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60 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Unidade II 5 LEGISLAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE Vamos abordar de forma geral a vasta lista de leis que regem a saúde no Brasil. Para começar, vamos entender como funciona o ordenamento jurídico brasileiro, a partir das ideias de Bittencourt e Clementino (2012). Os autores mostram os conhecimentos básicos sobre cada norma jurídica que compõe o arcabouço de leis brasileiras, auxiliando‑nos na compreensão do mundo do Direito. Assim, vamos entender como funciona a hierarquia das leis, ou seja, qual é predominante sobre a outra. No Brasil, a supremacia da legislação é da Constituição, que deve ser respeitada sobre todas as outras leis, ela é superior e dita as regras para os outros ordenamentos jurídicos. 5.1 Hierarquia das leis brasileiras As leis constitucionais são superiores em relação às demais leis e servem como fundamento para todas as outras. As normas podem ser separadas em três grupos: normas constitucionais, normas infraconstitucionais e normas infralegais. Elas são hierarquicamente superiores na ordem proposta, ou seja, “as normas constitucionais são hierarquicamente superiores às normas infraconstitucionais, que são hierarquicamente superiores às normas infralegais” (BITTENCOURT; CLEMENTINO, 2012, p. 1). CF ADCT Emendas constitucionais tratados/convenções sobre direitos humanos Lei Complementar Lei Ordinária Lei Delegada Medida Provisória Decreto Legislativo Resolução Tratados Internacionais em geral Normas Constitucionais Normas Infraconstitucionais Normas Infralegais Decretos Portarias Instruções Normativas Figura 12 – Hierarquia das leis 61 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Passemos à breve compreensão da pirâmide: Normas Constitucionais Representadas pela Constituição federal, foram criadas a partir da Assembleia Constituinte de 1 de fevereiro de 1987, com os deputados federais e senadores eleitos em novembro de 1986. ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que regulamenta o período de transição entre a Constituição anterior e a nova Constituição, que, em muitos casos, pede ainda leis infraconstitucionais, para regulamentar algumas de suas normas. Por exemplo: Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. [...] Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art. 7º, I, da Constituição: [...] II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: [...] b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (BRASIL, 1988). Emendas Constitucionais Elas alteram um ou mais artigos da Constituição, por meio de votação no Congresso em dois turnos, e são aprovadas se obtiverem 3/5 dos votos dos membros, nas duas votações, exceto as cláusulas pétreas, sobre as quais não se pode fazer alterações, por exemplo: Art. 60 [...] § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais (BRASIL, 1988). 62 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos Após a entrada em vigor da Emenda Constitucional 45/04, que reformou o Judiciário, desde que aprovados com o mesmo processo legislativo das emendas (ou seja, votados em cada casa do Congresso nacional, em dois turnos, considerando‑se aprovados se obtiverem, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros), os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ingressarão em nosso ordenamento jurídico com status constitucional, ou seja, passarão a ser norma de natureza constitucional, exigindo a mesma complexidade de votação para a sua retirada. Normas infraconstitucionais São as normas legais inferiores à Constituição. No entanto, elas devem respeitar as previsões constitucionais e não podem prever nada além do que dita o texto constitucional. Neste rol figura a lei complementar, a lei ordinária, a lei delegada, as medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções e outras, como os decretos, as portarias e as instruções normativas. Saiba mais Conheça mais sobre o assunto, visitando: MARTINS FILHO, I. G. da S. Ordenamento Jurídico Brasileiro. Revista Jurídica Virtual, Brasília, v. 1, n. 3, julho 1999. Disponível em: <https://revistajuridica.presidencia.gov.br/ojs_saj/index.php/saj/article/ view/1054/1038>. Acesso em: 4 dez. 2015. Figura 13 – Capa da Constituição brasileira, atualizada em 2015 63 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 5.2 Legislação em saúde O conjunto de leis que tratam do tema saúde é vasto e composto por muitas delas. Vamos conhecer algumas e como são aplicadas. Inicialmente, abordamos a Constituição brasileira, que trata, em seus artigos de 196 a 200, da questão da saúde. Segundo Moura (2013), o direito à saúde, entre outros direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição, é um dos mais debatidos em qualquer âmbito, seja acadêmico, doutrinário ou judicial. Para a autora, reconhecer a saúde como um direito do cidadão tem levado a sociedade brasileira à conscientização de que é um elemento importante a ser protegido pelo Estado. Antes da Constituição, os serviços e ações de saúde destinavam‑se a determinados grupos que poderiam contribuir de alguma forma, ou seja, serviam apenas às pessoas que possuíam recursos financeiros para custear o seu tratamento de forma particular e aos que contribuíam para a Previdência Social. Após a promulgação da Constituição, a saúde transformou‑se em uma obrigação do Estado para com seus cidadãos. 5.2.1 Constituição federal Os artigos de 196 a 200 da Constituição brasileira tratam do tema saúde, conforme podemos ver no texto a seguir: SEÇÃO II DA SAÚDE Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. 64 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 § 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, comrecursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I – no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos 65 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de 2010) § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V – incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) 66 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Fonte: Brasil (1988). Lembrete A Constituição de 1988 é considerada inovadora por conter garantias tais quais a saúde como obrigatoriedade do governo. 5.2.2 Emenda Constitucional n° 29, de 13 de setembro de 2000 Apesar de essa alteração ter entrado em vigor bem depois da lei que criou o SUS, em 1990, ela está sendo apresentada primeiro para garantir a ordem de importância na hierarquia das leis. A Constituição recebeu a Emenda Constitucional nº 29, no ano 2000, que alterou os artigos 34, 35, 156, 160, 167 e 198 e acrescentou o artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (BRASIL, 2000b). Trata‑se de uma mudança muito importante na Constituição, pois assegura aplicação de recursos e valores mínimos do orçamento a serem aplicados pelos governos na área da saúde. Isso determinou a continuidade do SUS e os propósitos constitucionais de oferecer saúde ampla e irrestrita aos cidadãos brasileiros. Se não fosse assim, os governos poderiam alterar a aplicação dos recursos sem restrição (como faziam antes dessa regulamentação). O artigo 6º da Emenda constitucional mantém o art. 198 e o parágrafo primeiro da Constituição com a redação original e inclui os seguintes artigos (BRASIL, 2000a): § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:» (AC) “I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;” (AC) “II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;” (AC) 67 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 “III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.” (AC) “§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:” (AC) “I – os percentuais de que trata o § 2º;” (AC) “II – os critériosde rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;” (AC) “III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;” (AC) “IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.” (AC). 5.2.3 Emenda Constitucional n° 85, de 17 de março de 2015 As leis são mutáveis e devem refletir o momento histórico. A Emenda Constitucional nº 85 (BRASIL, 2015) é uma dessas alterações que visam à atualização das leis diante do momento histórico e político em que estamos vivendo. Ela atribuiu ao Estado o dever de priorizar as ações para o progresso da ciência, tecnologia e inovação. Observe os principais pontos, na visão de Portela (2015, grifo do autor): 1 – Ser de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios “proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação (CF, art. 23, V); 2 – Competir à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (art. 24, IX); A legislação inclui ainda a preocupação com relação à área da saúde, destacados por Portela (2015): 1 – Ao sistema único de saúde competirá, além de outras atribuições, nos termos da lei: incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; 2 – As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional 68 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 e tecnológica, públicas ou privadas, poderão receber apoio financeiro do Poder Público (CF, art. 213, § 2º); 3 – O Estado (União, Estados, DF e Municípios) estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia.” (CF, art. 219, parágrafo único); 4 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, inclusive para o compartilhamento de recursos humanos especializados e capacidade instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico e de inovação, mediante contrapartida financeira ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei. (CF, art. 219‑A); 5 – O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação e lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI (CF, art. 219‑B). Podemos sintetizar que as mudanças estabeleceram uma exceção ao Princípio da Vedação do Estorno de Verbas, permitindo‑se a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos, sem a prévia aprovação do Parlamento. Foi incluído ainda o remanejamento de recursos de uma categoria para outra, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação. Isso facilita e viabiliza os resultados de projetos entre qualquer uma das três funções, e essa troca pode ser feita diretamente pelo ato do Poder Executivo, sem a necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI do art. 167 (art. 167, § 5º) (CARVALHO, 2015). Da mesma forma, a nova redação determinou ao Sistema Único de Saúde (SUS) o incremento das atividades em inovação, complementando o que já existia para o desenvolvimento científico e tecnológico. Carvalho (2015) conclui que a Constituição federal, de 1988: [...] condiciona as alterações orçamentárias (transposição, remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro) à prévia aprovação do Poder Legislativo (CF/88, art. 167), em atendimento ao Princípio da Vedação de Verbas Públicas, a menos que se trate de recursos destinados à ciência, os quais serão realocados por ato próprio do Poder Executivo, sem a necessidade de prévia autorização legislativa (exceção ao Princípio da Vedação do Estorno de Verbas Públicas). 69 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 5.2.4 Criação do SUS – Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 Em 1990 foi regulamentado o Sistema Único de Saúde (SUS) para atender ao que preconiza a Constituição. Vamos conhecer alguns artigos dessa lei, que é a garantia do acesso à saúde a todos os brasileiros (em tese). A lei reuniu, sob um único ordenamento jurídico, os equipamentos e hospitais de todas as esferas governamentais e deu início ao tratamento jurídico da saúde suplementar feita pelos planos de saúde. A lei dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e outros temas. A seguir, trechos da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990a): Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. [...] Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter complementar. [...] Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: I – a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II – a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei. Saiba mais Conheça o filme francês Amor, que aborda os temas de saúde e qualidade de vida na terceira idade. AMOR. Dir. Michael Haneke. França; Alemanha; Áustria: Les Films du Losange; X‑Filme Creative Pool; Wega Film, 2012. 127 minutos. 70 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 5.2.5 Conselho de Saúde – Lei n° 8.142, de 28 de dezembro de 1990 A Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 regulamentou as questões relativas ao Conselho de Saúde e à Conferência de Saúde, como forma de organizar, nacionalmente, todas as políticas de saúde. Atesta e dispõe, dessa forma, a participação da comunidade na gestão do SUS e ainda os recursos financeiros e transferências entre as diversas instâncias governamentais. Vamos conhecer alguns artigos que ajudam nessa compreensão (BRASIL, 1990b): Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: I – a Conferência de Saúde; II – e o Conselho de Saúde. § 1° A Conferênciade Saúde reunir‑se‑á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde. § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos. § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho. 5.2.6 Planos de Saúde – Lei n° 9.656, de 3 de junho de 1998 Vamos conhecer a lei que regulamentou a ação dos planos de saúde no País, a Lei n° 9.656 de 3 de junho de 1998. 71 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 O novo marco regulatório do setor – formado pela Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, em conjunto com a Medida Provisória 2.177‑44, de 24 de agosto de 2001 (originalmente MP 1.665, de 5 de junho de 1988), e com a Lei nº 9.961, de 20 de janeiro de 2000, que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar – permitiu, segundo Teixeira (2009) e Elias ([s.d.]), a passagem de um ambiente no qual as empresas atuavam sem regulamentação para um outro cravado de regras ligadas à assistência médica e aos aspectos econômicos das empresas. Entre as principais regras e alterações da legislação podemos citar: I. A obrigatoriedade de que as operadoras oferecessem ao cliente coberturas assistenciais integrais em cada segmento, com base no denominado Plano de Referência; II. A proibição de seleção de risco; III. A proibição da exclusão de doenças e lesões preexistentes à data de contratação dos produtos, após 24 meses de vigência do instrumento contratual; IV. A vedação do rompimento unilateral do contrato individual ou familiar, salvo por fraude ou não pagamento da mensalidade em prazo estipulado; V. a definição e limitação das carências; VI. e o controle dos reajustes de preços de planos (TEIXEIRA, 2009, p. 13). O que se entende por plano de referência foi o que instituiu o artigo 10 da Lei nº 9.656: [...] cobertura assistencial médico‑ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde [...] (BRASIL, 1998). Segundo o texto da lei: Submetem‑se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando‑se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) I – Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por 72 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) (BRASIL, 1998). Nosso objetivo é apresentar um panorama do marco regulatório do setor e não esgotar totalmente o tema. Saiba mais A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apresenta uma página na internet com o resumo temático das leis que regem o setor, que somam 51 itens. O índice de leis pode ser consultado em: ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Índice temático. Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/legislacao/ busca‑de‑legislacao/indice‑tematico>. Acesso em: 4 dez. 2015. O Conselho de Saúde também publica uma ampla lista de legislações sobre o tema em: CNS (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE). Legislação. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.conselho.saude.gov.br/legislacao/>. Acesso em: 4 dez. 2015. 5.2.7 Criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – Decreto nº 3.327, de 5 de janeiro de 2000 O Decreto nº 3.327, de 5 de janeiro de 2000, que cria a ANS como uma autarquia sob regime especial e vinculada ao Ministério da Saúde, com os objetivos (BRASIL, 2000b): [...] § 4º – A ANS é o órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização de atividades que garantam a assistência suplementar à saúde. Art. 2º A ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto à suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País. 73 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Em resumo, destacamos os direitos dos consumidores e as obrigações dos planos de saúde para com seus clientes. A primeira recomendação dos especialistas é que aqueles que forem contratar um plano de saúde chequem se a operadora está registrada na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Existem muitas regras, normas e exceções. Vamos explanar os pontos mais importantes sobre o serviço prestado pelos planos de saúde. Uma das informações que podem ser encontradas no site da ANS é quais aspectos os planos de saúde não são obrigados a cobrir (GUIA..., 2008): • Tratamento de rejuvenescimento (aplicação de botox) ou de emagrecimento com finalidade estética. • Transplantes, à exceção de córnea e rim. • Tratamento clínico ou cirúrgico experimental (tratamentos que ainda não tenham comprovação científica). • Procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos (exemplo: cirurgias plásticas). • Fornecimento de órteses (óculos), próteses e seus acessórios, não ligados ao ato cirúrgico ou para fins estéticos. • Fornecimento de remédios não registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Pode‑se consultar se o remédio está registrado no site da Anvisa. • Fornecimento de remédios para tratamento domiciliar (os planos não são obrigados a pagar remédios tomados em casa). • Inseminação artificial. • Tratamentos ilícitos, antiéticos ou não reconhecidos pelas autoridades (exemplo: aborto). • Casos de catástrofes e guerras declaradas pelas autoridades. As garantias a serem oferecidas pelos planos de saúde devem contemplar (GUIA..., 2008): • Procedimentosilimitados: não há limite em procedimentos como consultas, dias de internação em CTI, exames, sessões de fisioterapia e outros. 74 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 • Doenças ou lesões preexistentes: é proibido recusar contratos de beneficiários que sejam portadores de doenças ou lesões preexistentes. No entanto, quando é o caso, a operadora pode oferecer cobertura temporária por um período máximo de 24 meses após a assinatura do contrato, época em que é possível suspender a cobertura de eventos cirúrgicos, leitos de alta. Depois desse período, funciona tudo como se o paciente não tivesse a doença anteriormente. • Aids e câncer: cobertura obrigatória. • Doenças infectocontagiosas, como dengue, febre amarela e malária: cobertura obrigatória nos limites do plano contratado. • Órteses e próteses: só são fornecidas no caso de internações e fruto de cirurgia reconstrutiva. • Fisioterapia: cobertura obrigatória e ilimitada, quando da indicação do médico. • Distúrbios visuais (miopia, hipermetropia e astigmatismo): as cirurgias corretivas têm cobertura obrigatória para pessoas com grau de miopia, hipermetropia ou astigmatismo igual ou superior a 7, em um ou nos dois olhos. • Obesidade mórbida: cobertura obrigatória para clientes com planos que incluem cirurgias. • Acompanhante: os planos devem garantir o acompanhamento para pacientes menores de 18 anos e maiores de 60 anos. Entre 18 e 60 anos, pode‑se ou não estender essa cobertura. • Deficientes físicos (portadores de necessidades especiais): direito garantido por lei que não sejam impedidos de contratar um plano de saúde. • Transtornos psiquiátricos: todos os transtornos mentais que constam da Classificação Internacional de Doenças, incluindo os casos relacionados à intoxicação ou abstinência provocadas pelo uso de álcool e outras substâncias químicas. • Transplantes de rim e córnea: todas as despesas com o transplante e com os doadores vivos. • Quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e transfusão: atendimento obrigatório. • Reajuste de mensalidades: os preços dos planos podem ser reajustados anualmente (por variação de custos médico‑hospitalares) ou por mudança de faixa etária. As faixas etárias devem ser definidas no contrato. • Não há definição dos percentuais de reajuste entre as faixas, mas a mensalidade da última faixa etária (70 anos ou mais) pode ser, no máximo, seis vezes superior ao valor da faixa inicial (0 a 17 anos). 75 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Saiba mais Leia a cartilha sobre direitos e abusos na contratação de planos de saúde apresentada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec): IDEC (INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR). Planos de saúde: conheça seus direitos contra abusos e armadilhas. São Paulo, [s.d.]b. Disponível em: <http://www.idec.org.br/uploads/publicacoes/publicacoes/ folheto‑plano‑saude.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2015. Figura 14 – Quando um consumidor se sente desrespeitado em seus direitos, pode recorrer ao Idec 5.2.8 Outras legislações A seguir, vamos conhecer outras leis complementares na área da saúde. • Lei Complementar n.º 141, de janeiro de 2012 (BRASIL, 2012): Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. • Lei nº 12.466, de 24 de agosto de 2011 (BRASIL, 2011a): Acrescenta arts. 14‑A e 14‑B à Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”, para tratar sobre as comissões intergestores do SUS, Conass, Conasems e suas respectivas composições, e dar outras providências. 76 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 • Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009 (BRASIL, 2009): “dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde”. • Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB‑SUS/96 (BRASIL, 1996): responsável pelas normas operacionais de atendimento das pessoas pelo SUS. Vale, ainda, conhecer uma lista com outras leis que tocam o tema da saúde: a Lei nº 11.903/2009, da rastreabilidade dos medicamentos; a Lei nº 9.279/1996, da propriedade industrial; e o Código de Defesa do Consumidor, já citado anteriormente. Fora esses tópicos, é interessante consultar a legislação geral nos seguintes aspectos: registro de produtos para a saúde; avaliação de tecnologia em saúde e determinação de preços; síntese da legislação para medicamentos inovadores, genéricos, produtos controlados e outros; comercialização de medicamentos; legislação para publicidade relacionada a produtos que interferem na saúde, entre outras. 6 GESTÃO DA QUALIDADE HOSPITALAR É de extrema importância entender como os hospitais brasileiros tratam a questão da qualidade na prestação de serviços, sejam públicos ou privados, bem como os princípios teóricos aplicados à realidade nacional. Qualidade, na definição da International Standardization Organization (ISO), instituição responsável pelas normas de qualidade de diversos setores, mundialmente, e pelas certificações internacionais que levam o seu nome: “qualidade é a adequação ao uso, a conformidade às exigências” (ROTHERY, 1993, p. 13). Parece que esta definição é um tanto simplista, portanto podemos falar de forma mais abrangente sobre o tema, acompanhando as palavras de Lobos (1991, p. 14): [...] qualidade tem a ver, primordialmente, com o processo pelo qual os produtos ou serviços são materializados. Se o processo for bem realizado, um bom produto final advirá naturalmente. A qualidade reside no que se faz – aliás – em tudo o que se faz – e não apenas no que se tem como consequência disso. Podemos observar que essa definição vai além de apenas se responsabilizar pelo resultado, mas abrange todo o processo ou como se faz determinada tarefa, produto ou serviço. Assim, se o caminho que se escolheu tiver qualidade, certamente o produto final também a terá. Quando falamos sobre a saúde, esse item adquire uma importância fundamental. Estamos falando de algo cujo produto final será um ser humano com melhorias e restauro em sua saúde ou com debilidades e até mesmo morte oriunda de atendimentos que podem culminar com o fim da vida. Podemos comentar também resultados de exames, outra área ligada ao tema. Um resultado errado pode influenciar as atitudes de uma pessoa, seja para o bem ou para o mal. Problema sério, portanto, cujos cuidados devem ser mais do que redobrados, em cada um dos pontos de atenção para o resultado da qualidade. 77 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 A revisão de literatura de Rothbarth (2011), mostra que, como todos os conceitos, o de qualidade também sofreu evolução desde sua criação e é abordado a partir de quatro perspectivas: qualidade comopressuposto de excelência; qualidade como conformidade às especificações; qualidade como adequação ao uso; e qualidade como valor para o preço. Ao compreendermos a qualidade como excelência, podemos entendê‑la como “[...] propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas, capaz de distingui‑las uma das outras e de lhe determinar a natureza” (FERREIRA, 1986, p.1.424). Como conformidade com as especificações técnicas, a qualidade é entendida pelo atendimento aos padrões técnicos estabelecidos e adotados em relação ao produto ou serviço. Na perspectiva da adequação ao uso, refere‑se à capacidade de satisfazer os desejos do cliente, ao atendimento às suas necessidades. Nesse sentido, o produto ou serviço é considerado de qualidade quando atende perfeitamente, de forma confiável, segura e no tempo certo, às necessidades dos clientes, na visão de Paladini (2007). Entretanto, a qualidade como valor para o preço é a perspectiva mais abrangente do conceito de qualidade, pelo fato de integrar todas as demais. A qualidade é entendida como o grau de excelência de um produto/serviço a um preço compatível e com variabilidade controlada a um custo aceitável (BROH, 1974). Os modelos de qualidade mais aceitos atualmente são oriundos dos trabalhos de Deming (1990), que preconizam a total quality management (TQM), ou, em português, gestão da qualidade total (GQT), por meio de 14 princípios. Em vigor desde os anos 1950, esses princípios se constituíra na essência da filosofia dos executivos japoneses, tanto da indústria como no setor de serviços, e as empresas de quaisquer portes (DEMING, 1990; LIMA, 2009): • 1º princípio: estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar‑se competitivo e manter‑se em atividade, bem como criar empregos. • 2º princípio: adote a nova filosofia. A conscientização para a mudança e também sobre as responsabilidades é fundamental, juntamente com assumir a liderança no processo de transformação. • 3º princípio: deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro estágio. • 4º princípio: cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Minimize o custo total e crie relacionamentos de longo prazo com os fornecedores, fundamentado em lealdade e confiança. • 5º princípio: o sistema de produção e de prestação de serviços deve ser melhorado constantemente, pois melhorando a qualidade e a produtividade, caminha‑se para a redução de custos de forma sistemática. • 6º princípio: institua treinamento no local de trabalho de forma constante. • 7º princípio: institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. 78 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 • 8º princípio: elimine o medo e crie confiança, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa. • 9º princípio: elimine as barreiras entre os departamentos. Os funcionários de todas as áreas, seja de pesquisas, projetos, vendas, produção etc. devem trabalhar em equipe, ajudando a prever problemas de produção e de utilização do produto ou serviço. • 10º princípio: mais do que lemas e slogans, é preciso estabelecer novos níveis de produtividade e de qualidade. A maioria das causas da baixa qualidade está fora do alcance dos trabalhadores. • 11º princípio: elimine quotas numéricas nos níveis mais baixos de produção, substituindo‑as pela liderança que apresenta exemplos e pela administração por processos; • 12º princípio: remova as barreiras ao orgulho pelo trabalho. Todos têm direito a ter orgulho de seu desempenho pela qualidade apresentada. A sugestão é que se elimine a avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos. • 13º princípio: instituir um bom programa de educação e autoaprimoramento na empresa. • 14º princípio: engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo mundo e não só da liderança e da diretoria. Os princípios de Deming são muito utilizados em gestão e prezam pela eficiência, aqui entendida como uma relação comparativa entre o que foi produzido e quanto foi gasto para essa produção. Podemos observar que o nosso resultado, em saúde, não pode ser tão racional e linear assim, uma vez que o principal resultado preza pelo bem‑estar físico e emocional de um ser humano e deveria incluir ainda alguns propósitos como curar doentes, dispor de mais e melhores equipamentos, documentação adequada dos casos, equipes completas e qualificadas para prestar atendimentos. Não é um consenso que estas condições tenham ligação direta com os resultados, mas é senso comum que tendo‑as em boas condições, o resultado será melhor. De toda forma, o que conhecemos como qualidade advém desses princípios. Figura 15 – A qualidade em serviços de saúde depende das pessoas e à semelhança do que ocorre na natureza, cada um responde por seu trabalho e pelo resultado final 79 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 6.1 Instrumentos de avaliação interna Da mesma forma que para as avaliações externas existem vários instrumentos, quando falamos sobre maneiras de avaliar internamente existem várias possibilidades também. Assim, vamos conhecer algumas. Não é o nosso objetivo apresentar todas, porém, mostrar os tipos de ferramentas que podem ser utilizadas na avaliação interna na busca da qualidade dos serviços oferecidos. Ciclo PDCA Uma das ferramentas bastante utilizadas na administração moderna é o ciclo PDCA, para a garantia da qualidade. O ciclo PDCA foi apresentado em 1924 pelo norte‑americano Walter Andrew Shewhart, físico destacado por seus conhecimentos de estatística. Seu trabalho contribuiu com o desenvolvimento de Deming. O ciclo PDCA (do inglês: plan, do, check, act) necessita de realimentação contínua de informações para garantir a qualidade das ações desenvolvidas. Assim, ao se observar um ponto de atenção, uma necessidade de melhoria, começa o processo para resolver o problema em quatro fases (CAMPOS, 1999): • Plan (P) – planejar: seleção de um processo, atividade ou máquina que necessite de melhoria, com medidas claras para obtenção de resultados. • Do (D) – fazer: implementação do plano elaborado e acompanhamento de seu progresso. • Check (C) – verificar: análise dos resultados obtidos na execução do plano e, se necessário, avaliação do plano. • Act (A) – agir: caso tenha obtido sucesso, o novo processo é documentado e se transforma em um novo padrão. A C P 1 2 3 4 5 6 Definir metas sobre os itens de controle Definir o método para alcançar as metas Educar e treinar segundo o método Realizar o trabalho e coletar dados Verificar os resultados Agir corretivamente D Figura 16 – Ciclo PDCA 80 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Vamos imaginar um problema hipotético a ser resolvido na área de atendimento de uma clínica médica. Foi observado que o atendimento demora mais do que deveria devido à distância entre os equipamentos e insumos necessários e os profissionais da linha de frente. Aplicando, de forma bem simplificada, o ciclo PDCA, podemos comentar assim: • P (plan – planejar): escolheu‑se o processo de atendimento ao público. A medida planejada para resolver esse problema é alterar a localização dos insumos e equipamentos necessáriospara agilizar o atendimento. • D (do – fazer): trocou‑se a impressora de lugar e o armário de impressos e materiais em geral foi substituído por um pequeno conjunto de gavetas para cada um dos atendentes em sua própria estação de trabalho. • C (check – verificar): depois de uma semana da mudança, observou‑se que o tempo médio de atendimento caiu em três minutos. • A (act – agir): o processo de atendimento da clínica é alterado, oficialmente, para o novo padrão. O PDCA como instrumento da garantia da qualidade pode ser resumido conforme quadro a seguir. Quadro 8 – Etapas do ciclo PDCA Etapas Ações P (plan) Identificar o problema e as possíveis soluções. Criar um plano de ação para implantar a mudança. D (do) Realizar as mudanças, conforme planejado no plano de ação e cumprindo os padrões. C (check) Deve‑se acompanhar os resultados, medindo e avaliando o antes e depois das medidas. A (act) Se tudo deu certo e a melhoria realmente foi apontada nos resultados, deve‑se padronizar a nova forma de execução. Lembrete O ciclo PDCA foi apresentado em 1924 pelo norte‑americano Walter Andrew Shewhart, físico destacado por seus conhecimentos de estatística. Seu trabalho contribuiu com o desenvolvimento de Deming. 6.1.1 5W2H Surgida no Japão, na época do desenvolvimento da qualidade, nos anos 1950, o 5W2H apresentou‑se como eficiente ferramenta de gestão para facilitar o processo de elaboração de um projeto. Basicamente, trata‑se de um checklist (lista de checagem) de fácil compreensão, envolvendo uma visão geral e as principais questões envolvidas, o que garante um total controle do que está sendo elaborado (OLIVEIRA, 2014). 81 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 O nome 5W2H refere‑se às questões básicas, em inglês, às quais precisamos responder para dar andamento a qualquer projeto. Observe a figura. Onde? (Where) Por quê? (Why) Quem? (Who) Quando? (When) Como? (How) Quanto? (How much) O quê? (What?) 5W2H Objetivo, meta Motivo, benefício Responsável, equipe Custo ou quantidadeAtividades, processo Data, cronograma Local, departamento Figura 17 – Diagrama 5W2H Assim, é preciso deixar claro: What – o que será feito; When – quando, em qual momento; Who – quem vai desenvolver ou se responsabilizar; Where – onde a tarefa será feita; e Why – por qual motivo a tarefa deverá ser realizada. Os 2Hs referem‑se ao How – como será feita – e How Much – quanto custa, qual será o valor dispendido para a realização. A ferramenta parece bastante simples e intuitiva e realmente é, depois que se cria o hábito de utilizá‑la, pois mostra‑se eficiente no controle das operações, de prazo e de custo. Geralmente, os gerentes começam construindo uma tabela simples em Excel, com a qual, juntamente com a equipe, apresentam‑se os pontos principais do projeto. É preciso partir de um problema, de uma meta, de um caso a ser resolvido (PERIARD, 2009). Quadro 9 – Exemplo de planilha para 5W2H Objetivo: explicar o que gerou o 5W2H – uma meta, um problema, um resultado. Passos Detalhes 1 What – o que deve ser feito? Ações necessárias para cumprir o objetivo. 2 Why – Por que fazer? Motivos para justificar a necessidade da ação. 3 Where – Onde será feito? Os locais onde serão realizadas as ações. 4 Who – Quem vai fazer? Determinar o responsável por realizar cada ação. 5 When – Quando será feito? Prazos para cumprimento de cada ação. 1 How – Como faremos? Descrição e métodos das atividades envolvidas. 2 How much – Quanto vai custar? É importante saber quanto vai custar com orçamentos reais. 82 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 A simplicidade, a praticidade e sua fácil compreensão são as principais vantagens do uso do sistema 5W2H. Entre as ferramentas de gestão para qualquer área, a metodologia ajuda os profissionais a terem um controle maior das ações estratégicas que pretendem realizar. Como se trata de uma ferramenta muito simples, pode ser utilizada também na vida pessoal, como forma de planejar ações para atingir determinado objetivo. Exemplo de aplicação Crie uma tabela para seus objetivos educacionais, nos moldes da planilha 5W2H. Comece esclarecendo sua principal meta e depois vá explicitando todas as questões que envolvem o seu aprimoramento escolar. Apresentamos duas ferramentas simples e muito utilizadas na gestão de empresas, no entanto é importante interar‑se de outras. Busque conhecer formas de avaliar a satisfação dos pacientes, por exemplo, por meio de pesquisas de avaliação pessoais, por telefone ou pela internet. O Sebrae (2005) apresenta um pequeno manual de ferramentas da qualidade. Lá você pode conhecer melhor o brainstorming, a mais conhecida ferramenta utilizada para criação de novas ideias. Na tradução literal, do inglês, o termo significa tempestade cerebral. Utilizada em grupo, a ferramenta conta com a contribuição espontânea de todos os participantes para soluções criativas e inovadoras para diversos tipos de problemas na empresa. A ideia é romper paradigmas estabelecidos e abrir a mente das pessoas envolvidas para possibilidades inusitadas, que não seriam pensadas de outra forma (SEBRAE, 2005). Saiba mais Conheça o Brainstorming e outras ferramentas no manual do Sebrae: SEBRAE. Manual de ferramentas da qualidade. Brasília: Sebrae, 2005. Disponível em: <http://www.dequi.eel.usp.br/~barcza/FerramentasDa QualidadeSEBRAE.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2015. 6.2 Instrumentos de avaliação externa Desde os anos 1980, o conceito de qualidade tem circulado nos meios de comunicação, servindo como apelo para que as empresas se transformassem e se preparassem para o futuro que estava por vir pela integração do conceito de sustentabilidade às práticas administrativas e de gestão. Assim, começaram a ser implantados sistemas de qualidade que poderiam representar a busca da competitividade e da eficiência empresarial, culminando com bons resultados para as empresas. Essa atitude trouxe reestruturação, inovação e busca de excelência constante. 83 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Na área da saúde não foi diferente e, entre os diversos tipos de organizações do setor, podemos destacar os hospitais, cujo serviço prestado é de grande importância social, sede de alta complexidade e especificidades tais, que a prática da qualidade se transforma em diferencial para os usuários, clientes, consumidores e pacientes. Para melhorar a qualidade continuamente, as empresas têm os modelos de avaliação interna e externa. Os modelos de avaliação externa são propostos por organizações especializadas em determinados assuntos e, assim, estabelecem padrões a serem seguidos. Os instrumentos de avaliação interna são avaliações feitas por pessoas envolvidas nos processos, podendo ser de dentro ou de fora da empresa. Falamos em avaliação interna ou externa pela posição em que se encontra o avaliador, dentro ou fora da organização, porém dotado de experiência no modelo de avaliação proposto ou que participe da instituição em questão. As avaliações, sejam externas ou internas, são importantes, pois avaliam e mostram o que a empresa deve fazer na sequência, orientando os processos de melhoria e elevando a qualidade do produto ou serviço. 6.2.1 Prêmio Nacional da Qualidade Implantar sistemas de gestão da qualidade por meio da norma ISO 9001 nas instituições de saúde é um desafio. A própria avaliação da qualidade dos serviços prestados (cuidados de saúde)já é bem diferente de tudo o que conhecemos como avaliação em empresas, que geralmente buscam padrões de produção industrial, por exemplo, um carro precisa ter a mesma qualidade em todas as suas peças. Como vamos medir a qualidade de um atendimento em saúde? A dificuldade começa nos diversos interesses dos profissionais envolvidos, que têm diversas qualificações e especificidades e profissões, como médicos, enfermeiros e gestores. O que seria a qualidade do ponto de vista do médico? E da equipe de enfermagem? Será que os gestores do local teriam a mesma visão dos profissionais da saúde? As normas ISO são implantadas com o objetivo de obter uma certificação de qualidade. Para conseguir o certificado, a empresa deve se empenhar e todo o trabalho envolvido é minucioso na formalização de processos que são monitorados e devem ser aperfeiçoados. Uma organização externa, chamada certificadora, realiza uma auditoria interna, com diversas avaliações cruzadas, de todas as hierarquias e áreas, na qual uma área avalia a outra (SCHIESARI; MALIK, 2006). Observação Os resultados obtidos nas auditorias são rigorosamente registrados e as não conformidades devem ser explicitadas e corrigidas. Schiesari e Malik (2006) chamam a atenção para o fato de a ISO ser uma certificação de qualidade em gestão, as empresas hospitalares iniciam seus trabalhos de adequação em seus serviços por meio 84 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 dela, corrigindo as falhas de antemão em seus serviços, para, em seguida, utilizar os outros modelos apontados para a área hospitalar. É o caso, por exemplo, do Prêmio Nacional da Qualidade, que atua para melhorar os processos institucionais, caso das normas ISO, ou ainda para aprimorar a qualidade da assistência prestada ao usuário, como institui a acreditação hospitalar. Geralmente, esses padrões diferem entre si e têm diferentes maneiras de serem colocados em prática (SCHIESARI; MALIK, 2006). Oriundo dos critérios de qualidade adotados nas normas ISO, o Prêmio Nacional da Qualidade e suas versões estaduais, bem como o Prêmio Qualidade do Governo Federal, partem de uma autoavaliação e esta é o instrumento primordial para uma futura avaliação externa. As empresas que pretenderem participar da premiação devem fazer uma avaliação interna dos critérios, uma autoavaliação, já observando já seus pontos de atenção e de melhorias a serem adotadas. As empresas têm muita dificuldade em cumprir os critérios de excelência propostos e, por isso, a maioria os utiliza como forma de se autoavaliar e aprimorar continuamente a gestão. Somente depois de atingir um patamar determinado é que as instituições se inscrevem para a premiação, mas o número das que vão até o final nas fases da premiação é bem reduzido. 6.2.2 Prêmio Nacional de Gestão em Saúde No caso das empresas hospitalares, o Prêmio Nacional de Gestão em Saúde (PNGS) apresenta como benefícios à candidatura os seguintes pontos (PNGS, 2015): • Enxergar de forma global e sistêmica seus processos de gestão. • Permitir a autoavaliação seguida da construção de um plano de melhorias na gestão, encontrando as oportunidades e lacunas que precisam ser consolidadas. • Estimular a cooperação interna para a identificação dos processos gerenciais. • Ter seus processos internos submetidos a uma avaliação externa e independente que aborda a gestão por critérios reconhecidos internacionalmente; • O relatório de avaliação apresenta os pontos fortes e oportunidades de aprimoramento, o que contribui para a melhoria contínua no desempenho da empresa. Além dessas vantagens, a participação pode trazer o reconhecimento público, dos clientes, do governo e do próprio setor, uma vez que a empresa apresenta nível de maturidade em sua administração ao aderir ao modelo proposto pela premiação. A participação e a premiação servem ainda como forma de incrementar seus temas para a publicidade por meio do envolvimento em eventos para divulgar as práticas bem‑sucedidas de gestão. 85 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Existem diversas modalidades e categorias de premiação que se relacionam com o estágio de evolução da gestão. Com base nos desempenhos relativos a processos gerenciais, resultados e reconhecimento, as empresas obtêm uma pontuação na avaliação, em níveis I e II, respectivamente 250 e 500 pontos, e assim são as categorias do prêmio. O Prêmio Nacional de Gestão em Saúde (PNGS) abarca empresas de todos os portes e setores, podendo se enquadrar nas seguintes categorias: hospitais, laboratórios de análise clínica e anatomia patológica, clínicas de especialidades médicas (clínicas de imagem, hemoterapia, oncologia, diálise, entre outros), reabilitação, clínicas de odontologia, fisioterapia, psicologia, terapia ocupacional e atendimento domiciliar (PNGS, 2015). Para participar, a empresa descreve o caso e as soluções propostas, fazendo uma autoavaliação por meio de respostas a um questionário, que é avaliado por uma comissão do prêmio. O sistema inicial é eletrônico e a empresa responde a diversas questões dispostas em questionários nos quais ela mesma se atribui uma nota (PNGS, 2015). Vamos conhecer os formulários que a empresa preenche, considerando que para preenchê‑los ela deve partir dos conhecimentos gerais do caso ou procedimento que ela pretende melhorar no hospital ou clínica. Ela vai começar fazendo uma análise do problema, conforme quadro a seguir. Quadro 10 – O planejamento: análise de desempenho 1 O planejamento 1.1 Análise de desempenho Qual foi a oportunidade de melhoria de gestão (problema, desafio e dificuldade) identificado? Informar de que forma o problema foi identificado. Apresentar resultados adversos ou não satisfatórios constatados no período anterior à implementação da prática, explicando‑os. Descrever a ligação do problema com os objetivos estratégicos da organização. Informar como esse problema afeta o setor. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 1.1.1 Apresentar as ferramentas utilizadas para identificar as necessidades de melhorias na gestão do setor. 1.1.2 Apresentar como é identificado o problema (como a ferramenta informada em 1.1 vem sendo utilizada de forma a contribuir para a identificação do problema a ser trabalhado). 1.1.3 Apresentar como o problema identificado afeta os resultados do setor, de forma a impactar as questões estratégicas da organização. Média Comentários Oportunidades Fonte: PNGS (2015, p. 26). No quadro a seguir, a empresa deve apresentar como planejou a solução para o problema. 86 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Quadro 11 – O planejamento: planejamento das soluções 1 O planejamento 1.2 Planejamento das soluções De que forma a solução foi planejada, concebida, desenvolvida e verificada? Informar quais as lideranças e profissionais envolvidos no projeto, internos e/ou externos, e descrever o seu grau de mobilização. Apresentar os recursos (financeiros, humanos e materiais) orçados e realizados no projeto, até a solução final e implementação. Incluir as principais origens ou fontes de inspiração, internas e/ou externas para desenvolvimento da ideia e definição de metas. Descrever atividades de treinamento necessárias e sua abrangência. Informar como a evolução do projeto foi controlada. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 1.2.1 Apresentar como é desenvolvido o planejamento das ações que irão minimizar o problema identificado em 1.1.1.2.2 Apresentar as metas relacionadas ao problema identificado e como foram estabelecidas. 1.2.3 Apresentar como são alocados os recursos necessários para a realização das ações planejadas. 1.2.4 Apresentar como é acompanhado o desenvolvimento das ações planejadas. 1.2.5 Apresentar como esse planejamento é comunicado para todo o setor, organização e outras partes interessadas, quando pertinente. 1.2.6 Apresentar como é obtida a cooperação entre as pessoas e as áreas para o desenvolvimento das ações planejadas. Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 27). No próximo quadro, a forma como foram implantadas as soluções deve ser apresentada. Observe que cada um dos quadros pede informações detalhadas de todos os processos, não se tratando, portanto, apenas de um preenchimento de formulário, mas de um trabalho amplo de toda a organização para resolver o problema apontado. Quadro 12 – Implementação das soluções 2. Implementação das soluções Como funciona a prática de gestão? Mencionar seus principais padrões de trabalho e mecanismos de controle. Incluir padrões relativos a metas almejadas. Informar como os padrões são veiculados para as áreas pertinentes. Na descrição da prática, usar como referência os padrões de consistência de descrição de práticas de gestão, solicitados nos critérios de avaliação do PNGS. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 2.1 Apresenta de que forma as ações desenvolvidas no planejamento se transformam em rotinas para o setor. 2.2 Apresentar como essas rotinas são padronizadas/formalizadas. 2.3 Apresentar como as pessoas do setor tomam conhecimento dessas novas rotinas. 2.4 Apresentar como as pessoas do setor são capacitadas para as novas rotinas estabelecidas, conforme descrito em 2.1 e 2.2. 2.5 Apresentar como é feita a integrações dessas rotinas com as demais rotinas do setor e da rganização. Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 28). 87 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 No quadro a seguir, a empresa demonstra as formas utilizadas para controlar e avaliar a mudança proposta. Quadro 13 – Controle 3 Controle Como funciona a sistemática de avaliação e de melhoria da prática de gestão? Mencionar indicador, ou indicadores, utilizados para avaliar o desempenho. Exemplificar eventuais melhorias que foram requeridas em função das avaliações iniciais. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 3.1 Apresentar as ferramentas ou métodos/sistemáticas utilizadas para o controle das novas rotinas estabelecidas, conforme descrito em 2.1 e 2.2. 3.2 Apresentar os indicadores de controle das novas rotinas estabelecidas. Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 29). No formulário de aprendizado contínuo (quadro a seguir), a empresa apresenta como a nova rotina continua sob observação para melhoria constante. Quadro 14 – Aprendizado contínuo 4 Aprendizado contínuo Como a organização avalia e melhora as práticas de gestão e respectivos padrões de trabalho. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 4.1 Apresentar o mecanismo de avaliação da nova rotina. 4.2 Apresentar como são organizados os planos para a correção de rumo a partir da avaliação realizada, conforme descrito em 4.1. 4.3 Apresentar como é feito o acompanhamento da melhoria implantada. Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 30). 88 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Nos próximos dois quadros, a empresa apresenta os resultados diretos e indiretos alcançados com a proposta. Quadro 15 – Resultados: resultados diretos 5.1 Resultados 5.1.1 Resultados diretos Apresentar um ou mais tipos de resultados relevantes com tendências favoráveis obtidos em decorrência da implementação da prática, expressos quantitativamente por meio de indicadores de nível de desempenho e demonstração de tendência. Informar níveis de desempenho e tendências abrangendo o período anterior e posterior à implementação da prática. Apresentar informações comparativas externas à organização que permitam avaliar o nível atual de desempenho. Se o resultado apresentado não decorrer exclusivamente da prática, justificar a correlação forte entre eles. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 5.1.1 Apresentar os resultados relevantes obtidos com a implantação da nova rotina, identificando a importância desses resultados para o setor e para a organização. 5.1.2 Apresentar a comparação entre os resultados da organização antes da nova rotina e depois, de forma a demonstrar a tendência de melhoria. Esses resultados devem ser os relatados em 5.1.1. 5.1.3 Apresentar informação comparativa dos resultados descritos em 5.1.1 de forma a comprovar o nível de desempenho em patamares superiores para a organização. Descrever a pertinência da informação comparativa apresentada (justificar o referencial comparativo escolhido). Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 31). Quadro 16 – Resultados: resultados indiretos 5.1 Resultados 5.1.2 Resultados indiretos Quais são outros benefícios intangíveis decorrentes da implementação da prática, baseados em fatos, depoimentos ou reconhecimentos? Descrever eventuais reflexos positivos nas partes interessadas descritas na Folha de Elegibilidade. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 5.2.1 Apresentar o alcance da nova rotina para outras partes interessadas da organização, além daquelas diretamente relacionadas a essa rotina (comunidade local, fornecedores, clientes, força de trabalho, entre outras). 5.2.2 Apresentar como é o relacionamento do setor com essa(s) outra(s) parte(s) interessada(s). 5.2.3 Apresentar como os benefícios intangíveis para a(s) outra(s) parte(s) interessada(s) podem impactar o resultado da organização. Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 32). 89 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Os responsáveis deverão defender seu caso perante uma banca avaliadora do trabalho. O quadro a seguir apresenta a pontuação para a apresentação pública do caso. Quadro 17 – Apresentação pública 6 Apresentação pública A apresentação pública do “Estudo de Caso” com avaliação dos juízes. Fatores de avaliação (Notas 0‑10) Peso Nota 6.1 Objetividade e clareza. 6.2 Pontualidade e método. 6.3 Estímulo ao público. Média Comentários Oportunidade Fonte: PNGS (2015, p. 33). Você deve ter observado que, apenas por participar da premiação, a empresa envolvida muito provavelmente já terá feito várias modificações em seus processos para adequá‑los às exigências proferidas pelos critérios. Isso já é muito positivo para a empresa de uma forma geral, pois aumenta a conscientização dos funcionários para a melhoria constante da qualidade oferecida ao cliente/paciente. Bastos e Saraiva (2011) estudaram a percepção dos enfermeiros de um hospital em Lisboa referente ao sistema de gestão da qualidade, segundo a norma ISO, e investigaram notadamente os pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades da implantação da norma na organização hospitalar. Como resultado, obtiveram uma percepção limitada dos envolvidos, dado que a maioria dos respondentes da pesquisa não conheciam o sistema de qualidade (Norma ISO 9001), sendo este um dos pontos fracos para a implementação da norma na organização. Podemos entender que o conhecimento da norma e do que ela pretende na empresa é ponto fundamental e inicial para adoção de modelos de qualidade nas empresas de saúde. Saiba mais Conheçaa Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) em: <http://www.fnq.org.br/>. Depois, leia o regulamento do Prêmio Nacional da Gestão em Saúde (Ciclo 2015‑2016): PNGS (PRÊMIO NACIONAL DA GESTÃO EM SAÚDE). Regulamento do Prêmio Nacional da Gestão em Saúde: Ciclo 2015‑2016. São Paulo: CQH, 2015. Disponível em: <http://www.cqh.org.br/portal/pag/anexos/baixar. php?p_ndoc=277&p_nanexo=%20614>. Acesso em: 8 dez. 2015. 90 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 Figura 18 – Ganhar a premiação pode representar o reconhecimento do mercado, por parte dos clientes e dos concorrentes 7 ACREDITAÇÃO HOSPITALAR A acreditação hospitalar é um método para ordenar as instituições hospitalares e consiste na educação permanente dos profissionais, expressando‑se por meio da avaliação dos recursos institucionais, que é feita de forma voluntária, periódica e reservada, cujo objetivo é garantir a qualidade de assistência ofertada por meio de padrões previamente estabelecidos (BRASIL, 2002a). Segundo Schiesari e Malik (2006), já tivemos modelos de estrelas, semelhantes aos que pontuam os hotéis, certificações e acreditações. No entanto, essas ferramentas ainda não são um consenso, sendo difundidas de forma mais constante a partir dos anos 1990, com o surgimento da Organização Nacional de Acreditação (ONA). A entidade, por meio do treinamento de profissionais, prepara os hospitais para as avaliações externas, como a ISO, por meio de autoavaliações. A Organização Nacional de Acreditação (ONA) é responsável por estabelecer instrumentos de avaliação para o gerenciamento do sistema de saúde brasileiro e certificar outras acreditadoras. Observa‑se que é crescente o número de instituições que têm procurado certificações como forma de melhorar seu sistema de gestão da qualidade (MOREIRA; LIZARELLI; MENDES, 2012). Definida assim, concluímos que a acreditação é um passo adiante nas avaliações externas, buscando diferir‑se dos instrumentos de gestão empresariais, cujo produto final não é a saúde das pessoas. Assim, como a maioria dos instrumentos de qualidade, a acreditação é feita de forma voluntária pelas entidades de saúde, que pretendem atestar seu trabalho de forma coerente com as regras e com o padrão exigido internacionalmente para a qualidade (HORTALE; OBBADI; RAMOS, 2002). Como é feita voluntariamente, a acreditação tem um caráter educativo e voltado à melhoria contínua, sem finalidade de fiscalização ou controle oficial. Como vantagens da acreditação, podemos citar (BONATO, 2011). Para Bonato (2011) e Hortale, Obbadi e Ramos (2002), os principais objetivos da acreditação são: • Segurança para os pacientes e profissionais. 91 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 • Qualidade da assistência. • Construção de equipe e melhoria contínua. • Útil instrumento de gerenciamento. • Critérios e objetivos concretos adaptados à realidade brasileira. • O caminho para melhoria contínua. Observação A acreditação é uma espécie de certificação da área hospitalar. Um hospital ou laboratório acreditado tem maior credibilidade perante os profissionais e os concorrentes. Como a maioria dos instrumentos de avaliação, podemos dizer que apenas por participar do processo de acreditação e certificação, os hospitais apresentam pelo menos a vontade de ser uma entidade de qualidade que presta bons serviços à população. Observe que não se trata de uma imposição legal, mas de uma atitude voluntária e feita por vontade própria da instituição. Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002a, p. 9), [...] o processo de acreditação hospitalar é um método de consenso, racionalização e ordenação das instituições hospitalares e, principalmente, de educação permanente dos seus profissionais e que se expressa pela realização de um procedimento de avaliação dos recursos institucionais, voluntário, periódico e reservado, que tende a garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente estabelecidos. A cada dois ou três anos, a instituição recebe a visita de uma comissão de avaliação. A decisão de acreditação de uma instituição de saúde especifica é feita após a avaliação periódica in loco composta por pares. A acreditação é uma forma de avaliar a qualidade e os recursos da empresa, feito voluntariamente, em determinados períodos, para garantir a qualidade da assistência com base em padrões estipulados previamente. Os padrões são adotados internacionalmente e contribuem para as orientações que devem ser consideradas pela organização, sempre visando à melhoria de seu desempenho integral. Na acreditação a empresa é avaliada como um todo e não isoladamente, por setores ou departamentos. A ideia da acreditação hospitalar é que seja feito um ambiente de adoção de efetiva responsabilidade em medir o desempenho, com abertura para promoção de melhorias de qualidade, dessa forma facilitando estímulos externos e promovendo o esforço interno para as mudanças. Isso tudo é realizado 92 Unidade II Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o - 28 /0 6/ 20 18 com base na avaliação com ênfase na qualidade do serviço profissional, independentemente dos recursos tecnológicos disponíveis. Ou seja, não adianta dizer: “não fazemos isso, pois não temos determinados equipamentos”, ou outra situação qualquer. Todo o trabalho deve ser pautado pelo critério da excelência, utilizando a tecnologia existente, seja ela qual for. Dessa forma, podemos entender que tanto o hospital público quanto o hospital privado, nos grandes centros ou nos longínquos rincões do País, devem se adaptar aos métodos e padrões de qualidade. A acreditação é, portanto, um método externo para avaliar a qualidade dos serviços de saúde que antecedeu o movimento de gerenciamento da qualidade total, que começou nos Estados Unidos e envolve, principalmente a corporação médica. Os modelos de avaliação, no entanto, impactam não só a comunidade médica, mas todos os segmentos envolvidos, como outros profissionais da área, fornecedores, investidores e a comunidade em geral. Segundo Silva (2007), os processos de acreditação hospitalar vêm aumentando no Brasil por duas razões: a primeira é a própria qualidade do manual oferecido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), que apresenta os detalhes dos processos administrativos e seus atributos mínimos – liderança, administração, garantia de qualidade, organização da assistência, atenção ao paciente/ cliente e diagnósticos –, servindo como parâmetro para atestar a qualidade do funcionamento de um estabelecimento assistencial de saúde; a segunda razão é o impacto positivo que a acreditação causa no corpo funcional e nos clientes das instituições de saúde. Entre uma gama bem completa de critérios para acreditação, estão (SILVA, 2007): • Infraestrutura do ambiente assistencial. • Direitos do paciente. • Tratamento do paciente. • Prontuários. • Manutenção de equipamentos. • Treinamento dos recursos humanos. • Gerenciamento de catástrofes. • Controle de infecção hospitalar etc. Como principais vantagens do processo de acreditação estão o aprendizado para as diretrizes em melhoria da assistência ao paciente, o compromisso com a segurança ambiental e o suporte educacional ao paciente durante todo o processo assistencial. 93 EDUCAÇÃO FÍSICA INTERDISCIPLINAR Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 01 /1 5 - M ud an ça d e no m e - Re vi sã o: A m an da - d ia gr am aç ão : M ár ci o
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