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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E 
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP
 
1 
 
1 LÍNGUA 
A língua é uma forma de linguagem, é um dos instrumentos de interação 
sociocomunicativa e, assim como as religiões, a culinária, as vestimentas, integra-se 
na cultura dos povos. Os idiomas são mecanismos de expressão das manifestações 
culturais e estão a serviço da comunicação social. As aquisições culturais são 
ensinadas e transmitidas, em grande porte, pela língua. 
Existem no mundo pelo menos, 3 mil línguas. Além dessas línguas faladas hoje, 
existem entre 7 a 8 mil dialetos que são variantes de um idioma. Cada língua 
desenvolveu seus próprios padrões de nomeação de experiência perceptivas. Não há 
duas línguas iguais quanto à maneira de dividir a realidade conceitual. Os esquimós 
têm uma serie de palavras para designar diferentes tios de neve, enquanto outros 
povos têm apenas um termo para ‘’neve’’. Existem povos que só tem uma palavra 
para designar o azul e o verde, enquanto nós temos essas duas palavras para essas 
cores. 
Todos os países têm sua língua oficial, que é aquela em que o governo conduz 
seus trabalhos e foi adotada com essa finalidade por decisão governamental; é a 
conhecida como língua do país. É a língua de um Estado, a qual e obrigatória. Nem 
sempre ela é a língua materna, ou seja, a língua cujos falantes praticam por ser a 
primeira aprendida, geralmente, em ambiente familiar. 
No Brasil, a língua oficial é a língua portuguesa, embora nosso país seja 
multilíngue. Em nosso país, são faladas línguas indígenas, além das origens 
africanas, ainda praticadas nos quilombos, e das línguas dos imigrantes que vieram 
principalmente da Europa e da Ásia. Entre elas, é possível citar o alemão, o árabe, o 
chinês, o coreano, o espanhol, o holandês, o inglês, o italiano e o japonês. Além 
dessas línguas, existem em nosso país, as línguas de fronteiras que são os idiomas 
praticados pelas diferentes etnias índios, espanhóis, árabes, portugueses alemães, 
entre outros – em contato. 
Em todos os países, existe uma variedade da língua de prestigio social, 
denominada língua padrão; é aquela eleita como a mais apropriada nos contextos 
formais e educacionais. A íngua padrão é a variedade da língua que tem um status 
especial na sociedade e é adquirida pelo ensino formal. A maior parte das publicações 
 
2 
 
acadêmicas, dos noticiários nacionais é feita em língua padrão. Ela é a recomendada 
para a escrita formal, tem prestigio social e é protegida por lei. 
Podemos conceber língua como um fenômeno natural, um organismo 
dinâmico, que evolui com o passar do tempo; como um sistema formal em 
funcionamento numa comunidade. Pelos usos diferentes no tempo e nos diversos 
agrupamentos sociais, as línguas passam a existir como um conjunto de falares 
diferentes, todos muito semelhantes entre si, mas cada qual apresentando suas 
peculiaridades com relação a alguns aspectos linguísticos. 
A língua de um povo surge e se constrói junto com seu modo de ver o mundo, 
sua história e sua cultura, e, nessa construção, ela se transforma e deixa que o tempo 
lhe traga novas nuances. A língua não é um sistema homogêneo, ela varia no espaço 
e na hierarquia social. Não é um sistema fixo e imutável. Além de evolui no tempo, a 
língua ainda está em evolução, em constante mudança, pela ação dos falantes. Sua 
história ainda não acabou; está sempre se fazendo pela ação dos falantes. 
Como o homem dispõe e inúmeras possibilidades para se comunicar, cada 
língua corresponde à expressão de uma escolha entre essas possibilidades, 
apresentando variações relevantes em função de valores sociais, regionais, de faixa 
etária, de situação, etc., concretizando, dessa forma, a relação entre linguagem, 
língua e cultura. 
2 LINGUAGEM 
Uma língua, seja ela qual for, tem a função de permitir a comunicação entre os 
indivíduos. Essa é sua função primordial. Há uma relação direta e indissolúvel entre 
sociedade e língua ou língua e sociedade, que não permite que se pense em 
indivíduos vivendo conjuntamente sem o estabelecimento de comunicação entre si e, 
da mesma forma, não é possível a comunicação sem que haja uma convenção social 
a respeito dessa comunicação, o que chamamos de língua. 
Língua nada mais é que um conjunto de convenções sociais historicamente 
constituídas, que permite que os seres humanos se comuniquem entre si. Somente 
os seres humanos têm essa capacidade, uma capacidade relacionada talvez com 
algum dispositivo biológico, que permite que se formule e se entenda um conjunto de 
sons e a eles se associe um sentido. 
 
3 
 
É possível que outros seres vivos se comuniquem como é o caso, por exemplo, 
das abelhas, que, com um conjunto de movimentos (danças) são capazes de 
transmitir informações a respeito da localização de alimento ou mesmo do risco 
iminente à colmeia, porém não se pode confundir esse tipo de comunicação, de 
propósito restrito, com linguagem ou mesmo língua. 
 
 
Fonte: www.ericasitta.wordpress.com 
Da mesma forma, observam-se alguns pássaros que são capazes de produzir 
um conjunto de sons muito parecidos com os sons produzidos pelos seres humanos, 
o que não permite às aves, porém, dialogar com seres humanos ou entre si, 
estabelecendo um raciocínio a respeito dos sons produzidos e produzindo, como os 
seres humanos, outros conjuntos de sons, como resposta. Os macacos, animais que 
guardam grande semelhança com o homem, também não possuem um mecanismo 
capaz de estabelecer comunicação por meio da língua, ainda que seu raciocínio beire 
o raciocínio humano. 
As baleias também têm sua ‘’linguagem’’, produzem, ao menos, dois tipos de 
sons: os que intervêm e seu sistema de eco localização, funcionando como uma 
espécie de sonar biológico, e as vocalizações, conhecidas canções das baleias, que 
parecem ser um meio de comunicação entre os membros da mesma espécie. 
Inúmeros estudos com animais em cativeiro e selvagens tem mostrado que esses 
mamíferos marinhos são capazes de comunicação com qualquer ouro usando uma 
‘’linguagem’’. Embora essa forma de linguagem não possa ser comparada com a 
 
4 
 
linguagem humana, e um sistema articulado de comunicação, no qual cada som e 
modulado em tons e frequências que são repetidos constantemente durante atos 
específicos e situações particulares. 
Animais domésticos se comunicam com seus donos. Podemos dizer que os 
cachorros emitem sons que nos permitem identificar sentimentos como medo, raiva e 
dor. Um cão abana o rabo, demonstrando satisfação; rosna, expressando ameaça. 
Os animais em modos de se expressar; entretanto, a natureza dessa comunicação 
não se compara à utilizada pelo homem. A ‘’linguagem’’ animal possui características 
bem distintas da linguagem humana. Em linhas gerais, trata-se de uma forma de 
adaptação à situação concreta, relacionada a uma forma fixa de resposta e 
determinado estímulo. 
A linguagem está no limiar do universo humano porque caracteriza o homem e 
o distingue do animal. O homem tem a capacidade de ultrapassar os limites da vida 
animal ao entrar no mundo do símbolo. A natureza da comunicação animal não se 
compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do homem como 
o mundo. 
A diferença entre a linguagem humana e a ‘’linguagem’’ do animal está no fato 
de que este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado 
com a forma fixa e a única com a coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com 
que adestramos o cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é, 
indicam alguma coisa muito específica. 
A linguagem humana é uma manifestação cultural; relaciona-se com padrões 
de comportamentos, crenças, conhecimentos, realizações, costumes que podem ser 
transmitidos de gerações. O homem imprime sentido às linguagens que cria. Ele cria 
palavras, gestos, símbolos, enfim,formas de expressar suas ideias. 
 
A linguagem é atividade. É forma de ação, ação entre indivíduos, orientada 
para uma finalidade, e lugar de interação que possibilita aos membros de uma 
sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos se-
melhantes reações e/ou comportamentos, levando ao estabelecimento de 
vínculos e compromissos anteriores inexistentes. (KOCK, 1997,p.9) 
 
A linguagem humana envolve a representação simbólica de conceitos e 
diversos tipos de relações entre eles. Ela está em toda parte; sem ela, as sociedades 
não seriam o que são. Por meio da apresentação simbólica e abstrata, o homem dá 
 
5 
 
sentido ao mundo, distancia-se da experiência vivida é capaz de compreender o 
mundo e nele agir. 
Desde que nascemos, estamos mergulhados no mundo da linguagem. 
Crescemos imersos em um universo de sons, de gestos e sinais, através dos quais 
passamos a interagir com tudo o que nos cerca. Nosso pensamento, a forma de 
entendermos as coisas, começa então a ter por primordiais as palavras, a linguagem, 
o nome das coisas existentes no mundo. 
 
A linguagem impregna nossos pensamentos, é intermediária em nossas re-
lações com os outros, e se insinua até em nossos sonhos. O volume esma-
gador de conhecimentos humano é guardado e transmitido pela linguagem. 
A linguagem é, de tal modo, onipresente que a aceitamos e sabemos que 
sem ela a sociedade, tal cm a conhecemos, seria impossível. (LANGAC-
KER,1972, p.11) 
 
A linguagem e o pensamento se misturam à medida que a capacidade da 
comunicação simbólica se desenvolve. Uma criança, com cerca de dois anos de 
idade, começa a usar o idioma para se comunicar. Seu conhecimento sobre o mundo, 
antes baseado em experiências sensoriais e motoras, torna-se lentamente mais e 
mais simbólico. A partir de então, a criança não precisa mais aprender tudo através 
de suas próprias experiências – ela pode aprender através da linguagem. 
O mundo que resulta do pensar e o agir humanos não pode ser chamado de 
natural, pois se encontra transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças 
entre pessoa e animal não são apenas de grau, porque, enquanto o animal permanece 
mergulhado na natureza, nós somos capazes de transforma-la, ornando possível a 
cultura. 
 
 
6 
 
 
Fonte: www.vitaclinica.com.br 
A linguagem e a comunicação por meio de uma língua são, portanto, atividades 
estritamente humanas. A facilidade com que uma criança adquire sua língua materna 
é algo quase inexplicável, levando em consideração a complexidade de uma 
língua. Em aproximadamente três anos, adquire-se um conjunto razoavelmente 
grande de palavras, aliado às regras de uso da língua, as chamadas regras da 
gramática dos usuários de uma língua, algo que permite que se estruturem frases 
coesas e coerentes, ou seja, que permite que se diga “O bebê está com fome” em vez 
de “Fome bebê com está”, uma operação que parece simples, mas que possui uma 
grande complexidade, mesmo para adultos que tentam adquirir uma segunda língua. 
Além dessa facilidade na apreensão das estruturas e do léxico (palavras), 
some-se a isso a estruturação, por parte da criança, de frases nunca ouvidas, 
demonstrando sua capacidade criativa e não somente reprodutiva, provando que o 
ser humano possui uma estrutura em seu cérebro capaz de criar e modificar a língua. 
É essa capacidade única que coloca o homem como espécie central do planeta 
terra, essa capacidade de se organizar em sociedade e se comunicar que faz do ser 
humano um animal capaz de exercer dominação sobre outras espécies e permite-lhe, 
dentre outras coisas, o desenvolvimento e a manipulação de objetos, o que o torna 
tão diferente das demais espécies. O que permite a esse ser alterar seu meio e traçar 
o seu destino, mas, por outro lado, o que lhe permite galgar a própria destruição. 
 
7 
 
A linguagem é um sistema organizado de símbolos a serviço das sociedades 
humanas. Esse sistema é amplo, complexo, extenso e possui propriedades 
particulares que possibilitam a codificação, a estruturação das informações sensoriais, 
a capitação a transmissão de sentidos, que favorecem a interação entre os homens. 
2.1 LINGUAGEM E SOCIEDADE 
Os estudos sistemáticos que tratam da relação entre linguagem e sociedade 
começam a se solidificar ao longo de 1960, quando a sociolinguística emerge como 
um campo de saber interdisciplinar, com suas bases fortemente ancoradas na 
linguística, na antropologia e na sociologia. Como se trata de uma relação, duas 
questões antagônicas naturalmente se põem: a linguagem determina a realidade 
social? 
A sociedade determina a linguagem? Dada a natureza da temática proposta 
neste ensaio, abordo três diferentes perspectivas: de Sapir e Whorf, de Hymes e de 
Labov', examinando a hipótese determinística no que concerne à maneira pela qual 
linguagem e sociedade podem se implicar. Consideramos, então, uma terceira 
questão: em que medida é possível falar em determinismo sob a ótica dos referidos 
autores? 
Na discussão aqui proposta releva aos seguintes aspectos: a realidade social 
como produto linguístico, segundo Sapir e Whorf o papel do contexto e da 
competência comunicativa no que diz respeito à relação entre linguagem e mundo, na 
visão de Dell Hymes; e a importância do conceito de comunidade de fala e da 
correlação entre fatos linguísticos, estratificação social e estilo, para Labov. Concluo 
que as relações entre linguagem e sociedade são permeadas por um certo 
determinismo (de diferentes tipos e em diferentes graus) nas três perspectivas 
abordadas. 
Inicialmente, chamamos atenção para o fato de que Sapir e Whorf tratam 
explicitamente das relações linguagem/cultura e linguagem/ pensamento. Entretanto, 
considerando-se que "cultura pode ser descrita como conhecimento adquirido 
socialmente, isto é, como o conhecimento que uma pessoa tem em virtude de ser 
membro de determinada sociedade' (Hudson 1980: 74 apudLyons 1987: 274 grifo 
meu), pode-se dizer que há uma estreita ligação entre cultura e sociedade. Ademais, 
 
8 
 
segundo Sapir, "não há duas línguas que sejam bastante semelhantes para que se 
possa dizer que representam a mesma realidade social' (1969:20 grifo meu). Assim, 
para efeito da discussão proposta nesta seção, tomo o termo 'sociedade' como 
equivalente a 'realidade social' e, grosso modo, a 'cultura'. 
De acordo com Sapir, a realidade é produzida pela linguagem, o que significa 
dizer que não há mundos iguais, visto que não há línguas iguais. Para o autor, a 
linguagem possui, sobretudo, o papel de produzir e organizar o mundo mediante o 
processo de simbolização. O caminho para compreensão do(s) mundo(s) se dá pela 
decifração dos símbolos, que referem (produzem) a realidade e remetem a conceitos 
(pensamento). Por exemplo: entender um poema exige a "compreensão plena de toda 
a vida da comunidade, tal como ela se espelha nas palavras ou as palavras a sugerem 
em surdina" (op. cit). 
O processo de simbolização da linguagem exige um sistema fonético que 
articule imagens acústicas "gerando" o símbolo, o qual proporcionará condições para 
a produção de conceitos/pensamentos. Sem os símbolos na matemática, por 
exemplo, um raciocínio matemático não seria possível, o que vale dizer que a 
matemática não existiria e muito menos se expandiria em níveis de complexidade. Os 
símbolos, por sua vez, geram um efeito sobre a linguagem que é o de sua ampliação 
(abstração), mediante um processo de classificação, categorização e seriação - 
característicos do pensamento. É dessa forma que o mundo ao nosso redor é 
possível/ construído, segundo Sapir. 
Uma ilustração clássica da construção da realidade a partir da linguagem é 
apresentada por Whorf em relação à língua hopi, na qual não é possível pensar o 
tempo de forma linear como em outras línguas, pois não há palavras, expressões ou 
formas gramaticais que permitam isso. Ao invés das noções de tempo eespaço 
(passado, presente e futuro), essa língua permite organizar o contraste entre partícula 
e onda 2, obrigando, "ao ser obrigatório pela forma de seus verbos, o povo hopi a 
perceber e observar os fenômenos vibratórios, animando-os além disso a encontrar 
nomes e a classificar esta classe de fenômenos" (1971:72). 
 
 
9 
 
 
Fonte: www.atosociologico.blogspot.com 
Para o autor, é possível descrever qualquer fenômeno observável no universo 
sem levar em consideração os contrastes entre espaço e tempo, ou seja, sem 
considerar o espaço como algo homogêneo e independente do tempo, mas sim 
levando em conta as inter-relações existentes entre os fenômenos. Segundo Whorf, 
"o ponto de vista da relatividade, pertencente à física moderna, é um desses pontos 
concebidos em termos matemáticos, e a concepção universal do hopi é outra muito 
diferente e que não é matemática, mas sim linguística" (p. 74). 
As ideias desses dois estudiosos costumam ser referidas como a "hipótese de 
Sapir-Whorf", podendo ser assim sintetizadas: a linguagem determina a forma de ver 
o mundo, e consequentemente, de se relacionar com esse mundo (hipótese do 
determinismo linguístico); isso significa que para diferentes línguas há diferentes 
perspectivas e diferentes comportamentos (hipótese do relativismo linguístico). 
 É interessante destacar que, para Sapir, tanto a língua como a cultura 
(realidade social) é passível de modificações: é da natureza da linguagem a mudança, 
visto que "não há nada perfeitamente estático" e a "deriva geral de uma língua tem 
fundo variável" (1969: 137). Entretanto, existe um paradoxo: embora ambas estejam 
sujeitas a mudanças, essas se dão em velocidades diferentes - a língua se modifica 
mais lentamente, pois "um sistema gramatical, no que depende dele próprio, tende a 
persistir indefinidamente. Em outras palavras, a tendência conservadora se faz sentir 
muito mais profundamente nos lineamentos essenciais da língua do que da cultura" 
 
10 
 
(p. 61). As consequências disso são que as culturas não poderão WORKING PAPERS 
EM LINGÜÍSTICA, UFSÇ N.8, 2004 130 - Cristine Gorski Severo ser sempre 
simbolizadas pela linguagem, conforme a passagem do tempo; e que será muito mais 
fácil simbolizar a cultura no passado do que no momento atual. 
Posto isso, remeto-me às questões colocadas na introdução: para Sapir e 
Whorf, a linguagem determina a realidade social. Todavia, a versão forte da hipótese 
do determinismo linguístico parece se enfraquecer diante do descompasso verificado 
entre as mudanças na língua e na cultura, conforme exposto no parágrafo acima. 
2.2 Hymes 
 
 
Fonte: http://www.ello.uos.de 
 
 Hymes pauta sua teoria no pressuposto da linguística constituída socialmente, 
o que implica uma relação entre ideologia/cultura e linguagem no que diz respeito à 
utilização da forma linguística motivada pelo uso social. Esse pressuposto estipula 
que usos linguísticos se diferenciam mediante instituições, valores, crenças e 
diferenças individuais, no sentido de que são as diferenças do mundo/ da realidade/ 
do contexto que causam diferenças linguísticas: "valores culturais e crenças são em 
parte constitutivos da realidade linguística" (Hymes apud Figueroa 1994:42). 
O autor não está preocupado com o sistema gramatical formal, mas 
compreende a linguagem dentro de uma perspectiva comunicativa'', o que invoca 
http://www.ello.uos.de/
 
11 
 
outras áreas para o seu estudo, uma vez que a linguagem pode ser considerada como 
uma "parte integrada de uma organização sociocultural geral do comportamento" 
(Figueroa 1994:33). Para ele, a definição de língua é complexa e deve levar em conta 
diferentes aspectos, como o histórico, o social, o cultural e as particularidades 
individuais. Com a inserção do contexto histórico e etnográfico há a consequente 
supremacia do aspecto funcional em detrimento do formal. Segundo o autor, "não é a 
forma linguística que cria o padrão social, mas o padrão social informa a forma 
linguística. Nesse caso, a inferência é dos dados etnográficos para as funções da 
língua" (p. 42). Vemos assim que Hymes atribui ao contexto social uma propriedade 
causal - prioritária - em relação ao uso linguístico. Mesmo a estrutura formal está 
subordinada ao contexto que, para ele, é sempre comunicativo. 
Dessa forma, o autor subordina a competência gramatical à competência 
comunicativa, que implica "a habilidade de escolher, dentre uma variedade de falas 
possíveis, aquela que é mais apropriada para a situação (...) a competência consiste 
numa variedade de habilidades, incluindo conhecimento gramatical, mas sem se 
reduzir a esse" (op. cit p.53). Ainda na visão do linguista, diferentes línguas refletem 
diferentes mundos e isso implica um certo relativismo linguístico, que, em seu grau 
máximo, nos remete à hipótese de Sapir-Whorf (discutida na seção anterior). Como 
características desse relativismo, destacam-se: que ele se baseia em um princípio de 
diversidade e heterogeneidade ao invés de homogeneidade ou invariância; que os 
aspectos a priori e universais da língua não são suficientes e que não há igualdade 
linguística entre os falantes (devido, por exemplo, à natureza política da interação) (cf. 
Figueroa 1994: 42). 
Novamente aqui percebemos em evidência o caráter heterogêneo da língua 
permeando a relação linguagem e sociedade. Em síntese: ao atribuir relevância ao 
contexto social/cultural como constitutivo da realidade linguística, Hymes não deixa 
de operar com um certo determinismo. Só que, diferentemente de Sapir e Whorf o 
autor não prevê que a linguagem cria o contexto, mas que diferentes contextos 
motivam diferentes linguagens.

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