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Introdução à Lavra Subterrânea A lavra subterrânea apresenta menos impactos ambientais, maior selectividade e menor relação estéril/minério. No quesito ambiental, além do menor impacto visual, a disposição de estéril e rejeito em subsolo elimina os custos e a necessidade de áreas em superfície. A extração de minério a grandes profundidades (acima de 850 m) tende a se intensificar cada vez mais, devido primeiramente aos poucos recursos minerais situados próximos a superfície e também as maiores restrições ambientais impostas à lavra a céu aberto. A crescente mecanização e automação tendem a reduzir os custos inerentes à lavra em subsolo. Segundo Robbins (2000), a mecanização da lavra subterrânea, particularmente a mecanização dos processos de escavação, é um objectivo que pode resultar em reduções de custo significativas e níveis maiores de lucratividade para minas subterrâneas. Classificação Torres e Gama (2003) classificam as minas subterrâneas em pouco profundas (até 850 m) e profundas; também classificam em relação à temperatura ambiente. A divisão quanto ao porte não é bem definida, principalmente quando se considera a natureza o valor e o tipo de depósito da substância. Algumas classificações disponíveis são do Canadá (CANMET), de Minérios & Minerales (apresentada anualmente nas “200 maiores minas”) e a seguinte, de Kruger (2010). Uma referência geralmente aceita, segundo o citado autor, para efeito de divisão, é referida à capacidade diária de produção. Segundo ela, as operações mineiras se dividem: Tipo Produção diária Grande Porte acima de 30.000 t/dia Médio Porte entre 3.000 t/dia e 30.000 t/dia Pequeno Porte abaixo de 3.000 t/dia. Os diversos métodos de lavras já catalogados e definidos podem ser agrupados por suas características de aplicabilidade ou princípios comuns. Percebe-se que o grau de suporte dos realces, a inclinação do corpo mineralizado e a condição geotécnica do maciço rochoso representam os principais critérios de agrupamento. Princípios fundamentais da lavra subterrânea Abandono de Pilares Desmonte com o avanço de aberturas paralelas, convenientemente espaçadas, deixando-se porções do minério para formar pilares, de dimensões e formas adequadas, que limitam os vãos das aberturas e promovem a sustentação do teto. Ex1: Câmaras e pilares (room and pillar); Alargamento em Subníveis (sublevel stoping) – variantes VCR, VRM, AVOCA. Alargamentos abertos (open stopes) - lavra frontal (breast stoping), ascendente (underhand stoping) ou descendente (overhand stoping). Enchimento A medida que o material útil vai sendo extraído, o vazio formado é preenchido com outro material, de forma a promover a sustentação do teto. O desmonte da face é integral e a frente se desloca paralelamente a si mesma, sendo acompanhada a certa distância pelo enchimento. O teto na frente de trabalho é normalmente sustentado com estruturas apropriadas para evitar a eventual queda de blocos mais ou menos soltos ("chocos"). Corte e enchimento ou corte e aterro (cut and fill); Recalque (shrinkage stoping); Abatimento controlado do teto Com o avanço da frente de lavra, em vez de se processar a sustentação com o enchimento, provoca-se o seu desabamento, a uma distância controlada da frente, dissipando-se parte da energia armazenada no maciço. Além disto, a rocha desabada empola, o que inibe a propagação do abatimento, a partir do momento em que os blocos começam a exercer reações apreciáveis sobre o teto, favorecendo a sua sustentação. Ex: Abatimento em subníveis (sublevel caving) e em blocos (block caving); Frente longa (longwall mining); Selecção do Método de Lavra Subterrânea Introdução A selecção do método de lavra está entre os pontos mais críticos e problemáticos da profissão de engenheiro de minas. No passado, era baseada (somente) na experiência anterior. Como o método de lavra tem efeitos no investimento e nas operações de lavra e processos, e por causa dos problemas que causa a mudança de método durante a extracção, são necessários estágios aplicáveis e bem levantados na viabilidade para chegar a uma produção fixa antecipada durante a vida da mina tão logo quanto possível. Cada método de lavra é aplicado a uma faixa estreita de características do depósito mineral, principalmente sua disposição espacial, o comportamento mecânico do próprio corpo mineral e de suas encaixantes e do campo de tensões a que está submetido, além das legislações mineral e ambiental vigentes, das características topográficas e das comunidades locais. Os factores principais na selecção do método de lavra subterrânea são a geometria e a resistência mecânica do corpo de minério e da rocha encaixante (Germani, 2002). Desde que um corpo de minério esteja provado e delineado, e tenham sido colectadas informações suficientes que possibilitem análises posteriores, o processo importante de selecção do(s) método(s) de lavra mais apropriado(s) para a lavra pode ser iniciado. Num primeiro estágio, a selecção é apenas preliminar, servindo de base para um arranjo geral do projecto e um estudo de viabilidade. Posteriormente, pode-se achar necessária a revisão de detalhes, mas os princípios básicos para a extracção do minério devem permanecer como parte do arranjo final. Factores influenciantes na selecção de um método de lavra Os critérios que determinam a selecção de um método de lavra subterrânea relacionam-se a vários factores. A importância destes varia com a localização geográfica, a situação de desenvolvimento da tecnologia industrial, o “clima” económico do país e, talvez, no mundo. Todos como função do tempo. Assim, a melhor escolha de um método de lavra depende de um grupo de factores de valores definíveis e indefiníveis para numerosos factores que podem ser considerados fixos em um ponto preciso no tempo. Mudanças subsequentes na economia e/ou desenvolvimento tecnológico podem tornar necessárias modificações ou completa revisão do método de lavra existente. Uma classificação de critérios p/ selecionar um método de lavra deve ser baseada em definições mais amplas. Casos específicos podem apresentar soluções simples ou propor questões muito confusas; as respostas para estas são mais baseadas no bom senso do que em raciocínios lógicos e resultados derivados. Dentro dos princípios básicos de engenharia económica e de segurança, o projecto de um método de lavra deve ajustar-se aos numerosos factores de restrição, que devem ser agrupados, um tanto arbitrariamente mas para facilidade de discussão, em várias categorias. Método ideal - Seria aquele que permitisse maior lucro, completa extração, máxima segurança e higiene, mínima poluição ambiental. Os critérios que entram na escolha de um método de lavra derivam dos seguintes grupos de factores: 1. A forma, tamanho e posição espacial da jazida; 2. O valor absoluto e a distribuição espacial dos valores minerais na jazida; 3. As propriedades mecânicas e químicas do minério e das rochas encaixantes; 4. A disponibilidade financeira para início e condução das operações de lavra; 5. Segurança, bem estar e regulamentações governamentais; 6. O efeito de operações subsidiárias; 7. Considerações especiais. Os três primeiros grupos de fatores são fixados pela natureza e não podem ser manipulados. Seus valores são absolutos e seus efeitos mais positivos e determinísticos. Os outros grupos de fatores podem, na maioria dos casos, ser manipulados e alterados para refletir o bom senso da engenharia e mudanças de política da empresa. 1- Fatores geológicos 1.1- Configuração geométrica do corpo de minério Esta propriedade define as dimensões relativas e a forma de um corpo de minério. Ela está relacionada à origem do depósito geológico. Corpos de minério descritos como jazidas de camadas ou estratiformes são de origem sedimentar, e sempreextenso em duas dimensões e, usualmente, formados por preenchimento hidrotermal e processos metamórficos. Em jazidas maciças a forma do corpo é, na maioria das vezes, regular, com nenhuma dimensão geologicamente maior ou menor. Corpos de minério de cobre disseminados são típicos dessa categoria. A configuração do corpo de minério e sua relativa origem geológica influencia a reposta da massa rochosa à atividade de lavra, mais obviamente por efeitos geométricos diretos. Outros efeitos, tais como a estrutura deposicional, alteração local das rochas encaixantes, e a natureza do contato minério-rochas encaixantes, podem impor um modo particular de comportamento da massa rochosa. 1.2- Posição Espacial Concernente às propriedades puramente geométricas de um corpo de minério, tais como profundidade, mergulho e conformação. A conformação descreve a forma e continuidade do corpo de minério, determinada por sua estória pós-mineralização, tais como episódios de falhamentos e dobramentos. Por exemplo, em ambientes intensamente fraturados, um método flexível e seletivo é recomendável para acomodar as mudanças de forma na distribuição espacial do minério. 1.3- Tamanho As dimensões absolutas e relativas de um corpo de minério são importantes na determinação do apropriado método de lavra. Uma jazida grande, geometricamente regular pode ser adequada para uma lavra utilizando um método mecanizado de grande escala, tal como em abatimento em bloco (block caving). Uma jazida pequena, do mesmo tipo de minério, pode requerer um método seletivo e um preciso controle do terreno para oferecer uma operação rentável. Além da importância direta, existe uma inter-relação entre o tamanho do corpo de minério e as outras propriedades geométricas de configuração forma e posição, em seus efeitos sobre o método de lavra. 2- O valor absoluto e a distribuição espacial dos valores minerais Os parâmetros críticos são o teor médio, teor de corte e distribuição do teor. Estes parâmetros definem o tamanho e o valor monetário da jazida conforme o preço de mercado do produto mineral beneficiado. Eles também indicam o grau de flexibilidade requerido no método de lavra selecionado para o corpo de minério, visto que é necessário que o minério de teor marginal seja excluído da operação de produção, em resposta às mudanças das condições de mercado. A aplicabilidade dos vários métodos de lavra depende fundamentalmente do grau no qual o minério e as rochas encaixantes devem se manter sem suporte e como devidamente os métodos reúnem os requerimentos para o fundamental suporte do teto e das paredes das escavações. 3.1- Ambiente Geomecânico A resposta de uma massa rochosa a um método particular reflete a constituição mecânica e geológico-estrutural do corpo e das rochas encaixantes. As propriedades da rocha intacta incluem resistência (à compressão simples, cisalhamento, tração, etc.), características de deformação (propriedades elásticas, plásticas e de fluência) e características de alteração. As propriedades da massa rochosa são definidas pela existência de características geométricas e geomecânicas, de famílias de juntas, falhas, zonas de cisalhamento e demais superfícies de descontinuidade. O estado de tensões "in situ" também é um parâmetro significativo. Além das variáveis geomecânicas convencionais, outras propriedades da massa podem influenciar a escolha do método. Propriedades químicas adversas de um minério, por exemplo oxidação e recimentação podem evitar (ou impedir) a aplicação de determinados métodos (ex.: recalque e método de abatimento). Além disso, de fundamental importância são as condições hidrogeológicas: permeabilidade do maciço, pressões (de água) neutras atuantes e outras (ex.: atividade sísmica natural ou induzida). Selecção Do Método De Lavra – Peele (1941) –Tab 13.5 Hartman Formato do Corpo Orientaçào Espessura Resistência do Minério Resistência das Encaixantes Métodos Aplicáveis Tabular Horizontal, Subhorizontal Estreito Forte Fortes Câmaras e pilares Fraco, forte Fracas Longwall Espesso Forte Fortes Câmaras e pilares Fraco, forte Fracas Abatimento em Subnível Vertical, subvertical Estreito Forte Fortes Recalque, sublevel stoping Forte Fracas Artificialmente suportados Fraca Fortes Square set stoping Fraca Fracas Square set stoping Espesso Forte Fortes Recalque, sublevel stoping Forte Fracas Cut and fill, sublevel caving, square set stoping Fraca Fortes Sublevel caving, block caving, square set stoping Fraca Fracas Sublevel caving, block caving, square set stoping Massivo - - Forte Fortes Recalque, sublevel stoping Fracas Fracas e fortes Sublevel caving, block caving, square set stoping Seleção de método de lavra subterrânea (Hartman, 2002) Competência minério e rocha encaixante Forma, mergulho, potência, dimensões Método Forte a moderada, competente Tabular, plano, pouco espesso, grande dimensão Câmaras e Pilares Tabular, plano, espesso, grande dimensão Alargamentos e pilares Tabular, íngreme, pouco espesso, qualquer dimensão recalque Tabular, íngreme, espesso, grande dimensão Alargamento em subníveis Moderado a fraco, incompetente Variada, íngreme, pouco espesso, qualquer tamanho Corte e enchimento Moderado a fraco, abatível Tabular, plano, pouco espesso, grande dimensão longwall Tabular ou maciço, íngreme, espesso, grande dim. Abatimento em subníveis Maciço, íngreme, espesso, grande dimensão Abatimento em blocos
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