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ABORDAGEM FAMILIAR E MANEJO DAS FRAGILIDADES E DA REDE DE APOIO SUMÁRIO 01- TEMA 01 ......................................................................................................................................... 1 02- TEMA 02 ....................................................................................................................................... 17 01- TEMA 01 Ana, Agente Comunitária de Saúde, acabou de ser transferida de equipe. Durante visitas em seu novo território de abrangência, vê um caso que chama atenção: João e Terezinha. Antes das visitas, Gleison passou a Ana as fichas de cadastro antigas já preenchidas, com algumas informações de cada morador da área. Ana: Bom dia, dona Terezinha! Tudo bem? Eu sou a Ana, sua nova Agente de Saúde Terezinha: Bom dia, moça! A gente vai levando, né... Seja bem-vinda, minha filha! Ana: Dona Terezinha, vou precisar fazer algumas perguntas para a senhora hoje. Quem mora aqui com a senhora? Terezinha: Só o meu marido, o João. Ana: E vocês têm filhos? Terezinha: Sim, temos cinco. A filha mais nova, a Jandira, mora aqui perto. Na cidade vizinha mora um filho. E os outros três, um filho e duas filhas, moram na capital. Ana: E os dois filhos que moram perto, ajudam vocês? ... nos afazeres da casa, na alimentação ou quando precisam? Terezinha: Olha, a gente resolve muitas coisas sozinhos. E eles todos têm família. A gente não quer incomodar... Ana: Entendi. E de saúde, dona Terezinha, como a senhora está? Terezinha: Bem. Eu tomo meus remedinhos para a diabetes, a pressão alta, o colesterol e a tonteira que de vez em quando ataca. É muito comprimido, moça. Nem sempre a gente lembra de tomar todos, né? Ana: Senhor João! Como está? João: Eu ando mais ou menos. Outro dia eu cai, acredita?! Ana: Credo, seu João. Onde foi que o senhor caiu? João: Foi na calçada lá fora! Estava lavando, como faço sempre e escorreguei. Terezinha: Eu me canso de dizer para ele parar de lavar a maldita calçada, que não tem mais idade para isso. Mas é teimoso! João: Terezinha, foi bobagem mesmo! Lavei a calçada semana passada de novo e não cai, viu. Faz 30 anos que lavo essa calçada e cai apenas uma vez. Não precisa fazer drama. Ana: E na queda o senhor machucou? Foi ver o médico? João: Precisou não. Estou bem, não está doendo nada. E é difícil ir na Unidade de Saúde, isso sim que fica longe a pé, reconheço. Só vamos quando os filhos nos ajudam. Ana: O senhor toma remédios também? João: Sim, mas bem menos que a Terezinha. Sigo tomando meu remedinho para próstata. Às vezes, eu esqueço. A Terezinha me ajuda, mas às vezes acontece de ela esquecer também... Ana: Posso ver a receita de vocês e como vocês estão tomando os seus medicamentos? CAPACIDADE FUNCIONAL E CAPACIDADE INTRÍNSECA As condições de saúde da pessoa idosa são consideradas dinâmicas, complexas e passíveis de mudanças repentinas. Mesmo as pessoas idosas que apresentam autonomia e independência, podem sofrer algum incidente que compromete essa capacidade e pode ocasionar um declínio funcional rápido e relevante. Autonomia pode ser definida como autogoverno e se expressa na liberdade para agir e para tomar decisões. Independência significa ser capaz de realizar as atividades sem ajuda de outra pessoa." (BRASIL, 2006) Cabe à Equipe de Atenção Primária (eAB), como ordenadora e coordenadora do cuidado, garantir que as necessidades de saúde da pessoa idosa sejam identificadas. Também é importante agir de maneira proativa para implementar as estratégias necessárias para a recuperação e a manutenção da saúde. Essas ações ajudam a desmistificar o entendimento de que as incapacidades funcionais estão diretamente relacionadas ao processo de envelhecimento por si só. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) define envelhecimento saudável como um conjunto de ações voltadas para a manutenção ou ampliação da capacidade funcional visando o bem-estar. No caso em estudo, a equipe de saúde, por meio da ACS Ana, detectou uma redução da capacidade funcional do casal João e Terezinha. Mas você se lembra do que é Capacidade Funcional? CAPACIDADE INTRÍNSECA A combinação das capacidades físicas e mentais, incluindo as psicológicas, de um indivíduo. (OMS, 2017) CAPACIDADE FUNCIONAL A combinação da Capacidade Intrínseca com o ambiente em que a pessoa vive: seu ambiente físico (sua moradia, sua rua, seu bairro, etc), seu contexto socioeconômico, cultural, suas relações familiares, suas relações sociais. (OMS, 2017) Uma avaliação multidimensional ajuda a identificar as capacidades funcionais da pessoa idosa. É importante, portanto, não confundir o conceito de Capacidade Funcional com o de Capacidade Intrínseca. Apesar de relacionados entre si, são coisas diferentes. Também não confundir com Funcionalidade. Ela é a medida de quanto a pessoa consegue realizar as suas atividades da vida diária (AVD). A Funcionalidade é avaliada a partir de escalas e escores objetivos, em que são desconsiderados outros aspectos, principalmente os psicossociais. FRAGILIDADE E VULNERABILIDADE No intuito de promover o envelhecimento saudável das populações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu em 2002 o conceito de Envelhecimento Ativo, sendo ele o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Neste assunto, é comum utilizarmos os termos Vulnerabilidade e Fragilidade. O termo "fragilidade" (frailty) não possui uma definição consensual. De forma clássica, foi definido como sendo uma síndrome geriátrica, de natureza multifatorial, caracterizada pela diminuição das reservas de energia e pela resistência reduzida aos estressores, condições essas que resultam do declínio cumulativo dos sistemas fisiológicos (FRIED, 2001). Contudo, essa definição e seus critérios de avaliação restringiam o termo ao caráter biológico, desconsiderando outros importantes tais como os aspectos psicológicos, familiares e sociais. A fim de ampliar este conceito, considera-se "Fragilidade" como uma síndrome multidimensional envolvendo uma interação complexa dos fatores biológicos, psicológicos e sociais no curso de vida individual e coletiva, associado a uma maior vulnerabilidade, e que culmina ao maior risco de ocorrência de desfechos clínicos adversos - declínio funcional, quedas, hospitalização, institucionalização e morte. Esta definição está em consonância à Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006). A Política considera como "idoso frágil" ou em situação de fragilidade aquele enquadrado nas seguintes situações: Pessoa idosa em situação de ILPI; Pessoa acamada; Hospitalização recente por qualquer razão; Doenças sabidamente causadoras de incapacidade funcional (acidente vascular encefálico, síndromes demenciais e outras doenças neurodegenerativas, etilismo, neoplasia terminal, amputações de membros); Incapacidade funcional básica (pelo menos uma); Pessoa idosa vivendo situações de violência doméstica. Esses critérios são identificados por meio da Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa. Por isso deve fazer parte da rotina dos profissionais de saúde. A organização do processo assistencial à população idosa da área de abrangência das equipes deve contemplar a identificação e a priorização do cuidado destas pessoas. O cuidado planejado pode necessitar de apoio técnico de outros profissionais (NASF, por exemplo) ou um serviço de geriatria. O objetivo é prevenir desfechos desfavoráveis. Atenção! Apesar de Vulnerabilidade Clínica ser comumente tratada como sinônimo de Fragilidade, Vulnerabilidade e Fragilidade não são sinônimos. CONCEITOS DE VULNERABILIDADEexpand_lessNo campo da Saúde, estar vulnerável significa estar em risco de exposição ao adoecimento. A vulnerabilidade está diretamente relacionada ao contexto pessoal do indivíduo e ao seu contexto coletivo, produtores de maior ou menor susceptibilidade ao adoecimento." (BRASIL, 2018, p. 88) Na perspectiva da vulnerabilidade, a exposição a agravos de saúde resulta de aspectos individuais e de contextos ou condições coletivas que produzem maior suscetibilidade aos agravos e morte e, simultaneamente, à possibilidade e aos recursos para o seu enfrentamento. Dessa forma, para a interpretação do processo saúde-doença, considera-se que o risco indica probabilidades e a vulnerabilidade é um indicador da iniquidade e da desigualdade social. A vulnerabilidade antecede ao risco e determina os diferentes riscos de se infectar, adoecer e morrer." (BERTOLOZZI et al, 2009, p. 1327) O conceito de Vulnerabilidade, de maneira geral, extrapola o significado de Fragilidade. O primeiro contempla, também, a Vulnerabilidade Social. A Vulnerabilidade Social corresponde a uma maior carga de estressores sociais, levando a piores resultados em saúde sem que haja, necessariamente, uma menor reserva ou resistência desses indivíduos e populações. Nesse contexto, é preciso entender os conceitos de igualdade e equidade. Igualdade: Tratar todos iguais Equidade: Tratar diferentes os diferentes [O] princípio da igualdade baseia-se no conceito de cidadania, no qual todos os indivíduos são iguais, tendo assim, os mesmos direitos. Mas igualdade não é o mesmo que equidade. O termo equidade incorpora a ideia de justiça" (BORELLI, 2002) [A] equidade na saúde pode ser definida como ausência de diferenças injustas, evitáveis ou remediáveis na saúde de populações ou grupos definidos com critérios sociais, econômicos, demográficos ou geográficos. Iniquidades na saúde envolvem mais que meras desigualdades já que algumas desigualdades na saúde - como, por exemplo, a disparidade entre a expectativa de vida de homens e mulheres - não podem ser descritas razoavelmente como injustas, e algumas não são nem evitáveis e nem remediáveis. Iniquidade implica num fracasso para evitar ou superar desigualdades em saúde que infringem as normas de direitos humanos, ou são injustas. Elas têm suas raízes na estratificação social. Portanto, a iniquidade na saúde pode ser definida como uma categoria moral profundamente inserida na realidade política e na negociação das relações sociais de poder." (SOLAR; IRWIN, 2009, p.5) Por isso, é importante entender os Determinantes Sociais da Saúde (DSS). Eles são os "fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população" (BUSS; PELEGRINO-FILHO, 2007). Segundo a Organização Mundial da Saúde, DSS "são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham" (SOLAR; IRWIN, 2009, p.5). Para sinalizar o grau de vulnerabilidade da população brasileira e compreender as desigualdades socioespaciais, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada construiu o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS). O Índice é formado por 16 indicadores, organizados em três dimensões. Para saber mais, você pode acessar a página do Atlas da Vulnerabilidade Social. POLIFARMÁRCIA E IATROGENIA Você já ouviu falar em iatrogenia ? Iatrogenia refere-se a qualquer ação ou omissão realizada por profissionais da saúde, incluindo cuidadores que causem efeitos adversos ou prejudiquem a saúde da pessoa cuidada/atendida. A iatrogenia pode ser de vários tipos como por exemplo: excesso de rastreamento, de solicitação de exames complementares e de medicalização de fatores de risco. O processo de envelhecimento envolve muitas mudanças, entre elas as biológicas, econômicas e sociais. Elas podem levar ao desenvolvimento da incapacidade física e mental e ao aumento da morbidade e mortalidade. Em consequência, destaca-se cada vez mais a presença e o aumento de consumo de medicamentos na vida das pessoas idosas. Você já ouviu falar em polifarmácia? Polifarmácia é quando uma pessoa toma 5 ou mais medicamentos ao mesmo tempo. No caso em estudo, dona Terezinha está com polifarmácia. Isso significa que ela está mais sujeita a: INTERAÇÃO MEDICAMENTOSAexpand_less "Interação farmacológica é evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico do ambiente" (BRASIL, 2010). http://ivs.ipea.gov.br/ http://ivs.ipea.gov.br/ Logo, quanto mais remédio, maior a chance de os fármacos interagirem.... 1. ...com outros remédios AAS e Ginko Biloba podem aumentar a chance de a pessoa ter sangramento. 2. ...com alimentos (comida ou bebidas) Não se pode tomar leite e sulfato ferroso porque corta o efeito do remédio. 3. ....com outras substâncias (drogas ilícitas, álcool, tabaco) Pessoas que precisam tomar metronidazol ou secnidazol não podem fazer uso de bebida alcoólica, porque pode dar taquicardia, mal-estar e vomito. 4. ...com doenças que a pessoa já tenha ou tenha predisposição a desenvolver. Pessoas que tem história de asma, mesmo que não estejam em crise, não podem tomar beta bloqueadores (atenolol, propranolol, por exemplo) porque eles podem desencadear crise de asma. Pessoas com suspeita de dengue não podem tomar AAS porque aumenta a chance de causar sangramento gastrointestinal. REAÇÃO ADVERSA A MEDICAÇÃOexpand_less Segundo a OMS, "qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia (prevenção), diagnóstico, tratamento de doença ou para modificação de funções fisiológicas" (MODESTO et al., 2016, p. 402). Veja alguns medicamentos e seus efeitos adversos: - Amitriptilina: Sono, boca seca - Cálcio: constipação intestinal - Berotec (Fenoterol): taquicardia (palpitação) e tremores - AAS: sangramento - Diclofenaco, ibuprofeno, nimesulida: dor no estômago EFEITO CASCATAexpand_less Efeito cascata é quando uma medicação causa uma RAM ( Reação Adversa à Medicação) e o médico assistente, farmacêutico, a própria pessoa ou outra pessoa indica o uso de outro medicamento para contrapor o efeito, aumentando ainda mais o número de medicamentos utilizados. Por exemplo: a pessoa bate a perna >> começa a tomar remédio para dor do tipo anti-inflamatório (diclofenaco) >> começa a ter dor no estômago >> toma omeprazol para passar a dor no estômago. Isso é uma cascata medicamentosa! E quando o uso de medicamento é em pessoas idosas, o cuidado tem que ser redobrado... Mesmo que sejam poucos remédios. Você sabia que existem remédios potencialmente danosos para pessoas idosas? Efeitos colaterais e reações adversas têm maior chance de efeito cascata em pessoas idosas. Seja porque não tem efeito benéfico, seja porque são maléficos. Assim, alguns estudos foram desenvolvidos e apresentam critérios para suspender medicações de pessoas idosas. Os mais famosos são: Critérios de Beers Apresentam uma lista de fármacos potencialmente inapropriados (MPI) para pessoas idosas. Essa lista é atualizada periodicamente. Critérios Apresentam uma lista de medicamentos danosos para pessoas idosas. Também apresenta uma lista com medicamentos que precisam ser usados, porque tem evidências de benefício de uso, quando necessário. Consenso Brasileiro de Medicamentos Potencialmente Inapropriados para Idosos Uma lista construída a partir das listas anteriores (OLIVEIRA et al., 2016). No caso de dona Terezinha, a Amitriptilina é considerada potencialmente danosa, porque ela pode aumentar o risco de queda, secura na boca, sonolência excessiva, entre outros problemas. E eu, como ACS, o que posso fazer diante disso? Não é necessário decorar uma lista de medicação e seus efeitos. Mas é importantesaber alertar os outros membros da equipe para sobre casos de pessoas idosas que usam muitos medicamentos. Como Terezinha. Nessas situações, é possível: Identificar pessoas idosas, na sua microárea, que usam muitas medicações; Perguntar sobre o uso correto da medicação e comparar as caixas com o que está prescrito na receita mais recente; Perguntar se a pessoa está sentindo algo, principalmente depois do início de uma nova medicação. Se sim, informe ao(à) médico(a) ou enfermeiro(a) da equipe; Ajudar na organização dos remédios em caixas separadas, por exemplo. Ajudar na orientação do uso correto de medicamentos através de esquemas visuais. CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é uma ferramenta que permite realizar a avaliação multidimensional da pessoa idosa. Ela possibilita o registro, num mesmo lugar, de informações referentes às dimensões clínica, psicossocial e funcional. Durante o processo de cuidado, a leitura e compreensão das informações da Caderneta oferece os elementos para um Projeto Terapêutico Singular. Na Caderneta de Saúde, existe um protocolo que permite identificar a vulnerabilidade de uma pessoa idosa. Ele é composto de 13 perguntas e, por isso chama-se VES-13 (Vulnerable Elder Survey). Durante a visita, Ana conferiu a Caderneta de dona Terezinha e seu João e aplicou o VES-13 (Protocolo de identificação do idoso vulnerável). Veja como ficaram as resposta do VES-13 da dona Terezinha após a aplicação. PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DO IDOSO VULNERÁVEL (VES-13) Terezinha da Silva 1. IDADE: 69 anos (0 pontos) 2. AUTO-PERCEPÇÃO DA SAÚDE: Regular (1 ponto) 3. LIMITAÇÕES FÍSICAS: Em média, quanta dificuldade você tem de curvar-se, agachar ou ajoelhar-se? Média (0 pontos) Em média, quanta dificuldade você tem de levantar ou carregar objetos com peso aproximado de 5kg? Média (0 pontos) Em média, quanta dificuldade você tem de elevar ou estender os braços acima do nível do ombro? Pouca (0 pontos) Em média, quanta dificuldade você tem de escrever ou manusear e segurar pequenos objetos? Incapaz (1 ponto) Em média, quanta dificuldade você tem de andar 400 metros (aproximadamente quatro quarteirões)? Muita (1 ponto) Em média, quanta dificuldade você tem de fazer serviço doméstico pesado, como esfregar o chão ou limpar janelas? Incapaz (1 ponto) 4. INCAPACIDADES: Por causa da sua saúde ou condição física, você deixou de fazer compras? Sim (4 pontos) Por causa da sua saúde ou condição física, você deixou de controlar seu dinheiro, gastos ou pagar contas? Não ou não faz por outros motivos que não a saúde (0 pontos) Por causa da sua saúde ou condição física, você deixou de caminhar dentro de casa? Não ou não faz por outros motivos que não a saúde (0 pontos) Por causa da sua saúde ou condição física, você deixou de realizar tarefas domésticas leves, como lavar louça ou fazer limpeza leve? Não ou não faz por outros motivos que não a saúde (0 pontos) Por causa da sua saúde ou condição física, você deixou de tomar banho sozinho? Não ou não faz por outros motivos que não a saúde (0 pontos) A partir de qual item do VES-13 podemos entender que dona Terezinha se encontra em situação de vulnerabilidade e precisa de uma atenção especial? Nossa dica: consulte as orientações do VES-13 e veja a partir de quantos pontos se configura uma situação de vulnerabilidade POTENCIALIDADES E VULNERABILIDADES As vulnerabilidades e potencialidades de João e Terezinha consideram os aspectos sociais e contextuais. Essas informações são importantes porque completam as informações sobre condições físicas, do VES-13. Reflita sobre as potencialidades e vulnerabilidades do casal. Segundo a sua percepção do risco ou do benefício em potencial escolha a coluna VULNERABILIDADE ou POTENCIALIDADE de acordo com cada frase: FEEDBACK DA ATIVIDADE: No início, a situação do casal chamou atenção da ACS por uma aparente negligência familiar em relação ao casal. Contudo, ao estabelecer um vínculo maior, Ana percebeu que o contexto familiar tem algumas potencialidades. A família é extensa - uma filha mora perto e dois moram na cidade vizinha. Aparentemente não há conflitos com os filhos, mesmo o casal recebendo pouco auxílio deles. 02- TEMA 02 A ACS Ana decide discutir a situação do casal João e Terezinha com o enfermeiro Gleison e a médica Júlia, da equipe de Saúde da Família, no dia seguinte. Ana: Bom, pessoal! Depois de uma visita fiquei preocupada com o casal João e Terezinha. Queria ver com vocês o que podemos fazer. Gleison: Seu João e dona Terezinha? Acompanhamos eles há alguns anos já, uns queridos! Que aconteceu com eles? Ana: Então, parece que eles estão esquecendo de tomar os remédios, e quando tomam fazem uma baita bagunça... sobretudo dona Terezinha, que toma muitos. Gleison: Huum, são sinais de perda de autonomia mesmo. Bom que você avisou! Ana: E tem mais: seu João caiu ao lavar a calçada, mas ele não está dando muita importância a isso, estão achando que é normal, que foi culpa dele por não ter prestado atenção. Ele nem quis falar para os filhos para não preocupar ninguém. Júlia: Ele te falou se está doendo alguma coisa? Ele está andando mancando ou protegendo alguma parte do corpo? Seria bom ele vir aqui para uma consulta. Ana: Ele falou que não está doendo nada. Fica até lavando a calçada como se nada tivesse ocorrido. Isso deixa a dona Terezinha estressada. Mas, por outro lado, admitiram que não se sentem capazes de sair de casa para ir até o supermercado, o banco ou mesmo aqui na UBS sozinhos. Júlia: Bom que você nos avisou. Na próxima visita irei com vocês. Precisamos investigar melhor o que pode ter causado essa queda... E vamos ter que dar mais orientações sobre segurança em casa, viu. Em relação aos filhos, eu sei que eles têm uma filha morando perto. Ana: Sim, a Jandira. Me falaram dela. Júlia: Jandira, isso! Gleison: O que podemos fazer é voltar para a casa deles e pedir autorização para entrar em contato com ela. Como ela mora mais perto, pode ser um bom primeiro passo. Precisamos entender a dinâmica familiar e mapear a rede de apoio. Ana: Pois é, eu tive a impressão que eles estão ficando isolados porque não querem incomodar ninguém. E parece que não querem dar muita importância ao que está acontecendo. Gleison: Acontece muitas vezes. Bem, por isso que vamos intervir para tentar melhorar a situação deles antes que piore! CLÍNICA AMPLIADA A Clínica Ampliada se propõe a superar o entendimento de clínica como uma ação isolada, na maior parte das vezes restrita ao profissional médico, dentro de um consultório e dependendo, exclusivamente, de um diagnóstico e um tratamento cientificamente corretos. Esse novo conceito é apresentado no contexto da Política Nacional de Humanização, englobando todos os profissionais de saúde, cujas atuações devem ser integradas para um resultado satisfatório. Segundo o Ministério da Saúde (2007), Clínica Ampliada é: um compromisso radical com o sujeito doente, visto de modo singular; assumir a responsabilidade sobre os usuários dos serviços de saúde; buscar ajuda em outros setores, ao que se dá nome de intersetorialidade; reconhecer os limites dos conhecimentos dos profissionais de saúde e das tecnologias por eles empregadas e buscar outros conhecimentos em diferentes setores; assumir um compromisso ético profundo. O compromisso da equipe multiprofissional com o usuário extrapola os assuntos puramente clínicos (biológicos). Também inclui tudo o que pode influenciar de forma positiva, além de tornar explícito fatores que podem influenciar de forma negativa sua saúde. Nesse contexto, os aspectos psicossociais assumem grande importância. Eles devem ser abordados e manejados pela equipe para promover manter e/ou recuperara saúde da pessoa idosa. A equipe também deve estimular a autonomia e independência dos indivíduos e comunidades. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) Uma importante ferramenta para execução da Clínica Ampliada na prática clínica é o Projeto Terapêutico Singular (PTS). O Projeto Terapêutico Singular foi criado no campo da Saúde Mental, a partir da Reforma Psiquiátrica e desinstitucionalização das pessoas com sofrimento mental. Ele é definido pelo Ministério da Saúde como: Um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário O Projeto Terapêutico Singular se aplica a situações individuais ou de coletivos, como famílias ou comunidades. Em sua proposta original, é dedicado a situações mais complexas, tendo em vista a maior necessidade da pessoa, maior efetividade do cuidado em relação ao cuidado fragmentado e viabilidade de recursos (sobretudo de tempo) das equipes multiprofissionais. As fases do PTS 1. Diagnóstico situacional: deverá conter uma avaliação orgânica, psicológica e social, que possibilite uma conclusão a respeito dos riscos e da vulnerabilidade do usuário. Deve tentar captar como o Sujeito singular se produz diante de forças como as doenças, os desejos e os interesses, assim como também o trabalho, a cultura, a família e a rede social. Ou seja, tentar entender o que o Sujeito faz de tudo que fizeram dele; 2. Definição de metas: uma vez que a equipe fez os diagnósticos, ela faz propostas de curto, médio e longo prazo, que serão negociadas com o Sujeito doente pelo membro da equipe que tiver um vínculo melhor; 3. Divisão de responsabilidades: é importante definir as tarefas de cada profissional com clareza; 4. Reavaliação: momento em que se discutirá a evolução e se farão as devidas correções de rumo. O Programa Terapêutico Singular sempre deve ser conversado e pactuado com o indivíduo e/ou família. No PTS, eles são considerados realmente como Sujeito(s) e não Objeto(s) do cuidado. Quem participa do PTS Cada PTS deve ter um(a) coordenador(a) que pode ser qualquer profissional da equipe multiprofissional, preferencialmente aquele que tiver vínculo mais próximo ao indivíduo ou família em cuidado. O coordenador é responsável pelo acompanhamento mais próximo do PTS. É ele quem aciona a equipe, quando necessário e garante a realização das ações e das reavaliações programadas, dentro dos prazos previstos na (re)construção do projeto. PTS na Linha de Cuidado da Pessoa Idosa Em 2018, foram lançadas as Orientações técnicas para a implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema Único (BRASIL, 2018). Essas orientações incluíram a defesa de uma aplicação mais abrangente do PTS para as pessoas idosas. Apesar de, em sua proposta original, o PTS estar reservado aos casos mais complexos, no caso das pessoas idosas se justifica o uso universal dessa ferramenta pois elas apresentam especificidades relevantes. É necessária flexibilidade no uso do PTS para pessoas idosas Para que seja viável a aplicação do PTS para pessoas idosas, é essencial flexibilidade no uso da ferramenta. É preciso que as equipes multiprofissionais, em seu trabalho cotidiano, aproveitem os passos mais relevantes para cada caso, sem ficarem presas a uma estrutura fixa e burocrática. Tudo isso mantendo o espírito da Clínica Ampliada no seu desenvolvimento. MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA Além do Projeto Terapêutico Singular, contamos com outra importante ferramenta para a operacionalização da Clínica Ampliada na prática diária: o Método Clínico Centrado na Pessoa. Apesar de ter sua origem nas especialidades médicas clínicas, o Método tem se mostrado útil para todas as profissões da área da Saúde. Estudos mostraram que a aplicação do Método Clínico Centrado na Pessoa resulta em maior satisfação de pacientes e profissionais e melhora de indicadores de saúde, sem necessariamente requerer maior tempo de consultas (STEWART et al., 2017). Componentes do Método Clínico Centrado na Pessoa 1. Explorando a saúde, a doença e o adoecimento: o paciente é mais do que a doença que ele possui e, apesar das doenças em geral apresentarem um quadro clínico típico, a experiência que cada indivíduo vive com uma determinada condição clínica é única, por envolver sentimentos, ideias, funções e expectativas, todos de caráter subjetivo. Além disso, as metas e objetivos de manutenção e/ou melhoria de saúde é bastante variável de indivíduo para indivíduo, merecendo atenção dos profissionais de saúde para essas especificidades. 2. Entendendo a pessoa como um todo: cada indivíduo está inserido em um contexto familiar, comunitário e histórico, que influencia o seu estado de saúde- doença, mas também apresenta potencialidades e barreiras para o seu cuidado e autocuidado. 3. Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas: a definição de quais são os problemas, quais são as metas a serem alcançadas e as responsabilidades de cada um na busca pelas metas deve ser construída de forma compartilhada entre profissional e indivíduo. 4. Intensificando a relação profissional-indivíduo: cada novo encontro entre profissional e indivíduo é uma oportunidade de fortalecer o vínculo entre ambos, de modo a aumentar a sensação de confiança mútua, importante para um bom resultado terapêutico. TRABALHO EM EQUIPE NA Atenção Primária A equipe de Atenção Primária/Saúde da Família (eAB/eSF) tem um papel fundamental no acolhimento, na identificação de necessidades e na definição e acompanhamento das metas e responsabilidades no cuidado da pessoa idosa em um território. Além de ser a porta de entrada preferencial do sistema, é também neste nível de atenção que é ofertado o cuidado longitudinal para a população. EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF)expand_less A equipe de Saúde da Família (eSF) é composta, no mínimo, por: médico (de preferência da especialidade medicina de família e comunidade) enfermeiro (de preferência especialista em saúde da família) auxiliar e/ou técnico de enfermagem agente comunitário de saúde (ACS) O ACS é responsável pelo acompanhamento de, no máximo, 750 pessoas. Outros profissionais poderão ser agregados à equipe - como dentistas, auxiliares de saúde bucal e/ou técnicos de saúde bucal, agentes de combate a endemias. A equipe de Atenção Primária (eAB) é composta por: médico (de preferência da especialidade medicina de família e comunidade) enfermeiros auxiliares de enfermagem e/ou técnicos de enfermagem. Diferente da eSF, os ACS podem compor a equipe mas não há obrigatoriedade da presença desse profissional na equipe. Outros profissionais poderão ser agregados à equipe - como dentistas, auxiliares de saúde bucal e/ou técnicos de saúde bucal, agentes de combate a endemias. Para se ter uma ideia da capilaridade da eSF, modelo prioritário de Atenção Primária no país, o Estudo Longitudinal da Saúde e Bem-Estar dos Idosos Brasileiros - ELSI-Brasil apontou que 68,9% dos idosos estavam cadastrados em uma equipe eSF e que 68,8% viviam em domicílios visitados por Agentes Comunitários de Saúde. Apesar disso, um dado reforça a necessidade de qualificação dos serviços de Atenção Primária ofertados: Estratégia Saúde da Família é a estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica no Brasil. Sobre as Equipes de Atenção Primária Segundo a Política Nacional de Atenção Primária (PNAB) vigente, cada equipe de Atenção Primária possui um território adscrito e nele tem algumas atribuições, entre eles: Garantir o acesso universal e contínuo a serviços; Ser resolutiva; Estabelecer vínculos com usuários e a comunidade; Ser coordenadora do cuidado; Organizar o processo do trabalho de modo integrado ao restante da Rede de Atenção à Saúde (RAS); Promover a integralidade do cuidado de indivíduose comunidades, levando em consideração a promoção da saúde, prevenção de agravos, recuperação e tratamento. O trabalho das Equipes de Atenção Primária deve ser interdisciplinar e transdisciplinar, centrado no cuidado do usuário, estimulando a sua participação, com autonomia e capacidade para o autocuidado. A atuação integrada permite realizar discussões de casos, sobretudo para a população idosa. Possibilita, também, um atendimento compartilhado entre profissionais tanto na Unidade Básica de Saúde (UBS) como nas visitas domiciliares e intervenções em consultório. Dessa forma, oferece assim, uma atenção ampla para condições específicas das pessoas, para condições do território - para indivíduos e coletivos. Estas ações têm como foco de atuação prioritário o apoio matricial às equipes da AB, o que envolve os processos de tratamento e reabilitação, além de ações de prevenção e promoção, incluindo recursos como o NASF e outros equipamentos como o CAPS. As orientações sobre o papel das equipes de Atenção Primária para a pessoa idosa estão na Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006). O link para esta Política está disponível no Material de Apoio. FLUXO DE ATENDIMENTO NA Atenção Primária O documento "Orientações técnicas para a implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema Único de Saúde" (BRASIL, 2018) reforça o papel da Atenção Primária como porta de entrada preferencial da pessoa idosa no Sistema Único de Saúde. A entrada pode se dar a partir da Demanda Espontânea, quando a pessoa idosa ou um familiar/cuidador busca um atendimento junto ao serviço, ou por meio da Busca Ativa da equipe de saúde. A Busca Ativa usa diversas ferramentas e ações, como a territorialização, as visitas domiciliares e as atividades coletivas e intersetoriais no território. Independente da forma como se deu o contato entre pessoa idosa e equipe de saúde, a equipe deve proceder a Avaliação Multidimensional da pessoa idosa. Perfis e ações A partir da Avaliação Multidimensional, a equipe planeja e executa as ações de saúde mais apropriadas para cada um dos três perfis de pessoa idosa: Independentes e autônomas para a realização das atividades da vida diária Com necessidade de adaptação ou supervisão para a realização das atividades da vida diária Dependentes de terceiros (ou de outras pessoas) para a realização das atividades da vida diária. Veja o fluxograma de atendimento da pessoa idosa na Atenção Primária ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS De acordo com a Política Nacional de Atenção Primária (PNAB), os membros das eAB têm algumas atribuições comuns e outras, específicas. Dentre as atribuições listadas a seguir, identifique quais são comuns e quais são sob a responsabilidade dos membros da equipe. Se necessário, consulte a PNAB Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades Na reunião de equipe, ficou definida uma segunda visita domiciliar do enfermeiro Gleison, da médica Júlia e da ACS Ana à casa de João e Terezinha. Na visita: Gleison: Bom dia, senhor João, dona Terezinha! Que bom vê-los. Como vocês estão? João: Estamos bem, Gleison. Bom dia Dra. Júlia, tudo bom, querida? Júlia: Tudo, seu João. A Ana nos avisou que o senhor caiu. Está tudo bem mesmo? Não quebrou nada? João: Quebrei não. (rindo) Já passei por coisa pior quando era pedreiro! Gleison: Pois é, seu João. Mas sabe que na sua idade é importante cuidar, né? Não precisa fazer drama de tudo, mas também não podemos minimizar. Terezinha: Eu falei isso para ele, mas ele não quer preocupar a família! Ana: Nós ficamos preocupados, dona Terezinha e seu João, porque vocês não podem ficar isolados assim. É importante ter apoio. Terezinha: Mas nossos filhos trabalham ou moram longe, como falamos para você o outro dia. Ana: Certo. Entendemos perfeitamente. Gleison: Na verdade, seria bom a gente fazer contato com a sua filha Jandira. Como ela mora mais perto, ela é um contato importante para nossa equipe. Vocês nos autorizam? Terezinha: Sim. Mas ela não vai ter problemas, certo? Ana: Não, não se preocupe! É só para facilitar o contato mesmo, ter a opinião dela. Gleison: E como estão os encontros na igreja com os amigos? Todo o mundo está bem lá? Terezinha: Pois é, Gleison... não vamos há uns seis meses, desde que a gente achou mais difícil caminhar sozinhos na rua... Júlia: Vamos pensar em uma forma para que vocês possam voltar a encontrar com os amigos de lá com segurança, está bom? Júlia: No exame clínico não percebo nenhuma fratura. Vou pedir um raio X para ter certeza que sobre uma perda muscular. Mas já vamos pensar em uma rotina de atividades, orientadas por um educador físico? Júlia: Senhor João, vou manter seu medicamento. Continue tomando à noite, como recomendado. Ana: Aproveitando, vamos marcar um dia para eu poder passar algumas orientações sobre segurança da casa. 03 – TEMA 03 ABORDAGEM FAMILIAR E MAPEAMENTO DE SUPORTE SOCIAL A Abordagem Sistêmica é a mais ampla forma de ver a pessoa. Com ela, não olhamos apenas um sintoma, mas o contexto em que a doença ocorreu e como isso impacta na vida da própria pessoa e daqueles que estão a seu redor. Mas, antes de falarmos da abordagem sistêmica, pense: o que é família? Entender o conceito de família é importante para que você, como profissional da saúde, consiga identificar quem faz parte da rede de apoio e afeto das pessoas idosas. Essa rede participa do processo de melhora de uma condição e são fontes de suporte e apoio. Contudo, essa mesma rede pode ser um fator para o adoecimento. Por isso é tão significativo saber o que é família para aquela pessoa idosa que está aos seus cuidados. De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, o conceito vai além da ideia de que "família" é composta tão somente pelas figuras do pai, mãe e filhos. Ela considera que outras configurações são possíveis. [Família é o] núcleo afetivo, vinculado por laços consanguíneos, de aliança ou afinidade, que circunscrevem obrigações recíprocas e mútuas, organizadas em torno de relações de geração e de gênero" (Política Nacional de Assistência Social). A abordagem à família deve estar presente, de forma transversal, nas discussões de casos e nos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS). Assim, é possível promover um olhar ampliado em direção à família e às pessoas que a compõem. O entendimento das relações entre os membros da família e seus respectivos vínculos permite que você possa buscar soluções mais apropriadas ao caso. A integração da família de uma pessoa idosa nas ações da equipe de Saúde da Família / Atenção Básica depende, muitas vezes, da proatividade da própria equipe. É ela que está em posição estratégica para essa tarefa, não somente pela proximidade geográfica, mas também por uma proximidade relacional e de longitudinalidade. Cabe ao profissional de saúde ser a principal referência, organizando, orientando e apoiando no cuidado da pessoa idosa e orientando e apoiando sua família. Na lógica da Clínica Ampliada, isso não se restringe à rede de cuidados em saúde. Esse cuidado inclui serviços e recursos de outros equipamentos e setores, sempre que necessário. O conhecimento dos recursos disponíveis no seu território e suas referências é, portanto, essencial, especialmente para o ACS – que é o elo fundamental entre comunidade e equipe de saúde. É importante frisar que a abordagem familiar é uma ação da equipe de saúde e que, por isso, um/a ACS deve sempre levar o caso que acha importante para reunião de equipe, como Ana fez no caso de João e Terezinha. Abordagem sistêmica Para trabalhar na perspectiva de Abordagem Sistêmica, existem algumas ferramentas que permitemvisualizar a dinâmica da família, os relacionamentos intrafamiliares e modelos disfuncionais. Elas favorecem intervenções mais eficazes e apropriadas à realidade. A utilização dessas ferramentas permite aproximar equipe e usuários do serviço, fortalecendo o vínculo com a família e a compreensão das relações familiares estabelecidas. Dentre essas ferramentas destacamos: Ferramentas de registro familiar: genograma; ecomapa; Ferramentas de classificação familiar: Escala de Coelho e Savassi; Ciclo de Vida Familiar; Ferramentas de avaliação familiar: F.I.R.O; P.R.A.C.T.I.C.E, A.P.G.A.R; Ferramentas de abordagem direta da família: conferência familiar, terapia familiar, terapia familiar sistêmica. GENOGRAMA O Genograma é uma ferramenta de registro familiar que utiliza símbolos para representar a composição de uma família. Ele parte de um Heredograma (Árvore Genealógica), onde os relacionamentos entre os membros da família são representados por formas gráficas. Alguns símbolos são utilizados para representar pessoas, datas e fatos. Os mais utilizados são: A construção do Genograma não é estática. Os principais fatores que afetam a saúde da família - hábitos de vida, grau de escolaridade, ocupação e outros dados - podem ser acrescidos à medida que o profissional achar relevante. Dentre as vantagens dessa ferramenta, destaca-se: a disponibilidade rápida e direta de informações sobre a dinâmica dos relacionamentos em uma família a possibilidade de reflexão e compreensão pelas próprias pessoas idosas e seus familiares sobre relacionamentos intrafamiliares não-saudáveis. Podem existir pequenas variações possíveis nessas representações de acordo com a região onde ela é usada. Por isso, é sempre recomendável que a equipe de saúde crie sua legenda padronizada para os Genogr ECOMAPA O Ecomapa é outra importante ferramenta de registro familiar e comunitário. Ele é a representação da rede social da família, envolvendo as relações intrafamiliares e seu contexto (meio externo). O Ecomapa permite o registro da intensidade das relações estabelecidas quanto a apoio ofertado e recebido em relação a cada recurso. A sua representação gráfica facilita a avaliação quanto a necessidade de equilibrar as necessidades de suporte e os recursos disponíveis na família e seu entorno (CHAPADEIRO; ANDRADE; ARAÚJO, 2012). P.R.A.C.T.I.C.E. O P.R.A.C.T.I.C.E. é um potente instrumento de avaliação familiar que parte de um problema identificado e permite uma aproximação esquematizada para trabalhar com famílias. É muito útil para casos complexos onde o envolvimento e organização dos membros da família é essencial. Diferentemente do Genograma e do Ecomapa, essa ferramenta funciona como uma diretriz para avaliação do funcionamento das famílias. Trata-se de um acróstico, ou seja, cada letra representa uma etapa ou tarefa, criado originalmente na língua inglesa. Problema apresentado Compreender qual o entendimento da família a respeito dos problemas da pessoa que necessita de cuidado. Quais as suas crenças? O que as pessoas sabem a respeito do problema? A equipe precisa tomar cuidado para não tratar a pessoa como vítima da família, porque uma postura acusadora pode prejudicar o vínculo da equipe com a família. Papéis e estrutura Entender quais os papéis de cada membro da família. Isso é importante para a compreensão de com quem se pode contar direta ou indiretamente. Afeto Observar as relações afetivas da família, tanto as relações harmônicas como as desarmônicas. Atentar para relações conflituosas que podem prejudicar a melhora da pessoa que necessita de cuidado, e as situações de violência ou negligência que colocam em risco a pessoa mais frágil. Comunicação Observar como a família se comunica, considerando a comunicação verbal (fala, propriamente dita) e não verbal (gestos, olhares etc.). O que não é dito pode ser mais importante que a palavra. Fase do ciclo de vida Entender a realidade do dia a dia das pessoas envolvidas com o cuidado da pessoa idosa, com as tarefas que envolvem o mesmo cuidado. Por exemplo, algumas pessoas têm múltiplas doenças que exigem a administração de fármacos em horários diferentes, outras precisam ser levadas à hemodiálise 3 vezes por semana, outras precisam de ajuda para irem à fisioterapia 2 vezes na semana. Ao mesmo tempo, deve-se atentar para o momento de vida dos cuidadores e como eles vão conciliar o cuidado da pessoa idosa com as suas vidas pessoais. Doença na família Resgatar experiências anteriores da família com situações de doença e recuperação. Como lidaram ou estão lidando com os problemas? Sempre reforçando o que tiveram de ganho com a experiência vivenciada. Enfrentamento do estresse Identificar as fortalezas e recursos inerentes da própria família, e que a mesma já lançou mão para enfrentar problemas vividos. Por exemplo, uma pessoa idosa com vários filhos que se revezam no seu cuidado. O papel do profissional é identificar e reforçar as experiências positivas e ajudar a família a pensar em alternativas. A equipe (nunca apenas o ACS) pode intervir se a situação fugir do controle ou gerar risco para a pessoa que necessita de cuidado. Meio ambiente, rede de apoio Identificar toda a rede de apoio e outros recursos que a família pode contar, como por exemplo: igreja, templo, terreiro ou centro (e outros lugares espirituais e/ou religiosos), academia REDE DE APOIO A saúde não é só ausência de doença. Além da dimensão biológica, ela envolve diversas dimensões do ser humano e do seu bem-estar. Portanto, há situações em que as necessidades das pessoas idosas e de suas famílias extrapolam a capacidade de resolução das eAB/eSF. Nesses casos, é necessário acionar outros equipamentos do território para a promoção, proteção e recuperação da saúde em seu conceito mais amplo. Na lógica da Clínica Ampliada, isso não se restringe à rede de cuidados em saúde. Esse cuidado inclui serviços e recursos de outros equipamentos e setores, sempre que necessário. O conhecimento dos recursos disponíveis no seu território e suas referências é, portanto, essencial, especialmente para o ACS – que é o elo fundamental entre comunidade e equipe de saúde. Esses equipamentos podem ser do setor Saúde ou de outros setores, de acordo com cada situação. Tudo em Rede A organização desses equipamentos se dá no formato de redes, o que permite uma relação integrada e fluída entre os vários pontos e níveis de atenção. As redes são dinâmicas e elásticas e vão se expandindo para vários equipamentos e ganhando ramificações sempre que as equipes de referência acionam um novo serviço para atender as necessidades dos usuários promovendo a atenção integral. Quando uma rede é composta por equipamentos de diferentes setores, a denominamos como Redes Intersetoriais. O suporte social e familiar faz parte do contexto de vida da pessoa idosa e é um dos mais importantes Determinantes Sociais da Saúde: intervém no estado de saúde e de autoestima, motiva práticas de promoção à saúde e prevenção de doenças, estimulando apoio ao autocuidado, favorecendo o convívio da pessoa idosa na sua comunidade e reduzindo o isolamento e a exclusão social, principalmente se houver incapacidades para efetuar as atividades da vida diária. Para colaborar com o suporte social e familiar, há a Rede de Apoio Intersetorial, definida pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e pela Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa. Essa Rede oficial varia de região para região. Informe-se quais os equipamentos disponíveis para você e como você pode acioná-los, quando for preciso. de esportes, lazer, escola, vizinhos, amigos, renda, posses, etc. 04- TEMA 04 Depois da segunda visita à casa de João e Terezinha, Ana e Gleison fizeram contato telefônico com Jandira para agendarem uma conversa. Poucos dias depois, os três se encontram na UBS Gleison: Jandira, comofalamos para você por telefone, achamos importante organizar esse encontro para falar a respeito da situação de seus pais. Jandira: Você me deixou preocupada. O que está acontecendo? Vi eles semana passada e estavam bem. Ana: Eles estão bem. Mas identificamos alguns sinais que precisam de um maior apoio, para que não tenham dificuldades para lidarem com as situações da vida diária. De agora em diante, será importante estarmos mais perto, mais atentos. Você já sabia que eles têm tido mais dificuldade para caminhar, não é verdade? Jandira: Sim, é verdade. Eu que tenho feito as compras e ido no banco para eles nestes últimos meses. Já estava difícil e perigoso eles fazerem isso sozinhos. Ana: E também teve a queda do senhor João, em casa, lavando a calçada, há poucas semanas atrás. Eles não quiseram contar a vocês. Gleison: Jandira, te contatamos porque você mora mais perto e pode nos ajudar a fazer contato com seus irmãos. Mas isso não significa que você tem mais obrigação com os pais do que os irmãos, tá bom? Jandira: Pois é. Eu sei que vai chegar um dia que meus pais vão precisar de mais atenção ainda. Mas estou tão ocupada em casa que nem posso visitá-los muito ultimamente. Cuido dos meus dois filhos, da casa toda. Também lavo roupas pra fora, para ganhar algum dinheiro. Ana: Certo, Jandira. Todo o mundo tem rotina em casa, não se preocupe. Isso é normal. Com qual frequência você costuma visitar seus pais? Jandira: Geralmente, vou pelo menos uma vez por semana. E ligo para eles a cada 2 dias mais ou menos. Ana: Ok. E seus irmãos? Você sabe se estão próximos? Se ligam para eles? Eles te perguntam se seus pais estão bem? Jandira: Meu irmão, que mora na cidade vizinha, tenta vir 2 vezes por mês. Os outros três moram mais longe. Eles vêm apenas nas férias. Não sei dizer se falam muito por telefone ou não. Gleison: Jandira, poderia ser interessante a nossa equipe, fazer contato com eles. Que você acha? Esse contato é comum, mas não queremos forçar nem ficar invadindo a privacidade de vocês. Nosso interesse é garantir o bem-estar dos seus pais. Jandira: Claro. Entendo! Vou passar o número deles para vocês. Ana: Vamos fazer contato com a família toda então? Gleison: Sim, é importante não colocar toda a pressão nas costas da Jandira. Ela é uma pessoa estratégica porque mora mais perto, mas nem deve ficar assumindo tudo. CRIANDO PONTES PARA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CUIDADO Nos temas anteriores, você viu algumas formas de abordagens mais abrangentes que aquela puramente biológica e conheceu, também algumas ferramentas de registro e avaliação familiar. O desafio que fica é: como o ACS pode trazer a família da pessoa idosa para próximo da equipe de saúde? Como fazer a pessoa idosa e sua família participarem de forma efetiva do planejamento, execução e avaliação do cuidado? O Ministério da Saúde apresenta algumas diretrizes que ajudam nesse desafio. São orientações gerais para os profissionais ACS sobre como abordar e se vincular às famílias de sua área de abrangência. Elas foram organizadas em algumas etapas, para promover uma intervenção adequada e inserir a família no cuidado de uma pessoa: Como profissional, devemos buscar nos associar à família. Vínculo é tudo. Segundo o manual dos Agentes Comunitários de Saúde, "o vínculo ocorre quando esses dois movimentos se encontram: o usuário na busca do cuidado e o profissional se encarregando por esse cuidado". Para criar esse vínculo, uma das habilidades mais importante para o ACS é a sensibilidade e a capacidade de compreender o momento certo e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação de confiança. O vínculo é um fator de sucesso para o desenvolvimento das ações de promoção, prevenção, atenção, recuperação e paliação. Observar e entender a família e identificar suas fortalezas e fraquezas é importante para o planejamento e mobilização de recursos para o cuidado da pessoa idosa. Para isso, você pode utilizar as ferramentas que já aprendeu neste curso. Como ACS, vinculado às famílias das quais cuidamos, devemos promover a educação em saúde em todas as oportunidades possíveis. É nosso dever abordar aspectos do problema em questão e ter certeza de que as pessoas envolvidas entenderam não só o próprio problema, mas o seu papel no contexto apresentado. Também é necessário tratar os mitos e verdades sobre as questões em saúde, sempre que eles surgirem. Ah! É importante que você somente transmita as informações que tenha segurança. Por isso, não deixe de esclarecer suas próprias dúvidas com os colegas da equipe. Se a dúvida ocorrer durante uma visita, explique à pessoa idosa e a família que você vai verificar com a equipe qual a melhor orientação. Ter dúvidas durante uma visita não é um problema. Se comprometer em buscar a informação correta é um sinal de comprometimento e responsabilidade com o trabalho desempenhado! Comunicação é tudo! Um dos nossos papéis é ajudar na facilitação da comunicação inclusive entre os membros da família. Percebendo dificuldades ou risco para o cuidado da pessoa idosa, você já sabe: leve o caso para discussão com a equipe para juntos, definirem a abordagem mais adequada! INTERAÇÃO EQUIPE-FAMÍLIA O vínculo da equipe com a família da pessoa idosa é muito importante. É preciso contextualizar o processo de vida das pessoas, evitando emitir juízo de valor a respeito de seus comportamentos. A equipe não deve culpar a família pela desatenção ou a falta de tempo para cuidar da pessoa idosa. Esse pode e deve ser o primeiro passo para uma melhor conexão. Nosso trabalho, como profissionais de saúde, é ofertar o melhor cuidado possível para pessoas e suas famílias. Por exemplo, no encontro com a Jandira, a equipe se dedicou a conversar e ouvir. Jandira teve oportunidade para expressar sua história de vida, as dificuldades e possibilidades de cuidado. Ela se sentiu acolhida e apoiada. Para essa construção, é preciso entender a percepção da família em torno do cuidado. Algumas perguntas ajudam nesse entendimento. Utilize-as sempre que precisar compreender como a família percebe o conceito "cuidado": Como é o cuidado para você? Quais questões no ato de cuidar te dão alegria ou tristeza? Como pensa que deve ser o cuidado ideal dos seus [pais/avós/tios...]? Como pensa que, na sua realidade, pode ser o cuidado ideal dos seus [pais/avós/tios...]? Quais os recursos disponíveis pela família (financeiros, humanos, etc.)? get_app Gostou desse roteiro? Então baixe o PDF com as perguntas e use sempre que necessário. (PDF 485 kb) share Para compartilhar, copie o link do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde e compartilhe. Link: https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/13652 Abordagem propositiva Uma abordagem propositiva e sem julgamentos por parte da equipe não significa omissão dos profissionais de saúde para casos de violência e negligência com a pessoa idosa. Ao identificar um cuidado insuficiente por parte da família, é preciso discutir de forma aberta e pacífica com a equipe as necessidades da pessoa idosa percebidas que por ventura não estejam sendo atendidas pela família. É desejável https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/percepcao_cuidado.pdf https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/percepcao_cuidado.pdf https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/percepcao_cuidado.pdf https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/percepcao_cuidado.pdf https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/13652 https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/13652 https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/13652https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/13652 que haja um esforço compartilhado entre família e equipe na construção de propostas de resolução das barreiras e dos problemas identificados. No caso de a equipe perceber impossibilidade da família em prover o cuidado mínimo necessário à pessoa idosa, outras instâncias devem ser acionadas para a proteção da pessoa, conforme discutiremos adiante. APOIO FAMILIAR E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS O apoio familiar e o fortalecimento de vínculos são aspectos importantes que a equipe deve promover como uma ação de cuidado. Para que o princípio da integralidade seja efetivado, o suporte familiar é um fator essencial. O acolhimento é um dos pilares para o fortalecimento do vínculo entre equipe e famílias. Ele faz parte da assistência integral prestada ao usuário. Para promover o acolhimento é preciso que a equipe esteja disposta a fazer uma escuta qualificada dos problemas e a tratar as demandas de forma humanizada. Como profissional de saúde, é nosso papel avaliar e incentivar, junto com a família, as diferentes formas de participação da pessoa idosa na rotina familiar e na vida em comunidade. Essa inserção ajuda a manter seu equilíbrio físico e mental e proporciona condições para a pessoa idosa desempenhar suas atividades rotineiras. Com ajuda das tecnologias digitais Hoje em dia, o uso de tecnologias digitais pode contribuir para o fortalecimento de vínculos familiares, sejam os vínculos intrafamiliares (internos) ou até mesmo entre a família e a equipe de saúde. Num país como o Brasil, onde os membros da família podem morar longe, as possibilidades de fazer videochamadas por computador ou por smartphone estão cada vez mais disponíveis e populares. Essa forma de interação permite uma certa presença social e pode reduzir a sensação de isolamento e de solidão. O profissional de saúde pode ajudar, inclusive, nas situações onde as pessoas idosas não têm acesso à Internet em casa ou não saibam usar tecnologias digitais de forma autônoma. É possível, por exemplo, identificar entre os familiares - ou membros da comunidade que moram próximo - quem poderia ajudar a criar esse contato com os filhos que residem em outras cidades. Lembre-se que a integração social por meio de tecnologias digitais é um direito do Estatuto do Idoso, identificado no Artigo 21 (BRASIL, 2003): §1º Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna. Outra boa estratégia é incentivar a alfabetização e inclusão digital das pessoas idosas, isto é, ensiná-las a usar tecnologias digitais. O smartphone por estar mais presente e ser mais intuitivo que um computador, pode ser uma boa opção. Não é preciso instalar muitos aplicativos no aparelho, apenas de acordo com a necessidade de uso e o interesse. Fique atento, também, a cursos e oficinas na sua microárea ou próximo. Você pode recomendá-los como forma de alfabetização e inclusão digital, mas também como uma forma de socialização. DIREITOS DA PESSOA IDOSA Todo cidadão, brasileiro ou estrangeiro, residente em território brasileiro, tem garantido um conjunto de direitos pela Constituição Federal e legislação vigente no país. A pessoa idosa tem, também, algumas proteções e direitos adicionais, determinados pelo Estatuto do idoso (Lei n 10.741/2003). O Estatuto visa garantir os direitos elementares da existência, da integridade da vida e do corpo, e da dignidade da pessoa idosa. Para tanto, a lei estabelece alguns deveres para o restante da sociedade, incluindo a família da pessoa idosa, conforme apresentado no Artigo 3º do Estatuto do Idoso: Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária." (Lei n 10.741/2003) No Artigo 19, a Lei institui, dentre outras, a obrigatoriedade de comunicação formal pela equipe de saúde em caso de suspeita ou confirmação de violência contra a pessoa idosa, incluindo para a autoridade policial. Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objetos de notificação compulsória pelos serviços públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: I - autoridade policial; II - Ministério Público; III - Conselho Municipal do Idoso; IV - Conselho Estadual do Idoso; V - Conselho Nacional do Idoso. § 1.º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico." (Lei n 10.741/2003) O Estatuto ainda assegura atendimento preferencial na saúde e o direito a acompanhante em casos de internamento ou observação em serviços de saúde. Ele prevê, ainda, a distribuição gratuita de medicamentos e próteses dentárias pelos poderes públicos e limitação ao reajuste de planos de saúde em função da idade após os 60 anos. Para garantir os direitos do Estatuto, foi criada a instância do Conselho Municipal do Idoso. Trata-se de um órgão colegiado que tem como função zelar pela defesa e promoção dos direitos da pessoa idosa, receber e encaminhar aos órgãos competentes as petições. Além de denúncias e reclamações sobre ameaças e ruptura dos direitos da pessoa idosa. E também exigir das instâncias competentes as medidas efetivas de proteção e reparação. ABORDAGEM FAMILIAR No exemplo de Terezinha e João, percebemos a importância do cuidado da equipe na hora de abordar a família quanto aos cuidados necessários para a pessoa idosa. Esse cuidado, evitando uma postura inquisidora e de julgamento, é essencial para criar ou fortalecer o vínculo entre equipe e família, facilitando e potencializando o cuidado da pessoa idosa. Como resultado, a família de Terezinha e João - sobretudo Jandira, a filha mais próxima - se sentiram seguros e motivados para encontrar uma solução adequada para a necessidade do casal. Mas e se a família não demonstra interesse no cuidado da pessoa idosa e não se mobiliza para oferecer o cuidado necessário? Qual deve ser a postura da equipe neste caso, considerando que uma primeira abordagem de aproximação e sensibilização da família foi infrutífera? Leia as ações indicadas e marque aquelas que você considera adequadas, quando uma primeira abordagem de aproximação com a família não foi positiva. 05 - TEMA 05 Um encontro foi organizado na UBS para ter uma conversa ampliada com a família sobre o caso de João e Terezinha. Ana e Gleison, da equipe de Atenção Primária, receberam João, Terezinha, a filha Jandira e o filho Marco que mora na cidade vizinha. Nessa reunião, Ana e Gleison evocaram a situação de fragilidade de João e Terezinha. Foi um momento importante para a compreensão dos riscos e consequências, para os filhos como também para o próprio casal, que não se dava conta de seu isolamento progressivo desde alguns meses. A reunião permitiu que se falasse dos direitos da pessoa idosa em contexto familiar, bem como os deveres da família. Após uma hora de conversa, chegou-se à conclusão que João e Terezinha precisavam de apoio para a realização de atividades da vida diária. Como nenhum dos filhos poderia assumir esse cuidado, houve consenso na família que a melhor solução seria encontrar um(a) cuidador(a) para a supervisão diária dos pais e que os filhos tentariam visitar com maior frequência ou falar por videochamada no celular da Jandira. Após a reunião familiar os outros três filhos que moram mais distantes foram contatados por telefone e concordaram com as propostas sugeridas na reunião. A principal delas foi a contratação da cuidadora Maria,que passou a acompanhar o casal nas atividades físicas com o Educador Físico Bruno, da equipe do Núcleo de Apoio а Saúde da Família (NASF) na Academia da Saúde anexo ao posto. Ana: Boa tarde gente. Está fazendo muito exercício, seu João? João: Olá, querida! Muito não sei, mas muito mais que antes, com certeza, né Bruno! Bruno: Tem que ir a seu ritmo mesmo, seu João, com cuidado. Pelo menos parece animado! Eu estou vendo que melhorou bastante a força nas pernas de seu João. Ana: A senhora também está ótima, dona Terezinha! Terezinha: Ana, a gente quase faz maratona (risos). Acho que as tonteiras eram dos remédios que a gente não tomava certo. Depois que a Maria chegou e me ajudou com os comprimidos, nunca mais tive as tonteiras. O bom é que estamos conseguindo ir de vez em quando à igreja, sabia Ana? Ana: Olha só! Bom que dá para ver os amigos, né? Maria: E seu João se deu conta que não é só ele que começou a usar bengala. Né seu João? (risos) João: Pois é! O Paulo, um amigo meu, também começou a usar. Pra se sentir mais seguro, sabe, ficar com menos medo de cair mesmo. Ana: Como a Dra. Júlia falou: é bom ter ela perto caso fique cansado e use quando precisar. Pode ajudar bastante. E em casa está tudo bem? João: Não caí mais! Com a Maria e a Jandira a gente reorganizou um pouco a casa. E a Maria ajuda a lavar a calçada. Maria: Não tem mais tapete no chão, os móveis ficaram de um jeito que ajudam para dar apoio se precisarem. A casa ficou uma lindeza! Terezinha: Jandira ficou bem mais tranquila. Agora quando ela vem ver a gente, eu vejo que ela está bem menos preocupada. Ela sabe que a Maria ajuda a gente. Ana: Isso é ótimo, né dona Terezinha? Agora é só a gente continuar com o acompanhamento regular. VAMOS FALAR DOS CUIDADORES? Quem são os Cuidadores: Diante da impossibilidade de uma pessoa idosa ter atenção consigo mesma, sozinha , é necessária a presença de um cuidador. De acordo com o Guia Prático do Cuidador, do Ministério da Saúde, (BRASIL, 2009) esta é "(...)a pessoa, da família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais, com ou sem remuneração." A atividade do cuidar é considerada complexa e muitas vezes não se pode escolher ser cuidador. Com grande frequência, este papel é assumido por familiares, em especial esposas, irmãs e filhas, que abdicam de projetos e realizações pessoais ou que precisam conciliar o cuidado prestado com outras atividades do dia-a-dia. Este acúmulo de atividades pode potencializar o estresse físico e emocional provocado pela própria atividade do cuidado. Isso pode ser agravado ainda pelo sofrimento percebido de um ente querido e/ou pela falta de apoio de outros familiares. São comuns, neste contexto, sentimentos contraditórios, como culpa, estresse, tristeza, raiva, medo, dentre outros. Como profissional de saúde, você precisa estar preparado para identificar e compreender esses sentimentos e para apoiar sobre a melhor maneira de cuidar a pessoa idosa. No seu acompanhamento, fale da importância de momentos de "respiros" para o cuidador. Afinal, ele precisará de momentos para compreensão de seus próprios sentimentos/afetos com relação à pessoa cuidada e ao ato em si de cuidar. O Guia nos ajuda a entender um pouco: "O cuidador deve compreender que a pessoa cuidada tem reações e comportamentos que podem dificultar o cuidado prestado, como quando o cuidador vai alimentar a pessoa e essa se nega a comer ou não quer tomar banho. É importante que o cuidador reconheça as dificuldades em prestar o cuidado quando a pessoa cuidada não se disponibiliza para o cuidado e trabalhe seus sentimentos de frustação sem culpar-se." O papel dos cuidadores: A função do cuidador é acompanhar e auxiliar a pessoa a se cuidar, fazendo pela pessoa somente as atividades que ela não consiga fazer sozinha. Mas este papel, às vezes, pode gerar dúvidas e confusões. A pessoa, quando contratada para desempenhar esta função, não deve ser confundida com profissionais de enfermagem. A ocupação “cuidador de idosos” integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, do Ministério do Trabalho, sob o código 5162-10. Ela deve ser utilizada para o registro contratual de profissionais que desempenhem as funções específicas de "Acompanhante de idosos, Cuidador de pessoas idosas e dependentes, Cuidador de idosos domiciliar, Cuidador de idosos institucional, Gero-sitter." (Mais informações sobre o CBO estão disponíveis na web, em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf ) As tarefas esperadas na rotina do cuidador, apresentadas no Guia, são Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde. Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada. Ajudar nos cuidados de higiene. Estimular e ajudar na alimentação. Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios físicos. Estimular atividades de lazer e ocupacionais. Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto. Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde. Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada. Outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa. Em todos os casos, sejam familiares, sejam voluntários ou trabalhadores remunerados são imprescindíveis o apoio e a retaguarda aos cuidadores das pessoas idosas dependentes para as AVD. Tal apoio se refere, entre outros, às orientações para administração e armazenamento de medicamentos, correto manejo de situações como o banho no leito e outras ações para a higiene geral, prevenção de úlceras de pressão (escaras), auxílio para a mudança de posição do corpo, suporte para a administração de alimentos ou para a manutenção e a higienização adequada de equipamentos, como bolsas de colostomia, sondas de alimentação e sonda vesical de demora. Limites da atuação – o autocuidado promovido pelo cuidador É importante que o cuidador compreenda que ajudar a pessoa idosa não significa realizar as coisas por ela. A sua função é apoiar naquilo que a pessoa não consegue fazer sozinha. Portanto, é fundamental que identifique e estimule as potencialidades da pessoa idosa, no sentido de valorizar e promover a autonomia. Dar oportunidade para a pessoa idosa realizar atividades por si só, na medida das suas capacidades, com paciência e tempo suficientes, e elogiar a cada tarefa realizada, com bom humor, mas sem infantilização do indivíduo, são atitudes simples que promovem satisfação e humanização na relação de cuidado. Mesmo pessoas acamadas podem, por vezes, realizar algumas atividades de autocuidado, o que deve ser estimulado e reforçado positivamente. (CAMPINAS, 2005) A temática do autocuidado evoca uma reflexão sobre a autonomia e bem-estar não somente da pessoa idosa, mas também do próprio cuidador em si. A qualidade de vida do cuidador influencia a qualidade da atenção e, por isso, não pode ser esquecida. ATUAÇÃO DO CUIDADOR NA PREVENÇÃO DE AGRAVOS http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf Alguns agravos à saúde merecem especial atenção para a prevenção na população idosa, seja por sua elevada frequência, seja por sua potencial gravidade nesta faixa etária, e o cuidador é uma peça fundamental para o sucesso dessas estratégias preventivas. Seguem algumas recomendações direcionadas aos cuidadores e categorizadas por agravo a ser prevenido. Essas orientações fazem parte do Guia Prático do Cuidador (BRASIL, 2008): Quedas Estimule a realização de exercícios físicos, segundo as capacidades da pessoa idosa. Faça adaptações no ambiente, como a instalação de corrimãos, barras de apoio em chuveiros e vasos sanitários. Evitetapetes e outros objetos soltos no chão da casa. Usar, quando necessário, proteção lateral em camas. Ulceras de pressão Estimule/realize a mudança de posição da pessoa a cada 2 horas. Utilize quando necessário colchão de espuma tipo "caixa de ovo". Proteja partes do corpo mais salientes com travesseiros, almofadas, lençóis ou toalhas dobradas. Mantenha a pele bem hidratada. Em caso de uso de fralda, mantenha a área limpa e seca. Pneumonia de aspiração Ajude a pessoa a se alimentar na posição sentada. Ofereça refeições em quantidades menores e mais frequentes (5 a 6 vezes ao dia). Caso necessário, aumente a consistência de alimentos líquidos para cremes e purês. Informe a equipe de saúde em caso de engasgos de repetição apesar dos cuidados descritos. Carência nutricional Ofereça uma dieta variada e rica em alimentos naturais e minimamente processados. Inclua na alimentação regular frutas, verduras e legumes sempre que possível. Evite alimentos ultra processados e ricos em gorduras, açucares e sal. Constipação intestinal Estimule a pessoa a manter hábitos regulares com horários para alimentação e evacuação e de acordo com orientações da equipe de saúde. Prefira alimentos integrais e ricos em fibras. Em caso de constipação, evite alimentos como banana prata, caju, goiaba, maçã e chá preto/mate e siga as orientações da equipe de saúde. Estimule exercícios físicos regulares, segundo as capacidades da pessoa idosa. Para pacientes acamados, faça massagens no abdome e movimentação dos membros inferiores para estimular o intestino. Infecção urinaria Em mulheres: oriente/faça a higiene após a evacuação no sentido para trás, a fim de evitar contaminação da urina com material fecal. Em pacientes em uso de sonda: promover o esvaziamento e a limpeza regular da bolsa, ao menos 1 vez ao dia; manter a bolsa sempre em nível mais baixo que a uretra, para evitar retorno da urina para a bexiga; limpar a pele em torno da sonda com água e sabão regularmente, ao menos 2 vezes ao dia. Distúrbio do sonoo Evite bebidas estimulantes após as 18:00h, como café, chá preto e mate. Evite que a pessoa idosa fique assistindo televisão ou realizando outra atividade estimulante próximo do horário de dormir. Mantenha a iluminação do quarto reduzida à noite. Avalie a possível influência de medicações, excesso de líquidos ou outros desconfortos para a dificuldade de sono da pessoa. CUIDANDO DO CUIDADOR O ato de cuidar de outra pessoa é algo complexo e pode representar um desafio para o bem-estar do próprio cuidador. A sensação de sobrecarga, esgotamento e estresse prejudica a todos e compromete a qualidade do cuidado. Além das orientações para o cuidado no domicílio, é absolutamente importante o apoio emocional, a escuta, a reflexão conjunta sobre possíveis alternativas e arranjos familiares e/ou comunitários que possam minimizar a sobrecarga. É fundamental avaliar elementos de estresse, as angústias, as ansiedades e o cansaço físico e emocional dessas pessoas. Enfim, é necessário "cuidar do cuidador" para que ele se mantenha saudável física e emocionalmente, o que começa pelo reconhecimento e aceitação de seus próprios sentimentos. Assim, independente de ser um familiar, voluntário ou trabalhador remunerado, devem ser promovidas ações de apoio e suporte ao cuidador pela equipe de saúde responsável. O documento de Orientações técnicas para a implementação de linha de cuidado, do Ministério, ressalta que, no nível local, as articulações entre as equipes de saúde e da assistência social podem oferecer importante suporte aos cuidadores, potencializando, assim, a atenção no domicílio e a qualidade de vida não apenas da pessoa idosa, mas de toda a sua família e de seu "círculo de apoio". É recomendável que o cuidador divida as responsabilidades e peça o apoio/suporte de familiares, amigos, equipe de saúde e demais recursos disponíveis na comunidade. A partir desse compartilhamento, é fundamental que ele busque garantir para si tempo livre para o autocuidado, práticas esportivas e outras opções de lazer do seu interesse. "O cuidador pode se exercitar e se distrair de diversas maneiras, como por exemplo: 1. Enquanto assiste TV: movimente os dedos das mãos e dos pés, faça massagem nos pés com ajuda das mãos, rolinhos de madeira, bolinhas de borracha ou com os próprios pés. 2. Sempre que possível, aprenda uma atividade nova ou aprenda mais sobre algum assunto que lhe interessa. 3. Leia, participe de atividades de lazer em seu bairro, faça novos amigos e peça ajuda quando precisar." (BRASIL, 2009, p. 11-12) Declaração dos Direitos do Cuidador No intuito de estimular esse autocuidado, a prefeitura da cidade de Campinas (SP), incluiu no seu Manual para cuidadores informais de idoso a cartilha de Declaração dos Direitos do Cuidador. Esse é um instrumento que você pode compartilhar nas suas visitas. Declaração dos Direitos do Cuidador 1. Tenho direito a cuidar de mim. 2. Tenho o direito de receber ajuda e participação dos familiares, no cuidado do idoso dependente. 3. Tenho o direito de procurar ajuda. 4. Tenho o direito de ficar aborrecido, deprimido e triste. 5. Tenho o direito de não deixar que meus familiares tentem manipular-me com sentimentos de culpa. 6. Tenho o direito a receber consideração, afeição, perdão e aceitação de meus familiares e da comunidade. 7. Tenho o direito de orgulhar-me do que faço. 8. Tenho o direito de proteger a minha individualidade, meus interesses pessoais e minhas próprias necessidades. 9. Tenho o direito de receber treinamento para cuidar melhor do idoso dependente. 10. Tenho o direito de ser feliz! get_app Você pode baixar a Declaração dos Direitos do Cuidador aqui (PDF 508 kb) Existem outras ferramentas para avaliar de forma objetiva a sobrecarga dos cuidadores de idosos. Dentre elas, a Escala de Zarit é indicada no Caderno de Atenção Primária 19 - Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. A Escala é composta por 22 perguntas. Em cada uma, o cuidador deve indicar a frequência em relação ao que foi perguntado. Cada resposta tem uma pontuação e, conforme o resultado, pode-se classificar a sobrecarga do cuidador de moderada a severa. Essa ferramenta é aplicada por profissionais de saúde e a avaliação dos seus resultados, junto ao cuidador principal da pessoa idosa, pode disparar formas de cuidado ao cuidador, apoiadas pela equipe de saúde. Você pode usar a no aplicativo 60+, disponível para Android, na Loja Google Play ou usar ou baixar o documento e imprimir, antes da visita. Fique atento(a) às instruções de aplicação! https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/direitos_cuidador.pdf https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/direitos_cuidador.pdf https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0001_IDOSO_ABORDAGEM_FAMILIAR/60/assets/downloads/direitos_cuidador.pdf
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