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era vargas - saude coletiva

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Em 1930, ascende ao poder, por meio de um levante militar, Getúlio Vargas, que se manteria 
no poder até 1945, período que foi conhecido como a Era Vargas. Tal fase inaugura outra visão 
de Estado, completamente diferente do modelo oligárquico rural da República Velha, além de 
uma nova configuração social que se iniciava nos centros urbanos do país. Sob essa ótica, 
evidencia-se que a saúde coletiva também sofrerá impactantes efeitos de uma sociedade em 
estado de mudança. 
 O Governo Vargas destacou-se pela centralização do poder, a propaganda política, além de 
grandes incentivos à industrialização e às políticas trabalhistas. A partir da década de 30, no que 
ficou conhecido como “capitalismo tardio”, o Brasil começa um processo de industrialização e 
modernização do Estado, em oposição à antiga economia, então, baseada na produção e 
exportação cafeeira. Assim, surgiam novos atores sociais, como o trabalhador urbano, na figura 
do operário, e, consequentemente, novas demandas sociais. Dentre elas, a saúde coletiva. 
 Nessa estrutura sindical getulista, então, dá-se início à implantação de políticas sociais visando 
a integralidade do trabalhador. Isso ocorre por meio da transformação dos CAPs em IAPS, 
Institutos de Aposentadorias e Pensões, financiados pelas empresas e trabalhadores, as quais 
garantiam assistência médica e aposentadoria para todas as classes de empregados urbanos. No 
entanto, crianças, idosos e outros tipos de trabalhadores continuaram a mercê de ações 
filantrópicas e da Igreja. Além disso, os fundos, formados por descontos no salário do labutador, 
foram, historicamente, desviados para o fomento à industrialização do país. 
 Ademais, enquanto o país sofria uma escalada autoritária, com o advento do Estado Novo, a 
área da saúde se destacava pelo auge do sanitarismo campanhista, com a criação do Serviço 
Nacional de Febre Amarela, Serviço de Malária no Nordeste, entre outros. Depreende-se, em 
especial, a Fundação Serviço Especial de Saúde (SESP), a qual visava o combate da malária no 
norte do país, com o intuito de defender os “soldados da borracha”, projeto financiado pelos 
Estados Unidos em seu esforço de guerra contra as forças do eixo. 
 Em suma, observa-se que, na Era Vargas, apesar de melhorias advindas da implantação de 
políticas populistas, o bem-estar coletivo sempre esteve em segundo plano do Governo, frente à 
uma saúde explorada por interesses obscuros das elites dominantes e, até mesmo, estrangeira. 
Por conseguinte, pode-se dizer que a saúde pública era vinculada, principalmente, ao trabalho, à 
mão de obra, sendo necessário o seu incentivo para o crescimento industrial e econômico do 
país, e não, por ser um direito intrínseco a todos os cidadãos. Dessa forma, o governo populista 
de Vargas visava à manutenção da ordem social e o controle dos trabalhadores, tendo as políticas 
de saúde somente para atender as demandas emergentes dos interesses estatais e capitalistas.

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