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❖ A tradução A tradução é um o evento que ocorre dentro das células, mais especificamente, no citoplasma de células eucariotas e procariotas. A tradução ocorre a partir do mRNA, e é feita principalmente pela maquinaria do ribossomo. O nome tradução se dá porque basicamente se passa a informação de uma de cadeia polinucleotídica para uma cadeia polipeptídica feita de aminoácidos. Antes era uma informação escrita composta de nucleotídeos com quatro opções, passa a ser uma cadeia polimérica constituída de subunidades de aminoácidos com vinte opções. A mudança de onde a informação estava armazenada na forma de ácido nucleico e passa para a forma de proteínas chama-se tradução. ➢ Maquinaria básica da tradução • mRNAs; • tRNAs; • Aminoacil-tRNA sintetases; • Ribossomos; • Proteínas. ❖ RNA mensageiro ou mRNA RNA mensageiro é o nome do RNA que é transcrito a partir de um gene, do DNA, e esse RNA irá ser usado na tradução para codificar uma proteína. Resumidamente, essa molécula de RNA utilizada durante a tradução para servir como molde para a síntese proteica se chama RNA mensageiro. O mRNA possui uma porção chamada de ORF – Open Reading Frame, também chamada de fase aberta de leitura ou região do RNA que codifica para proteína. A ORF é lida no momento da tradução a cada três nucleotídeos que não são sobrepostos. Para cada RNA no sentido 5’-3’ tem se a opção da ORF 1 que começa no primeiro nucleotídeo, da ORF 2 que começa no segundo nucleotídeo e da ORF 3 que começa no terceiro nucleotídeo. Dependendo de onde se começa a janela de três nucleotídeos irá ocorrer uma variação, e os possíveis aminoácidos irão variar também. Geralmente o códon AUG é o de iniciação, mas existem variações. O códon AUG é o único de iniciação em eucariotos (5´-AUG-3´), mas em procariotos existem outros três códons de iniciação: 5´-AUG-3´, 5´-GUG-3´, 5´-UUG-3´. Já os códons de terminação possuem variações tanto em eucariotos quanto procariotos, podendo ser 5´-UAG-3´, 5´-UGA-3´ ou 5´-UAA-3´. Geralmente um único mRNA de procariotos pode codificar mais de uma proteína, isso se dá porque os genes em procariotos estão organizados na forma de operon, no qual apenas um promotor regula a transcrição de dois ou mais genes, e esses dois ou mais genes são transcritos em uma única molécula de RNA. Os genes em eucariotos são organizados individualmente, cada gene está sob controle de um único promotor e esse gene é transcrito em um único RNA. Uma característica importante do mRNA em procariotos é a sequência de ligação ao ribossomo. E essa sequência de Shine-Dalgarno. Essa sequência de Shine-Dalgarno possui uma sequência que é reconhecida pelo RNA ribossomal da subunidade menor, e essa sequência que é reconhecida possui uma distância ideal (de 3 a 9 nucleotídeos) do códon de início. Sendo assim, no caso dos RNAs de bactérias, que são policistrônicos, se tem uma sequência de ligação para cada um dos genes porque geralmente após a terminação o ribossomo se desliga do mRNA. Em eucariotos, o ribossomo se liga ao cap 5’, a subunidade menor do ribossomo se liga e vai rastreando até achar um códon de início. Não basta apenas ser um AUG, precisa-se estar dentro do contexto da imagem acima: depois do AUG ter um G, depois mais dois nucleotídeos e quatro nucleotídeos antes do AUG tem que se ter uma purina (guanina ou adenina), toda essa sequência pode ser chamada de sequência de Kozak. Obs.: algumas vezes o códon de término e o códon de início em um RNA policistrônico de bactérias são sobrepostos, chamando-se de tradução acoplada (Ex.: 5’-AUGA-3’). ❖ Os tRNA Os tRNAs são RNAs pequenos, geralmente de 75 a 95 ribonucleotídeos na extremidade 3´ eles terminam com a sequência CCA e na porção 3´ ligado a aminoácido. Os tRNAs possuem bases diferentes das convencionais do RNA, além da uridina possui a pseudouridina e a diidrouridina. Além de outras bases como a hipoxantina, timina e metilguanina. A função dessas bases diferentes é que elas otimizam a função do tRNA. O tRNA é constituído de uma única cadeia polinucleotídica, mas possui uma estrutura secundária devido a formação de dupla fita através de pareamento de bases. Tem-se uma porção chamada de braço aceptor, onde tem-se o início e o final do tRNA e logo a ligação do aminoácido na extremidade 3´. Tem a alça D onde tem-se uma maior frequência das diidrouridinas. Tem a alça da pseudouridina, com presença de timina pseudouridina, citosina e guanina. Tem-se a alça variável, que pode variar de três a vinte e uma bases. E tem-se a alça do anticódon, que apresenta um anticódon complementar aos códons do mRNA. 5´-TψUCG-3´ UNNNA/G ➢ Ligação dos aa ao tRNA Uma enzima importante durante a tradução é a Aminoacil-tRNA sintetase, que reconhece o tRNA e ligam o aminoácido correspondente ao seu anticódon. Cada aminoácido é ligado por uma sintetase diferente (ao todo são vinte). Os nucleotídeos presentes na molécula tRNA permitem que um tipo de aminoacil sintetase específico se ligue à extremidade 3’ do tRNA e adicione apenas um determinado aminoácido. A ligação aminoácido – tRNA é de alta energia e é usada posteriormente na síntese de proteínas, para realizar a ligação covalente entre os aminoácidos. A Aminoacil-tRNA sintetase reconhece o tRNA através do anticódon. Então, existe Aminoacil-tRNA sintetase para cada tipo de aminoácido, elas reconhecem alguns tRNAs diferentes e alguns aminoácidos diferentes. Existem Aminoacil-tRNA sintetase em bactérias, que por exemplo o tRNA da glutamina pode hora se ligar ao glutamato hora à glutamina, e quando isso acontece ocorre a conversão do glutamato em glutamina. A Aminoacil-tRNA sintetase ligar, às vezes, dois aminoácidos diferentes ao mesmo tRNA. A taxa de erro dessa enzima é 1 a cada 1000 tRNAs carregados. Caso essa enzima carregue com um aminoácido diferente, o ribossomo não vai ser capaz de distinguir tRNAs carregados corretamente ou incorretamente. ❖ Ribossomo O ribossomo é composto por três moléculas de RNA e por até cinquenta proteínas diferentes. O processo de tradução é bem mais lento que a replicação. Sua velocidade na replicação – 200 a 1000 nucleotídeos/seg e na tradução – 2 a 20 aa/seg. A velocidade da tradução entre procariotos e eucariotos é diferente. Em procariotos a transcrição e tradução são eventos acoplados, ambos ocorrem no citoplasma e simultaneamente. Sendo assim, a tradução de bactérias é mais rápida por ela tentar acompanhar a velocidade de transcrição. Já em eucariotos, a transcrição ocorre no núcleo e a tradução no citoplasma. São eventos separados tanto espacialmente quanto temporalmente. Geralmente se refere ao ribossomo através da terminologia do S. Subunidade maior: centro da peptidil-transferase; subunidade menor: centro de decodificação. ❖ Início da tradução Existe o sítio de ligação com o ribossomo nos mRNAs de procariotos, que é a sequência de Shine- Delgarno, que é uma sequência que é reconhecida pelo RNA ribossomal 16S da subunidade menor. O tRNA é carregado com um tipo de metionina especial que é a N-formilmetionina. Todo peptídeo em bactérias começa com uma N-formilmetionina? Sim e não. Em algumas situações existe a ação de uma desformilase que tira esse N-formilmetionina da metionina, e existem casos de peptidases que cortam os dois a três primeiros aminoácidos. O início é sempre no AUG e sempre com uma N- formilmetionina. Porém, as proteínas maduras nem sempre conservam essa N-formilmetionina. Tanto em procariotos quanto eucariotos existem proteínas envolvidas em todas as etapas. As proteínas presentes são: os fatores IF1, IF2 e IF3. A IF1 e IF2 se ligam ao sítio A, a IF3 se liga ao sítio E e o tRNA iniciador ligado à N-formilmetioninase liga ao sítio P. Tudo isso ocorre na subunidade menor do ribossomo. A ordem de ligação das proteínas em procariontes é: a subunidade maior ligada à menor, podendo estar em equilíbrio, hora os ribossomos podem estar separados hora ligados a subunidade maior e menor. Porém, a proteína IF3 possui uma função importante de se ligar ao sítio E da subunidade menor e evitar a ligação da subunidade maior. Em seguida, a proteína IF1 e IF2 ligada a uma molécula de GTP se liga ao sítio A, o tRNA iniciador ligado a formilmetionina se liga ao sítio P, e então a molécula de mRNA se liga a subunidade menor até que ocorra o reconhecimento do códon de início posicionado corretamente, em seguida a proteína IF3 se desliga e o subunidade maior do ribossomo se liga. Uma vez que a subunidade maior do ribossomo se liga ela favorece a quebra da molécula de GTP ligada à IF2, e a IF2 se desliga liberando GDP, fosfato e a IF1. Em eucariotos algumas proteínas executam funções similares. Também existe a proteína eIF3 que se liga ao sítio E e faz com que a subunidade menor se desligue da maior. A proteína eIF1A se liga ao sítio A e com isso tem-se a ligação do tRNA iniciador ligado a metionina, ligado a proteína eIF2-GTP. E uma vez que esse tRNA se ligue a subunidade menor a proteína eIF5b-GTP também se liga interagindo com a eIF1A. A proteína eIF4F se liga a porção cap do RNA e interage com a proteína eIF3 levando a ligação desse mRNA a subunidade menor. Depois que esse complexo é montado começa o rastreamento até o códon de início, uma vez que esse códon de início é encontrado através do pareamento anticódon do tRNA iniciador com o códon de início, é liberado um sinal para a eIF2 hidrolisar o GTP se desligando o complexo e liberando fosfato levando também ao desligamento da proteína eIF3 e eIF4B. Uma vez que essas proteínas saem a subunidade maior se liga, favorecendo a hidrolise do GTP pela proteína eIF5b, fosforilando GTP e GDP liberando fosfato e se desligando do complexo, e a eIF1A também se desligando do complexo. A perda da capacidade ocorre por causa Limite de Hayflick, no qual se diz que as células se replicam por uma determinada quantidade e depois de passar o limite entrariam em estado de senescência. Existem algumas exceções. Umas são as uORFs, as ORFs que podem muitas vezes existirem anterior a montante da ORF principal, geralmente codificam peptídeo pequeno, e isso existe em mRNA de eucariotos. Também existe o IRESs – Sítio interno de entrada do ribossomo, que tem um rastreamento a procura do códon de início do RNA, e a proteína eIF4F que deve se ligar ao cap se liga a esse IRES e dá início a tradução na ORF posterior a essa sequência, é raro em mRNA de eucariotos, mas frequente em RNA viral. ❖ Tradução em eucariotos O cap e a cauda poli-A podem ajudar o mRNA a possuir uma estrutura circular através da interação da proteína eIF4G, que fica ligada ao cap, e as proteínas de ligação da cauda poli-A. Através da interação dessas proteínas o mRNA fica em uma forma cíclica aumentando a velocidade com que o mRNA é traduzido, pois, assim que o ribossomo se desliga ele já está fisicamente próximo ao início da tradução. ❖ Alongamento da tradução O alongamento da tradução nada mais é que a entrada do tRNA no sítio A, a formação da ligação peptídica, a translocação do tRNA carregado com peptídeo do sítio A para o sítio P e do tRNA carregado do sítio P para o sítio E. O alongamento da tradução nada mais é que a entrada do tRNA no sítio A, a formação da ligação peptídica, a translocação do tRNA carregado com peptídeo do sítio A para o sítio P e do tRNA carregado do sítio P para o sítio E. O tRNA carregando peptídeo fica no sítio P, o tRNA que irá participar da próxima etapa de síntese desse proteico entra pelo sítio A (entra ligado junto de uma proteína chamada EF-Tu-GTP), e uma vez que entra no sítio A a subunidade maior possui o centro de ligação ao fator que estimula a quebra do GDP em GDP e fosfato orgânico pela proteína EF- Tu, e uma vez que isso ocorre a proteína EF-Tu ligada ao GDP se desliga liberando o tRNA carregado para a ligação peptídica. ➢ Ribossomo X Fidelidade Nessa etapa, no centro de decodificação do códon na subunidade menor ocorre o pareamento códon- anticódon, caso o pareamento não seja correto o rRNA 16S não irá interagir com o códon e anticódon. E se essa interação não ocorrer, ocorrerá uma mudança estrutural do tRNA. Se o reconhecimento códon-anticódon funcionar corretamente o rRNA da subunidade menor, rRNA 16S, estabilizará a ligação posicionando corretamente o EF-Tu-GTP no centro de ligação ao fator. A entrada do tRNA carregado no ribossomo é um evento aleatório, como a entrada dos nucleotídeos livres na maquinaria de replicação e transcrição. Tudo isso acontece porque existe uma acomodação natural para que o aminoácido do tRNA carregado fique posicionado corretamente no centro da peptidil transferase, e esse processo de acomodação irá ser responsável por posicionar o aminoácido no local ideal para a ligação peptídica. Se não ocorre o pareamento correto, além disso não ocorrer durante esse processo de acomodação o tRNA se desliga. ➢ Translocação Após a ligação peptídica citada anteriormente, ocorre a etapa de translocamento. O translocamento é quando o tRNA descarregado vai do sítio P para o sítio E. O tRNA após a ligação peptídica fica carregando peptídeo e é transferido do sítio A para o P, isso só é possível graças a proteína EF-G ligada ao GTP (essa proteína que é responsável por essa translocação, consegue fazer isso com a energia da quebra da molécula de GTP). A proteína EF-G entra e fica posicionada no centro de ligação ao fator que estimula a quebra de GTP e GDP, induz uma mudança conformacional na EF-G e essa mudança leva a translocação, ela se desliga e o tRNA descarregado sai pelo sítio E. Para a ligação peptídica gasta-se 2 moleculas de GTP com a proteína EF-G e EF-Tu, e 1 molecula de ATP para o carregamento do tRNA ao aminoácido pela enzima aminoacil tRNA sintetase. O alongamento não é muito diferente entre procariotos e eucariotos. Basicamente muda-se os nomes, a EF-Tu em eucariotos se chama eEF1, e a EF-G se chama eEF2 em eucariotos. ❖ Término da tradução O término da tradução precisa de um códon de terminação, que diferente dos outros códons ele é reconhecido por uma proteína que são os fatores de liberação. Existem duas classes: • Classe 1: reconhece os códons de terminação e fazem hidrólise da cadeia peptídica e o tRNA do sítio P. Em procariotos existem as proteínas RF1 (reconhece os códons UAG e UAA) e a RF2 (reconhece os códons UGA e UAA). Em eucariotos existe a proteína eRF1 que reconhece os três códons de terminação. • Classe 11: estimulam a liberação dos fatores da classe 1. Em procariotos se chama RF3 e em eucariotos eRF3. Essas proteínas se ligam ao sítio A da subunidade menor, ela possui uma região que reconhece o códon de terminação a porção SPF, e possui a porção GGQ que é responsável por quebrar a ligação do peptídeo ao peptídeo tRNA. Uma vez que isso ocorre a proteína RF3-GDP se liga e troca o GDP por GTP e a proteína RF1 se desliga. Depois de trocar o GDP por GTP ela fica posicionada no sítio de ligação do fator, hidrolisa o GTP se desligando ligando ao GDP. A proteína RRF se liga ao sítio A, a proteína EF- G-GTP reconhece a proteína RRF ligada ao sítio A, faz a translocação com a quebra da molécula de GTP e GDP liberando ribossomo e mRNA.
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