Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
E-BOOK PRINCÍPIOS DE ELETRÔNICA ANALÓGICA Análise de geração de corrente contínua e alternada I APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos a análise de geração de corrente contínua e alternada I. A corrente contínua (CC) é aquela que flui em apenas um sentido em um circuito enquanto que na corrente alternada (CA) é aquele em que o sentido e a amplitude do fluxo de corrente muda em intervalos regulares Bons estudos! Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar formas de onda em corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA) e tipos de geração. • Comparar sistemas CA monofásicos e trifásicos, vantagens e padrões.• Relacionar os valores eficaz, médio, de pico e pico a pico de uma forma de onda senoidal.• DESAFIO Em uma pequena propriedade rural existe um arroio, onde foi construída uma barragem com uma turbina tipo Francis, para uma microcentral de energia elétrica. O desnível é de cerca de três metros, a vazão é baixa, e a potência teórica máxima é de cerca de 1,5 KVA. Está instalado um gerador monofásico CA de 5 KVA, da marca Kolbach. Esse gerador é antigo, com excitação de corrente de campo CC. Existe um reostato para fixação da tensão CA final. A linha de alimentação de energia tem cerca de 200 metros de distância da produção de energia à utilização. Os fios de transmissão de energia são de alumínio. A energia que estará disponível para utilização será de 5 KVA? INFOGRÁFICO Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta Unidade referente à análise de geração de corrente contínua e alternada: CONTEÚDO DO LIVRO Existem dois tipos de geradores de energia elétrica: CC e CA. Para transmissões a maiores distâncias, são utilizados os geradores CA. Podem ser monofásicos e polifásicos, sendo o trifásico o mais utilizado, com maior rendimento. Aprofunde seu conhcecimento no capítulo Análise de Geração de Corrente Contínua e Alternada I, da obra Eletrotécnica. Boa leitura. ELETROTÉCNICA Felipe de Oliveira Baldner Análise de geração de corrente contínua e alternada I Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar formas de onda em corrente contínua (CC) e corrente al- ternada (CA), bem como os tipos de geração. � Distinguir sistemas CA monofásicos de trifásicos, além de suas van- tagens e padrões. � Relacionar os valores eficaz, médio, de pico e pico a pico de uma forma de onda senoidal. Introdução Neste capítulo, você conseguirá distinguir formas de onda em corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA), identificar as principais formas de geração e os parâmetros controláveis para obtenção de energia nessas formas. Atualmente, com a existência de diversos tipos de formas de geração de energia, tanto as mais tradicionais quanto as sustentáveis, é necessário identificar parâmetros de cada tipo de geração em CA, trifásica ou mono- fásica, para uma instalação residencial, comercial ou até mesmo industrial. Por fim, as formas de onda senoidais serão estudadas de modo a extrair todas as características presentes e entender suas aplicações. Geração de energia Hoje, os equipamentos elétrico-eletrônicos são onipresentes em todos os tipos de ambientes — do celular às máquinas de cartão de crédito em um estabe- lecimento comercial, além dos motores elétricos que permitem a produção industrial, sem contar os sistemas de iluminação que possibilitam a realização de tudo isso. Por mais que todas essas atividades não pareçam se relacionar, há um ponto em comum entre todas: a energia. Todas essas atividades se caracterizam por apresentar uma fonte de energia acoplada, seja esta móvel, como no caso das baterias, seja fixa, como tomadas e pontos de ligação. Assim, torna-se necessário compreender os modos como a energia é for- necida aos diferentes tipos de cargas, bem como a maneira como essa energia é gerada. A corrente alternada (CA) se caracteriza por um sinal elétrico que: � seja periódico, ou seja, que se repita a cada período T (em segundos); � seja simétrico, em que a forma de onda em metade do período é igual à forma de onda da outra metade, mas com sinal negativo; � tenha a mesma amplitude positiva e negativa. A partir dessas características, pode-se visualizar dois tipos de formas de onda alternadas na Figura 1, uma com forma senoidal e a outra, quadrada (PETRUZELLA, 2013). Figura 1. Exemplos de formas de onda em CA. Análise de geração de corrente contínua e alternada I2 Já a energia gerada em corrente contínua (CC) tem uma forma de onda que se caracteriza por ter apenas um sinal, ou positivo ou negativo, constante ou variante no tempo, como pode ser visto nos exemplos da Figura 2 (PE- TRUZELLA, 2013). Figura 2. Exemplos de formas de onda em CC. Geração de corrente alternada A geração de CA é um processo eletromecânico que se dá pelo movimento de um campo magnético em um condutor estacionário. O condutor estacionário (estator do gerador) é composto por uma bobina com N espiras, enquanto a parte móvel (rotor do gerador) constitui-se por um ímã ou eletroímã que gerará o campo magnético. O movimento do rotor no interior da bobina faz com que, a cada instante, o ímã esteja em uma posição diferente, para que uma quantidade diferente de fluxo magnético passe pela bobina. Pela lei de Faraday, a tensão (também denominada força eletromotriz) induzida por esse processo é dada pela equação (1), em que o fluxo é descrito matematicamente por uma função senoidal, que gira em uma frequência angular ω (UMANS, 2014). A Figura 3 exibe esquematicamente os principais componentes de um gerador rotativo de CA. (1) 3Análise de geração de corrente contínua e alternada I Figura 3. Principais componentes de um gerador rotativo CA. Geração de corrente contínua A CC pode ser gerada de diversas maneiras, como a partir de reações químicas (baterias), exposição de certos materiais à luz (efeito fotovoltaico), transfor- mação da tensão CA (processo de retificação) ou utilização de geradores CC. As baterias são compostas por dois eletrodos de material metálico imersos em um eletrólito, com uma membrana separando-os, como mostra a Figura 4. Nesse meio, ocorre um processo de oxirredução desses materiais, fazendo com que haja um fluxo de elétrons saindo do material sofrendo oxidação (anodo) em direção ao material sofrendo redução (catodo). A membrana evita que seja fechado um curto-circuito entre o anodo e catodo, além de ajudar no fluxo de íons. Como o sentido da corrente elétrica é dado pelos materiais empregados como eletrodos, não haverá mudança de seu sentido. Análise de geração de corrente contínua e alternada I4 Figura 4. Elementos básicos de um processo eletroquí- mico de geração de CC. O processo de geração fotovoltaica consiste na excitação de cargas pelos fótons presentes na luz solar, fazendo com que essas cargas ganhem energia cinética e produzam corrente elétrica dentro de um material semicondutor. Cada pequeno pedaço de material é chamado de célula fotovoltaica e seu arranjo em série e paralelo forma as placas fotovoltaicas, gerando CC em seus terminais. A Figura 5 apresenta de forma esquemática seus componentes. 5Análise de geração de corrente contínua e alternada I Figura 5. Elementos básicos do processo fotovoltaico de geração CC. O processo de transformação de energia de CA para CC é chamado de retificação. Utilizando uma ponte de diodos, como mostrado na Figura 6, o sinal CA é transformado em um sinal CC pulsado. Adicionalmente, podem ser adicionados capacitores e circuitos reguladores de tensão para uma tensão CC constante (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Figura 6. Retificação de tensão CA em tensão CC pulsada. Análise de geração de corrente contínua e alternada I6 Um gerador CC tem estrutura similar a um gerador CA. Contudo, uma de suas diferençasreside na construção, já que o ímã permanente está presente no estator, enquanto a bobina na qual a tensão é induzida fica no rotor. Os terminais de saída estão ligados a escovas que fazem contato com o rotor por meio de um anel segmentado, onde cada parte faz contato com uma extremi- dade da bobina. Como o ímã é fixo, a corrente induzida pelo fluxo magnético terá sempre um mesmo sentido. Assim, cada escova sempre terá contato com a corrente induzida pelo mesmo polo: a escova positiva com o polo norte e a negativa com o polo sul. Esse processo também é conhecido como retificação mecânica. Dessa forma, a tensão gerada nos terminais das escovas terá sempre o mesmo sinal, como pode ser visto no esquema da Figura 7 (UMANS, 2014). Figura 7. Esquema de geração CC. (a) Elementos principais. (b) Forma de onda de saída. (c) Processo de retificação mecânica. 7Análise de geração de corrente contínua e alternada I Sistemas CA monofásicos e trifásicos Um gerador CA tem como saída um único sinal senoidal de tensão para ali- mentar cargas, passando por dois condutores, a fase e o neutro. Outro tipo de sistema CA empregado é o trifásico, que apresenta as seguintes vantagens em relação ao monofásico (KELJIK, 2013; MEIER, 2006; MORRIS, 1996): � um gerador trifásico a quatro fios, três fases e um neutro, fornece três vezes mais energia do que um gerador monofásico a dois fios; � a eficiência de um gerador trifásico é maior, ou seja, produz mais energia, proporcionalmente; � em um gerador trifásico o torque de saída é praticamente constante, enquanto no monofásico é pulsado; � geradores trifásicos são de fácil paralelização e sincronização em com- paração ao monofásico. Construtivamente, um gerador CA é composto por uma parte fixa, o estator, e uma parte rotativa, o rotor. O tipo mais comum de gerador CA, o síncrono, constitui-se por um ímã permanente ou eletroímã no rotor que gera um campo magnético responsável por induzir tensão elétrica nos enrolamentos do estator. O gerador mais simples é composto por um ímã permanente de dois polos no rotor e dois enrolamentos no estator. O rotor, sofrendo ação externa, girará e induzirá uma tensão em cada enrolamento. Conforme o polo do rotor se afasta do enrolamento do estator, a tensão induzida diminui até chegar a zero. A partir desse instante, a tensão continua a diminuir até que o outro polo do rotor (de sentido oposto) esteja próximo ao enrolamento. Nesse momento, a tensão induzida é mínima. O processo então se repete, como se observa no esquema da Figura 8 (UMANS, 2014). Análise de geração de corrente contínua e alternada I8 Figura 8. Processo de geração CA de um gerador monofásico síncrono de dois polos. Observando a curva da tensão induzida da Figura 8, pode-se perceber que, se o tempo que um polo do rotor leva até obter uma revolução completa for menor, a frequência da tensão induzida será maior. Outra maneira de obter esse mesmo resultado é aumentando a quantidade de polos do rotor e enrola- mentos do estator. Assim, a frequência f (em hertz) de um gerador CA de P polos (lembrando que P pode ser apenas números pares) pode ser encontrada pela equação (2), em que n é a velocidade angular mecânica do motor em rotações por minuto. A Figura 9 exemplifica um gerador CA de quatro polos. Nesse caso, os enrolamentos a1–a1’ e a2–a2’ devem ser ligados em série para a obtenção da tensão induzida (UMANS, 2014). (2) 9Análise de geração de corrente contínua e alternada I Figura 9. Gerador CA monofásico de quatro polos. Ao projetar um gerador CA monofásico para uma frequência de 60 Hz, qual deve ser a velocidade angular mecânica da fonte de energia mecânica para um rotor com (a) dois polos, (b) quatro polos e (c) seis polos? Utilizando a equação (2) e resolvendo para a velocidade angular mecânica n: Para um rotor com dois polos: Para um rotor com quatro polos: Análise de geração de corrente contínua e alternada I10 Para um rotor com seis polos: Os geradores CA trifásicos têm estrutura similar, embora haja uma diferença inicial na quantidade de polos e enrolamentos. Enquanto a quantidade de polos deve ser múltipla de 2, em razão da fonte de campo magnético, os enrolamentos devem ser múltiplos de 3. Para prover energia de forma simétrica, as tensões induzidas de cada fase serão defasadas de 120° em unidades de tempo. Para isso, os enrolamentos de cada fase também deverão estar afastados de 120° mecânicos, como pode ser observado no esquema da Figura 10 (FLARYS, 2013; PETRUZELLA, 2013). Figura 10. Gerador CA trifásico de dois polos e três enrolamentos. 11Análise de geração de corrente contínua e alternada I A energia CA que chega a residências, comércios e indústria é gerada, transmitida e distribuída pelo Sistema Elétrico de Potência (SEP), constituído, por sua vez, de geradoras de energia, linhas de transmissão, subestações transformadoras e linhas de distribuição. Em cada uma dessas etapas, a tensão tem diferentes níveis. A baixa tensão (BT) é aquela presente nas cidades e tem valores inferiores a 1.000 V. Os principais níveis de tensão BT existentes são o 127 V/220 V e o 220 V/380 V, operando em 60 Hz ou 50 Hz de acordo com o país. Nestes, o primeiro valor refere-se à tensão entre fase e neutro, também conhecida como tensão de fase, enquanto o segundo faz menção à tensão entre duas fases, também conhecida como tensão de linha. A média tensão (MT) é aquela cuja tensão tem valores entre 1.000 V e 50 kV e a alta tensão (AT) valores entre 50 kV e 230 kV. Adicionalmente, existem duas faixas, a extra alta tensão (EAT), compreendendo tensões entre 230 kV e 750 kV, e a ultra alta tensão (UAT), com tensões acima de 750 kV (MONTICELLI; GARCIA, 2011). O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável por coordenar e controlar todas as atividades relacionadas às etapas de geração e transmissão de energia no Brasil, conforme observado no link a seguir. https://qrgo.page.link/3sN9B Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regula todas as atividades associadas ao SEP no Brasil, fiscalizando as concessionárias de energia das cidades: https://qrgo.page.link/Z9JdG Parâmetros de formas de onda CA senoidais Uma forma de onda senoidal varia ao longo do tempo, com valor instantâneo v(t) (na unidade da grandeza senoidal) em um instante t (em segundos) e tem como parâmetros sua amplitude (Vmáx, na unidade da grandeza senoidal — também conhecida como valor de pico), sua frequência angular (ω, em rad/s) e uma defasagem (θ, em rad). Matematicamente, pode ser descrita com esses parâmetros, pela equação (3). A frequência angular relaciona-se à frequência f Análise de geração de corrente contínua e alternada I12 e ao período T, como mostram as equações (4) e (5), respectivamente. O valor de pico a pico de uma função senoidal é o dobro de sua amplitude. Grafica- mente, a função senoidal da equação (3) é mostrada na Figura 11 (HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014). v(t) = Vmáx sen(ωt + θ) (3) ωΩ = 2 πf (4) (5) Figura 11. Função senoidal representada ao longo do tempo. Os sinais de tensão e corrente fornecidos por um gerador a uma carga também terão a mesma forma matemática da equação (3). Assim, em um sistema monofásico, a tensão e a corrente que alimentam uma carga resistiva são dadas pelas equações (6) e (7), respectivamente. A potência instantânea fornecida por este gerador é oferecida pelo produto entre sua tensão e corrente, como mostra a equação (8). 13Análise de geração de corrente contínua e alternada I v(t) = Vmáxsen(ωt) (6) i(t) = Imáxsen(ωt) (7) p(t) = v(t)i(t) = Vmáx Imáxsen 2(ωt) (8) Essas três formas de onda podem ser vistas no gráfico da Figura 12. Figura 12. Formas de onda de tensão, corrente e potência. É possível perceber que, como os valores de tensão e corrente variam no tempo, a potência fornecida também se altera. Em comparação a sistemas CC, há apenas um valor constante para tensão, corrente e potência. Chama-se valor eficaz de uma correnteou tensão senoidal aquele que é numericamente igual a uma tensão e corrente CC por dissiparem a mesma potência em uma carga resistiva. É importante notar que a potência não tem um valor eficaz, pois, matematicamente, é representada pela função senoidal ao quadrado. Matemati- camente, o valor eficaz de qualquer função que varia periodicamente no tempo é encontrado pela equação (9) (HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014). Análise de geração de corrente contínua e alternada I14 (9) Para um sinal senoidal, o valor eficaz é constante e relaciona-se, respecti- vamente, ao valor de pico e ao valor de pico a pico de uma senoide de acordo com as equações (10) e (11). Graficamente, é representado na Figura 13. (10) (11) Figura 13. Valor eficaz de uma forma de onda senoidal. 15Análise de geração de corrente contínua e alternada I O valor médio de uma função matemática que varia ao longo do tempo é aquele a qual tende em um intervalo definido de tempo, determinado pela equação (12). (12) Aplicando a equação (11) à função de tensão senoidal da equação (6), é possível encontrar como resultado para a tensão média o valor 0. Analisando graficamente a função, ela é simétrica tanto no eixo do tempo quanto no da tensão, o que significa que, dentro de um período, ela passará a mesma quantidade de tempo com valores negativos e positivos, bem como seu valor de pico positivo é igual ao seu valor de pico negativo, justificando o valor encontrado como tensão média. Determine os valores de pico e de pico a pico para tensões eficazes de (a) 127 V, (b) 220 V e (c) 380 V. Utilizando o resultado das equações (10) e (11), é possível determinar que: Para uma tensão eficaz de 127 V: Para uma tensão eficaz de 220 V: Análise de geração de corrente contínua e alternada I16 Para uma tensão eficaz de 380 V: BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria dos circuitos. 11. ed. São Paulo: Pearson, 2013. FLARYS, F. Eletrotécnica geral: teoria e exercícios resolvidos. 2. ed. Barueri: Manole, 2013. HAYT JR., W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de circuitos em engenharia. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. KELJIK, J. Electricity 3: power generation and delivery. 10. ed. Clifton Park: Cengage Learning, 2013. MEIER, A. Electric power systems: a conceptual introduction. New Jersey: John Wiley & Sons, 2006. MONTICELLI, A.; GARCIA, A. Introdução a sistemas de energia elétrica. 2. ed. São Paulo: Unicamp, 2011. MORRIS, N. M. Mastering electronic and electrical calculations. London: Macmillan, 1996. PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica II. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne). UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. Leituras recomendadas AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. [2019]. Disponível em: http://www.aneel. gov.br/. Acesso em: 10 jun. 2019. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. c2019. Disponível em: http://www.ons. org.br/. Acesso em: 10 jun. 2019. PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica I. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne). 17Análise de geração de corrente contínua e alternada I DICA DO PROFESSOR Um gerador é uma máquina que usa o magnetismo para converter energia mecânica em energia elétrica. Os geradores práticos de eletricidade são classificados em dois grupos gerais: corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA). A corrente contínua gerada não altera a sua polaridade, e a corrente alternada, devido à polaridade de seus terminais, altera continuamente, para semi- ciclos positivos e negativos, dentro de uma frequência específica (normalmente, no Brasil, 60 Hz), amplitude com valores eficazes, médios, pico, pico a pico. Os geradores CA podem ser monofásicos e polifásicos. Os geradores trifásicos têm maior rendimento, utilizam melhor a fiação, com maior economia. Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) 1) Por questões de rendimento e maior economia de fiação, qual o tipo de gerador mais utilizado? A) Corrente contínua. B) Corrente alternada monofásico. C) Corrente alternada trifásico. D) Dínamos. E) Alternadores automotivos. 2) 2) Os geradores de corrente contínua têm, normalmente, como terminal de saída: A) Dois anéis coletores. B) Um único anel segmentado chamado comutador. C) Três anéis coletores. D) Não têm anéis coletores. E) Nenhuma resposta acima. 3) 3) Geradores trifásicos têm uma defasagem entre as três fases de: A) 45 graus. B) 60 graus. C) 90 graus. D) 120 graus. E) 180 graus. 4) 4) A frequência de saída (número de ciclos de tensão por segundo) de um alternador é determinada pelo: A) Número de polos do estator e a velocidade de rotação do rotor. B) Tipo do gerador: CC ou CA. C) Número de polos e tipo de gerador CC ou CA. D) Velocidade de rotação e tipo de gerador CC ou CA. E) Nenhuma resposta acima. 5) 5) O período de um ciclo em corrente alternada é: A) Frequência da onda. B) Amplitude. C) Tempo necessário para percorrer um ciclo completo da onda CA. D) Valor eficaz da forma de onda. E) Valor de pico. NA PRÁTICA Geradores de energia elétrica são muito importantes para assegurar o abastecimento de energia em casos de apagões da concessionária, que podem acontecer por desastres naturais, como temporais e tormentas que derrubam linhas de transmissão. As grandes empresas têm instalado, de prontidão, grupos geradores que automaticamente entram em funcionamento quando a energia da concessionária é desligada. Esses grupos geradores têm de ser bem dimensionados para atender bem as necessidades atuais e futuras da empresa, dentro de uma logística. Os combustíveis para esses geradores podem ser gasolina, álcool etanol, óleo diesel ou gás natural. A escolha deve ocorrer conforme fatores de disponibilidade, aplicações e custos. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Princípio de funcionamento de Motores CC Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gerador elétrico de corrente alternada Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Geradores de corrente alternada e corrente contínua Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Capacitância e capacitores APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem vamos estudar os Capacitores e a sua característica primordial: a Capacitância. Estes componentes apresentam diferentes formas e tamanhos. Porém, possuem características em comum: são formados por placas metálicas separadas por uma certa distância. A função de um capacitor é armazenar carga elétrica mediante uma diferença de potencial (ou tensão Delta V). O armazenamento da carga ocorre nas suas placas metálicas. Uma vez que ocorra o carregamento deste capacitor, pode-se desconectar a bateria e ter, durante algum tempo, uma tensão atuando no circuito no qual ele está conectado. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Estabelecer as propriedades de um capacitor.• Determinar a capacitância na associação de capacitores em circuitos elétricos.• Investigar as propriedades físicas de um capacitor.• DESAFIO Rodrigo, um aluno, matriculado nas disciplinas de Astrofísica Básica e Física vê seu professor de Astrofísica comentar que uma estrela de nêutrons pode ser considerada como um dipolo elétrico. O professor argumenta estas estrelas possuam camadas de momentos de dipolo elétrico em suas superfícies. Se uma estrela de nêutrons com 10,0km de raio tivesse uma camada dotada de momento de dipolo elétrico de 1cm de espessura, com densidades de carga de em suas superfícies, como ilustrado na figura. Surgem então as perguntas: a) Qual seria a capacitância dessa estrela? b) Qual seria a energia potencial elétrica armazenada na camada dipolar da estrela de nêutrons? INFOGRÁFICO No infográfico, mostramos o comportamento do potencial elétrico atravésdas curvas de nível em duas representações diferentes. Além disso, indicamos as linhas de campo elétrico. CONTEÚDO DO LIVRO A Capacitância é a capacidade de um dispositivo de armazenar carga perante a aplicação de um potencial. Um Capacitor é um dispositivo com inúmeras aplicações e que têm como característica principal a capacitância. Mesmo sem existir tensão aplicada sobre um capacitor, este pode fornecer uma certa tensão para o circuito. O livro "Física: Uma Abordagem Estratégica", de Randall D. KNIGHT contém uma seção dedicada aos capacitores e sua capacitância. Comece na seção 30.5 - "Capacitância e Capacitores". RANDALL D. KNIGHTRANDALL D. KNIGHT VOLUME 3 ELETRICIDADE E MAGNETISMO K71f Knight, Randall D. Física 3 [recurso eletrônico] : uma abordagem estratégica / Randall Knight ; tradução Manuel Almeida Andrade Neto. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2009. Editado também como livro impresso em 2009. ISBN 978-85-7780-553-2 1. Física. 2. Eletricidade. 3. Magnetismo. I. Título. CDU 537 Randy Knight leciona Física básica há 25 anos na Ohio State University, EUA, e na Califórnia Polytechnic University, onde atualmente é professor de física. O professor Knight bacharelou- se em Física pela Washington University, em Saint Louis, e doutorou-se em Física pela Univer- sity of Califórnia, Berkeley. Fez pós-doutorado no Harvard-Smithsonian Center for Astrophy- sics, antes de trabalhar na Ohio State University. Foi aí que ele começou a pesquisar sobre o ensino da física, o que, muitos anos depois, o levou a escrever este livro. Os interesses de pesquisa do professor Knight situam-se na área de laser e espectroscopia, com cerca de 25 artigos de pesquisa publicados. Ele também dirige o programa de estudos am- bientais da Cal Poly, onde, além de física introdutória, leciona tópicos relacionados a energia, oceanografia e meio ambiente. Quando não está em sala de aula ou na frente de um compu- tador, o professor Knight está fazendo longas caminhadas, remando em um caiaque, tocando piano ou usufruindo seu tempo com a esposa Sally e seus sete gatos. Sobre o Autor Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 922 Física: Uma Abordagem Estratégica esboçar um mapa de contorno que mostre um conjunto plausível de superfícies equipo- tenciais. Você pode, então, desenhar linhas de campo elétrico (linhas de campo são mais fáceis de desenhar do que vetores de campo) que sejam perpendiculares às equipoten- ciais, que apontem no sentido em que as equipotenciais decrescem e que estejam mais próximas umas das outras onde o espaçamento entre as linhas de contorno for menor. PARE E PENSE 30.4 Três esferas de metal carregadas, com raios diferentes, estão conectadas por um fio fino metálico. O potencial elétrico e o correspondente campo elétrico na superfície de cada esfera são, respectivamente, V e E. Qual das seguinrtes alternativas é verdadeira? a. V1 � V2 � V3 e E1 � E2 � E3 b. V1 � V2 � V3 e E1 � E2 � E3 c. V1 � V2 � V3 e E1 � E2 � E3 d. V1 � V2 � V3 e E1 � E2 � E3 e. V3 � V2 � V1 e E3 � E2 � E1 f. V3 � V2 � V1 e E3 � E2 � E1 30.5 Capacitância e capacitores Introduzimos o capacitor de placas parelelas no Capítulo 27 e fizemos uso freqüente dele desde então. Assumimos que o capacitor estivesse carregado, mas não abordamos como ele é carregado. A Figura 30.21 mostra as duas placas de um capacitor conectadas por fios condutores aos dois terminais de uma bateria. O que acontece? E como a dife- rença de potencial �VC, através do capacitor, está relacionada à diferença de potencial �Vbat da bateria? A FIGURA 30.21a mostra a situação imediatamente após o capacitor ter sido conectado à bateria e antes dele estar completamente carregado. A escada rolante de carga, que é a bateria, transfere cargas de uma placa do capacitor para a outra, e esse é o trabalho que a bateria realiza durante o carregamento do capacitor. (Os fios conectores são condutores, e você aprendeu no Capítulo 26 que as cargas podem se mover através de condutores, formando uma corrente.) A voltagem do capacitor �VC aumenta constantemente à medi- da que a separação de cargas segue crescendo. Corrente Corrente Fluxo de íons Os íons não se movem Quando �V C � �V bat , a corrente cessa, e o capacitor está completamente carregado. A escada rolante de carga transfere cargas de uma placa para a outra. A voltagem �V C aumenta conforme a separação de cargas cresce. FIGURA 30.21 Um capacitor de placas paralelas é carregado por uma bateria. Mas esse processo não pode continuar indefinidamente. A carga positiva cada vez maior na placa superior do capacitor exerce uma força repulsiva sobre as novas cargas trazidas pela escada rolante, e, em algum momento, a carga do capacitor ficará tão gran- de que novas cargas não poderão mais entrar na placa. O capacitor da FIGURA 30.21b está, agora, completamente carregado. No Capítulo 32, analisaremos quanto tempo o proces- so requer, mas o tempo é tipicamente menor do que um nanosegundo para um capacitor conectado diretamente a uma bateria por fios de cobre. Uma vez que o capacitor esteja completamente carregado, com as cargas sem estar mais em movimento, a placa positiva do capacitor, o fio superior e o terminal positivo da bateria formam um único condutor em equilíbrio eletrostático. Essa é uma idéia impor- tante e que não era verdadeira enquanto o capacitor estava sendo carregado. Como você Fio Capacitores são elementos importantes de circuitos elétricos. Eles se apresentam em uma variedade de tamanhos e formas. CAPÍTULO 30 ■ Potencial e Campo 923 acabou de aprender, quaisquer dois pontos de um condutor em equilíbrio eletrostático estão a um mesmo potencial. Assim, a placa positiva de um capacitor completamene carregado está no mesmo potencial, como o terminal positivo da bateria. Analogamente, a placa negativa de um capacitor completamente carregado encontra- se no mesmo potencial que o terminal negativo da bateria. Conseqüentemente, a diferen- ça de potencial �VC entre as placas do capacitor corresponde exatamente à diferença de potencial �Vbat entre os terminais da bateria. Um capacitor ligado a uma bateria será carregado até que VC � �Vbat. Uma vez que o capacitor esteja carregado, você pode desconectá-lo da bateria; ele manterá sua carga e a diferença de potencial até que, e a menos que algo – uma corrente – permita que as cargas positivas se movam de volta para a placa negativa. Um capacitor no vácuo ideal permaneceria carregado para sempre. Você aprendeu no Capítulo 29 que a diferença de potencial de um capacitor de placas paralelas está relacionada ao campo elétrico em seu interior pela equação �VC � Ed, onde d é a separação entre as placas. Como você sabe do Capítulo 27, o campo elétrico no interior do capacitor é (30.15) onde A é a área superficial das placas. Combinando essas relações, obtemos (30.16) Em outras palavras, a carga sobre as placas de um capacitor é diretamente propor- cional à diferença de potencial entre as placas. A razão da carga Q para a diferença de potencial �VC é chamada de capacitância C: (capacitor de placas paralelas) (30.17) A capacitância é uma propriedade puramente geométrica de dois eletrodos porque ela depende tão somente de sua área superficial e do espaçamento entre suas placas. A uni- dade do SI para a capacitância é o farad, em homenagem a Michael Faraday. Um farad é definido como 1 farad � 1 F � 1 C/V Um farad vem a ser um valor enorme de capacitância. Capacitâncias de capacitores prá- ticos são normalmente medidas em microfarads (�F) ou picofarads (1 pF � 10 �12 F). Com essa definição de capacitância, a Equação 30.17 pode ser escrita como Q � C�VC (carga de um capacitor) (30.18) A carga de um capacitor é determinada conjuntamente pela diferença de potencial supri- da por uma bateria e por uma propriedade dos eletrodos chamada capacitância. EXEMPLO30.6 Carregando um capacitor O espaçamento entre as placas de um capacitor de 1,0 �F é de 0,050 mm. a. Qual é a área superficial das placas? b. Que quantidade de carga encontra-se sobre as placas se o capacitor está acoplado a uma bateria de 1,5 V? MODELO Considere que a bateria seja ideal e que suas placas sejam paralelas. RESOLUÇÃO a. A partir da definição de capacitância, b. A carga é Q � C�VC � 1,5 � 10 �6 C � 1,5 �C. AVALIAÇÃO A área superficial necessária para construir um capacitor de 1,0 �F (um valor típico bastante comum) é enorme. Veremos na Seção 30.7 como a área pode ser reduzida pela inserção de um isolante entre as placas de um capacitor. As teclas da maioria dos teclados de computador são chaves feitas com capacitores. Ao ser pressionar uma tecla, empurra-se as duas placas de um capacitor uma para perto da outra, o que aumenta sua capacitância. Um capacitor maior pode reter mais carga, então uma corrente momentânea leva carga da bateria (ou de uma fonte de alimentação) para o capacitor. Essa corrente é sentida, e o teclar é, então, registrado. Capacitores que funcionam como chaves são muito mais confiáveis do que as chaves de contado do tipo “liga-desliga”. 924 Física: Uma Abordagem Estratégica Confeccionando um capacitor O capacitor de placas paralelas é importante porque é fácil para analisar e porque pro- duz um campo elétrico uniforme. Mas capacitores e capacitância não estão limitados a eletrodos planos e paralelos. Quaisquer dois eletrodos, sem que importe suas formas, formam um capacitor. A FIGURA 30.22 mostra dois eletrodos de formas arbitrárias carregados com �Q. A carga total, como no caso do capacitor de placas paralelas, é nula. Pela definição, a capa- citância dos dois eletrodos é (30.19) onde �VC é a diferença de potencial entre os eletrodos positivo e negativo. Pode parecer que a capacitância depende de uma quantidade de carga, todavia a diferença de potencial é proporcianal a Q. Conseqüentemente, a capacitância depende apenas da geometria dos eletrodos. Para fazermos uso da Equação 30.19, devemos ser capazes de determinar a diferença de potencial entre os dois eletrodos quando se encontram carregados com �Q. O exem- plo seguinte mostra como isso é feito. EXEMPLO 30.7 Um capacitor esférico Uma esfera metálica de raio R1 está dentro de uma esfera oca e metá- lica de raio R2, sendo ambas concêntricas. Qual é a capacitância desse capacitor esférico? MODELO Considere que a esfera interna seja negativa, e a externa, po- sitiva. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 30.23 mostra as duas esferas Carga �Q Raio R 1 Carga �Q Raio R 2 O campo elétrico aponta da esfera positiva externa para a esfera negativa interna. FIGURA 30.23 Um capacitor esférico. RESOLUÇÃO Talvez você esteja pensndo que poderíamos determinar a diferença de potencial entre as esferas usando o resultado do Capítulo 29 para o potencial de uma esfera carregada. Entretanto, aquele era o potencial de uma esfera carregada isolada. Para determinar a diferen- ça de potencial entre duas esferas, precisamos usar a Equação 30.3: O campo elétrico entre as esferas é a superposição dos campos cria- dos pela esfera interna e pela esfera externa. O campo produzido pela esfera interna é igual ao gerado por uma carga puntiforme �Q, en- quanto, pela lei de Gauss, o campo no interior da esfera exterior é nulo. Integraremos ao longo de uma linha radial que vai de si � R1, sobre a esfera interior, até sf � R2, sobre a esfera exterior. O compo- nente Es do campo é negativo porque o campo aponta para dentro. Assim, a diferença de potencial é Então, a partir da definição de capacitância, AVALIAÇÃO Como esperado, a capacitância depende da geometria, mas não, da carga Q. Note que não precisamos considerar uma esfera interior negativa, mas uma esfera interior positiva teria exigido uma integração em direção ao interior, desde R2 até R1, para que ficásse- mos com �VC positivo. Associação de capacitores Na prática, às vezes dois ou mais capacitores são ligados juntos. A FIGURA 30.24 ilustra as duas combinações básicas: capacitores em paralelo e capacitores em série. Note que todo capacitor, sem que importe a sua forma geométrica real, é representado em diagra- mas de circuito por duas linhas paralelas. NOTA � Os termos “capacitores em paralelo” e “capacitor de placas paralelas” não descrevem a mesma coisa. O primeiro termo descreve como dois ou mais capacitores estão ligados uns aos outros. O segundo termo descreve como um capacitor especí- fico é construído. � Carga total nula Diferença de potencial �V C Capacitância C � Q/�V C FIGURA 30.22 Dois eletrodos quaisquer formam um capacitor. CAPÍTULO 30 ■ Potencial e Campo 925 Em circuitos, o símbolo para um capacitor são duas linhas paralelas. Capacitores em paralelo são ligados por suas partes superiores e inferiores. Capacitores em série são ligados pelas ex- tremidades, formando uma fileira. FIGURA 30.24 Capacitores em paralelo e em série. Como mostraremos mais adiante, capacitores em parelelo ou em série podem ser re- presentados por uma única capacitância equivalente. Demostraremos isso primeiro para os dois capacitores em paralelo C1 e C2 da FIGURA 30.25a. Devido ao fato de as placas su- periores dos dois capacitores estarem conectadas por um fio condutor, eles formam um único condutor em equilíbrio eletrostático. Assim, as duas placas superiores estão em um mesmo potencial. Conseqüentemente, dois (ou mais) capacitores em paralelo mantêm, individualmente, uma mesma diferença de potencial �VC entre suas duas placas. As cargas dos capacitores são Q1 � C1�VC e Q2 � C2�VC. No total, a escada rolante de cargas da bateria transferiu uma carga total Q � Q1 Q2 dos eletrodos negativos para os eletrodos positivos. Suponha, como na FIGURA 30.25b, que substituamos os dois capa- citores por um único capacitor com carga Q � Q1 Q2 e diferença de potencial �VC. Esse capacitor é equivalente aos dois originais no sentido de que a bateria não pode dis- tinguir a diferença. Em ambos os casos, a bateria tem de estabelecer a mesma diferença de potencial e transferir a mesma quantidade de carga. Por definição, a capacitância desse capacitor equivalente é (30.20) Essa análise depende do fato de que cada capacitor em paralelo possui a mesma di- ferença de potencial �VC. Poderíamos facilmente estender essa análise para mais do que dois capacitores. Se os capacitores C1, C2, C3,... estão em paralelo, sua capacitância equivalente é Ceq � C1 C2 C3 ... (capacitores em paralelo) (30.21) Nem a bateria nem qualquer outra parte de um circuito pode distinguir se os capaci- tores ligados em paralelo foram substituídos por um único capacitor de capacitância igual a Ceq. Agora consideremos os dois capacitores ligados em série da FIGURA 30.26a. A seção central, consistindo da placa inferior de C1 e da placa superior de C2, conectadas por um fio, está eletricamente isolada. A bateria não pode remover ou adicionar carga a essa se- ção. Se ela inicia sem uma carga resultante, deve terminar também sem uma carga resul- tante. Em conseqüência, os dois capacitores em série têm cargas iguais �Q. A bateria transfere Q da placa inferior de C2 para a placa superior de C1. Essa transferência polari- za a seção central, como mostrado, mas ela ainda possui Qres � 0. As diferenças de potencial através dos dois capacitores são �V1 � Q/C1 e �V2 � Q/C2. A diferença de potencial total através dos dois capacitores é �VC � �V1 �V2. Suponha que, como na FIGURA 30.26b, substituamos os dois capacitores por um único capacitor com carga Q e diferença de potencial �VC � �V1 �V2. Esse capacitor é equivalente aos dois originais porque a bateria tem de estabelecer a mesma diferença de potencial e transferir a mesma quantidade de carga nos dois casos. Por definição, a capacitância desse capacitor equivalente é Ceq � Q/�VC. O inverso da capacitância equivalente é, portanto, (30.22)Os capacitores em paralelo têm a mesma �V C . Mesma �V C , como em C 1 e C 2 Mesma carga total, como em C 1 e C 2 FIGURA 30.25 Substituindo dois capacitores em paralelo por um capacitor equivalente. Capacitores em série possuem a mesma Q. Não há carga resultante neste segmento isolado A mesma Q existente em C 1 e C 2 Mesma diferença de potencial total em C 1 e C 2 FIGURA 30.26 Substituindo dois capacitores em série por um capacitor equivalente. 926 Física: Uma Abordagem Estratégica Essa análise depende do fato de que cada capacitor em série possui a mesma carga Q. Poderíamos estender facilmente essa análise para mais do que dois capacitores. Se os capacitores C1, C2, C3,... estão ligados em série, sua capacitância equivalente é (capacitores em série) (30.23) NOTA � Tenha o cuidado de evitar o erro comum que consiste em adicionar os inver- sos e esquecer de inverter a soma. � Vamos resumir os fatos-chave antes de resolvermos um exemplo numérico: Todos os capacitores ligados em paralelo estão submetidos à mesma diferença de ■ potencial �VC. Todos os capacitores ligados em série possuem a mesma quantidade de carga �Q. A capacitância equivalente de uma combinação em paralelo de capacitores é ■ maior do que a capacitância de qualquer capacitor individual da combinação. A capaci- tância equivalente de uma combinação em série de capacitores é menor do que a capacitância individual de qualquer capacitor do arranjo. EXEMPLO 30.8 Um circuito com capacitor Determine a carga e a diferença de potencial através de cada um dos três capacitores da FIGURA 30.27. FIGURA 30.27 Um circuito com capacitor. MODELO Considere que a bateria seja ideal, com �Vbat � � 12 V. Use os resultados obtidos para capacitores ligados em parelelo e em série. RESOLUÇÃO Os três capacitores não estão em paralelo e nem em sé- rie. Mas podemos analisá-los a partir dos pequenos arranjos em que se encontram. Um método útil de análise de circuitos é, primeiro, combinar os elementes até chegar a um único elemento equivalente e, então, reverter o processo e calcular os valores para cada elemento. A FIGURA 30.28 mostra a análise desse circuito. Note que redesenhamos o circuito após cada passo. A capacitância equivalente dos capacitores em série de 3 �F e de 6 �F é determinada por Em paralelo Em série Capacitância equivalente Verificação: Verificação: FIGURA 30.28 Analisando o circuito capacitor. Uma vez que tenhamos determinado a capacitância equivalente corres- pondente, obtemos �VC � �Vbat � 12 V e Q � C�VC � 24 �C. Agora, podemos inverter o sentido. Todos os capacitores em série têm a mesma carga, portanto a carga de C1 e a de C2 3 é �24 �C. Isso é suficiente para determinarmos que �V1 � 8 V e �V2 3 � 4 V. Todos os capacitores em paralelo se encontram sob a mesma diferença de potencial; logo, �V2 � �V3 � 4 V. Isso é o bastante para determinarmos que Q2 � 20 �C e Q3 � 4 �C. A carga e a diferença de potencial, através de cada um dos três capacitores são mostradas no passo final da Figura 30.28. AVALIAÇÃO Note que tivemos de efetuar duas importantes verificações de consistência interna. �V1 �V2 3 � 8 V 4 V, constituindo os 12 V que determinamos para o capacitor equivalente de 2 �F. Então, Q2 Q3 � 20 �C 4 �C, constituindo os 24 �C que encontramos para o capacitor equivalente de 6 �F. Faremos muito mais análises desse tipo de circuito no próximo capítulo, todavia é importante observar, agora, que a análise de circuito se torna quase infalível se você efetuar essas verificações de consistência interna. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Neste vídeo, temos exploradas as características de um capacitor, através de um simulador muito divertido. Também trazemos da medicina uma ótima forma de utilização para os capacitores. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Dois eletrodos quadrados de alumínio 2,0cmx2,0cm, de , estão espaçados por 0.5mm. Os eletrodos estão conectados a uma bateria de 100V. a) Qual é a capacitância correspondente? b) Quanto vale a carga em cada eletrodo? A) C=5,1pF e Q=±0,51nC B) C=9,7pF e Q=±0,97nC C) C=3,13pF e Q=±0,313nC D) C=7,08 pF e Q=±0,708 nC E) C=4,45pF e Q=±0,445nC 2) O interruptor que conecta uma bateria a um capacitor de 10μF é fechado. Vários segundos mais tarde, você descobre que as placas do capacitor estão carregadas com ±30μC. Qual é a força eletromotriz ε da bateria usada? A) ε=6 V B) ε=5V C) ε=3V D) ε=8V E) ε =10V 3) Você precisa de uma capacitância de 50μF, mas não dispõe de um capacitor de 50μF. Você possui um capacitor de 30μF. a)Você ligaria os dois capacitores em paralelo ou em série? b)De que capacitor adicional você precisa para produzir a capacitância total de 50μF? A) Em série. 20μF B) Em paralelo. 30μF C) Em paralelo. 40μF D) Em série. 50μF E) Em paralelo. 20μF Você precisa de uma capacitância de 50μF, mas não dispõe de um capacitor de 50μF. Você possui um capacitor de 75μF. 4) a) Você ligaria os dois capacitores em paralelo ou em série? b) De que capacitor adicional você precisa para produzir a capacitância total de 50μF? A) Em série. 20μF B) Em série. 90μF C) Em série. 150μF D) Em série. 200μF E) Em série. 120μF 5) Inicialmente, o interruptor S da figura está aberto, e o capacitor, descarregado. Que quantidade de carga fluirá através do interruptor após ele ser fechado? A) 24 μC B) 12 μC C) 15 μC D) 5 μC E) 7 μC NA PRÁTICA Acompanhe um exemplo prático sobre capacitores. Os capacitores são componentes largamente usados na indústria eletrônica. Uma de suas aplicações é tornar um circuito mais estável a quedas no fornecimento de energia externa. Quando temos um circuito alimentado pela energia elétrica disponível em uma tomada, a presença de um capacitor pode fornecer energia mesmo na queda da energia elétrica externa através de sua carga armazenada por alguns instantes. Outro uso muito comum de capacitores em aparelhos de áudio, como rádios e amplificadores, se apresenta na forma de filtros de frequência. Dessa maneira, podemos separar baixas (som grave) ou altas frequências (som agudo) para alto-falantes específicos utilizando determinados tipos de capacitores. Na prática, devemos sempre utilizar um multímetro para o trabalho diário com estes componentes. Com o multímetro podemos verificar a tensão armazenada, bem como medir a resistência do capacitor. A medida de resistência resulta em um valor muito baixo ou próximo de zero é um indício de um capacitor danificado. No item "Saiba+" você tem acesso a algumas fontes de estudo como trechos de livros e alguns vídeos. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Capacitores - Me Salva Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Capacitores - Conceito Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Capacitor o que é, para que serve, tipos e aplicação Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Física dos semicondutores e junções PN APRESENTAÇÃO O estudo das características dos semicondutores é de vital importância para o entendimento e para a compreensão da eletrônica, assim como de seus principais componentes, os quais são constituídos, em parte ou exclusivamente, por materiais semicondutores. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre a estrutura dos materiais semicondutores e o processo de dopagem, o qual transforma esses materiais em instrumentos próprios para a utilização em eletrônica. Além disso, você poderá analisar as condições quando esses elementos condutores e isolantes provenientes dos semicondutores são unidos, sendo ligados direta ou reversamente à corrente do circuito. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem,você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a estrutura dos materiais semicondutores.• Determinar o processo de dopagem dos materiais semicondutores.• Analisar as condições na junção PN polarizada direta e reversa.• DESAFIO Por medida de segurança, foram conectados dois diodos de silício em série na entrada de um circuito, o qual tem por objetivo o acionamento de um LED, de modo que a corrente elétrica flua em apenas um sentido. A fonte do circuito é uma pilha AA de 1,5 volts. O LED que deve ser ligado também é um diodo, mas que emite luz. Ao ligar o circuito, percebeu-se que o LED não foi acionado. Veja a representação desse circuito. Você, na posição de engenheiro, foi acionado para, seguindo os conceitos da física dos semicondutores, determinar a possível causa desse acontecimento. Com base nas informações apresentadas e nos seus conhecimentos, responda: Por que o LED não foi acionado? INFOGRÁFICO A característica elétrica dos elementos está relacionada à última camada de seu modelo atômico, denominada camada de valência. Os elementos condutores de energia elétrica têm como característica, em relação à sua camada de valência, deter apenas 1 elétron nesta órbita. Elementos isolantes têm essa camada saturada, ou seja, têm 8 elétrons nessa camada. Já os semicondutores têm 4 elétrons na camada de valência. Neste Infográfico, você vai ver a representação dessas características por meio de exemplos, além das diferenças entre semicondutores do tipo P e do tipo N. CONTEÚDO DO LIVRO O conceito de semicondutores, assim como os fenômenos que ocorrem quando há a junção entre um material semicondutor do tipo N e outro do tipo P, é fundamental para a compreensão do funcionamento da maioria dos componentes utilizados na eletrônica. No capítulo Física dos semicondutores e junções PN, da obra Eletrônica I, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver o que é um semicondutor e como ele pode ser utilizado na eletrônica, partindo do princípio das junções PN. Boa leitura. ELETRÔNICA I Fabricio Ströher Física dos semicondutores e junções PN Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a estrutura dos materiais semicondutores. Determinar o processo de dopagem dos materiais semicondutores. Analisar as condições na junção PN polarizada direta e reversa. Introdução Todo o conceito da eletrônica está baseado nas propriedades elétricas dos materiais. Porém, diferentemente dos materiais condutores para a eletricidade, que não podem atuar como isolantes, ou dos isolantes para a eletrônica, que não podem trabalhar como condutores, os materiais semicondutores podem ser empregados para as duas coisas, pois, como o próprio nome já diz, têm características elétricas de condutores e de isolantes. Dessa forma, neste capítulo, você vai estudar os semicondutores e as suas propriedades condutoras e isolantes. Você vai verificar como é possível transformar um elemento semicondutor em um isolante ou em um condutor e vai analisar as condições quando esses elementos condutores e isolantes provenientes dos semicondutores são unidos, sendo ligados direta ou reversamente à corrente do circuito. Estrutura dos materiais semicondutores Como o próprio nome diz, os elementos semicondutores não são condutores propriamente ditos, nem tampouco se enquadram como isolantes, embora materiais que consistam puramente de elementos semicondutores se com- portem como isolantes perfeitos. Assim, para compreender o conceito de semicondutores, vamos primeiramente relembrar o conceito de condutores. Condutores Os elementos condutores são aqueles que permitem a passagem de uma cor- rente elétrica por eles, com a utilização da menor energia possível. Dentre eles, podemos citar a prata e o cobre, que são os mais utilizados e que apresentam maior condutibilidade, conforme lecionam Malvino e Bates (2016). A Figura 1 apresenta a estrutura atômica do cobre (Cu) e da prata (Ag), respectivamente. Figura 1. a) Modelos atômicos de Bohr dos átomos do cobre (b) e da prata. Fonte: oorka/Shutterstock.com e BlueRingMedia/Shutterstock.com. Verificando com atenção as duas estruturas atômicas, é perceptível que, na órbita mais afastada do núcleo do átomo, temos apenas um elétron. Essa órbita é denominada camada de valência, e é esta a camada que nos importa para tratarmos dos conceitos elétricos de um átomo. Como os elétrons nas órbitas têm carga negativa, os prótons que formam o núcleo dos átomos são cargas positivas. As cargas negativas e positivas tendem a se atrair. Porém, os elétrons não conseguem tocar o núcleo, em função de uma força igual e contrária provocada pela movimentação dos elétrons em torno do núcleo; essa força é denominada força centrífuga e é menor conforme a camada se afasta do núcleo. Quando o número de elétrons na camada de valência é pequeno, inferior a quatro, esse átomo, para se estabilizar, o fará de forma mais simples doando esses elétrons — que chamamos de elétrons livres. Assim, com uma pequena força externa, é possível movimentar um elétron para outro átomo, e assim sucessivamente. Física dos semicondutores e junções PN2 Quando um átomo tem apenas um elétron na camada de valência, denominamos este de elétron livre, pois, por estar distante do núcleo, a força que o atrai é pequena, tendo esta maior facilidade para se desligar do átomo. Semicondutores A Figura 2 mostra os modelos atômicos de dois materiais utilizados na fabrica- ção de componentes eletrônicos: o germânio (Ge) e o silício (Si). O germânio foi o elemento utilizado na construção do primeiro transistor, de acordo com Schuler (2013), enquanto o silício é o elemento utilizado na fabricação da maioria dos componentes eletrônicos atualmente. Figura 2. Modelo atômico de Bohr dos átomos de germânio e silício. Fonte: Semicondutores... ([2018]). Da mesma forma como acontece com os elementos utilizados para a cons- trução de condutores, percebe-se, na Figura 2, uma característica idêntica dos átomos de germânio e silício: ambos possuem quatro elétrons na camada de valência. Embora os elementos tetravalentes não sejam estáveis, ao se ligarem com outros átomos tetravalentes, os mesmos constroem uma rede cristalina. Essas ligações são chamadas de ligações covalentes, que acontecem quando o elétron é atraído por dois núcleos com forças iguais e opostas, conforme leciona Schuler (2013). 3Física dos semicondutores e junções PN Quando um átomo tem mais do que quatro elétrons na camada de valência, para que possa saturar ou se estabilizar (ter oito elétrons na camada de valência), é mais fácil receber elétrons em vez de doá-los. Esse espaço para receber elétrons para que o átomo complete sua camada de valência é chamado de lacuna. Essa rede cristalina forma um material intrínseco, pois a circulação de elétrons e lacunas acontece internamente ao material no momento de sua formação, sendo essa corrente anulada no momento em que todos os elétrons se combinam com lacunas. Esse material intrínseco em temperatura ambiente funciona como um isolante perfeito, pois não há espaço para a circulação de elétrons, sendo necessária uma alta energia externa para que possa existir uma corrente elétrica. Na Figura 3 é apresentado um material intrínseco formado por átomos de silício. Figura 3. Cristal de silício formado por ligações covalentes entre seus elétrons. Fonte: Schuler (2013, p. 30). N N N NN N N N NN N N N NN N N N N N N N N N N N NN Ligações covalentes A alta resistividade do semicondutor intrínseco pode ser reduzida expondo- -se o cristal de silício a temperaturas mais elevadas; isso fará com que a energia térmica gere elétrons livres provenientes de ligações covalentes quebradas. Física dos semicondutores e junções PN4 Estando esse elétron livre para se mover, este pode gerar uma corrente elétrica com a submissão desse cristal a uma diferença de potencial.O silício, além de ser o elemento principal de semicondutores, também é o elemento utilizado para a isolação em circuitos integrados. Adicionando-se dois átomos de oxigênio — que tem dois elétrons na camada de valência — a um átomo de silício, conseguimos formar um material com oito átomos na camada de valência e, portanto, estável. Essa ligação entre os átomos de oxigênio e silício é chamada de ligação iônica. Processo de dopagem dos materiais semicondutores Conforme visto anteriormente, um semicondutor intrínseco se comporta como um isolante, sendo útil como condutor somente quando submetido a altas temperaturas. É possível alterar as características elétricas dos semi- condutores intrínsecos realizando a dopagem destes. Essa dopagem consiste na adição de outros materiais com características da camada de valência diferentes dos átomos de silício, sendo esses outros materiais chamados de impurezas. Para a dopagem, primeiramente é fundido o semicondutor intrínseco, para que o mesmo passe da forma sólida para a líquida, quebrando-se assim as ligações covalentes do cristal. Em seguida, são criados dois tipos de materiais: os materiais tipo N e tipo P. Com a dopagem do semicondutor intrínseco, o mesmo passa a ter elétrons livres ou lacunas, permitindo a circulação de carga positiva ou negativa, sendo chamado desse momento em diante de semicondutor extrínseco, já que permite a circulação de cargas para além do material. Semicondutores tipo N Um semicondutor tipo N, como o próprio nome já indica, será negativamente carregado, ou seja, deverá existir elétrons livres nesse material. Para que isso aconteça, são adicionadas impurezas penta valentes, sendo denominados assim os elementos que tenham em sua camada de valência cinco elétrons. Podemos citar como exemplos desses elementos o fósforo e o arsênio. 5Física dos semicondutores e junções PN Após a adição dessas impurezas junto ao silício, existirão ligações co- valentes da mesma forma que nos materiais intrínsecos, porém, agora com uma peculiaridade: como o átomo de fósforo tem cinco elétrons na camada de valência, e o átomo de silício necessita de apenas quatro para se estabilizar, um dos elétrons não participará dessas ligações covalentes, formando-se, assim, um elétron livre que permitirá a circulação de corrente elétrica por esse material, convertendo este em um condutor. O nível em que é realizada essa dopagem depende da aplicação desse material extrínseco. Um exemplo disso é o transistor NPN que, apesar de ter duas camadas de material tipo N, uma é diferente da outra em relação ao nível de dopagem, denominando-se dopagem forte quando há mais elétrons livres e dopagem fraca quando há menos de elétrons livres. Na Figura 4 é apresentado um exemplo do material semicondutor tipo N, em que um átomo de arsênio é utilizado como impureza para a realização da dopagem do material. Figura 4. Semicondutor extrínseco tipo N utilizando como dopagem o arsênio. Fonte: Schuler (2013, p. 32). Si Si Si Si As Si Si Si Si Elétron livre Semicondutores de tipo P De forma contrária aos semicondutores extrínsecos tipo N, os semicondutores tipo P são dopados com elementos que têm três elétrons na camada de valên- Física dos semicondutores e junções PN6 cia. Com isso, quando estes se ligarem aos átomos de silício para a formação do semicondutor, faltará um elétron para estabilizar a camada de valência. Assim, esse semicondutor terá excesso de lacunas, tornando-se um material mais positivo em relação à sua carga. Na Figura 5 é possível compreender melhor esse efeito. Figura 5. Semicondutor extrínseco tipo P utilizando como dopagem o boro. Fonte: Schuler (2013, p. 33). Si Si Si Si B � Si Si Si Si Ausência de um elétron (lacuna) Análise das condições na junção PN polarizada direta e reversa Conforme já citado anteriormente, um semicondutor intrínseco não tem função prática direta na eletrônica. Da mesma forma, um semicondutor extrínseco tipo P ou tipo N, separadamente, também não tem aplicação prática na eletrônica. O elemento da eletrônica mais básico é formado pela junção de um se- micondutor do tipo N com um do tipo P — a esse elemento damos o nome de diodo (Figura 6). Segundo Schuler (2013), essa junção não é mecânica, mas sim eletrônica, formando um único elemento, porém com características distintas em suas extremidades. Para Malvino e Bates (2016), o entendimento dessa junção é a base para a compreensão da função e do princípio de funcio- namento de todos os elementos da eletrônica, incluindo diodos, transistores e circuitos integrados. 7Física dos semicondutores e junções PN Figura 6. Diodo formado pela junção de um semicondutor tipo P com um tipo N. Fonte: Schuler (2013, p. 42). Lacunas livres P N Elétrons livres Junção � � � � � � �� � � � �� � � � Por se tratar de um único elemento, alguns elétrons livres da camada N atravessam a junção se ligando às lacunas, fazendo com que os átomos próximos à junção se estabilizem e formando, assim, a camada de depleção, que é a região da junção onde os átomos estão saturados em relação à sua camada de valência. Na Figura 7 é apresentado um diodo com a representação da camada de depleção, que fica no centro, entre as duas regiões, e a representação da circulação dos elétrons da direita para a esquerda. Figura 7. Diodo formado pela junção de um semicondutor tipo P com um tipo N e a formação da camada de depleção. Fonte: Schuler (2013, p. 42). P N Junção Camada de depleção � � � � � �� � � � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Esse avanço dos elétrons sobre a junção é cessado a partir do momento em que uma tensão é formada nessa junção, interrompendo o avanço dos elétrons sobre a camada P. Isso ocorre porque, quando um elétron do material Física dos semicondutores e junções PN8 tipo N cruza a junção até um material do tipo P, forma um íon positivo; ou seja, o átomo que perdeu esse elétron se torna com carga positiva, tendo mais prótons no núcleo do que elétrons na órbita. O mesmo ocorre com o material que ganhou um elétron: este fica com uma carga negativa, tornando-se um íon negativo. Os íons negativos formados no material tipo P repelem os demais elétrons da camada tipo N, pois possuem cargas iguais. Para que os elétrons consigam ultrapassar a camada de depleção, é necessária uma energia externa com força superior a essa tensão criada internamente ao diodo, sendo essa tensão denominada barreira de potencial. Polarização direta Como vimos, a camada de depleção possui átomos saturados, isto é, com a sua camada de valência completa e, com isso, tornando-se isolantes. Porém, caso seja conectada uma fonte diretamente no circuito, isto é, conectando-se o terminal positivo da fonte no material tipo P e o terminal negativo da fonte no material tipo N do semicondutor, a camada de depleção começa a ser reduzida ou, até mesmo, eliminada. Na Figura 8 é representado esse fenômeno. Figura 8. Diodo polarizado diretamente com a eliminação da camada de depleção. Fonte: Schuler (2013, p. 43). Camada de barreira em colapso P N Junção Limitador de corrente �� � � � � � � � � � � � � � � � � � �� 9Física dos semicondutores e junções PN Quando o terminal positivo da bateria é conectado à lateral P do diodo, as lacunas ou portadores de corrente são empurradas para a direita. De forma análoga, o terminal negativo empurra os elétrons em direção à camada de depleção. Quando essa força externa supera a barreira de potencial, inicia-se a circulação de corrente elétrica pelo diodo. Nesse momento, este se torna um condutor. Essa barreira de potencial é variável, mas, para um diodo de silício, esse potencial é em torno de 0,7 volts; para um diodo de germânio, essa barreira é reduzida para algo em torno de 0,3 volts. Polarização reversa Invertendo-se a polarização da bateria conectada ao diodo conforme mostra a Figura 9, teremos uma polarização reversa. O terminalpositivo da bateria atrairá os elétrons livres para a extremidade direita do diodo, e, de forma análoga, as lacunas serão atraídas para a lateral esquerda do diodo. Com isso, os elétrons que forçavam a passagem para o outro lado da junção não farão mais essa força, e a camada de depleção se expandirá. Assim, o diodo se torna um isolante elétrico. Figura 9. Diodo polarizado reversamente com a expansão da camada de depleção. Fonte: Adaptado de Schuler (2013). P N Camada de depleção expandida 12 2 2 2 2 2 2 21 1 1 1 1 1 1 Física dos semicondutores e junções PN10 Em função da temperatura, poderão formar-se, na camada de depleção, portadores minoritários, que permitirão a circulação de corrente mesmo esse diodo estando reversamente polarizado. Essa corrente de fuga é bastante pequena, sendo impossível medi-la com um equipamento convencional, no caso específico de diodos de silício, conforme leciona Schuler (2013). Já os diodos de germânio têm corrente de fuga superior. MALVINO, A.; BATES, D. J. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v. 1. SCHULER, C. Eletrônica I. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. SEMICONDUTORES. Electronica PT, [2018]. Disponível em: <https://www.electronica-pt. com/semicondutores>. Acesso em: 21 set. 2018. 11Física dos semicondutores e junções PN Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Para a compreensão do princípio de funcionamento da maioria dos componentes, torna-se necessária a compreensão das interações elétricas que ocorrem na junção PN dos componentes eletrônicos. Entre os fenômenos que ocorrem durante a junção PN estão a camada de depleção e a barreira de potencial, além da atuação de elétrons e das forças que agem sobre eles. Nesta Dica do Professor, você vai ver esse princípio fisioquímico, o qual faz a eletrônica acontecer. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Para a formação de um material semicondutor intrínseco foi feita a união de vários átomos de silício. Em um dado momento, foi verificado que no material existia 1 milhão de elétrons livres. Sendo assim, é possível afirmar que existiam quantas lacunas ou cargas positivas no cristal formado? A) 0. B) 1.000.000. C) Não é possível determinar. D) 500.000. E) 2.000.000. 2) Uma tensão de 12 volts é aplicada reversamente a um diodo de silício em série, com um resistor de 40Ω, conforme representado na figura a seguir. Qual será a tensão em cima do diodo? A) 0,7 volts. B) 12 volts. C) 0,3 volts. D) 10 volts. E) 11 volts. 3) O que se quer dizer com “um átomo é um íon positivo”? A) Quer dizer que esse átomo, na reação com outros átomos, ganhou um elétron e perdeu a sua estabilidade, ficando mais positivo. B) Quer dizer que esse átomo, na reação com outros átomos, perdeu em elétron, ficando com a sua carga total positiva. C) Quer dizer que esse átomo perdeu um elétron na reação com outros átomos e ficou com a sua carga total de elétrons positiva. D) Quer dizer que esse átomo tem mais prótons que elétrons quando está em estabilidade. E) Quer dizer que a carga de elétrons desse átomo é positiva, ou seja, tem mais elétrons que prótons. 4) Por que o aumento da camada de depleção dificulta a passagem da corrente elétrica pelo diodo? A) O aumento da camada de depleção é em função do material dielétrico colocado entre a junção PN, a qual faz com que a corrente elétrica tenha dificuldade de circular pela região do semicondutor. B) O aumento da camada de depleção é em função do deslocamento ordenado de elétrons para o lado negativo da fonte e das lacunas para o lado positivo, gerando a estabilização da parte central do semicondutor por um maior espaço. C) O aumento da camada de depleção acontece no momento em que os elétrons livres iniciam a trajetória para a lateral oposta do semicondutor, pois com a sua saída da camada de valência dos seus respectivos átomos, eles acabam se estabilizando. D) O aumento da camada de depleção causa o aumento de lacunas e elétrons livres nas proximidades da junção PN, dificultando a circulação de elétrons por essa localidade. E) O aumento da camada de depleção deixa na junção PN átomos estáveis por uma faixa cada vez maior e, quanto maior está a camada de depleção, mais dificuldade terão os elétrons para circular por esse semicondutor. 5) No momento da criação de uma junção PN houve a migração de 500x10^6 elétrons para o material de tipo P até que a junção se estabilizasse, criando assim a camada de depleção e cessando a migração de elétrons e lacunas. Com isso, é possível afirmar que a corrente elétrica que ocorreu naquele instante entre a junção PN era de aproximadamente: A) 80pA. B) 80μA. C) 800pA. D) 8mA. E) 8μA. NA PRÁTICA As características elétricas dos diodos são variáveis em função da temperatura da junção PN. Como boa parte dos circuitos eletrônicos trabalha com baixas tensões, essa variação deve ser considerada para projetos. Neste Na Prática, você vai ver uma situação que demonstra como a variação de temperatura pode gerar variações elétricas nos componentes. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Do silício até os semicondutores orgânicos Não deixe de assistir a seguinte palestra, ministrada pelo professor Henri Ivanov Boudinov (UFRGS), o qual apresenta as características atuais dos semicondutores e a aplicação para cada um dos tipos de semicondutores utilizados na eletrônica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Camada de valência A física dos semicondutores está diretamente relacionada às características da camada de valência de um átomo. Para saber mais sobre ela, assim como sobre as partes que formam um átomo, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Polarização de um diodo semicondutor Quer ver como funciona um diodo polarizado em relação à camada de depleção? Veja a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como funciona um painel solar fotovoltaico? O seguinte vídeo apresenta a junção PN em uma função diferente: gerar energia elétrica com os conhecidos sistemas solares que estão se popularizando no Brasil, permitindo que o consumidor final produza a sua própria energia. Veja a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Condutores isolantes e semicondutores Confira na videoaula a seguir, as características dos elementos condutores, isolantes e semicondutores, além da aplicação de cada material dentro da eletrônica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Diodos: tipos e aplicações APRESENTAÇÃO Diodos são componentes eletrônicos utilizados em uma quantidade muito grande de circuitos eletrônicos. Eles retificam sinais, regulam tensões e correntes, protegem circuitos e elementos de circuitos, entre outras funções. Apesar da sua vasta aplicabilidade dentro da eletrônica, os diodos são os mais simples dos componentes, tendo somente uma junção PN. Sendo assim, o conhecimento das características em relação a sua curva característica e seus parâmetros são de fundamental importância para que se possa projetar e escolher corretamente o diodo a ser utilizado no projeto, de modo que este funcione de forma satisfatória. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá identificar a curva característica de um diodo, além de determinar graficamente os pontos importantes dessa curva, para que possa definir corretamente o diodo a ser aplicado em seu projeto. Além disso, você irá analisar o processo correto de medição de diodos para determinar se ele se encontra com problemas ou não, além de verificar os diversos tipos de diodos existentes no mercado, assim como as aplicações específicas de cada um deles. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a curva característica de um diodo, os seus pontos e suas áreas.• Descrevero procedimento de teste de um diodo de junção com o multímetro.• Analisar as características e a aplicação de diodos especiais.• DESAFIO No mercado dos componentes eletrônicos existem diversas soluções para a estabilização de tensões contínuas, mas, o que todas essas soluções têm em comum é a utilização do diodo Zener como componente principal. Em uma indústria é necessária a ligação de um motor de corrente contínua de 5V e 330mA para um sistema de automação. Porém, a alimentação da corrente contínua (CC) disponível no local é de 12 volts. Foi conferido a você criar um circuito utilizando o diodo Zener. Projete um circuito que além de fornecer os 5 volts para o motor, também garanta a segurança do circuito com a limitação de corrente para que o diodo não seja danificado. INFOGRÁFICO Os diodos são mais utilizados para realizar a retificação de sinais de corrente alternada para a corrente contínua, assim como elemento interno de CIs reguladores de tensão, porém, em função das características da junção PN, é possível a criação de outros tipos de componentes semicondutores baseados nos diodos que são utilizados nas mais diversas aplicações dentro da eletrônica, apenas alterando as características de dopagem ou alterando um semicondutor por um metal, no caso dos diodos Schottky. Neste Infográfico, você vai conhecer a simbologia dos principais tipos de diodos, assim como as suas aplicações. CONTEÚDO DO LIVRO Após compreender o conceito fundamental da eletrônica com a física dos semicondutores, é importante iniciar os estudos na eletrônica com os diodos, pois esses são os mais simples componentes eletrônicos. No capítulo Diodos: tipos e aplicações, da obra Eletrônica I, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as características elétricas dos diodos, mais especificamente em sua curva característica, a qual determina as relações de tensão e corrente quando o diodo está direta e reversamente polarizado. Boa leitura. ELETRÔNICA I Fabricio Ströher da Silva Diodos: tipos e aplicações Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a curva característica de um diodo, os seus pontos e as suas áreas. Descrever o procedimento de teste de um diodo de junção com o multímetro. Analisar as características e a aplicação de diodos especiais. Introdução Diodos são componentes eletrônicos utilizados em uma quantidade muito grande de circuitos eletrônicos. Eles retificam sinais, regulam tensões e correntes, protegem circuitos e elementos de circuitos, entre outras fun- ções. Apesar da sua vasta aplicabilidade dentro da eletrônica, os diodos são os mais simples dos componentes, possuindo somente uma junção PN. Por isso é tão importante dar início aos estudos da eletrônica aplicada a partir desse componente, pois seu entendimento dará embasamento para todo o estudo da eletrônica. Neste capítulo, você vai identificar a curva característica de um diodo, além de determinar graficamente os pontos importantes dessa curva, para que possa definir corretamente o diodo a ser aplicado em seu projeto. Além disso, você vai analisar o processo correto de medição de diodos para determinar se ele se encontra com problemas ou não e vai verificar os diversos tipos de diodos existentes no mercado e as aplicações especí- ficas de cada um deles. Dessa forma, além de determinar as características necessárias para sua aplicação, você também vai poder determinar outros aspectos importantes de um diodo. Curva característica de um diodo, os seus pontos e as suas áreas O diodo é o elemento da eletrônica mais simples dentre os que se utilizam dos conceitos dos semicondutores, pois ele é apenas a junção de um semicondutor de tipo N com outro de tipo P. Além de mais simples, ele faz parte da grande maioria dos circuitos eletrônicos, em função da sua principal aplicação, que é a retifi cação de sinais; ou seja, ele converte a corrente alternada (CA), presente nas tomadas de nossas casas, em corrente contínua (CC), que é a forma de onda utilizada pela maioria dos circuito eletrônicos, como televisores, lâm- padas LED, carregadores de bateria, dentre outros. Possivelmente, se você abrir um desses equipamentos construídos com tecnologia PTH (pin through role) para verifi car seus componentes eletrônicos, verá um elemento conforme apresentado na Figura 1. Figura 1. Diodo com encapsulamento DO-41. Fonte: Nowwy Jirawat/Shutterstock.com. Existem outros tipos de encapsulamento dentro da tecnologia PTH, mas o apresentado anteriormente é o mais comumente encontrado em circuitos eletrônicos de aparelhos domésticos. Ainda existem os compo- nentes SMD (surface mounted device), que têm aspecto físico diferente e podem ser confundidos com outros componentes devido à similaridade do encapsulamento. O diodo possui uma simbologia própria para que possa ser diferenciado em circuitos eletrônicos. Além dessa simbologia, o diodo também conta com Diodos: tipos e aplicações2 nomes específicos para identificar o semicondutor N e o semicondutor P, sendo chamados de cátodo e ânodo, respectivamente. Na Figura 2 é apresentada a simbologia esquemática do diodo, definindo-se o ânodo para o material positivo e o cátodo para o material negativo. Nos elementos físicos de diodos, sempre há algum tipo de identificação para determinar qual dos terminais é o cátodo; por exemplo, na Figura 1, o cátodo é definido pelo anel prateado existente próximo ao pino. Figura 2. Simbologia do diodo e determinação dos polos positivo e negativo. Fonte: Schuler (2013, p. 49). Conforme determinado na física dos semicondutores em relação às caracte- rísticas de polarização direta e reversa, os diodos têm características elétricas diferentes se polarizados direta ou reversamente. Isso pode ser demonstrado graficamente conforme a Figura 3, que mostra a curva característica do diodo e determina algumas regiões importantes que servem de base para quando se quer projetar um circuito eletrônico utilizando-se diodos. Figura 3. A curva característica do diodo. Fonte: Malvino e Bates (2016, p. 59). 3Diodos: tipos e aplicações Na Figura 3 é apresentada a curva caraterística de um diodo de silício em relação à sua queda de tensão e a corrente que circula pelo mesmo. Na polarização direta, é perceptível que, após o diodo atingir uma determinada diferença de potencial, o mesmo começa a sua condução, sendo essa região de condução linear após a chamada tensão de joelho. A tensão de joelho equivale ao valor da barreira de potencial, podendo esse valor variar em função do material utilizado na construção do diodo e das condições de temperatura a que esse diodo será exposto. A relação tensão–corrente, quando anterior ao rompimento da barreira de potencial, é não linear, tornando-se linear somente após o início regular da circulação de corrente no diodo. Observe que, após esse início, a queda de tensão no diodo se eleva de forma pequena se comparada à sua corrente. Nas folhas de dados, essas variáveis são denominadas tensão e corrente direta do diodo, VF (Maximum Instan- taneous Forward Voltage Drop) e IF (Average Rectified Forward Current), respectivamente. Além destas, ainda são dispostas nas folhas de dados as variáveis VF(AV) (Maximum Full−Cycle Average Forward Voltage Drop), que é a tensão média do diodo polarizado diretamente quando este é submetido a uma tensão variável, e IFSM (Non−Repetitive Peak Surge Current), que é a corrente máxima que o diodo suporta diretamente polarizado, mas por um pequeno instante. Já na região inversa do diodo, podemos perceber que, embora os diodos se comportem como chaves abertas, eles têm uma pequena circulação de corrente que, para diodos de silício, é de no máximo 50 µA para aplicações em pequenas potências (AXIAL-LEAD..., 2018). Nas folhas de dados, esse parâmetro é apresentado como IR (Maximum Reverse Current) para o valor de pico da corrente, ou,
Compartilhar