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Carla Bertelli – 4° Período – Revisar a morfofisiologia das mamas – Compreender a avaliação das mamas (semiologia) – Entender a etiologia, fisiopatologia, epidemiologia, sinais e sintomas e diagnóstico das alterações benignas e malignas da mama Cada mama tem uma projeção pigmentada, a papila mamária, que tem uma série de aberturas pouco espaçadas de ductos chamados ductos lactíferos, dos quais emergem leite. A área circular de pele pigmentada ao redor do mamilo é chamada aréola da mama; tem aspecto áspero, porque contém glândulas sebáceas modificadas. No interior de cada mama está uma glândula mamária, uma glândula sudorífera modificada que produz leite. A glândula mamária consiste em 15 a 20 ou compartimentos, separados por uma quantidade variável de tecido adiposo. Em cada lobo existem vários compartimentos menores chamados ó compostos por agrupamentos de glândulas secretoras de leite em forma de uva chamados de é , embutidos no tecido conjuntivo. A contração das é em torno dos alvéolos ajuda a impulsionar o leite em direção às papilas mamárias. Quando está sendo produzido leite, ele passa dos alvéolos por vários ú á e, em seguida, para os á Próximo do mamilo, os ductos mamários se expandem discretamente para formar seios chamados í , onde um pouco de leite pode ser armazenado antes de ser drenado para um í . Cada ducto lactífero normalmente transporta leite de um dos lobos para o exterior. As funções das glândulas mamárias são a síntese, a secreção e a ejeção de leite; estas funções, chamadas de lactação, estão associadas à gestação e ao parto. A produção de leite é estimulada em grande parte pelo hormônio prolactina liberado pela adeno-hipófise, com contribuições da progesterona e dos estrogênios. A ejeção do leite é estimulada pela ocitocina, que é liberada pela neuro-hipófise em resposta à sucção do bebê na papila mamária da mãe. As glândulas mamárias fixam-se à pele sobrejacente e à fáscia do peitoral subjacente por meio de septos fibrosos, denominados ligamentos de Cooper. A fáscia superficial do peitoral é contínua com a fáscia superficial abdominal de Camper. Os linfáticos da mama drenam para os linfonodos mamários internos (3%) e axilares (97%) A estrutura das glândulas mamárias varia com a idade, gravidez e lactação. Ao nascer, consiste apenas em ductos lactíferos, não havendo ácinos. Na puberdade, sob a influência dos estrogênios, os ductos ramificam-se, aparecendo em suas extremidades pequenas massas celulares que são ácinos potenciais As mudanças cíclicas dos níveis de hormônios esteroides sexuais durante o ciclo menstrual influenciam a morfologia e as funções da mama feminina. Sob a influência das gonadotrofinas hipofisárias (hormônios foliculestimulante [FSH] e luteinizante [LH]) durante a fase folicular do ciclo menstrual e níveis crescentes de estrogênio secretado pelos folículos de Graaf ovarianos, inicia-se a proliferação do epitélio da mama. Após a ovulação, a progesterona, sintetizada na fase lútea, induz a dilatação ductal e as células alveolares se diferenciam em células secretoras, levando a um edema interlobular. Com a menstruação e o declínio dos níveis de esteroides sexuais, a atividade secretora epitelial é reduzida, amenizando a mastalgia. Carla Bertelli – 4° Período Para fins clínicos, as mamas são divididas em quadrantes, por meio de duas linhas que se cruzam no nível da papila, uma na direção horizontal e outra na vertical. Essas linhas dividem as mamas nos quadrantes superiores e inferiores e nos laterais e mediais Anamnese - Deve-se obter informações sobre ciclo menstrual, fatores de risco para câncer de mama. Importante anotar idade, cor, naturalidade, idade da menarca, números de gravidezes, partos, abortamentos, idade do primeiro parto. Queixa principal e duração, história pregressa da doença atual, interrogatório sintomatológico, antecedentes familiares de câncer de mama, ovário e tuba uterina. Antecedentes de doenças prévias ou atuais, tais como: hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, pneumopatias e tromboembolismo. História de cirurgias prévias de neoplasias e estéticas da mama. Uso de medicamentos que podem causar galactorreia e outros sintomas mamários. Utilização de bebidas alcoólicas, tabagismo, etilismo, atividade física, alimentação e uso de terapia hormonal. - A galactorreia é a produção de leite nas mamas de homens ou de mulheres que não estão amamentando. A causa mais comum da galactorreia é a produção excessiva do hormônio prolactina (hiperprolactinemia) devido a um tumor na hipófise. – Dor nas mamas - Dor mamária, nódulo e derrame papilar são os principais motivo da consulta. Mastodinia ou mastalgia, representa 50% das queixas. É localizada na topografia da mama, sendo mais comum na menacme (idade fértil) e tende a diminuir com a menopausa, mostrando estreita interação com o ciclo menstrual. Pode ser classificada em í í á Cíclica – Dor difusa, bilateral, varia de intensidade durante o ciclo menstrual e intensifica-se na última semana. Melhora após a menstruação Acíclica – Sem associação com o período menstrual, localizada, unilateral, geralmente causada por cistos, mastites, traumas, tromboflebite e mastopatia diabética Extramamária – Origem fora da mama, costocondrite, neurite, traumas, fratura de costelas. Pode ser classificada também conforme a intensidade da dor em leve, moderada e intensa. O diagnóstico é feito pela anamnese e pelo exame clínico detalhado. Os exames de imagem como mamografia e ultrassonografia devem ser solicitados de acordo com as suspeitas clínicas de lesões focais evidenciadas ao exame clínico Podem ser benignos ou malignos. Os mais frequentes são os fibroadenomas, cistos, lipomas, adenomas, tumor filodes e o carcinoma. Podem ser caracterizados conforme a localização (uni ou bilateral), tamanho, crescimento (rápido, progressivo ou estacionário), consistência, mobilidade e sensibilidade) Também chamado de secreção, fluxo ou descarga mamilar, pode ser decorrente de causa mamária ou extramamária. Ocorre tanto no homem quanto na mulher, pode ser classificado como galactorreia, derrame fisiológico e patológico. Na , a secreção é leitosa, bilateral, multiductal, fora do ciclo grávido puerperal, e, geralmente, causada pelo aumento da prolactina produzida por tumores hipofisários ou uso de medicamentos (fenotiazinas, metildopa, neurolépticos, antidepressivos, opiáceos, ranitidina) e drogas ilícitas (cocaína). No ó a secreção é multiductal, bilateral, provocada ou espontânea, de cor amarela, esverdeada ou escura, geralmente causada pela manipulação mamilar ou ectasia ductal. No ó a secreção é unilateral, uniductal, espontânea, persistente e de coloração cristalina (água de rocha), serosa ou hemática. Geralmente é causada por papiloma ductal ou carcinoma mamário çã á - A inspeção estática é realizada com a paciente sentada, com os membros superiores dispostos paralelamente ao longo do tronco, usando avental tipo camisola com abertura na frente. Observamse pele, contorno, forma, volume e simetria Carla Bertelli – 4° Período glandular, pigmentação da aréola, aspecto da papila, presença de abaulamentos ou de retrações, circulação venosa e presença de sinais flogísticos (edema e rubor). O carcinoma inflamatório pode cursar com edema do tecido subcutâneo, descrito classicamente como pele em casca de laranja. A retração da papila, quando recente, é sinal de alerta para câncer A aréola deve ser cuidadosamente examinada, pesquisando eczema, dermatite de contato e doença de Paget, que é um tipo de câncer de mama. Na pele, eventualmente pode-se observar lesões vesiculares típicas de infecção viral por herpes-zóster. çã â - Solicita-se à paciente que eleve os braços acima da cabeça ou que pressione as asas dos ossos ilíacos,colocando as mãos na cintura e fazendo compressão. Tais manobras tornam mais evidentes as retrações e assimetrias, além de possibilitar a avaliação do comprometimento muscular pela neoplasia. çã - Os linfonodos são melhor examinados com a paciente sentada de frente para o examinador. Com a mão espalmada (a mão direita examina o lado esquerdo da paciente e vice-versa), faz-se a palpação deslizante do oco axilar e de suas proximidades. As fossas supra e infraclaviculares e as axilas são palpadas com as pontas dos dedos A presença de linfonodos palpáveis, móveis e fibroelásticos não representa sinal de suspeição. Linfonodos axilares aumentados, endurecidos, fixos e coalescentes são indicativos de metástase de carcinoma de mama, linfomas ou outros tipos de neoplasias malignas çã á - a palpação pode ser executada por meio de duas técnicas: a de Velpeaux, em que se utiliza a região palmar dos dedos, e a de bloodgood, em que são utilizadas as falanges distais. Realiza-se a palpação das mamas com a paciente em decúbito dorsal com as mãos apoiadas atrás da cabeça e os braços bem abertos. A palpação deve ser feita delicadamente, partindo-se da região subareolar e estendendo-se até as regiões paraesternais, infraclaviculares e axilares (prolongamento axilar da mama). Em um primeiro momento, a palpação deve ser executada com leve pressão, a fim de permitir a detecção de nódulos superficiais, e, em seguida, com mais vigor, procurando nódulos profundos A consistência das mamas normais varia amplamente, dependendo das proporções relativas de tecido gorduroso e glandular, podendo ser observada certa irregularidade, que aumenta no período pré-menstrual. No período pré-menstrual, as mamas podem aumentar de tamanho e tornarem-se hipersensíveis à palpação. Há aumento também da nodularidade, que pode despertar a atenção da paciente no autoexame. Na presença de nódulo palpável, definir localização, tamanho, consistência (fibroelástica, cística ou endurecida), superfície (regular, lobulada ou irregular) e aderência a planos superficiais ou profundos. ã - Terminada a palpação, faz-se uma delicada pressão no nível da aréola e da papila, identificando as características da secreção como coloração (sero-hemática, citrina, serosa, láctea, esverdeada ou acastanhada); se ocorre por ducto único ou múltiplo, se é espontânea ou provocada. A pesquisa do ponto do gatilho, que é a digitopressão realizada de forma circular ao redor da aréola, pode auxiliar na identificação do ducto comprometido Geralmente os derrames papilares contendo sangue, sero-hemáticos ou cristalinos em água de rocha levantam a suspeita de neoplasia (papiloma ou carcinoma) e devem ser investigados com biopsia excisiona - mamografia, ultrassonografia, punção aspirativa por agulha fina, biópsia por agulha grossa. Galactorreia; Patologias inflamatórias: mastite, abscesso mamário; Distúrbios do sistema ductal; Papilomavírus intraductais; Fibroadenoma e alterações fibrocísticas; Câncer de mama. A maioria das doenças da mama pode ser descrita como benigna ou maligna. Os tecidos mamários nunca estão estáticos, ou seja, as mamas reagem continuamente às alterações dos estímulos hormonais, nutricionais, psicológicos e ambientais que acarretam alterações celulares contínuas. As doenças benignas das mamas não são progressivas. Contudo, algumas doenças mamárias benignas aumentam o risco de desenvolver câncer. Por isso, a adesão rigorosa a uma dicotomia entre doenças benignas versus malignas nem sempre pode ser apropriada. - O pico de incidência é tipicamente em meados dos anos 40 e podem estar associadas a fatores Carla Bertelli – 4° Período de risco como obesidade e principalmente histórico familiar. Englobam várias lesões inflamatórias da mama, algumas de causa infecciosa, outras de etiologia desconhecida. A maioria dos casos manifesta-se como aumento doloroso e eritematoso das mamas. Embora o tipo mais importante seja a mastite aguda da lactação, algumas mastites simulam câncer, e outras, como o abscesso subareolar recorrente, podem necessitar cirurgia extensa, com alta morbidade. A lesão ocorre por obstrução dos vasos linfáticos dérmicos por êmbolos neoplásicos, resultando em edema acentuado da mama e eritema da pele, semelhante ao quadro de mastite aguda. A maioria das infecções agudas da mama ocorre durante a lactação, em especial nas primeiras semanas de amamentação. Nesse período, a mama fica mais vulnerável à penetração de bactérias, principalmente Staphylococcus aureus e estreptococos, através de fissuras e rachaduras no mamilo ou na aréola. A infecção inicial causa mastite aguda, difusa, dolorosa, com aumento de volume da mama, por edema, hiperemia e exsudato neutrofílico. O quadro geralmente regride com antibióticos e drenagem completa do leite. Em alguns casos, a lesão evolui para abscesso, necessitando drenagem cirúrgica. ô nespecífica é rara e pode resultar de mastite aguda com resolução incompleta. Caracteriza-se por fibrose e infiltrado inflamatório linfoplasmocitário. ô são raras e podem associar-se a doenças granulomatosas sistêmicas. Ocorrem na tuberculose, em micoses (paracoccidioidomicose, histoplasmose, actinomicose), sarcoidose e poliangiite com granulomas. Abscesso sub ou periareolar recidivante ou mastite periductal é mais comum em mulheres adultas, particularmente durante a lactação, mas pode surgir após a menopausa e em homens, em 90% dos casos em fumantes. Os pacientes apresentam nódulo subareolar, doloroso e edematoso, com episódios recorrentes de fistulização e drenagem de material purulento através do mamilo e da pele da aréola. A patogênese é variada. Em algumas mulheres, ocorre inversão do mamilo por fibrose cicatricial por outras lesões, predispondo a metaplasia escamosa, dilatação, ruptura e inflamação de ductos. Outra possibilidade é tabagismo, que altera a diferenciação do epitélio ductal por causa de deficiência de vitamina A e de substâncias contidas no tabaco, que também favorecem inflamação. À microscopia, encontra- se inflamação inespecífica, metaplasia escamosa e tampões córneos nos seios lactíferos, dilatação e ruptura dos ductos e fístulas entre ductos e pele. Reação inflamatória crônica desenvolve-se em torno de ceratina extravasada. Infecção bacteriana secundária pode ocorrer em qualquer momento, levando a inflamação aguda. O tratamento é difícil e requer cirurgia extensa para remover o ducto e o trato fistuloso em continuidade, evitando-se deixar ductos com epitélio ceratinizado, que são responsáveis por recorrência. Galactorreia é secreção de leite pelas mamas de mulheres que não estão amamentando. Isso pode ser causado por estimulação vigorosa dos mamilos, hormônios exógenos, desequilíbrio dos hormônios endógenos ou infecção ou traumatismo torácico localizado. Tumores hipofisários (p. ex., prolactinoma) podem aumentar expressivamente os níveis de prolactina e causar galactorreia. Galactorreia ocorre em homens e mulheres e, geralmente, é benigna. O acompanhamento clínico pode ser mantido por vários meses, antes que seja indicada triagem hormonal com finalidade diagnóstica. O extravasamento espontâneo de leite da mama (sem qualquer tipo de estimulação) é patológico e deve ser detalhadamente investigado Nas mulheres idosas, a dilatação dos ductos mamários evidencia-se por secreção mamilar cinza-esverdeada intermitente, geralmente unilateral. A palpação da mama aumenta o volume da secreção. A dilatação ductal ocorre durante ou depois da menopausa e está associada a sinais e sintomas como ardência, prurido, dor e sensação de tração do mamilo e da aréola. Essa doença causa inflamação e espessamento subsequente dos ductos. Os são tumores benignos dos tecidos epiteliais, cujas dimensões podem variar de 2 a 5 cm. Uma porcentagem muito pequena dessaslesões terá Carla Bertelli – 4° Período células atípicas que podem progredir para câncer e a excisão é recomendada. Em geral, os papilomas são evidenciados por secreção mamilar sanguinolenta. O tumor pode ser palpado na região areolar. O diagnóstico é estabelecido por galactografia – uma radiografia obtida depois da injeção de contraste no ducto afetado. O papiloma é explorado por uma sonda através do mamilo e o ducto afetado é removido. Tem-se argumentado que a ressonância magnética pode ser tão e, em alguns casos, até mais eficaz na identificação dessas doenças Papiloma intraductal é uma neoplasia benigna originada em ductos centrais (papiloma central único) ou periféricos (papilomas múltiplos). Papiloma central origina- se quase sempre em ductos grandes, subareolares, e manifesta-se por derrame papilar seroso ou sanguinolento. Quando o ducto torna-se muito dilatado, o papiloma pode formar nódulo clinicamente palpável e detectável à ultrassonografia e à mamografia. Microscopicamente, o tumor tem eixo fibrovascular revestido por duas camadas de células, uma mioepitelial interna e uma epitelial externa com pleomorfismo discreto e baixa atividade mitótica. A fusão de papilas forma estruturas semelhantes a ductos, também revestidas por epitélio e mioepitélio. O papiloma periférico é geralmente múltiplo, envolve a unidade ductolobular terminal, associa-se a maior risco de malignização e surge na periferia da mama. Papiloma periférico pode associar- se a hiperplasia ductal atípica e a carcinoma in situ. Os fibroadenomas são encontrados nas mulheres pré- menopausa, mais comumente entre a terceira e a quarta década de vida. As manifestações clínicas incluem massa arredondada firme e bem demarcada com consistência de borracha. À palpação, a massa “escorrega” entre os dedos e pode ser mobilizada facilmente. Em geral, a paciente tem apenas um fibroadenoma, mas as lesões são bilaterais ou múltiplas em apenas 15%. Os fibroadenomas são assintomáticos e geralmente detectados casualmente. Esses tumores benignos não parecem ser precursores de câncer e o tratamento consiste em excisão simples çõ í são as lesões mais comuns das mamas. Essas alterações são mais frequentes nas mulheres entre a 2a e a 5a década de vida e são raras nas mulheres pós-menopausa que não fazem tratamento de reposição hormonal Em geral, as alterações fibrocísticas evidenciam-se por massas mamárias granulares e nodulares, que são mais proeminentes e dolorosas durante a fase lútea – ou de predomínio da progesterona – do ciclo menstrual. O desconforto varia de sensação de peso até hipersensibilidade extrema, dependendo do grau de congestão vascular e distensão cística. As alterações fibrocísticas englobam grande variedade de lesões e variações mamárias. Ao exame microscópico, as alterações fibrocísticas significam um conjunto de alterações morfológicas evidenciadas por: (a) cistos microscópicos, (b) metaplasia apócrina, (c) hiperplasia epitelial branda e (d) aumento do estroma fibroso.1 Embora as alterações fibrocísticas tenham sido relacionadas com um aumento aparente do risco de câncer mamário, apenas algumas variantes nas quais há proliferação dos componentes ductais estão realmente associadas a um risco real. A existência de cistos grandes e lesões epiteliais proliferativas com atipia é mais comum nas mulheres com risco mais alto de desenvolver câncer de mama invasivo. A forma não proliferativa das alterações fibrocísticas, que não aumenta o risco de desenvolver câncer, é mais comum. O diagnóstico das alterações fibrocísticas é firmado com base no exame físico, na mamografia, na ultrassonografia e na biopsia (i. e., aspiração ou retirada de um fragmento). Câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum das mulheres. Uma em oito mulheres americanas desenvolverá câncer de mama em alguma fase de sua vida. As taxas de incidência do carcinoma in situ têm aumentado dramaticamente desde meados da década de 1970, por causa das recomendações referentes à triagem por mamografia. As taxas de mortalidade diminuíram, principalmente entre as mulheres com menos de 50 anos. O declínio da taxa de mortalidade por câncer de mama desde 1989 é atribuído ao diagnóstico mais precoce por meio dos programas de triagem e à conscientização do público, assim como ao aperfeiçoamento dos tratamentos do câncer Os fatores de risco do câncer de mama incluem sexo feminino, envelhecimento, história pessoal ou familiar de câncer mamário (i. e., as mulheres em risco mais alto são as que têm vários parentes de primeiro grau com câncer de mama), história de doença mamária benigna (i. e., hiperplasia “atípica” primária) e fatores hormonais que estimulam a maturação das mamas e podem aumentar https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527737876/epub/OEBPS/Text/chapter45.xhtml?favre=brett#ref1 Carla Bertelli – 4° Período as chances de ocorrerem mutações celulares (i. e., menarca precoce, menopausa tardia, nenhuma gestação a termo ou primeiro filho depois da idade de 30 anos e não ter amamentado). Os fatores de risco modificáveis são obesidade (especialmente depois da menopausa), inatividade física e etilismo (mais de um drinque por dia). Cerca de 5 a 10% de todos os cânceres de mama são hereditários e mutações genéticas causam até 80% desses carcinomas que se desenvolvem nas mulheres com menos de 50 anos Dois genes de suscetibilidade ao câncer de mama – BRCA1 no cromossomo 17 e BRCA2 no cromossomo 13 – podem ser responsáveis pela maioria das formas hereditárias desse câncer. O BRCA1 está comprovadamente envolvido na supressão tumoral. As mulheres com mutações confirmadas do gene BRCA1 têm risco de 60 a 85% de desenvolver câncer de mama em alguma época da vida e estão mais sujeitas a ter câncer de ovário. Como o gene BRCA1, o BRCA2 é outro gene de suscetibilidade que aumenta o risco de ter câncer de mama. Dois genes de suscetibilidade ao câncer de mama – BRCA1 no cromossomo 17 e BRCA2 no cromossomo 13 – podem ser responsáveis pela maioria das formas hereditárias desse câncer. O BRCA1 está comprovadamente envolvido na supressão tumoral. As mulheres com mutações confirmadas do gene BRCA1 têm risco de 60 a 85% de desenvolver câncer de mama em alguma época da vida e estão mais sujeitas a ter câncer de ovário. Como o gene BRCA1, o BRCA2 é outro gene de suscetibilidade que aumenta o risco de ter câncer de mama O câncer de mama pode manifestar-se clinicamente como massa, retração mamilar deprimida, ou secreção mamária anormal. Alguns tumores são percebidos pelas próprias pacientes – algumas vezes quando há apenas espessamento ou alteração sutil do contorno mamário. As mulheres pré-menopausa que fazem AEM devem realizar o exame pouco depois das menstruações. Esse período é mais apropriado em razão das alterações mamárias cíclicas que ocorrem em resposta às variações dos níveis hormonais. As mulheres pós-menopausa e as que fizeram histerectomia podem fazer o autoexame em qualquer dia do mês. O exame deve ser realizado no chuveiro ou na banheira, ou à hora de deitar. O aspecto mais importante do AEM é adotar um método sistemático, conveniente e consistente para examinar as mamas. As mulheres devem ser examinadas por um médico experiente, no mínimo a cada 3 anos entre as idades de 20 a 40 anos e anualmente depois de completar 40 anos. Mamografia é o único exame de triagem eficaz para estabelecer o diagnóstico precoce de lesões clinicamente imperceptíveis. Um tipo de câncer geralmente com crescimento lento, o carcinoma de mama pode se manifestar por 2 a 9 anos antes que chegue ao tamanho de 1 cm, que é a menor massa normalmente detectável por palpação. A mamografia pode detectar lesões de apenas 1 mm e áreas de calcificação, que podem justificar uma biopsia para excluir câncer. A mamografia tem sensibilidade de 80 a 90%no diagnóstico desse tipo de câncer, mesmo quando é realizada nas instituições mais capacitadas. Os procedimentos realizados para diagnosticar câncer de mama incluem exame físico, mamografia, ultrassonografia, biopsia de aspiração por agulha fina, biopsia por agulha estereostática (i. e., biopsia com agulha cilíndrica) e biopsia excisional. Em geral, o carcinoma de mama evidencia-se por uma única lesão indolor, firme e fixa com bordas mal demarcadas. O tumor pode estar localizado em qualquer parte da mama, mas é mais comum no quadrante superior externo. Por causa da variabilidade de apresentação, qualquer alteração suspeita dos tecidos mamários deve ser investigada com muito cuidado. O uso diagnóstico da mamografia viabiliza a definição mais clara de uma área clinicamente suspeita (p. ex., formato, características, calcificação) e pode contribuir para a detecção precoce do câncer. A colocação de um marcador de fio metálico sob controle radiográfico pode assegurar a biopsia cirúrgica precisa das áreas suspeitas, embora impalpáveis. A ultrassonografia é útil como exame diagnóstico para diferenciar entre lesões císticas e sólidas nas mulheres com espessamento inespecífico. A aspiração por agulha fina é um procedimento simples realizado no consultório, que pode ser efetuado repetidamente em várias áreas com desconforto mínimo. A biopsia pode ser realizada estabilizando-se a massa palpável entre dois dedos, ou com a ajuda de uma sonda de ultrassonografia para definir massas císticas ou alterações fibrocísticas e recolher amostra A aspiração por agulha fina pode revelar células malignas, mas não consegue diferenciar entre carcinoma in situ e câncer invasivo. A biopsia por agulha estereostática é um procedimento ambulatorial realizado com a ajuda de um aparelho de mamografia. Depois de localizar a lesão radiograficamente, uma agulha calibrosa é introduzida Carla Bertelli – 4° Período mecanicamente e avançada rapidamente para dentro da área afetada, removendo um núcleo de tecidos no interior da agulha Os tumores são classificados histologicamente de acordo com as características dos tecidos e estagiados com base na dimensão do tumor, na invasão linfática e na existência de metástases. É recomendável realizar análises de receptores de estrogênio e progesterona nas amostras obtidas cirurgicamente. A informação quanto à existência ou não de receptores de estrogênio e progesterona pode ser usada para prever a resposta do tumor às intervenções hormonais. Níveis altos desses dois receptores melhoram o prognóstico e aumentam as chances de remissão. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. Filho, Geraldo B. Bogliolo - Patologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. 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