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Formação e Composição Epicárdio: Membrana serosa que reveste a superfície externa do coração. Miocárdio: Músculo cardíaco e principal componente do coração. Endocárdio: Túnica que reveste a camada o interior do miocárdio e limita as cavidades cardíacas Recobrindo o coração, temos o pericárdio, um saco fibrosseroso que apresenta um: Folheto visceral - É a camada visceral do pericárdio seroso ou epicárdio. Ele adere à superfície externa do coração, é formado por uma única camada de células mesoteliais, tecidos conjuntivo e adiposo subjacentes e apresenta os vasos sanguíneos e nervos que irrigam o coração. Folheto parietal - É a camada parietal do pericárdio seroso e uma estrutura fibrosa inelástica que consiste basicamente em colágeno, reveste a superfície interna do pericárdio e circunda o coração e as raízes dos grandes vasos. Entre esses dois folhetos, temos uma pequena quantidade (15mL-50mL) de líquido seroso, o líquido pericárdico, que permite a não aderência entre os folhetos e está associado tanto à função cardíaca quanto pulmonar e, por meio do pericárdio, o coração está firmemente fixado ao diafragma e a órgãos vizinhos localizados na cavidade toráxica. Além disso, essa região age como barreira contra infecções. O espaço existente na cavidade pericárdica é muito pequeno e o líquido pericárdico apresenta um pequeno volume que é suficiente para funcionar como um líquido lubrificante, permitindo o deslizamento entre os dois folhetos. Esse líquido é um ultrafiltrado de plasma de coloração amarelo claro e aspecto límpido. No entanto, em algumas condições patológicas (algumas infecções, feridas ou disseminação de tumores), após traumas e cirurgias cardíacas podemos ter o acúmulo desse líquido. A imagem a seguir mostra o saco pericárdico aumentado de tamanho devido à efusão pericárdica, nome dado ao derrame nesse local. Inflamação da membrana pericárdica levando a efusão pericárdica Líquido Pericárdico O acúmulo de líquidos pode impedir a expansão do órgão e levar a um aumento da pressão exercida no coração. Isso compromete o bombeamento de sangue para o corpo e pode levar ao choque e à morte. Essa condição altamente perigosa e fatal é chamada de Tamponamento cardíaco e pode ser causada por traumas, neoplasias pulmonares, ataque cardíaco, cirurgia cardíaca e pericardite. Como terapêutica, recomenda-se o alívio da pressão pela pericardiocentese. Tipos de derrames pericárdicos O mecanismo que leva à formação do derrame pericárdico depende da condição patológica. Os derrames são classificados como agudo (duração menor que três meses) ou crônico (duração maior que três meses). Além disso, podem ser classificados também de acordo com o tamanho: • pequeno (<10mm); • moderado (10mm a 20mm); • grande (>20mm). Essa avaliação é feita a partir de exames de imagem (ecocardiograma), mas essa é uma medida que apresenta grande variabilidade. Além disso, eles são classificados como transudatos ou exsudatos, e sua formação depende da patologia envolvida. Transudativas Os derrames pericárdicos ocasionados por distúrbios metabólicos como na uremia e no hipotireoidismo são as principais causas de transudatos. No entanto, grande parte dos derrames pericárdicos é de origem desconhecida (idiopática). Além disso, a insuficiência renal, o infarto agudo do miocárdio e as lesões no mediastino como em situações de trauma, por exemplo, podem causar pericardite com ou sem derrames transudativos. Algumas efusões assintomáticas ocorrem com mais frequência em pacientes portadores do vírus HIV, não sendo possível afirmar se o status imunológico deficitário torna esses pacientes mais suscetíveis a infecções oportunistas (que podem ser o foco infeccioso e inflamatório da efusão pericárdica), ou se a síndrome de imunodeficiência favorece o diagnóstico precoce da efusão pericárdica antes mesmo do início de sintomas, visto que tais pacientes são regularmente submetidos a exames e triagens clínicas de saúde. Exsudativas A maior causa de derrames pericárdicos são doenças infecciosas, neoplasias malignas e doenças autoimunes. Todas elas levam à formação de uma efusão exsudativa. É comum que a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis cause derrame pericárdico (pericardite tuberculosa), pois o acometimento de linfonodos mediastinais ocorre com frequência na tuberculose pulmonar e extrapulmonar (em especial na tuberculose pleural). Do ponto de vista neoplásico, células metastáticas do carcinoma de mama e pulmão estão envolvidas formando principalmente as efusões amplas (volumes superiores a 350mL). Por último, temos a participação do sistema imunológico nos quadros de autoimunidade, como na serosite lúpica que marca não só a presença de efusão pericárdica em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES), mas também a presença concomitante de derrame pleural. Formas graves de LES estão associadas a altas taxas de formação de imunocomplexos (complexo antígenos e anticorpos) em diversos órgãos, assim como no aumento da quantidade de autoanticorpos, principalmente os antinucleares (ANA). Avaliação laboratorial do líquido pericárdico Diferentemente do disposto para outros líquidos, as análises laboratoriais não são capazes de determinar se uma efusão pericárdica é transudativa ou exsudativa. A análise macroscópica do líquido e sua capacidade de coagulação espontânea podem ser indicativas de qual processo (exsudativo ou transudativo) está levando à formação daquele derrame. No entanto, os altos índices de acidentes de punção que ocorrem durante a pericardiocentese podem indicar falsamente uma maior proporção de líquidos hemorrágicos. A tuberculose é a principal doença infecciosa que leva à formação de efusão pericárdica do tipo exsudativa. Portanto, a tuberculose deve ser descartada para todos os pacientes com efusão pericárdica, devido à importância epidemiológica desse derrame concomitantemente a casos de tuberculose pulmonar e pleural. Por isso, o diagnóstico de pericardite tuberculosa é diferente das análises laboratoriais de rotina para esse líquido. Para rastreio de pericardite tuberculosa, a Adenosina desaminase (ADA) e o Interferon gama (INF-γ) no líquido devem ser dosadas por ensaios de ELISA ou quimiluminescência, pois essas moléculas estão associadas à ação dos linfócitos T na patogenia da tuberculose, servindo ainda como critério prognóstico. Para o líquido pericárdico, são solicitadas em geral: análises bioquímicas; perfil celular e exames microbiológicos. Observe como o líquido é processado em cada setor do laboratório e a importância de cada análise no diagnóstico do paciente: Bioquímica: Dosagem de proteínas totais e LDH. Verificação do pH auxilia no diagnóstico de efusões hemorrágicas e é realizado como rotina em pacientes suspeitos de tamponamento cardíaco (umas das causas de derrame pericárdico). Hematologia: Contagem total e diferencial de leucócitos e eritrócitos. Nesse ponto, é importantíssimo a diferenciação de um derrame pericárdico verdadeiramente hemorrágico daquele resultado de acidente de punção. Só com a contagem de hemácias não conseguimos chegar a essa informação como veremos no quadro a seguir. A contagem de leucócitos aumentada também pode ser indicativa de pericardite infecciosa. Microbiologia: A manifestação infecciosa é uma das principais causas para formação do derrame pericárdico, por isso, a correta identificação do microrganismo é essencial. Em especial para isolamento de Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes e bacilos Gram-negativos; além dos anaeróbios Bacterioides, Clostridium e Fusobacterium. Nos derrames pericárdicos, o líquido pode apresentar um aspecto seroso, purulento, hemorrágico, quiloso (leitoso) ou serossanguíneo. No entanto, é de suma importância a diferenciação laboratorial de efusão hemorrágica daquela cuja coloração avermelhada se dá devido a acidentes de punção. Vejano quadro a seguir.
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