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DESCRIÇÃO Atuação do profissional de Educação Física (PEF) na promoção de saúde no âmbito hospitalar, junto a empresas com a ginástica laboral e as diferentes técnicas de avaliação física. PROPÓSITO Conhecer as diversas formas de atuação do profissional de Educação Física na promoção da saúde e a relação desse conhecimento com uma área de intervenção profissional em franca expansão é fundamental para a sua formação acadêmica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar o papel dos profissionais de Educação Física no âmbito da atenção primária em saúde MÓDULO 2 Reconhecer as funções dos profissionais de Educação Física no ambiente hospitalar MÓDULO 3 Analisar a atuação dos profissionais de Educação Física junto às empresas por meio da ginástica laboral MÓDULO 4 Reconhecer as diferentes técnicas que avaliam os componentes da aptidão física relacionada à saúde INTRODUÇÃO A partir da Revolução Industrial o homem passou, gradativamente, a dispender menos energia tanto em seu trabalho quanto fora dele. De lá para cá, também houve um aumento na variedade e quantidade de alimentos bastante energéticos e com gosto apreciado pela maioria da população, como o fast food. Como resultado, os indivíduos passaram a apresentar um preocupante crescimento de doenças com severos efeitos metabólicos, cardiovasculares e imunológicos, conhecidas por doenças crônicas não transmissíveis. Eis que cabe aos profissionais de Educação Física (PEF) contribuir para a prevenção desses problemas e, se isso não for possível para todos, minimizar os efeitos desses problemas de saúde naqueles que já os apresentarem. Recentemente, os PEF que já atuavam junto aos trabalhadores, ajudando-os a se proteger de doenças ocupacionais, foram introduzidos no ambiente hospitalar. É preciso saber como é sua atuação nesse novo contexto. Por fim, o entendimento das ferramentas de avaliação física torna mais efetivas as prerrogativas exclusivas dos PEF em seus diferentes campos de atuação. AVISO: orientações sobre unidades de medida. UNIDADES DE MEDIDA javascript:void(0) Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Na década de 1980, a visão predominante que orientava as ações de saúde era o chamado modelo biomédico, que atribui apenas fatores biológicos como responsáveis pelas doenças.Nesse sentido, tanto fatores psicológicos quanto sociais são desprezados como potenciais agentes causadores de doenças. Assim, a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS, foi uma tentativa de superar o modelo biomédico que já não atendia à população brasileira e tinha custos muito elevados. Contudo, é preciso perceber que tal modelo ainda predomina no mundo ocidental e sua forma de propor a saúde influencia fortemente crenças individuais dos brasileiros. MÓDULO 1 Identificar o papel dos profissionais de Educação Física no âmbito da atenção primária em saúde EXEMPLO Quando se ouve notícias de que determinada doença é causada por uma anomalia genética de um dado indivíduo e sua interação com o ambiente (dando a entender que esse é o único fator), tem-se uma forma de ver o problema de acordo com o modelo biomédico. De modo similar, o uso de animais geneticamente modificados como forma de entender os efeitos de diversas patologias são outra maneira de entender a saúde pelo prisma biomédico. Podemos citar, como exemplo, os camundongos nocaute, nos quais determinado gene é “suprimido”. O uso de primatas, como os chimpanzés, para entender problemas de saúde é um outro exemplo. Note que os primatas são utilizados por serem considerados similares a nós, em termos evolutivos, evidentemente desprezando causas psicológicas e sociais já que, nesses âmbitos, a comparação entre primatas e homens é pobre, dada a complexidade humana. Assim, fica evidente que, no modelo biomédico, tanto a doença como sua cura têm suas características determinadas exclusivamente por fatores biológicos, excluindo as influências psicológicas, ambientais e sociais. Exemplo disso é que médicos tendem a analisar e procurar falhas biofísicas ou genéticas para explicar as doenças, se concentrando em testes laboratoriais objetivos sem atentar à subjetividade e história do paciente. MODELO BIOPSICOSSOCIAL Pelo modelo biomédico, ser saudável é apresentar ausência de dor, doença ou defeito. Agora, atente para a definição de saúde da Organização Mundial de Saúde - OMS: SAÚDE É O ESTADO DO MAIS COMPLETO BEM-ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL E NÃO APENAS A AUSÊNCIA DE DOENÇAS. (SCLIAR, 2007) A OMS cunhou uma definição de saúde mais abrangente do que aquela sugerida pelo modelo biomédico. De fato, essa definição está mais de acordo com o chamado modelo biopsicossocial, proposto em 1977 pelo psiquiatra George L. Engel, visando avaliar de modo mais completo (holístico), envolvendo questões biológicas, sociais, psicológicas e comportamentais do paciente, antes de determinar sua doença e o potencial tratamento. Embora o modelo biomédico continue sendo a teoria dominante na área da Saúde, como os exemplos de genética acima sugerem, diversas áreas da Medicina, Enfermagem, Sociologia e Psicologia vêm fazendo uso crescente do modelo biopsicossocial. COMENTÁRIO Desse modo, um dos motivos da inclusão de profissional de educação física no SUS se deve à percepção de que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um importante fator de risco para morbidade e mortalidade em todo o mundo. Além das DCNT, os chamados problemas psicológicos são um importante fator de adoecimento no mundo ocidental. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Nesse contexto, e como sugestão de que o modelo biopsicossocial é superior ao modelo biomédico, cresce o uso da chamada terapia cognitivo-comportamental (TCC), a abordagem psicoterápica mais estudada em termos científicos no tratamento de DCNT e transtornos psicológicos. A TCC trabalha com a relação de interdependência entre pensamentos, sentimentos e comportamentos. VOCÊ SABIA Alguns estudos mostram que essa terapia é mais efetiva para o tratamento da ansiedade e depressão do que o uso isolado de medicamentos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) atua sobre a maneira como as pessoas pensam e se comportam para ajudá-las a superar seus problemas emocionais e comportamentais. MAS COMO A TCC INCORPORA FATORES QUE ESTÃO DE ACORDO COM O MODELO BIOPSICOSSOCIAL? A TCC reconhece que as pessoas possuem valores e crenças sobre elas próprias, sobre o mundo e sobre outras pessoas. Assim, de acordo com a TCC, um evento qualquer que venha a ocorrer na vida de uma pessoa vai gerar emoções positivas ou negativas não necessariamente por ser negativo ou positivo, mas pelo significado que a pessoa lhe dá em função de suas crenças e valores. A TCC atua como alternativa de tratamento para várias condições. Veja: Obviamente, a TCC reconhece que fatores do mundo exterior nos afetam, mas enfatiza que é preciso adotar comportamentos que não sejam destrutivos ou contraproducentes para lidar com tais fatores. Vamos usar como exemplo a obesidade. Essa patologia metabólica tem inúmeras consequências negativas para a saúde, pois é acompanhada de muitas comorbidades. Pessoas obesas apresentam problemas biológicos e psicológicos, como maior risco de depressão, demência, ansiedade e sociais. A TCC tem sido utilizada como terapia não-farmacológica para o tratamento da obesidade com resultados bastante promissores. Como destacado, a TCC enfatiza que a forma como se pensa determina nosso modo de sentir e se comportar. Porém, o contrário também é verdadeiro; muitas das técnicas da TCC envolvem mudar a forma pela qual alguém pensa/agepor meio da modificação de como essa pessoa age. Um exemplo seria modificar a sensação de depressão e letargia ao se adotar, gradualmente, um comportamento mais ativo. Então, começar a se exercitar vai pouco a pouco afetando a “realidade” biológica, psicológica e social da pessoa que originalmente se sente deprimida e letárgica. Como tratamos da atuação do profissional de educação física na promoção da saúde, já podemos antecipar que a ação adequada desse profissional não se restringe a prescrever exercícios, mas prescrevê-los de modo individualizado, considerando os antecedentes biológicos, psicológicos e sociais do usuário do SUS. SUS E A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Na década de 1980, havia uma insatisfação com o modelo biomédico. Antes de continuar com esse tópico que levará ao papel dos PEF na Atenção Primária em Saúde (APS), é preciso entender o que APS significa. Os cuidados de APS devem ser entendidos como o primeiro nível de contato do paciente com o SUS e, como porta de entrada no sistema, um dos objetivos primordiais é divulgar a promoção de saúde, para alertar e orientar o usuário. Por meio da atenção primária, se pode solucionar casos mais simples e conter o agravamento das doenças. Essa explanação sobre a APS pode ser reforçada pelo contraste entre os conceitos de prevenção primária, secundária e terciária. Inicialmente, deve-se destacar que a prevenção de doenças visa reduzir o risco de se adquirir alguma enfermidade, e de que tal doença venha a afetar a pessoa. Veja mais sobre esses conceitos. PREVENÇÃO PRIMÁRIA É a atitude de remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional. A prevenção primária inclui a promoção da saúde e proteção específica, como a imunização por vacinas, orientação para adotar um estilo de vida ativo e uma boa alimentação que evitem problemas como o diabetes tipo 2. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Pode ser definida como a ação para identificar um problema de saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, em um indivíduo ou na população, facilitando o diagnóstico, o tratamento e reduzindo consequências a longo prazo (ex. diagnóstico precoce). PREVENÇÃO TERCIÁRIA É a ação para reduzir, no indivíduo ou na população, os comprometimentos funcionais decorrentes de um problema agudo ou crônico (ex. complicações de um acidente vascular cerebral). Assim, fica evidente que o papel dos PEF na promoção de saúde se identifica com a prevenção primária. Isso se torna ainda mais importante quando se atenta para a estimativa da Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS, s/d) de que a APS representa cerca de 80%-90% das necessidades de uma pessoa ao longo da vida; isto é, quando se procura pelo serviço de saúde, a maior parte dos atendimentos é na APS. COMENTÁRIO Portanto, os PEFs fazem um trabalho que reduz a necessidade de atendimentos de emergência. Foi no contexto da insatisfação quanto ao modelo biomédico que a Constituição Federal foi promulgada. Em seu artigo 198, ela determina que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e constituem um sistema único organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Descentralização - com direção única em cada esfera de governo. Atendimento integral - prioridade para ações preventivas sem prejuízo dos serviços assistenciais. Participação da comunidade. Em 2012, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi caracterizada como uma forma de expandir e consolidar os princípios, diretrizes e fundamentos da APS (na referida data, ocorreu a aprovação da Política Nacional de Atenção Básica pelo Ministério da Saúde). SAIBA MAIS Além da ESF, o SUS também estabeleceu o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) como forma de reorganizar a APS, enfatizando a família nas políticas de saúde pública populacional. Uma das formas de implementar seus objetivos juntos às famílias, a APS foi operacionalizada via implantação de equipes multidisciplinares com médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem, mas, como se pode ver, tal equipe não contava com os PEF. ATENÇÃO Uma vez que o SUS tem como modelo prioritário de organização primária a ESF, ele deve promover ações de educação em saúde e promoção de saúde. Especificamente, em termos de promoção de saúde, deve incentivar modos de vida saudáveis, particularmente, agindo sobre os principais fatores de risco modificáveis, como tabagismo, etilismo, dieta inadequada e inatividade física, que contribuem para o perfil de morbimortalidade brasileiro. No que se refere ao campo de trabalho dos PEF, houve um crescente reconhecimento da importância da atividade física para a promoção de saúde e de se combater as DCNT, levando à maior demanda de PEF para promover a APS. De fato, as DCNT constituem um problema de saúde pública em todo o mundo, e representam uma das principais causas de morte da população. NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA Para apoiar a Atenção Primária à Saúde - APS criou-se o Núcleo de Apoio da Saúde da Família (NASF), permitindo que outros profissionais, como os PEF, participassem das iniciativas da APS. Assim, o NASF alargou o escopo das ações da APS e a capacidade clínica das equipes de saúde, pois consiste em uma equipe com profissionais de diferentes áreas do conhecimento que atuam em conjunto nas equipes da ESF. Em concordância com isso, o SUS indica que a prática regular de exercício físico é um determinante de saúde integral e que deve ser orientada por profissionais capacitados. Em sua atuação no NASF, os PEFs planejam e realizam treinamentos especiais com ênfase nas práticas corporais e nas atividades físicas especializadas, seguindo a concepção de saúde coletiva ao invés da individual. É um trabalho voltado para a promoção da saúde, prevenindo e tratando de modo não farmacológico as DCNT. Adicionalmente, os PEFs devem elaborar projetos educacionais para a população. Em suma, a atuação desses profissionais visa oferecer suporte especializado para que a população tenha um estilo de vida mais ativo e realize exercício físico regularmente sob supervisão de pessoas capacitadas. É importante destacar que a atuação dos PEFs na APS vai além da prescrição de exercícios, pois também compreende a criação de projetos educacionais. EXEMPLO Muitos clientes dos serviços de saúde tendem a acreditar que os benefícios do exercício físico regular se restringem ao emagrecimento, desconsiderando benefícios quanto às DCNT, à prevenção da osteoporose e à promoção de um envelhecimento saudável. Além desses objetivos “biológicos”, os PEFs na APS também devem alcançar objetivos socioafetivos e cognitivos. Nesse contexto, uma preocupação que surge é se a formação dos PEFs está adequada. COMENTÁRIO Infelizmente, já se observou que a maioria dos cursos de graduação em Educação Física não apresenta direcionamento à APS. Portanto, PEF devem procurar compensar essa falha em sua formação por meio de estudos. Reforçando essa necessidade de obtenção de conhecimentos, está o fato de os PEF terem sido, depois da criação do NASF, também incumbidos de atuar no ambiente hospitalar. O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE O especialista Frank Bacurau fala sobre as oportunidades para os profissionais de educação física na Atenção Primária à Saúde. VEM QUE EU TE EXPLICO! SUS e a Atenção Primária à Saúde Núcleo de Apoio à Saúde da Família VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Reconhecer as funções dos profissionais de Educação Física no ambiente hospitalar O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM AMBIENTE HOSPITALAR A Resolução n° 391, de 26 de agosto de 2020, do Conselho Federal de Educação Física, em seu artigo 1º, definiu a atuação dos Profissionais de Educação Física - PEF em contextos hospitalares. Falaremos a partir daqui sobre outros artigos e suas resoluções. Acompanhe. Em seu artigo 2º, a resolução reconhece que os PEFs possuem formação para intervirem contextos hospitalares, em níveis de atenção primária, secundária e/ou terciária em saúde, dentro da estrutura hierarquizada preconizada pelo Ministério da Saúde e considerando o SUS. No artigo 3º da mesma resolução, estão descritas as atribuições exclusivas dos PEF no ambiente hospitalar. SAIBA MAIS Assim, no que se refere às áreas de atividade física e do exercício físico, é atribuição desse profissional coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar, executar trabalhos, programas, planos e projetos nas áreas de atividades físicas e do exercício físico, destinados à promoção, prevenção, proteção, educação, intervenção, recuperação, reabilitação, ao tratamento e aos cuidados paliativos da saúde física e mental, na área específica ou de forma multiprofissional e/ou interdisciplinar. ITENS DA RESOLUÇÃO 391 No artigo 4º da resolução, são tratadas as competências e atribuições dos PEF no contexto hospitalar. O item I desse artigo cita que os PEF podem intervir na melhora da condição de saúde dos pacientes diagnosticados com determinadas enfermidades utilizando técnicas e ferramentas para avaliar e prescrever orientação de sessões de recuperação e tratamento. EXEMPLO Um indivíduo chega ao serviço hospitalar e seu diagnóstico aponta para diabetes. A história natural dessa patologia relata que, a partir do diagnóstico, é possível perceber que mudanças funcionais estão ocorrendo. Especificamente, isso significa que há aumento na taxa de filtração dos rins, aumento reversível da albuminúria e aumento do tamanho dos rins. O que acontece então? 2 – 5 ANOS Entre dois a cinco anos do diagnóstico, ocorrerão mudanças estruturais nos rins (essas já tendem a ser irreversíveis!), tais como aumento da espessura da membrana basal e expansão mesangial. 11 – 23 ANOS Entre 11-23 anos após o diagnóstico do diabetes, o portador da doença tende a apresentar proteinúria (perda de proteínas na urina) e queda da taxa de filtração glomerular. 15 – 27 ANOS Entre 15-27 anos do diagnóstico, o diabético tende a entrar no estágio de doença renal crônica (embora, como se pode ver pelos períodos anteriores, os rins já estivessem sendo afetados, esse período marca a perda definitiva da capacidade renal). Os programas de exercício no ambiente hospitalar podem impedir o agravamento de diversos problemas de saúde. Portanto, os PEF no âmbito hospitalar, deverão usar suas habilidades e competências para introduzir a prática regular de exercícios no cotidiano do paciente (já as ações de educação em saúde irão fornecer os conhecimentos iniciais que aumentarão a probabilidade de o paciente permanecer ativo após a alta hospitalar). No item II do artigo 4º da resolução, verificamos que o PEF pode tomar decisões sobre a prática de exercícios, ou a sua interrupção, a partir da coleta de dados e interpretações de exames. EXEMPLO Pacientes com diabetes têm morbimortalidade aumentada por problemas cardíacos. Nesse sentido, um dos elementos descritos acima e que se aplicaria no caso do portador de diabetes seria a identificação de fatores de risco. Ainda que existam várias formas de classificar os fatores de risco, classicamente eles têm sido separados em modificáveis e não modificáveis. Fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares. Outro tipo de classificação de fatores de risco é como fatores independentes, predisponentes e condicionais. Acompanhe. FATORES INDEPENDENTES São aqueles em que a relação de causa/efeito está totalmente comprovada. Sob essa classificação, são fatores independentes a idade (> 45 anos para homens e > 55 anos para mulheres). FATORES PREDISPONENTES São os que podem levar a um problema ao se associarem a algum fator independente. No caso das doenças cardiovasculares, a obesidade (especialmente a abdominal), a etnia e o histórico familiar são exemplos de fatores predisponentes. FATORES CONDICIONAIS São aqueles em que há forte evidência de sua presença na aterogênese; contudo, ainda existem incertezas quanto a seu papel como fator de risco independente. São exemplos a chamada proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR), o fibrinogênio e a hemocisteína. Dentre os diversos elementos apresentados no II item do artigo 4º, foi dissertado sobre fatores de risco (no caso de risco para doenças cardiovasculares, bem prevalente em pacientes portadores de diabetes) que os PEF elaborem um programa de exercício de modo seguro. SAIBA MAIS De acordo com o III item do artigo 4º da Resolução nº 391, o PEF deve conhecer, aplicar e interpretar testes de laboratório e de campo, protocolos de avaliação física, medidas antropométricas e questionários, bem como suas indicações e contraindicações, e critérios de interrupção de teste. Como dito, no exemplo sobre o item I, o suposto paciente diabético necessitará iniciar uma prática regular de exercícios enquanto estiver hospitalizado. Podemos ainda considerar um portador de diabetes que não se encontra internado, mas que procura uma unidade básica de saúde onde possa praticar exercícios orientados por meio da iniciativa do NASF. Vale lembrar ainda que as equipes do NASF, além de ocuparem os espaços físicos das unidades às quais estão vinculadas, podem ocupar outros espaços que se encontrem disponíveis, tais como academia, escolas, parques etc. TESTE DE ESFORÇO Nesse contexto, o programa de exercícios deve começar com a avaliação física, sendo o teste de esforço máximo o mais indicado para detectar fatores de risco cardiovasculares, os quais costumam estar presentes em diabéticos. Os PEF devem conhecer diversas informações sobre a aplicação dos testes máximos. Uma delas é a contraindicação para participação em um teste de esforço. Veja a seguir. CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS Alterações significativas do eletrocardiograma que sugiram um infarto do miocárdio. Complicações de um infarto do miocárdio recente. Angina instável. Arritmia ventricular não controlada. Arritmia atrial não controlada comprometendo a função cardíaca. Bloqueio atrioventricular de 3º grau sem marcapasso. Insuficiência cardíaca congestiva aguda. Estenose aórtica grave. Aneurisma dissecante conhecido ou suspeito. Miocardite ou pericardite ativa ou suspeita. Tromboflebite ou trombos intracardíacos. Embolia pulmonar ou sistêmica recente. Infecção aguda. Estresse emocional significativo. CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS Pressão arterial diastólica em repouso > 115mmHg ou pressão arterial sistólica em repouso > 200mmHg. Doença cardíaca valvular moderada. Marcapasso de ritmo fixo. Aneurisma ventricular. Doença metabólica não controlada (Diabetes Mellitus). Doença infecciosa crônica. Desordens neuromusculares. Anormalidades eletrolíticas conhecidas. Gravidez avançada ou com complicações Em alguns casos, é preciso interromper o teste de esforço. Quando isso acontece? Veja alguns motivos que levam à interrupção. O avaliado pede para que o teste seja encerrado. A frequência cardíaca alvo é atingida. Limitações físicas (exaustão). Náusea e vômito. Claudicação induzida pelo exercício. Palidez intensa. Pressão arterial sistólica > 250mmHg. Pressão arterial diastólica > 120mmHg em normotensos. Pressão arterial diastólica > 140mmHg em hipertensos. Dispneia grave e desproporcional à intensidade do exercício. Desconforto musculoesquelético intenso. Taquicardia ventricular. Redução da frequência cardíaca e da pressão arterial com o aumento do esforço. Instabilidade emocional. Perda da qualidade do exercício. Falha dos equipamentos. Aumento progressivo da duração (do complexo) QRS. Fibrilação ou taquicardia atrial. Aumento do grau de bloqueio atrioventricular, de 2º e 3º graus. Manifestações clínicas de desconforto torácico com aumento de carga que se associa com alterações do eletrocardiograma ou outros sintomas. OUTROS EXAMES O item IV do artigo 4º estabelece ainda que o PEF pode solicitar exames complementares e/ou interconsultaspara avaliação médica especializada e consultas compartilhadas com outros profissionais de saúde para identificar restrições e monitorar os exercícios físicos. EXEMPLO Um exemplo da atuação do PEF em consonância com esse quarto item seria solicitar o teste A1C (também conhecido como teste de hemoglobina glicada ou hemoglobina A1C ou HbA1C), que é o teste mais pedido pelos médicos no gerenciamento do diabetes. Esse teste mensura a quantidade de glicose no sangue do paciente que se ligou à hemoglobina presente nas hemácias. HEMOGLOBINA A hemoglobina é a proteína que transporta oxigênio dos pulmões para a periferia. Em termos simples, quanto mais glicose houver no sangue e por mais tempo esse aumento estiver persistindo, mais glicose se ligará à hemoglobina. javascript:void(0) O resultado desse teste é dado em porcentual: NORMAL. O valor considerado normal é menor do que 5,7%. PRÉ-DIABETES. Quando os valores estão entre 5,7% e 6,5%, classifica-se o indivíduo na faixa de pré-diabetes. DIABETES. Valores maiores do que 6,5% de hemoglobina glicada significam que o indivíduo está na faixa do diabetes. Os PEFs atuando no âmbito hospitalar podem usar esse exame para orientar as pessoas que se atentem ao risco de diabetes e à eficácia de seu programa de treinamento, à medida que os valores de hemoglobina glicada diminuem conforme a progressão da prática de exercícios físicos. Outro aspecto importante do teste é que ele permite obter a chamada média estimada de glicose, ou seja, qual de fato deve ter sido a glicemia da pessoa avaliada. SAIBA MAIS Suponha que, ao saber que será testada, a pessoa passe a se alimentar de modo mais equilibrado apenas para não ser “repreendida” pelo profissional. Ainda que ela se alimente melhor por uma semana, não conseguirá seu intento, pois o teste aponta a glicemia dos últimos dois a três meses (estimada) Pelo V item do artigo 4º, é papel do PEF prescrever e adaptar as variáveis do treinamento, como tipo, intensidade, frequência e duração da sessão de exercícios físicos, de acordo com as necessidades de cada grupo, seu estado de saúde, fatores de risco e limitações. Ainda no exemplo de prescrição da atividade física para indivíduos diabéticos, os PEFs devem saber que indivíduos com essa doença tendem a ter menor força e resistência musculares em comparação a sujeitos não diabéticos da mesma idade e do mesmo sexo. Assim, o conhecimento desse profissional o permitirá adaptar o programa de atividade física às necessidades individuais e coletivas de seus clientes. O item VI diz que o PEF pode mensurar e interpretar respostas hemodinâmicas, ventilatórias e metabólicas, bem como identificar os sinais e sintomas advindos da prática de atividades físicas/exercícios físicos associada a interações medicamentosas. RECOMENDAÇÃO No trabalho com diabéticos, um exemplo de interação medicamentosa seria a interação do efeito da insulina exógena com o efeito do exercício sobre a glicemia. Mais especificamente, em pessoas que tomam insulina antes do exercício e, caso esta ainda esteja atuando, pode ocorrer uma hipoglicemia. Da mesma maneira, terminar um exercício e tomar uma dose inadequada de insulina logo após pode ter o mesmo efeito. Veja a seguir outros itens da resolução que orientam o papel do PEF na área da saúde. Aplicar métodos e técnicas psicomotoras diversas, orientar e ministrar exercícios físicos para promover, otimizar, reabilitar e aprimorar o condicionamento e o desempenho físico corporal, e buscar, por meio da atividade física, as boas condições de vida e da saúde. Interpretar e emitir laudos, declarações, pareceres e outros documentos quando indicados para fins diagnósticos e terapêuticos. Promover estilos de vida saudáveis às necessidades de indivíduos e grupos, atuando como agente de educação em saúde e de transformação social. Utilizar fichas de controle, ou equivalentes, para registrar as informações sobre dados clínicos e pessoais, uso de medicamentos e outras informações, e relatar em prontuário, observando o rol de procedimentos constantes no Sistema de Gerenciamento da Tabela Unificada de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP) Estabelecer critérios para possíveis encaminhamentos para atendimento geral, especialidades e/ou alta ambulatorial/hospitalar, individualmente ou em conjunto com outros Profissionais de Saúde. Desenvolver estudos científicos de forma multiprofissional e/ou interdisciplinar para fomentar a prática baseada em evidências, bem como estratégias de intervenção custo- efetividade na área da atividade física e do exercício físico. Realizar mapeamento de dados nas altas hospitalares, com análises e investigações das causas e consequências, relacionadas à atividade física, da origem externa das doenças. Atuar em ações de natureza técnico-pedagógicas, na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, por meio de atividades com alunos de graduação e pós-graduação e em programas de residência multiprofissional em saúde. Exercer a responsabilidade técnica do profissional de Educação Física, respeitando o previsto nas regulamentações expedidas pelo Sistema CONFEF/CREFs. Atuar em consultorias, auditorias e assessorias na área específica de educação física de forma isolada, multiprofissional e/ou interdisciplinar, bem como participar de órgãos gestores e da gerência de áreas técnicas/administrativas. Atuar no campo de infraestrutura e materiais para o desenvolvimento das atividades de atenção à saúde. Atuar e contribuir de forma efetiva para a qualidade do trabalho individual e em equipe multiprofissional e/ou interdisciplinar, em conformidade com o Código de Ética Profissional. O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO AMBIENTE HOSPITALAR O especialista Frank Bacurau fala sobre as oportunidades para os profissionais de educação física no ambiente hospitalar. VEM QUE EU TE EXPLICO! O profissional de Educação Física em ambiente hospitalar Teste de esforço Outros exames VERIFICANDO O APRENDIZADO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM AMBIENTE LABORAL Um estilo de vida ativo é fundamental para que os indivíduos tenham saúde. Pesquisas apontam para o fato de que a maioria das pessoas tem ciência disso, contudo apenas uma pequena parcela da população pratica exercício físicos regularmente ou usa seu tempo de lazer de modo fisicamente ativo. Nesse contexto, a principal justificativa para não ser ativo é a falta de tempo. Em contrapartida, grande parte dos indivíduos da população dispende muitas horas de seu dia trabalhando. Uma boa oportunidade é aproveitar o tempo dedicado ao trabalho para se exercitar. Além disso, as vantagens econômicas de uma força de trabalho produtiva e saudável são indiscutíveis. MÓDULO 3 Analisar a atuação dos profissionais de Educação Física junto às empresas por meio da ginástica laboral Infelizmente, os trabalhadores têm tido sérios problemas de saúde. Afinal, há muito tempo, o trabalho do homem vem deixando de ser manual, que gasta mais energia, migrando para o trabalho sedentário. Pode-se traçar essa transformação na forma de trabalho desde a Revolução Industrial que, a partir de sua ocorrência, foi gradualmente diminuindo a necessidade de gastar energia, uma vez que o trabalho manual foi substituído por meios mecânicos, tais como máquinas e ferramentas. VOCÊ SABIA Além do fato de essa automação ter reduzido a necessidade de esforço físico, ela também gera problemas, pois esse novo trabalho de movimentos repetitivos é fonte de cansaço postural, trazendo consigo efeitos fisiológicos (ex. fadiga, distúrbios osteomusculares) e psicológicos (estresse, depressão) negativos. Também devemos considerar que o aumento da jornada de trabalho é outro fator que interfere no organismo e, consequentemente, reduz o tempo livre do trabalhador, inclusive, o tempo de descanso. Por essa razão, há um aumento da ocorrência de doenças ocupacionais associadas ao trabalho, tais como as lesões por esforço repetitivo(LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). A postura inadequada no ambiente de trabalho é uma das causas das doenças ocupacionais. Ao trabalhar a musculatura e a consciência corporal, a ginástica laboral ajuda na prevenção desses males. ATENÇÃO Tanto LER quanto DORT são eventos que ocorrem devido ao trabalho excedente imposto à musculatura do trabalhador e à falta de tempo para que os efeitos negativos desse trabalho sejam recuperados, isto é, não há tempo adequado de recuperação. Os trabalhadores podem reportar dor, parestesia, sensação de peso e fadiga (geralmente nos membros superiores). Muitas vezes, essas doenças irão se tornar crônicas. As doenças ocupacionais podem gerar perdas de oportunidade de duas maneiras: o absenteísmo e o presenteísmo. ABSENTEÍSMO PRESENTEÍSMO O absenteísmo se refere ao tempo passado fora do local de trabalho por causa de problemas de saúde. O presenteísmo é a diminuição da produtividade por parte do trabalhador cujos problemas de saúde não o levaram a faltar. Mais especificamente, no caso do presenteísmo, o indivíduo está presente, mas limitado em sua performance por causa de sua doença ocupacional. Diante disso, a promoção de saúde no local de trabalho consiste em prevenir, minimizar e eliminar problemas laborais, bem como manter e promover a capacidade de trabalhar. A saúde e o bem-estar do trabalhador são mantidos em equilíbrio por meio de ingredientes físicos, mentais, sociais e por meio de hábitos de vida saudáveis associados com boa condição física, energia e vitalidade. GINÁSTICA LABORAL Parte da promoção da saúde do trabalhador é realizada por meio da chamada ginástica laboral (GL), forma de atuação dos PEF no ambiente de trabalho. Ginástica laboral consiste em uma série de ações planejadas e executadas durante o horário de trabalho com o objetivo de melhorar os estados das estruturas musculoesqueléticas (ex. ossos, músculos, tendões, ligamentos) mais exigidas no trabalho (isto é, exaustivamente acionadas), além de movimentar aquelas pouco exigidas. Entre os tipos de exercícios realizados na GL, estão os de alongamento e os de relaxamento muscular. Note, porém, que esses exercícios são feitos conforme as necessidades das funções executadas por cada tipo de trabalhador. As vivências de GL podem ser classificadas de acordo com o horário em que ocorre e seu objetivo. Veja: GL PREPARATÓRIA A GL preparatória é feita antes que a pessoa comece a trabalhar e tem por objetivo prevenir acidentes de trabalho ao prepará-la para as tarefas que irá executar. javascript:void(0) GL COMPENSATÓRIA A GL compensatória, ou de pausa, consiste em atividades realizadas no meio do horário de trabalho, interrompendo momentaneamente as tarefas do trabalhador. Tem por objetivo prevenir vícios posturais, interromper a monotonia do trabalho e relaxar as estruturas sobrecarregadas. GL DE RELAXAMENTO Na GL de relaxamento, são realizadas as mesmas atividades da GL compensatória, porém no final do turno de trabalho e com maior enfoque no relaxamento muscular, para oxigenar as estruturas musculoesqueléticas. Agora vamos considerar os benefícios para a empresa e para os trabalhadores: EMPRESA Haverá diminuição do absenteísmo e do presenteísmo, ou seja, há um aumento de produtividade, assim como ocorrerá redução de gastos com despesas médicas, da rotatividade dos trabalhadores e atenuação do número de erros e falhas. TRABALHADOR Doenças ocupacionais como DORT e LER irão diminuir, além de outros benefícios potenciais, como a melhora da autoimagem, do condicionamento físico, diminuição da fadiga muscular, melhoria da saúde mental e aumento da disposição. Há também trabalhadores que observaram a melhoria do relacionamento interpessoal, já que a prática da GL dá oportunidade de convívio social, de comunicação e, portanto, de aproximação das pessoas. javascript:void(0) javascript:void(0) O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO AMBIENTE LABORAL O especialista Frank Bacurau fala sobre oportunidades para os profissionais de Educação Física no ambiente laboral. VEM QUE EU TE EXPLICO! O professor de Educação Física em ambiente laboral Ginástica laboral VERIFICANDO O APRENDIZADO AVALIAÇÃO FÍSICA EM SAÚDE Vamos começar esse último módulo com uma pergunta: você sabe o que é aptidão física? A capacidade de realizar as atividades da vida diária com vigor e prontidão, sem fadiga demasiada e com ampla energia para desfrutar das atividades de lazer ou atender às situações inesperadas, recebe o nome de aptidão física. É preciso destacar que a aptidão física relacionada à saúde é composta de diferentes valências físicas, tais como aptidão cardiorrespiratória, força muscular, resistência muscular localizada - RML, flexibilidade e composição corporal. SAIBA MAIS MÓDULO 4 Reconhecer as diferentes técnicas que avaliam os componentes da aptidão física relacionada à saúde É evidente que indivíduos que possuem um estilo de vida sedentário apresentam aptidão física aquém do desejado. Nesse contexto, é por meio da atividade física planejada, estrutura, repetitiva e proposital que se melhora a aptidão física. O planejamento de um programa de exercícios exige que se realize o processo de avaliação física. Caso contrário, como determinar qual a atual aptidão física de uma pessoa para determinar a carga de exercício que irá fazer com seu corpo se adapte? Uma carga insuficiente não promoverá adaptação, enquanto uma excessiva causará lesão e adaptações negativas. Especificamente, é por meio dos resultados da avaliação física que poderemos prescrever a intensidade e os volumes de treino específicos para o sujeito avaliado. AVALIAÇÃO FÍSICA Avaliação física é um processo de tomada de decisões que estabelece um julgamento de valor sobre a qualidade de algo que se tenha medido. EXEMPLO Tome como exemplo a capacidade cardiorrespiratória. Sua avaliação consiste em escolher um teste (instrumento utilizado para obter medidas) que seja adequado (que mensure tal capacidade). Em seguida, o resultado obtido nesse teste será comparado com alguma referência. Essa comparação pode ser realizada em uma população de indivíduos equivalentes ao que foi avaliado ou ao próprio avaliado. Assim, pode-se comparar o valor obtido para capacidade aeróbia no teste com a média dos indivíduos do mesmo sexo, idade e condição física do avaliado, ou ainda comparar o resultado com um resultado anterior da própria pessoa. Dito isso, pode-se estabelecer os motivos pelos quais se deve realizar uma avaliação física. Avaliação da composição corporal por bioimpedância. POR QUE FAZER UMA AVALIAÇÃO FÍSICA? Verificar a condição inicial do indivíduo (aluno, atleta, cliente). Obter dados para a elaboração de prescrição adequada de atividade. Incluir, excluir e indicar um exercício físico. Programar o treinamento. Programar a progressão do avaliado durante o treinamento (reavaliações). Verificar se os objetivos estão sendo atingidos. QUANDO DEVE SER FEITA UMA AVALIAÇÃO FÍSICA? No início de qualquer programa de exercício físico. No decorrer do período de treinamento. Ao final de um ciclo de treinamento ou quando for necessário reformulá-lo. Dentre os tipos de avaliação física, temos: AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA A avaliação diagnóstica é usada para começar qualquer trabalho. Seu propósito será conhecer as condições iniciais do avaliado, para, a partir daí, serem traçados os objetivos finais. AVALIAÇÃO FORMATIVA A avaliação formativa é realizada durante o período de aulas ou treinamento. Por meio dela, é possível verificar o andamento do trabalho ou o desempenho do indivíduo, enquanto ainda há tempo de fazer modificações. AVALIAÇÃO SOMATIVA A avaliação somativa é feita ao final de um dado período (previamente estabelecido) para verificar se os objetivos propostos foram atingidos. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DE TESTES Para avaliações precisas, é necessário selecionar testes que tenham validade, confiança e objetividade.VALIDADE CONFIANÇA OBJETIVIDADE Por validade entende-se a habilidade do teste para mensurar precisamente, com um mínimo de erro, o componente da aptidão física que ele pretende medir. A confiança é a habilidade do teste em produzir medidas semelhantes, tomadas pelo mesmo avaliador, em ocasiões diferentes. Por exemplo, um mesmo indivíduo utilizando o teste de dobras cutâneas em dois dias seguidos e obtendo resultados similares (para que o exemplo seja mais correto, é preciso considerar que o avaliador deve dominar o teste e que, de um dia para o outro, uma pessoa não engorda a ponto de suas dobras cutâneas mudarem). Objetividade é a habilidade do teste em produzir escores similares para um determinado indivíduo, quando o mesmo teste é administrado por dois avaliadores diferentes. Como mencionado, o resultado de um teste precisa ser comparado com outros de indivíduos similares ao sujeito que foi avaliado, ou com testes anteriores do próprio sujeito. No primeiro caso, é preciso que exista uma norma, que nada mais é do que um padrão ao qual o resultado obtido em um teste pode ser comparado. ETAPAS BÁSICAS DA AVALIAÇÃO FÍSICA A sequência para que seja possível cumprir as etapas básicas da avaliação são: Formulação de objetivos e definição de atributos, ou seja, o que medir. Seleção dos procedimentos ou técnicas de medidas a serem utilizadas em função da situação, ou seja, como medir. Interpretação dos resultados individuais ou do grupo, de acordo com o tipo de avaliação: diagnóstica, formativa ou somativa, ou seja, como comparar o referencial escolhido. OBJETIVOS O que vamos treinar ou ensinar nos leva a considerar os objetivos do planejamento de ensino e, a partir deles, formulamos o que medir. Podemos medir os aspectos de aptidão física dependentes de: idade, sexo, modalidade desportiva, período ou etapa de treinamento. PROCEDIMENTOS A escolha dos tipos de técnicas e de instrumentos é de grande importância, devendo ser feita em função dos objetivos e do grau de precisão que se deseja. Compreende basicamente: teste, observação, entrevistas e questionários. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS São etapas realizadas após a coleta dos dados e que dependem dos critérios ou das referências escolhidos: desempenho individual de acordo com as normas preestabelecidas ou de acordo com os resultados do grupo onde os testes foram realizados, evolução em função da meta, do grupo ou do próprio indivíduo, e associação entre essas diversas formas. ORGANIZAÇÃO DE BATERIAS DE TESTES Quando os testes de aptidão física tiverem que ser aplicados em uma única sessão (um turno ou um dia), recomenda-se que seja observada a sequência de utilização das fontes energéticas para que os testes anteriores não influenciem nos resultados dos subsequentes. Nesse caso, a ordem recomendada seria: ANTROPOMETRIA COORDENAÇÃO, EQUILÍBRIO E FLEXIBILIDADE ANAERÓBICOS: ATP-CP E GLICOGÊNIO VELOCIDADE, TEMPO DE REAÇÃO, AGILIDADE E POTÊNCIA FORÇA, RESISTÊNCIA MUSCULAR E RESISTÊNCIA ANAERÓBIA AERÓBICOS E RESISTÊNCIA AERÓBIA ANTROPOMETRIA Essa divisão da avaliação física sempre teve importante papel na caracterização dos indivíduos, mais especificamente quanto às dimensões corporais e proporções do corpo e/ou de seus segmentos. Determina as relações existentes na estética, saúde, características étnicas ou no desempenho. Além disso, ela é muito utilizada na análise da composição corporal total e regional. Podemos atribuir medidas aos segmentos corporais com o intuito de estabelecer padrões de proporcionalidade necessários às artes, como em esculturas, desenhos e pinturas, à produção de vestimentas e calçados, ou orientar a prescrição do exercício físico e acompanhar a evolução do trabalho. SAIBA MAIS Por meio das medidas antropométricas, podem ser estudadas as variações individuais ou as características de um grupo e, com relações estatísticas, temos a melhor maneira de sua utilização na pesquisa científica. Outro referencial importante é a seleção esportiva, pois, por meio dessas medidas, podemos determinar um perfil antropométrico específico para cada modalidade esportiva e, caracterizando o perfil do indivíduo que está iniciando uma vida esportiva, indicar as modalidades esportivas em que ele tem maior possibilidade de obter os melhores resultados. AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Essa é uma maneira de avaliar e quantificar os diferentes componentes estruturais do corpo humano em relação à massa corporal total (popularmente chamada de peso corporal). Por meio da avaliação da composição do corpo, subdividimos ou fracionamos a massa corporal total em massa de gordura e massa livre de gordura – formada por água, proteína e massa óssea. Esse tipo de avaliação serve para dois grandes propósitos: o excesso e a falta de gordura, como podemos acompanhar a seguir. EXCESSO DE GORDURA Com o fenômeno mundial da obesidade em proporções epidêmicas, percebemos um interesse grande por parte da sociedade e dos meios de comunicação em abordar o assunto, visto que ele está associado a um maior risco de doenças, como doença arterial coronariana, hipertensão, diabetes tipo II, câncer, dislipidemia, doença pulmonar crônica obstrutiva e osteoartrite. Vale destacar que a probabilidade de hipertensão, dislipidemia e diabetes tipo II é de duas a três vezes maior em obesos. Essas doenças representam um sério problema de saúde e causam uma série de prejuízos, inclusive diminuindo a expectativa de vida. FALTA DE GORDURA O segundo propósito da avaliação da composição corporal é quantificar a “falta de gordura”. Nosso funcionamento fisiológico depende diretamente do fornecimento contínuo de energia. Dentro desta perspectiva, a gordura representa um papel fundamental para a sobrevivência; ela é responsável por manter as funções básicas celulares, como lipídios essenciais (fosfolipídios) contidos na membrana celular, além dos lipídios não essenciais (triacilgliceróis), que representam a maior reserva de energia do corpo humano. Assim, a “falta de gordura” leva a um maior risco de doenças caracterizadas pelo emagrecimento exagerado, como anorexia nervosa, vício ao exercício e outras disfunções fisiológicas. Essas doenças também estão associadas à diminuição da expectativa de vida. MÉTODOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Os métodos utilizados na avaliação da composição corporal podem ser classificados em diretos, indiretos e duplamente indiretos, como veremos a seguir. Os métodos diretos, apesar da elevada precisão, têm sua utilização muito limitada, pois sua análise é feita pela dissecação física ou físico-química de cadáveres, ou seja, não há método direto que possa ser usado em seres humanos vivos. COMO ESSES MÉTODOS DIRETOS FUNCIONAM? DISSECAÇÃO DE CADÁVER ANÁLISE QUÍMICA A dissecação de cadáver resume-se em uma técnica em que os diferentes componentes corporais, como gordura corporal, massa livre de gordura, massa óssea, músculos e vísceras, são separados de um cadáver para serem pesados um a um. A análise química é um método no qual o corpo é literalmente triturado em um liquidificador industrial e dissolvido em uma solução química. A partir da mistura, será feita a separação e a determinação dos componentes gordurosos e dos isentos de gordura. Já os métodos indiretos apresentam precisão secundária quando comparados aos métodos diretos, porém contam com grande gama de modelos e equipamentos. Alguns desses equipamentos exigem mais recursos e treinamento para sua utilização. A pesagem hidrostática subaquática é uma técnica que segue o princípio de Arquimedes, que se baseia na perda de peso de um objeto na água. Essa relação do peso do objeto no ar, dividido pela perda de peso na água, é denominada gravidade específica ou densidade. É considerada o padrão-ouro ou método padrão para validar métodos duplamente indiretos, em relação de sua fidedignidade, considerada excelente pela correlação de Pearson (r= 0,96). javascript:void(0) javascript:void(0)PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES O princípio de Arquimedes estabelece que um corpo total ou parcialmente imerso experimenta uma força de flutuação que corresponde ao peso do volume que foi deslocado. CORRELAÇÃO DE PEARSON A correlação de Pearson é uma ferramenta estatística que estabelece relação positiva (valor mais próximo de 1) ou negativa (valor mais próximo de -1) entre duas variáveis. Vamos falar sobre outros métodos indiretos? A plestismografia é uma técnica baseada na Lei de Boyle. Quando alguém entrar no equipamento, deslocará um volume de ar que também modificará a pressão do ambiente. Desse modo, poderá ser estimada a densidade corporal, bem como as massas de gordura e livre de gordura. A validade desse método possui uma correlação fortíssima com a pesagem hidrostática (r= 0,93). javascript:void(0) Já a densitometria óssea é um procedimento de imagem de alta tecnologia que utiliza raios x de energia dupla, capazes de penetrar em tecidos moles (gordura corporal, massa livre de gordura e massa óssea). LEI DE BOYLE Estabelece que, em um corpo em recipiente fechado de temperatura constante, volume e pressão variam em proporção inversa. Enquanto o volume aumenta, a pressão diminui e vice- versa. SAIBA MAIS A penetração dos raios é analisada por um detector de cintilação que, com a ajuda de um software especializado, reconstrói uma imagem dos tecidos subjacentes, permitindo a quantificação das massas óssea, de gordura e livre de gordura. Essa técnica baseia-se na suposição de que o corpo é formado por três compartimentos: gordura, mineral ósseo e tecido magro não ósseo, todos com densidades diferentes. É considerado o padrão-ouro para avaliação da massa óssea e, na opinião de muitos especialistas, em avaliação da composição corporal no futuro, substituirá a pesagem hidrostática como método padrão para predição de massa de gordura em razão de sua facilidade e sua não necessidade de adaptação ao meio líquido. Possui forte correlação com a pesagem hidrostática (r= 0,93). Temos ainda: TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA É uma técnica capaz de produzir várias imagens bidimensionais de diferentes segmentos do corpo. São emitidos feixes de raios-x (radiação ionizante) que passam através dos tecidos com densidades diferentes. O software adequado consegue traduzir tais densidades em informação quantitativa das massas de gordura, óssea e livre de gordura, além da espessura e do volume dos tecidos dentro de um órgão. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA É uma tecnologia que permite a formação de um poderoso campo magnético (radiação eletromagnética) usado para excitar núcleos de hidrogênio da água corporal e das moléculas lipídicas. Isso induz os núcleos excitados a produzir um sinal detectável que pode ser reorganizado por meio de um computador para representar visualmente os vários tecidos corporais. ULTRASSONOGRAFIA Consiste em emitir ondas sonoras de alta frequência que penetrarão nos tecidos (pele, gordura, músculos e ossos) e produzirão sons diferentes para cada um deles. As ondas serão refletidas na superfície óssea e, em seguida, retornarão para o transdutor (equipamento do ultrassom por onde as ondas são emitidas e recebidas). Desse modo, a gordura para determinado segmento do corpo pode ser mensurada em milímetros, ou também ser estimada. Os métodos duplamente indiretos apresentam uma precisão terciária quando comparados aos métodos diretos (ou seja, são menos precisos). Contudo, contam com a maior aplicação prática em virtude de sua simplicidade e sua facilidade na obtenção de equipamentos de baixo custo. Também é preciso destacar que tais técnicas exigem treinamento adequado, e apenas alguns desses equipamentos exigem mais investimentos. Vamos ver agora alguns exemplos desses métodos. O Índice de Massa Corporal (IMC) é usado para classificar indivíduos como obesos, com sobrepeso e com baixo peso. O IMC pode ser obtido com o seguinte cálculo: massa (kg)/estatura em metros ao quadrado. Com isso, é possível identificar riscos para obesidade e doenças relacionadas, bem como monitorar mudanças na gordura corporal de populações clínicas. SAIBA MAIS A Organização Mundial de Saúde (OMS) define obesidade com um IMC igual ou maior do que 30kg/m²; sobrepeso entre 25 e 29,9kg/m²; e baixo peso menor do que 18,5kg/m². Repare que esses valores não são oriundos da população brasileira. Na verdade, dados da associação entre IMC e morbidade/mortalidade da Europa e Estados Unidos embasaram essa classificação da OMS. A grande vantagem do IMC é sua aplicabilidade em estudos populacionais; já sua desvantagem está no fato de não levar em conta a proporção da composição do organismo para os diferentes componentes que existem: massa de gordura, óssea, livre de gordura e muscular. Quando são comparados valores obtidos com IMC e pesagem hidrostática, verificamos uma correlação baixa (r = 0,35) para valores de gordura corporal. Classificação IMC (Kg/m2) Riscos de morbidade e mortalidades Baixo peso < 18,5 Baixo (> riscos de outros problemas clínicos) Peso normal 18,5 – 24,9 Ausente Sobrepeso 25 – 29,9 Aumentado Obeso classe I 30 – 34,9 Moderado Obeso classe II 35 – 39,9 Severo Obeso classe III ≥ 40 Muito Severo Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Classificação do IMC para adultos segundo a OMS Extraído de: WHO, 2004 Temos também o Índice de relação cintura-quadril (ICQ), que é um método duplamente indireto, proposto em 1947 por Vague, que apresentou um sistema para diferenciar os tipos de obesidade, baseando-se na distribuição da gordura corporal regional. Ele estabeleceu os termos obesidade androide e ginoide para se referir ao excesso de localização de gordura. Assim, a obesidade androide é mais característica em homens, e a ginoide em mulheres; contudo, homens e mulheres obesos podem ser – e são, frequentemente – classificados para qualquer um dos grupos. Outro termo usado para a obesidade comum aos homens é obesidade formato de maçã, e a da mulher é chamada de formato de pera. Outro método duplamente indireto é a análise de impedância bioelétrica (BIA) que se baseia na passagem de uma corrente elétrica de baixa intensidade pelo corpo. A impedância (Z) ou resistência ao fluxo da corrente é medida diretamente pelo analisador de impedância bioelétrica. A medida de impedância pode ser feita porque Z varia conforme o tipo de tecido. Assim, a massa livre de gordura é bom condutor de energia em virtude de sua alta concentração de água e eletrólitos, enquanto a massa de gordura é um mau condutor de energia porque tem pouca água, é hidrofóbica. Portanto, um indivíduo com uma grande quantidade de massa livre de gordura terá menor resistência à corrente elétrica. Do que se deduz, a impedância é diretamente proporcional ao percentual de gordura corporal. Finalizando, temos a medida de dobras cutâneas, método duplamente indireto, amplamente utilizado para estimar a gordura corporal em situações de campo e clínica. Isso se deve à sua fácil utilização, elevada precisão e ao seu custo relativamente baixo se comparado às outras técnicas. As equações de dobras cutâneas são desenvolvidas basicamente com dois modelos. O primeiro é por regressão linear, o que significa que sua aplicação prática ocorrerá para uma população específica. O segundo é quadrático, o que significa que sua aplicação ocorrerá para uma população generalizada, sem levar em conta exceções, ou ainda, casos específicos. VOCÊ SABIA Diferentemente do que a maioria dos avaliadores imagina, as equações de predição das dobras cutâneas não estimam diretamente o percentual de gordura, mas, sim, a densidade corporal relativa de um corpo (g/cm3). Somente após a estimativa da densidade do corpo é que os valores serão convertidos em percentual de gordura por meio de equações. Tais equações de conversão baseiam-se na hipótese de que a massa livre de gordura possui uma densidade constante e independente da água corporal. MEDIDASNEUROMOTORAS As medidas neuromotoras estão diretamente relacionadas aos componentes do condicionamento muscular, ligadas à promoção e à manutenção da saúde, do condicionamento e do desempenho atlético (isto é, força, resistência muscular localizada e flexibilidade). Desse modo, podem preservar ou incrementar a massa isenta de gordura – a massa óssea, a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina, a capacidade de realizar atividades da vida diária, o equilíbrio e a autoestima. Podem ainda reduzir as respostas da frequência cardíaca e da pressão arterial quando os indivíduos são submetidos a esforços. Um desses componentes é a força muscular. Alguns motivos para avaliar a força muscular são: OS MÚSCULOS FORTES AUMENTAM A ESTABILIDADE ARTICULAR. É BÁSICO PARA UM BOM DESEMPENHO DE TÉCNICAS DE MOVIMENTO. PODE DETECTAR AS POSSÍVEIS CAUSAS DE ALGUMAS DEFICIÊNCIAS POSTURAIS OU DORES EM DETERMINADAS REGIÕES. De modo geral, os estudos sobre o treinamento de força não apontam evidências de que ele aumente a longevidade nos indivíduos, mas indicam que melhora a qualidade de vida, principalmente por facilitar a realização de atividades rotineiras e pela manutenção da autonomia com o passar dos anos. SAIBA MAIS A força pode apresentar diferentes manifestações que são aferidas por testes específicos. Nesse contexto, força máxima é a capacidade de produzir a máxima tensão muscular contra uma resistência. Já força explosiva é a capacidade de realizar um gesto específico na maior velocidade possível, sem a perda da eficiência. Resistência de força é a capacidade de um músculo ou grupo muscular manter a aplicação de uma força submáxima contra uma resistência por tempo prolongado, sem alterar a posição (regime estático) ou perder a eficiência (regime dinâmico). FLEXIBILIDADE Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte, um programa de treinamento bem elaborado deve incluir exercícios de flexibilidade (GARBER, 2011). Isso marcou uma mudança na visão que se tinha da flexibilidade, pois durante muitos anos essa capacidade era negligenciada e realizada apenas durante o aquecimento e na parte de volta à calma de um treino. FLEXIBILIDADE A flexibilidade considera a liberdade de movimento de uma articulação, denominada de amplitude de movimento (AM). A capacidade física que descreve a amplitude de movimento que uma articulação pode realizar é a flexibilidade, e pode ser relacionada à saúde e ao desempenho esportivo. AVALIAÇÃO AERÓBICA A potência aeróbia é a quantidade de trabalho feito na unidade do tempo predominantemente pela via metabólica aeróbia. Há uma correlação direta entre potência aeróbia (VO2 ou aptidão cardiorrespiratória) e a capacidade individual de suportar atividades de resistência tipo corrida, ciclismo e natação (com intensidade entre 40% e 85% do valor máximo) durante um longo período. A mensuração da potência aeróbia constitui uma técnica importante utilizada nos estudos da fisiologia do exercício, do desempenho humano e de certas doenças. A potência aeróbia caracteriza a capacidade de todo o organismo responder ao exercício. Por exemplo, um alto VO2 encontrado em um corredor de longa distância reflete a capacidade dos pulmões, do sangue, do coração, dos músculos e de outros órgãos e sistemas orgânicos em transportar e utilizar O2. javascript:void(0) A mensuração da potência aeróbia ajuda não apenas a caracterizar a capacidade individual de realizar determinada tarefa, mas também pode ser usada para quantificar o efeito de uma mudança no esquema de treinamento ou no desempenho. ATENÇÃO O VO2máx representa a mais alta captação de oxigênio alcançada por um indivíduo, respirando ar atmosférico ao nível do mar, e é considerado por muitos pesquisadores um índice determinante da performance em exercícios em que existe predomínio do metabolismo aeróbio. Realizar as medidas diretas do consumo de oxigênio é dispendioso, tanto em termos de tempo quanto de custo dos equipamentos necessários para sua realização. Portanto, vários testes preditivos têm sido desenvolvidos para avaliar a aptidão aeróbia. Esses testes preditivos incluem medidas relacionadas ao desempenho motor (por exemplo, caminhada ou corrida durante determinado tempo), testes progressivos de múltiplos estágios com aumento da velocidade a cada minuto, ou medidas de frequência cardíaca durante cargas submáximas de trabalho e extrapolação para frequência cardíaca máxima predita. SAIBA MAIS A avaliação do consumo máximo de oxigênio pode ser feita por meio da utilização de diversos ergômetros (instrumentos que medem capacidade de trabalho). Os mais utilizados são o banco, a bicicleta, a pista e a esteira rolante. Por sua vez, os protocolos para determinação do consumo máximo de oxigênio podem ser máximos e submáximos. Os testes máximos são aqueles em que o indivíduo é levado à exaustão ou alcança a frequência cardíaca máxima, enquanto os testes submáximos são aqueles que não atingem a exaustão e são limitados a uma frequência cardíaca aquém dos limites máximos. AVALIAÇÃO MORFOFUNCIONAL E SAÚDE O especialista Frank Bacurau fala sobre a atuação do profissional de Educação Física na avaliação morfofuncional. VEM QUE EU TE EXPLICO! Avaliação física VERIFICANDO O APRENDIZADO CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÃO A manutenção da saúde implica um conjunto de comportamentos comumente referidos como hábitos de vida saudável. Tais hábitos permitem prevenir diversas doenças de natureza metabólica, cardiovascular, imunológica e psicológica. Os PEFs são chamados a atuar na APS, tanto no SUS quanto em empresas. No âmbito do SUS, abordamos a promoção da saúde por meio de ações educativas e da orientação da prática regular de exercícios físicos. Ao se considerar a promoção de saúde como prevenção primária, o trabalho dos PEF ocorreria fora do âmbito escolar. Já quando se pensa que a hospitalização pode levar à perda de função física e agravar problemas de saúde que levam ao internamento, os PEFs usarão sua experiência para tratar os pacientes e garantir que eles mantenham ou recuperem sua saúde, e consequentemente possam receber alta hospitalar. Os PEFs também promovem saúde fora do SUS; um exemplo é a ginástica laboral, que visa evitar a ocorrência de doenças ocupacionais. Em uma população em crescente envelhecimento, sedentária e que tende a não se alimentar bem, o trabalho dos PEF para a promoção de saúde é fundamental. Por isso, é preciso conhecer os campos de trabalho de tais profissionais e as ferramentas que eles dispõem para trabalhar, tais como a avaliação física que deve preceder toda prescrição de exercício. PODCAST Agora, o especialista Frank Bacurau encerra falando sobre as possibilidades de atuação do profissional de Educação Física na promoção da saúde. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. Portaria nº 1065/GM, de 4 de julho de 2005. Cria os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da família, com a finalidade de ampliar a integralidade e a resolubilidade da Atenção à Saúde. Ministério da Saúde. CODO, W. Providências na organização do trabalho para a prevenção da LER. In. W. CODO; M. C. C. G. ALMEIDA (Org.). Lesões por Esforços Repetitivos: Diagnóstico, Tratamento e Prevenção: uma abordagem multidisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1998. CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA (BRASIL). Recomendações sobre condutas e procedimentos do profissional de Educação Física na atenção básica à saúde. Rio de Janeiro: CONFEF, 2010. 48p. GARBER, C. E. et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Medicine and science in sports and exercise, v. 43, n. 7, p.1334-1359, 2011. American College of Sports Medicine position stand. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE OPAS. s/d. Atenção primária à saúde. Consultado na internet em: out. 2021 SCLIAR, M. História do conceito de saúde. Physis: Revista desaúde coletiva, v. 17, n. 1, p. 29- 41, 2007. WHO WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Appropriate body-mass index for Asian populations and its implications for policy and intervention strategies. Lancet, v. 363, n. 9403, p. 157-163, 2004. EXPLORE+ Para aprofundar os seus conhecimentos no assunto estudado: Leia na íntegra a Resolução 391 disponível no site do Conselho Federal de Educação Física e saiba mais sobre a atuação dos PEF no âmbito hospitalar. Leia o artigo A importância da ginástica laboral na prevenção de doenças ocupacionais, de João Ricardo Gabriel de Oliveira, e saiba mais sobre essa importante área de atuação. Leia o texto Orientações para avaliação e prescrição de exercícios físicos direcionados à saúde, de Francisco José Gondin Pitanga. CONTEUDISTA Frank Bacurau
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