Buscar

SERVIÇO SOCIAL (1)

Prévia do material em texto

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Fabiana Priscila do Carmo
Tatiane Rodrigues Pereira 
 M GRUPO - PTG CURSO: SERVIÇO SOCIAL PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO - PTG
Ribeirão Preto / SP
2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................3
DESENVOLVIMENTO...........................................................................................4
CONCLUSÃO........................................................................................................7
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..........................................................................8
1 INTRODUÇÃO
Quando falamos do direito à alimentação e fazemos uma reflexão sobre a proteção social e o papel do estado, o primeiro ponto é que o “direito à alimentação” está expresso no artigo 6º da Constituição Federal como um direito básico do cidadão. Ou seja, o direito à alimentação é lei.
A alimentação adequada é uma necessidade básica para a existência do homem, é um direito humano que apesar de consagrado em muitos instrumentos do direito internacional (Direito Humano à Alimentação Adequada - DHAA), permanece sendo sistematicamente negado para grande contingente da população mundial. O interesse pelo estudo deste tema surgiu durante o estágio supervisionado em Serviço Social, realizado no Centro de Referência da Assistência Social - CRAS em 2019/2020. Durante os três semestres desta etapa do meu processo de formação, pude observar nas demandas atendidas pelo equipamento a grande procura pelo auxílio-alimentação, em Florianópolis provido por meio da distribuição de cestas básicas, situação que indica o contexto de miséria em que vivem muitos moradores do município. A oferta de cesta básica, apesar de um atendimento pontual e descontínuo, é uma alternativa para o enfrentamento da fome. No entanto, existem um conjunto de ações mais eficientes no âmbito da política de segurança alimentar e nutricional não adotadas pelo município de Florianópolis, apesar de existirem no papel (BOVOLENTA, 2017). Segundo Bovolenta (2017), pode ser uma estratégia para atender o usuário sem responder de fato pela demanda que ele apresenta, pois são demandas complexas, e a concessão de uma cesta básica serve de artifício para o órgão público camuflar sua omissão e negligência. A compreensão de que o direito à alimentação adequada é dever do Estado, requer uma ação estatal permanente e sistemática. O ser humano precisa se alimentar todos os dias de sua vida, assim, esta demanda não deveria ser atendida por meio de ações pontuais, auxílios de natureza emergencial, mas sim, através de intervenções estruturadas e integradas no porte de uma política pública. 
2 DESENVOLVIMENTO
A despeito dos percalços enfrentados pela economia brasileira durante a década de oitenta, manifestados na profunda crise que se instaura nos seus anos iniciais, nas marchas e contramarchas que refletem as dificuldades de retomada do crescimento e que resultam na virtual estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nesse período, além do aumento das desigualdades de renda que acompanha a aceleração do processo inflacionário da segunda metade da década, a análise de uma série de indicadores sociais surpreende ao registrar a ocorrência de progressos significativos.
O PIB per capita, que de 1970 a 1980 vinha se expandindo à taxa média de 6,1% a.a., diminui 13% entre 1980 e 1983. A tímida recuperação apresentada no período de 1984-89 leva o valor desse indicador apenas a retornar aos níveis observados no início da década11, de forma que se populariza a idéia de que os anos oitenta se constituíram para a economia brasileira, na "década perdida".
As raízes dessa crise, que se manifesta inicialmente como uma crise de endividamento externo, mas que rapidamente passa a se traduzir no desajuste interno da economia, estão nas políticas adotadas na década anterior, quando a opção pela manutenção do crescimento econômico após o primeiro choque do petróleo, e, mais do que isso, a busca do salto definitivo no aprofundamento do processo de substituição de importações, levaram o Estado brasileiro a assumir um padrão de financiamento baseado no crescente endividamento externo. Neste processo, a participação do setor privado na dívida externa se reduz de 67%, no período 1972/73 para 23% no final da década4.
O segundo choque do petróleo em 1979 e o brusco aumento das taxas de juros internacionais verificado, viriam a aprofundar a crise externa brasileira através de uma série de mecanismos: pelo salto nos juros da dívida; por reorientar os fluxos de capital preferencialmente para os EUA e Europa; e pelo impacto negativo sobre os preços relativos das "commodities", itens importantes da nossa pauta de exportação.
Após a moratória mexicana, com a paralisação da entrada de capital externo, a reciclagem da dívida passou a exigir a realização de saldos comerciais crescentes e um ajustamento brutal da política econômica dos países devedores.
Entretanto, tais superávits comerciais viriam a se traduzir em sérios desequilíbrios na economia brasileira, pois, na verdade o problema não se esgota na questão da transferência de recursos, mas se complica pelo fato de que os superávits são obtidos basicamente pelo setor privado, enquanto a responsabilidade da dívida é do setor público31. Ou seja, os saldos gerados em dólar pelo setor privado deveriam ser transformados pelo governo em cruzeiros, pela emissão monetária ou pela colocação de títulos junto ao público, com os previsíveis efeitos inflacionários e/ou recessivos.
Em conseqüência, aprofunda-se o endividamento do setor público pela capitalização dos juros da dívida, e a poupança privada vai crescentemente se colocando a serviço da rolagem da dívida pública, comprometendo o crescimento econômico.
O que agrava a situação é que à medida que as expectativas que os agentes financeiros têm sobre a capacidade do governo saldar seus compromissos vão se tornando cada vez mais desfavoráveis, tais agentes passam a exigir que os títulos apresentem juros maiores e liquidez máxima, provocando a deterioração das condições de financiamento da dívida pública interna.
Assim, a transferência de recursos privados para o governo e deste para as economias centrais viria a se transformar num elemento profundamente desestabilizador, e o desajuste externo a se traduzir no desajuste interno da economia brasileira.
A elevação das taxas de juros, além de resultar no agravamento das contas públicas, provacaria ainda a aceleração das taxas de inflação através de dois mecanismos: pelo seu impacto direto sobre os custos (com o custo financeiro passando a representar parcela crescente do custo total das mercadorias) e pelo seu impacto indireto, via elevação dos custos fixos unitários ocasionada pelos seus efeitos recessivos.
Desta forma, a inflação apresenta a primeira mudança de patamar em 1983 (como conseqüência do agravamento da crise e da própria política cambial no período), se reduz acentuadamente em 1986, sob a influência do Plano Cruzado, e volta a crescer sensivelmente nos três últimos anos da década, apesar dos sucessivos choques heterodoxos.
A crise econômica além de gerar altas taxas de desocupação masculina (4,9% no auge da crise, em 1983) e feminina (4,8%, no mesmo ano), ainda levou a uma forte retração no mercado de trabalho formal, e, em contrapartida, ao crescimento da proporção dos trabalhadores sem vínculos formais. Nesse sentido, a participação dos empregados sem carteira assinada cresce de 41,9% em 1981 para 47,2% em 1983, e apenas em 1987 retorna a níveis próximos aos do início da década (41,7%)10.
Resumindo, a crise do endividamento externo manifestada na economia brasileira na década de oitenta reflete-se em desequilíbrios internos que impactam desfavoravelmente na situação econômica da população principalmente através da queda dos níveis de emprego (e crescimento da proporção de trabalhadores sem vínculos formais) observada nos anos iniciais da década, e da aceleração da inflação verificadamais nitidamente nos seus anos finais.
O Movimento do Custo de Vida (MCV), também conhecido como Movimento Contra a Carestia (MCC), pode ser considerado um dos maiores movimentos populares que emergiram no contexto das lutas populares dos anos 1970 e 1980, tendo sido capaz de mobilizar milhares de pessoas em torno de reivindicações que iam de encontro à política econômica defendida pelo regime militar. 
Neste momento em que em nosso país, milhares de crianças passam fome e os preços dos alimentos não param de subir: “Em um ano, o quilo do arroz subiu 70%, o feijão preto, 51%; a batata 47%; a carne, 30% e o óleo de soja, 87%” (Só o poder popular acaba com a corrupção, página 3, Jornal a Verdade, julho de 2021), são as mães das periferias quem mais sentem o impacto da carestia e do custo de vida.
Quando olhamos para a situação de pobreza e extrema pobreza no Brasil, é nos lares chefiados por mulheres e com filhos menores de 14 anos, geralmente por mulheres negras, onde ela é preponderante, segundo dados apresentados em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, no dia 21 de maio de 2021.
Não é à toa que hoje também nas Brigadas de Solidariedade organizadas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario e pelo Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas, as maiores participantes são as mulheres! A luta pela melhoria da qualidade de vida, pelo saneamento básico, contra a fome, é uma luta feminista! No momento em que a fome avança sobre o nosso país, é fundamental resgatar a história daquelas corajosas mulheres que desafiaram a ditadura e hoje, travar essa luta mais uma vez, colocando nosso movimento a serviço da organização popular das mulheres!
Há ao menos 9,1 milhões de crianças de 0 a 14 anos em situação domiciliar de extrema pobreza (vivendo com renda per capita mensal de no máximo R$ 275), calcula a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança.
Na prática, isso provavelmente significa que elas estão em situação de insegurança alimentar, porque a família não terá dinheiro o suficiente para garantir todas as refeições.
3 JUSTIFICATIVA
 O Direito Humano à Alimentação Adequada, reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 na Constituição Federal Brasileira de 1988 e em outros tratados internacionais, está ligado à dignidade da pessoa humana, à justiça social e à realização de outros direitos. 
O conceito de Segurança Alimentar evolui à medida que avança a história da humanidade e alteram-se a organização social e as relações de poder em uma sociedade. 
É um conceito em permanente construção que se relaciona com diferentes interesses e diversos aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Ao longo do tempo foram incorporadas novas dimensões ao conceito, como por exemplo o entendimento de que não basta ter alimentos, mas que os mesmos precisam ser nutricionais, e além disso a produção precisa se dar de forma sustentável. 
No Brasil, através da mobilização popular e a contribuição de sociólogos, assistentes sociais, nutricionistas e pesquisadores, o tema foi sendo incorporado à agenda pública até se transformar na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), que em 2006 criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). Neste período marcado por maiores conquistas na área social, a questão da fome foi tratada com maior seriedade, e os índices de fome no país foram amenizados.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
AGUIAR, Adélia Barbosa, e PADRÃO Susana Moreira. Direito humano à alimentação adequada: fome, desigualdade e pobreza como obstáculos para garantir direitos sociais. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/7GNQn7tYqWL6wYZncbLRnSN/?format=pdf&lang=pt 
CASTRO, Josué. “A fome”. Disponível em: Acesso: 29 jun. 2022. c) SILVEIRA, Daniel. “Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer quase dobra em 2 anos de pandemia”. In G1 [online]. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/06/08/fome-no-brasil-numero-debrasileiros-sem-ter-o-que-comer-quase-dobra-em-2-anos-de-pandemia.ghtml Acesso: 29 jun. 2022. 
FUNDAÇÃO IBGE. Censo demográfico 1970-1980. Rio de Janeiro, 1980.
OLIVEIRA, Carlindo Rodrigues de; OLIVEIRA, Regina Coeli de. Direitos sociais na constituição cidadã: um balanço de 21 anos. Serv. Soc. Soc. (105); Mar 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/t4FygcBr9cBR7Zj5NjN7brs/?lang=pt Acesso 28 jun 2021. 
RODRIGUES, Alberto Tosi. Democracia: teoria e prática. Rev. Sociol. Polit. (22). Jun 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsocp/a/rsFpWcv3jqC4tgR9G4DXGwM/?lang=pt Acesso em 28 jun 2022. f) ALMEIDA, Rodrigo Estramanho de; CHICARINO, Tathiana Senne; DIÉGUEZ, Carla Regina Mota Alonso. Ciência Política. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2017 
MOTA, Ana Elizabete. MAVI, Rodrigues. Legado do Congresso da Virada em Tempos de Conservadorismo Reacionário. Scielo 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/c3GHp8JjbZ9hqfc3q3YY8GP/?lang=pt

Continue navegando