquela obra, Érgon é enaltecido como o trabalho relacionado a subsistência e dignificação do homem. Pónos, um dos males que sai da jarra de Pandora, é o trabalho árduo, fatigante, que humilha o homem. Foi na raiz grega érgon que se inspirou o engenheiro inglês Murrel para, em 1949, cunhar o termo ergonomia, para significar o estudo sistemático do trabalho tendo como referência o bem estar do homem (OLIVEIRA e COLS., 1998, p. 125). Contrariando o que ocorre com os demais tipos de ciência, que ao decorrer do tempo perdem o foco inicial, a Ergonomia foi oficializada no dia 12 de junho do ano de 1949, na Inglaterra, reuniram-se pes- quisadores e cientistas integrantesdo mesmo grupo que tinham o intuito de fazer debates e promover a oficialização dessa nova área específica da ciência e, em feveireiro de 1950, numa outra reunião foi acordado uma evolução da ergonomia (IIDA, 2005). Em meados da década de 1950 a Ergonomia veio a tornar-se mais relevante, ao criar a Ergonomics Research Society, localizada na Inglaterra. Diversos estudiosos que detinham pesquisas pioneiras neste ramo, iniciaram a expanção de informações, considerando sua aplicabilidade nas indústrias, os princi- pais países da europa passaram a aplicar a Ergonomia, trazendo inovações em diversas áreas do trabalho (IIDA, 2005). A valorização da sáude dos colaboradores é essencial para o bem estar da empresa, sendo que o local de trabalho deve atender as características individuais, passando a utilizar um sistema independente, colo- badorando com saber, promovendo um conforto maior na realização de atividades, diminuindo jornadas de trabaho, valorizando-se cada um dos colaboradores. Desta forma, resutados melhores serão alcança- dos (IIDA, 2005). Inspecionar criteriosamente os movimentos funcionais do corpo humano é o principio da ergonomia, deve-se adequar fisicamente e produtivamente da melhor forma possível o colaborador, relacionado ao local em que realiza suas atividades de trabalho, por meio de um método que lhe possibilite uma melhor execução (OLIVEIRA; COLS, 1998). A prevenção à sáude é o principal foco da ergonomia, visando toda uma análise das relações humanas ao trabalho,interpretando de forma abrangente, não levando em conta apenas as máquinas e demais fer- ramentas, porém a relação humana e suas atividades ocupacionais, onde o colaborador de mesma forma deve apresentar evoluções positivas, transmitindo informações antecipadas, ao executar o trabalho e de- pois de realizar tal atividade. O desejoé alcançar uma equipe que tenha conhecimento em diversas áreas, juntamente com um sistema que abrange o homem, máquina e local de trabalho (IIDA, 2005). Esta ciência é muito abrangente, anteriormente só era visada no cunho industrial. Logo após, começou a ser implantada, na mineração, agricultura e, atualmente, chegou a diversas áreas onde se tem a pos- sibilidade de implementá-la, sempre buscando tecnologias inovadoras econhecimento relacionado as organizações, economia e a sociedade (ABRANTES, 2004). A Ergonomia é considerada como ciência pela Associação Brasileira, que estuda a relação do homem com as tecnologias em seu posto de trabalho, visando o bem estar do colaborador, realizando suas ativi- dades na empresa de forma produtiva e com segurança. Trazendo ao profissional da ergonomia o com- prometimento de planejar, elaborar meios para desenvolver a ergonomia em suas três totalidades, física, cognitiva e organizacional. Desto modo, sempre buscando diminuir a taxa de estresse, fadiga, acidentes, dentre outros diversos casos que possam ocorrer, com foco na segurança, satisfação e saúde do colabo- 60PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 rador (IIDA, 2005). Segundo Abrantes (2004), a ergonomia poder utilizada em diversas áreas, estudando e analisando, onde houver a realização de uma atividade, ali poderá se aplicar um estudo sobre ergonomia. A mesma é divi- dida em 3 tipos, havendo: a de conscientização, de correção e de concepção. A que se referea conscienti- zação tem o intuito de manter e capacitar os colaboradores para a realização das atividades. A de correção busca por pequenos ajustes nos locais de trabalho. Já a de concepção visa colocar informativos essencias para os colaboradores relacionados ao ambiente em que realiza suas atividades. De acordo com Iida (2005), a ergonomia de conscientização busca ensinar o colaborador, a entender e fazer correções de dificuldades existentes durante a jornada de trabalho. A ergonomia de correção atua na realização das atividades laborais, visando uma produção com qualidade, mas se preocupando com a fadiga e segurança dos colaboradores, tentando evitar doenças advindas das más posturas na prática de alguma atividade. E a ergonomia de concepção acontece nos momentos de se projetar algum produto. A ergonomia traz grandes melhorias para as intituições, encontrando solução para problemas existentes,- satisfação do ser humano, visando um bom local de trabalho e aumento na produção, sempre focados na segurança e saúde dos colaboradores (VIEIRA, 1997). Para Couto (1995), a ergonomia busca novas soluções para dificuldades já existentes, fazendo ajustes nos locais de trabalho focados na diminuição de riscos ergonômicos melhorando a prática de atividades laborais, inovando, apresentando informação relacionada ao nível de qualificação do serviço prestado, no decorrer do processo, criando pontos positivos e essenciais para as instituições. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Análise da Demanda Em todo o processo produtivo da feira observa-se que todos os trabalhadores não obedecia os principios básicos da ergonomia. Ressalta-se que a falta de informação afeta diretamente o feriante no decorrer da sua atividade, atraves da má postura, prejudicando seu organismo, principalmente a coluna. Não há nenhum cuidado no carregamento de mercadorias, é feito nos ombros, diversas vezes ao dia. Alem dos fatos já abordados, observou-se que todos os entrevistados durante horas ininterrupitas, na posição em pé e que alguns já estão em idades pouco avançada. 4.2 Análise da Tarefa O estudo tem como assunto principal à AET aplicado às tarefas realizadas por trabalhadores da feira da da Cohab II, São Luís – MA, constatando a rotina diária dos feirantes e como se comporta no ambiente de trabalho, se estão realizando suas atividade de maneira adequada. O vendedor de Peixe (Figura 1), primeiro a ser entrevistado, tem 46 anos de idade e trabalha com uma mulher (Figura 2) que tem 43 anos, no box da feira da Cohab a 17 anos e ela 23 anos de idade, possuindo folga apenas na segunda, sendo que a jornada de trabalho dos vendedores de peixe comeca 7:00 horas e termina às 23:00 horas. 61PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1 – Feirante de pescado no seu ambiente de trabalho Fonte: Autores Ambos realizam suas atividade no seu posto de trabalho em pé, fazendo com que sinta dores constantes no pé, na lombar e raramente procuram alguma unidade de saúde. Figura 2 – Feirante no seu ambiente de trabalho Fonte: Autores Com a aplicação do metodos OWAS (Figura 3 e 4), inserindo os dados obtidos através do estudo, pode-se perceber que há uma necessidade de organização do seu posto de trabalho e uma postura adequada para evitar futuras doenças ocupacionais, pois, suas ferramentas de trabalhos estão deslocadas e a postura de ambos estão com a postura inclinadas com pequenos esforços. Logo, seu ambiente de trabalho torna-se propicio á acidentes. 62PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 3 - Aplicação do método OWAS no feirante da venda de peixe Fonte: Autores Figura 4 - Aplicação do método OWAS no feirante da venda de peixe Fonte: Autores O vendedor de frutas (Figura 5), tem 42 anos de idade e 25 anos de trabalho, trabalha todos os dias, das 4h às 15h e precisa carregar aproximadamente 120 kg por dia,. Este fica maior parte do tempo em pé, logo no final da jornada de trabalho sente muitas dores nas pernas e pés, além de seu posto de trabalho 63PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 está proximo a um esgosto, deixando assim exposto a contaminações. Figura 5 - Apresenta o feirante em sua atividade laboral Fonte: Autores Aplicando o metodo OWAS (Figura 6) atraves de dados coletados, se mostrou necessário mudar sua postura dentro do seu ambiente de trabalho. Figura 6 - Aplicação do método OWAS no feirante da venda de frutas Fonte: Autores Já o vendedora de mariscos (Figura 7), tem 56 anos de idade e 43 anos de trabalho na feira, demons- trando um amor pela profissão, estando seu ambiente de trabalho exposto a esgosto a céu aberto, relatou sentir muitas dores na coluna, deve-se ao banco sem encosto no qual ela fica sentada durante sua jornada de trabalho, com isso o metodo OWAS foi aplicando (Figura 8), sendo obrigatorio as mudanças de forma urgente na sua postura. 64PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 7 – Apresenta o posto de trabalho da feirante de mariscos Fonte: Autores Figura 8 - Aplicação do método OWAS no feirante da venda de mariscos Fonte: Autores Todos os entrevistados realizam suas tarefas, como já foi relatado anteriormente, em pé. Eles ficam du- rante muitas horas numa mesma posição, sem alternar sua postura, o que lhes conferem dores na coluna e nas pernas. Além disso, todos utilizam utensílios afiados para a realização de suas atividades que re- querem um manuseio cuidadoso e uma posição certa para segurá-los, pois caso contrário, podem causar dores nos pulsos e braços. verificou-se que os postos de trabalho não cumprem os requisitos estabeleci- dos pelas normas acima, onde não são respeitadas condições básicas ambientais e sanitárias necessárias para a realização das atividades, e não possuem regras predefinidas para sua elaboração. Além disso, os feirantes desconhecem informações importantes que facilitariam suas atividades, principalmente em relação aos aspectos ergonômicos, como por exemplo: como adotar posturas corretas; como se abaixar segurando as cargas de modo correto; como segurar os equipamentos impedindo o surgimento de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e outras dores nas articulações; e a importância de ter um local para sentar 65PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 e alternar as posições. 5. CONCLUSÃO A equipe pôde coletar informações preciosíssimas que podem ser de grande utilidade à sociedade. Mas dentre as melhorias que os feirantes relataram que podem ser implantadas estão a limpeza, ventilação, saneamentobásico, descanso para almoço e maior conforto aos feirantes. Mas a equipe pode observar também que a criação de uma cooperativa exclusiva para o comercio de feirantes seria uma boa saída para as problemáticas identificadas na pesquisa. Nossa sugestão para corrigir os problemas da melhoria do local é uma reunião de primeira instância com os feirantes para organizarem entre sim um órgão res- ponsável por eles e por tudo ao seu redor do ambiente de trabalho e que ao mesmo tempo é um garantidor de que as suas leis trabalhistas de acordo com a CLT estejam sendo cumpridas da maneira que devem ser. Montando assim então um sindicato ou se enquadrando em algum de suas referências. Assim irão garan- tir as melhorias no local de trabalho e na execução de seu trabalho, rendendo assim mais para o feirante garantindo então seu rendimento necessário para viver. REFERÊNCIAS ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. O que é Ergonomia. 2011. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/ internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso em 06 de abril de 2019. ABRANTES, A. F. Atualidades em ergonomia: logística, movimentação de materiais, engenharia industrial, escritó- rios. São Paulo: Imam, 2004. CAV, Santos LF. Distúrbios osteo-musculoligamentares relacionados ao trabalho (Dort): uma revisão. Saúde e quali- dade de vida. Dynamis: Revista Técnico Científica 2000;8(3):36-41. COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. 2.ed. Belo Horizonte: Ergo, 1995. FERREIRA, L. C.; PEREIRAL, T. S.; SANDOVAL, R. A.; VIANA, F. P. Avaliação da qualidade de vida de trabalhado- res feirantes. Revista Movimenta; Vol 2, n. 4, 2009. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. LEÃO, A. (2011). “Eficiência na Produção Utilizando a Metodologia Kaizen na Empresa Bunge Brasil de Rondonó- polis-Mt”, Revista Cientifica Eletrónica de Ciências Sociais Aplicadas da Eduvale, N.6. PEREIRA, E. R. Fundamentos de ergonomia e fisioterapia do trabalho. 2.ed. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2001. OLIVEIRA, C. R. E COLS. Manual Prático de LER: Lesões por esforços repetitivos. Belo Horizonte: Heath, 1998. VIEIRA, S. D. G. Estudo caso: análise ergonômica do trabalho em uma empresa de fabricação de móveis tubulares. 1997. Dissertação (Mestrado Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopolis. Disponivel em: < https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/77303/106975.pdf?sequence=1&isAllowed=y >(Acessado em 01 de abril de 2019, às 14h35min.). CAPÍTULO 8 AUTORES RESUMO A IMPORTÂNCIA DA MANU- TENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM UMA LINHA DE LAPIDA- ÇÃO NAS INDÚSTRIAS DE VI- DROS Ronaldo Marcio Gonçalves Eduardo Mendonça Pinheiro Com o desenvolvimento das indústrias de vidros ao longo dos anos e a modernização de suas linhas produtiva, o treinamen- to operacional e a manutenção necessitaram de um novo olhar que acompanhasse esta evolução, que transformasse o sistema da era Industrial neoclássica já ultrapassada em um sistema da era da In- formação. A aplicação da TPM como método de trabalho nas indús- trias de vidros citadas neste trabalho e a padronização do sistema de manutenção, tornaram-se paradigmas a serem estudados e aplicados por todos. Com a implantação de determinadas técnicas, resultou-se na satisfação de todos os envolvidos no processo, oferecendo servi- ços com qualidade, tempo útil para produzir, controle e minimiza- ção de custos, aumento na vida útil dos equipamentos e estratificar os objetivos da empresa, buscando a melhoria contínua da prática da TPM. Nesse trabalho está incluído o levantamento de problemas crônicos que afetam a produção em uma linha de lapidação, o equi- pamento e a qualidade do produto, o estudo das reais causas desses problemas, a identificação de pontos de melhoria e a criação de um plano de manutenção otimizado para o equipamento estudado. Palavras-chave: Manutenção Produtiva Total, Treinamento Opera- cional, Padronização do Sistema. 67PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO O Vidro está presente na vida do ser humano em todos os momentos, seja em um reflexo no espelho, no para-brisa de um carro, na instalação de uma janela ou até mesmo em casos sofisticados como em painéis solares. Sua beleza é de forma imensurável, considerado pelos cientistas como o material mais importante do futuro, por ser 100% reciclável e possuir diversas aplicações. Porém, este mesmo vidro pode oferecer riscos de acidentes se forem produzidos de forma deficiente, fora dos critérios de aprova- ção das normas técnicas, por isso a necessidade de ser produzido por máquinas em perfeitas condições de trabalho e com um operacional qualificado. A manutenção de máquinas e equipamentos em uma indústria é importante tanto para garantir a seguran- ça dos que operam essas máquinas quanto para melhorar a qualidade, minimizar os custos de produção e evitar determinados desperdícios. A elaboração de um plano de manutenção deve ser tão priorizada quanto o planejamento de produção, porém em virtude da acirrada concorrência de mercado muitas em- presas optam por alcançar um maior índice de produção para gerar mais lucro em menos tempo. Nas indústrias de vidros, a produção por ser consideravelmente complexa e algumas vezes lenta, força os gestores de produção a acelerar todo o processo para alcançar metas estabelecidas, por isso a manutenção destas máquinas e equipamentos acaba ficando em segundo ou até mesmo em terceiro plano, e a conse- quência disso são máquinas trabalhando quase que ininterruptamente sem as pausas para manutenções necessárias. Uma falha considerada grave nestas indústrias de vidro é o fato das mesmas minimizarem a importân- cia de um plano de manutenção. Se houvesse esse plano de manutenção obedecendo fielmente as datas de execução evitar-se-ia danos às máquinas, paralisações na produção, desperdício de matéria bruta ao passo que aumentaria a produtividade e consequentemente daria maior poder competitivo no mercado, visto que suas máquinas trabalhariam com mais precisão, qualidade e rapidez, diminuindo o estresse dos operadores e alcançando uma alta performance de produção sem perda de qualidade. 2. EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO NAS INDÚSTRIAS Hoje em dia vivemos em um mundo globalizado, ou seja, com integração econômica e tecnológica em todos os países. Com essa globalização, as indústrias precisaram se adequar a todas as exigências do mercado como: defeitos zero, produção em dia sem atrasos e interrupções, qualidade nos produtos ofe- recidos, custos mínimos e o mais importante, a satisfação do cliente. Nada disto seria possível sem um plano de manutenção efetivo para favorecer a todas estas possibilidades. Por volta do século XVl, as máquinas mecânicas começaram a surgir de forma tímida nas indústrias, elas foram ganhando o seu espaço favorecendo o crescimento durante a revolução industrial. Com esse crescimento, surgiu então a necessidade de cuidar dos equipamentos para que não houvesse interrupções durante a produção. Porém, foi durante a segunda guerra mundial que o conceito de manutenção ocupou um espaço importante nos meios de produção e após este período a manutenção nunca mais foi vista simplesmente como momentos de consertos corretivos de máquinas. Ela passou a ganhar proporções nas indústrias, levando os técnicos e gestores conhecerem e assumirem a sua importância no meio produtivo. Podemos entender a manutenção como um conjunto de cuidados técnicos necessários para conservar o bom funcionamento de um equipamento e também ao reparo de máquinas, peças e ferramentas. Estas técnicas podem ser simples como a limpeza de um componente até substituição de um sistema defeituo- so. Silva (2004) em seu projeto de conclusão de curso é mais específico em sua definição de manutenção: Formalmente, a manutenção é definida como a combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item emum estado no qual possa desempenhar uma função requerida (SILVA, 2004, p. 18). Fazer manutenção significa fazer tudo que for preciso para assegurar que um equipamento continue a desempenhar as funções para as quais foi projetado, num nível de desempenho exigido. Então podemos 68PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 observar que o objetivo da manutenção é manter um equipamento em perfeito estado de conservação e desempenho. Para Kardec e Nascif (2009, p. 01) “nos últimos 30 anos a atividade de manutenção tem passado por mais mudanças do que qualquer outra atividade”. Isso devido ao aumento acelerado das di- versidades das instalações e equipamentos, projetos mais complexos, novas técnicas de manutenção e o aumento da competitividade das organizações. A manutenção adquiriu um espaço em diferentes setores. Conforme afirma Almeida (2014, p. 15), “a manutenção não atua apenas em máquinas e equipamentos que estão em operação, atua também na concepção de um projeto”. Almeida (2014) disse isto visualizan- do a disposição de peças, a acessibilidade dos conjuntos pelo mecânico e até mesmo o dimensionamento das peças e dos componentes que devem obedecer a critérios para facilitar as operações de manutenção futura. De acordo com Nogueira (2012, p. 176) em seu artigo sobre Manutenção Industrial, afirmam que “a evo- lução da manutenção teve o seu marco a partir da segunda guerra mundial, quando a indústria, necessitou se adequar para atender a demanda do mercado”. Antes disto, as máquinas não eram tão mecanizadas e eram superdimensionadas necessitando de uma mão de obra para a conclusão do processo industria- lizado. Com a chegada da modernização tecnológica, as máquinas industriais passaram a ter um papel relevante nos meios de produção, diminuindo o dimensionamento, facilitando a operação e aumentando o resultado final da produção. Com a chegada da automação, mudou-se o conceito de produção, ela está presente em diversos segui- mentos diferentes. Sobretudo, a mecanização tem evoluído de forma a apresentar resultados satisfató- rios, o crescimento da automação e da mecanização passou a indicar que a confiabilidade e a disponibi- lidade tornaram-se pontos chave em setores tão distintos. Entretanto, a manutenção destes equipamentos era dispendioso, e o papel da manutenção era subvalorizado, isso fazia com que apenas os fabricantes de máquinas exercessem a manutenção dos equipamentos, isto causava transtorno na produção com má- quinas parada e aumento nos preços a fim de cobrir despesas com a manutenção corretiva. Em virtude da necessidade crescente, a manutenção passou a conquistar cada vez mais espaço nas indústrias e con- sequentemente objeto de estudo nas engenharias, de acordo com Silva (2004, p. 13) “a manutenção de máquinas, por sua vez, deixou de ser centralizada, para ser descentralizada, ou seja, cada área produtiva passou a ter a sua própria manutenção”. Desta forma, o mercado industrial cresceu e começou a ficar mais competitivo. Com máquinas trabalhando em boas condições, os prazos de entrega diminuíram e as receitas aumentaram. Com o aumento da produção, novamente começaram a surgir problemas na qualidade dos produtos industrializados e falhas nos cronogramas de manutenção. Visto que a concorrência acirrou o mercado forçando os gestores a tomarem medidas mais severas para agilizar a produção, resultando em produtos de má qualidade e quebra das máquinas por falta de manutenção preventiva. Nogueira (2012) ilustra cla- ramente o significado desta atitude em seu artigo sobre implementação da manutenção produtiva total. “Ao se tratar de qualidade e produtividade, a manutenção exerce um papel vital, evitando com que o equipamento sofra uma parada não programada ou que comece a produzir fora de padrão” (NOGUEIRA; GUIMARÃES; SILVA, 2012, p. 176). E este conflito entre manutenção, produção e qualidade permanece constante até os dias de hoje. Enquan- to algumas indústrias focam em produção e outras em qualidade, a manutenção tem perdido o seu lugar neste planejamento. Nogueira (2012) disse que “quando a manutenção é bem estruturada, pode ser consi- derada como fonte de lucro e um diferencial competitivo no mercado”. Para os gestores compreenderem que a manutenção precisa fazer parte do seu planejamento estratégico, significa em seu entendimento limitar o processo de produção e reduzir os lucros, devido as paradas para manutenção. Então, ignoram o planejamento principalmente por não conhecer o resultado que este programa oferece. Alguns optam até mesmo por trabalharem com manutenção corretiva, explorando o máximo que um equipamento pode oferecer até a sua quebra. Esse tipo de manutenção como manutenção por quebra, “O processo de ma- nutenção realizado após uma quebra é intitulado de Manutenção por Quebra” (PALMEIRA; TENÓRIO, 2002, p. 83). O objetivo da manutenção, não é atrapalhar a produção e gerar despesas. De acordo com Silva (2004, p.13), “basicamente, as atividades de manutenção existem para evitar a 69PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 degradação dos equipamentos e instalações, causados pelo seu desgaste natural e pelo seu uso”. Esta de- gradação se manifesta de diversas formas, desde a aparência externa ruim dos equipamentos, até perdas de desempenho e paradas da produção e a fabricação de produtos de má qualidade. Nas indústrias de vidro a situação não é diferente das demais, os gestores por sua vez desprezam a im- portância da formação de um setor de planejamento estratégico de manutenção, da qualificação da mão de obra tanto para o setor de manutenção como para o operacional. Harduin Reichel (2008) em seu livro “treinamento e desenvolvimento” cita a importância de um operacional treinado e capacitado para exer- cer as suas atividades de forma eficiente. “As empresas precisam de pessoas bem preparadas para realizar corretamente as suas atividades, a fim de repetir as operações dentro dos padrões estabelecidos para obter seus produtos com a qualidade desejada. Dessa forma elas precisam de treinamento técnico” (REICHEL, 2008, p. 111). Não resolve para uma empresa, possuir um planejamento de manutenção se o conjunto operacional for deficiente em conhecimento. É necessário que haja uma sintonia entre os operadores com os seus respec- tivos equipamentos de trabalho e os responsáveis pela manutenção. A manutenção em si, inicia-se com os operadores durante o seu expediente de trabalho. Uma inspeção visual, uma limpeza na máquina, a retirada de água do filtro pneumático, todas estas e outras tarefas, são ações de manutenção diária que precisam ser executadas. Ao verificar qualquer sinal de anomalia no equipamento fora do normal, é mo- tivo para que o setor de manutenção seja acionado para tomar as devidas providências. 3. MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL - TPM Este é o tipo de manutenção proposto neste artigo, é a manutenção mais abrangente, com foco em quali- dade, produção, capacitação de operadores de máquinas, manutenção preditiva e preventiva. A manuten- ção produtiva total (Total Productive Maintenance – TPM) teve início no fim da segunda guerra mundial, introduzida nas indústrias japonesas por volta de 1950. As empresas do Japão precisavam se reerguer e se reorganizar para se manterem novamente no mercado. Conseguir um emprego ou manter o próprio emprego durante esse período era considerado uma luta por sobrevivência. Então a manutenção produti- va total surgiu em meio a essa crise. As empresas japonesas, como a Toyota criaram várias ferramentas administrativas para reestruturar a sua infraestrutura. Isso mexeu com a forma de pensar dos japoneses, surgindo então um plano de manutenção que tinha como modelo a manutenção preditiva e preventiva. Este tipo de manutenção envolve uma postura diferenciada de toda a indústria, pois há uma necessidade de que todos participem e respeitem o processo de interação com disciplina e comprometimento. A em- presa precisa estar preparada para receber a implantação deste tipo de manutenção.Hoje em dia, a TPM abrange diversos tópicos importantes da manutenção dentro das indústrias, como: Reparo corretivo. Gestão mecânica da manutenção. Manutenção preventiva. Visão sistemática. Manutenção preditiva. Abordagem participativa. Manutenção autônoma. Por isso há uma necessidade de mobilização de todos os colaboradores efetivos na indústria. O interesse em uma indústria confiável, segura e organizada passa a ser de todos. Pois a TPM possui metas a serem alcançadas como: Defeito zero. Falha zero. 70PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Aumento de disponibilidade de equipamento. Aumento de lucratividade. Para atingir estas metas é necessário que exista um planejamento de ação que possa abranger os pilares da TPM e esses pilares precisam ser alcançados por todos os envolvidos na produção através de treina- mentos e capacitação técnica. É através destes pilares que se mantêm a base da estrutura deste planeja- mento tão efetivo, realizando atividades que aumentem a eficiência do equipamento, estabelecendo sis- temas de manutenção autônoma pelos operadores, estabelecendo um sistema planejado de manutenção e treinamento operacional. Os pilares da TPM são: Eficiência. Auto reparo. Planejamento. Treinamento. Ciclo de vida. Os operadores de máquinas precisam ser capacitados de modo a executarem a manutenção periódica de forma voluntária assumindo várias responsabilidades como a limpeza do setor, organização e arrumação. Neste processo de inclusão de responsabilidades, os operadores de máquinas são treinados e capacitados a atuarem como mantenedores e os mantenedores são acionados quando estes mesmos operadores não conseguem resolver algum tipo de problema. Quanto aos gestores das indústrias, é necessário que in- centivem a todos para buscarem melhorias tanto no processo de produção quanto manutenção. Pode-se dizer que a Manutenção produtiva Total é muito mais do que fazer manutenção. Ela é abrangente, uma filosofia gerencial e operacional que atua na forma organizacional, no comportamento das pessoas de como tratam os problemas, um modelo a ser seguido não só na manutenção, mas em todos os setores ligados ao processo produtivo, gerando um comprometimento dos colaboradores onde todos se sentem parte integrante do processo. 4. METODOLOGIA Para elaboração desse trabalho optou-se pelo estudo de caso como método de abordagem à nortear a pes- quisa a ser realizada, essa opção se deu pela identificação de uma problemática que necessita de coleta e análise de informações pertinentes ao problema para posteriormente apresentar uma solução viável a empresa detentora da problemática. Segundo Yin (2001), O estudo de caso representa uma investigação empírica e compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da análise de dados. Pode incluir tanto estudos de caso único quanto de múlti- plos, assim como abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa (YIN, 2001, p. 384). Esse estudo de caso possui um foco múltiplo, pois vários indivíduos participam e tem objetivo instrumental, pois deseja estudar questões mais amplas e tornar-se ainda orientador e instrumento para pesquisas fu- turas. Como método de abordagem, foi utilizado o método indutivo, Lakatos e Marconi (2003, p. 106) definem o método indutivo como “um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados par- ticulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. Respeitando as etapas do método indutivo que são: observação, hipótese, experimentação, comparação e generalização, objetivam-se chegar ao propósito estabelecido. A pesquisa foi realizada envolvendo dados de duas indústrias de vidro, uma situada em Belo Horizonte - MG e a segunda em São Luís – MA, ambas as indústrias são classificadas como empresas de médio porte, tendo em seu corpo operacional 60 e 80 pessoas respectivamente. A razão da escolha dessas duas indústrias se deu em virtude de minha experiência profissional de 16 anos no total, o que viabilizou e 71PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 fundamentou minha escolha. Estas empresas aceitaram a divulgação das informações estudadas em seu estabelecimento, porém exigiram que suas identidades fossem mantidas em sigilo. Esse trabalho tem como base a observação “utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Consiste de ver, ouvir e examinar fatos ou fenômenos” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 106). Por ser essa observação planejada sistematicamente e estar sujeita a verificações a mesma é considerada científica. O observador é um participante natural, visto que esteve integrado ao grupo que investiga. Seguiram-se as seguintes etapas de observação: Escolha das formas de observação. Definição sobre o levantamento de dados. Escolha das características a serem observadas. Elaboração do sistema final de observação. Aplicação dos resultados da observação. Primeiramente foi feita uma observação para constatação ou não de existência de plano de manutenção das máquinas em operação bem como das pausas devido a problemas técnicos resultantes em manuten- ções corretivas, foram coletadas informações sobre diminuição de produção durante essas pausas, bem como de eventuais treinamentos para a equipe técnica que opera as máquinas, todas essas informações foram coletadas. Em um segundo momento, pós-observação, foi feita a análise dos dados obtidos nessa observação, ou seja, detalhou-se e organizou-se os dados obtidos no transcorrer da pesquisa, buscando responder ao objetivo proposto. Para a implantação da TPM nestas duas indústrias de vidros, houve a necessidade da colaboração de to- dos os envolvidos, desde o diretor da empresa até os auxiliares de operação. Foi necessário um compro- metimento de todos para cumprir os procedimentos criados. As empresas adotaram a implementação da capacitação técnica e por meio deste programa os mecânicos e operadores de máquinas puderam passar por treinamentos e reciclagem de conhecimentos. Não foi usado nenhum software de planejamento de manutenção, apenas planilhas elaboradas no Excel, justamente para demonstrar que a metodologia da TPM não se baseia somente em gastos e sim na for- ma como é gerenciada e planejada. A grande diferença está no método de aplicação das propostas e do treinamento e na forma de como este plano de manutenção é recebida pelos colaboradores da empresa e na disposição em executá-las. A TPM cria nas pessoas um pensamento diferenciado e um sentimento de responsabilidade e compromisso, assim como envolvimento de todos no processo. A empresa deve se atentar em cuidar sempre da manutenção e motivação dos seus colaboradores, pois eles são os principais responsáveis pelo processo. 5. ESTRATÉGIAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA TPM A maioria das indústrias de vidros tem algo bem comum entre elas, o desinteresse pela necessidade de um setor estratégico de manutenção planejada. Os gestores dificilmente enxergam a importância de criar esse setor, principalmente por achar desnecessário e dispendioso. Porém, sentem no bolso quando há a necessidade de solicitar uma visita técnica que muitas vezes vem de outros estados e até mesmo de outros países para a correção de algum problema. Passagens aéreas, hospedagens, horas de trabalho que inicia com a saída do técnico na fábrica, peças de reposição que na maioria das vezes levam dias para chegarem, tudo isso são situações reais de custo que acontecem por falta de manutenção preventiva, falta de conhecimento técnico do setor de manutenção ou ação indevida dos operadores de máquinas. A implantação da TPM nestas indústrias de vidros, só foi possível mediante a uma proposta conten- do informações importantes sobre a manutenção produtiva total associada aos relatórios anteriores de manutenção e produção. Através dos resultados negativos aceitou-se por um período de seis meses a implantação deste método de manutenção e completado esta etapa, uma nova análise foi realizada para 72PROJETOINTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 decidir a sua continuação ou não. Nesta proposta de implantação da TPM, havia informações importantes que destacava que este método oferecia plenas condições para o desenvolvimento das pessoas que atuavam tanto na produção quanto na manutenção. É bom lembrar que o método de trabalho da TPM foi aplicado em todos os setores da indús- tria, porém só será apresentado aqui os efeitos positivos em uma linha de lapidação. A proposta continha metas a serem alcançadas e que contribuiriam para o crescimento de todos os colaboradores envolvidos, a participação de cada um, resultaria em vários benefícios pessoais como: Auto realização (saber ser). Aumento da atenção no trabalho (saber fazer). Aumento da satisfação pela realização do trabalho (amor no que se faz). Melhoria do espírito de equipe (efeito sinérgico). Melhoria na comunicação entre os membros da equipe, com propostas de soluções e melhorias. Aquisição de novas habilidades. Desenvolver o senso de pertença das máquinas, (cuidar da máquina como se fosse sua). No início do processo, surgiram muitas dúvidas e até rejeições quanto ao método. Por isso, houve a ne- cessidade da realização de muitas reuniões para que cada um soubesse das suas tarefas, a sua importância no processo e os resultados satisfatórios que seriam alcançados. Foi necessário um pronunciamento dos diretores e dos seus respectivos gestores de produção para enfatizar a importância do projeto e a neces- sidade da colaboração de todos. O objetivo foi criar um senso de importância, auto valorização pessoal e sentimento voluntário em cada um dos envolvidos. Durante o processo da implantação da TPM nestas indústrias, a grande preocupação também era com relação a estrutura organizacional e também cultural. Pela dificuldade em encontrar pessoas comprome- tidas com o trabalho e baixos salários oferecidos, a rotatividade de pessoas era consideravelmente alta. Isto dificultava o processo principalmente porque havia necessidade de treinamentos constantes e isto exigia uma baixa rotatividade operacional. Era necessário realizar um processo de familiarização com a empresa, o maquinário, a matéria prima produzida, relatórios de manutenção e principalmente melhoria no relacionamento humano. Foi pesquisado diretamente com o fabricante das máquinas, as informações importantes pertinentes a manutenção preventiva e dados técnicos sobre as ferramentas diamantadas. Após todos os materiais em mãos, foi elaborado um calendário de treinamentos teórico e prático sobre os procedimentos necessá- rios a cada situação. Houve treinamentos dos operadores de máquinas juntamente com os mecânicos de manutenção para conhecimentos mais básicos e também treinamentos somente para os mecânicos com informações mais técnicas. O intuito destes encontros era justamente proporcionar uma interação entre as equipes e compartilhar conhecimentos. Geralmente os encontros eram agendado aos sábados e todos anotavam suas dúvidas da semana para que pudéssemos discuti-las e propor novas soluções. Buscou-se a realização de algumas parcerias com fornecedores de peças e acessórios como; rolamentos, borrachas, rebolos e até mesmo distribuidores de vidros. Estas parcerias foram feitas estrategicamente a fim de conseguirmos palestras gratuitas sobre as peças de reposição usadas nas máquinas e que seriam substituídas mediante o processo de manutenção. Além de conseguirmos descontos nos materiais com- prados pela empresa, adquirimos conhecimentos mais aprofundados oferecidos por estes fornecedores. Atualmente, há diversos tipos de lapidadoras no mercado, podemos encontrar hoje em dia nas indústrias, máquinas italianas, chinesas e até mesmo nacionais. As peças de reposição e rebolos não são padroniza- dos para todas os fabricantes, cada fabricante possui suas próprias características de projetos justamente para diferenciá-los dos demais. Isto dificulta e muito o processo de conhecimento e aquisição de peças para reposição. Então não é vantagem para a indústria possuir em sua linha de lapidação, máquinas 73PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 de fabricantes diferentes, pois isso iria gerar configurações diferentes e pensamentos distintos entre os operadores de máquinas. Por essa razão, nas duas empresas adotou-se o método de padronização de má- quinas lapidadoras, facilitando o conhecimento, o treinamento e principalmente as informações técnicas para a manutenção. As peças de reposição substituídas com mais frequência nas máquinas eram listadas em uma tabela e classificadas como original ou paralelo. Assim, sabíamos quais peças precisaríamos adquirir direto do fabricante e quais peças poderíamos adquirir com os outros parceiros. Esta planilha era muito útil para a programação da manutenção preventiva, pois permitia a sua realização em equipamentos onde estivesse operando normalmente, sem problemas de falhas. Com uma manutenção planejada já sabendo quais pe- ças seriam substituídas e preparadas, a execução da manutenção era realizadas em datas previstas, com paradas programadas. A sua importância é sempre enfatizada quando o assunto é manutenção e quando o seu acompanhamento é seguido de forma eficiente traz grandes retornos para uma indústria. O quadro 1 a seguir descrimina algumas destas peças: Quadro 1. Relação de peças substituídas com frequência. CONTROLE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA RELAÇÃO DE PEÇAS SUBSTITUÍDAS COM FREQUÊNCIA N° DA MÁQUINA / EQUIPAMENTO MÁQUINA / EQUIPAMENTO SETOR XXXXXX CR 1111 LAPIDAÇÃO TIPO FABRICANTE ANO DE FABRICAÇÃO LAPIDADORA COPO Z.BAVELLONI S.p.A 2004 Descriminação das peças Original Paralelo Encoder Sim Correia transportadora Sim Rolamentos Sim Esguichos de refrigeração Sim Sapatas de borrachas do prensador Sim Coifas de proteção do motor Sim Filtro pneumático Sim Kit de vedação interna Sim Tampa de vedação da caixa dos rebolos Sim Rodízios do cavalete de apoio Sim Polias Sim Correias de acionamento dos mandris Sim Mandril Sim Parafusos Sim Sensores Sim Disjuntores Sim Acionadores de contato Sim Relés Sim Bombas de água Sim Engrenagens Sim Com quadro 1 conseguiu-se saber antecipadamente o custo que uma manutenção iria proporcionar e também em qual fornecedor solicitar a peça a ser substituída, isto favorecia o planejamento de manu- tenção em conjunto com o setor de compras que previamente se programava para não atrapalhar o fi- nanceiro das empresas. Algumas peças por motivo de garantia e precisão, eram solicitadas diretamente da fábrica e as outras poderíamos adquirir diretamente com os parceiros fabricantes, visto que o custo eram menores e o tempo de entrega muitas das vezes era mais rápido. Os fornecedores geralmente se 74PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 instalavam na cidade de São Paulo e regiões adjacentes, por este motivo, buscávamos fornecedores mais perto para podermos então evitarmos estoque desnecessários. Alguns parceiros distavam de 15 minutos da fábrica, isso otimizava o processo entre compras e manutenção. A manutenção corretiva nunca deixou de fazer parte do cotidiano, porém minimizou e muito esse tipo de ação entre as máquinas. E sempre que houve essa necessidade de parada não programada, eram anotados todas as informações necessárias para que fossem estudadas mais adiante e então a equipe de manuten- ção poderia se preparar uma ação preventiva na próxima vez. Segundo Almeida (2014), O planejamento é possível utilizando das documentações das operações de manutenção corretiva realizadas (Ficha de Execução de Manutenção Corretiva) e informações sobre a vida útil das peças, fornecidas pelo fabricante (ALMEIDA, 2014, p.17). Uma bomba que queimava, um elo poliacetal da esteira transportadora que quebrava, uma sapata plástica que não suportava a pressão exercida sobre um vidro de espessura errada e era danificada juntamente com as capas corrugadas de borracha. Tudo isso fazia parte de uma rotina de manutenção corretiva que era encontradaquase que com frequência. E todas as vezes que uma situação dessas acontecia, a produ- ção parava para uma ação corretiva e substituição da peça avariada. Isso gerava atrasos e muitas das ve- zes problemas mais graves que necessitavam de mais tempo para a solução. O quadro 2 representa uma ficha de manutenção corretiva muito utilizada pela equipe de manutenção para manter um histórico, esse histórico era importante até para os gestores de produção justificarem uma possível queda de rendimento da produção. Quadro 2. Ficha de manutenção corretiva. Data Quantidade Custo Início Término Tempo Horas 05/mar 5 200,00 13:40 17:15 03:25 8 160,00 1 440,00 17:20 18:00 00:40 R$ 800,00 04:05 __________________________________ ____________________________________________ Mecânico X X X X X X X Supervisor de produção Assinatura do oficial de manutenção Tempo total de manutenção Custo total com peças substituídas O operador de máquina ajustou o prensador para vidros de 15mm e entrou com uma peça de 12mm para a lapidação, a peça desceu no compartimento dos rebolos quebrando o segundo rebolo diamantado e danificando parte do equipamento. Aproveitamos a oportunidade para executar a lubrificação da esteira e das guias do prensador. Observações Capas corrugadas Rebolo DMTD Pos. 2 N° DA MÁQUINA / EQUIPAMENTO FICHA DE MANUTENÇÃO CORRETIVA N° 112 MÁQUINA / EQUIPAMENTO CR 1111 SETOR LAPIDAÇÃO LINHA DE PRODUÇÃO 3° MAQ.X X X X X X X X TIPO LAPIDADORA COPO FABRICANTE Z. BAVELLONI S. p. A ANO DE FABRICAÇÃO 2004 Peça substituída Sapatas plástica Serviço executado Substituíção de sapatas danificadas Substituíção das capas corrugadas Substituíção do Segundo DMTD Pos. 2 Regulagem de corte da máquina As fichas de manutenção corretiva não eram simplesmente arquivadas, eram discutidas com os gestores de produção para uma melhor ação a serem tomadas antes mesmo que houvesse uma prestação de contas com a diretoria. Afinal, o problema foi ocasionado por uma ação indevida do operador de máquinas, um 75PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 ajuste equivocado no prensador que é o sistema que mantém o vidro firme no interior da máquina durante o processo de lapidação. O que fazer neste caso quando se trata de um erro humano que também é consi- derado grave, gerando custos desnecessários para a empresa e paradas na produção? A TPM permitiu que os colaboradores recebessem uma participação nos lucros mediante a metros lineares lapidados durante o mês e quando havia um problema como esse, este custo era abatido no bônus oferecido. Assim, os opera- dores se esforçavam para minimizar qualquer tipo de quebras nas máquinas e interrupções na produção. O quadro 3 representa uma planilha com ações semanais que um mecânico de manutenção devia seguir: Quadro 3. Controle preventivo semanal N° Visto Início Término Tempo Horas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 _____________________________________ Acionar manualmente os cilindros pneumáticos para testes Verificar o sistema pneumático, filtros, mangueiras e medidores. Abrir o prensador para a verificação de pedaços de vidros quebrados. Vistoriar manutenção executada pelos operadores de máquinas Vericação do nível de óleo no reservatório de lubricação das esteiras Bater graxa nos pinos de lubricação dos rolamentos Verificar folga nos mandris Verificar vazamentos de óxido de cério Verificar esticadores e desgastes das correias 2001 Atividade preventiva Verificação do nível de óleo nos redutores N° DA MÁQUINA / EQUIPAMENTO CONTROLE PREVENTIVO X X X X X X X TIPO LAPIDADORA COPO FABRICANTE Z. BAVELLONI S. p. A ANO DE FABRICAÇÃO Mecânico X X X X X X X SEMANAL MÁQUINA / EQUIPAMENTO CR 1111 SETOR LAPIDAÇÃO LINHA DE PRODUÇÃO 4° MAQ. Assinatura do oficial de manutenção Tempo total de manutenção Observações Os mecânicos por sua vez trabalhavam seguindo fielmente seus roteiros de atividades preventivas, se baseavam na utilização de planilhas semanais, mensais e trimestrais. Através desta planilha, podemos perceber dez itens importantíssimos para serem acompanhados semanalmente, além de os mecânicos executarem todas estas atividades, eles estavam atentos a ruídos estranhos vindo dos equipamentos, vi- bração fora dos padrões e também a contaminação da água pela presença de óleo. Geralmente este tipo de contaminação ocorre devido ao excesso de óleo durante a lubrificação das esteiras dianteira e traseira do prensador, escorrendo pelas pinças e então contaminado a água nos compartimentos dos rebolos. Esta contaminação é prejudicial justamente pelo fato do óleo diminuir o atrito entre a ferramenta abrasiva e o vidro durante o processo de lapidação. Esse efeito pode ser mais devastador quando chega ao processo de polimento, pois o rebolo emborrachado desliza sobre a borda do vidro sem nenhum atrito, não per- mitindo que o rebolo de polimento trabalhe conforme planejado. Este evento pode ser capaz de enganar os operadores por julgarem a situação de forma errada acreditando que seria apenas falta de pressão nos polimentos. Então abrem mais as válvulas de pressão permitindo mais força nos rebolos até os mesmos se partirem por não suportarem tamanha pressão. Isto foi muito comum nestas indústrias e ainda con- tinua sendo em muitas outras indústrias. A falta de conhecimento sobre o processo de trabalho faz com que colaboradores mal preparados executem atitudes impensáveis, gerando prejuízos incalculáveis para a empresa. Saber fazer é tão importante como saber como fazer, pois não basta um bom dia de produção sem perdas sendo que no dia seguinte a máquina vai parar prejudicando o restante da produção. Um 76PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 colaborador, seja ele um operador ou um mecânico de manutenção, sempre precisará de novos conheci- mentos para ter a plena capacidade de suas atividades. Como podemos observar que o treinamento teórico para a implantação da TPM abrangeu tanto a opera- ção das máquinas quanto o processo de fabricação como um todo. O objetivo era alcançar um equilíbrio entre a produção e qualidade que fosse satisfatório e permitisse uma produção mais confiável. 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 FUNCIONAMENTO DE UMA LINHA DE LAPIDAÇÃO Em todas as indústrias de vidros, sejam elas de vidros temperados, laminados ou vidros comum, há a ne- cessidade de uma linha de lapidação. A lapidação do vidro consiste de um trabalho executado nas bordas dos vidros, desbastando a área cortante e favorecendo um acabamento agradável e tornando o vidro mais seguro. Há diversos tipos de lapidação de vidro, por exemplo: Lapidação reta Lapidação abaulada ou meia cana Lapidação OG Lapidação 2 OG Lapidação 3 OG Lapidação formato Bisotê Porém focaremos em apenas uma para melhor compreensão do trabalho, visto que a mesma técnica se aplica a todos os tipos de lapidação. A única diferença é a forma do processamento, visto que se usam ferramentas diamantadas com configurações e formatos diferentes. A lapidação reta, também conhecida como lapidação plana é a mais utilizada atualmente. Este tipo de la- pidação pode ser produzido em uma máquina manual, semiautomática ou automática. Entretanto, como o propósito do trabalho se refere a importância da manutenção produtiva total em uma linha de lapida- ção, focaremos em máquinas automáticas porque possuem alto índice de produção quando comparado com as demais. Com a configuração dos seus rebolos no formato copo, permite trabalhar com diversas espessuras sem a necessidade de substituição das ferramentas abrasivas para desbaste e acabamento. Os rebolos são ferramentas fabricadas com materiais abrasivos, usados tanto para desbastar o vidro como para proporcionar o polimento. Em alguns casos, quando há a necessidade de uma qualidade extra, se usa um feltro de lã com óxido de cério para proporcionar um brilho deixando o vidro com um aca- bamento mais fino e delicado. Porém, esse processo só pode ser executado se houver na máquina uma configuração disponível para o trabalho com óxidocério. Todos os rebolos possuem o seu movimento retilíneo fornecido diretamente ou indiretamente por um motor. Diretamente quando o rebolo é acoplado ao próprio eixo de um motor elétrico e indiretamente quando um motor elétrico movimenta uma correia e através de um outro eixo com uma polia, o rebolo então é acionado para o trabalho. Uma máquina de lapidação possui um cavalete de entrada e um outro de saída, estes cavaletes possuem uma esteira que movimenta o vidro sobre a máquina. O vidro é colocado sobre o cavalete de entrada e conduzido pela esteira até o interior da máquina para a execução do trabalho, sendo posteriormente re- tirado no cavalete de saída. Como um vidro padrão possui quatro lados, uma linha de lapidação em uma indústria possui quatro máquinas, uma para cada lado do vidro. Geralmente todas instaladas em série para facilitar o fluxo da produção e também a redução de operadores, pois o mesmo operador que retira o vidro no cavalete de saída de uma máquina é o mesmo que colocará no cavalete de entrada da próxima máquina. A velocidade de trabalho de uma máquina de lapidação é determinada em Ml/m (metros lineares por mi- nuto) e esta velocidade é determinada levando em conta os critérios de quantidade de rebolos disponíveis 77PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 para o trabalho de lapidação e também da espessura do vidro a ser lapidado. Esta relação é inversamente proporcional de acordo com a expressão: Quanto maior for a espessura do vidro, menor será a velocidade de trabalho. Quanto menor for a espessura do vidro, maior será a velocidade de trabalho. Quanto maior o número de rebolos disponíveis para a execução do trabalho, maior a possibilidade de trabalhar com velocidades de avanço e melhores serão as possibilidades de alcançarem um bom acaba- mento. As máquinas mais utilizadas em uma linha de lapidação de vidros possuem as seguintes configurações conforme a figura 1 a seguir: Figura 1. Configuração dos rebolos copos para a máquina PR88. A figura 1 representa uma sequência de oito rebolos, entre diamantados e polimentos que são disponí- veis para o trabalho nestas máquinas. A sua configuração, bem assim como alguns dados técnicos estão relacionadas abaixo: Primeiro rebolo: rebolo DMTD para o desbaste inicial do vidro, grão 140 e dimensões 150x39x11. Segundo rebolo: rebolo DMTD grão 270 ou à base de resina grão 200 para correção e preparação para o polimento, dimensões 150x39x11. Terceiro rebolo: rebolo DMTD filete traseiro para desbaste, grão 325 e dimensões 100x24x11. Quarto rebolo: rebolo de polimento do filet traseiro à base de resina ou borracha, dimensões 100x45x11. Quinto rebolo: rebolo DMTD de filet dianteiro para desbaste, grão 325 e dimensões 100x24x11. Sexto rebolo: rebolo de polimento do filet dianteiro à base de resina ou borracha, dimensões 100x45x11. Sétimo rebolo: primeiro rebolo de polimento, geralmente utilizado em grãos 40 ou 60 mais conhe- cido como 10S40, dimensões 150x40x70. Oitavo rebolo: último rebolo de polimento, geralmente utilizado o rebolo com óxido de cério, dimensões 150x30x70. Este tipo de máquina é muito utilizado em uma linha de lapidação de têmpera, visto que o foco é um alto índice de produção e menos qualidade. No caso da têmpera, 80% dos vidros são de projetos de en- genharia e os outros 20% são divididos entre vidros padrões como boxes, janelas, portas que já possuem seus vãos padronizados e definidos pelo arquiteto responsável pela obra. Então, existe um conceito entre as indústrias de vidros temperados de que não há necessidade de um perfeito acabamento na lapidação destes vidros. Figura 2. Configuração dos rebolos copos para a máquina CR1111. 78PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Pode-se observar na figura 2 que se trata de uma máquina copo de 11 rebolos que é o ideal para uma linha de lapidação de vidros para movelaria. Com um rebolo DMTD a mais para o processo de desbaste, outro para o polimento e um para o uso do feltro de lã com óxido de cério que resultará em um brilho mais intenso, este modelo de máquina é ideal para a lapidação de vidros com maior espessura como 12mm,15mm e 19mm, visto que por possuir mais rebolos, possuem maior capacidade de trabalho em velocidade e acabamento. Sua configuração é distinta da PR88 em números de rebolos, porém as ferra- mentas são basicamente as mesmas. Números de rebolos disponíveis para o trabalho: 11 (Onze). Primeiro rebolo: rebolo DMTD para o desbaste inicial do vidro, grão 100 e dimensões 150x39x11. Segundo rebolo: rebolo DMTD grão 240, dimensões 150x39x11. Terceiro rebolo: rebolo DMTD grão 270 ou `a base de resina grão 200 para correção e preparação para o polimento, dimensões 150x39x11. Quarto rebolo: rebolo DMTD filete traseiro para desbaste, grão 325 e dimensões 100x24x11. Quinto rebolo: rebolo de polimento do filet traseiro à base de resina ou borracha, dimensões 100x45x11. Sexto rebolo: rebolo DMTD de filet dianteiro para desbaste, grão 325 e dimensões 100x24x11. Sétimo rebolo: rebolo de polimento do filet dianteiro à base de resina ou borracha, dimensões 100x45x11. Oitavo rebolo: primeiro rebolo de polimento, geralmente utilizado em grão 40 ou 60 mais conhe- cido como 10S40, dimensões 150x40x70. Nono rebolo: segundo rebolo de polimento, geralmente utilizado em grão 40 ou 60 mais conheci- do como 10S40, dimensões 150x40x70. Décimo rebolo: terceiro rebolo de polimento, geralmente utilizado em grão 60 (10S 60) ou até mesmo grão 120, dimensões 150x40x70. Décimo primeiro rebolo: último rebolo de polimento, este rebolo geralmente usa feltro de lã es- piralado ou prensado, usa óxido de cério líquido para o processo de acabamento, dimensões 150x30x70. O ideal seria que toda linha de lapidação usasse uma máquina com onze opções de rebolos como essa. Uma linha de produção com quatro máquinas nestas configurações realizaria um processo de lapidação muito mais rápido e com um acabamento muito mais eficaz. Ou seja, perfeita para um alto índice de pro- dução com qualidade sem precedentes. Porém esta não é a realidade de muitas indústrias, pois como o objetivo é diminuir sempre os custos, os empresários não adotam este tipo de máquina em uma linha de produção de vidros temperados, visto que o seu preço é maior do que as máquinas de configuração geral. Este trabalho foi realizado tomando como base uma linha de lapidação com máquina de oito e onze rebolos. As duas empresas em que foram realizadas as pesquisas, o foco de produção e a filosofia de tra- balho entre ambas são distintas. A empresa de Belo Horizonte - MG, tinha como principal meta para se diferenciar dos concorrentes, o fator qualidade. Pois tinha uma ampla gama de clientes moveleiros que dependiam de produtos com o maior qualidade possível. Sendo assim, as máquinas necessitavam de fer- ramentas diamantadas de melhores qualidades e um processo de lapidação mais lento, consequentemente um menor índice de produção. Os operadores de máquinas foram treinados e qualificados para atingir a meta de qualidade em medidas e acabamentos. Na outra empresa localizada em São Luis – MA, que possuía uma linha de produção de vidros tem- perados, o alto índice de produção é o que sempre esteve no planejamento. Por lapidar mais vidros na espessura de 6mm, 8mm e 10mm que são considerados padrão para o os projetos de engenharia, isso re- sultava em maior possibilidade de produção. O fator qualidade não era o foco principal, e os operadores de máquinas estavam qualificados para atingir a meta mensal que varia entre 10.000M² a 14.000M² de vidros temperados, ou seja, de 40.000 a 56.000 Ml (metros lineares). 79PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 6.2 A EFICIÊNCIA DA TPM EM UMA LINHA DE LAPIDAÇÃO Para se obter o melhor rendimento de uma máquina, explorando o máximo que ela pode oferecer sem a perda de qualidade e produção, é necessário um conhecimento mais aprofundado sobre os seus siste- mas. Uma máquina de lapidação de vidro consegue executar o seu trabalho com um índiceconsiderável de produção sem comprometer sua qualidade e o mais importante, a sua estrutura física. Porém, se um operador sem conhecimento suficiente, assumir o comando de um lapidadora, pode provocar danos nos sistemas por uma ação indevida, como erro de ajuste de pressão dos pneumáticos, velocidade de lapida- ção fora dos parâmetros de corte dos rebolos diamantados, erro nas configurações dos polimentos, inter- pretação errada do sistema de alarme. Isto compromete a produção, a qualidade e aumenta a proporção de custo com manutenção corretiva ou desgaste prematuro das ferramentas abrasivas. O papel da manutenção produtiva total nesse processo é justamente corrigir as falhas como um todo. Desde a elaboração eficiente de um plano de manutenção preventiva, treinamento para se compreender e executar a manutenção preditiva, proporcionar aos operadores de máquina conhecimentos sobre o ma- terial fabricado e sobre as lapidadoras que executam um dos principais acabamentos em uma linha de produção de vidros. Para Almeida (2014), O objetivo global da TPM é a melhoria da estrutura da empresa em termos materiais (máquinas, equipa- mentos, ferramentas, matéria-prima, produtos, etc.) e em termos humanos (aprimoramento das capacita- ções pessoais envolvendo conhecimentos, habilidades e atitudes) (ALMEIDA, 2014, p.26). Uma das características da manutenção produtiva total e que foi estabelecido neste projeto de implanta- ção, é a ação dos operadores de máquinas como os primeiros a executarem a manutenção preventiva e preditiva, Eles foram motivados e capacitados a conduzirem as operações de manutenção constantes no programa de forma voluntária. Houve em seu programa de manutenção, atividades descriminadas como tarefas diárias e semanais. As tarefas diárias estão compreendidas em: Limpeza do setor eliminando qualquer tipo de coisa supérflua. Limpeza externa da máquina. Eliminação da água nos filtros de ar para não contaminarem os cilindros pneumáticos. Limpeza do reservatório individual de água. Limpeza do compartimento dos rebolos. Além destas atividades, houve a necessidade de atenção a qualquer ruído ou barulho estranho gerado pela máquina. Como tarefas semanais, as atividades eram descriminadas como: Retirada dos tubos de refrigeração de água para limpeza geral. Retirada dos rebolos diamantados e polimentos para inspeção visual e análise de defeitos. Verificação de borrachas soltas no interior da máquina. Todas estas tarefas estão inclusas no plano de manutenção preventiva e preditiva, que foram executadas pelos operadores e não pelos oficiais de manutenção. O setor de manutenção também possuiu em seu programa, atividades descriminadas como tarefas semanais, mensais e trimestrais. Podemos citar como tarefas semanais: A verificação do nível de óleo nos redutores. Verificar o nível de óleo no reservatório de lubrificação da esteira. Verificar se as correias transportadoras de entrada e saída estão devidamente esticadas. Colagem e preparação dos rebolos. 80PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 As tarefas mensais estão incluídas como: Conferência e ajustes do prensador para que forneça uma leitura precisa da espessura do vidro. Conferência do nível e alinhamento dos cavaletes de entrada e saída. Medição de corrente do painel elétrico. Rotação dos motores. As tarefas trimestrais estavam inclusas no programa como: Substituição do conjunto de escovas e borrachas fixadas no interior da máquina. Conferência de desgaste nas guias do prensador. Verificação de buchas e rolamentos. Todas estas tarefas tiveram como base, as informações contidas nas planilhas de manutenção preventiva, onde havia um calendário com os cronogramas de manutenção e datas a serem seguidas. Cada máquina possuía sua planilha e sua pasta de arquivos que ficava no setor de manutenção para pesquisa de dados, estudo de caso e consulta preventiva. As planilhas foram projetadas de acordo com a necessidade de cada equipamento dentro das indústrias e também dentro das informações fornecidas pelo fabricante do equipamento. Os operadores de máquinas e o setor de manutenção tiveram encontros marcados no auditório duas vezes por mês, geralmente aos sábados. Foram discutidos novos meios de manutenção preventiva, técnicas de lapidação, como explorar mais o equipamento e segurança no trabalho. Além destes tópicos houve in- terpretação do manual de manutenção, visto que os mesmos são escritos em inglês ou no país de origem onde as máquinas foram produzidas. A manutenção produtiva total mudou a forma de pensar dos operadores de máquinas e oficiais de ma- nutenção, eles sentiram ser mais importantes e valorizados dentro da indústria. O conceito de que o operador não precisava conhecer sobre manutenção e o oficial de manutenção não conhecer sobre o vidro a ser produzido tinha acabado. Ambos sentiam a importância de alcançar e compartilhar novos conhecimentos. Assim as empresas tiveram o seu retorno com uma produção mais competitiva no mercado, vidros com qualidade e máquinas prontas para atender a necessidade do setor de planejamento de produção. O índice de gastos com a manutenção corretiva diminuiu, aumentando a confiabilidade na produção. 7. ANÁLISE DE DADOS 7.1 ANÁLISE OPERACIONAL, PRODUÇÃO E QUALIDADE Antes da implantação da TPM nestas indústrias, haviam muitos problemas devido ao uso de rebolos de baixa qualidade e dentro das configurações erradas. Rebolos paralelos com preços menores nem sempre foi a melhor das opções. Os problemas durante o processo de lapidação eram constantes, máquinas que trabalhavam forçadamente porque um rebolo diamantado de má qualidade não tinha a mesma precisão de corte que um rebolo original ou um paralelo com boa qualidade. Foi também encontrado rebolos de fabricantes diferentes trabalhando juntos, esta configuração nunca deu certo, pois os rebolos possuem uma sequência, ou seja, a configuração de um diamante Pos.1 precede a configuração do diamante Pos. 2 e assim por diante, toda esta sequência reflete justamente no acabamento final fornecido pelos polimen- tos. Isto só é possível quando todo o jogo de ferramentas diamantadas ou de polimentos pertencem ao mesmo fabricante respectivamente. Os rebolos de polimentos por sua vez trabalhavam quase que no limite de pressão dos pneumáticos e sem apresentar qualidade no acabamento. Muitas das vezes a pressão era demasiadamente grande ao ponto de quebrar o vidro ou romper os ligamentos do rebolo causando prejuízo ou diminuindo a vida útil dos rebolos. Vamos fazer uma análise mais aprofundada sobre o uso correto das ferramentas de lapidação e 81PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 o resultado que esta diferença proporcionou para produção. Em primeiro lugar, vamos analisar um con- junto de rebolos diamantados de desbaste, pois o processo de lapidação se inicia com eles. Tendo em vista a necessidade da eficiência e de um poder de corte das ferramentas diamantadas, pode- mos então dizer que os rebolos também ditavam o ritmo de produção nestas indústrias. Antes da implan- tação da TPM, usavam-se somente rebolos de má qualidade para diminuir os custos com a produção (não serão fornecidos os nomes dos fabricantes destes rebolos por questão de ética), pois nem todos os rebo- los paralelos são ruins, existem muitos rebolos de boa qualidade. Percebia-se uma diminuição de corte executado pela máquina, então forçava-se mais o trabalho dos rebolos para suprir a falta do corte. Este esforço era representado pelo amperímetro da máquina que fornecia eletricamente informações sobre a força de atrito durante o trabalho executado de cada motor. Para não correr o risco de quebra de vidros durante o processo de desbaste ou o desarme do relé térmico por motivo de aquecimento, usava-se o mé- todo mais prático, diminui-se a velocidade de trabalho para permitir que a ferramenta diamantada tenha tempo para executar o corte necessário. Agindo desta forma, diminuía-se sempre o índice de produção e vidros sem qualidade.Foi feito um estudo sobre os rebolos e suas configurações, testes de produção e chegou-se à conclusão após muitas discussões entre as equipes sobre o assunto de que tanto os rebolos originais quanto alguns rebolos chamados paralelos possuíam bons índices de trabalho. Então passou-se a trabalhar dentro das configurações próprias de cada fabricante e o objetivo que era alcançar o índice de produção foi atingido. Quadro 4. Tabela comparativa para a operação de máquinas. Espessura Remoção 1mm Veloc. de trabalho Ml/m Pressão dos pneumáticos (bar) Remoção 2mm Veloc. de trabalho Ml/m Remoção 1mm Veloc. de trabalho Ml/m Pressão dos pneumáticos (bar) Remoção 2mm Veloc. de trabalho Ml/m 4mm 1 4 3,5 2 3,5 1 3,5 3,8 2 3,2 5mm 1 3,8 3,5 2 3,2 1 3,5 3,8 2 3,2 6mm 1 3,5 3,8 2 3 1 3,2 3,8 2 3 8mm 1 2,5 4,5 2 2,2 1 2 4,7 2 2,2 10mm 1 2,2 5 2 2 1 2 5 2 1,8 12mm 1 1,8 5 2 1,5 1 1,7 5 2 1,5 15mm 1 1,6 6 3 1,2 1 1,4 6 3 1,2 19mm 1 1,5 6 3 1 1 1,3 6 3 1 LAPIDADORA COPO FABRICANTE Z. BAVELLONI S. p. A Considerando os rebolos diamantados e polimentos originais. Considerando diamantados de um fabricante e polimentos de outro fabricante. Z. BAVELLONI S. p. A 4,7 5 6 6 66 Pressão dos pneumáticos (bar) 3,8 3,8 3,8 Pressão dos pneumáticos (bar) 5 6 Tabela comparativa para a operação de máquinas 3,5 3,8 3,5 4,5 5 XXXXXXXXXXXX ORIGINAL MÁQUINA / EQUIPAMENTO CR 1111 Polimento óxido de cério líquido PH 7 PARALELO TIPO Através do quadro 4 conseguiu-se estabilizar o fluxo de produção sem perder a qualidade dos vidros. Antes da TPM, este levantamento não era possível, pois havia falta de conhecimento suficiente para compreender a mecânica do trabalho. O rendimento dos operadores de máquinas que antes era ditado por eles mesmo, agora era analisado pelo gestor de produção. Pois antes mesmo que os vidros fossem para a linha de corte e produção, já se tinha uma ideia de quanto tempo levaria para que todos ficassem prontos e então elaborar um planejamento de produção mais preciso, eficaz e confiável. A tabela fornecia infor- mações de produção com ferramentas nacionais e importadas (originais) e suas respectivas referências de velocidade de produção e pressão necessária para a execução do trabalho de polimento. Outros fatores que são relevantes para a análise operacional é o setor de trabalho dos lapidadores, o local que antes era sujo e desorganizado, passou a obter características de limpeza e organização. As máquinas permaneciam sempre limpas e a água para refrigeração dos rebolos que é um fator muito importante para o processo de lapidação eram trocadas todos os dias. Não se via mais objetos obsoletos nos setores e nem EPI’s pendurados nas máquinas, todos os materiais eram guardados nos devidos armários dos respecti- 82PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 vos proprietários. O incentivo que a TPM trouxe para os operadores de máquinas despertou até mesmo o interesse pelo retorno aos estudos, colaboradores que antes não estudavam, passaram e fazer um curso profissionalizante e até mesmo técnico. Pois perceberam que tinham plena capacidade de conseguir crescer tanto intelectualmente quanto financeiramente e serem mais do que operadores de máquinas com expectativas de ascensão funcional no trabalho. Eles eram constantemente treinados para serem supervisores e atuarem como mantenedores em primeiro nível, executavam sem a necessidade dos oficiais de manutenção, atividades que foram atribuídas de modo que tanto a manutenção preventiva como a de rotina estivessem sempre em seu cotidiano. Este tipo de manutenção foi bem conhecido por eles como “manutenção autônoma” que faz parte do projeto de implantação da TPM. Além da correta operação das máquinas e equipamentos, os operadores anota- vam em seu registro diário todas as ações e ocorrências observadas e até mesmo atividades executadas por eles. Aprenderam a diferença entre a manutenção preventiva e a preditiva, monitorando as máquinas através dos sentidos humanos. 7.2 ANÁLISE DE MANUTENÇÃO Nestas indústrias, não havia manutenção preventiva, apenas a manutenção corretiva. Os custos com manutenção, as paradas não planejadas eram constante e sempre prejudicavam a produção. Na linha de produção que haviam quatro máquinas em sequência, quando uma dessas máquinas parava para uma ma- nutenção não planejada, o processo de produção praticamente parava também, pois uma das máquinas precisava executar dois serviços, ou seja, além de cumprir com o seu trabalho, encarregava-se de execu- tar o trabalho da máquina que parou, isso causava atrasos, transtornos e muito estresse aos operadores. Esporadicamente esta situação acontecia nestas fábricas. Após a implantação da TPM, este índice de paradas indesejadas diminuíram, com a colaboração dos operadores de máquinas executando tarefas mais simples e menos importantes de manutenção, favo- recia para que as máquinas permanecessem sempre em bom estado para o trabalho. Os mecânicos por sua vez, não tinham conhecimentos suficiente sobre os equipamentos e sobre os materiais utilizados na manutenção. Não conheciam sobre óleos de lubrificação e sua viscosidade, PH da água de refrigeração e do óxido de cério. Após os treinamentos com materiais que foram fornecidos pelos próprios fabricantes e pesquisas técnicas elaboradas pelo setor de coordenação técnica, foi possível envolver todos em busca do pleno entendimento e execução ideal de trabalho. Os mecânicos se tornaram ágeis para solucionar entraves e problemas com mais rapidez. Ser rápido no conceito da TPM não significava para eles, fazer o trabalho se preocupando somente com o tempo, era imprescindível manter constantemente a concentra- ção e realizar o reparo com todo o cuidado, ainda que levasse algumas horas a mais do que o planejado. O corpo operacional responsável pela manutenção, passou a ser mais criativo, pois percebeu que apenas conhecimentos técnicos não eram suficientes para resolver um problema em uma máquina. Soluções inesperadas surgiam tanto em situações mais simples como aquelas mais complexas. 7.3 ANÁLISE GERAL Constatou-se que as duas empresas citadas neste trabalho e que foram o campo de toda essa pesquisa, após adotarem o método da TPM obtiveram grandes diferenças principalmente na diminuição de perdas que eram frequentes no dia a dia das mesmas, essas diferenças estão listadas a seguir: Perdas por paradas inesperadas, pois através do cronograma de manutenção preventiva, as ações corre- tivas diminuíram. Perdas por demora na troca de ferramentas e preparação, visto que os operadores já conheciam os méto- dos adequados para a substituição dos rebolos, possíveis problemas a serem encontrados e suas devidas soluções. Perdas por redução da produção, pois com as máquinas em perfeito estado para o uso passaram a gerar 83PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 confiabilidade nas negociações entre os vendedores e os clientes por prazos de entrega mais rápido. Sen- do assim, o índice de produção também aumentou. Perdas por vidros defeituosos, pois com os operadores de máquinas mais capacitados e com máquinas em perfeito estado para o uso, os índices de vidros com lapidação defeituosa e insegura diminuíram re- sultando em uma melhor qualidade. Perdas de queda de rendimento, todos os envolvidos no processo de produção e manutenção trabalha- vam com uma comunicação mais constante que proporcionava mais rapidez na resolução de entraves e problemas encontrados na produção. 8. CONCLUSÃO Ao longo deste artigo, foram apresentadas as técnicas de implementação da TPM utilizadas no setor de lapidação e manutenção de duas médias empresas do setor vidreiro, ambas em estados diferentes, pos- suindo também pensamentos e culturas diferentes em virtude de suas localizações. À medida que as no- vas técnicas de trabalho eram executadas, surgiram as dificuldades de adaptação em relação aqueles que compunham o grupo operacional destes setores. Isso se deu ao despreparo cultural ou comportamental,o que dificultou a adaptação de novas técnicas que buscavam ajudar no gerenciamento da manutenção produtiva total. O fator humano foi o alvo presente durante toda a implantação da TPM, no início do projeto ocorreram resistências principalmente por parte do corpo técnico com mais tempo nas empresas fato que foi até certo ponto um obstáculo para a implantação de algumas práticas. O exercício da TPM nestas empresas sempre buscou o alinhamento das diretrizes do sistema produtivo, a competitividade pela concorrência local, satisfação do cliente, minimização dos custos tanto de ma- nutenção quanto de matéria prima perdida no processo de lapidação e o mais importante, favorecer a integração da manutenção com a produção, valorizando a capacidade e o respeito profissional de todos os envolvidos no processo. A manutenção e a produção evoluíram juntamente com a demanda do meio produtivo, porém, esse trabalho mostrou que a qualidade no produto final acabado, ainda carece de maior atenção nas indústrias, sendo ela uma grande oportunidade de diferenciação da concorrência e aumento da competitividade Os resultados alcançados nos indicadores e relatórios, foram satisfatórios devido à esta prática que ainda é desconhecida por muitos. O envolvimento e o interesse das equipes foi também fundamental para que o processo tivesse êxito, pois, para eles foi um meio de crescimento profissional através do constante aper- feiçoamento da relação de uso com seu equipamento de trabalho e seu meio de produção. Na busca por maior competitividade nenhuma área pode ser esquecida ou menosprezada, e neste sentido, não buscar a melhoria contínua da qualidade da manutenção e produção é um erro que compromete a permanência de uma organização. O sucesso está na medida em que todos os setores da empresa e todos os níveis de colaboradores acreditam e fazem por onde para que ele aconteça. Desta maneira, pode-se concluir que um grande aperfeiçoamento nos processos de lapidação e manuten- ção com proporções de ganhos em todos os aspectos foi alcançada com a implementação da técnicas de manutenção produtiva total. Com as melhorias na produtividade, eliminação de perdas, minimização dos custos de produção, manutenção e principalmente na qualidade do produto final, as empresas obtiveram melhores e maiores ganhos, aumentando o prestígio diante dos clientes e ampliando sua participação no mercado. REFERÊNCIA ALMEIDA, Paulo Samuel de. Manutenção mecânica industrial: conceitos básicos e tecnologia aplicada. São Paulo: Érica, 2014. KARDEC, Alan; NASCIF, Júlio. Manutenção: Função estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. 84PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia científica. Rio de Janeiro, Editora Atlas, 2003). NOGUEIRA, Cássio Ferreira; GUIMARÃES, Leonardo Miranda; SILVA, Margarete Diniz Bráz da. Manutenção Indus- trial: Implementação da Manutenção Produtiva Total (TPM). Belo Horizonte, e-xacta, 2012. PALMEIRA, Jorge N.; TENÓRIO, Fernando G. Flexibilização Organizacional: Aplicação de um modelo de produti- vidade total. 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CAPÍTULO 9 AUTORES RESUMO LOGÍSTICA DE TRANSPORTE APLICADA NO ESCOAMEN- TO DE GRÃOS DE SOJA DOS PRODUTORES DO SUL MARA- NHENSE PARA O PORTO DO ITAQUI Antônio David Pinheiro Lopes Klycya Tayanne Moraes Silva Helenilton Pereira Rodrigues Rodrigo de Sousa Muniz Victor Henrique Ferreira Lobão Eduardo Mendonça Pinheiro A região sul do maranhense é hoje uma grande produtora de grãos de soja do pais, mas assim como outras regiões agríco- las do Brasil tem um sofrido com o alto custo do transporte de sua produção até os portos por onde essa produção é exportada, nesse caso, o Porto do Itaqui, que fica na capital São Luís, esse é um ponto de fundamental importância para toda a cadeia produtiva e de ex- portação da soja, a Logística de Transporte nesse caso surge como uma grande aliada no planejamento e na otimização do processo de transporte e na redução dos custos envolvidos, através de uma me- lhor utilização dos modais disponíveis, isso torna a cadeia produtiva mais eficiente aumentando a competitividade da soja sul maranhen- se junto ao mercado nacional e internacional. Palavras-chave: Soja, Transporte, Logística, Custo. 86PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, e o Estado do Maranhão con- tribui para isto com uma produção de cerca de 4,843 milhões de toneladas de grãos segundo dados pre- sentes em nota do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC), baseada nos resultados do Levantamento Sistemáticos de Produção Agrícola (LSPA) do 1º trimestre de 2019, referente à safra de grãos 2018/19. Os produtores de soja localizados na região sul do Estado são responsáveis por mais da metade dos grãos produzidos e exportados através do Porto do Itaqui, que fica na parte litorânea do Estado, o que cria um problema de logística para os produtores escoarem a sua produção, por causa da distância de cerca de 815 km entre eles e o porto. A Logística de Transporte foi criada exatamente no intuito de solucionar problemas e dificuldades como a apresentada. Ela auxilia os profissionais responsáveis no planejamento dos melhores trajetos, quais os melhores períodos para o transporte e parada da carga e etc. Quando bem planejado e executado, o plano logístico evita o desgaste físico dos trabalhadores respon- sáveis pelo transporte, causa uma redução de custos com a economia de tempo do deslocamento entre os pontos de partida das cargas e o ponto de descarga, no caso o porto. Este artigo tem como objetivo apresentar a importância do uso da Logística de Transporte para a expor- tação de grãos de soja no Estado do Maranhão, os problemas enfrentados por ela e apontar possíveis soluções para esses problemas, haja vista que o Estado tem tido ao longo dos anos um aumento continuo de sua produção deste tipo de grão, o que exige um planejamento cada vez mais eficiente no que tange ao transporte desse tipo de carga, evitando assim desperdícios e perdas ao longo do trajeto. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Pela definição do Council of Supply Chain Management Professionals “logística é a parte do Geren- ciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de aten- der às exigências dos clientes”. (CARVALHO, 2002). Para Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) a logística é um verdadeiro paradoxo, pois é ao mesmo tempo, uma das atividades mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Já Novaes (2004) clas- sifica a logística como o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. O objetivo da logística segundo Ballou (1993) é assegurar disponibilidade do produto correto, na quanti- dade correta, na condição correta, no lugar certo e na hora certa para o consumidor correto por um custo ideal. Fleury (2000) explica que desde que o homem abandonou a economia extrativista, e deu início às ativi- dades produtivas organizadas, com produção especializada e troca de excedentes com outros produtores, surgiram três das mais importantes funçõeslogísticas, ou seja, estoque, armazenagem e transporte. Goulart e Campos (2018) afirmam que a logística completa o envolvimento de informações relacionadas ao recebimento, armazenagem, estoque, embalagem e transporte de materiais e produtos. E que “o trans- porte é dentre as operações logísticas a mais importante.” (GOULART e CAMPOS, 2018). Wanke (2000) diz que o transporte é uma das principais funções logísticas. Além de representar a maior parcela dos custos logísticos na maioria das organizações, tem papel fundamental no desempenho de 87PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 diversas dimensões do Serviço ao Cliente e, do ponto de vista de custos, representa em média, cerca de 60% das despesas logísticas. Para Goulart e Campos (2018) a locomoção de produtos entre as regiões é feita por meio do transporte o que o torna vital para a logística e significa que a infraestrutura de transportes é importante para o cresci- mento e desenvolvimento econômico e social. Afirmando ainda que: “a eficiência no transporte reduz os custos para as empresas e que a eficiência no transporte também reflete no aumento do seu potencial no comercio externo, na importação e exportação. Os custos muito altos de transporte encarecem os produ- tos e reduzem a competitividade comercial do país.” (GOULART; CAMPOS, 2018). Referente ao transporte de sua produção agrícola, estudos como os realizados por Dohlman, Schnepf e Bolling (2001), Pinazza (2008), dentre outros, demonstram vantagens de custo do Brasil frente a seus competidores internacionais referente a produção de grãos. Mas Ometto (2006) revela que o país perde a competitividade e essa vantagem diminui significativa- mente quando o produto agrícola sai pela porteira das propriedades rurais com preços baixos e chega ao destino com custos altíssimos por causa dos problemas logísticos e estruturais do transporte. O que tem dificultado significativamente uma maior expansão sustentada do agronegócio brasileiro em geral e em particular dos grãos de soja. Segundo Alvarenga e Novaes (2000), para se organizar um sistema de transporte é preciso ter uma visão sistêmica, que envolve planejamento, mas para isso é preciso que se conheça: os fluxos nas diversas liga- ções da rede; o nível de serviço atual; o nível de serviço desejado; as características ou parâmetros sobre a carga; os tipos de equipamentos disponíveis e suas características. No início da década de 80, segundo Freitas (2003) a infraestrutura logística brasileira sofreu um pro- cesso de estagnação e degradação, que só foi atenuada em meados da decada seguinte. Embora o Brasil já tenha aumentado à competitividade das suas unidades produtivas, seu posicionamento no mercado internacional está comprometido em função dos elevados custos logísticos. Fleury (2005) nos mostra que houve um aumento explosivo das exportações entre 1999 e 2003, o que teve vários impactos positivos, dentre os quais destaca-se o aumento da participação do Brasil nas expor- tações mundiais, que saltou de 0,86% para 1,03%, o crescimento da participação das exportações no PIB nacional, que pulou de 7% para 13%, e o aumento das reservas cambiais do país. Mas que ao mesmo tempo, esse aumento nas exportações revelou uma série de fragilidades logísticas do país. Essa fragilidade foi representada pela falta de infra-estrutura logística do Brasil, as condições precárias das rodovias, a baixa eficiência e falta de capacidade das ferrovias exitentes, pela desorganização e excesso de burocracia dos portos. O que resultou no aumento das filas de caminhões nos principais por- tos, longas esperas de navios para a atracação, o não cumprimento dos prazos de entrega ao exterior, tudo isto resultando no aumento dos custos e redução da competitividade dos produtos brasileiros no exterior (FLEURY, 2005). 3. METODOLOGIA Para a elaboração deste artigo foi realizado um levantamento bibliográfico a fim de se fazer uma análi- se literária sobre a utilização da logística no transporte, para tanto se fez uso de periódicos específicos, livros e de informações de bancos de dados nacionais e internacionais na busca de ampliarmos nosso conhecimento sobre o tema, abrangendo também o transporte agrícola no Brasil, de modo particular o dos grãos de soja. 4. LOGÍSTICA DA SOJA A soja foi introduzida oficialmente no país em 1914, no Rio Grande do Sul. Mas, a sua expansão deu-se 88PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 efetivamente a partir da década de 1970, com aumento do interesse da indústria de óleo e da demanda do mercado internacional. Ao longo dos anos houve uma melhoria no cultivo e produção o que levou a soja para diversas regiões brasileiras, dando estabilidade às áreas de fronteira agrícola do País (OJIMA, 2004). No Estado do Maranhão o Sr. Leonardus Phillipsen foi quem deu início, no ano de 1977, a produção comercial da soja na região sul maranhense com uma plantação de 32 hectares, que não gerou o retorno financeiro esperado, haja vista a falta de tecnologias adequadas ao plantio da soja naquele momento, o que evidenciou a necessidade de investimentos em pesquisas que gerassem tecnologias, principalmente de cultivares adaptadas a região (PALUDZYSZYN FILHO, 1995). Segundo relato de Paludzyszyn Filho (1995) esta condição motivou, na década de 80, a ida de vários pesquisadores à região, o que resultou na criação de uma unidade de pesquisa no município de Balsas no ano de 1987, onde atualmente funciona a Unidade de Execução de Pesquisas – UEP/Balsas, ligada a Embrapa Cocais. Além das melhorias alcançadas por conta das pesquisas o aumento da produção de soja na região foi in- centivado através de parcerias feitas com antiga Cia Vale do Rio Doce – CVRD, hoje denominada Vale, através da Superintendência da Estrada de Ferro Carajás, estudos conjuntos para a criação do Corredor de Exportação Norte, embasados nos estudos da Embrapa, dos recursos técnicos e humanos presentes na região que tornou favorável a produção de grãos em larga escala que foi financiada pela Diretoria de Credito Rural do Banco do Brasil. (PALUDZYSZYN FILHO, 1995). Foi fundamental a participação da CVRD (Vale) para a exportação da soja colhida pelos produtores sul maranhenses naquele momento, já que os mesmos não possuíam uma estrutura de transporte bem defi- nida para levar suas colheitas até a capital do Estado, São Luís, de onde a soja seria exportada. A CVRD viabilizou esse transporte com a construção de infraestrutura de embarque de grãos, em Imperatriz, o transporte em vagões de cerca de 89,0 toneladas de soja levados da região sul do Maranhão para armaze- nagem no terminal da Ponta da Madeira, em São Luís, através das ferrovias Norte-Sul e Carajás (CVRD, 1993). Segundo informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgada no dia 03 de dezembro de 2018, as exportações brasileiras do complexo soja, isto é, grão-farelo-óleo, soma- ram 6,185 milhões de toneladas em novembro, gerando receita de US$ 2,477 bilhões o que em compara- ção com igual período de 2017, nos mostrou que a receita praticamente dobrou, aumentando em 98,7%, e o volume cresceu 88%. O complexo soja produzido pelo Brasil é utilizado em diversos processos agrícolas e industriais interna- mente no país e exportada tanto in natura, quanto como farelo e óleo, como mostrado na Figura 1. 89PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1 - Destinação e uso do complexo soja produzido no Brasil Fonte: Associação Brasileira dos Produtores de Soja - APROSOJA Essas informações demonstram quão importante é o complexo soja como commodities para o Brasil. Mas os resultados poderiam ser ainda melhores haja vista que se faz necessário melhorias na infraestru- tura logística do transporte entre a produção e os portos por onde a soja é exportada, visando uma maior redução de custos e de tempo. Grandes empresas brasileiras exportadoras de soja apontam que as princi- pais restrições enfrentadas por elas para a ampliação do volume exportadotem relação com os custos e incertezas presentes no processo de escoamento da produção. (MEREGE; ASSUMPÇÃO, 2002). Há no Brasil um grande gargalo para os produtos agrícolas que se relaciona com a logística, provocado pela precariedade no transporte entre as fontes de produção (áreas plantadas) e as áreas de armazenagem e exportação, o que representa um enorme prejuízo para o setor. Grande parte das rodovias brasileiras, quer seja estadual ou federal, necessitam de melhorias e ampliações, assim como no modal ferroviário, que precisa de aumento de sua malha a fim de atender um maior número de municípios, e consequente- mente seus produtores. Quanto ao modal hidroviário, é necessário que se faça um melhor aproveitamen- to, além do aperfeiçoamento da produtividade dos portos e armazéns (OMETTO, 2006). A necessidade de melhorias na infraestrutura logística presente no país nos mostra que a mesma ainda encontra-se em um nivel de pouco desenvolvimento, as empresas estão começando agora a integrar as suas atividades logísticas. Esse panorama é fruto da política econômica adotada pelo governo brasileiro ao longo das décadas. A política adotada favoreceu o desenvolvimento interno em detrimento do avanço internacional. A infraestrutura logística, principalmente o transporte, foi desenvolvida pelo governo, seguindo um padrão estatal, para contemplar a integração do mercado interno, sem preocupação com custos, qualidade e produtividade (FREITAS, 2003). Os produtores e exportadores de soja do país tiveram que se adaptar à infraestrutura existente na criação do seu processo de comercialização da soja, que se inicia com o produtor, que vende os grãos para a agroindústria, para as cooperativas ou as empresas de trading, que costumam ser as responsáveis pelas exportações da soja em grão. A negociação da safra da soja é frequentemente realizada com antecipação. Esta é uma forma de evitar uma pressão excessiva nos preços nos meses de safra e, ao mesmo tempo, financiar a lavoura, pois parte da safra é entregue às empresas de trading em troca de insumos (COELI, 2004). 90PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Segundo Coeli (2004), o escoamento da produção de grãos de soja ocorre em duas etapas: 1. Com o transporte das lavouras para um armazém dentro da área da fazenda, cuja responsabilidade costuma ser do produtor, sendo feito através de carretas. Seu custo se torna elevado devido à ausência de pavimentação nas estradas rurais. 2. Com o transporte dos armazéns dos produtores diretamente para exportação ou para a indústria de processamento. A partir dos armazéns dos produtores, a soja em grão segue por ferrovias, rodovias ou hidrovias, para ser direcionada para exportação (portos). Cada um deles modais possui custos e características operacionais próprias, que os tornam mais adequa- dos para determinados tipos de operações e produtos. Os critérios para escolha de modais devem levar em consideração por um lado aspectos de custos, e por outro as características de serviços (NAZÁRIO, 2000). Dos cinco modais de transporte existentes (ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e aéreo) ape- nas três são utilizados no escoamento da soja, rodoviário, ferroviário e hidroviário. O modal dutoviário não é utilizado devido às características físicas do produto, enquanto que o modal aéreo é extremamente caro para o transporte de commodities. Segundo Batalha (1997) o sistema de transporte é especialmente relevante aos produtos agroindustriais devido à perecibilidade e alta relação peso-valor que frequente- mente caracterizam esses produtos. De acordo com Hijjar (2004), os modais tipicamente mais eficientes para exportação da soja produzida no Brasil, que possuem grandes volumes, longas distâncias a serem percorridas e valor agregado relati- vamente baixo, são as ferrovias e hidrovias. Tais modais, embora exijam um maior tempo de transporte, têm capacidade bem mais elevada e, quando disponíveis, podem trazer economia de custos e redução de perdas. O papel do modal rodoviário, por sua vez, seria de atuação nas “pontas”, levando os grãos aos terminais ferroviários e/ou hidroviários. A movimentação da soja dos principais polos produtores com destino ao mercado externo pode se dar por diferentes modais de transporte. Segundo estudo desenvolvido por Ojima (2005), os produtores de soja do Estado do Maranhão utilizam-se da rodovia BR-230 até o município de Estreito (MA), onde a opção é seguir pela a ferrovia Norte-Sul, que por sua vez se liga à estrada de Ferro Carajás, de onde segue para o porto de Itaqui (Figura 2). 91PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 2 - Traçado das Ferrovias Norte/Sul e Estrada de Ferro Carajás Fonte: Planos de Negócio de Carga Geral das Ferrovias da Vale Segundo Ballou (1993) existem duas formas de serviço ferroviário, o transportador regular e o privado. Um transportador regular presta serviços para qualquer usuário, sendo regulamentado em termos econô- micos e de segurança pelo governo. Já o transportador privado pertence a um usuário particular, que o utiliza em exclusividade. O transporte ferroviário apresenta um custo fixo de implantação e manutenção elevado, porém, apresenta grande eficiência de energia. Os fatores distância e densidade do tráfego determinam a viabilidade da ferrovia, sendo o modal excelente para grande volume de cargas. (RODRIGUES, 2001) Segundo Coeli (2004), no modal ferroviário consome-se quatro vezes menos combustível que no ro- doviário, tornando o primeiro mais vantajoso para o escoamento de cargas a longas distâncias. Assim, se operado eficientemente, o transporte ferroviário de elevada capacidade de carga e caracterizado por baixos custos variáveis, poderia apresentar menores custos de transporte (CAIXETA, 1998). Da mesma forma, quanto ao modal hidroviário, Caixeta (1998) apontam que um conjunto de barcaças consome menos da metade do combustível gasto por um comboio ferroviário, para mesmos volume de carga e distância, o tornaria seus custos ainda menores entre todos os modais. A respeito do transporte rodoviário Maluf (2000) afirma que, é o tipo de transporte mais usado em cur- tas e médias distâncias. É também o mais flexível e o mais ágil no acesso às cargas, e permite integrar regiões, mesmo as mais afastadas dos grandes centros, bem como o interior dos países. Keedi (2001) quando se refere ao modal rodoviário apresenta que sua importância futura será dada mais em termos de qualidade de transporte, fazendo parte da cadeia logística como o mais importante elo de transporte, já que é o único modal que pode unir todos os demais, bem como os pontos de origem e en- trega da carga. 92PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 5. CONCLUSÃO É notável os desafios logísticos referentes ao transporte da soja em grão em todo o país, principalmente se tratando de uma commodity tão importante quanto essa, a qual é perecível e tem baixo valor agregado. Apesar dos intensos esforços governamentais feitos nos últimos anos visando à modernização do setor de infraestrutura logística, observa-se que ainda existem dificuldades para a implantação de serviços de logística dentro de padrões internacionais de qualidade e de confiabilidade. Mas como observado neste artigo se faz necessário uma melhor utilização de ferramentas, como a Lo- gística de Transporte para um planejamento e execução mais adequando e eficiente no que tange ao uso dos modais para o transporte dos grãos de soja das áreas produtoras até o porto por onde essa soja será exportada para outros países. Infelizmente ao longo dos anos os governos brasileiros tem feito poucos investimentos na qualidade das estradas por onde essa produção é escoada e quase nenhum na constru- ção de novas ferrovias ou hidrovias, o que tornaria o transporte das colheitas mais rápido, com um menor custo e de maneira mais eficiente, com a redução das perdas de grãos ao longo do trajeto percorrido. É esperado que planos de melhorias tragam ganhos competitivospara a soja em grão nacional frente ao mercado internacional são necessários que os diversos setores do sistema logísticos tenham investimen- tos com planejamento sem que haja favorecimentos, como ocorreu no passado com o transporte rodoviá- rio. A resolução dos principais problemas logísticos no país aumentará a competitividade internacional do Brasil, e consequentemente de seus produtos agrícolas, em particular a soja, aumentando a confiabili- dade referente aos tempos de entrega e reduzindo os custos das ineficiências no processo de exportação. REFERÊNCIAS ALVRENGA, A. C., NOVAES, A. G. N. Logística Aplicada: Suprimento e Distribuição Física. 3a ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2000. BALLOU, R. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 2003. BATALHA, M. O. et al. Gestão Agroindustrial. Atlas: São Paulo, 1997. CAIXETA FILHO, J. V. Competitividade no agribusiness: a questão do transporte em um contexto logístico. 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Apresen- taremos proposta de estudo que possa discutir formas de melhorar a Capacidade de produção, reduzir custos operacionais, permite um bom controle de temperatura, bom controle de qualidade do produto devido ao controle de automático. Palavras-chave: Reator, Produção, Temperatura 95PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A necessidade de automatizar vem se tornando crescente, pois com o desenvolvimento desse sistema, há uma melhoria no desempenho de suas funções. Já é comum se deparar com diversos desses sistemas no cotidiano, seja de coisas simples ou mais complexas. O uso e ampliação desses sistemas automatizados vêm sendo indispensáveis nas indústrias, levando-se em consideração que o controle do processo é proporcional a qualidade do produto. O controle da tem- peratura no processo de tratamento d’ água foi mostrado por Dunn (2013) que deve ser constante inde- pendentemente da quantidade que estar sendo trabalhada. Para isto, é necessária uma instrumentação eficiente. A instrumentação pode ser a interação dos elementos que compõem o sistema automatizado, sendo es- tes: sensores, atuadores e controladores. Basicamente os sensores transmitem dados de grandeza física através de sinais eletrônicos para um controlador, que este é programável para enviar sinais lógicos para um instrumento que atua modificando o processo, ações estas que serão explicadas posteriormente. As CLPs são controladores comuns de sistema fechado encontrados nas indústrias que executam atividades especificas, tratando-se de projetos finais. Então o acesso a prototipagem veio se tornar possível e mais simples a partir dos micros controladores open source que serão discutidos O sistema de automatização de reatores em batelada tem como objetivo manter o controle de temperatura através de sensores que transmitem sinais eletrônicos para um controlador, se o processo for precisar de ajustes o controlador envia sinais lógicos para um instrumento responsável pelo processo de modifica- ções, neste projeto estudaremos todos esses processos do sistema e sua viabilidade na produção Estes vasos projetados para conter reações químicas de interesse em escala industrial. O projeto de um reator químico trata com múltiplos aspectos sobre os quais os engenheiros trabalham para obter a ma- ximização dos valores obtiveis para a reação dada. Projetistas trabalham para garantir que a reação se processe com maior eficiência para o produto de saída desejado, produzindo o mais alto rendimento do produto, mas gerando o mínimo de custos para serem comprados e operarem. 2. MATERIAL E MÉTODOS O início da metodologia foi dado com a utilização de motor elétrico para a movimentação de ventoinha que de uma vez agita a solução de agua mais hidróxido de Sódio gerando uma reação exotérmica. O teste e que ao receber o liquido, e após chegar na temperatura ideal o reator liberar o liquido, deixando o líquido na não está temperatura ideal ficará no reator fazendo do reator em batelada um reator continuo. A modelagem dos reatores é obtida das leis básicas de conservação de massa e energia, consistindo pri- meiramente em determinar as variáveis que influenciam o funcionamento dos reatores, sendo o volume inicial,as vazões de entrada e saída, a equação de taxa, a constante cinética e a densidade, algumas delas. Conhecer a temperatura utilizando as placas de Arduino de entrada e a temperatura de saída e faremos um cálculo de temperatura de entrada menos temperatura de Saída para determinar a eficiência do reator, e sabermos qual temperatura está sendo utilizada para geração de energia do motor térmico Utilizando um motor de 0,5 cv para o acionamento das hélices internas do reator que será desligado quando não houver liquido dentro do reator. A pressão gerada pela alta temperatura será utilizada para move um motor térmico que ficara fora do processo de homogeneização do liquido que acionar um hé- lice internas. A máquina térmica vai transforma a energia térmica em energia mecânica transformando o calor no trabalho, ele funciona como um motor. Por outro lado, se transformar o trabalho em calor, ele funciona como uma bomba de calor. Notamos no teste que o reator de batelada não admite entrada nem saída de reagentes ou produtos du- rante o processamento da reação. Os reagentes são colocados no reator de uma só vez. Em seguida são 96PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 misturados e reagem entre si. Passados certo tempo, os produtos obtidos são descarregados de uma só vez. A reação que ocorre é exotérmica, há um fluxo de água de resfriamento que passa pela camisa. Utilizamos em experimento em pequena escala com pequenas vazões para dimensionar as condições de operação reais de um reator em batelada consiste na adição de um volume V com uma concentração hidróxido de Sódio no interior do reator. O reator é então fechado e é dada a partida do motor tudo com a supervisão do sistema Auto Desk e as das placas de arduino. O reator opera por um intervalo de tempo t, no qual ocorrem reações. O reator é mantido sob agitação de modo que o contato entre os componentes em seu interior permita homogeneidade da solução. Após o intervalo t, o reator é desligado, esvaziado, limpo e preparado para receber um novo volume. Figura 1 - Fluxo do processo 3. DESEMPENHO DO REATOR O reator de batelada foi projetado para possibilitar sua constante operação sem interrupções a continuida- de de manutenção do mesmo, sua utilidade em processos de agentes químicos se destaca com resultado positivos. O monitoramento do sistema foi realizado com a determinação de parâmetros físico-químicos. Os seguintes parâmetros físico-químicos foram analisados: vazão, temperatura. As determinações de temperatura e vazão foram realizadas em loco. Em virtude das perturbações dinâmicas decorrentes do calor gerado da mistura da agua com o hidróxido de sódio gerando uma reação exotérmica, os desempe- nhos adequados do sistema de controle são facilmente alcançados. • A mistura no reator é perfeita • Tranformar um Reator batelada em continuo • Aumento de produção O reator de batelada não admite entrada nem saída de reagentes ou produtos durante o processamento da reação. Os reagentes são colocados no reator de uma só vez. Em seguida são misturados e reagem entre si. Passado certo tempo, os produtos obtidos são descarregados de uma só vez. Os reatores sequenciais (RBS) são intermitentes para o processo de vasão nos canos, promevendo um aumento de produção na linha de reatores. Isto consiste na etapa de operação associada ao um tanque ou reservatório, onde consiste um revezamento de trocas de calor, este controle e realizado com a parte de supervisão de O monitoramento do reator temos que levar em consideração a temperatura que a mistura de agua com 97PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Hidróxido de Sódio irá apresentar respectivamente durante o ciclo. A maior taxa de oxigênio absorvi- do deve ter alguma relação com o vapor de calor em relação a mistura provocada pelo ciclo e devido a concentração elevada de oxigênio dissolvido, consequentemente gerou um alto consumo de energia pelo sistema. Os valores de oxigênio dissolvido foram resultantes da vazão de ar quente aplicada para a ob- tenção de trabalho resultante na ventoinha. As temperaturas médias para o ciclo foram, respectivamente, de 110 a 120 ºC, estando dentro da faixa recomendada para a realização de trabalho atreves do calor. Figura 2 - Grafico de Tempetura X Tempo Os resultados do desempenho do reator do presente estudo utilizados água e hidróxido de sódio em ciclos operacionais apresentam resultados que indicam a grande produção no aproveitamento do calor gerado pelo ciclo e esse calor dispersado sendo utilizado em um motor térmico para gerar trabalho. De manei- ra geral, ciclos de curta duração podem impedir o crescimento de sua produção, por outro lado, com o aumento da duração do ciclo observou-se um aumento de produção e consequentemente uma melhora significativa no desempenho do reator. Quando obtivemos o comportamento da concentração de mistura no afluente tratado de respectiva eficiência em seu objetivo final. Operando o reator em ciclos variados, houve um aumento de temperatura na concentração de sua mistura e velocidades variadas na ventoinha. Além disso, as eficiências aparecerão depois de horas de operação, o que corresponde ao período em que o processo de homogeneização do reagente com a água no reator. Para visualizar o conceito de um Reator de batelada em continuo fizemos um sistema de mistura comple- ta e ambos recebem uma vazão de 2 L/h cada. Um dos tanques tem volume de 4litros. 98PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 3 - Motor témico Figura 4 -Reator em Batelada Os ensaios de foram repetidos quando os dutos liberavam o material manualmente. Isso quer dizer que o volume do primeiro reator se renova conforme os cálculos utilizados neste estudo. Esse tempo de re- novação é o tempo de retenção hidráulica. Significa quanto tempo a efluente “demora” da entrada até a saída do sistema. Quanto maior o volume do reator, mais tempo o efluente ficará retido. 99PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 4. CALCULO UTILIZADO Cálculos utilizados para determinar o ganho de produção. 𝒅𝒅𝒐𝒐 = 𝑪𝑪𝑪𝑪𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅𝑪𝑪 (−𝒓𝒓𝑪𝑪) (−𝑟𝑟𝑟𝑟) = 𝐾𝐾.𝐶𝐶𝑟𝑟 𝐶𝐶𝑟𝑟 = 𝐶𝐶𝑟𝑟𝑜𝑜. (1 − 𝑋𝑋𝑟𝑟) 𝑑𝑑𝑡𝑡 = 𝐶𝐶𝑟𝑟𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑟𝑟 (−𝑟𝑟𝑟𝑟) 𝑑𝑑𝑡𝑡 = 𝐶𝐶𝑟𝑟𝑜𝑜. 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑟𝑟 𝐾𝐾.𝐶𝐶𝑟𝑟𝑜𝑜. (1 − 𝑟𝑟𝑟𝑟) �𝑑𝑑𝑡𝑡 = 1 𝐾𝐾 � 𝑑𝑑𝑋𝑋𝑟𝑟 (1 − 𝑋𝑋𝑟𝑟) 𝑋𝑋𝑟𝑟 0 𝑡𝑡 0 𝑡𝑡 = 1 𝐾𝐾 . 𝐼𝐼𝑚𝑚( 1 1 − 𝑋𝑋𝑟𝑟 ) 𝑡𝑡 = 1 0,001 . 𝐼𝐼𝑚𝑚( 1 1 − 0,85 ) 𝑡𝑡 = 1897,11 𝑠𝑠 Somando com tempo de descarregamento e carregamento com fluido de Água mais Hidróxido de Sódio, normalmente seria de 600 s mais como esse fluido cai para metade (300s). t total=t+t operação t total=1897,11+300 operação t total=2287,11 s Números de Bateladas em 24 horas 1……………………….t total 2287,11 s Nº de Bateladas……………………….86400(24 horas) Nº de Bateladas=86400/2287,11 Nº de Bateladas=38 bateladas em 24 horas Normalmente são 34 bateladas, mas com este fluido temos um ganho de 10,52% de velocidade. VBR=(Massa Total a ser processado em um dia )/(Nº de Bateladas .ρ.mistura reacional) VBR=10000/(38.2400 ) VBR=0,109,64 m3 VBR=109,64 Litros A máquina Térmica transforma Forte Quente (Q1) em Trabalho (w). w=Q1-Q2 Eficiência do Reator Foram feitas formas de alimentação apresentadas na Figura anterior, a Tabela abaixo apresenta um resu- mo da análise da variação do volume e da composição do meio reacional em função do tempo e tempe- ratura do teste em cada tipo de reator batelada para transformação em reator continuo. 100PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 5. BALANÇO DE MASSA A equação fundamental do balanço de massa considera um sistema com entradas e saídas de compo- nentes. Pelo princípio da conservação de massa, a quantidade de matéria que entra no sistema é igual à quantidade que sai. Isso pode se tornar complicado à medida que os sistemas analisados fogem desta condição e a utilização do desperdício em uso energia apara um motor térmico. Em nosso estudo já foidefinido que um fluido de agua e Hidróxido de Sódio não apresenta forma própria e se adapta à forma do recipiente em que está contido. Ao analisarmos o movimento deste fluido deve- mos separamos suas características, tais como: densidade, pressão, temperatura, velocidade. Sendo assim, quando temos um líquido saindo por um sistema de canos (tubulação), vemos que a vazão de tal fluido pelo cano é a mesma, ou seja, a vazão é constante em toda a tubulação. Porém, quando o fluido sai de um cano ,logo recebemos outro liquido para outra homogeneização. O fluido escoa para o produto final e a temperatura e divida entre o processo do reator e processo do mo- tor térmico a fim de que a quantidade de massa ou volume do fluido permaneça a mesma. Sendo assim, podemos concluir, diante do exposto, que a quantidade de fluido que entra em uma parte do cano deve ser a mesma quantidade de fluido que sai na outra parte. Desenvolvimento Experimental ETAPA 01 Compra de material: ETAPA 02 Montagem do Reator teste; Montagem do Motor Termico ETAPA 02 Apuração dos resultados dos testes Figura 5 - Fluxograma das etapas 6. REATOR OBTIDO PELO REATOR AUTOMATIZADO O resultado principal deste reator controlar e melhorar o tempo e temperatura de o monitoramento cons- tante do mesmo é agitação, que no caso no produto a ser utilizado, H2O e Hidróxido de sódio seria extre- mamente necessário para nosso propósito; também podendo ser utilizado para outros tipos de controles e misturas. Não havendo o controle estável de temperatura, agitação o produto pode sofrer alterações no decorrer do processo, teria que ficar com temperatura e agitação estável de acordo com a temperatura pedida no processo podendo ser mais longo ou mais curto. 101PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 6 - Sistema Supervisório As principais dificuldades encontradas no protótipo é programações no Arduino foram alguns compo- nentes eletrônicos que não obtivemos por falta no mercado como alguns sensores e reles apropriados e principalmente a termo resistência que tivemos que fazer adaptações. No processo seria o controle da temperatura para o fluido utilizado para saber se o processo seria mais longo ou mais curto de acordo com a variação de temperatura. 7. CONCLUSÃO A partir das informações apresentadas neste estudo, observa-se que o sistema de bateladas sequenciais, atrelado a um sistema de automação robusto e adequado, surge como ótima alternativa para o aumento de produção e eficiência no processo, utilizando as perda de energia como ganho de energia na realização de trabalho (w) em outro processo de motor térmico, observou-se que a maior flexibilidade operacional frente aos sistemas automatizado, tem além de requisitos de área para sua construção inferiores aos sis- temas de fluxo contínuo, em virtude da execução de todas as etapas do processo O sistema de armazenamento dos dados executado pelo programa supervisório chamado Auto Desck, que foi importante para a determinação de desempenho do sistema, haja vista que informações como du- ração de cada etapa do processo e dinâmica da concentração de oxigênio dissolvido são primordiais para se verificar o comportamento do sistema e, caso necessário, quais mudanças deveriam ser promovidas para se obter melhores resultados REFERÊNCIA AG, S. SIMATIC S7-200 Programmable Controller System Manual. Nuernberg, Germany, set.2007. BARBOSA, A. O. Automação de Reatores de Bateladas Seqüenciais para o Tratamento de Esgotos Domésticos Vi- sando a Remoção de Matéria Orgânica e Nutrientes. XVII Congresso Brasileiro de Automática, set. 2008. CASTRO DANIEL, L.M.C. (2005). “Remoção de Nitrogênio via Nitrito em Reator Operado em Bateladas Seqüen- ciais Contendo Biomassa Imobilizada e Aeração Intermitente.” Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, SP. IAMAMOTO, C.Y. (2006). “Remoção de Nitrogênio de Águas Residuárias com Elevada Concentração de Nitrogênio Amoniacal em Reator Contendo Biomassa em Suspensão Operado em Bateladas Seqüenciais e sob Aeração Intermi- tente.” Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, SP, 139p. VON SPERLING, M. Lodos Ativados – Princípios do tratamento biológico de águas residuárias, v.4. 2.ed. Belo Hori- zonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade de Minas Gerais, 2002. 428 p. ZAIAT, M., RODRIGUES, J. A. D. E RATUSZNEI, S. M. (2001). Anaerobic sequencing batch reactors for wastewater tratament: a developing technology. Appl Microbiol Biotechnol, 55, 29-35. CAPÍTULO 11 AUTORES RESUMO A INFRAESTRUTURA ME- CÂNICA DOS PORTOS BRA- SILEIROS QUE EXPORTAM CAFÉ Fábio Oliveira Curvelo O artigo foi elaborando com intuito de promover uma pesqui-sa que esclareça alguns pontos relativos a importância da infraestrutura mecânica das vias de escoamento da produção bra- sileira, tendo como base a logística portuária. Com essa propos- ta de estudo, pretendeu-se permitir um conhecimento abrangente sobre o sistema portuário brasileiro, suas características, sua im- portância para o desenvolvimento do país, suas limitações e atuais perspectivas. A metodologia adotada foi à pesquisa bibliográfica e documental, que se utilizou de fontes secundárias como artigos científicos que abordem o assunto da política de exportação do café e também sobre a infraestrutura portuária bem como a ausência de políticas públicas para enfrentar os problemas sociais e ou ambien- tais nos portos. Palavras-chave: Logistica Portuária. Infraestrutura. Produção. Maquinário. 103PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO O Brasil possui vários problemas de infraestrutura em diversos setores da industria, mas poucos são graves diante da logística portuária. Muito se fala, muitos projetos existem, mas pouco é colocado em prática, e enquanto esperamos, sofremos com atrasos, custos altos, e perdas nos mais diversos níveis: perdas de grãos, de competitividade, de mercado, etc. Hoje em dia a logística portuária brasileira apresenta muitos sinais de desenvolvimento econômico para o país, principalmente as cidades que ficam próximas às instalações portuárias que foram construídas para o escoamento da produção local e nacional, além de suas áreas de influencia. Sendo um dos produtos mais produzidos no Brasil, o café é sem dúvida um dos maiores produtos que movimentam a economia brasileira, entretanto essas virtudes no alto desenvolvimento da política cafeeira brasileira segue limita- da por falta de infraestrutura que potencialize o escoamento dessa produção, pois nem, todos os portos brasileiros possuem instalações adequadas para suprir as necessidades de armazenagem e embarque do produto, sendo uma falha bem prejudicial para o desenvolvimento da economia levando em considera- ção que o café brasileiro é de excelente qualidade, então seria de muito interesse dos exportadores em colocar o café brasileiro nas prateleiras dos supermercados de todos os continentes assim fortalecendo a entrada de capital no pais e levando a imagem do nosso produto a um patamar de primeiro mundo. Diante disso, a problemática deste artigo consiste na seguinte interrogativa, quais as melhorias necessá- rias em relação a infraestrutura dos portos nacionais para atender as reais necessidades do processo de exportação do café brasileiro? O objetivo geral deste trabalho consiste em identificar quais as deficiências que a logística portuária brasileira apresenta como fatores que interferem negativamente para o escoamento da produção de café brasileiro. E os específicos: Compreender sobre a importância da logística portuária para a indústria bra- sileira; Proporcionar métodos de melhoria da capacidade operacional dos portos para a armazenagem do café; Definir estratégias para maximizar a capacidade de embarque e desembarque nos portos brasileiros garantindo a qualidade do café que é exportado. Este artigo esta estrutura do em quatro tópicos, sendoo primeiro deles a introdução que apresentou toda a caracterização da pesquisa sendo, a problematização, hipóteses, objetivos, justificativa e metodologia. O capitulo dois apresentará a logística portuária nas suas características gerais e um pouco da sua histo- ria ao longo da política de exportação do café. O capitulo três apresentará a infraestrutura dos principais portos brasileiros. O capitulo quatro apresentará conceitos as fragilidades da infraestrutura portuária no Brasil e finalizando com as considerações finais aonde será apresentada um pequeno resumo sobre a compreensão geral acerca do tema. 2. AVANÇOS, FRAGILIDADES E DESAFIOS DA MAQUINÁRIA DOS TRANSPORTES POR- TUÁRIOS O transporte de cargas no Brasil está vinculado a um setor da economia que é responsável por toda a lo- gística nacional, permitindo que o Brasil entre para o mundo globalizado e permita que seja atendida as necessidades dos consumidores e empresários. Não tem como negar que o desenvolvimento econômico de um país está totalmente vinculado aos seus modais de transporte, mas mais necessariamente o modal marítimo que é o que mais se aplica no transporte de cargas, tanto nacionais, entretanto existem situações em que mais de um modal é utilizado no transporte. Segundo Barat, O transporte multimodal, especialmente pela intensiva utilização de contêineres, tem uma importância decisiva para a consolidação de complexas cadeias logísticas, tendo em vista tanto o abastecimento interno quanto o escoamento de produtos em escala mundial (BARAT, 2004, p.34). 104PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Os portos são estruturas de extrema necessidade dentro da cadeia de suprimentos, pois o mesmo é res- ponsável por uma etapa fundamental para a movimentação do comercio, principalmente o comercio exterior, seja na movimentação de cabotagem e principalmente na movimentação de longo curso. Só recentemente, com a criação da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, com status de ministério, o setor portuário brasileiro passou a ocupar espaço de destaque na agenda governamental. Neste contexto, podemos citar o Decreto 6620/08 que dispõe sobre políticas e diretrizes para o desen- volvimento e o fomento do setor de portos e terminais portuários, que deste a sua edição já propiciou investimentos privados, da ordem de R$ 32 bilhões. Citamos também o Programa Nacional de Dragagem, uma meta estabelecida pela SEP/PR, em desen- volvimento em portos estratégicos, que irá permitir uma dragagem de mais de 100 milhões de metros cúbicos, aprofundando canais de acessos, bacias de evolução e caís de atracação, permitindo maior fluxo de navios, alavancagem do desempenho das exportações, redução de custos operacionais, aumento da produtividade e principalmente dotando os portos de condições de receber navios de maior porte o é que uma tendência na navegação mundial. No que se refere à capacitação, gestão e força de trabalho, a preocupação deve se prender na institu- cionalização de um sistema de gestão profissional nas companhias docas, uma alteração das relações trabalhistas dentro do sistema e principalmente um programa de qualificação ou requalificação em todas as áreas atuantes do sistema. A modernização portuária no Brasil, como dito, vem exigindo uma atualização em seu marco regulató- rio, como, também, o um forte investimento na infraestrutura e equipamentos dos portos. Segundo Araujo, O Sistema portuário, considerado um sistema altamente complexo, está inserido em sistemas ambientais, sociais e econômicos ainda mais complexos. As ocorrências de impactos ambientais direitos e ou indiretos, decorrentes da construção, ampliação ou operação portuária, gera conflito caracterizados por interesses concorrentes (pesca, turismo, expansão urbana e proteção ambiental). Daí, a importância de trazer para o debate a questão portuária ambiental, as relações que se estabelecem entre porto e cidade. O grande desa- fio que se apresenta para o setor é entender e encampar outra abordagem denominada de revisionista, ou hipótese de Porter, que considera a imposição de padrão ambiental estimulante à busca de inovações tecno- lógicas para melhor utilizar ou reutilizar os insumos, diferenciando os produtos, determinando, consequen- temente, a vantagem competitiva de um concorrente sobre os demais. Assim, os portos ambientalmente mais adequados, dentro de um mercado que trabalhe com certificação ambiental ou com barreiras técnicas no chamado ciclo 34 de vida do produto, tanto podem diminuir impactos e custos, quanto conseguir manter e atrair novas cargas para suas operações. (ARAÚJO,2010 p. 18) Diante do que foi explanado pelo autor acima, os investimentos em novas instalações ou nas moderni- zações além de proporcionar melhorias operacionais, também visam a qualidade de vida da população no momento em que há uma preocupação com a questão portuária ambiental, visando portos ambiental- mente mais adequados. 105PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 F igura. 1 – Distribuição do sistema portuário brasileiro Fonte: SEP / http://www.portosdobrasil.gov.br/sistema-portuario-nacional Na imagem acima, é possível ver a distribuição dos portos no Brasil, e que cada porto tem uma influência econômica muito importante para a região em que o mesmo está inserido, além disso o sistema apresenta alternâncias entre a participação do Estado no processo operacional, delegação dos serviços e instalações e da iniciativa privada, que nem sempre assumia de forma integral ou pelo menos parcial suas obrigações com os investimentos necessários dentro dos portos concedidos. Ao longo da história, os portos Brasileiros foram e são considerados, a exemplo dos demais portos in- ternacionais, como os principais equipamentos indutores do desenvolvimento do país. Os nossos portos, especificamente, sempre foram e são os vilões do chamado “custo Brasil”. Recentemente, junho/2013, foi aprovada a Lei 12.815 que pode ser considerado um novo março regulatório para o sistema portuário nacional, apresentando um avanço importante para o setor, tendo como maior desafio a sua regulamen- tação e implementação. 3. PRINCIPAIS PORTOS BRASILEIROS 3.1 Porto de Santos Sendo um dos portos mais importantes do Brasil, situado nos municípios de Santos e Guarujá, no estado de SP, o porto de Santos permanece como o porto mais influente no conjunto de movimentação de con- têineres na América Latina. A atividade do porto é de 27,40% da movimentação quando comparado aos demais portos brasileiros. Na imagem abaixo é possível ver um pouco de sua grande estrutura. 106PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura. 2 – Porto de Santos (SP) Fonte:(http://www.informativodosportos.com.br/novos-terminais-de-santos-so-entrarao-em-operacao-em-2016/) Suas principais mercadorias mais transportadas são produtos como: açúcar, soja, granel sólido, álcool, café em grãos, gasolina, milho dentre outros produtos. Segundo os dados tirados da Web Portos a carga anual em tonelagens do porto de Santos é de 96 milhões. O volume anual de contêineres é de 2,697 milhões de TEUs (unidade equivalente a 20 pés). 3.2 Porto de Itaguaí O Porto de Itaguaí, também conhecido como porto de Sepetiba, fica no estado do Rio de Janeiro e foi inaugurado no dia 7 de maio de 1982. O Porto é administrado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) e possui 15,31% de movimentação dos portos brasileiros. Figura. 3 – Porto de Itaguaí (RJ) Fonte: (http://rio-negocios.com/investimentos-em-portos-no-rio-somam-r-4-bilhoes/) 107PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Suas principais mercadorias mais transportadas são produtos como: graneis sólidos, carvão e coque, minério de ferro dentre outras coisas. Segundo os dados tirados da ANTAQ (Agência Nacional de Trans- portes Aquaviários) a movimentação de carga anual em tonelagens do porto de Itaguaí é de aproximada- mente 57,41 milhões de reais. 3.3 Porto de Paranaguá O Porto de Paranaguá, que também foi conhecido como PortoDom Pedro II (homenagem ao Imperador do Brasil), está localizado no município de mesmo nome, no estado do Paraná. Atualmente é administrado pela APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) e sua inau- guração ocorreu em 17 de março de 1935. O Porto tem 13,37% da movimentação dos portos brasileiros. Figura. 4 – Porto de Paranaguá (PR) Fonte: (https://diario24h.com/emprego/porto-de-paranagua-abre-concurso-para-28-vagas-e-salarios-de-r-45-mil/) Suas mercadorias mais transportadas são produtos como: granéis líquidos, fertilizantes, granéis sólidos, algodão, milho, açúcar e papel dentre outros. Segundo os dados retirados da Web Portos, a carga anual em tonelada do porto Paranaguá é de 43,3 milhões de reais. 3.4 Porto do Itaquí O Porto do Itaqui está localizado na Baía de São Marcos, município de São Luís, no estado do Maranhão. O Porto é administrado pela EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária). O Porto tem 3,63% de movimentação dos portos brasileiros. Figura. 5 – Porto do Itaquí (MA) Fonte: (http://www.ma.gov.br/porto-do-itaqui-bate-o-recorde-de-cargas-movimentadas-do-ano-em-outubro/) 108PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Suas principais mercadorias mais transportadas são produtos como: grãos, cargas vivas, fertilizantes e permitir a atracação de navios do tipo Panamax. A CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou números próximos das projeções apre- sentadas pelo IBGE. Segundo a Conab, a safra 2016/2017 deve chegar a 215,3 milhões de toneladas, com aumento de 15,3% ou 28,6 milhões de toneladas. Segundo o portal da EMAP, O local do antigo Porto de São Luís, escolhido pelos franceses quando ali se estabeleceram em 1612, serviu a cidade praticamente até o início das operações do Porto do Itaqui, em 1974. Em 1918, o Decreto nº 13.133, de 7 de agosto, previa a construção de instalações para acostagem ligadas ao centro comercial do município de São Luís, com a empresa C.H. Walker & Co. Ltda., contratada para executá-las. No entanto, tais obras, definidas por meio da concessão outorgada pela União ao Governo Estadual pelo Decreto nº 13.270, de 6 de novembro de 1918, não prosperaram. Assim, a concessão às obras foi extinta pelo Decreto nº 16.108, de 31 de julho de 1923, surgindo, então, o desenvolvimento do projeto para a construção do Porto do Itaqui. Os estudos realizados em 1939 pelo Departamento Nacional de Portos e Navegação, do Ministério da Viação e Obras Públicas, indicaram a região de Itaqui para a criação de um porto no Maranhão. Em 1976 foram concluídos os trechos dos berços 101 e 103. Em 1994, a extensão do cais foi ampliada com a construção dos berços 104 e 105. Em 1999 as obras dos berços 106 e 107 foram realizadas e em dezembro de 2012 o berço 100 foi inaugurado. Em 2015 foi construído o berço 108 e será especializado na movimentação de deriva- dos de petróleo. No dia 28 de dezembro de 1973 foi criada a Companhia Docas do Maranhão (Codomar), subordinada ao Governo Federal, para administração do Porto. A partir de fevereiro de 2001, por meio do Convênio de Delegação n° 016/2000, assinado entre o Ministério dos Transportes e o Governo do Estado, o Porto do Itaqui passou a ser gerenciado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP). Figuras. 7 e 8- Evolução do Porto do Itaquí de 1970 a 2016 Fonte: http://www.emap.ma.gov.br/porto-do-itaqui/historico As imagens acima apresentam uma relevante evolução estrutural no Porto do Itaqui, é possível perceber o alto grau de investimento que o mesmo recebeu nos últimos 40 anos. Além disso, hoje em dia o Porto do Itaqui é considerado um dos mais importantes do mundo, ele representa uma grande ferramenta para o desenvolvimento da logística brasileira. Através dele toneladas de cargas embarcam e desembarcam diariamente com destinos nacionais e internacionais, fortalecendo assim a economia brasileira e mais em particular a economia maranhense, que vai desde a geração de empregos, como também os produtos que tem como destino o mercado local.A logística portuária brasileira conta atualmente com o Porto do Itaquí para o envio e recebimento de produtos importados e nacionais. O porto do Itaqui tem uma posição geo- gráfica privilegiada, facilitando o transporte para Europa e America do Norte, entretanto mesmo com os atuais investimentos, ainda é extremamente necessário que o mesmo tenha sua capacidade de operação ampliada, para evitar que vários navios fiquem por muito tempo ancorados na orla marítima maranhense a espera de desembarque, pois tal situação eleva os custos das operações logísticas, que por sua vez eleva os custos dos produtos que são repassados para os consumidores. 109PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 3.5 Porto da Vila Conde O Porto de Vila do Conde está situado no município de Barcarena, no local denominado Ponta Grossa, Estado do Pará. No dia 24 de outubro de 1985 o porto da vila do conde foi inaugurado pela CDP (Com- panhia Docas do Pará). O Porto tem 4,84% da movimentação dos portos brasileiros. Figura. 6- Porto da Vila do Conde (PA) Fonte: (https://www.flickr.com/photos/pacgov/sets/72157627649379417/) No presente momento o Porto de Vila do Conde dispõe de 7 berços de atracação, divididos entre 3 píeres. Lá se opera cais de graneis sólidos e carga geral e também acontece a exportação de alumina, a impor- tação de coque e piche e a importação e exportação de carga geral. Segundo os dados tirados da ANTA- Q(Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e da Web Portos, a movimentação do porto é de 16,5 milhões de toneladas e que promete crescer em 7,2% ao ano. 4. INFRAESTRUTURA MECÂNICA DOS PORTOS PARA A EXPORTAÇÃO DE CAFÉ O Brasil possui a sétima economia mundial, mas no ranking de países exportadores ocupa o 22° lugar, onde as vendas externas representam pouco mais de 1% no cenário mundial. Se analisarmos somente as manufaturas, essa posição é ainda pior, ocupando o 29º lugar, onde a participação no cenário mundial cai para 0,7% (AEB, 2014). O país ainda mantém uma cultura de exportar commodities e o escoamento do agronegócio é apontado pelos exportadores como ineficaz (CNI, 2014). As empresas exportadoras brasileiras enfrentam várias dificuldades, que estão relacionadas à infraestru- tura precária, à burocracia alfandegária e aduaneira, às linhas de financiamento para exportações e ao sistema tributário. (AEB, 2014). Entretanto muitos empresários e produtores de café brasileiro acabam por retrair um pouco os investi- mentos em exportação por consequência da falta de infraestrutura dos portos brasileiros para a exporta- ção de café, uma vez que os portos precisam está equipados com armazéns adequados tanto em tamanho físico como instalações especificas que mantém o café condicionado a uma determinada temperatura refrigerada, sem a presença de luz solar e umidade.(BRUM,1996) Em 2013 foi comemorado 205 anos da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, mecanismo cria- do por Dom João 6º. Entretanto tal evolução não se converteu em modernização dos portos, pois o que se verifica atualmente é um cenário muito conflituoso o que impede que tal data tenha sido comemorada na época já que problemas antigos permanecem dificultando a evolução da logística portaria brasileira, principalmente no que diz respeito a exportação de café, pois o Brasil com uma área muito ampla des- tinada a agricultura esta perdendo espaço para outros cultivos por falta de opções de escoamento para a cultura do café que em grande parte só é cultivada nas regiões próximas aos portos que possuem ins- 110PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 talações mínimas para este tipo de embarque, sendo que o Brasil um dos maiores produtores de café do mundo deveria esta mais voltado à investimentos na área de logística e comercio para reforçar o seu alto potencial de exportador. O comercio internacional cresceu muito nos últimos anos, grande parte de seu crescimento se deu por meio da globalização, onde hoje em dia pode-se comprar eimportar qualquer coisa através da internet, o que facilmente liga os países conectando vendedores e compradores, porém além do pouco investimento, um dos principais problemas enfrentados pela logística portuária brasileira ainda é o grande volume de cargas, a burocracia, as greves que são muito frequentes, a competitividade e o preço elevado dos com- bustíveis e principalmente os problemas de infraestrutura e os altos custos dos terminais nos principais portos brasileiros, com todos esses entraves o comercio brasileiro de exportação acaba perdendo espaço para outros países que possuem uma logística portuária mais avançada do que a brasileira (FURTADO, 1976). Os principais fatores que estão afetando e atrasando o desenvolvimento da logística portuária brasileira é justamente a sua ineficiência no processo de embarque, o que resultado em um cenário de um Brasil que vende, mas que não consegue embargar os produtos vendidos de uma forma eficiente, fazendo com que o pais seja visto de uma forma negativa na comunidade internacional, pois de certa forma os investidores ficarão com um certo receio de importar produtos brasileiros, mas sem a certeza de que seus produtos irão chegar ao destino final dentro dos prazos estabelecidos no momento da compra e até mesmo se irá chegar em perfeitas condições de qualidade, no momento em que muitos produtos sofrem degradação com os enormes atrasos de embarque nos portos brasileiros (COLLYER, 2008). Dentre os principais portos brasileiros, é possível citar o porto de Santos que é considerado o maior por- to da America Latina, o mesmo responde por um quarto de tudo que se exporta e se importa no Brasil. Entretanto, o porto de Santos está condenado a prestar um péssimo serviço no momento em que suas instalações atuais estão vinculadas a moldes do século XX, período em que a logística portuária brasilei- ra possuía bens de exportação locais e sem a necessidade de comunicação entre as economias regionais, com isso o pais sofre uma grave degradação em seus transportes marítimos, percas elevadíssimas de capital são sofridas diariamente pelo fato do porto não abrigar de forma eficiente todos os navios de em- barque e desembarque, isso sem mencionar que as rotas de escoamento terrestres e ferroviárias acabam gerando uma super lotação em seus armazéns, fazendo com que o porto torne-se problemático e com um alto custo, custo esse que é pago pelo consumidor final, no momento que grande parte de nossa inflação vem sendo gerada por essa ineficiência logística em que o pais está centrado (OLIVERIA, 2007). É necessário investimentos específicos para que o país atenda a necessidades mínimas exigíveis em seus embarques e desembarques, isso sem falar da armazenagem, escoamento e a burocracia (LEVY, 2002). Na realidade, mesmo após se passar pouco mais de 200 anos depois da abertura dos portos às nações amigas, o que nota-se é que não apenas o porto de Santos, mas sim todos os portos brasileiros carecem de investimentos em todos os setores, além disso, grande maioria dos portos brasileiros aguardam uma nova abertura que possa beneficiar a eficiência de operações logísticas e acelerar os investimentos em logística portuária de forma paralela ao crescimento e desenvolvimento comercial do Brasil (BRASIL, 2015). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando este trabalho, chegou-se a uma compreensão precisa sobre a necessidade de melhoria da infraestrutura que os portos brasileiros para a exportação de café. Como foi visto, o nosso sistema por- tuário, contempla especificidades e de forma geral é o grande indutor do desenvolvimento de regiões e do próprio Brasil. Entretanto ainda carece de muito investimento físico e tecnológico para atender a atual demanda, além disso ficou expresso de forma precisa que o Brasil tem os portos como sua porta de entra- da para o crescimento econômico, mas é necessário muito mais do que teoria para fortalecer a economia, é necessário ação tanto do poder público quanto privado, pois todos tem a ganhar com a modernização 111PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 dos nossos portos. Dentro da logística de transportes, considerando a intermodalidade, a instalação por- tuária é o equipamento final para atender, em pelo menos 90%, as demandas por serviços apresentadas pelos diversos importadores e exportadores no fluxo do comércio exterior. No transporte interno de cabo- tagem, no que pese a invertida matriz de transporte, o modal aquaviário tem muito a desenvolver, sendo o transporte que poderá trazer soluções diversas aos problemas estruturais, de custos e meio ambiente. O alto custo e inoperância do nosso sistema portuário são caracterizadores do chamado custo Brasil o que nos coloca em grande desvantagem diante da concorrência internacional quando falamos em expor- tação e eleva sobremaneira o custo do nosso setor produtivo quando das importações. Tal situação tem que ser tratada pelo Governo dentro das suas maiores prioridades, contemplando, em seu planejamento, novos investimentos e uma revisão no seu marco regulatório. Dentro desta perspectiva, mudanças estruturais são reclamadas dentro do nosso setor portuário que de- vem passar desde as condições físicas dos portos atuais até os entraves burocráticos hoje experimenta- dos. Um choque de gestão e a modernização das operações não podem deixar de ser considerados. REFERENCIAS AEB, Associação do Comércio Exterior Brasileiro. 2014. Disponível em: Acesso em: 10/03/2018 ARAÚJO , Francisco Humberto Castelo Branco. Sistema Portuário Brasileiro: Evolução E Desafios. Florianópolis/SC Novembro de 2010 BARAT, Josef Logística, transporte e desenvolvimento econômico: a visão setorial. V.IV Rio de Janeiro:CRA Edito- ra,2004 BRASIL. Ministério Da Agricultura, Pecuária E Abastecimento. Projeções do agronegócio: Brasil 2014/2015 a 2024/2025 projeções do longo prazo. 6ª ed. Brasília: Julho de 2015. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/ arq_editor/PROJECOES_DO_AGRONEGOCIO_2025_WEB. pdf> Acesso em: 07 de janeiro de 2018 BRUM, Argemiro J. O desenvolvimento econômico brasileiro. 16. ed. Petópolis: Vozes, 1996. CNI, Confederação Nacional da Indústria. Entraves às exportações brasileiras. 2014. Disponível em: . Acesso em: 05/03/2018 COLLYER, Wesley. Lei de portos: O conselho de autoridade portuária e a busca da eficiência. São Paulo: Aduaneiras, 2008. EMAP disponível em http://www.emap.ma.gov.br/porto-do-itaqui/historic. acesso em 22/01/2018. FURTADO, Celso. A economia larino-americana (formação histórica e problemas contemporâneos). São Paulo: Compa- nhia Editora Nacional, 1976. LEVY, L.F. O novo Brasil . São Paulo: Gazeta Mercantil/ Nobel, 2002 OLIVERIA,Luís Valente de;RICÚPERO,Rubens. A abertura dos portos. São Paulo: Editora Senac , 2007. CAPÍTULO 12 AUTORES RESUMO ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET) DA ATI- VIDADE DO FORNEIRO DE FARINHA NO MUNICIPIO DE PRESIDENTE JUSCELINO - MARANHÃO Fernando Oliveira Assunção Rondnney Martins Nunes Victor Hugo Rabêlo dos San- tos Gustavo da Costa Carvalho Kaythelin Ferreira Soares Marcos Cliver dos Santos Oli- veira José Ribamar Santos Moraes Filho As alterações posturais são consideradas um problema sério de saúde, tendo em vista a sua grande prevalência sobre a popu- lação, incapacitando-a definitivamente ou temporariamente. A casa de forno é o lugar onde é produzida a farinha de mandioca na região do Munim (Povoado Boa Vista dos Pinhos Presidente Juscelino) foi o local escolhido para o estudo por ser uma região pela qualidade do seu produto. Sua produção que já tem mais de 50 anos, se estenden- do a família e até as pessoas da comunidade, que produz de forma artesanal, que participam desde o plantio ate a torração que é a parte final do processo. Buscou-se conhecer as condições de trabalhos do forneiro de farinha, e os riscos ocupacionais no qual é exposto no meio do trabalho. Pretende-se através desse estudo sugerindo me- lhorias para os trabalhadores. Palavras-chave: Forneiro,farinha de mandioca, condições de tra- balho, riscos ocupacionais. 113PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A ergonomia começou a ter grande importância para as empresas, quando passou a ser uma das maiores causas de afastamento dos postos de trabalho. Com esse afastamento os custos diretos e indiretos têm aumentado muito, e diminuindo a qualidade de vida dos trabalhadores. A ergonomia tem como objetivo principal adequar os postos de trabalho ao ser humano. A postura humana vem sendo objeto de estudo biomecânico, devido os desvios estruturais e funcionais da atitude do corpo em causar desequilíbrios no sistema corporal, podendo assim apresentar compen- sações que podem gerar alterações em suas funções, isso faz com que essa atividade leve a desvios da coluna vertebral, uma vez que a mobilidade é extrema e a postura se adapta às atividades desenvolvidas, desta forma a coluna vertebral está sujeita as diversas alterações (LUZ et al., 2008). As alterações posturais são consideradas um problema sério de saúde pública, tendo em vista a sua gran- de prevalência sobre a população, incapacitando-a definitivamente ou temporariamente, de suas ativida- des laborais e Atividades de Vida Diária (AVD) (MANSOLDO; NOBRE, 2007). A postura em que a atividade é realizada, define o grau de conforto/desconforto do trabalhador. A dis- tribuição do peso do corpo é desigual entre suas partes, desde a cabeça, tronco e membros; conforme a postura, este peso pode ser fator de cansaço (MARTINS NETO, 2000). Cerca de 80% da população em algum momento de sua vida apresentara dor lombar, representando um auto custo no seu tratamento para o sistema de saúde e para a previdência social, devido ao auto índice de afastamento e incapacidade no trabalho (CARAVIELLO et al., 2005). Na produção da Farinha de Mandioca na região do Munim, no povoado chamado Boa Vista dos Pinhos localizado no município de Presidente Juscelino com população de 12.532, segundo o senso do IBGE (2010), que fica a 117 Km de São Luís, onde a produção de farinha é realizada de forma artesanal e per- cebemos que no ponto de vista ergonômico, os trabalhadores exercem sua função de forma inadequada que comprometem a saúde e seu desempenho. Ao longo dos anos, essa atividade vem sendo exercida por várias gerações, e é de suma importância economicamente para o povoado, pois é de onde vem a maioria de sua renda, criando assim alternativas de mercado e fortalecendo o desenvolvimento na região e garantindo o atendimento das necessidades atuais e futuras. Este estudo tem como objetivo principal verificar as condições do trabalhador em uma casa do forno na região do Munim, avaliando os riscos ocupacionais que os trabalhadores estão expostos de natureza ergonômica. 2. REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS 2.1 ERGONOMIA Alguns fatores são determinantes para o bom desenvolvimento corpóreo do ser humano, como por exem- plo, a coluna vertebral e os músculos a ela associados, pois de tais estruturas depende o equilíbrio e a dis- tribuição das forças e dos esforços na realização das atividades diárias. Entretanto, muitos outros fatores são fundamentais para a manutenção da postura (MOREIRA; CORNELIAN; LOPES, 2013). A postura corporal do indivíduo depende do estado emocional em que ele se encontra, do momento e da consciência corporal. Assim, o corpo é capaz de adotar diferentes posturas e posições ao longo do dia, seja para amenizar a sensação de dor, ou para tentar ocasionar maior conforto durante a realização de tarefa, executada em posição sentada, deitada ou ereta (STROTTMANN; SANTANA, 2007). De acordo com a NR-17 brasil (2013), sempre que o trabalho poder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser adaptado para o trabalhador (BRASIL, 2013). 114PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 3. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa quantitativa e analítica, realizada no mês de maio de 2017 que obteve uma amostra de 10 (dez) forneiros, onde todas as informações foram registradas através de um questionário permitindo coletar dados sócios econômicos, e característicos da pratica da produção de farinha, em seguida foi identificada a presença ou não de dor com localização e intensidade no diagrama de Colertt. Durante a visita ao local de estudo, analisamos que os postos de trabalhos ficam divididos em dois seto- res a plantação e a produção. Os equipamentos encontrados foram: Fornos: equipamento para torrar a farinha; Corante: serve para dar coloração mais amarelada; Peneira: equipamento utilizado para peneirar a farinha; Prensa: equipamento utilizado para reduzir a umidade da massa de mandioca; Catitu: equipamento utilizado para triturar, ralar a massa de mandioca; Tapiti: equipamento que serve para reduzir a umidade; Além da medição da temperatura, foram analisados os possíveis “riscos” que os trabalhadores estavam expostos durante a jornada de trabalho intenso, pois não tinham hora exata para sair. 3.1 SOFTWARE COMPUTACIONAL ERGOLÂNDIA 6.0 Para os seguintes dados obtidos sobre a postura de cada atividade utilizamos o software computacional Ergolândia 5.0 versão demo, o software possui mais de 20 ferramentas ergonômicas para avaliação e me- lhorias para os postos de trabalho. O método Owas foi a ferramenta utilizada para os resultados a seguir. Atividade 1: plantio, de acordo com os dados obtidos pelo software, são necessárias correções imediatas; Atividade 2: Colheita, de acordo com os dados obtidos pelo software, são necessárias correções imedia- tas; Atividade 3: Descascamento, de acordo com os dados obtidos pelo software, são necessárias correções em um futuro próximo; Atividade 4: Ralamento, de acordo com os dados obtidos pelo software, são necessárias correções em um futuro próximo; Atividade 5: Prensagem, de acordo com os dados obtidos pelo software, não são necessárias medidas corretivas; Atividade 6: Torração, de acordo com os dados obtidos pelo software, são necessárias correções em um futuro próximo; 4 RESULTADO E DISCUSSÃO 4.1 PROCESSO PRODUTIVO DE PRODUÇÃO DE FARINHA A colheita se dá no início da produção da farinha ocorre na preparação da terra para o plantio da man- dioca. Os lavradores utilizam terrenos distantes de suas casas onde ocorre a plantação, esses terrenos são chamados de roças. As raízes devem ser colhidas de 16 a 20 meses após a plantação, nos meses entre abril e agosto, quando apresentam maior rendimento (Figura 1). Após a colheita, as raízes são trans- portadas até às casas de farinha por meio de cavalos, jumentos e carros de madeiras puxados por bois, conhecidos por “carro de boi”. 115PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1 – Colheita da mandioca F onte: www.olhardireto.com.br (2017) Ao chegarem à casa de farinha, as mandiocas são retiradas dos “carros de boi” e colocadas em cestos para transportá-las para dentro da casa de farinha. Logo após, as mandiocas são descascadas com auxílio de facas até as raízes ficarem bem brancas e limpas. Este trabalho, é realizado por um grupo de pessoas envolvendo homens e mulheres sentados em pequenos bancos de madeira e também ao chão (Figura 2). Figura 2- Descascamento Fonte: Os autores (2017) Depois de serem descascadas, as mandiocas são colocadas em tanques com água ficando imersas por quatro dias para atingir uma textura para a próxima etapa. Após os 4 dias de molho, as mandiocas são retiradas da água seguindo assim para a prensa (Figura 3). Figura 3 – Molho Fonte: Os autores (2017) Após quatro dias de molho em processo de fermentação, a massa é colocada dentro da prensa de madeira forrada com folhas de bananeira para assim ser prensada (Figura 4). A massa fica na prensa por horas para reduzir a umidade e eliminar o tucupi (líquido resultante da prensagem da massa). 116PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 4 - Prensagem Fonte: Os autores (2017) As raízes são colocadas no “cocho” de madeira para iniciar o processo de ralação pelo “catitu” (nomeindígena dado ao ralador). A massa ralada vai caindo diretamente sobre outro “cocho” colocado embaixo do “catitu” (Figura 5). Depois de ralada a massa é colocada no tapiti para tirar o excesso de liquido. Figura 5- Ralamento Fonte: Os autores (2017) Depois de tirar o excesso de liquido no tapiti a massa é colocada no “cocho” de madeira para ser penei- rada (Figura 6). Figura 6 - Peneiramento Fonte: Os autores (2017) 117PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 O último passo é a torração (Figura 7). Após a massa ser totalmente peneirada ela é colocada no forno aquecido para eliminar a umidade que ainda permanece na farinha crua. O forneiro, com o auxílio de um rodo de madeira, vai mexendo a massa no forno até a secagem completa e torração da farinha. O tempo de torração de cada fornada de farinha vai depender do estado da farinha, ou seja, até ela atingir a crocância desejada pelo forneiro, que leva em torno de 2hrs a 2,5hrs. O processo da torração dura em média de 10 a 15 hrs, dependendo da quantidade de massa que tenha para torrar. A postura adotada pelos forneiros no seu dia a dia de trabalho, se caracteriza por ser pobre em termos de qualidade, destacando-se os movimentos realizados de forma repetitiva, e a má postura adotada, tornan- do-os propensos a apresentar desconfortos ou problemas de postura. Figura 7- Torração Fonte: Os autores (2017) A amostra estudada foi composta por 10 forneiros de farinha, residentes do Povoado Boa Vista dos Pi- nhos localizado no município de Presidente Juscelino Maranhão. Podemos observar a importância de manter o controle do peso corporal dos forneiros de farinha, visto que a atividade laboral exige grande sobrecarga física, quando entrevistados a respeito da postura, (20) % da amostra nunca ouviu falar no tema, (20) % nunca recebeu informações sobre postura e desvios posturais, conforme apresentado na Figura 8. Figura 8 - Postura Laboral Fonte: Os autores (2017) Nas variáveis relacionadas à atividade laboral, verifica-se na Figura 9 que (50) % da amostra estudada tem uma jornada de trabalho de (6) a (10) horas/diárias, (40) % tem uma jornada de trabalho de (11) a (15) horas/diárias, (10) % tem jornada de trabalho de (1) a (5) horas/diárias. 118PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 9 - Jornada de trabalho Fonte: Os autores (2017) Em relação ao tempo de atividade na área, verifica-se que (20) % da amostra representa de (1) a (10) anos em atividade; (30) % representa de (11) a (20) anos; (20) % representa de (21) a (30) anos em atividade; (30) % representa de (31) a (40) anos (Figura 10). Figura 10 - Tempo de atividade na área Fonte: Os autores (2017) Observamos que durante o processo de produção (20) % da amostra sentem dor durante a colheita, des- cascamento e lavagem; (10) % sentem durante o ralamento e peneiramento; (50) % sentem durante a torração; (20) % sentem em todos os momentos citados, conforme Figura 11. Figura 11- Ocasião em que o trabalhador sente dor Fonte: Os autores (2017) 119PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Nas variáveis relacionadas à sintomatologia dolorosa com identificação da localização e intensidade da dor dos forneiros de farinha após a jornada de trabalho através do Diagrama de Corlett. Observa-se neste estudo que na região costa médio (60) % relatam sentir dor, sendo que (50) % que acusaram dor nessa região tem como moderado a intensidade da dor; e os outros (50) % que acusaram dor na região tem como bastante sua intensidade, conforme Figura 12. Figura 12 – Valor médio de dor na costa Fonte: Os autores (2017) Na região costa inferior (50) % relatam sentir dor, cerca de (60) % que acusou dor nessa região tem como bastante sua intensidade; cerca de (20) % que acusou dor nessa região tem como moderado sua intensi- dade; cerca de (20) % que acusou dor nessa região tem como desconforto sua intensidade (Figura 13). Figura 13- Valor médio dor na costa na região inferior Fonte: Os autores (2017) Na região da bacia (50) % relatam sentir dor, cerca de (40) % acusaram sentir dor nessa região como bas- tante sua intensidade; (40) % que acusaram sentir dor nessa região tem como desconforto a sua intensi- dade; (20) % que acusaram sentir dor nessa região tem como moderado a sua intensidade, provavelmente por permanecerem na postura em pé por longos períodos do dia, observado na Figura 14. 120PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 14 – Valor médio de dor na região da bacia Fonte: Os autores (2017) 5. CONCLUSÃO Concluímos que, a forma artesanal de produção de farinha realizado no povoado Boa Vista dos Pinhos não é ergonomicamente viável para o conforto do trabalhador. Observamos que os forneiros sofrem com diversas dores posturais, decorrentes a má postura, que é algo normal entre os forneiros de farinha pelo baixo conhecimento no assunto. Levando em consideração a forma artesanal da produção de farinha é uma questão cultural da região que passa de geração para geração. Analisamos que a falta de informação é um fator determinante para que não haja condições de trabalho realizadas ergonomicamente de maneira correta e prejudicial à saúde do trabalhador. Sabendo que existirá uma resistência por parte do trabalhador da região, pelo motivo da dificuldade em mudanças culturais algo que já se acontece a muitos anos. Portanto, sugerimos algumas mudanças relevantes a realidade das condições de trabalho no local sendo elas tais como palestras que abordam sobre ergonomia, treinamentos, e sugestões de novo equipamentos. REFERÊNCIAS BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO. Portaria MTb n. 3.214. NR 17 – Ergonomia. Publicada em 08 de junho de 1978. Brasília, DF. CARAVIELLO, E. Z. et al. Avaliação da dor e função de pacientes com lombalgia tratados com um programa de es- cola de coluna. Revista Acta Fisiátrica, v. 12, n. 1, abr. 2005 GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA. Projeto padrão casa de farinha com um forno unidade elétrica. 2005. Dispo- nível em: <http://industriasantacruz.com/wp-content/uploads/2013/09/ProjetoCARBA2005.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Maranhão: Presidente Juscelino. Cidades, [2017?]. Dis- ponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/presidente-juscelino/panorama>. Acesso em: 25 maio. 2017. LUZ, C. C. T. Avaliação postural de atletas praticantes de musculação através da biofotogrametria computadorizada: um estudo de caso. FisioBrasil, v. 11, n. 88, mar./abr. 2008. MANSOLDO, A. C.; NOBRE, D. P. A. Avaliação postural em nadadores federados praticantes do nado borboleta nas pro- vas de 100 e 200 metros. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 31, n. 4, out./dez. 2007. MARTINS NETO, E. Apostila de ergonomia. 2000. Disponível em: <http://www.ergonomianotrabalho.com.br/artigos/ 121PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Apostila_de_Ergonomia_2.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2016. MOREIRA, J.; CORNELIAN, B. R.; LOPES, C. P. B. A importância do bom posicionamento postural em escolares – o papel do professor de educação física. Revista Uningá Review, v. 16, n. 3, p. 42-48, out./dez. 2013. Disponível em: <http://www.mastereditora.com.br/periodico/20131210_185710.pdf>. Acesso em: 6 set. 2015. STROTTMANN, I. B.; SANTANA, R. R. Postura corporal e a reeducação postural global: definições teóricas. XI En- contro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2007. Disponível em: <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/epg/EPG00101_02C. pdf>. Acesso em: 6 nov. 2015. CAPÍTULO 13 AUTORES RESUMO SEGURANÇA DO TRABA- LHO: UMA ANÁLISE ERGO- NOMICA EM UM HOSPITAL DE SÃO LUÍS-MA Cristiano Carvalho de Sá Denise Trindade Fonseca Ilourdes Maria Lopes Sousa Naikon Marques Monteiro Paloma Fonseca da Silva Jéssica Alves Trindade Lima Trabalhar com satisfação e conforto profissional é estar de acor-do com interesses voltados para a ergonomia, transparecen- do valores e benefícios associados aos colaboradoresde maneira que os mesmos venham entender que o processo produtivo depende da ergonomia para propiciar um local de trabalho bem adaptado de acordo com as necessidades profissionais. Colaboradores da saúde, principalmente os que desempenham tarefas diretamente ligadas aos pacientes, necessitam de intervenções ergonômicas para melhor qualidade no serviço prestado e uma condição favorável quanto à postura. A análise realizada neste trabalho tratou-se de um estudo de caso de caráter quali e quantitativo, a pesquisa foi realizada no intui- to de observar as atividades realizadas por auxiliares de atendimen- to (maqueiros), em um hospital particular de São Luís - MA, visan- do encontrar situações que envolvam riscos ergonômicos existentes em seus postos de trabalho. Para auxiliar no estudo foi aplicado um questionário, tratados os resultados obtidos no excel e analisadas as tarefas através do software ergolândia 5.0, com intuito de encontrar situações em que pudéssemos sugerir melhorias com a aplicação da ergonomia física. Palavras-chave: Ergonomia, Ergolandia 5.0, Auxiliar de Atendi- mento. 123PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A segurança do trabalho no decorrer da história da humanidade não foi praticada. Com as revoluções, crescimento populacional e maior necessidade de produção foi possível notar doenças, acidentes e até mesmo diversos óbitos decorrentes do trabalho, trazendo um alerta para os estudiosos da época, que buscaram e buscam até hoje melhorias relacionadas aos postos de trabalho. A ergonomia contribui para manutenção da saúde e segurança do trabalhador, pois visa a melhor ma- neira do ser humano realizar os mais diversos tipos de tarefas. Atualmente o melhor aproveitamento de diversas atividades praticadas com foco na ergonomia, se torna um fator determinante, pois cada detalhe faz uma diferença significativa para garantir um posto de trabalho seguro, o qual trará benefícios ao co- laborador (DE LIMA, 2018). Tal ciência busca encontrar resolutivas a diversas problemáticas, zelando sempre pela saúde ocupacional, pois quando aplicada corretamente, contribui a favor do empregado de forma mais frequente, com grandes resultados obtidos (OLIVEIRA, 2009). Existem tarefas com riscos ergonômicos elevados, as quais deixam os profissionais sujeitos a complica- ções posteriores. Algumas destas atividades são as do ambiente hospitalar desencadeadas por maqueiros que devido repetições interferem na integridade física dos profissionais, desencadeando nos mesmos a dificuldade de executar as suas tarefas diárias, principalmente pelo fato de muitos não realizarem os pro- cedimentos da maneira ergonomicamente correta (RODRIGUES, 2016). Reduzir o número de pessoas afastadas do trabalho é de suma importância para toda e qualquer empresa, pois caso contrário essa situação implicará em aumento de custos, levando em consideração as despesas que a empresa terá com este profissional afastado e o investimento necessário para uma nova contrata- ção, ou até mesmo a promoção de outro colaborador que precisará ser treinado para desempenhar nova função e necessitará de um certo tempo para ter habilidade e agilidade para executar as tarefas. (SOA- RES, 2013). As atividades realizadas por maqueiros envolvem assistência quanto à movimentação de pacientes, prin- cipalmente aqueles que não apresentam mobilidade ou possuam a mesma parcialmente reduzida, devido cirurgias, fraturas, traumas, acidentes e sequelas. A constante repetição de procedimentos interfere na integridade física destes profissionais, desencadeando nos mesmos a dificuldade de executar as suas tare- fas diárias. Contudo até a empresa analisada investe em ergonomia e busca melhores avanços nesta área? O presente estudo justifica-se pelo fato da segurança do trabalho ter grande relevância para toda e qual- quer organização. Sua busca é contínua, pois está sempre em evidência, colaborando com a comunidade científica, a partir de esclarecimentos realizados nesta pesquisa, deixando clara a aplicação do tema e estimulando assim um interesse maior pelo uso da ergonomia. Esta pesquisa traz como objetivo geral: Analisar ergonomicamente a atividade de auxiliar de atendimen- to em um hospital particular de São Luís-MA. Auxiliado pelo software ergolandia5.0. Como objetivos específicos: Avaliar os investimentos existentes em ergonomia hospitalar, analisar postos de trabalho e sugerir intervenções ergonômicas. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As estatísticas de acidentes e doenças no ambiente de trabalho, conforme a previdência social, demons- tram preocupação quanto a conhecimentos relacionados a ergonomia, como fator de grande importância para as empresas. Por isso, torna-se necessária a abrangência do tema em questão, pois se apresenta com grande relevância e vem alcançado uma maior abordagem por parte das organizações (BRASIL, 2010). A ergonomia estuda as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define como: A aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com os recur- sos e técnicas da engenharia para alcançar o ajustamento mútuo, ideal entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho (KASSADA et al, 124PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 2011). Tal ciência se preocupa com as condições gerais de trabalho, dentre elas: A iluminação, os ruídos e a tem- peratura, os quais são agentes causadores de danos à saúde física e mental. A ergonomia procura encon- trar meios para erradicar esses fatores e aumentar a eficiência humana, proporcionando mais segurança aliado ao conforto (MAGALHÃES, 2007). A Norma Regulamentadora NR 17, foi instituída no Brasil em 1990, pela Portaria nº 3.751 do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Tal norma regulamenta o uso de materiais, do mobiliário, do ambiente e da jornada de trabalho, de acordo com as necessidades físicas e mentais dos colaboradores, além de de- terminar que a empresa adeque o ambiente de trabalho ao empregador, relacionando o risco ergonômico às doenças ocupacionais (RIBEIRO, 2013). A qualidade de vida no ambiente de trabalho se constitui em o profissional desenvolver suas tarefas sem expor sua saúde a riscos, mantendo a integridade de suas condições físicas, psicológicas e sociais, além da higiene e segurança. Garantindo dessa forma um ambiente de trabalho confortável e amigável, melho- rando consideravelmente a qualidade de vida de todos os colaboradores da instituição (CHIAVENATO, 2006). As empresas estão percebendo a necessidade da aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho, pois a mesma garante melhorar da produtividade e consequentemente a satisfação dos seus colaboradores, pois é na empresa que o profissional passa grande parte do seu dia. Investir na qualidade de vida do funcionário é o investimento mais importante feito pela empresa, pois garante ao colaborador conforto, motivação para produzir cada vez mais e atrair mais clientes (CARVALHO, 2015). Ter um ambiente motivador, alegre e sadio, garantirá a empresa, colaboradores mais comprometidos e motivados a produzir, pois seu trabalho não haverá influências ambientais e riscos à saúde, capazes de interferir na produção. Um colaborador competente, porém, com baixa autoestima e deprimido, é tão improdutivo quanto um colaborador doente e hospitalizado (CHIAVENATO, 2006). Existem inúmeros estudos relacionando o homem e seu ambiente de trabalho, o conforto e até mesmo as horas de descanso, porém, poucas empresas se interessam por esses detalhes. A ergonomia busca estudar tais maneiras de conforto, para garantir melhor rendimento, prevenção de acidentes, satisfação do traba- lhador e redução do absenteísmo (MAGALHÃES, 2007). No Brasil, em 2009, houve 723.452 acidentes de trabalho registrados pelo Ministério Previdência Social, e a grande maioria dos casos, tiveram como consequência o afastamento temporário ou permanente dotrabalho. Daí a importância da análise ergonômica no ambiente trabalho, para prevenir acidentes e casos de absenteísmos (CABRAL et al, 2012). Segundo a International Labour Organization (ILO), em 2013, diariamente 6.300 indivíduos morrem ví- timas de acidentes de trabalho ou de doenças relacionadas ao trabalho. São mais de 2,3 milhões de óbitos por ano, sendo 313 milhões de acidentes no trabalho. A quantidade de acidentes não registrados, ou seja, sem Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), foi de 158.830, a maioria destes acidentes e doenças tiveram como consequência o absenteísmo devido à incapacidade temporária, incapacidade definitiva e até mesmo mortes (PINTO, 2015). O comprometimento e o aumento da produção, altas taxas de absenteísmo, elevados gastos com assistên- cia médica em tratamentos, afastamentos, altas indenizações e gastos com a reintegração do profissional ao trabalho, causam preocupação aos gestores das empresas, os quais buscam soluções efetivas e efica- zes para resolver tais problemas, que geram grande impacto na sociedade e financeiro para as organiza- ções (SILVA; BERTONCELLO, 2010). A análise ergonômica do trabalho (AET), tem por objetivo resolver os problemas e adequar o trabalho às características do colaborador. Tais problemas incluem: As condições, resultados, atividade desenvolvi- da e a regulação referentes ao trabalho. A ergonomia atua na relação entre a saúde e segurança do traba- lhador e a eficácia econômica, ou seja, garantia da produção, os quais são afetados por diversos fatores externos, daí a importância da AET, que trouxe uma nova visão de analisar e estudar uma situação de 125PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 trabalho, colocando a atividade de trabalho como foco (PIZO; MENEGON, 2010). Desta forma, a AET é um estudo realizado no ambiente de trabalho das consequências físicas e psicofi- siológicas, resultantes das atividades desenvolvidas no meio produtivo. Consiste em analisar, entender a situação de trabalho, aptidões, limitações, diagnosticar situações de riscos, oferecer sugestões, alterações e recomendações de melhorias dos processos, tarefas, postos e ambiente de trabalho (FERREIRA, 2009). Com isso, a AET busca compreender de forma geral os problemas relacionados a organização do traba- lho e lesões decorrentes do mesmo, fazendo um levantamento dos meios e modo de produção, medições e registros das situações de riscos, incluindo e analisando os dados de produção da empresa, o que inclui a sobrecarga, a demanda de produção por colaborador, horas extras, retrabalho, dentre outros. O levan- tamento inclui entrevistas com toda a equipe, os trabalhadores, supervisores e gestores (FERREIRA, 2009). O ambiente de trabalho deve estar voltado para as necessidades do trabalhador, assim como o mobiliário e equipamentos, favorecendo a eficiência na mobilidade do profissional. Além das condições ambien- tais como temperatura, umidade, ruídos, iluminação e ventilação, os quais devem garantir um ambiente confortável, minimizando esforços que geram fadiga ou que causem riscos de acidentes (FERREIRA, 2009). Segundo Souza (2006), a ginástica laboral no ambiente de trabalho pode agregar benefícios, que venham reduzir o cansaço físico. O alcance de diversos colaboradores, para aplicação é importante, pois sua fá- cil aplicação e baixo custo é capaz de corrigir vícios posturais de origem laboral, prevenindo lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). A aplicação da ergonômica nas instituições, por meio da ginástica laboral, diminui o número de absen- teísmo dos colaboradores. Com isso, reduz os gastos da empresa, traz benefícios para os trabalhadores, reduz o stress, melhora o desempenho, a socialização, além de trazer lucros para a empresa (ARAUJO, 2007). Os benefícios da ginástica laboral para a saúde são facilmente comprovados, pois toda e qualquer ativi- dade física executada corretamente é vantajosa, além de prevenir o sedentarismo e doenças cardiovascu- lares, promove o aumento da autoestima e da autoconfiança e no ambiente de trabalho garante o aumento do desempenho e da produtividade. O conhecimento a respeito dos perigos e das consequências do LER/ DORT contribui para uma melhor adesão dos trabalhadores às medidas de prevenção e a atividade física, reduzindo assim o número de doenças ocupacionais e absenteísmo (SOUZA; JÓIA, 2006). 3. METODOLOGIA A pesquisa em questão é um estudo de caso, que possui caráter qualitativo e quantitativo. Na pesquisa qualitativa não se enumera ou se mede o que foi estudado, não se usa procedimentos estatísticos em sua análise, preocupa-se com os processos da pesquisa, tendo maior importância os significados emprega- dos (CORAZZA et al, 2017). Já os métodos quantitativos baseiam-se em números, dados e estatisticas. Podendo este método ser utilizado no intuito de se obter exatidão e até mesmo uma maior precisão nos resultados a serem alcançados no estudo (ARAUJO; GOMES, 2006). O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar as atividades realizadas por auxiliares de atendimento, visando observar riscos ergonômicas existentes em seus postos de trabalho. Para auxílio na coleta dos dados, foi aplicado um questionário pré-estabelecido para todos os entrevistados e os dados forma analisados através do software ergolandia 5.0, baseado no método owas, A partir das respostas coletadas, foi possível criar uma ferramenta no excel, onde através da mesma chegou-se a informações relacionadas aos riscos ergonomicos, que foram classificados segundo a ferramenta em: Baixo, médio e alto. A pesquisa em questão constitui-se de referências bibliográficas, formada principalmente por artigos científicos, utilizando como descritores: ergonomia, ergololândia, segurança do trabalho. Após a fase 126PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 de coleta de informações, a pesquisa deu continuidade na forma de análise dos dados obtidos, visando à garantia de resultado satisfatório sobre o tema proposto e por fim, a consolidação da pesquisa. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 O profissional Os maqueiros são profissionais que trabalham diretamente com a mobilização de pacientes pelos mais variados setores de uma unidade hospitalar. Estes estão sujeitos a riscos ergonômicos que poderão oca- sionar doenças relacionadas a dinâmica do seu trabalho, ainda mais se a instituição não dispor de artifí- cios que possam agregar valor no que diz respeito a ergonomia. Silva (2013), comenta a NR17, como muito difícil de se cumprir, visto que esta norma considera as con- dições psicofisológicas dos trabalhadores, lembrando que o ser humano possui caractereristicas pessoais e que a única forma se conseguir atender as necessidades ergonomicas, passa por um diálogo, onde seja possível entnder o cenário que o memso está envolvido. 4.2 Coleta de dados Para coleta de dados relacionados aos riscos ergonômicos de cada profissional, foi aplicado um questio- nário para dez colaboradores, conforme o quadro 1, onde foi possível analisar, quais problemas possam estar desfavorecendo o trabalho e contribuindo para a queda de rendimento operacional de um modo geral na empresa em questão. Quadro 1 – Questionário referente aos riscos ergonomicos Nº QUESTIONÁRIO 01 Você sente dores relacionadas ao trabalho? 02 Já sofreu algum acidente de trabalho? 03 Já esteve afastado por alguma doença ocupacional? 04 Conhece alguém da sua mesma função afastado do trabalho? 05 Já adquiriu alguma doença ocupacional? 06 Existe sobrecarga de trabalho? 07 Sente falta de ginástica laboral no seu setor? 08 Necessita no seu setor de mais funcionários? 09 Precisa de mais materiais ou artifícios para evitar doença ocupacional? 10 Precisa de acompanhamento médico constantemente? Fonte: Adaptado pelos autores de UNIVALI (2008) A partir da análise das respostas coletadas, chegou-se ao seguinte resultado conforme o gráfico 1. Portan- do as dez respostas avaliadas foram tratadas de maneiraa gerar discussões em alguns pontos que vieram chamar atenção no ato da análise realizada, propiciando questionamentos cabíveis que precisariam ser averiguados com mais detalhes. 127PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Gráfico 1 – Respostas obtidas do questionário Fonte: Autores (2019) 4.3 Análise das respostas Foi observado nitidamente alguns pontos que precisam de melhorias e predominantemente receberam um grande percentual em relação a outros questionamentos. A principal resposta que vem tornar o risco ergonomico ainda maior, estar relacionado ao número de funcionários, que segundo 90% dos entrevista- dos é insuficiente. Um outro ponto foi que 80% dos profissionais conhecem um outro da mesma função afastado, fican- do claro que estes estão sujeitos a um possível afastamente se não forem analisados pela empresa essa questão. Podendo haver uma maneira de investigar qual a principal causa de afastamento ligado a essa função. E por fim cerca de 70% referem dores decorrentes do trabalho, visto que os mesmos desempenham essa função diariamente e podem não estar utilizando equipamentos de proteção individual ou até mesmo não dispor de conhecimento relacionado a ergonomia o que possibilitaria uma forma mais eficiente de trabalho. A empresa dispõe de produtos que podem reduzir os riscos ergonomicos. As camas são automatizadas, as cadeiras de rodas possuem ajustes interessantes e existe um aparelho mecânico chamado elevador de transporte, que pode ser utilizado para movimentar o paciente em determinadas situações, podendo colaca-lo na poltrona, retona-lo para o leito e até mesmo auxiliar na fisioterapia. A partir das respostas coletadas, foi possível criar uma ferramenta no excel conforme a figura 1, cujo objetivo foi avaliar o risco ergonomico que cada colaborador tinha e de acordo com um score deter- minado pelo número de respostas relacionadas a sua exposição aos mais variados riscos ergonomicos existentes na instituição. 128PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1 – Ferramenta de mensuração de riscos ergonômicos Fonte: Autores (2019) Através dos valores obtidos pela ferramenta criada no Excel, foi possível avaliar os riscos ergonômicos de cada entrevistado de acordo com as respostas obtidas no questionário aplicado. Chegando-se a re- sultados identificados no gráfico 2. E mesmo entendendo que a empresa investe em ergonomia e busca avanços área, é importante deixar explícito que existem situações que podem ter melhorias, visando trazer mais conforto para certas operações voltadas aos maqueiros. Gráfico 2 – Resultados de riscos ergonômicos analisados Fonte: Autores (2019) 4.4 Análise das atividades Para analisar as tarefas foi utilizado o software ergolândia 5.0 conforme figura 2, no intuito de se avaliar seis atividades rotineiras realizadas pelos maqueiros em um plantão. Visto que e software está voltado 129PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 para a ergonomia física e dispõe de respostas voltadas a correção de alguns quisitos, sendo possível a verificação de atividades que poderão ocasionar alguns danos a saúde do trabalhador. As seis tarefas analisadas e as respectivas respostas dadas pelo sistema estão descritas a seguir: Transporte de paciente de cadeira de rodas: Não são necessárias medidas corretivas; Transporte de maca: São necessárias correções tão logo quanto possível; Transferência para cadeira de banho: São necessárias correções imediatas; Alocação de paciente acamado em poltrona: São necessárias correções tão logo quanto possível; Transferência de paciente do leito para maca: São necessárias correções tão logo quanto possível; Transferência de paciente da maca para o leito: São necessárias correções tão logo quanto possível. Figura 2 – Aplicação do software ergolandia 5.0 Fonte: Autores (2019) Conforme as atividades verificadas pelo sofware, este julgou que a maioria das tarefas de rotina necessita de intervenções ergonômicas, para propiciar ao colaborador mais conforto no ato da execução, evitando danos a curto, médio e longo prazo, o que implicaria em maior possibilidade do profissional desempe- nhar seu trabalho de forma mais eficiente. A figura 2 acima demonstra como foi a avaliação realizada pelo sistema na tarefa de transferência do paciente da maca para o leito, informando que são necessárias correções tão logo quanto possível. 4.5 Sugestões Referente a sugestões para melhoria contínua quanto à aplicação da ergonomia no hospital, sugere-se uma maior divulgação do tema na empresa, associada a uma educação ergonômica voltada para a área hospitalar, tratando o tema como parte de um cronograma que se cumprido rigorosamente pode-se trazer beneficios a empresa até mesmo em curto prazo. Portanto trabalhar com novos materiais, ações e educação é fundamental, traz benefícios à organização, porém convencer os líderes sobre essa importância é complicado, pois, estes necessitam divulgar sem- pre resultados satisfatórios ou até mesmo superar as expectativas, não podendo de maneira nenhuma, aumentar os custos dos setores pelos quais são responsáveis. 130PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 A instituição dispõe de um terapeuta oupacional e uma fisioterapeuta que aplicam a ginástica laboral e realizam o atendimento a colaboradores, porém devido a dimensão, acabam que estes não atingem uma quantidade percentual ideal de profissionais, pois além da ginástica laboral existem outras demandas desencadeadas pelo setor da medicina do trabalho. 5. CONCLUSÃO A partir das análises realizadas neste estudo foi possível alcançar os objetivos da pesquisa, sendo coleta- das informações importantes referentes à ergonomia física, tendo como base dados observados de forma detalhada e situações para garantir possíveis melhorias na aplicação ergonômica voltada para profissio- nais da área da saúde, especificamente os auxiliares de atendimento. A análise ergonômica na atividade de maqueiro demonstrou a grande importância da ergonomia aplicada no ambiente de trabalho, sendo notório seus principais benefícios, proporcionando maior investigação do tema trabalhado e deixando como sugestão para estudos futuros a aplicação da ergonomia nas unida- des de terapia intensiva, por este ambiente de trabalho oferecer grandes riscos ergonômicos. REFERÊNCIAS ARAUJO, Josie Helena Esper. Ginática Laboral e ergonomia: considerações sobre essa temática. (Trabalho de Con- clusão de Curso) Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, 29f., 2007. CABRAL, A.; SOUZA E SILVA, M.; LOUZADA, E.; CESAR, W. An ergonomic analysis of work in the process of professional rehabilitation in Brazil. Work 41, p.1841-1848, 2012. Disponível em: <http://iospress.metapress.com/con- tent/c633k0030012m151/> acesso em: 05.março.2019. CARVALHO, Amanda Freire de. A influência ergonômica no desempenho das atividades laborais: estudo de caso em uma cooperativa de crédito. UNIFOR. Minas Gerais, 2015. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: O novo papel dos recursos humanos nas organizações. 2º ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. DE LIMA, Valquíria. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. Phorte Editora, 2018. FERREIRA, Mario Silva.RIGHI, Carlos Antônio Ramires. Análise ergonômica do trabalho. PUCRS. Rio Grande do Sul. 2009. KASSADA, Danielle Satie; LOPES, Fernando Luis Panin; KASSADA, Daiane Ayumi. Ergonomia: Atividades que com- prometem a saúde do Trabalhador. VII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar. CESUMAR – Centro Universitário de Maringá. Editora CESUMAR. Paraná, 2011. MAGALHAES, F. C. Ergonomia: Saúde no trabalho. Disponível em: <http://www.fiec.org.br/artigos/saude/ergono- mia>. Acesso em: 02.março.2019. OLIVEIRA, Joana. Risco ocupacional no contexto hospitalar. 2009. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. PINTO, Andréa Gonçalves. Práticas ergonômicas em um grupo de indústrias da região metropolitana de campinas: natureza, gestão e atores envolvidos.UNICAMP. Campinas. 2015. PIZO, Carlos Antonio, MENEGON, Nilton Luiz. Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico do conhecimento gerado. UEM, Maringá, PR, Brasil. 2010. PREVIDÊNCIA SOCIAL. Saúde e segurança ocupacional, 2010. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br/ conteudodinamico.php?id=39>. Acesso em: 02.março.2019. RIBEIRO, Rafaela Borges. Análise ergonômica postural do posto de trabalho do montador em uma indústria de equipamentos automotivos. Lages, SC: Universidade do Planalto Catarinense. Curso de Engenharia de Produção. 47f., 2013. RODRIGUES, Clarice Maria de Araujo. Sintomas osteomusculares relacionados ao trabalho de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva: uma abordagem sobre LER/DORT. 2016. SILVA, A. P. Ergonomia: Interpretando a NR17. São Paulo: LTR, 2013. 131PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 SILVA, Juliana; BERTONCELLO, Dernival. Realidade da adequação de indústrias de médio porte às normas de er- gonomia. Consciência e Saúde, 9(2): 227-237, 2010. SOARES, Sónia Cristina Coelho. Estratégia de centralização de compras e minimização de custos estudo de caso do Grupo Pinto & Cruz. 2013. Tese de Doutorado. Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Ad- ministração do Porto. SOUZA, Bianca Cristina Conceição de, JÓIA Luciane Cristina. Relação entre ginástica laboral e prevenção das doen- ças ocupacionais: Um estudo teórico. Faculdade São Francisco de Barreiras. Bahia. 2006. CAPÍTULO 14 AUTORES RESUMO ANÁLISE DA GESTÃO DE MA- NUTENÇÃO DOS CONDICIO- NADORES DE AR DO O CEN- TRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UEMA ATRAVÉS DA FERRA- MENTA FMEA Taísa Santos Machado José Felipe de Carvalho Ayrton Campos Leonardo da Silva Chaves Sidney da Conceição Rondymilson de Souza Lopes A ferramenta FMEA é um método de análise de produtos e pro-cessos que proporciona uma avaliação sistemática e padroni- zada de possíveis falhas, constituindo suas consequências e nortean- do a adoção de medidas corretivas e/ou preventivas. O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Maranhão no prédio do CCT no período de setembro a outubro de 2018 e consistiu na aplicação da ferramenta FMEA de Processos no setor de refrigeração. Cons- tatou-se a eficácia da ferramenta de qualidade FMEA de processo, quando aplicada adequadamente. Com a redução das falhas na ma- nutenção o consumidor também ganha pois com a redução sistema- tica das falhas é possivel aumentar a disponibilidade do equipamen- to diminuindo o numero de paradas. Palavras-chave: FMEA; falhas; ar-condicionado. 133PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A gestão estratégica da manutenção tornou-se importante nas Organizações. Todavia, a referida gestão requer um conhecimento integrado de cada parte da empresa, setores e também maquinários. Tal conhe- cimento viabiliza a identificação sobre o tipo de manutenção a ser adotada. (COSTA; MARIANA DE ALMEIDA, 2013). Deste modo, o uso de uma ferramenta da qualidade bastante utilizada e que auxilia a melhoria do processo de manutenção é a ferramenta de Análise do Tipo e Efeito de Falha (FMEA) (LEAL; ALAÍDE ALINE XAVIER, 2011). Segundo os autores Helmam e Andery (1995), o FMEA é um método de análise de produtos e processos que proporciona uma avaliação sistemática e padronizada de possíveis falhas, constituindo suas conse- quências e norteando a adoção de medidas corretivas e/ou preventivas. Tem por objetivo identificar o efeito das falhas sobre a performance do produto ou processo, baseado em dedução (CARDOSO, 2016). Trata-se de uma ferramenta eficaz para o planejamento de manutenções. Baseado nessas informações, a empresa contratada pela Universidade Estadual do Maranhão especiali- zada em manutenção de ar condicionado não aplica tal ferramenta mencionada como parte de sua gestão de manutenção. Consequentemente, a não aplicação do FMEA resulta em maiores médias de tempo para reparo dos equipamentos. Desse modo, o objetivo deste trabalho é analisar a gestão de manutenção dos condicionadores de ar do Centro de Ciências tecnológicas da Universidade Estadual do Maranhão e propor a elaboração de um FMEA. A fim de viabilizar a implantação da proposta mencionada serão analisados os históricos de manutenção preventiva e corretiva e os procedimentos adotados para reali- zar cada tipo de intervenção. Deste modo, será possível identificar os modos de falhas e seus efeitos dos referidos equipamentos. Portanto, a elaboração de tal ferramenta simplificará, para os técnicos de refrigeração, a manutenção nos equipamentos, pois as possíveis falhas e suas respectivas soluções serão mapeadas previamente. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 História da Manutenção Manutenção mesmo que de uma forma muito sucinta já existe há muitos anos, incluindo as épocas mais difíceis dos tempos de outrora, veio a ter conhecimento de uma forma geral no século XVI na Europa Central e trouxe também o relógio mecânico, que por consequência deste acontecimento surgia assim a necessidade de mão de obra para os serviços de assistência e montagem. Foi no período da revolução industrial que houve a confirmação para que a manutenção entrasse de vez como parte de fundamental importância dentro do cenário de reconstrução causado pela segunda Guerra Mundial, sendo os principais países envolvidos na guerra a buscar métodos para alcançar seus objetivos usando como base os conceitos da engenharia de manutenção mesmo com as limitações daquela época. 2.2 Tipos de Manutenção Manutenção Corretiva Emergencial: é a correção da falha de maneira aleatória, caracteri- zando-se pela atuação dos mantenedores, seja esta uma falha ou um desempenho menor que o esperado. Segundo Cabral (2004), infelizmente ainda é mais praticado do que se deveria. Normalmente a manutenção corretiva não planejada implica em altos custos, visto que a que- bra inesperada pode acarretar perdas de produção, perda na qualidade do produto e elevados custos indiretos de manutenção. Além disso, quebras aleatórias podem ter consequências bas- 134PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 tante grave para o equipamento, isto é, a extensão dos danos pode ser bem maior (ALMADA- -LOBO, 2008). Manutenção Corretiva Planejada: neste caso, tem-se uma falha ou condição anormal de ope- ração de um equipamento e a correção depende de decisão gerencial, em função de acompa- nhamento preditivo (ANDRADE, 2002). A decisão de executar uma manutenção corretiva planejada pode ser originada com base em vários fatores, tais como: negociação de parada do processo produtivo com a equipe de operação, aspectos ligados à segurança, melhor planeja- mento dos serviços, garantia de ferramental e peças sobressalentes, necessidade de recursos humanos tais como serviços contratados (MOREIRA, 2003). Manutenção Preventiva: durante muito tempo as indústrias funcionaram com o sistema de ma- nutenção corretiva. Com isso, ocorriam desperdícios, retrabalhos, perda de tempo e esforços humanos, além de prejuízos financeiros. A partir de uma análise desse problema, passou-se a dar ênfase na manutenção preventiva (LOBO, 1997). Considera-se manutenção preventiva aquela manutenção que é feita antes do acontecimento de falhas e quebras. “(...) Visa eliminar ou reduzir as probabilidades de falhas por manutenção (limpeza, lubrificação, substituição e verificação) das instalações em intervalos de pré-planejados” (SLACK et al., 2002, p.645). Manutenção Preditiva: Caracteriza-se pela medição e análise de variáveis da máquina que possam prognosticar uma eventual falha. Com isso, a equipe de manutenção pode se progra- mar para a intervenção e aquisição de peças (custo da manutenção), reduzindo gastos com estoque e evitando paradas desnecessárias da linha de produção (custo da indisponibilidade) (MOUBRAY, 1996). Manutenção Detectiva: É a manutenção preditiva dos sistemas de proteção dos equipamentos, como painéis de controle por exemplo. Busca falhas ocultas destes sistemas,evitando que os mesmos não operem quando necessário, como um sistema de desligamento automático em caso de superaquecimento (CURY, 2008). 2.3 Conceito de Confiabilidade Confiabilidade é uma das principais preocupações na indústria de forma geral focada na localização e redução de riscos operacionais, segurança pessoal, meio ambiente e otimização de recursos, hoje em dia, pois ela só começou a gerar interesse a partir da evolução da manutenção onde deixam de ser pura- mente corretivas e passam por uma mudança de pensamento onde em meados da década de 1950 com o surgimento da manutenção preventiva os modos de falhas eram controlados e qualificados pela curva da banheira que já trazia a concepção de assegurar confiabilidade por meio de revisões ou restaurações periódicas (GERAGHTY, 1996). 2.3.1 Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) A Manutenção Centrada em Confiabilidade é utilizada como método para certificar que qualquer sistema, processo mantenha suas funções para a qual foram determinadas direcionando e controlando os riscos de segurança, integridade física e ambiental visando qualidade e economia por meio da máxima eficiência e artifícios de manutenção existente (VIZZONI, 1988). Já Fleming (2000) traz como definição de Ma- nutenção Centrada em Confiabilidade como “uma consideração sistemática das funções do sistema, o modo como estas funções falham e um critério de priorização explícito baseado em fatores econômicos, operacionais e de segurança, para a identificação de tarefas de manutenção aplicáveis e custo/eficientes”. Dessa definição podem ser tirados objetivos que fundamenta e interliga o MCC (MOUBRAY, 1997; FLEMING, 2000): • Manter a identidade do sistema; • Identificar as falhas funcionais e aplicar FMEA; 135PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 • Formar atividade de manutenção conforme a viabilidade técnica e o custo/benefício, usando dia- grama de decisão. 2.4 Análise de Modos de Falhas e seus Efeitos (FMEA) O FMEA - Failure Mode and Effect Analysis - é uma técnica no contexto de melhoria contínua de produ- tos e processos, cujo objetivo é identificar falhas existentes e priorizar a eliminação ou prevenção dessas falhas, em português significa Análise dos Modos ⁄ Tipos de Falhas e seus Efeitos. É uma ferramenta muito poderosa que vem sendo usada cada vez mais em processos de manufaturas e manutenção, e é bastante aceito em planejamentos de melhorias contínuas (SANKAR; PRABHU, 2001). O FMEA teve início nas Forças Armadas dos EUA devido a uma demanda por melhorias na segurança dos itens e equipamentos utilizados, e nessa mesma época o método era chamado de Procedures for Performing a Failure Mode, Effects and Criticality Analysis, que em português significa Procedimentos para Realização de Análises de Nível Crítico dos Modos de Falha e seus Efeitos. No ano de 1988, Inter- national Organization for Standardization (ISO) lançou a padronização ISO-9000 fazendo com que as empresas formalizassem sistema de gestão da qualidade e impôs aos fornecedores de peças que utilizas- sem o FMEA (AUGUST, 2002). O objetivo do FMEA é prevenir falhas identificando através de ações corretivas, impedindo que estas chegam até o cliente final. Um bom FMEA deve identificar modos de falhas conhecidos e potenciais, as causas e os efeitos das falhas, priorizando de acordo com o nível crítico e acompanhar as ações corretivas (STAMATIS, 2003). Para se obter um bom desempenho durante a aplicação do FMEA, alguns pré-re- quisitos precisam ser levados em consideração, como por exemplo, a equipe, o começo da aplicação do método, o meio de como detectar as falhas e revisão das escalas dos índices de severidade, ocorrência e detecção (PALADY, 1997). O FMEA possui uma metodologia voltada para a observação de possíveis falhas, e adotando de imediato as medidas necessárias. É uma ferramenta utilizada para selecionar um método mais eficiente, com me- nos impactos voltados para o meio ambiente, que exige um aprimoramento contínuo fazendo com que um sistema de gestão fique bem sucedido. 2.5 Ferramentas da Qualidade As 7 Ferramentas da Qualidade é um conjunto de metodologias que foi reunido por Kaoru Ishikawa e difundido amplamente como forma de melhoria nos processos das empresas. Elas ajudam a estabelecer métodos mais elaborados de resolução baseados em fatos e dados, o que aumenta a taxa de sucesso dos planos de ação. Segundo Barbosa (2000, p.01) “as 7 ferramentas do controle da qualidade são recursos a serem utiliza- dos na aplicação da metodologia de solução de problemas”. As ferramentas da qualidade têm um papel fundamental em uma organização, com elas são identificados os problemas que ocorrem no processo e na qualidade, e em cima deste problema são aplicadas as ferramentas para resolver o problema (BAR- BOSA, 2000, p. 01). 2.5.1 Diagrama de Pareto O diagrama de Pareto é um gráfico de colunas que são ordenadas por frequência de ocorrências, da maior para a menor, permitindo a prioridade dos problemas, seguindo o conceito de Pareto de que 80% das ocorrências surgem de 20% das causas, há problemas menos importantes a frente de outros que precisam ser resolvidos com mais prioridades, a sua maior utilidade é permitir a fácil visualização e identificação de problemas e causas com maior prioridade de solução, concentrando total atenção sobre os mesmos (OLIVEIRA, 2015). Ela é uma das sete ferramentas da qualidade, o seu proposito não é a identificação das causas. 136PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 O Diagrama de Pareto é uma ferramenta que permite fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais importantes, possibilitando a concentração de esforços sobre os mesmos (MENEZES, 2007). 2.5.2 Diagrama de Ishikawa O diagrama de Ishikawa que é conhecido como o diagrama de causa e efeitos ou Diagrama espinha de peixe tem por finalidade organizar ideias e discursões de um problema prioritário, analisar diversas cau- sas para um determinado fenômeno, a fim de identificar qual foi a responsável pelo acontecimento em vários processos, principalmente nos processos industriais (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Original- mente proposto pelo engenheiro Kaoru Ishikawa, sendo seu principal objetivo representar a relação entre as causas que podem causar determinado efeitos, sendo que pode ser algum comportamento indesejado (MARTINS JR., 2002). A partir do fenômeno são analisados todos os fatores que possam ter ocasionado determinado problema, sendo essa chamada de causa-raiz, a sua criação surgiu da necessidade de fazer as pessoas pensarem em todas as causas que possam levar a determinado problema, ela é considerada uma ferramenta de sucesso por sua simplicidade, facilidade de uso e fácil visualização (OLIVEIRA, 2015). O diagrama possui um direcionamento guiado pelo 6M, conforme tabela 1. Tabela 1: Tabela de direcionamento dos 6M Método: Matéria pri-ma: Máquinas: Mão de obra: Meio ambien- te: Medidas: Utilizado para criar o produ- to ou serviço Que compõe o produto ou pode ser a causadora do problema Equipamentos utilizados na fabricação, prin- cipalmente os que possam ser causadoras de problemas. Pessoas en- volvidas no processo Possível efei- to gerado ao meio ambien- te côa sujeira excessiva e chuvas Decisões to- madas em relação ao produto ou serviço na sua fabricação. Fonte: Autores 3. METODOLOGIA O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Maranhão no prédio do CCT no período de se- tembro a outubro de 2018 e consistiu na aplicação da ferramenta FMEA de Processos no setor de refri- geração. Foram analisadas as formas de solicitação de manutenção dos chamados durante esse período desde o recebimento do “comunicado interno” (CI) no CCT-UEMA até o atendimento e encerramento das ordens de serviço (OS’s). A aplicação da ferramenta escolhida foi devida sua capacidade de por meio dela prever a redução de falhas durante o processo de solicitação de manutenção dos condicionadores de ar do referido prédio.Focando nas falhas potenciais do processo em relação ao cumprimento dos objetivos definidos para cada uma de suas características, o que está diretamente ligado à capacidade do processo em cumprir os objetivos definidos para o mesmo. Quando utilizado com eficiência, o FMEA de Processo (Figura 1), além de ser um método poderoso na análise do processo, permite a melhoria contínua e serve de registro histórico para futuros estudos. 137PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1: FMEA Processo - Grade de Análise Fonte: Alfa Auto Os passos seguidos para elaboração desta análise qualitativa do FMEA estão descritos na Figura 2. Figura 2: Metodologia da ferramenta FMEA Fonte: Autores A análise quantitativa do FMEA tem cinco etapas e todas elas possuem uma tabela de cotação que varia para cada empresa. a) Severidade - Para definir o número da severidade, deve-se fazer a seguinte pergunta: Quão severo é o efeito para o cliente? A resposta é dada seguindo a escala que vai de 1 a 10. Sendo 1 - um impacto bai- xíssimo no cliente e 10 - envolve não conformidade com a legislação governamental sem aviso prévio, ou pode por em perigo a integridade física do trabalhador., sem aviso antecipado. b) Frequência – quão frequente a causa e o modo de falha acontece? A frequência é dada pela probabili- dade de ocorrer o defeito. Também medido de 1 a 10. c) Detecção – Quão bem pode-se detectar a causa ou o modo de falha? Sendo 1 - o controle certamente detectará formas discrepantes antes de ser acionado etapas iniciais do processo e 10 - não pode detectar ou o resultado não foi verificado, com certeza absoluta de não de detecção. d) Criticidade – É tido como Número de Prioridade de Risco (NPR) e é o resultado da multiplicação entre a Severidade (S), Frequência (F) e Detecção (D), conforme equação (1). NPR = S x F x D eq. (1) 138PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 3.1 Estudo de Caso O estudo de caso foi realizado em uma Universidade pública em São Luís - Maranhão, na qual o serviço de manutenção dos aparelhos de ar condicionado é realizado por uma prestadora de serviços terceirizada localizada também na capital do estado. As manutenções preventivas e corretivas são realizadas após o envio da solicitação da gestão do campus a gestão superior. As corretivas ocorrem quando surge algum problema nos equipamentos, como vazamento de água ou desobstrução do dreno. Já as preventivas são normalmente realizadas para fazer limpeza geral dos equipamentos. 3.2 Escolha do setor e seus equipamentos Os principais tipos de equipamentos de climatização presentes no campus universitário, especial o CCT, são os ares-condicionados tipo Split e o ACJ (classificado como ar condicionado de janela). A universi- dade terceiriza o trabalho de manutenção desses ares-condicionados. Para a aplicação do estudo foram acompanhados 66 ares-condicionados Split e ACJ, distribuídos pelo Centro de Ciências Tecnológicas. A escolha ocorreu devido ao setor apresentar falhas com maior fre- quência. Assim, coletaram-se os dados das manutenções realizadas por meio de OS (ordens de serviços) referentes ao período 27/07/2018 a 27/08/2018, ciclo do mês de agosto, onde as falhas mais comuns observadas foram: • Vazamento de água; • O não ligamento do equipamento; • Apenas ventilação (sem refrigeração). Na Figura 3 evidencia o mês em que ocorreram as manutenções preventivas, o local de realização das manutenções corretivas, tipo de maquina, capacidade e local de instalação para a realização da manuten- ção, obtidas por meio do controle realizado pelo proprio setor de refrigeração do campus. Figura 3: Tabela de Ordem de Serviço preventiva Fonte: UEMA (2018) 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 O Processo O processo de manutenção dos condicionadores de ar do CCT da universidade Estadual é feito atraves 139PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 de uma empresa terceirizada, contratada para tratar de dois tipos de manutenção: preventiva e corretiva. O precesso de manutenção preventiva é feito no formato de ciclos, como exemplificado na tabela 2 aci- ma, onde é realizada a agenda de todas as máquinas existentes no CCT, respeitando a capacidade de cada uma, marca e o tipo do modelo. Já o processo de manutenção corretiva é gerido, oficialmente, através de solicitações via Comunicados Internos (CI) de cada setor da universidade para a Prefeitura de Campus. O profissional responsável pelo envio das CI’s solicita o reparo do refrigerador de ar tido como defeituosos para a prefeitura de campus, que por sua vez entrega pessoalmente, em via impressa a CI para o setor de refrigeração, que prontamente encaminha esse pedido aos técnicos da empresa terceirizada presentes na universidade. No entanto o presente trabalho tratará somente do processo de manutenção corretiva, criando melhorias para esse processo. 4.2 Descrição do Problema Durante todo mês de agosto observou-se que o setor possui uma manutenção corretiva feita com baixo controle, que gera transtornos nas execussões. É muito comum que, diante da burocracia encontrada para que a manuteção corretiva seja feita em tempo hábil, que alguns funcionarios da instituição de ensino solicitem por telefone, grupos de mensagens e até mesmo pessoalmente no setor de refrigeração essa manutenção. Uma vez que as CI’s demoram aproximadamente 48hs para chegar ao setor responsável e receberem a devida tratativa e em seguida encaminhada para a execussão da empresa tercerizada. A empresa tercerizada foi contratada em carater de pregão e garante o atendimento para um número acor- dado de peças por mês. Diante disso, a ausência desse controle de peças acarreta em dificuldades para contabilizar o quanto já foi utilizado e quando não foi, sobretudo interfere no pagamento da tercerizada. Para tanto, uma equipe foi reunida para identificar, analisar e solucionar esses transtornos. Com as falhas identificadas no período de agosto de 2018 na gestão de manutenção dos condicionadores de ar, já se dispõe dos dados necessários para a elaboração do FMEA para que estas ou outras falhas sejam sanadas do durante o processo. 4.3 Elaboração do FMEA Uma vez definida todas as etapas do processo de gestão da manutenção corretiva da climatização da ins- tituição de ensino estudada, focou-se em cada etapa levantada como: modos, efeitos, gravidade, causas, frequência, não detecção e criticidade, a fim de definir cada função identificada. Cada etapa do processo, citado acima, foi examinada cuidadosamente e a aplicação do FMEA foi reali- zada para todas as etapas do processo. Sendo assim, essas etapas foram: 1) Listaram-se as não conformidades encontradas no processo analisado; 2) Identificaram-se os modos de falha conhecidos e potenciais utilizando a técnica do Brainstorming. 3) Identificaram-se os efeitos de cada modo de falha, através do conhecimento teórico e prático, identifi- cando os efeitos que cada falha causará ao cliente interno, bem como ao usuário final. 4) Identificaram-se as possíveis causas para cada modo de falha utilizando as técnicas de Brainstorming e Diagrama de Ishikawa. 5) Definiram-se os meios de prevenção e detecção dos modos de falha. 6) Definiu-se a melhor forma de monitoramento para garantir a eficácia do processo. Na fase de Potencial do Modo de Falha, para cada etapa citada foi identificado uma possível falha du- rante o desempenho da mesma. 140PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 141PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Após a identificação dos modos de falhas, oriundo de cada função, foi-se possivel indentificar outras consequências relacionadas à causa e efeito e modo de falha. Na sequência foi-se mapeados os procedimentos para prevenção e detecção do processo, a probabilidade de detectar o modo de falha seguindo os controles. Em seguida são identificados os controles de prevenção e detecção do processo, a robabilidade de não detectar o modo de falha seguindo os controles e a criticidade (número de Prioridade de Risco (NPR)). Diantedisso, o número de Prioridade de Risco (NPR), ou de intervenção nas causas, em algumas etapas do processo obteveram uma criticidade acima da criticidade limite, ou uma gravidade de valor 9 ou 10, houve necessidade de determinar ações preventivas recomendadas e estimar uma situação futura para a gravidade, frequência, detecção e criticidade. A ocorrência de falhas no processo de gestão da manutenção afeta a qualidade do serviço prestado tanto pelo setor de refrigeração, como para a empresa tercerizada contratada, sem falar do cliente final, por isso, a gravidade obteve um valor elevado (valor máximo de gravidade alcançado = 10). Como podemos observar um trecho na tabela 4, extraída do formulário FMA de processo. SEVERIDADE OCORRÊN-CIA DETEC- ÇÃO RISCO (RPN) AÇÃO PREVENTIVA RECO- MENDADA 8 8 8 512 Aguardar solicitação formal via CI. 7 7 9 441 Criar uma agenda geral de ano-tações prévia. 5 9 8 360 Não conseguindo evitar uma solicitação informal, coletar o máximo de informações pos- síveis. 8 5 7 280 Criar uma agenda geral de ano-tações prévias. 8 6 9 432 Não conseguindo evitar uma solicitação informal, coletar o máximo de informações pos- síveis. 8 7 8 448 Informar ao solicitante que abra uma CI. Para gerar OS. 10 10 8 800 Somente realizar serviços com OS 7 6 7 294 Quando não puder evitar as mensagens, criar uma escala de prioridade. Tabela 2: Modo de Falha do Processo de Gestão da manutençã. Fonte: autores 5. CONCLUSÃO Através dos resultados analisados constatou-se a eficácia da ferramenta de qualidade FMEA de processo, quando aplicada adequadamente. A aplicação da ferramenta mostrou-se valiosa na redução significativa de defeitos no Setor de Refrigeração da Universidade Estadual. Espera-se que o uso continuado e aper- 142PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 feiçoado da FMEA de processo permitirá no futuro alcançar a zero não conformidade/defeito e melhorar a confiabilidade do processo. Para manter a eficácia da ferramenta é importante revisar o FMEA durante toda a vida útil do processo e assegurar que está sendo corretamente praticado, aplicar a ferramenta cor- retamente é fundamental para proporcionar a melhoria efetiva do processo e nesse estudo foi realizado de maneria fracionada olhado cada parte com objetivo de alcaçar o todo. Com a redução das falhas na manutenção o consumidor também ganha pois com a redução sistematica das falhas é possivel aumentar a disponibilidade do equipamento diminuindo o numero de paradas cor- retivas, diminuindo ou zerando curstos custos e evitando imprevistos e incomodos pois o equipamento tem confiabilidade para assegurar seu funcionanemnto quando for necessario utiliza-lo. REFERÊNCIAS ALMADA-LOBO, B. 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Manutenção de Equipamentos Laboratoriais. Recomendação Técnica nº 2/96 - São Carlos: Embrapa, 1996. 143PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 RAMOS, Helena Ávila; CHAVES, Carlos Alberto; BRANDALISE, Nilson. Aplicação do Método Fmea no Processo de Climatização de uma Indústria Automobilística. Anais… Simpósio de Excelência em Gestão em Tecnologia, 2012. SANKAR, N. R.; PRABHU, B S. Modified approach for prioritization of failures in a system failure mode and effects analysis. International Journal of Quality & Reliability Management.Chennai, (India), v. 18, n. 3, p. 324-335, 2001. SILVA, R. T.; CUTRIM, S. S.; ROBLES, L. T. Análise do planejamento de manutenção: estudo de caso do terminal marítimo da ponta da madeira. In: XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO, Salvador – Bahia, 2013. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2002. STAMATIS, D. H. Failure Mode and Effect Analysis: From Theory to Execution. Milwaukee, American Society for Quality, Quality Press. 2003. CAPÍTULO 15 AUTORES RESUMO GESTÃO AMBIENTAL APLI- CADA AOS TRANSPORTES: AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Túlio Lauande Itapary Nicolau Eduardo Mendonça Pinheiro O estudo aborda sobre os modais de transportes e a gestão do meio ambiente expondo como os empreendimentos podem ocasionar desequilíbrio do ecossistema e dos ciclos existentes (água, solo e ar). É perceptível os danos que a construção de tais empreen- dimentos traz ao ambiente, devido os projetos se estabelecerem em áreas florestais, reservas indígenas, habitat de animais silvestres e de microrganismos vivos. Neste sentido, a elaboração do Estudo de Impacto ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental possibilitam que a comunidade a ser afetada com a implantação de um empreen- dimento, participe e debata os benefícios, impactos e alternativas ao projeto. O conhecimento dos impactos ambientais gerados pela infraestrutura de transportes é importante para o estabelecimento de políticas e projetos deste setor e que levem em consideração o meio ambiente. Palavras-chave: Impacto. Meio ambiente. transportes. 145PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO O aumento da degradação do meio ambiente e a redução na qualidade de vida em nível mundial oca- sionam atualmente um risco para a saúdehumana. As questões ambientais é um ponto fundamental em discussões de projetos estruturantes de transporte que visam o desenvolvimento sustentável e ecológico do Brasil. O caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988 elevou o meio ambiente à condição de direito fundamental trazendo que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. A crescente conscientização dos cidadãos quanto às questões de proteção e responsabilidade para com o meio ambiente, despertou uma mudança nas organizações, que antes ignoravam as questões socioam- bientais e não avaliavam os impactos causados por seus empreendimentos (RICO, 2004). A gestão ambiental assumiu um papel fundamental nas organizações, pois antes que sejam entregues instalações de empreendimentos ou serviços à população, haja o planejamento em relação aos prováveis impactos ao meio ambiente. Assim, visando à melhora ou conservação das condições de vida da popu- lação (FOGLIATTI, 2004). Em 1981 surgiu a lei 6.938 que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente. A partir deste marco, o licenciamento ambiental obteve uma ampla aplicação dentro das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Os empreendimentos e atividades ligadas aos transportes terrestres estão inseridos nesse contexto. No qual cada vez mais, as empresas dos setores de transporte, estão buscando se adequar aos padrões exigidos pelos órgãos ambientais e pela sociedade (ANTT, 2010). Este estudo tem por objetivo abordar temas sobre os modais de transportes e a gestão do meio ambiente apresentando através de um estudo bibliográfico os empreendimentos podem ocasionar desequilíbrio do ecossistema e dos ciclos existentes. 2. GESTÃO DO MEIO AMBIENTE A Gestão Ambiental é considerada uma mescla de ações encaminhadas para obter uma máxima raciona- lidade no processo de decisão relativo à conservação, defesa, proteção e a melhoria do meio ambiente. Com o objetivo de punir os agentes poluidores, aperfeiçoar o uso dos recursos naturais e preservar o meio ambiente através do monitoramento, atendendo às necessidades da sociedade da melhor forma. (FOGLIATTI, 2004). Para Valle (2000) a gestão do meio ambiente consiste em um conjunto de ações bem definidas e corre- tamente implantadas objetivando a minimização e controle dos impactos vindos dos empreendimentos. A International Organization for Standardization (ISO) 14000 aborda diversos aspectos da gestão am- biental, oferecendo ferramentas práticas para as organizações que buscam identificar e controlar seus impactos e assim melhorar seu desempenho ambiental. A ISO 14001 apresenta à implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), sendo a única certifi- cável da série. A figura 1 descreve as principais fases do modelo de SGA baseado no ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act): 146PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 1: Ciclo PDCA para a ISO 14001. Fonte: NBR ISO: 14001-1996 – ABNT O gerenciamento ambiental proposto nesse modelo tem como foco o atendimento a legislação, o geren- ciamento dos resíduos gerados e a administração dos impactos ambientais. Entre os benefícios de utilizar o Sistema de gestão Ambiental estão: • Redução do consumo de água, energia e outros insumos; • Redução de multas e penalidades por poluição; • Melhoria da imagem institucional; • Aumento da produtividade; • Melhoria e criatividade. Assim, a adoção dessas ações interligadas a um padrão de qualidade passa a ser analisada como ponto estratégico, na medida em que as ações contribuem para a redução dos custos de qualquer empreendi- mento. 3. LICENCIAMENTO AMBIENTAL O art. 1º, § I, da Resolução Conama n° 237, de 19 de dezembro de 1997, conceitua o licenciamento ambiental como: “Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considera- das efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.” A lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelece a dependência de prévio licenciamento ambiental, a instalação, a construção, a ampliação e o funcionamento de atividades/empreendimentos que manuseiam recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores do meio ambiente e também causador de degradação ambiental. Logo, entende-se que o licenciamento ambiental é uma autorização expedida pelo órgão público competente, concedida a organizações para que esta exerça o seu direito, desde que sejam atendidos os 147PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 requerimentos da lei, a fim de defender o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (MILARÉ, 2013). 3.1 Tipos de licenças De acordo com a fase em que se encontra um empreendimento\atividade são necessários três tipos de licenças: Licença Prévia (LP), Licença de instalação (LI) e Licença de Operação (LO). Licença Prévia: outorgado na fase inicial do planejamento de um empreendimento\atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando sua viabilidade ambiental e estipula os requisitos básicos e con- dicionantes a serem atendidas nas fases seguintes. Segundo MILARÉ (2013) nessa fase são realizados: • O levantamento dos possíveis impactos ambientais e sociais; • Avaliação dos impactos em relação a sua abrangência; • Planejamento das medidas capazes de eliminar ou mitigar os impactos causados; • Audiências públicas, para discutir com as comunidades os impactos ambientais e as medidas para mitigar tais impactos; O prazo de validade da LP deve ser de acordo com o estabelecido no cronograma de elaboração dos pro- gramas e projetos, não podendo ser superior a cinco anos. Licença de Instalação: Segundo o artigo 8º, § II, da Resolução Conama nº 237, de 1997, a licença de instalação autoriza a implantação do empreendimento ou atividade, com a prévia aprovação da descrição completa das atividades e programas de controle ambiental. Diante da autorização da licença de instalação, órgão competente ambiental terá: • Autorizado o início da obra; • Aprovado as especificações descritas nos projetos e programas ambientais; • Definido as condicionantes da licença. O prazo de validade da LI deve ser de acordo com o estabelecido pelo cronograma de instalação do em- preendimento, não podendo ser superior a seis anos. Licença de Operação: autoriza a operação do empreendimento ou atividade, perante o cumprimento das condicionantes impostas pelas licenças anteriores e das medidas de controle ambiental. O prazo de validade da LO deve levar em consideração os prazos dos planos de controle ambiental, sen- do de, no mínimo, quatro e, no máximo, 10 anos. 4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS O estudo de impactos ambientais (EIA) é constituído por quatro grupos de atividades, são elas: o diagnóstico do meio ambiente da área de influência do projeto, avaliação dos possíveis impactos a serem gerados, definição das medidas mitigadoras e a elaboração dos programas ambientais (FOGLIATTI, 2004). Os princípios do processo de avaliação de impacto ambiental foram inicialmente estabelecidos nos Esta- dos Unidos na década de 70. Tal instrumento dispunha sobre os princípios da política ambiental e exigia aos empreendimentos que apresentavam como potenciais causadores de impactos, a observação de al- guns pontos como: identificação dos impactos ambientais; efeitos ambientais negativos da proposta; as alternativas da ação; relação entre a utilização dos recursos ambientais em curto prazo e a manutenção 148PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 ou a melhoria do seu padrão em longo prazo e a definição clara quantoaos possíveis comprometimentos dos recursos ambientais, para o caso de implantação da proposta. (ROCHA et al., 2005) Segundo Bolea (1984), a avaliação de impactos ambientais pode ser definida como: os estudos necessá- rios para identificar, prever, interpretar e prevenir os impactos ambientais que alguns empreendimentos e projetos podem causar ao bem estar humano e ao meio ambiente, incluindo alternativas junto às comu- nidades. Dentre os principais métodos e técnicas do AIA fazem parte: • Método ad-hoc São elaborados para cada projeto específico. Consiste na formação de um grupo multidisciplinar com objetivo de levantar os possíveis impactos ambientais e suas medidas mitigadoras. • Método check-list (Listagem) São listas padronizadas elaboradas na fase de diagnóstico ambiental onde os fatores ambientais de pro- jetos específicos são enumerados e identificados os seus impactos. • Matrizes São empregadas para relacionar as diversas ações de um projeto aos fatores ambientais. As matrizes pro- piciam uma visualização das ações que provocam o maior número de impactos, onde cada elemento da matriz possui valores correspondentes à magnitude e à importância do impacto. Entre as mais utilizadas encontra-se a matriz de Leopold. • Redes de interação (networks) Permitem estabelecer uma relação do tipo causa-efeito, retratando, a partir do impacto inicial, o conjunto de ações que desencadearam direta ou indiretamente. Podem ser associados os parâmetros de magnitude, importância e probabilidade (WESTMAN, 1987). • Superposição de cartas Método que consiste na confecção de uma série de cartas temáticas, uma para cada fator ambiental. Quando superpostas, reproduzem a síntese da situação ambiental de determinada área geográfica. Não existe um método ou técnica ideal, que seja aplicável a todos os tipos e fases de um estudo. A es- colha do método depende de vários fatores como a disponibilidade de dados, características do projeto e as especificidades do local. 5. TRANSPORTE E O MEIO AMBIENTE A relação entre transportes e meio ambiente é múltipla e envolve: a infraestrutura de transportes, os veículos e os fatores associados à acessibilidade e mobilidade; os usuários do sistema de transportes e as populações afetadas, positiva e negativamente, pela implantação e operação da infraestrutura e dos serviços de transportes, e; as características e condições do meio ambiente sob influência direta e indireta dos transportes (BRASIL, 2003). Os sistemas de transportes possuem papel importante no processo do desenvolvimento econômico do país tanto sobre a produção quanto o consumo. Na produção, a eficiência no transporte tem impacto di- reto na redução de custos, iguais, por exemplo: ao aparecimento de uma nova tecnologia na produção. E sobre o consumo, encontramos a diminuição com custos logísticos implicando na redução de preços nos bens e serviços (CNT, 2017). As preocupações envolvendo o meio ambiente e os transportes tiveram início a partir da crise do petróleo nas décadas de 70 e 80. A redução da atividade econômica neste período levantou discussões e debates sobre esses temas. Contudo as estratégias que surgiram ligadas a conservação de energia não incluíam as questões de meio ambiente, pois não consideravam o malefício da degradação ambiental e a escassez 149PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 dos recursos naturais (ALBANO, 1996). Em maio de 1992, o Ministério dos Transportes editou o documento: Diretrizes Ambientais Prioritárias para o Setor de Transportes em decorrência de um estudo realizado por convênio entre o GEIPOT e DNER que reconhece a tendência mundial de compatibilizar a evolução do sistema de transportes com a necessidade de manutenção da base de recursos naturais para a continuidade de utilização pelas gerações futuras (TEIXEIRA, 1993). Segundo Bellia e Bidone (1993), o ato de causar impactos no meio ambiente para a produção, seja ela, uma rodovia, ferrovia, porto ou habitações familiares, é uma característica intrínseca dos projetos e obras de engenharia. Nas etapas de planejamento, projeto, construção e operação de um empreendimento/projeto, o meio ambiente pode ser impactado em maior ou menor grau, dependendo do tipo e do porte do projeto de transporte, além das mudanças nas características ambientais da região (FOGLIATTI, 2004). Os diferentes modais de transportes apresentam características particulares, as quais diferenciam os im- pactos gerados nas fases do projeto de cada modalidade. 5.1 Modal Rodoviário As rodovias são estruturas complexas com objetivo de servir como via terrestre de transporte para pes- soas e cargas. Assim como outros empreendimentos viários, afetam o meio-ambiente, sendo que, os impactos das rodovias ocorrem em três meios: físico, biótico e socioeconômico (FOGLIATTI, 2004). No meio físico, os principais problemas estão relacionados aos sistemas de drenagem e a instabilidade de cortes e taludes. Já no biótico, os impactos estão relacionados com a redução da cobertura vegetal e da fauna. No meio socioeconômico os impactos estão relacionados às alterações nas atividades econômicas das regiões próximas ao empreendimento e na qualidade de vida (BANDEIRA, 2013). Nas etapas de planejamento, instalação e operação de um projeto rodoviário as questões ambientais devem estar em conformidade com a resolução do CONAMA n° 001/86, por caracterizar-se como um serviço com alto potencial poluidor. Na fase de planejamento os principais impactos provocados estão relacionados às expectativas criadas quanto à valorização ou desvalorização da região próxima ao proje- to e a necessidade de desapropriação, devido às alternativas dos traçados (FOGLIATTI, 2004). Os impactos (positivos e negativos) da etapa de instalação de obras rodoviárias são decorrentes dos itens listados abaixo: a) Instalação do canteiro de obras: • Desmatamento e limpeza do terreno • Implantação dos canteiros de obras • Terraplanagem e aterros • Empréstimos e bota-fora • Drenagem • Exploração de materiais de construção. A etapa de operação de uma rodovia gera diversos impactos e modificações no meio ambiente. O Manual Rodoviário do DNER (BRASIL, 1996, p.30) lista os principais impactos, são eles: • Poluição da água • Poluição do ar 150PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 • Aumento dos níveis de ruído • Aumento dos níveis de vibração • Problemas de segurança da comunidade As obras rodoviárias apresentam impactos positivos e negativos ao meio ambiente. Assim, é de grande importância à análise desses impactos para a melhoria dos projetos, com foco na minimização dos im- pactos negativos e a maximização dos positivos (SIMONETTI, 2010). 5.2 Modal Ferroviário O surgimento do transporte ferroviário está ligado à busca da sociedade por transportar pessoas e valores materiais em uma velocidade mais rápida e em maior quantidade. O início da trajetória do sis- tema ferroviário brasileiro remonta aos tempos de Império com a construção e a operação da Estrada de Ferro Rio – Petrópolis, inaugurada pelo Barão de Mauá no ano de 1854 (SANTANA 2013). Países de grandes dimensões territoriais geralmente movimentam grande parte de suas cargas através do modal ferroviário. O Brasil ocupa o nono lugar com 2,33% em extensão férrea enquanto em área aparece em quinto lugar com 5,67%. Em comparação aos Estados Unidos que possui uma área de 6,26% e extensão férrea de 23,78%. O Brasil, apesar de sua grande dimensão, pouco se aproveita das vantagens desse modal. Figura 2 – Comparativo internacional dos modais de transporte. Fonte: Santana (2013) A Figura 2 aponta uma desproporção no uso das ferrovias pelo Brasil em relação a outros países. Boa parte das ferrovias brasileiras existentes e projetadas tem como destino os portos, porém elas poderiam ser usadas para fomentar a navegação de cabotagem e interior, em uma solução multimodal para os gar- galos logísticos do país, tanto para movimentação de granéis para a exportação quantopara carga geral conteinerizada entre os polos produtores e consumidores do Brasil (IPEA, 2010). A principal vantagem que o modal ferroviário oferece se refere à capacidade de carregamento. Dá-se preferência a cargas de alta tonelagem para o transporte ferroviário, principalmente quando é preciso percorrer longas distâncias. E apresenta menor emissão de CO2 em comparação aos outros modais de transporte (SARAIVA, 2013). 151PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 3 - Emissão de CO2 no setor de transporte no Brasil Fonte: Saraiva (2013). Na fase inicial de projeto de uma ferrovia, a escolha do traçado tem primordial importância. Devem-se realizar avaliações das características biológicas, físicas e antrópicas da região, com o objetivo planejar a exploração dos recursos naturais em conformidade com as legislações aplicáveis, buscando a redução dos danos ambientais. A Valec (2010) descreve os impactos, sendo eles, sobre o meio biótico, meio físico e meio socioeconô- mico. As características biológicas a serem observadas estão relacionadas às áreas de desmatamento, devendo levar em consideração as unidades de conservação, as quais são destinadas a preservação de bancos genéticos de flora e fauna e que não podem sofrer interferências. Abaixo estão listados alguns dos impactos causados sobre o meio biótico: • Fragmentação e Perda de habitats • Redução da diversidade de espécies da fauna e flora • Aumento da pressão antrópica sobre os recursos naturais dos remanescentes e áreas de preserva- ção. • Facilita o tráfico ilegal de animais silvestres • Proliferação de zoonoses • Aumento da incidência de atropelamentos de animais silvestres Entre as características física estão os fatores geológicos, geotécnicos, climatológicos e hidrológicos. Abaixo estão listados alguns dos impactos causados sobre o meio físico: • Início ou aceleração de processos erosivos • Assoreamento • Aumento de ruídos e vibrações • Acúmulo de águas, causando alagamentos; • Instabilidade de taludes e aterros • Entupimento de sistemas de drenagem • Poluição do ar por materiais particulados • Degradação de áreas exploradas • Alteração da paisagem natural Já as características antrópicas englobam o estudo da população diretamente afetada, atividades eco- 152PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 nômicas e as reservas indígenas da região. Abaixo estão listados alguns dos impactos causados sobre o meio socioeconômico: • Geração de emprego e renda • Incremento da economia da região • Ocorrência de acidentes • Alteração da qualidade de vida da população • Interferências com comunidades indígenas Outro fator de grande importância é a investigação da existência de patrimônios históricos, cultural e ar- queológico no sítio de implantação do projeto. Portanto, faz-se necessário a identificação das atividades impactantes, propondo medidas mitigatórias para os impactos e definir os programas ambientais. 5.3 Modal Hidroviário Segundo a CNT (2012), o transporte hidroviário é caracterizado pela utilização de rios, lagos e oceanos no deslocamento de mercadorias e pessoas. Subdivide-se em: o fluvial ou hidroviário, que utiliza os rios navegáveis, sendo que o Brasil possui uma malha hidroviária com cerca de 40.000 km de rios fisicamen- te aproveitáveis para a navegação interior; e o marítimo, que utiliza a navegação no mar e a circulação na costa atlântica. O transporte aquaviário é apontado como o meio de transporte que possui custos fixos mais baixos e consumo de energia menor dentre os demais modais. A cabotagem é caracterizada pelo transporte realizado entre dois portos da costa de um mesmo país ou entre um porto costeiro e um fluvial. No Brasil, as empresas que mais utilizam a cabotagem são as de granéis líquidos (óleo e derivados de petróleo). E também, o setor de granéis sólidos (soja, trigo e milho) também utiliza o transporte por navios. Mas é no setor de carga por contêineres que o Instituto Ilos (Insti- tuto de Logística e Supply Chain – cadeia de suprimentos) estima uma perspectiva maior de crescimento (SARAIVA, 2013). Segundo o U.S. Departament of Transportacion (1994), o transporte hidroviário possui algumas vanta- gens, entre elas: • Maior eficiência energética; • Menor emissão de gases poluentes do ar; • Menor impacto sobre a população; • Reduzidas intervenções no meio físico. Segundo Fogliatti (2004), nos projetos hidroviários havendo a necessidade de interferência de um trecho de uma bacia hidrográfica, seja por barramentos, derivações, retificações de rios e construções de canais, podem comprometer, em outros trechos, a qualidade das águas e o regime de escoamento, podendo cau- sar enchentes. Os impactos ambientais relacionados à fase de implantação do projeto, em geral, se assemelham aos impactos de empreendimentos de transportes, rodovias e ferrovias. Entre os principais impactos, Amaral (2004) destaca: Dragagem; Derrocamento; Sinalização; Cortes de meandro; Implantação de canais e espigões; 153PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Construção de barragens. Entre os impactos sociais, Carvalho (2008) cita: conflitos com comunidades indígenas, danos ao patri- mônio histórico e arqueológico, demanda descontrolada por serviços, choque cultural entre população local e emigrada e incremento de atividades marginalizadas. Entre os impactos sobre a natureza, desta- cam-se: poluição do ar, efeitos sobre a fauna e a flora, qualidade dos recursos hídricos e modificação da paisagem. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo assumiu como objetivo contribuir para a formulação de uma abordagem metodológica que auxilie nos procedimentos de planejamento e o licenciamento ambiental dos empreendimentos de trans- porte. Utilizou-se de pesquisas bibliográficas, para identificar os principais impactos ambientais relacio- nados aos empreendimentos de rodovias, ferrovias e hidrovias. A partir do referencial teórico, foi possível observar uma série de diferenças entre os modais de trans- porte. Foi visto que o modal rodoviário é o mais utilizado atualmente, proporcionando uma entrega de produtos mais rápida e, muitas vezes, atingindo grande parte do território nacional, mas com um custo de infraestrutura e emissão de CO2 elevados. Observou-se, ainda, que o modal ferroviário já está sendo mais requisitado, pois nele são realizados grandes carregamentos de longa distância, operando com uma velocidade baixa. O modo hidroviário ainda é um dos menos utilizados no transporte de cargas do Brasil, podendo transportar grandes volumes de carga a longas distâncias (como mais de 500 km) a uma veloci- dade baixa. Consequentemente, o tempo nas entregas torna-se maior, o custo de percurso e operacional é baixo e a emissão de CO2 no meio ambiente. É necessário pensar se a construção desses empreendimentos trará mais danos ou benefícios no futuro, nos fazendo analisar quais as reais prioridades e a viabilidade desta obra no local escolhido. Ressalta-se também, que estes danos podem não ser visíveis, risco de grau insignificante e não influenciar a vida da população da região do empreendimento naquele momento, porém com o passar do tempo esses danos podem gerar outros mais graves e, deste modo, a região sentirá os impactos causados, trazendo riscos para a sociedade, pois muitos impactos ambientais são irreversíveis, impossibilitando a sua minimização. Para isso, os estudos ambientais antes da implantação do empreendimento são de primordial importância a analise dos impactos, tanto positivos como negativos, para a melhoria dos projetos. REFERÊNCIAS AMARAL, M. S. Abordagem metodológica para avaliação ambiental de atividades e empreendimentos hidroviários. Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Am- biental. 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001. Sistema de Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para o uso. Rio de Janeiro, 2004.BANDEIRA, H. Transporte Ferroviário no Desenvolvimento do Brasil: os corredores ferroviários bioceânicos. Univer- sidade de Brasília. 2013. BELLIA, V.; BIDONE, E.D. Rodovias, Recursos Naturais e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: EDUFF, 1993. Bolea, T. Evaluación dei impacto ambiental. Madrid, Mapfre, 1984. BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Diretoria de Engenharia Rodoviária. Divisão de Estudos e Pro- jetos. Serviço de Estudos Rodoviários e Ambientais. Manual Rodoviário de conservação, Monitoramento e Controle Ambientais. Rio de Janeiro, 1996. BRASIL. Ministério dos Transportes. Política Ambiental do Ministério dos Transportes. Brasília, 2003. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE (CNT). Transporte rodoviário: desempenho do setor, infraestrutu- ra e investimentos. – Brasília : CNT, 2017. 154PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE (CNT). Plano CNT de Logística Brasil. Brasília: CNT, 2008. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Transporte Ferroviário de Cargas no Brasil: Gargalos e Perspectivas para o Desenvolvimento Econômico e Regional. Série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro. Brasília, 2010. LA ROVERE, E. Impactos ambientais de projetos energéticos. Rio de Janeiro, Coppe, 1989. mimeogr. MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 8ª ed. São Paulo: ed. Revista dos Tribunais, 2013. 776-832 p. MONTEIRO, C.R. O marketing verde e o processo de decisão de compra de consumidores Natura no município de Patos- PB. Revista Brasileira de Gestão Ambiental (Pombal - PB - Brasil) v. 11, n.01, p.49 - 56, jan-dez, 2017. MORALES, P. R. D. Documento setorial: ferrovias. Rio de Janeiro: UFRJ, 2008. RICO, Elizabeth de Melo. A responsabilidade social empresarial e o Estado: uma aliança para o desenvolvimento sustentá- vel. São Paulo em perspectiva, v. 18, n. 4, p. 73-82, 2004. ROCHA, E. D.; CANTO, J. L.; PEREIRA, P. C. Avaliação de impactos ambientais nos países do mercosul. Ambiente & Sociedade – Vol. VIII nº. 2 jul./dez. 2005 SARAIVA, P. L.; MAEHLER, A. E. Impactos ambientais e vantagens comparativas do transporte hidroviário em relação a outros modos de transporte no sul do Brasil. Rev. Adm. UFSM, Santa Maria, v. 8, número 3, p. 499-514, JUL. - SET. 2015. SIMONETTI, H. Estudo de impactos gerados pelas rodovias: sistematização do processo de elaboração de EIA/ RIMA. 55f. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2010. TEIXEIRA S.G. Tratamento da Questão Ambiental no Âmbito do Ministério dos Transportes. Anais do 7º ANPET, São Paulo. 1993. U.S. DEPARTMENT OF TRANSPORTATION. Environmental Advantages of Inland Barge Transportation. 1994. VALEC. EIA/RIMA para Implantação da Ferrovia EF 354 – Trecho: Uruaçu/GO - Vilhena/RO. WESTMAN, W. op. cit.; LEE, N. op. cit.; MAGRINI, A. op. cit.; BISSET, R. Methods for environmental impact assess- ment. A selective survey case studies. Scotland, University of Aberdeen, Department of Geography, 1987. CAPÍTULO 16 AUTORES RESUMO ANALISE ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO DE AUXILIARES DE CARGAS E DESCARGAS: MÉTODO APLI- CADO OWAS E CHECKLIST DE COUTO Bruno Gomes Ferreira Leonardo Tavares Farinha Raysa Cruz Almeida Jessica Nascimento da Silva José Ribamar Santos Moraes Fi- lho Empresas de vários setores visam seus lucros deixando uma par-te essencial dos serviços a desejar, pecando na ergonomia do trabalho e não atendendo a requisitos mínimos de seguranças. Um desses trabalhos são os auxiliares de cargas e descargas, mais co- nhecidos como “estivadores”, que trabalham com cargas excessivas em condições adversas sem equipamentos de proteção adequados. O presente trabalho identifica as falhas e tenta corrigir com soluções aplicando método de estudos, baseados em pesquisas de diversos autores com conhecimentos específicos na área de ergonomia, usa- dos para analises de estudos métodos como OWAS e checklist de COUTO para apresentar resultados e comprovar os dados obtidos. Todo processo de pesquisa foi feito pelo ergolândia 5.0 e por regis- tro fotográfico para melhor obtenção de dados. Palavras-chave: Empresas, Ergonomia, Estivadores, OWAS, COUTO. 156PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO Grande maioria das empresas de pequeno e médio porte buscam suas atenções somente para lucros, dei- xando a desejar uma parte essencial dos serviços dos seus empregados. A ergonomia com base na NR 17 busca fazer com que essas empresas possam estar compridas normas de requisitos mínimos de segurança do trabalho. Com o passar dos anos, esse modo de visão dos empresários está mudando, fazendo com que começas- sem a buscar fatores que aumentem o desempenho e que busque reduzir fatores de riscos. Zelando pela saúde e segurança, vários métodos passaram a ser adotados. O estudo foi realizado em empresas de médio porte de cargas e descargas, visando buscar falhas e solu- cionar problemas de ergonomia, e garantir a eficiência dos métodos utilizados na pesquisa. Auxiliar de carga e descarga é o responsável por diversas atividades, algumas delas são as preparações da carga, descarga de materiais e arrumação das cargas. Considerando que tais atividades necessitam de um estudo detalhado fazendo suas devidas analises ergonômicas. Ergolândia 5.0 é um software bastante eficiente quando se trata de ergonomia e análise do posto de tra- balho (AET), possibilitando seu usuário fazer diversas analises, dentre elas se destacam duas que foram utilizadas no trabalho, o método OWAS e o Checklist de Couto. OWAS é uma ferramenta da ergolandia 5.0 que foi desenvolvido entre 1974 e 1978 com a finalidade de verificar a postura do trabalhador no seu posto de trabalho. Mostrando ao usuário se há necessidade de reparos ergonômicos em cada trabalho realizado. Checklist de Couto também é considerado uma ferramenta do ergolandia 5.0 que foi desenvolvido com o objetivo de verificar as condições do trabalhador no local de trabalho e as condições ergonômicas do trabalhador e suas consequências O estudo revelou as condições árduas de trabalho dos auxiliares de carga e descarga, mostrando as con- dições ergonômicas do posto de trabalho e dos trabalhadores no qual será discorrido durante o artigo. 2. ERGONOMIA O termo Ergonomia é relativamente recente: criado e utilizado pela primeira vez pelo inglês Murrel, pas- sa a ser adotado oficialmente em 1949, quando da criação da primeira sociedade de ergonomia, a Ergo- nomic Research Society, que congregava psicológicos, fisiologistas e engenheiros ingleses, interessados nos problemas da adaptação do trabalho ao homem (LAVILLE, 1976). Pode ser definida como “o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários a concepção de instrumentos, maquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de con- forto, segurança e eficiência” (WISNER, 2004). Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) a ergonomia estuda diversos fatores que influem no desempenho do sistema produtivo e procura reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, proporcionando saúde, segurança, satisfação dos trabalhadores, durante sua integração com o sistema produtivo. Eficiência virá como consequência (IIDA, 2016). Numa situação ideal, a ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de uma máquina, local de trabalho, ambiente ou sistema. Estas devem sempre incluir o usuário como um de deus com- ponentes. Assim, as características do usuário devem ser consideradas conjuntamente com as caracte- rísticas e as restrições técnicas, ambientais ou sistêmicas para se ajustarem mutuamente, umas às outras 157PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 (IIDA, 2016). A análise do custo/benefício indica, de um lado, o investimento ou custo necessário para implementar um projeto ou uma recomendação ergonômica, representado pelos custos com os consultores, custos de projetos, aquisição de maquinas, materiais e equipamentos,treinamentos de pessoal e queda de produ- tividade durante o período de implantação. Do outro lado, são computados os benefícios, quanto vai se ganhar com os resultados do projeto. Podem ser incluídos itens como economias de material, mão de obra e energia, redução de acidentes, absenteísmo, rotatividade e custos jurídicos, aumento da qualidade de produtos e processos, e da produtividade (IIDA, 2016). 2.1. Método OWAS Sistemas OWAS (Ovako Working Posture Analysing Sytem) é uma técnica prática de registro e análise de posturas, desenvolvida por três pesquisadores finlandeses (KARHU; KANSI; KUORINKA, 1977). Eles trabalhavam em uma empresa siderúrgica, onde se encontravam muitas condições desfavoráveis de trabalho pesado. Começaram a analisar fotografias das principais posturas encontradas tipicamente na indústria pesada. Encontraram 72 posturas típicas que resultaram de diferentes posições do dorso, braços e pernas e a carga suportada ou uso de força (IIDA, 2016). Figura 01 – Posições dos setores do corpo utilizados no método OWAS Fonte: IIDA (2016) O sistema foi testado com mais de 36.340 observações em 52 tarefas típicas da indústria siderúrgica. Diferen- tes analistas treinados, observando o mesmo trabalho, fizeram registros com 93% de concordância. O mesmo trabalhador, quando observado de manhã e à tarde, conservava 86% das posturas registradas, e diferentes trabalhadores executando a mesma tarefa usava, em média, 69% de posturas semelhantes. Concluiu-se que o sistema de registro apresentava uma consistência razoável (IIDA, 2016). 2.2. NR 17 Norma regulamentadora de segurança do trabalho que auxilia na ergonomia e na adaptação do trabalho ao colaborador, levando em consideração os aspectos ambientais, psicofisiológicas de modo a propor- cionar o máximo de conforto, segurança e desempenho (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2015). As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descargas de materiais, condições ambientais do posto de trabalho e da própria organização, o peso da carga é supor- tado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga, sendo admissível o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer a sua saúde e segurança (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2015). 158PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 3. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2017 com cinco empresas distribuidoras na cidade de São Luís, no bairro do João Paulo que são responsáveis pela distribuição de alimentos pela região metro- politana da cidade. Os setores dos auxiliares de carga de descarga são responsáveis pela autorização e orientação de transporte, preparação da carga, descargas, arrumação de cargas em porões, controle de entrega e operação de equipamentos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com os 4 trabalhadores de cada empresa possibi- litando uma visão geral dos problemas, também foi realizado os registros fotográficos do ambiente de trabalho constatando diversos riscos ergonômicos. O trabalho realizado em geral pelos funcionários das empresas “V”, “X”, “W”, ”Y” e “Z” durante o expediente, são bastante repetitivos com poucos intervalos para descanso. Geralmente fazendo levanta- mento de cargas com pesos excessivos. Com base nisso foi utilizado o método OWAS e o Checklist de couto. O método de análise consiste na observação das posturas, as quais serão classificadas segundo suas posições, resultando em uma codificação de seis dígitos. O primeiro, segundo, terceiro e quarto dígitos indicam as posições de costas, braços, pernas e o fator força, respectivamente. Os dois últimos dígitos são reservados para a classificação da fase de trabalho (IIDA, 2016). No Checklist Couto é ferramenta que auxilia no levantamento de dados sobre as condições ergonômicas no posto de trabalho. No qual é realizada uma lista de perguntas sobre as posições dos membros, fre- quência de execução das tarefas, intervalos de trabalho, condições ergonômicas e suas consequências das atividades humanas. (IIDA, 2016). 4. POSTOS DE TRABALHO DE AUXILIARES DE CARGAS E DESCARGAS Preparam cargas e descargas de mercadorias; movimentam mercadorias em navios, aeronaves, cami- nhões e vagões; entregam e coletam encomendas; manuseiam cargas especiais; reparam embalagens danificadas e controlam a qualidade dos serviços prestados. Operam equipamentos de carga e descarga; conectam tubulações às instalações de embarque de cargas; estabelecem comunicação, emitindo, rece- bendo e verificando mensagens, notificando e solicitando informações, autorizações e orientações de transporte, embarque e desembarque de mercadorias (MTE, 2017). Para o exercício dessas ocupações não se requer nenhuma escolaridade e cursos de qualificação. O tempo de experiência exigido para o desempenho pleno da função é de menos de um ano. A ocupação elencada nesta família ocupacional demanda formação profissional para efeitos do cálculo do número de apren- dizes a serem contratados pelos estabelecimentos nos termos do artigo 429 da consolidação das leis do trabalho – CLT, exceto os casos previstos no art. 10 do decreto 5.598/2005 (MTE, 2017). Os profissionais dessa família ocupacional exercem suas funções em empresas de transporte terrestre, aéreo e aquaviário e naquelas cujas atividades são consideradas anexas e auxiliares do ramo de transpor- te. Os trabalhadores das ocupações carregador (aeronaves) e carregador (armazém) são contratados na condição de trabalhador assalariado, com carteira assinada, enquanto aqueles das ocupações ajudante de motorista, carregador (veículos de transportes terrestres) e estivador atuam como autônomos, portanto, sem vínculos empregatícios. Trabalham, dependendo da ocupação e do tamanho do meio de transporte, em duplas ou em grupos, sob supervisão ocasional e também permanente, em ambientes fechados, a céu aberto e em veículos. Podem trabalhar no período diurno e em rodízio de turnos diurno e noturno. Por vezes podem estar expostos a ruído intenso e altas temperaturas (MTE, 2017). 159PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Iniciar o processo de análise por meio do método OWAS, gerando os seguintes dados gerais sobre o au- xiliar de carga e descarga. A primeira atividade realizada no posto de trabalho é a preparação da carga, como mostra na figura 2. E sua respectiva analise na figura 3. Figura 02 – Preparação de carga Fonte – Autores Figura 03 – Preparação no Ergolândia Fonte - Ergolândia A análise realizada pelo software mostra que é necessário tomar providencias para a correção do pro- blema, pois o trabalhador encontra-se em uma posição de risco podendo cair gerando lesões e adquirir sérios problemas na coluna devido a sua posição junto com levantamento de cargas pesadas mostradas na Figura 4. 160PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 04 – Descarga de materiais Fonte – Autores A segunda atividade realizada no posto de trabalho é a de descarga de materiais como consta na Figura 4. E sua respectiva análise feita pelo software na Figura 5. Figura 05 – Preparação no Ergolândia Fonte - Ergolândia Foi verificado no software que é necessárias correções em um futuro próximo, porém na pesquisa rea- lizada no posto de trabalho foram encontradas irregularidades com o carregamento de peso excessivo e falta da utilização do EPI. Segundo os fundamentos da Biomecânica, praticamente não existem limites para o ser humano, quando são utilizados ferramentas e equipamentos adequados ao peso e ação a ser executada, adotando uma postura adequada no momento de realizar os esforços (COUTO, 1995). No Brasil, a legislação não é muito específica, neste ponto. Estipula em 60 (kg) o peso máximo que um trabalhador deve manusear, numa atividade laborai (BRASIL, 1994). Apesar disto, este valor não pode ser referenciado para uma atividade que seja realizada durante toda uma jornada de trabalho. Desta for-ma, alguns trabalhadores, acostumados a levantar cargas que variam de 10 a 15 kg, apresentaram hérnia de disco, ou outras lesões na coluna ou membros, o que nos leva a questionar não só a legislação, como os métodos utilizados para obter estas referências limites (COUTO, 1995). 161PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 No trabalho frequente com cargas excessivas, principalmente quando é iniciado com pouca idade, a ten- são e esforço constante em músculos, ligamentos, articulações, e ossos podem causar deformações, tais como, escolioses e cifoses vertebrais, deformação do arco do pé e um estado inflamatório e doloroso dos músculos e bolsas articulares, tais como miosótis e bursites (MOURA, 1978). Com base nisso é evidente a realização de correções ergonômicas no posto de trabalho o mais rápido possível. A terceira atividade realizada no posto de trabalho é a Organização das cargas como mostra a Figura 6. Com sua respectiva análise na Figura 7. Figura 06 – Organização das cargas Fonte – Autores Figura 07 – Preparação no Ergolândia Fonte - Ergolândia Nessa função foi analisada através do software a necessidade de correções tão logo quanto possível. O mesmo foi averiguado na pesquisa em campo onde o trabalhador encontrava-se em uma posição inade- quada para a realização do trabalho devido ao espaço de armazenamento de mercadorias. 162PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Segundo a NR-17.1 norma regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (BRASIL, 2015). Evidenciando a relação da adaptação do trabalho ao trabalhador. A Tabela 1 mostra a relação das empresas entrevistadas, ressaltando que elas não quiseram ser identifi- cadas. Abrangendo a carga horária de trabalho, quantidade de funcionários, salário e Produto carregado com seu respectivo peso. Tabela 1 – Carga de trabalho Nome da em- presa Carga horária de traba- lho Quantidade de funcionários Produto carrega- do/ peso Salário Empresa “V” 08h00min as 12h00min 13h00min as 18h00min Segunda a Sábado 10 Farinha de milho flocada CUZCUS/ 20kg Fardo R$730,00 Empresa “X” 08h00min as 12h00min 13h00min as 18h00min Segunda a Sábado 6 Arroz ROSCATO/ 30kg Fardo R$550,00 Empresa “W” 08h00min as 12h00min 13h00min as 18h00min Segunda a Sábado 4 Leite em pó integral LA SERENISSI- MA/ 25kg Caixa R$520,00 Empresa “Y” 08h00min as 12h00min 13h00min as 18h00min Segunda a Sábado 3 Arroz URBANI- NHO/ 30kg Fardo R$400,00 Fonte: Autores Nas empresas “V”, “X”, “W” e ”Y” foram observados que os trabalhadores realizam seu trabalho a céu aberto com condições de calor extremo sem a utilização de protetores solar, faz o carregamento em mé- dia de 60 kg a 80 kg apoiados sobre a cabeça sem a utilização de EPIs como a cinta lombar ergonômica, e bota para evitar acidentes no caso da mercadoria cair nos pés. Ficam em posições inadequadas ao tra- balho, não possuem rodízio de trabalho ou pausas. O que leva o trabalhador a sentir fadigas musculares geradas pelo esforço repetitivo e dores fortes na lombar. No checklist de Couto foram obtidos os seguin- tes resultados observados na Tabela 2. Tabela 2 – Condições do trabalhar no local de trabalho Item Condição do trabalhador no local de tra-balho (1) Ponto 01 O corpo (tronco e cabeça) está na vertical? Sim 02 Os braços trabalham na vertical ou próximo da vertical? Não 03 Existe alguma forma de esforço dinâmico? Não 04 Existem posições forçadas do membro supe- rior? Não 05 As mãos têm de fazer muita força? Não 163PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 06 Há repetitividade frequente de algum tipo es- pecífico de movimentos? Não 07 Os pés estão apoiados? Sim 08 Há esforço muscular forte com a coluna ou ou- tra parte do corpo? Não 09 Existe levantamento de carga excessiva? Não 10 Há possibilidade de pequenas pausas en- tre ciclos ou períodos definidos de descanso após certo tempo trabalhado? Não Total de pontos 2 Fonte: Autores Pontuação % Condição Ergo-nômica Grau Providências 10 91 a 100 Excelente 0- Verde Não necessita de providen- cias 7 a 9 70 a 90 Boa 6 a 5 50 a 69 Razoável 1- Amarelo Sob observação* 4 a 3 30 a 49 Ruim 2- Vermelho Necessita estudo detalhado 2 a 0 0 a 29 Péssima Tabela 3 – Condições ergonômicas Fonte: Autores Na Tabela 2 do checklist de Couto mostra a relação das condições do trabalhador no local de trabalho. Tendo péssimos resultados das condições ergonômicas necessitando de estudos detalhados com urgência para melhoria das mesmas. Tabela 4 – Postura e repetitividade no trabalho 1 (0) Ponto (1) Ponto 1.1 Sim Não 1.2 Sim Não 1.3 Sim Não Total de pontos 0 2 (0) Ponto (1) Ponto 2.1 Sim Não 2.2 Sim Não 164PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 2.3 Não Sim Total de pontos 1 Fonte: Autores Tabela 5 – Condições ergonômicas Pontuação Condição Ergonômica Grau Providências Acima de 6 Excelente – baixíssimo risco/ausência de riscos biomecânicos 0- Verde Não necessita de provi- dencias 6 a 5 Boa – baixo risco – fator biomecânico pouco sig- nificativo 4 Razoável – moderado risco – fator biomecânico moderado 1- Amarelo Sob observação* 3 a 2 Ruim – alto risco – fator biomecânico significativo 2- Vermelho Necessita estudo deta- lhado1 a 0 Péssima – altíssimo ris- co – fator biomecânico muito significativo Fonte: Autores A segunda parte do Checklist de Couto é definida através das condições ergonômicas do trabalhador e suas consequências. Como apresentado na tabela acima as condições ergonômicas são péssimas, pos- suindo altíssimo risco, com fator biomecânico muito significativo. Necessitando de providencias urgen- tes para melhoria do trabalho evitando as DORTs. 6. CONCLUSÃO Concluindo a necessidade de tomadas de decisões ergonômicas no posto de trabalho dos auxiliares de carga e descarga destacando os principais problemas encontrados, que são: falta de rodízios ou reveza- mento de trabalho, não há utilização de EPIs e carregamento de cargas excessivas. Como resolução dos problemas relatados nesse estudo podem ser feitos rodízios dos colaboradores com pequenas pausas para descanso, o empregador deve comprar e disponibilizar EPIs de segurança como bota, cinta lombar ergonômica e protetor solar definidos na NR-6. Deverá ser feito reduções das cargas levantadas de modo que o trabalhador não adquira lesões futuras. REFERÊNCIAS BRASIL. Segurança e medicina do trabalho: NR-1 a 36 CLT – Art. 154 a 201, - Lei nº 6.514, de 22-12-1977 portaria nº 3.214, de 8-6-1978 Legislação complementar Índice Remissivo. São Paulo, Editora ATLAS S.A ed. 75º, 2015. COUTO, H. de A. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte, Ergo Editora, v. 1, 1995. DE LEGISLAÇÃO ATLAS, Manuais. 75º edição. São Paulo. Editora Atlas SA, 2015. IIDA, I; BUARQUE, L. Ergonomia: Projeto e Produção. 3° ed - São Paulo: Bluncher, 2016. LAVILLE, A. L’ergonomie, collection “Que sais-je? ” n.° 1626. Presses Universitaires de France, 1976. MOURA, R. Segurança na movimentação de materiais. São Bernardo do Campo, São Paulo, ed. Ivan Rossi, 1978. CAPÍTULO 17 AUTORES RESUMO GERAÇÃO E ACONDIONA- MENTO DE RESÍDUOS SÓ- LIDOS DOMÉSTICOS: PER- CEPÇÃO DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS-MA Ellen Karine Morais Julyana Martins Mota Ana Luiza da Costa Lima Eduardo Mendonça Pinheiro Apesar da deposição inadequada dos resíduos sólidos trazer consequências graves a população, ainda é comum encontrar resíduos sólidos domésticos dispostos inadequadamente em vários pontos periféricos da cidade de São Luís. A presente pesquisa objetivou avaliar a percepção da população de São Luís – MA, quanto ao conhecimento referente à gestão individual dos resíduos sólidos domésticos, bem como, quanto as práticas de acondicionamento, disposição adequada, dados sobre coletas de lixo, alternativas de destinaçãofinal e segregação, utilizadas pela população entrevistada. A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho está fundamentada em uma abordagem qualitativa e quantitativa, o levantamento e análise bibliográfica. A coleta dos dados foi obtida pela aplicação de questionários pelo Google Forms, no período de 04 a 18 de abril de 2018. O estudo permitiu verificar que os moradores entrevistados não praticam ações de cunho sustentável para a destinação e segregação dos resíduos sólidos domésticos no município de São Luís – MA exercendo forte influência negativa sobre a qualidade ambiental local. Palavras-chave: Resíduos sólidos domésticos, Acondicionamento, Segregação, Destinação final. 166PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 1. INTRODUÇÃO A geração e o acondicionamento do lixo doméstico constituem uma preocupação ambiental e social, uma vez que o lixo retrata um espelho fiel da sociedade. Para Camacho (2008), o crescimento acelerado das metrópoles, o consumo de produtos industrializados, o surgimento dos produtos descartáveis, o aumento excessivo do lixo e a falta de locais para o destino final, constituem um dos maiores problemas da sociedade moderna, a Gestão dos Resíduos Sólidos. Desta forma, qualquer tentativa de reduzir a quantidade de lixo, alterar sua composição ou forma de acondicionamento, pressupõe mudanças no comportamento social. Segundo Gilnreiner (1994), o sistema de resíduos sólidos não é um serviço municipal, tal como é o sistema de abastecimento de água e o transporte público, enquanto os dois últimos são considerados meras utilidades, o sistema de resíduos sólidos é um serviço que requer a participação da população, que deve estar consciente da necessidade de tal serviço e cooperar seguindo as diretrizes estabelecidas pelo município. Para que a coleta seja eficiente, não depende apenas dos recursos financeiros a ela destinados, mas sobretudo da fase da pré-coleta (acondicionamento e armazenamento) que é de responsabilidade do cidadão. A administração municipal, que desempenha a gestão dos sistemas de apoio à própria coleta (eficiência das rotas, equipe de trabalho e equipamentos), deve exercer funções de regulamentação, educação e fiscalização, visando assegurar condições sanitárias e operacionais adequadas (IPT, 2000). A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída por meio da lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, estabelece que as pessoas terão de acondicionar de forma adequada o lixo para o recolhimento do mesmo, fazendo a separação onde houver a coleta seletiva (KONRAD; CALDERAN, 2011). Apesar da deposição inadequada dos resíduos sólidos trazer consequências graves a população, ainda é comum encontrar resíduos sólidos domésticos dispostos inadequadamente em vários pontos periféricos da cidade de São Luís. Segundo a estimativa levantada pela Prefeitura de São Luís, a massa coletada per capita em 2010 era de 0,76 kg/hab./dia, no ano de 2013 este número chegou a expressiva geração de 1,74 kg/hab./dia de resíduos produzidos (JORNAL, O ESTADO DO MARANHÃO, 2013). Atualmente, São Luís não conta com nenhum macro programa de reciclagem e/ou coleta seletiva de resíduos, o único destino de todo o montante desses materiais é o Aterro Municipal da Ribeira, localizado no entorno do distrito industrial da ilha (LIMA, 2017). O objetivo deste trabalho foi avaliar a percepção da população de São Luís – MA, quanto ao conhecimento referente à gestão individual dos resíduos sólidos domésticos, bem como, quanto as práticas de acondicionamento, disposição adequada, dados sobre coletas de lixo, alternativas de destinação e segregação, utilizadas pela população entrevistada. 2. METODOLOGIA A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho está fundamentada em uma abordagem qualitativa e quantitativa. Conforme Chiapetti (2010), uma característica importante das pesquisas qualitativas é que são exploratórias, ou seja, incentivam os sujeitos a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito, esse tipo de abordagem é importante em pesquisas que envolvam instituições educacionais e a comunidade em questão, pois elas permitem investigar os fenômenos sociais, culturais e a sua relação com o meio ambiente. O levantamento e análise bibliográfica foram realizados em sites científicos, artigos, livros, monografias e dissertações como forma de dar embasamento consistente aos resultados que serão inferidos. A coleta dos dados foi obtida pela aplicação de questionário e a população alvo como um grupo completo de objetos ou elementos relevantes para o projeto de pesquisa que compartilham algum conjunto comum de características. Como ferramenta para a formulação e desenvolvimento de um questionário, buscou- 167PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 se a utilização do Google Forms, a fim de obter um expressivo número de entrevistados e uma aplicação prática. O questionário foi respondido por 383 pessoas residentes do município de São Luís, no período de 04 a 18 de abril de 2018. O questionário foi composto por um total de 20 perguntas objetivas que focaram no entendimento sobre a disposição final, acondicionamento, destinação, segregação e coleta de resíduos sólidos domésticos, assim como o perfil socioeconômico dos entrevistados. Os dados quantitativos foram analisados com o uso de técnicas de estatísticas simples e os dados transformados em gráficos, com o objetivo de simplificar e tornar os dados mais facilmente perceptíveis, utilizando o software Windows Excel 2016. A área amostral foi representada pelo município de São Luís, que se estende por 834.785 km² e conta com 1.094.667 habitantes na estimativa do censo de 2018, sendo que em 2010 esta população era de 1.014.837 habitantes. A densidade demográfica é de 1.215.69 habitantes por km² no território do município. São Luís faz limites com os municípios de Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Raposa e com o Oceano Atlântico (IBGE, 2016). A partir dos dados obtidos pelos questionários aplicados no município de São Luís, foi possível contextualiza-los sob a ótica da gestão de resíduos sólidos domésticos, acondicionamento, segregação, coleta e destinação final. O aprofundamento do contexto foi realizado através de levantamento de informações, fundamentos, e referências conceituais sobre resíduos sólidos domésticos. As etapas da metodologia empregada, estão exemplificadas no fluxograma da Figura 1. Figura 1 – Fluxograma da metodologia. Fonte: Autores (2018) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados apresentados na Figura 2 retratam a proporção entre o sexo masculino e feminino dos entrevistados. Houve maior participação do gênero feminino totalizando 65%, enquanto os homens corresponderam a 35%. A população de São Luís é formada em sua maioria por mulheres, de acordo com o censo demográfico do IBGE, em 2010, o percentual de mulheres era 53,2%, enquanto o de homens era de 46,8% do total da população ludovicense (IBGE, 2010). 168PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 2 – Percentual do gênero dos entrevistados. Fonte: Autores (2018) Na Figura 3, na distribuição dos entrevistados por faixa etária é possível observar que a mesma variou entre 14 e acima de 60 anos. Identificou-se a predominância da faixa etária de 26 a 35 anos de idade com 32%, 19 a 25 anos com 29%, 36 a 45 anos 18%, revelando assim uma população relativamente jovem. Os adultos de 45 a 60 anos também tiveram uma participação considerável, expressando 14% dos entrevistados. E com a menor participação com 3%, os idosos acima de 60 anos e os jovens de 14 a 18 anos com 4%. Figura 3 – Distribuição da faixa etária dos entrevistados. Fonte: Autores (2018) Os dados apresentados na Figura 4 retratam a escolaridade dos entrevistados, por se tratar de uma entrevista com cunho cientifico, dentre as 383 pessoas que responderam ao questionário, o índice com Ensino Superior Incompleto representou 35% da população sendo a maioria. Os participantes com Pós- graduação representaram27%, sendo o segundo maior índice dos pesquisados, seguidos por pessoas que possuem Ensino Superior Completo com 24%, e os com Nível Médio Completo com 11%. Os entrevistados que tinham o Ensino Médio Incompleto apresentaram a porcentagem de 2%, seguido por pessoas que possuem o Ensino Fundamental Incompleto com de 1%. Esta variável permitiu avaliar o comportamento da população pesquisada, pois através do domínio do conhecimento, o indivíduo se torna mais crítico e passa a exercer de maneira mais adequada seu papel de cidadão (BARRETO et al., 2008). 169PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 4 – Nível de escolaridade dos entrevistados. Fonte: Autores (2018) A Figura 5, mostra que a grande maioria dos entrevistados, 94%, tem suas residências localizadas na Zona Urbana de São Luís, enquanto apenas 6% dos entrevistados residiam na Zona Rural. Segundo Soares et al. (2013), no espaço urbano é gerado a maior parte dos resíduos que causam impacto a natureza, contudo, houve um crescimento preocupante dos impactos causados pelos resíduos domésticos gerados nas áreas rurais, antigamente os tipos de resíduos encontrados nesses ambientes eram facilmente destruídos ou decompostos na natureza, nos dias atuais os resíduos produzidos nas residências da zona rural são bastante diversificados onde podemos encontrar uma grande gama de produtos industrializados. Atualmente, no município de São Luís, o saneamento básico se encontra com serviços insuficientes e com grande desigualdade de distribuição entre a Zona Rural e a Zona Urbana. Figura 5 – Localização da residência dos entrevistados. Fonte: Autores (2018) Em relação a quantidade de moradores por residência, podemos observar na Figura 6, que a maioria dos entrevistados residiam com 1 a 3 pessoas, representando 50%, a opção que obteve em porcentagem o segundo maior índice foram os entrevistados que residem com 4 a 7 pessoas, seguidos por 5% que moram sozinhos e 1% de entrevistados que moram em residências com 8 a 10 pessoas. Estima que cada habitante produza diariamente 1 kg/dia de resíduos sólidos, sendo assim, residências com mais moradores provavelmente iram gerar mais resíduos sólidos domésticos por dia (IBGE, 2016). A geração de resíduos, apesar de se encontrar no início da cadeia tem significativo impacto. Abramovay (2013) oferece dados eloquentes sobre a relação entre crescimento populacional e geração de resíduos 170PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 no Brasil, segundo este, entre 1991 e 2000 a população brasileira cresceu 15,6%, porém, o descarte de resíduos aumentou 49%. Figura 6 – Número de moradores por residência. Fonte: Autores (2018) A média salarial, baseada no salário mínimo de R$ 954,00, segundo as leis de trabalho brasileiras, é o índice observado na Figura 7. Na pesquisa, os entrevistados que recebem de 1 a 3 salários mínimos obtiveram maior representatividade com 35%, seguido por entrevistados que recebem de 3 a 6 salários mínimos com 26%. O índice de entrevistados que recebem de 6 a 9 salários mínimos foi de 10%, acima de 12 salários mínimos com 11% e os que recebem até um salário mínimo com o menor índice de apenas 9%. A geração de resíduos é em parte determinada pelas ações de consumo de produtos e de serviços, pelas opções de produção e pela opção de comercialização, portanto, quanto maior o poder aquisitivo, maior será o potencial de compra, elevando consequentemente o consumo de bens e produtos e tornando- se grandes geradores de resíduos sólidos (IBGE, 2016). Figura 7 – Índice da média salarial dos entrevistados. Fonte: Autores (2018) Os dados apresentados na Figura 8 retratam se ocorre ou não, a coleta regular de resíduos sólidos domésticos pelos órgãos municipais competentes, dentre os 383 entrevistados, 96% afirmam que ocorre coleta de lixo regular e apenas 4% afirmam que não ocorre a coleta no local onde residem. De acordo com Zanta e Ferreira (2016), a coleta dos resíduos misturados, denominada de regular ou convencional, 171PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 é realizada, em geral, no sistema de porta em porta, ou ainda, em áreas de difícil acesso por meio de pontos de coleta onde são colocados contêineres basculantes ou intercambiáveis. Por se tratar de um serviço de utilidade pública, deve ser implementado pelas prefeituras municipais, as quais são conferidas a responsabilidade pelo resíduo domiciliar, comercial e público. Figura 8 – Existência de coleta regular de lixo na rua dos entrevistados Fonte: Autores (2018) A frequência da coleta de resíduos sólidos domésticos pelos órgãos municipais nas ruas de São Luís é o fator observado na Figura 9. A maioria dos entrevistados, 63%, afirmam que a frequência da coleta de lixo ocorre de três dias/semana, 16% dos entrevistados possuem coleta de lixo 5 dias/semana, 2 dias/ semana com 13%, 4 dias/semana com 4%, 1 dia/semana com 3% e apenas 1% dos entrevistados não tinham coleta de resíduos sólidos domésticos regular na rua onde residiam. Figura 9 – Frequência da coleta regular de resíduos sólidos domésticos na rua dos entrevistados. Fonte: Autores (2018) Com relação a alternativa adotada para a destinação do lixo doméstico, em caso de irregularidade na frequência da coleta nas ruas de São Luís (Figura 10), verificou-se que 38% dos entrevistados contratam um carroceiro para se desfazer dos seus resíduos sólidos domésticos. Cerca de 22% dos entrevistados costumam levar os seus resíduos para algum terreno próximo a sua residência. Os entrevistados que contratam uma empresa particular de recolhimento de lixo chegaram a 14% e os que levam para um dos Ecopontos da cidade, somaram 12%. Algumas práticas de descarte dos resíduos sólidos domésticos feita pelos entrevistados, ficaram com as menores porcentagens, a queima do lixo com 8%, jogar na rua com 172PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 3% e enterrar o lixo com 2%. A disposição inadequada dos resíduos, além de proporcionar mau cheiro, atrair insetos e outros animais transmissores de doenças ao homem, pode também degradar e contaminar o solo, os recursos hídricos e o ar, devido a presença de metais tóxicos ou compostos orgânicos presentes na sua composição. A destinação incorreta pode pôr em risco a saúde pública, pois além do mau cheiro, oferece alimentação abundante para insetos, animais e, por consequência, dissemina inúmeras doenças (RIPOL, 2013). O manejo adequado dos resíduos domésticos é uma importante estratégia de preservação do ambiente natural, assim como de promoção e proteção à saúde, porém, boa parte dos resíduos gerados atualmente não possui destinação sanitária ambientalmente adequada, embora existam progressos nos últimos anos no Brasil, ainda nos deparamos com formas inadequadas e ilegais de descarte dos resíduos sólidos domésticos (ABRELPE, 2014). Figura 10 – Alternativa adotada pelos entrevistados para o descarte de resíduos sólidos domésticos, em caso de irregularidade da coleta na sua rua. Fonte: Autores (2018) A Figura 11, mostra que dos entrevistados, 17% colocam seus resíduos sólidos domésticos na porta da sua residência mesmo quando não é dia de coleta regular de resíduos, porém, 83% segue as recomendações dos órgãos públicos de limpeza, colocando somente nos dias estipulados pelo município para a coleta. Segundo Ceretta et al. (2013), os resíduos sólidos domésticos possuem alto teor de matéria orgânica putrescível presente, além da presença de restos de produtos de limpeza, tintas, frascos de aerossóis, lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias e outros materiais classificados como perigosos devido à presença de substâncias químicas tóxicas, portando, devem ser disponibilizados para a recolhimento pelos órgãos municipais responsáveis, apenas nos dias de coleta regular estipulados pela prefeitura. 173PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR Vol. 01 Figura 11 – O lixo doméstico é colocado apenas nos dias de coleta. Fonte: Autores (2018) A forma de acondicionamento dos resíduos sólidos