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Psicologia da Saúde
Psicologia da Saúde (Universidade da Beira Interior)
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Psicologia da Saúde
Psicologia da Saúde (Universidade da Beira Interior)
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
PSICOLOGIA DA SAÚDE
 A psicologia clínica visa ajudar pessoas com alterações comportamentais ou perturbações mentais a
alcançar modos mais satisfatórios de ajustamento pessoal ou de autoexpressão. Já a psicologia da saúde
é um domínio da psicologia que recorre ao conhecimento e técnicas de diversas áreas da psicologia, com
vista à promoção e proteção da saúde, à prevenção e tratamento de doença.
 Enquanto a psicologia clínica se centra mais na intervenção em situações de doença de forma
individualizada, psicologia da saúde tem uma maior amplitude de análise e intervenção, promovendo a
saúde quer no plano pessoa, quer a nível de grupos de comunidade.
DEFINIÇÃO DO CONCEITO
 Consiste na agregação dos contributos educacionais, científicos e profissionais, específicos da disciplina e
Psicologia, para a promoção e manutenção da saúde, a prevenção e tratamento das doenças, para a
identificação dos correlatos etiológicos e diagnósticos com a saúde, doença e disfunções associadas, e
para a análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde e das políticas de saúde (Matarazzo, 1982).
 Campo da Psicologia que se preocupa com a relação dinâmica do comportamento e estados psicológicos
com a saúde física (Bishop, 1994).
 Trata da aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas à saúde, às doenças e aos cuidados de
saúde (Marks, Murray, Evans & Willing, 2000).
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
Estados Unidos da América
1973| Criação de um grupo dentro da APA para estudar o contributo dos psicólogos na investigação da
relação comportamento e saúde física;
1978| Criação da Divisão de Psicologia da Saúde da APA (divisão 38);
Europa
1984| Publicação de um documento pela OMS, onde se esclarece o contributo da psicologia para a saúde,
sugerindo uma orientação prática para incluir os problemas se saúde em geral e não somente a doença mental;
1986| Criação da European Health Psychology Society;
Portugal
1994| 1º Congresso Nacional da Psicologia da Saúde;
1994| Define-se a carreira da Psicologia Clínica enquanto ramo dos Técnicos Superiores de Saúde;
1995| Criação da Sociedade Portuguesa da Psicologia da Saúde;
CONTRIBUIÇÕES PARA A EMERGÊNCIA DA PSICOLOGIA DA SAÚDE
 Modificação da definição de saúde e no que significa ser-se saudável;
 Aparecimento de novas conceções para lá do modelo biomédico;
 Mudanças nos padrões de doença (surge a vacina);
 Razões económicas;
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
OBJETIVOS, ÁREAS E CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO
Enfatiza o papel dos fatores psicológicos na causa, progressão e consequências da saúde e da doença;
Objetivos
 Procurar compreender, explicar, desenvolver e testar teorias:
 Avaliando o papel do comportamento na etiologia da doença;
 Predizendo comportamentos não saudáveis;
 Compreendendo o papel da psicologia da vivência da doença;
 Avaliando o papel da psicologia no tratamento da doença.
 Procurar colocar a teoria em prática:
 Promovendo comportamentos saudáveis;
 Prevenindo o aparecimento da doença.
Contextos de intervenção
 Em Centros de Saúde (constitui a principal forma de participar nos cuidados de saúde primários):
 Atividades de promoção de saúde e prevenção de doença
 Contribuição para programas de informação e educação para a saúde e
desenvolvimento comunitário relacionado com o comportamento1, promovendo uma
abordagem psicológica dos problemas de saúde.
 Aconselhamento psicológico
 Adesão a exames de saúde e rastreios;
 Stress induzido pelo confronto com procedimentos médicos de diagnóstico e/ou
tratamento.
 Humanização e qualidade
 Participação em programas de humanização dos serviços, acesso e atendimentos.
 Cuidados continuados e reabilitação
 Participação em projetos para a inserção social de sujeitos com doença crónica
incapacitante.
 Formação e investigação
 Em Hospitais:
 Intervenção com os utentes
 Confronto com a doença e hospitalização;
 Confronto com procedimentos médicos de diagnóstico e tratamento;
 Adesão medicamentosa e comportamental;
 Procura de cuidados e utilização dos serviços;
 Qualidade de vida na doença;
 Cuidados hospitalares a minorias sociais e culturais.
 Intervenção com técnicos e funcionários
 Participação na formação:
 Aumentar a informação dos técnicos e funcionários sobre aspetos psicológicos
associados à doença e à prestação de cuidados hospitalares que sejam
relevantes para o seu papel profissional.
1 Comportamentos alimentares, prática de exercício físico, tabagismo, álcool e drogas, contraceção e planeamento 
familiar, saúde materna e infantil, saúde escolas, saúde do adolescente, saúde do idoso, saúde ocupacional, 
prevenção de doenças cardiovasculares, cancro, acidentes, etc.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
 Prevenção do stress ocupacional.
 Intervenção da organização
 Humanização e qualidade:
 Articulação com Centros de Saúde.
PSICOLOGIA NO SISTEMA DE CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS
 Parâmetros importantes para definir a psicologia da saúde:
 Definição do objeto;
 Delimitação do objeto em diversas áreas de intervenção e investigação;
 Modelos teóricos diversificados;
 Métodos de avaliação;
 Métodos de intervenção;
 Investigação.
Áreas Fundamentais de Atuação
 Promoção da saúde e prevenção de doença;
 Função assistencial;
 Reabilitação;
 Formação de outros técnicos;
 Outras atividades (e.g., avaliação da qualidade dos serviços)
DIFERENÇAS ENTRE UM PSICÓLOGO CLÍNICO DE UM PSICÓLOGO DE SAÚDE
1. Definição do quem é o cliente:
 Doente é, geralmente, enviado por um médico/enfermeiro;
 Nunca é o doente que pede a consulta;
 O médico acaba por ser o cliente;
2. Alteração na relação psicólogo-cliente:
 Não é 100% ético porque não existe 100% de confidencialidade.
3. Tempo de intervenção.
ÁREAS RELACIONADAS COM A PSICOLOGIA DA SAÚDE
 Psicologia Médica: aplicação dos métodos da psicologia clínica aos problemas da doençafísica;
 Medicina Psicossomática: especialidade dentro da biomedicina que se preocupa com os fatores
psicológicos no desenvolvimento da doença física;
 Medicina Comportamental: campo interdisciplinar que aplica teorias e técnicas das ciências
comportamentais para tratamento e prevenção da doença;
 Saúde Comportamental: campo interdisciplinar que se foca na promoção da saúde e prevenção da
doença nos que se encontram saudáveis;
 Antropologia Médica: especialidade dentro da antropologia que estuda os aspetos culturais da saúde e
da doença;
 Sociologia Médica: especialidade dentro da sociologia que estuda os aspetos sociais da saúde e da
doença.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
RELAÇÃO ENTRE MENTE E CORPO
Algumas culturas viam a mente e corpo interligados, outras privilegiavam a separação.
Sociedades Primitivas| Mente e corpo como uma unidade; Doença compreendida com base em forças
espirituais.
Grécia/Teoria dos Humores de Hipócrates (460 a.C.) | Primeira conceção naturalística de doença;
Relação estreita entre a mente e o corpo.
China/Conceito de equilíbrio entre forças| Conceção naturalística de saúde e doença; Relação estreita
entre a mente e o corpo.
Idade Média| Regresso à conceção espiritualista; Medicina ligada à Igreja.
Renascimento| Retorno às explicações naturais da doença;
Aparecimento da doutrina “dualismo mente-corpo” com René Descartes.
DUALISMO MENTE-CORPO
 Segundo esta doutrina, não existia conexão entre o corpo e a mente, sendo que o corpo pertencia ao
físico e a mente ao campo espiritual;
 O corpo era visto quase como uma “máquina”, podendo ser analisado e compreendido em
termos mecânicos através das suas partes constituintes. 
 A doença era vista como resultado de uma avaria nessa mesma máquina;
 A saúde e a doença começaram a ser encaradas quase exclusivamente em termos bioquímicos, com
pouca consideração pelos fatores psicológicos ou sociais.
Benefícios à medicina
 Avanços ao nível da imunologia, saúde pública, patologia, técnica cirúrgica, etc.;
 Controlo de doenças (cólera, febre tifoide, escarlatina) levou à diminuição da taxa de mortalidade;
 A descoberta da penicilina e das vacinas conduziram a uma revolução nos cuidados de saúde.
MODELO BIOMÉDICO
 O que causa a doença?
 As doenças podem advir do exterior do corpo, invadindo-o e causando mudanças físicas dentro
do mesmo, ou podem ter origem em mudanças físicas internas involuntárias2.
 Quem é responsável pela doença?
 Os sujeitos surgem como vítimas uma vez que as doenças se encontram fora do seu controlo.
 Como devem ser tratadas as doenças?
 Através de vacinação, cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
 Quem é responsável pelo tratamento?
 Classe médica.
 Qual a relação entre saúde e doença?
 A saúde e a doença são qualitativamente diferentes. Surgem como opostos sendo que não existe
continuidade entre ambos.
 Qual a relação entre mente e corpo?
2 Por exemplo, desequilíbrios químicos, bactérias, vírus e predisposição genética.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
 A mente é encarada como algo abstrato, relacionada com pensamentos e sentimentos, enquanto
que o corpo é visto em termos de substâncias físicas como pele, músculo, osso.
 As mudanças na matéria física são consideradas independentes das mudanças do estado da
mente.
 Qual o papel da psicologia na saúde e na doença?
 A doença pode ter consequências psicológicas, mas não causas.
Críticas ao Modelo Biomédico
 Embora o Modelo Biomédico tenha tido um papel fundamental na luta contra a doença, esta abordagem
ao tratamento começou a criar uma crescente insatisfação.
 George Engel (1977)
 Crítica ao reducionismo: o modelo biomédico defende que os fenómenos complexos da doença
podem ser reduzidos à linguagem da química e da física;
 Crítica ao dualismo mente-corpo: o modelo biomédico defende a separação entre a mente e o
corpo;
MODELO BIOPSICOSSOCIAL
 Surgiu a necessidade de criação de um novo modelo que incorporasse as características positivas do
modelo biomédico e que, ao mesmo tempo, evitasse o reducionismo e o dualismo mente-corpo.
Teoria Geral dos Sistemas/Teoria Sistémica
 Engel (1980) defende que a Teoria Sistémica traz importantes implicações para a compreensão da saúde
e da doença.
 Ludwig von Bertalanffy entende que o organismo, de modo a ser compreendido, não pode ser encarado
apenas como uma soma das suas partes, mas sim como um sistema3.
 Segundo a Teoria Geral dos Sistemas, a natureza pode ser melhor compreendida em termos de
hierarquias de sistemas, em que cada sistema é, simultaneamente, composto por unidades menos
complexas, e parte de unidades mais amplas. Nada existe isolado.
Modelo Biopsicossocial
 O que causa a doença?
 A doença é causada por uma multiplicidade de fatores e não por um único fator causal.
 A doença pode ter origem numa combinação de fatores biológicos, psicológicos e
sociais.
 Quem é responsável pela doença?
 O indivíduo já não é visto como uma vítima, sendo capaz de reconhecer o
comportamento na origem da doença significa que o sujeito pode ser considerado
responsável pelo seu estado de saúde.
 Como deve ser tratada a doença?
 A pessoa, no seu todo, deve ser tratada como tal e não apenas ao nível das mudanças
físicas que se deram, podendo isso tomar a forma de uma mudança de comportamento,
encorajando mudanças nas crenças, estratégias de coping e adesão às recomendações
médicas.
 Quem é responsável pelo tratamento?
3 Sistema: conjunto de elementos interdependentes que interagem entre si, relacionados cada um ao seu 
ambiente, de modo a formar um todo organizado.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
 A pessoa surge como responsável, em parte, pelo seu tratamento. Por exemplo, existe
uma responsabilização pela ingestão de medicação e pela modificação das suas crenças
e comportamentos,
 Qual a relação entre saúde e doença?
 Já não são qualitativamente diferentes, mas situadas num continuum. Ao invés de
estarem saudáveis ou doentes, os sujeitos progridem ao longo de um espectro que vai
do estado de saúde ao de doença e vice-versa.
 Qual a relação entre mente e corpo?
 A mente e o corpo interagem reciprocamente.
 Qual o papel da psicologia na saúde e na doença?
 Os fatores psicológicos são não só possíveis consequências da doença, mas também
contributos para a sua etiologia.
BIO PSICO SOCIAL
Vírus
Bactérias
Lesões
Comportamento
Crenças
Coping
Stress
Dor
Classe
Emprego
Etnia
Modelo Psicossocial, Engel (1977)
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
CONCEÇÕES DE SAÚDE E DE DOENÇA
SAÚDE
“Estado de bem-estar físico, mental e social, total, e não apenas a ausência de doença, ou de incapacidade”
(WHO, 1948)
 Rutura com o modelo médico tradicional;
 Coloca a saúde num contexto alargado de bem-estar;
 Aspetos físicos, mentais e sociais como interdependentes;
 Não é suficiente para desenvolver indicadores operacionais de saúde, é uma definição muito centrada no
indivíduo.
A OMS acrescenta que a saúde:
 «É a extensão em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar as suas aspirações e
satisfazer assuas necessidades, e, por outro, de modificar ou lidar com o meio envolvente»
 «É um recurso para a vida do dia-a-dia, uma dimensão da nossa qualidade de vida e não o objetivo de
vida»
 A Comissão de Brundtland (WHO, 1987) alarga a definição de saúde:
 «Saúde é um estado sustentável de bem-estar físico, mental e social total, e não apenas a
ausência de doença ou de incapacidade»
Dá-se passagem de uma saúde individual para a saúde social.
DOENÇA
A língua inglesa possui 3 palavras para o nosso significado de doença:
1. Disease: ter uma doença; considerado como um acontecimento biológico (mudanças anatómicas,
fisiológicas, bioquímicas); rutura na estrutura, ou função, de uma parte do corpo, de um sistema ou
subsistema.
2. Illness: sentir-se doente; trata-se de um acontecimento humano, uma configuração de desconforto e
desorganização psicossocial, resultante da interação do indivíduo com o seu meio.
3. Sickness: comportar-se como doente; é uma identidade social, um estatuto ou papel assumido por
pessoas que foram rotuladas como não saudáveis.
RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E DOENÇA
Conceção tradicional
(A) (B)
 Doença grave ou morte Bem-estar completo
 Saúde ótima e doença grave, ou morte, como os extremos de um contínuo.
 A medicina tradicional visa a intervenção na 1ª metade do contínuo, tentando restabelecer a saúde.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
Modelo alternativo para a relação entre Saúde e Doença
 Bem-estar elevado
 
 4 1
 Doença grave Ausência de doença
 2 3
 
 Mal-estar
 
 A dimensão saúde/doença é independente da dimensão bem-estar/mal-estar.
RELAÇÃO ENTRE SAÚDE, QUALIDADE DE VIDA E BEM-ESTAR SUBJETIVO
Qualidade de Vida (QDV)
 «Conceito alargado que é afetado de uma forma complexa pela saúde física, estado psicológico, nível de
independência e relações sociais da pessoa, e a relação com as características salientes do respetivo
meio.»
 «QDV é o sentimento pessoal de bem-estar que provém da satisfação ou insatisfação com domínios de
vida que são importantes para a pessoa.»
Domínios da QDV
 Comunidade, educação, vida familiar, amizades, saúde, habitação, casamento, nação, vizinhança, self,
padrão de vida e trabalho.
 A saúde é o domínio que melhor explica a QDV;
QDV e Saúde
 Foca-se especialmente no impacto da saúde no bem-estar individual;
 Traduz a perceção subjetiva da saúde nos domínios físico, emocional, mental, social e funcional;
 Usado para avaliar o impacto da doença na QDV do paciente e dos cuidadores.
Modelos de QDV 
 Leventhal e Colman assumem que a importância e o significado da avaliação da QDV é afetada pela
representação da doença feita pelo doente. No seu modelo de explicação da QDV os autores incluem:
 A representação da doença enquanto ameaça;
 As reações emocionais que funcionam como inibidoras ou motivadores do pensamento e da
ação;
 As regras do pensamento e das ações adequadas para um melhor controlo, cura e prevenção
da doença como ameaça e dos aspetos importantes para o contexto em que a pessoa vive.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
Medidas de QDV
Importância dos fatores cognitivos do doente.
Avaliação da Qualidade de Vida
Valores, crenças, julgamentos
do doente
Aspetos clínicos, outros aspetos
(p.e., relacionados com a eficácia
do tratamento)
QDV enquanto Medida de Resultado
A investigação dos resultados das intervenções feitas no sistema de cuidados e saúde considera 3 áreas:
1. Clínicos;
2. Económicos;
3. Humanísticos – efeitos do tratamento na QDV e funcionalidade do doente.
Medidas de QDV como forma de avaliação da intervenção no estado de saúde dos indivíduos.
BEM-ESTAR SUBJETIVO (BES)
 O bem-estar subjetivo é um elemento essencial da qualidade de vida e um aspeto importante da
psicologia positiva4;
 Expressa os aspetos mais subjetivos da QDV (felicidade, satisfação com a vida e qualidade de vida
percebida).
 Bem-estar subjetivo: reação avaliativa das pessoas à sua própria vida, quer em termos de satisfação com
a mesma, quer em termos de afetividade (relações emocionais).
 Conceito multidimensional, distingue-se entre uma dimensão cognitiva e outra afetiva,
relacionada com a felicidade.
 A dimensão afetiva representa dois fatores independentes, a afetividade positiva (PA)
e a afetividade negativa (NA). 
 A afetividade negativa exprime-se pela disposição para experimentar
sentimentos e emoções desagradáveis5, já a positiva traduz-se na tendência
para experimentar sentimos e emoções agradáveis.
 Já a dimensão cognitiva é representava por um fator, a satisfação com a vida, que
traduz a avaliação global que o sujeito faz da sua vida, em termos de desejo ou
mudança ou de contentamento com o que lhe acontece.
4 Psicologia Positiva: perspetiva de investigação-ação e de intervenção psicológica, visando a promoção da saúde e bem-estar 
dos sujeitos.
5 Neuroticismo.
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Bem-Estar Subjetivo
Dimensão cognitiva
(juízo avaliativo)
Satisfação com a vida
Dimensão afetiva
(positiva ou negativa)
Felicidade
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
Teorias do BES
 Existem dois tipos de teorias relacionadas com o BES, as teorias “bottom-up” e as “top-down”.
 As teorias bottom-up encaram o bem-estar subjetivo como o efeito cumulativo das experiências
positivas (agradáveis) em vários domínios específicos da existência (trabalho, família, lazer),
sendo as circunstâncias objetivas da vida os principais preditores do BES.
 As teorias top-down postulam que existe uma tendência global do sujeito para experienciar os
acontecimentos de maneira positiva, isto é, o sujeito experiencia prazer porque é feliz e não o
contrário. Assim, a experiência, em si mesma, não é objetivamente agradável ou desagradável,
satisfatória ou insatisfatória, pois depende da interpretação que o sujeito faz dela.
 Esta última abordagem considera o sujeito como ativo e organizador da sua experiência de
vida, sendo o BES encarado como uma causa, enquanto na abordagem bottom-up, o BES era
encarado como efeito.
 Inicialmente, predominava a abordagem bottom-up, sendo que o sujeito feliz era caracterizado como
jovem, saudável, com instrução, elevado rendimento, religioso e casado. Isto é, só eram consideradas
variáveis sociodemográficas. Atualmente, predomina a perspetiva top-down, que considera que a
personalidade tem um papel fundamental.
Avaliação do BES
 A par da avaliação das doenças têm-se desenvolvido medidas genéricas de avaliação de saúde ou do bem-
estar. Tem-se procurado avaliar o bem-estar, distinguindo-se três fases na sua evolução. Primeiro, começou por ser avaliado através de critérios externos, depois, através da avaliação
subjetiva do sujeito e por fim, começou a integrar as experiências pessoais positivas. Assim
sendo, na investigação houve um desenvolvimento das medidas utilizadas de objetivas para
subjetivas.
 O bem-estar integra três características: baseia-se na experiência pessoal do sujeito, recorre a medidas
positivas, não se traduzindo apenas pela ausência de medidas negativas, e inclui a avaliação global dos
vários aspetos da vida do sujeito.
 No entanto, o bem-estar não é apenas a soma da quantidade de momentos de satisfação do sujeito ,
mas sobretudo o resultado da orientação geral positiva do sujeito para os acontecimentos da vida.
Variáveis preditoras do BES
1. Autoestima positiva;
2. Sentido do controlo percebido – Bandura chama de autoeficácia;
3. Otimismo;
4. Sentido de significado e propósito na vida;
5. Extroversão;
6. Relações sociais positivas.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
CRENÇAS DE SAÚDE E CRENÇAS DE DOENÇA
Saúde
Lau identificou 5 dimensões nas cognições de saúde:
1. Fisiológica/física – ter energia, boa forma física;
2. Psicológica – feliz, sentir-se bem psicologicamente;
3. Comportamental – comer, dormir bem;
4. Consequências futuras – viver mais tempo;
5. A ausência de – não estar doente, sem sintomas.
A maioria das pessoas apresentava uma definição positiva de saúde.
Doença
Identificou 6 dimensões relativas às cognições de doença:
1. Não se sentir normal – “não me sinto bem”
2. Sintomas específicos (fisiológicos/psicológicos);
3. Doenças específicas;
4. Consequências da doença – “não consigo fazer…”;
5. Dimensão temporal – quanto tempo vão durar os sintomas;
6. A ausência de saúde – não se sentir saudável.
O doente (leigo em assuntos biomédicos) possui uma conceção da sua doença:
 Ideias subjetivas acerca da doença e dos sintomas, das recuperações e das recaídas;
 Pode ser inválido do ponto de vista biomédico.
Dimensões das cognições de doença
1. Identidade
2. Causa percecionada da doença
3. Dimensão temporal
4. Consequências
5. Probabilidade de cura e controlo da doença
SIGNIFICAÇÕES PESSOAIS SOBRE SAÚDE E DOENÇA
 Têm um papel importante na geração e manutenção dos processos de doença e na facilitação dos
processos de recuperação ou reabilitação;
 Têm uma influência significativa nas expressões emocionais e processos de confronto relativos aos
processos de saúde e doença;
 Estão na base do bem-estar pessoal e podem constituir um fator de proteção das doenças;
 São os principais determinantes das atitudes e dos comportamentos de promoção de saúde;
 Têm um papel importante na qualidade de relação técnico-paciente e no processo de adesão às
recomendações de técnico de saúde ou às mensagens incluídas nas campanhas de educação para a
saúde.
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
COMPORTAMENTO E PSICOLOGIA DA SAÚDE
RELAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO E SAÚDE
 As alterações das causas de morte ao longo do século XX podem ser explicadas, em parte, pelas
mudanças que ocorreram em doenças relacionadas com o comportamento;
 Ao longo do século XX assistiu-se:
 Diminuição de doenças infeciosas;
 Aumento de doenças causadas pelo comportamento do indivíduo;
 50% da mortalidade ligada às dez primeiras causas de morte deve-se ao
comportamento dos indivíduos;
 O que indica que o comportamento e o estilo de vida têm um efeito potencialmente
importante na longevidade e que as pessoas têm um papel ativo na saúde e na
doença.
Áreas de estudo da psicologia da saúde
 A psicologia da saúde centra-se na relação entre comportamentos e doenças;
 Duas perspetivas:
 Prevenção de doenças;
 Promoção da saúde.
Comportamentos associados à saúde
 Comportamentos de saúde são geralmente encarados como comportamentos relacionado com o estado
de saúde do indivíduo.
 Kals e Cobb (1996) definiram três tipos de comportamentos relacionados com a saúde:
 Comportamento de saúde: comportamento cujo objetivo é impedir o aparecimento de uma
doença, p.e., ter uma dieta saudável;
 Comportamento de doença: comportamento cujo objetivo é encontrar um tratamento, p.e.,
procurar um médico;
 Comportamento de doente: atividade que tem como objetivo ficar saudável, p.e., tomar
medicação prescrita;
 Classificação dos comportamentos associados à saúde:
McQueen (1988) Matarazzo (1984)
Comportamentos de exaltação da saúde
Visam a promoção da saúde
Comportamentos de manutenção da saúde
Prevenção das doenças e de proteção da saúde
Comportamentos imunogénicos
Comportamentos de proteção da saúde
Têm um efeito positivo
Comportamentos de prejuízo da saúde
São prejudiciais à saúde
Comportamentos patogénicos
Hábitos prejudiciais para a saúde
Têm um efeito negativo
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
DETERMINANTES DOS COMPORTAMENTOS RELACIONADOS COM SAÚDE
 Conhecer os comportamentos de proteção da saúde é diferente de adotar esses comportamentos;
 Fatores que permitem predizer os comportamentos da saúde:
 Fatores sociais, como a aprendizagem, o reforço, a modelagem e as normais sociais;
 Genética;
 Fatores emocionais, como a ansiedade, stress, tensão e medo;
 Sintomas percebidos, como dor, falta de ar e fadiga;
 Crenças do doente;
 Crenças dos profissionais de saúde.
 Processos que afetam os hábitos de saúde:
 Hereditariedade;
 Cognição;
 Perceção;
 Fatores emocionais;
 Personalidade;
 Fatores sociais;
 Aprendizagem.
MODELOS QUE PREDIZEM OS COMPORTAMENTOS DE SAÚDE + CONFRONTO DA DOENÇA
Modelo de Crenças de Saúde
 O modelo de crenças de saúde tem sido utilizado para predizer uma vasta gama de comportamentos
ligados à saúde;
 O modelo de crenças de saúde prediz que o comportamento resulta de um conjunto de crenças centrais
que têm vindo a ser redefinidas ao longo dos anos.
 As crenças básicas iniciais são as perceções individuais sobre:
 Suscetibilidade à doença;
 Gravidade da doença;
 Custos envolvidos na realização de um comportamento;
 Pistas para ação que podem ser internas;
 Motivação para a saúde, a disposição do indivíduo para se preocupar com as questões de saúde;
 Controlo percebido.
Modelo do Comportamento Planeado
 A teoria do comportamento planeado é utilizada para analisar fatores que predizem os comportamentos;
 Esta teoria enfatiza o papel fundamental das cognições sociais, sob a forma de normas subjetivas (crenças
individuais sobre o seu mundo social) e incluíam tanto as crenças como as avaliações dessas crenças;
 O modelo do comportamento planeado coloca o indivíduo no seu contexto social e sugeria um papel para
os valores, contrastando com a abordagem mais tradicional e racional dos comportamentos.
 Põe em relevo as intenções de comportamento, resultado de uma combinação de diferentes crenças. Esta
teoria defende que as intenções deviam ser conceptualizadas como “planos de ação atingir objetivos
comportamentais” e que as mesmas resultam das seguintes crenças:
Descarregado por Vânia Gonçalves (vania89goncalves@gmail.com)
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Psicologia da Saúde
 Atitudes em relação aos comportamentos, compostas por avaliações positivas e negativas num
determinado comportamentoe pelas crenças sobre o resultado desse comportamento;
 Norma subjetiva composta pela perceção das normas e pressões sociais para ter um dado
comportamento, assim como pela avaliação da motivação, ou não, do indivíduo para se
submeter a esta pressão;
 Controlo comportamental percecionado, crença de que o indivíduo consegue manter um
determinado comportamento, baseando-se na ponderação dos fatores internos de controlo e
dos fatores de controlo externos
CRENÇAS SOBRE O CONTROLO PESSOAL
Locus de controlo (Rotter, 1966)
 Faz a distinção das atribuições de controlo a fatores internos vs. externos;
 Interno: crenças de que controlamos o nosso próprio destino;
 As pessoas com locus de controlo interno relevam convicção de controlo pessoal dos
acontecimentos;
 Acreditam que podem influenciar a sua saúde, por isso tendem a adotar
comportamentos de prevenção da doença e de promoção da saúde.
 Externo: crença de que o destino é controlado pela sorte ou por forças externas.
Autoeficácia (Bandura, 1977)
 Traduz a crença da pessoa de que será bem-sucedida em algo que era quer fazer;
 Adquirida através dos seus sucessos e fracassos, pela observação das experiências dos outros, e
pela avaliação das suas capacidades que as outras pessoas lhes comunicam.
 Quando decidem ter um comportamento de saúde, as pessoas avaliam a sua eficácia:
 Esforço requerido, complexidade da tarefa, probabilidade de receber apoio de outras
pessoas;
 AS pessoas com uma autoeficácia alta têm maior probabilidade de tentar e conseguir
p.e., deixar de fumar, de serem bem-sucedidas na perda de peso ou de motivar-se para
o confronto de uma doença.
CONHECIMENTO DA REALIDADE DA DOENÇA E POSSIBILIDADE DE CONFRONTO
Comportamento
Intenção 
comportamental
Atitude em relação ao 
comportamento
Crenças sobre os 
resultados e avaliação 
desses resultados
Norma subjetiva
Crenças normativas e 
motivação para 
condescender
Controlo 
comportamental 
percecionado
Crenças acerca da 
facilidade do 
comportamento 
(controlo)
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Licenciatura em Psicologia | 2º ano | 1º Semestre
Psicologia da Saúde
1. A perceção dos sinais sintomáticos leva à equiparação a sintomas de doenças [primeira avaliação da
possibilidade de confronto] e à procura de mais sintomas;
2. Essa procura leva à confirmação da significação de doença [reavaliação da possibilidade de
confronto];
3. Aí, o indivíduo pode procurar recursos próprios ou externos [reavaliação da possibilidade de
confronto];
4. Os externos passam pelo recurso ao diagnóstico médico e posterior decisão sobre a proposta de
diagnóstico sobre a proposta de diagnóstico e de tratamento [reavaliação da possibilidade de
confronto]. 
MODELOS SOBRE A DOENÇA E CONFRONTO
Modelo de autorregulação do comportamento de doença de Leventhal
 A doença (mudança no estado do indivíduo) é vista como um problema, a pessoa fica motivada para
resolver o problema e restabelecer o seu estado de normalidade;
 Representações da ameaça para a saúde:
 Identidade, causa, consequências, evolução, cura e controlo;
 Resposta emocional à ameaça para saúde:
 Medo, ansiedade e depressão;
 Fases do medo de autorregulação
1. Interpretação
Cognições relativas à identidade, causa, consequências, dimensão temporal, cura/controlo
da doença;
Perceção de sintomas;
Mensagens sociais;
2. Coping
Coping de aproximação ou de evitamento;
Desenvolvimento das estratégias adequadas de coping;
3. Ponderação
Avaliação individual da eficácia da estratégia de coping.
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