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Obras de terra Professora: Carolina carolinamtnogueira@gmail.com 1 Aterro sobre solos moles 2 1. Introdução O que são solos moles? - Solos moles são, em geral, solos argilosos sedimentares tipicamente encontrados na região da costa brasileira; - Possuem alta compressibilidade e baixa capacidade de carga, sendo inadequados para suportar cargas de aterros; - Define-se como solo muito mole aquele no qual a resistência não drenada da argila é inferior a 25 kPa ou número de golpes 𝑁𝑠𝑝𝑡 < 4; - Muitas obras de infraestrutura precisam ser executadas nestes solos como: rodovias, portos, aeroportos, canais, encontro de pontes, depósitos e etc. 3 1. Introdução - Meios de deposição: Água doce, água salgada e água salobra - Processo de deposição: Fluvial e Marinho; - Local de deposição: Várzeas, planícies de inundação, praias e canais de mar. 4 1. Introdução 5 Desafios à engenharia: Controle de recalques excessivos e estabilidade, ruptura do aterro. 1. Introdução 6 - Em geral, essas obras necessitam se projetar com coeficientes de segurança relativos baixos - em comparação com outros projetos geotécnicos – para não se tornarem antieconômicas ou inexecutável; - Necessita-se então de uma investigação aprimorada, com ensaios de laboratório em complementação a programas de ensaios no campo; - Transposições de experiências feitas em diversos locais no mundo têm se mostrado aplicáveis em outras situações, identificadas como semelhantes; - A escolha do método construtivo mais adequado está associada a diversas questões: características geotécnicas dos depósitos, utilização da área - incluindo a vizinhança-, prazos construtivos e custos envolvidos. 2. Soluções geotécnicas para aterros sobre solos moles 7Almeida e Marques (2010) 2. Soluções geotécnicas para aterros sobre solos moles 8 - Restrições de prazo podem inviabilizar técnicas como : Aterro reforçado, bermas laterais, construção em etapas, redução da altura do aterro e sobrecarga temporária; - Técnicas que reduzem o tempo: Aterros sobre elementos de estacas (f,g e h) ou de aterro leve; (maior custo) - A remoção do solo mole pode ser utilizada quando a espessura da camada for pequena e as distâncias de transporte não forem grandes; - Em áreas urbanas, há dificuldade na obtenção de áreas para a disposição do material de escavação, além da questão ambiental associada a essa disposição visto que se trata de material imprestável para reaproveitamento e que pode estar contaminado; - Restrições de espaço podem também inviabilizar o uso de bermas, particularmente no caso de vias urbanas. 2. Soluções geotécnicas para aterros sobre solos moles 9 2.1. Remoção de argila Viável em depósitos pouco extensos e espessuras inferiores a 4 metros; Ruptura lateral controlada e abertura de uma cava para ajudar o embutimento 2.1 Substituição de solos moles 10 A remoção de toda a camada de solo mole é uma solução tradicional cada vez menos utilizada, não somente pelo alto custo, mas principalmente pelo grande impacto ambiental, já que envolve uma maior exploração de materiais de jazida e exige áreas para depósitos de bota-fora. - A retirada por ser total ou parcial; - A escavação do solo se dá por meio de dragas ou escavadeiras e na imediata colocação de aterro em substituição ao solo mole; - Tem como vantagem a diminuição ou a eliminação dos recalques e o aumento do fator de segurança quanto à ruptura. 2.1 Substituição de solos moles 11 - Inicialmente é executado um aterro para a conquista do terreno, apenas para permitir a entrada dos equipamentos; - Logo após a draga começa a escavação do solo mole; - Seguido do preenchimento da cava com material do aterro; 2.1 Substituição de solos moles 12 - Em função da baixa capacidade de suporte dessas camadas superficiais, essas etapas têm que ser executadas com muito cuidado, e os equipamentos devem ser leves; - No caso de solos muito moles, observa-se que o aterro das pistas de acesso experimenta recalques contínuos, em decorrência da sobrecarga de tráfego de equipamentos e de lançamento de aterro para corrigir desníveis durante essa fase; - Na sequência, a cava é toda preenchida de material de aterro, sendo então necessária a verificação das espessuras de argila remanescentes por meio de sondagens. 2.1.1 Aterro de conquista 13 - Conquista de áreas com baixíssima capacidade de suporte, com camada superficial muito mole ou turfosa e muitas vezes alagas; - Executados para permitir o acesso de equipamentos para execução de ensaios, cravação de estacas e drenos e tráfego de caminhões; - Em alguns casos, a resistência da camada superior é tão baixa que se torna necessário o emprego de geotêxtil como reforço construtivo, com resistência à tração entre 30 a 80 kN/m; - Não deve ser executado com antecedência em nenhuma das metodologias construtivas, uma vez que, com os recalques das camadas superiores do depósito argiloso, em poucos meses o aterro de conquista pode ficar praticamente submerso. 2.1.1 Aterro de conquista 14 2.2 Aterro convencional com sobrecarga tempóraria 15 - O aterro convencional é aquele executado sem dispositivos de controle de recalque ou de estabilidade; - Função é aumentar a velocidade dos recalques primários e compensar total ou parcialmente os recalques secundários; - Em geral, requer um prazo para estabilização dos recalques muito elevado, em função da baixa permeabilidade dos depósitos moles; - Deve-se avaliar a evolução dos recalques pós-construtivos com o tempo, para o planejamento das manutenções periódicas necessárias; - A sobrecarga necessita um grande volume de terraplenagem associado a empréstimo e bota-fora. 2.2 Aterro convencional com sobrecarga tempóraria 16 - Após os recalques estimados serem alcançados, a sobrecarga temporária é retirada; - Este material pode ser utilizado como aterro em outro local. 2.2 Sobrecarga tempóraria 17 - Construção do aterro com uma altura de 25% a 30% superior à altura de projeto (< 𝐻𝑐𝑟𝑖𝑡); - Esta sobrecarga é mantida por um período de tempo e após é removida; - A sobrecarga aplicada acelera o recalque produzindo um recalque total em um tempo mais curto; - Em geral, combinada à utilização de drenos verticais. 2.2 Sobrecarga temporária 18Aceleração com sobrecarga Geossintéticos 19 “Termo genérico designando um produto no qual ao menos um de seus componentes é produzido a partir de um polímero sintético ou natural. Apresenta-se na forma de mantas, tira ou estrutura tridimensional, utilizado em contato com o solo ou outros materiais, em aplicações da engenharia geotécnica e civil”. - Contribuem para a melhoria geotécnica, desempenhando uma ou mais das seguintes funções: - Reforço; - Filtragem; - Drenagem; - Proteção; - Separação; - Impermeabilização ; - Controle de erosão superficial. Geossintéticos 20 - Principais geossintéticos e suas funções: 2.3 Drenos verticais 21 - Aceleração de recalques em função do adensamento radial e vertical combinados; 2.3 Drenos verticais 22 - Os primeiros drenos verticais utilizados eram de areia, que foram substituídos pelos drenos verticais pré-frabicados, também denominados geodrenos e drenos fibroquímicos; - Os geodrenos consistem um núcleo de plástico com ranhuras em forma de canaleta, envolto em um filtro de geossintético não tecido de baixa gramatura; 2.3 Drenos verticais 23 2.3 Drenos verticais 24 - No processo de cravação, o dreno é solidarizado à sapata de cravação que garante o seu “engaste” no fundo da camada, quando o mandril é recolhido; - A instalação dos geodrenos é realizada por meio de equipamentos de cravação que apresentam grande produtividade - cerca de 2 km por dia, a depender da estratigrafia – quando comparada às operações necessárias à instalação de drenos de areia, com reflexos econômicos importantes; 2.3 Drenos verticais 25 - Aceleração com sobrecarga e drenos (mesmoexemplo anterior); Características dos drenos: 𝑐ℎ = 2𝑐𝑣 𝑑𝑒 = 2𝑚 𝑠 = 1,5 𝑚 𝐾ℎ 𝐾′ℎ =1,5 2.4 Construção em etapas 26 - Execução da altura total de aterro em duas ou três etapas; - Se tem um ganho de 𝑆𝑢 (resistência não-drenada) com o tempo; - Permite a execução de aterros com altura final superior à altura crítica inicial; - Esta solução pode implicar em longos períodos de execução para a obra; - A estabilidade deve ser verificada para cada alteamento; - Acompanhamento do desempenho da obra (instrumentação geotécnica e ensaios de campo; 2.5 Reforço com bermas laterais 27 - “Degraus” laterais de menor altura; - Empregados para o equilíbrio e estabilização do aterro principal; - Eles aumentam o FS quanto à ruptura; - Aumento do peso na região ativa da superfície de ruptura; 2.5 Reforço com bermas laterais 28 2.6 Reforço com geossintéticos 29 Geogrelha - Resitência à tração 2.6 Reforço com geossintéticos 30 - Utilização de reforço com geotêxtil tecido para execução de aterro de conquista Geotêxtil tecido 2.7 Aterros leves 31 - Diminuem o peso do aterro; - A magnitude dos recalques primários é função do acréscimo de tensão vertical causado pelo aterro construído sobre a camada de solo mole; - Logo, a utilização de materiais leves no corpo de aterro reduz a magnitude desses recalques. 2.7 Aterros leves 32 - EPS (Expanded Polystyrene - poliestireno expandido ) em aterros moles 2.7 Aterros leves 33 - Além do aterro, pode-se executar uma camada protetora de concreto, ou seja, uma laje com cerca de 7 a 10 cm de espessura sobre o aterro leve, para redistri buir as tensões sobre o EPS, evitando o puncionamento desse material, causado principalmente pelo tráfego de veículos; - Uma vez que o EPS é sensível à ação de solventes orgânicos, ele deve ser protegido por uma manta impermeabilizante insensível a esses líquidos ; 2.7 Aterros leves 34 - EPS em encontro de ponte sobre solos moles 2.8 Colunas granulares encamisadas 35 - Solos muito moles com pouca capacidade de suporte lateral; - Consegue-se prevenir a mistura da argila e o material da coluna granular; - Aumento da capacidade de carga com a inserção do reforço; - Aceleração do adensamento do solo; - Redução de recalque diferencial no topo do aterro. 2.8 Colunas granulares encamisadas 36 - Primeiro realiza-se a inserção do geossintético no tubo metálico depois deste ter sido inserido no solo; - Após, se faz o preenchimento do geossintético com o material granular; - Prepara-se para a retirada do tubo metálico por vibração. 2.9 Aterro estaqueado 37 - Menor tempo construtivo quanto comparado a outras técnicas; - Redução de volumes de aterro da jazida e bota-fora; - Liberação da obra logo após a conclusão do aterro; - Minimização das operações de manutenção ao longo da vida útil. 2.9 Aterro estaqueado 38 - Sequência construtiva: 2.9 Aterro estaqueado 39 - Sequência construtiva: 2.10 Mistura de solo cimento 40 - Injeção sob pressão e alta velocidade de calda de cimento, formando colunas com o solo desagregado pela rotação Jet Grouting 2.10 Mistura de solo cimento 41 - Deep Soil Mixing: Diâmetro de 0,60 a 1,20 m e comprimento até 25 m; Colunas semirrígida; Resistência de 2 ou 3 Mpa; Baixa permeabilidade. - Comparação com Jet Grouting: Baixo refluxo de cimento na injeção; Reduzido consumo de cimento; Carga das colunas DSM é menor. 4. Referências ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8044: Projeto geotécnico - procedimento. Rio de Janeiro. 2018. ABNT - ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo – Sondagem de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro. 2020. ABNT - ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5681: Controle tecnológico da exceção de aterros em obras de edificações. Rio de Janeiro. 2015. ABNT - ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Solos e rochas - Terminologia. Rio de Janeiro. 2022. ALMEIDA, M. S.S., MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles: Projeto e desempenho. 2 ed, São Paulo: Oficina de textos, 2014. TAYLOR, D. W. Fundamentals of Soil Mechanics. 1 ed. New York, USA: John Wiley & Sons, 1948. BUDHU, M. Foundations and Earth retaining structures. 1 ed. Willey. MASSAD, F. Obras de terra: curso básico de geotecnia. 2 ed. Oficina de textos. TERZAGHI, K., PECK, R.B., MESRI, G. Soil mechanics in engineering practice. 3 ed. John Wiley & Sons. 42
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