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CADERNO DE AULA DIREITO FINANCEIRO - ATUAL

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DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
1 
 
DIREITO FINANCEIRO – CADERNO DE ESTUDOS 
• Introdução e Conceito 
• Receita Pública e Despesas Públicas 
• Receitas Públicas 
• Orçamentos 
• Crédito Público 
IMPORTANTE : Siglas Muito Utilizadas 
DF – Direito Financeiro 
AFE - Atividade Financeira Do Estado 
LC – Lei Complementar 
LOA - Lei Orçamentária Anual 
LDO - Lei Diretrizes Orçamentárias 
LD – Lei Delegada 
MP – Medida Provisória 
ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade 
PPA – Plano Plurianual 
LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal 
STN - Secretaria do Tesouro Nacional 
MTO - Manual Técnico de Orçamento 
MCASP - Manual de Contabilidade Aplicada 
ao Setor Público 
ARO - Antecipação de Receita Orçamentária 
CTN - Código Tributário Nacional 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O Direito Financeiro é uma disciplina extremamente relevante para o Direito Público, pois trata 
do conjunto de normas que regulam a atividade financeira do Estado. Atividade financeira do 
Estado nada mais é do que a arrecadação de recursos e utilização desta arrecadação em prol 
de toda a sociedade. 
 
Não se sabe bem ao certo quando se deu o início da atividade financeira do Estado, mas já 
podemos identificar traços desta atividade em trechos da bíblia, tendo como exemplo uma 
das mais famosas frases relatadas por Mateus na passagem onde apóstolos mostram uma 
moeda e indagam a Jesus se é correto pagar tributo, e este responde: “Dai, pois, a César o que 
é de César e a Deus, o que é de Deus” (Matheus 22:21). 
 
No início dos tempos notamos que com o surgimento do Estado, apareceram também as 
necessidades particulares e públicas. Em tempos mais remotos, como na Grécia antiga, o 
Estado movido pelo interesse público, começa a pedir aos cidadãos uma espécie de 
contribuição como forma de auxílio ao Estado na perseguição do bem público, que naquele 
tempo era basicamente a necessidade de defender-se ou atacar nos casos de guerra. 
Observaremos no estudo dessa Unidade que essa atuação estatal não é muito diferente nos 
tempos de hoje, o que se difere, com o passar dos tempos, são as concepções de 
necessidades públicas e como o Estado exerce a atividade de arrecadar dinheiro para suprir 
estas necessidades. 
 
Não podemos negar que o Estado necessita de recursos que possibilitam o perfeito 
funcionamento e desempenho da máquina estatal, e é aí que nossa disciplina entra, pois 
cuidamos do estudo das normas que regem a despesa pública, receita pública, crédito público 
e orçamento público. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
2 
 
 
No ordenamento jurídico temos diversas normas que regulam a atividade financeira do 
Estado, regras estas que estabelecem limites ao Estado na hora de arrecadar receitas, na hora 
de efetuar despesas, no ato da contratação de crédito público, e principalmente no ato de 
elaboração das normas temporais que determinarão de que forma o Estado poderá tanto 
arrecadar como gastar o dinheiro arrecadado. 
Cabe a nossa disciplina buscar as normas espalhadas por todo ordenamento jurídico e 
sistematizá-las, disciplinando a atividade financeira do Estado, com intuito de sempre almejar 
o bem da coletividade. 
Em um sentido mais amplo podemos dizer que este estudo também envolve a legislação 
sobre o Sistema Financeiro Nacional aplicável às instituições financeiras, as transações em 
moeda estrangeira, bem como a legislação sobre finanças públicas. 
 
Nossa disciplina não somente estuda as normas que regulam a atividade financeira do Estado 
como ente público, como também as normas que regem as relações jurídicas entre o Estado e 
o particular, quanto estas dizem respeito à atividade financeira que o Estado exerce. 
CONCEITO 
Resta pacífico na doutrina brasileira que Direito Financeiro é ramo do Direito Público, que tem 
como objeto o estudo das normas que regem a atividade financeira do Estado e as relações 
jurídicas advindas desta relação. 
O Direito Financeiro é o ramo do direito público que regula a Atividade Financeira do Estado 
(AFE) que, por sua vez, engloba quatro elementos que estão intimamente ligados: 
• obter receita pública (orçamentária); 
• criar o crédito público (empréstimo público); 
• gerenciar ou gerir o orçamento público – Lei Orçamentária Anual (LOA); 
• despender recursos (gastar) – executar a despesa pública (orçamentária). 
 
DISTINÇÃO DO DIREITO FINANCEIRO E A CIÊNCIAS DAS FINANÇAS 
Vimos que o objeto de estudo do Direito Financeiro é a atividade financeira do Estado, porém 
no Direito Financeiro estuda-se esta atividade sobre a ótica normativa. Diferente se faz no 
estudo da Ciência das Finanças, que apesar de ter o mesmo objeto de estudo, a atividade 
financeira do Estado, esta estuda sob a ótica especulativa. Daí se entende porque a Ciência 
das Finanças é ministrada nas Faculdades de Economia e Administração, enquanto o Direito 
Financeiro é estudado nos cursos de Direito. 
AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO 
Inúmeros autores discorreram sobre a autonomia do Direito Financeiro, porém ainda é grande 
a divergência. 
Há quem defenda que o Direito Financeiro é mera divisão do direito administrativo, porém a 
corrente mais aceita diz que o Direito Financeiro tem sua autonomia didático-científica. 
Falamos aqui que o estudo é autônomo e não independente, pois faz parte da Ciência 
Jurídica, uma vez que o Direito é uno, mas é um ramo jurídico à parte, tanto que referenciado 
expressamente no artigo 24, inciso I, da Constituição da República de 1988. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
3 
 
Fonrouge defendia que “a autonomia é um ramo do direito que dispõe de princípios gerais 
próprios e que atua coordenadamente, em permanente conexão e interdependência com as 
demais disciplinas, como integrantes de um todo orgânico (unidade do direito)”. 
Sinteticamente podemos dizer que o Direito Financeiro, no quadro geral do direito, pertence ao 
campo do direito público e se constitui em um ramo cientificamente autônomo em relação 
aos demais ramos do direito, uma vez que possui institutos, princípios e conceitos jurídicos 
próprios e distintos dos existentes nos demais ramos. 
O Direito Financeiro se relaciona com outros ramos do Direito, como se segue: 
• Direito Constitucional: vários institutos, regras e princípios do Dir. Financeiro, se encontram 
no texto constitucional, e a forma de se interpretar a Constituição se aplica a ele. 
• Direito Administrativo: o Direito Financeiro nasceu do Direito Administrativo isso faz com 
que as duas matérias não sejam totalmente independentes, pois a existência de instrumentos 
de Direito Administrativo que serve ao Direito Financeiro cria um ‘link’ entre elas. Ex: empenho 
(ato pelo qual o administrador concretiza a despesa pública), receita pública (objeto de 
arrecadação por meio de ato administrativo). 
• Direito Tributário: o Direito Tributário surgiu do Direito Financeiro. O objeto deles é comum: o 
estudo do TRIBUTO. Enquanto o Direito Financeiro o estuda na visão macro, o vê como uma 
das receitas do Estado, o Direito Tributário o estuda em sua acepção científica; são aplicados 
aos dois os mesmos princípios. 
• Direito Penal: vários aspectos da atividade financeira do Estado estão tipificados no código 
penal e em leis extravagantes (peculato, lavagem de dinheiro, leis de responsabilidade 
fiscal...). 
• Direito Civil e Comercial: na atividade financeira do Estado são utilizados institutos do 
Direito Civil e Comercial para a obtenção de receitas públicas de forma subsidiária. 
• Direito Processual: o processo administrativo, civil e penal serão instrumentos de concreção 
do Dir. Financeiro. Instrumentalização dos institutos do Direito Financeiro. 
• Direito Internacional Público: quando tratado internacional for criado cujo objeto tenha 
relação com Direito Financeiro: despesa, receita, orçamento, dívida ou crédito público. Dívida 
é o assunto mais comum. 
PRINCIPIOS DE DIREITO FINANCEIRO 
Além dos princípios orçamentários, há também os princípios do Direito Financeiro: legalidade, 
economicidade,transparência, publicidade e responsabilidade fiscal. 
Os princípios gerais do Direito Financeiro são princípios aplicáveis à Atividade Financeira do 
Estado (AFE) de forma mais ampla, enquanto os princípios orçamentários devem ser 
aplicados apenas à elaboração do orçamento público. 
 
PRINCIPIO DA LEGALIDADE 
Em relação ao Direito Financeiro, o princípio da legalidade pode ser visto tanto do lado das 
despesas públicas quanto do lado das receitas. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
4 
 
Em relação à despesa pública, é importante deixar claro que o princípio da legalidade é 
aplicado de modo diferenciado, quando consideradas as despesas ordinárias e 
extraordinárias. 
 
Guarde que, para as despesas chamadas despesas ordinárias, devem obrigatoriamente ser 
autorizadas em lei, ou seja com anuência do Poder Legislativo, obedecendo estritamente ao 
princípio da legalidade. 
Já para as despesas extraordinárias, a situação é diferente. Por derivarem de fatos 
imprevisíveis e visarem à satisfação de necessidades públicas urgentes, podem ser 
autorizadas por medidas provisórias do Poder Executivo, ficando a autoridade pública que as 
executar pessoalmente responsável pela existência dos requisitos da imprevisibilidade e da 
urgência. Dessa forma, pode-se afirmar que as despesas extraordinárias são uma exceção ao 
princípio da legalidade estrito. 
O princípio da legalidade, antes de ser um preceito administrativo fundamental, constitui-se, 
na verdade, em uma regra consagrada pela doutrina e em textos constitucionais mundo afora. 
Conhecemos aquele velho dispositivo constitucional que dispõe que “ninguém é obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser em virtude de lei”. 
 
Esse princípio visa combater o poder arbitrário. Só a Lei pode criar obrigação para o indivíduo. 
Assim, o princípio da legalidade serve para garantir que o Estado apenas exija ações dos 
particulares diante da aprovação uma de lei. 
Entretanto, no âmbito da administração pública, a situação é inversa, ou seja, a autoridade só 
poderá desempenhar as suas funções dentro do que determina a lei. Um servidor público, no 
exercício de suas atribuições, somente poderá exigir das pessoas fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa na hipótese da ocorrência de lei que as obrigue. Assim, precisa de lei que 
determine ou autorize a despesa pública. 
 
Enquanto para nós, povo, é lícito fazer tudo aquilo que a Lei não proíba, a aplicação de 
recursos públicos somente poderá ser realizada se a LOA ou um crédito adicional 
(suplementar ou especial) autorizar o respectivo gasto, ou seja, o princípio da legalidade no 
que diz respeito à despesa pública, depende de prévia autorização legislativa, com exceção da 
abertura de créditos adicionais extraordinários, via medida provisória, em caso de despesas 
urgentes e imprevisíveis, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade 
pública, nos termos do art.167, § 3º, da CF/1988. 
No que diz respeito à aprovação da LOA, o princípio da legalidade pressupõe que o orçamento 
público será objeto de aprovação pelo Poder Legislativo. 
Resumindo, em respeito ao princípio da legalidade, a despesa pública é enquadrada e 
determinada por lei, ou seja, a discricionariedade na execução do gasto púbico pela 
administração pública é limitada, e seus parâmetros estão previstos e limitadas por lei. Enfim, 
existe uma vinculação da despesa pública à lei. 
Em suma, a lei, em regra, controla quem, onde como e até quanto pode gastar! 
 
PRINCIPIO DA ECONOMICIDADE 
Previsto no caput do art. 70 da CF/1988, o princípio da economicidade apresenta a exigência 
relativa à eficiência, do ponto de vista econômico, do gasto público. 
É o obter a máximo satisfação das necessidades da população com o mínimo gasto 
possível! 
 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
5 
 
PRINCIPIO DA RESPONSABILIDADE FISCAL 
Ligado à grande importância assumida pela LRF no País, sendo, inclusive, um dos seus 
pilares. 
A ideia básica é de que o gasto público seja realizado dentro de limites previamente definidos 
e de acordo com regras claras que, se não cumpridas, geram punição ao ente público 
irresponsável fiscalmente, pelo não cumprimento de metas de resultado e obediência a 
limites e condições relativas à receita, despesa e endividamento. 
 
PRINCIPIO DA TRANSPARÊNCIA 
Amparado também pela LRF, especialmente pelos arts. 48 e 49, que apresenta os 
instrumentos pelos quais os cidadãos comuns poderão exercer o controle social das contas 
públicas. 
 
A transparência das contas é assegurada de dois modos diversos: 
 
• disponibilização em meios eletrônicos, das versões completa e simplificada das leis 
orçamentárias; e 
• disponibilização das prestações de contas e relatórios de execução orçamentária e gestão 
fiscal. 
 
A ideia é dar acesso, aos cidadãos em geral, aos documentos que embasam a realização de 
despesas públicas para que fiscalizem os gastos. 
 
Além disso, deve haver incentivo à participação popular na elaboração do orçamento por meio 
da realização de audiências públicas durante a elaboração dos orçamentos (orçamento 
participativo), dando real possibilidade de acompanhamento da execução orçamentária e 
financeira. 
 
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 
Para que possamos entender o estudo da Disciplina de Direito Financeiro temos que voltar um 
pouco na história e identificar as mudanças ocorridas no conceito de Atividade Financeira do 
Estado nos períodos clássico e moderno. 
Atividade financeira nada mais é do que aquela atividade que busca meios para atingir o bem 
comum. 
O período clássico, ligados ao Estado liberal, tem como principal característica o não 
intervencionismo do Estado a economia, isso se dava com base na idéia que as leis 
financeiras eram imutáveis assim como as leis científicas, e os desajustes econômicos se 
recomporiam por si só, sem necessidade que o Estado interviesse para o balanceamento 
econômico. 
 
Um dos principais propulsores deste pensamento foi Adam Smith, economista e filósofo 
escocês, considerado o pai da economia moderna, pois foi peça fundamental para formação 
do liberalismo econômico. Uma das suas principais obras foi “Uma investigação sobre a 
natureza e a causa da riqueza das nações”, que até os dias de hoje continua sendo uma 
referência para os economistas. Nessa obra, Smith defendia que a riqueza das nações era 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
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resultado do desempenho dos indivíduos, que por interesse próprio faziam o crescimento 
econômico. 
Uma das frases famosas de Smith, que demonstra bem o ideal do liberalismo econômico, é 
“Cada pessoa, em busca de melhorar a si mesma, sem pensar nas demais, depara-se com 
uma legião de outras pessoas com motivações semelhantes. Como resultado, cada agente do 
mercado, ao comprar e vender, é forçado a equiparar seus preços aos oferecidos pela 
concorrência”. 
Com esse pensamento denfendia a livre iniciativa privada, com mínima intervenção estatal. 
Acreditava a concorrência, através de preços livremente formados nos mercados geraria a 
eficiência social, uma espécie de “mão invisível” do capitalismo tornaria a sociedade perfeita, 
não havendo necessidade de atuação do estado. 
Com base no princípio do não intervencionismo, o Estado limitava-se a desempenhar o 
mínimo possível de atividades, deixando tudo o mais para a iniciativa privada. O Estado 
executava apenas as atividades essenciais, como as que diziam respeito à justiça, política, 
diplomacia, defesa contra agressão externa e segurança da ordem interna, cuja atribuição não 
podia encarregar à iniciativa privada. 
Porém, para que o Estado desempenhasse tais atividades, necessitava de recursos para arcar 
com essas despesas públicas, e para que isso fosse possível tributava o patrimônio dos 
particulares, tributação esta denominada neutra, pois não via na tributação um meio de 
modificar a estrutura social e a conjuntura econômica. 
Importante ressaltar que neste período a tributação era feita de formaequivalente, ou seja, 
todos eram tributados na mesma proporção, pois o Estado não levava em consideração as 
condições de cada contribuinte. Desta forma a atividade financeira do Estado não visava 
lucro, e sim a arrecadação de valores para suportar as despesas públicas, isto é, as finanças 
públicas tinham finalidades exclusivamente fiscais. 
Já no fim do século XIX, considerado período Moderno, com a Crise de 29, a “mão invisível” do 
capitalismo sofreu severas críticas, e o mundo inteiro passou a questionar a eficácia do 
pensamento liberal. Após a crise restou claro que os mecanismos auto reguladores do 
capitalismo não bastavam para manter a economia. 
Descendendo da economia Clássica surge a economia marxiana, encabeçada por Karl Marx, 
um dos primeiros economistas que contestou a dinâmica do modelo capitalista. É autor da 
Teoria da Mais Valia, que explica como o sistema capitalista obtém lucros por meio da 
diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe para produzir determinada 
mercadoria. Teve como principal obra o livro O Capital, onde fazia uma análise da sociedade 
capitalista. 
John Maynard Keynes, economista mais influente do Século XX e seguidor das idéias de Marx, 
para fugir do naufrágio econômico, trouxe como saída uma teoria totalmente contrária a idéia 
do liberalismo defendido por Smith, onde o Estado deveria sim interferir na economia, na 
sociedade e onde mais achasse imprescindível. Este modelo de Estado intervencionista 
(Walfare State- o Estado do bem-estar social) foi seguido por vários países após o fim da 
Segunda Guerra Mundial, pois a intervenção estatal se tornaria fundamental para a 
recuperação mundial pós-guerra. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
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Neste período houve um aumento brusco das atribuições do Estado, e como consequência, o 
Estado passou a utilizar as finanças públicas como instrumento desta intervenção estatal na 
economia. 
Outra característica marcante do período moderno foi a personalização do imposto, pois o 
Estado parou de tributar de forma equivalente todos os contribuintes e passou a levar em 
consideração, sempre que possível, as condições e características de cada um, ficando assim 
mais justa, porque cada cidadão passou a pagar imposto na medida de sua capacidade 
contributiva, de sua aptidão econômica de pagar tributos (CF, art. 145, § 1º). 
A partir da década 1970, o modelo defendido pelo Keynesianismo, foi combatido por novas 
correntes de pensamento econômico. Foi assim que o Neoliberalismo veio à tona, 
estabelecendo certo limite ao Estado, afirmando que o intervencionismo estava ameaçando 
as garantias da liberdade econômica e política. 
Após este breve histórico da evolução da atuação estatal na economia, por meio da atividade 
financeira, passaremos a estudar agora a Atividade Financeira do Estado e seus principais 
aspectos. 
 
 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO E 
NECESSIDADES PÚBLICAS 
O Estado é uma grande associação que 
existe para alcançar certos fins que dizem 
respeito aos interesses da coletividade, ou 
seja, a realização do bem comum. Para o 
atingimento desses fins o Estado 
desenvolve diversas atividades buscando 
suprir as chamadas necessidades 
públicas. 
Segundo Professor Kioshi Harada Atividade Financeira do Estado é “a atuação estatal 
voltada para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à consecução das 
finalidades do Estado que, em última análise, se resumem na realização do bem comum” 
De forma geral, as necessidades públicas são aquelas que o Estado define como prioritárias 
de atendimento. São aquelas tuteladas pelo Estado, que toma para si a responsabilidade pela 
satisfação. Este conceito varia muito conforme o tempo, o desenvolvimento e principalmente 
do desejo do governante que está no poder. Observe que não se pode confundir necessidade 
pública com necessidade individual ou coletiva. 
Necessidade individual é aquela que diz respeito unicamente ao indivíduo, normalmente 
satisfeita pelo esforço do próprio indivíduo, tais como as necessidades com alimentação e 
vestuário. A necessidade coletiva, por sua vez, é aquela relacionada à carência supra 
individual de um agrupamento humano, normalmente satisfeitas pelo esforço coordenado da 
sociedade, tais como as necessidades de oficinas mecânicas e escolas particulares. O que 
torna uma necessidade coletiva em necessidade pública é a decisão política que a insere nas 
prioridades dos governantes. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
8 
 
Resta por óbvio que toda necessidade pública é coletiva, porém o inverso não pode ser 
considerado como verdadeiro, pois somente a necessidade coletiva dotada de decisão 
política recebe o status de pública. 
Porém, independentemente de qual for o conceito de necessidade pública do momento, o 
Estado necessita de recurso para prestar estes serviços. Alguns estudiosos dizem que, de 
início, o Estado utilizava de seus próprios recursos para financiar essas necessidades 
públicas, mas com o aumento constante dessas necessidades, foi necessário avançar no 
patrimônio particular, cobrando tributos e tarifas ou confiscando bens. 
Neste ponto voltamos à Atividade Financeira do Estado, pois, como já vimos, esta consiste na 
obtenção de recursos (receitas), bem como em sua gestão e aplicação (despesas), de forma a 
garantir o funcionamento do aparelho estatal e a realização de suas metas. 
 
• GERIR  Orçamento / Planejamento 
• OBTER  Receita 
• GASTAR  Despesa 
• CRIAR  Crédito 
Lembrando o saudoso mestre Aliomar Baleeiro, que nos disse que a Atividade Financeira do 
Estado consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, 
cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu a outras pessoas de direito público, vejo que 
podemos “destrinchar” esse conceito em três partes: 
• o Estado, na realização da atividade financeira, tem como objetivo obter recursos (RECEITA 
PÚBLICA) para poder despendê-los (DESPESA PÚBLICA) na aplicação de seus fins; 
• além disso, nem sempre os recursos obtidos são suficientes, por isso o Estado precisa criá-
los (CRÉDITO PÚBLICO) para que os mesmos sejam capazes de atender a todos os 
dispêndios; 
• por fim, toda essa atividade deve ser gerenciada (ORÇAMENTO PÚBLICO). 
 
ATENÇÃO: Muita gente também 
confunde os ramos do Direito 
Financeiro (que estuda as finanças 
públicas) e Direito Tributário e os 
examinadores gostam de colocar 
pegadinhas nesse sentido. Na verdade, 
existe uma linha tênue entre o Direito 
Financeiro e o Direito Tributário, uma vez 
que ambos pertencem ao direito público e 
atuam na obtenção de receitas pelo Estado. 
Existe autonomia para cada um deles, 
conforme previsão constitucional, mas, na 
prática, o Direito é um só e essa 
classificação em ramos é apenas didática. 
Na realidade, existe forte ligação entre os 
ramos e entre os seus dispositivos legais. 
 
 
No caso das receitas derivadas, como é o caso dos tributos, se, de um lado, o Direito 
Tributário regulamenta as suas respectivas alíquotas, bases de cálculo e hipóteses de 
incidência; de outro, o Direito Financeiro, por seu turno, cuida da aplicação desses tributos 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
9 
 
como instrumento de financiamento de despesas públicas. Pode-se notar, portanto, o viés da 
grande diferença entre esses dois ramos do Direito. 
FINS DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 
A finalidade atividade financeira é o de proporcionar recursos econômicos para o custeio da 
manutenção e funcionamento do Estado. Acaba que os fins da atividade financeira coincidem 
com as próprias finalidades da atuação estatal, que se destina à satisfação das necessidades 
públicas, que aumentam conforme crescimento do Estado moderno. 
NECESSIDADES PÚBLICAS 
Podemos dizer que, atualmente, a atividade financeira do Estado está vinculada à satisfação 
de três necessidades públicas básicas, inseridas na ordem jurídico-constitucional: Prestação 
de Serviços Públicos, Exercício Regular do Poder de Polícia e Intervençãodo Estado no 
Domínio Econômico. 
 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS 
Uma das formas de satisfação das necessidades públicas se dá por meio de serviços 
públicos. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, “serviço público significa prestação utilidade 
ou comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por 
quem faça suas vezes, sob regime de direito público.” 
Em nossa Constituição Federal encontramos em diversos momentos referência a serviços 
públicos (art. 21, X, XI, XII, XIII, XV, XXII, XXIII). Ainda na Constituição Federal encontramos o 
art. 175 que prescreve que “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos.” 
Com base nos dispositivos constitucionais citados encontramos a seguinte classificação de 
serviços públicos: 
• Diretos - são aqueles em que o próprio Estado assume todos os ônus de seu 
empreendimento, por meio de uma de suas repartições administrativas; 
• Indiretos - são aqueles em que o Estado presta por meio de outras entidades de direito 
público, ou mesmo de direito privado. São prestados por autarquias, concessionárias etc. 
 
Temos ainda as principais características dos serviços públicos: 
• Universalidade: porque visam a alcançar toda a coletividade, independentemente da 
personalização dos beneficiários; 
• Seletividade: porque são selecionados dentre toda a massa de serviços que podem ser 
prestados numa comunidade; 
• Não-reciprocidade: porque o Estado não tem obrigação de retribuir em serviços a 
importância a ele paga pelo particular a quem se dirigem. 
• Coercibilidade: são coercitivos, prestados no geral em decorrência da soberania do Estado; 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
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EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA 
É o poder discricionário que o Estado tem de restringir o exercício dos direitos individuais em 
benefício do interesse público. Está abalizado no princípio da predominância do interesse 
público sobre o particular. 
O Código Tributário Nacional, em seu art. 78, conceitua Poder de Polícia como: “Art. 78. 
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou 
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em 
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” E seu parágrafo único está previsto que 
“Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão 
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de 
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.” 
A administração Pública, no primeiro momento, exerce este poder por meio do Poder 
Legislativo, com edições de leis que cria as limitações administrativas em favor do interesse 
público. Observa-se que estas limitações não podem ferir o texto constitucional. 
Importante ressaltar que Poder DE Polícia não se confunde com Poder DA Polícia, pois o 
primeiro se configura como espécie do poder da Administração Pública, fundado no princípio 
da prevalência do interesse público sobre o interesse privado. Por isso é denominada polícia 
administrativa, que tem como objetivo manter a ordem pública em geral. Já o Poder DA 
Polícia, denominada Polícia Judiciária, tem como escopo a investigação de crimes e 
contravenções penais, cabendo somente aos órgãos auxiliares da Justiça. 
INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
Segundo Diógenes Gasparini (“Direito Administrativo”, 6ª ed., São Paulo, Saraiva, 2001, p. 614), 
a intervenção do Estado no domínio econômico pode ser conceituada como “todo ato ou 
medida legal que restringe, condiciona ou suprime a iniciativa privada em dada área 
econômica, em benefício do desenvolvimento nacional e da justiça social, assegurados os 
direitos e garantias individuais”. A livre iniciativa é consagrada na Constituição Federal como 
princípio fundamental (art. 1º, IV) e este princípio é reafirmado no art. 170, incisos I a IX. O 
parágrafo único desse artigo, reafirmando novamente o princípio da livre iniciativa, dispõe que 
“É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente 
de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.” Porém, devemos 
observar que este princípio não é absoluto, pois sofre restrições de outros valores também 
expressos como princípios. 
O Estado pode intervir de diversas maneiras na Ordem Econômica, basicamente, as maneiras 
e limitações da intervenção do Estado no domínio econômico estão definidas na Constituição 
Federal. O Ministro Eros Grau classifica em modalidades as formas de intervenção na 
atividade econômica. 
Senão vejamos: 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
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• Por participação: Estado intervém na economia criando empresas estatais que concorrem 
com as privadas, em razão dos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse 
coletivo. 
• Por Absorção: por meio de monopólio 
• Por Direção e Indução: Por meio desta o Estado estimula ou desestimula a prática de 
determinadas atividade econômicas. Ex: financiamento imobiliário barato, juros baixos, 
utilização extrafiscal dos tributos, etc. 
Kiyoshi Harada nos ensina que esta intervenção se dá por meio de três instrumentos básicos: 
• Poder Normativo: elaborando leis de combate ao abuso do poder econômico, de proteção ao 
consumidor, leis tributárias de natureza extra-fiscal, etc. 
• Poder de Polícia: estimula ou desestimula a prática de determinadas atividade econômicas. 
• Assunção direta da atividade econômica: o Estado explora, em caráter excepcional, a 
atividade econômica. 
 
FONTES DO DIREITO FINANCEIRO 
As fontes formais do Direito Financeiro são as normas jurídicas que têm por conteúdo a 
regulação da atividade financeira do Estado e se divide em: fontes formais primárias e fontes 
formais secundárias. 
O orçamento público, o Direito Financeiro, o tema finanças públicas e a Administração 
Financeira e Orçamentária (AFO) encontram sua “gênese normativa” na Constituição Federal 
de 1988, especialmente entre os arts. 163 e 169. Em sua prova, com certeza, haverá questões 
retiradas deles. Além da letra da CF/1988, as finanças públicas e orçamento público têm 
sustentação na Lei de Normas Gerais de Direito Financeiro, Lei n. 4.320/1964, também 
conhecida como Lei do Orçamento Público, que é uma lei originalmente ordinária, federal, 
porém, de abrangência nacional, vinculando todos os entes políticos, quais sejam União, 
estados, DF e municípios. 
Reserva de Lei Complementar Repare que o art. 165, § 9º, da CF/1988, estabelece a 
competência de lei complementar para: 
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: 
§ 9º Cabe à lei complementar: 
I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do 
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; 
 
Raciocine comigo: se a CF é de 1988 e antes dela já vigorava a Lei n. 4.320/1964, aprovada 
pelo Congresso Nacional por maioria simples, em processo legislativo de lei ordinária, então 
estamos diante de uma inconsistência constitucional. Em verdade, essa incongruência deve-
se ao fato de que a CF/1988 exige lei complementar para tratar de exercício financeiro e dos 
instrumentos do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei 
Orçamentária Anual (LOA). 
 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
12 
 
Assim, contrariando a previsão da CF/1988, a lei que regulamentou o exercício financeiro, 
período de tempo durante o qual o Estado realiza a sua atividade financeira, arrecadando 
receitas e executando despesas, éa Lei n. 4.320/1964, editada e publicada como 
originalmente como lei ordinária. 
 
Entretanto, não se pode afirmar que, pelo fato de ser uma lei pretérita à CF/1988, inaugurou 
um novo ordenamento jurídico no Brasil a partir daquele ano e que vai de encontro à norma do 
art. 165, § 9º, I. 
 
A Lei n. 4.320/1964 não foi revogada, mas, sim, recepcionada como se lei complementar 
fosse. Assim, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (ADI n. 1726), a 
Lei n. 4.320/1964 foi recepcionada com o status de lei complementar perante o texto 
constitucional de 1988, apesar da sua forma originária de lei ordinária. 
Em suma, a Lei n. 4.320/1964 é uma lei formalmente ordinária, aprovada por meio de 
processo legislativo ordinário, quórum de deliberação parlamentar de maioria simples e 
materialmente complementar, pois a matéria de que trata é de lei complementar, com base no 
art. 165, § 9º, I, CF/1988. 
Desse modo, pelo fato de a Lei n. 4.320/1964 ter sido recepcionada pelo atual ordenamento 
jurídico brasileiro, ditado pela Carta Magna de 1988, com status de lei complementar, 
somente poderá ser alterada por uma lei federal de mesma matéria e lei complementar. 
 
 
Em outras palavras, apesar de ser uma lei 
formalmente ordinária e materialmente 
complementar, a Lei n. 4.320/1964 somente 
poderá ser alterada, desde a vigência da 
atual Constituição, por uma lei 
complementar quanto à forma e à matéria. 
Guarde que o Direito Financeiro estabelece, 
portanto, além do crédito público, regras 
relativas a orçamento público, receita 
pública e despesa pública. 
 
É importante deixar claro que o Direito Financeiro não é normatizado apenas pela CF/1988 e 
pela Lei n. 4.320/1964, pois a Lei Complementar n. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) 
também tem relevante importância. 
Na verdade, a competência para legislar sobre Direito Financeiro e orçamento é concorrente 
da União, estados e Distrito Federal, como define o art. 24, I e II; e §§ 1º a 4º da CF/1988. 
 
FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS 
As fontes formais primárias são aquelas normas jurídicas que inovam o sistema jurídico. 
 
São fontes formais primárias do Direito Financeiro: 
• Constituição (inicialmente) que estipula os princípios gerais sobre o orçamento, as fontes de 
captação de receitas públicas e os limites da despesa pública, além de se prescrever quais 
serão as competências administrativas e legislativas no campo da atividade financeira. 
 
• Lei complementar, haja vista que existem vários dispositivos constitucionais que a exigem 
na esfera do Direito Financeiro (ex: arts. 161, 163, 165, § 9º, 169). 
 
• Lei ordinária, que é a fonte mais utilizada no Direito Financeiro. Como exemplos de leis 
ordinárias em matéria financeira temos a Lei 4320/64 que estatui Normas Gerais de Direito 
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos 
Municípios e do Distrito Federal e temos as leis orçamentárias anuais (LOA’s), as leis de 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
13 
 
diretrizes orçamentárias (LDO’s) e os planos plurianuais (PPA’s), conforme o artigo 165, 
incisos I, II e III, da CF/88. 
 
• Resoluções do Senado têm importância no que se refere à suspensão da execução, no todo 
ou em parte, de lei ou de decreto declarados inconstitucionais por decisão do Supremo 
Tribunal Federal. 
 
• Tratados e convenções internacionais - assinadas pelo Poder Executivo, revogam ou 
modificam a legislação financeira interna e serão observadas pela que lhes sobrevenha. 
Transformam-se em fontes do Direito Financeiro, após sua aprovação pelo Congresso 
Nacional, por Decreto Legislativo. 
 
• Medida Provisória é fonte do Direito Financeiro, mas com limites, uma vez que o artigo 62, § 
1º, inciso I, alínea “d” da CF/88 proíbe a sua utilização em matéria orçamentária, com exceção 
dos créditos extraordinários. Assim, a medida provisória poderá ser utilizada em temas de 
crédito público, despesa pública e receita pública, desde que não envolva dispositivos 
tipicamente orçamentários. 
 
FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS 
As fontes formais secundárias têm como função auxiliar a tarefa das fontes formais 
primárias, e são, assim, normas meramente complementares. 
 
São exemplos de fontes formais secundárias do Direito Financeiro: 
• Decretos regulamentares são atos do Poder Executivo baixado com fim de dar cumprimento 
as leis financeiras quando estas não são auto executáveis. Eles estão totalmente vinculados à 
lei anterior, portanto não podem criar ou inovar o que a lei não estabeleceu. Temos como 
exemplo o Decreto de Programação orçamentária e financeira que é editado em todo início de 
cada exercício financeiro, para garantir a execução da Lei Orçamentária Anual. 
 
• Atos Normativos são atos escritos das autoridades administrativas que complementam a lei 
ou o decreto regulamentar com o objetivo de torná-los aplicáveis. Temos como exemplo as 
portarias, pareceres normativos, instruções normativas, atos declaratórios, avisos etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
14 
 
RECEITA PUBLICA E DESPESA PUBLICA 
O Estado, para que possa suportar seu funcionamento e atender as necessidades públicas, 
necessita de recursos. Para obter esse montante o Estado se utiliza de diversos meios, tais 
como cobrança de tributos, as operações de crédito e a as rendas produzidas pelos bens e 
empresas do Estado, entre outros. 
 
Durante o processo de elaboração do orçamento, o Poder Executivo, com base na estimativa 
das receitas elaborada pela Receita Federal do Brasil, determina onde as receitas auferidas 
serão gastas, ou seja, determina as despesas públicas para o exercício. 
 
Quando falamos em despesas públicas, pensamos em gastos. E é isso mesmo, no sentido 
mais amplo, despesa pública é todo pagamento efetuado a qualquer título pelos agentes 
pagadores. 
 
Nesta Unidade estudaremos os pontos mais relevantes sobre a Receita Pública e a Despesa 
Pública. 
No estudo das Receitas veremos o seu conceito, classificações e estágios de realização. 
No tocante às Despesas Públicas iremos estudar seu conceito, classificações e estágios da 
execução orçamentária e financeira, além do conceito, classificação, inscrição, pagamento, 
cancelamento e prescrição dos Restos a Pagar. 
A relevância do estudo desses tópicos se dá na transparência que o conhecimento desses 
instrumentos proporciona ao cidadão para acompanhar as arrecadações das receitas e as 
aplicações feitas pelos governos. Como exemplo, possibilita a análise da natureza dos gastos 
previstos para saúde, educação, entre outras. 
 
 
RECEITA PÚBLICA 
 
O Estado necessita de recursos para manter seu funcionamento e atender as necessidades 
públicas. Para que isso se efetive, o Estado, segundo Aliomar Baleeiro, se utiliza de alguns 
meios. 
 
“Para auferir o dinheiro necessário à despesa pública, os governos, pelo tempo afora, 
socorrem-se de uns poucos meios universais: 
a) realizam extorsões sobre outros povos ou deles recebem doações voluntárias; 
b) recolhem as rendas produzidas pelos bens e empresas do Estado; 
c) exigem coativamente tributos ou penalidades; 
d) tomam ou forçam empréstimos; 
e) fabricam dinheiro metálico ou de papel”. 
 
Horiondamente o Estado não se utiliza de extorsões a outros povos ou de venda do seu 
patrimônio como forma de angariar recursos para suprir suas necessidades financeiras. 
 
Encontramos na doutrina brasileira diversos conceitos sobre receita pública, senão vejamos: 
Na definição de Aliomar Baleeiro receita pública “é a entrada que, integrando-se ao 
patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem 
acrescentar o seu vulto, como elemento novo e positivo”. 
 
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Na definição de Ricardo Lobo receita “é a soma de dinheiro recebida pelo Estado para fazer 
face à realização dos gastos públicos”. 
 
Já nos dizeres de Marlos Vargas Ferreira, receita “é o ingresso de proventos arrecadados de 
tributos, do TesouroNacional e de outras fontes de recursos financeiros que passe a integrar 
e incorporar o patrimônio do Estado, e que permita custear as despesas decorrentes da 
prestação de serviço público e investimentos patrimoniais.” 
 
Encontramos na doutrina brasileira diversos conceitos sobre receita pública, senão vejamos: 
Na definição de Aliomar Baleeiro receita pública “é a entrada que, integrando-se ao patrimônio 
público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescentar 
o seu vulto, como elemento novo e positivo”. 
 
Na definição de Ricardo Lobo receita “é a soma de dinheiro recebida pelo Estado para fazer 
face à realização dos gastos públicos”. 
 
Já nos dizeres de Marlos Vargas Ferreira, receita “é o ingresso de proventos arrecadados de 
tributos, do Tesouro Nacional e de outras fontes de recursos financeiros que passe a integrar 
e incorporar o patrimônio do Estado, e que permita custear as despesas decorrentes da 
prestação de serviço público e investimentos patrimoniais.” 
 
Segundo o Manual de Receitas Públicas da Secretaria do Tesouro Nacional-STN, “Receitas 
Públicas são todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo Poder Público, em 
qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas.” 
 
Segundo o Manual de Receitas Públicas da Secretaria do Tesouro Nacional-STN, “Receitas 
Públicas são todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo Poder Público, em 
qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas.” 
 
 
Como podemos perceber, nos diversos conceitos atribuídos a receita pública, verifica-se que 
em alguns se fala em entrada e em outros em ingressos, isso porque na doutrina brasileira 
encontramos algumas divergências sobre a utilização indiscriminada dos termos entrada, 
ingresso e receita pública como sinônimos. 
 
Alguns autores, como Aliomar Baleeiro e Kioshi Harada defendem que todo ingresso de 
dinheiro nos cofres públicos são considerados entradas, ao passo que o termo receita se 
volta somente para as entradas que venham aumentar o patrimônio público. Entendem que os 
ingressos normalmente que são meros movimentos de caixa, e só podem ser considerados 
como receita quando não possuírem caráter devolutivo. 
 
Então podemos dizer que o conceito de receita pública em sentido amplo é qualquer 
recolhimento de numerário aos cofres públicos, ou seja, todas as quantias recebidas pelos 
cofres públicos. Já em sentido restrito, considera-se receita pública somente as entradas ou 
ingressos de recursos que é incrementada de forma definitiva ao patrimônio público sem 
compromisso de devolução posterior. 
Vale ressaltar que a Lei 4320/64 utiliza o sentido amplo de receita, isto é, qualquer ingresso 
de numerário aos cofres públicos, o que é condenado pela doutrina majoritária. 
 
 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
16 
 
RECEITA PÚBLICA EM SENTIDO AMPLO 
 
A Receita Pública, em sentido amplo (lato sensu), também chamada de ingresso público, 
abrange todos os ingressos financeiros ao patrimônio público, ou seja, o fluxo de 
recebimentos 
auferidos pelo Estado, sem restrições. 
Em outras palavras, podemos dizer que são todas as entradas de bens ou direitos a qualquer 
título, em determinado prazo, que o Estado utiliza para financiar seus gastos, podendo ou 
não se incorporar ao seu patrimônio, independentemente de ter contrapartida no passivo. 
 
SENTIDO AMPLO – recursos utilizados pelo Estado na execução da atividade financeira, os 
quais são obtidos juntos à coletividade ou através do endividamento público (crédito público). 
Esse é o conceito legal, considerado pelo art. 11 da Lei n. 4.320/1964. 
Para alguns autores a receita pública é somente aquele recurso que integra o patrimônio 
público com 
ânimo definido. As receitas transitórias são consideradas apenas INGRESSOS PÚBLICOS. 
 
EXEMPLO: podemos citar desde as receitas tributárias e as operações de crédito, até valores 
recebidos a título de caução para participação em licitações, que, na maior parte dos casos, 
devem ser devolvidos ao seu final. 
 
 
RECEITA PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO 
De acordo com a Doutrina diz que Receita Pública é um conjunto de ingressos financeiros, 
com fontes e fatos geradores próprios e permanentes, oriundos da ação e de atributos 
inerentes à instituição, e que, integrando o patrimônio na qualidade de elemento novo, lhe 
produz acréscimos, sem, contudo, gerar obrigações, reservas ou reivindicações de terceiros. 
Em outras palavras, podemos dizer que são todas as entradas ou ingressos de bens ou 
direitos, em determinado prazo, que se incorporam ao patrimônio público sem compromisso 
de posterior devolução. 
 
Guarde, portanto, que em seu sentido estrito (stricto sensu), a Receita Pública engloba 
apenas os ingressos de caráter não devolutivo auferidos pelo Estado, compreendendo 
qualquer ente da Federação ou suas entidades, com o fito de atender às despesas públicas. 
Nessa pegada, acaba por ser equivalente à Receita Pública Orçamentária e é a que vem 
sendo considerada pelas bancas. 
Essa diferenciação entre os conceitos de Receita Pública é importante pelo fato 
de que alguns ingressos financeiros no caixa do Poder Público têm uma natureza transitória, 
extemporânea, não podendo ser utilizadas pelo Estado para cobrir normalmente suas 
despesas. 
É o caso dos valores recebidos a título de cauções ou depósitos judiciais. 
 
 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
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na prática existem três tipos básicos de receitas públicas: prestação de serviços, 
venda de materiais e cobrança de tributos. 
Chamo a atenção ao fato de que as receitas de prestação de serviços não devem ser 
confundidas com as taxas pela prestação de serviços, que já estão incluídas nas receitas 
provenientes da tributação. 
 
Note que tanto as receitas oriundas da prestação de serviços, quanto às da venda de 
materiais são relacionadas com atividades próprias da iniciativa privada, como, por exemplo, 
fornecimento de energia elétrica, telefonia, venda de petróleo e derivados, etc. 
Assim, a tributação passa a ser usada, por exemplo, como veículo de intervenção na 
Economia 
ou como forma de redistribuição de renda. 
Para fins de prova, hoje podemos conceituar a Receita Pública como sendo todo ingresso 
ou entrada que se faça de modo permanente no patrimônio estatal e que não esteja sujeito à 
condição devolutiva ou correspondente baixa patrimonial. 
 
Lembre-se que entrada ou ingresso é toda entrada de dinheiro nos cofres públicos de uma 
maneira ampla, geral e irrestrita! Já a Receita Pública são apenas os ingressos ou entradas de 
caixa que possuem as características específicas. 
 
A Receita pública em sentido estrito é a entrada que se integra ao patrimônio público sem 
quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, aumentando seu vulto, como 
elemento novo e positivo”. 
 
Algumas características devem estar presentes para que a entrada de dinheiro no caixa do 
Estado possa vir a ser enquadrada como Receita Pública. 
 
REQUISITOS INERENTES À RECEITA PÚBLICA (ESTRITO): 
• A sua integração ao patrimônio público deve ser de modo permanente, o que exclui de 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
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pronto aquelas entradas com caráter transitório; 
 
• A entrada no caixa do Estado não estar sujeita a qualquer condição devolutiva, ou seja, 
aqueles ingressos que posteriormente tenham que ser restituídos, como os empréstimos 
que o Estado realiza quando necessita de recursos, não devem ser considerados 
como Receita Pública; 
 
• A entrada no caixa não pode ter como contrapartida uma baixa patrimonial, ou seja, 
aquela entrada decorrente da compra e venda de imóvel por exemplo não pode ser 
classificada como receita, já que existe uma correspondente redução patrimonial; 
 
• É fundamental que essa entrada de caixa seja, para o patrimônio do Estado, um elemento 
novo e positivo. Guarde que além de não decorrer de uma baixa patrimonial, deve, na 
verdade, aumentar efetivamente o patrimôniodo Estado. 
 
IMPORTANTE RESSALTAR que nem todo ingresso ou entrada no caixa do Estado será uma 
Receita Pública em sentido estrito, mas apenas em sentido amplo. 
 
 
 
ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA 
Importante destacar que, na verdade, os estágios (ou fases) da receita e da despesa estão 
compreendidos em suas etapas. No entanto, o Manual Técnico de Orçamento - MTO e o 
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP inúmeras vezes tratam os 
temas como sinônimos. 
 
No âmbito do processo orçamentário, a gestão da receita orçamentária pode ser dividida 
em três diferentes etapas: 
 
• Planejamento que engloba a previsão de arrecadação da receita orçamentária integrante 
do Orçamento Anual – LOA, usando as metodologias de projeção usualmente adotadas, 
de acordo com as orientações da LRF; 
 
• Execução que, de acordo com a Lei 4.320/1964, tem como estágios da execução da 
receita orçamentária o lançamento, a arrecadação e o recolhimento; 
 
• Controle e avaliação que compreende a fiscalização realizada pela Administração, pelos 
órgãos de controle e pela sociedade. Também engloba a avaliação do desempenho da 
arrecadação e do combate à sonegação, bem como ações de recuperação de crédito e 
demais medidas para incremento de receitas. 
 
 
FASES DA RECEITA – ESTÁGIOS CLASSICOS 
A realização dos estágios da receita orçamentária depende, em regra, da ordem de ocorrência 
dos fenômenos econômicos e obedece a sequência a seguir apresentada. De acordo 
com a Doutrina majoritária, são quatro os seus estágios: 
 
• PREVISÃO: 
Um Decreto Federal velho, de 1922, que regulamentou o Código de Contabilidade Pública, 
foi quem definiu três estágios para a receita: fixação, arrecadação e recolhimento. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
19 
 
No entanto, a receita não pode ser fixada, mas prevista, uma vez que não há certeza, 
antecipadamente, do volume de ingressos financeiros ao longo do exercício. 
Dessa forma, a Lei n. 4.320/1964, em seu artigo 51, institui a previsão da receita. 
Observe que a própria Constituição Federal proíbe a cobrança de tributos, que constituem 
parte das receitas públicas, no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei 
que os instituiu ou aumentou, o que corrobora com a necessidade de previsão da receita 
pública. 
 
A previsão (ou planejamento) é um meio de estimar a arrecadação da receita, 
presente na Lei Orçamentária Anual – LOA, resultante de metodologia de projeção de receitas 
orçamentárias, de acordo com premissas e critérios estabelecidos no artigo 12 da LRF. 
Confira esse dispositivo: 
 
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os 
efeitos das 
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de 
qualquer 
outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos 
três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de 
cálculo 
e premissas utilizadas. 
 
Importante conhecer os parâmetros para a previsão de receitas e os fatores importantes 
nessa área, como os eventuais efeitos das alterações na legislação, como mudanças de 
bases de cálculo e alíquotas dos tributos, dos efeitos econômicos que também impactam na 
previsão da receita, como a variação da inflação e do crescimento do PIB, dentre outros. 
 
• LANÇAMENTO: 
Em seus artigos 52 e 53, a Lei n. 4.320/1964 define o lançamento como o segundo estágio 
da receita, representando o ato da repartição competente, que verifica a procedência do 
crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta. 
Assim, no caso das receitas públicas de origem tributária, o lançamento deve observar o 
disposto no art. 142 da Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional) que o define como 
procedimento privativo da autoridade administrativa tendente a verificar a ocorrência do fato 
gerador, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o 
sujeito passivo e, se for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 
 
LANÇAMENTO 
 
• Lançamento por declaração ou misto – o contribuinte fornece os dados ao Poder Público, 
que irá fazer o cálculo 
 
• Lançamento por homologação ou autolançamento - o próprio contribuinte calcula o que 
deve e faz o pagamento 
 
• Lançamento de ofício ou direto - autoridade irá realizar - que é aquele usado para tributos 
que têm como fato gerador uma situação cujos dados constam dos cadastros de suas 
Secretarias de Fazenda, de modo que basta à autoridade administrativa a consulta a aqueles 
registros para que se tenha às mãos dados fáticos necessários à realização do lançamento. 
Desta forma, é efetuado pela Administração sem a participação do contribuinte, como nos 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
20 
 
casos do IPTU e do IPVA. 
 
Veja abaixo os artigos do CTN – Código Tributário Nacional com as modalidades de 
lançamento e o grau de participação do Fisco. 
 
 
 
 
• ARRECADAÇÃO: 
A arrecadação da receita se dá no momento em que o contribuinte recolhe, ao agente 
arrecadador, o valor do seu débito, ou seja, é a entrega dos recursos devidos ao Tesouro, 
realizada pelos contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados 
pelo Ente Público. 
 
Relaciona-se, diretamente, com o princípio contábil da Unidade de Tesouraria, uma vez que 
as receitas arrecadadas devem ser depositadas na Conta Única do Tesouro Nacional. 
Desse modo, a arrecadação de receitas públicas pode ocorrer, muitas vezes, mediante o 
pagamento de compromissos por meio de depositários, quando estes retêm ou descontam de 
outras pessoas tributos e contribuições devidos. É o caso, por exemplo, da retenção do 
imposto de renda em folha de pagamento. 
 
A Lei n. 4.320/64, em seu art. 35, I, dispõe que pertencem ao exercício financeiro as receitas 
nele arrecadadas e também dispões que os agentes da arrecadação devem fornecer 
recibos das importâncias que arrecadarem, em uma única via, os quais devem conter o nome 
da pessoa que paga a soma arrecadada, a proveniência e a classificação, bem como a data e 
a assinatura do agente arrecadador. 
 
• RECOLHIMENTO: 
O recolhimento da receita acontece no momento em que o agente arrecadador repassa 
o produto arrecadado ao Tesouro Nacional, Estadual ou Municipal, ou seja, é a transferência 
dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável pela administração e 
pelo controle da arrecadação e programação financeira, observando o Princípio da Unidade de 
Caixa (ou de Tesouraria), representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados 
em cada ente. 
Importante saber diferenciar os momentos em que ocorrem a arrecadação e o recolhimento. 
 
LEMBRE-SE que que a arrecadação acontece na entrega do recurso ao agente ou banco 
arrecadador pelo contribuinte, enquanto o recolhimento ocorre com o crédito na conta do 
Tesouro, aberta especificamente para esse fim, pelos caixas ou bancos arrecadadores. 
DIREITO FINANCEIRO – 3 SEMESTRE - 2021 
21 
 
Somente após o recolhimento, pode-se dizer que os recursos estão efetivamente disponíveis 
para a utilização pelos gestores financeiros, de acordo com a programação financeira 
estabelecida. 
 
Importante destacar que nem todos os estágios ocorrem para todas as receitas 
orçamentárias, já que temos casos onde ocorre arrecadação de receitas que não foram 
previstas e também pode ocorrer arrecadação de receitas que não passaram pelo 
lançamento, como é o caso de uma doação em espécie recebida pelos entes públicos. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PUBLICAS 
Importante saber que as classificações orçamentárias das receitas públicas (e também 
das despesas) ajudam a dotar de transparência o orçamento, sendo toda a informação 
orçamentária apresentada de acordo com algum tipo de classificação. 
 
Vamos agora abordar as classificações da Receita Pública, com base no que está previsto 
no atual Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP, no atual Manual 
Técnicode Orçamento - MTO e nas Portarias que regem as classificações, além de algumas 
classificações Doutrinárias. 
 
A doutrina classifica as receitas públicas, quanto à procedência, em originárias e derivadas. 
Essa classificação possui uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada como 
classificador oficial da receita pelo poder público. 
 
RECEITAS PÚBLICAS ORIGINÁRIAS, segundo a doutrina, são as arrecadadas por meio da 
exploração de atividades econômicas pela Administração Pública. 
 
Resultam, principalmente, de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita 
de aluguel), de preços públicos, de prestação de serviços comerciais e de venda de produtos 
industriais ou agropecuários. 
 
Já as RECEITAS PÚBLICAS DERIVADAS, também segundo a doutrina, são as obtidas pelo 
poder público por meio da soberania estatal. Decorrem de norma constitucional ou legal e, por 
isso, são auferidas de forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de 
contribuições especiais. 
A existência das receitas públicas deriva da necessidade de arrecadação dos entes 
federativos para movimento da máquina estatal. Entende-se por receitas públicas todo 
montante de valores ou bens que entram nos cofres públicos em definitivo, destinados a 
suprir as despesas públicas. 
 
Insta salientar que entradas são todos os valores que entram nos cofres públicos. De tal sorte, 
se a entrada é temporária, dá-se o nome de ingresso; caso a entrada seja definitiva, dá-se o 
nome de receitas públicas. 
 
AS RECEITAS PÚBLICAS CLASSIFICAM-SE EM: 
 
POR INDICADOR DE RESULTADO PRIMÁRIO 
 
Conforme esta classificação, as receitas do Governo Federal podem ser divididas em: 
 
• PRIMÁRIAS (P), quando seus valores são incluídos no cálculo do resultado primário; e 
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• FINANCEIRAS (F), quando não são incluídas no citado cálculo. 
 
As RECEITAS PRIMÁRIAS referem-se, predominantemente, às receitas correntes que advêm 
dos tributos, das contribuições sociais, das concessões, dos dividendos recebidos pela União, 
da cota-parte das compensações financeiras, das decorrentes do próprio esforço de 
arrecadação das Unidades Orçamentárias, das provenientes de doações e convênios e outras 
também consideradas primárias. 
 
Por outro lado, as RECEITAS FINANCEIRAS são geralmente adquiridas junto ao mercado 
financeiro, decorrentes da emissão de títulos, da CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÕES DE 
CRÉDITO por organismos oficiais, das aplicações financeiras da União, entre outras. 
 
Como regra geral, são aquelas que NÃO ALTERAM O ENDIVIDAMENTO LÍQUIDO do Governo 
(setor público não financeiro), uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um direito, 
ambos de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo. 
 
A exceção a essa regra é a receita advinda dos JUROS de operações financeiras, que, apesar 
de contribuírem com a REDUÇÃO DO ENDIVIDAMENTO LÍQUIDO, também se caracterizam 
como receita financeira. 
 
De Acordo Com a Lei n. 4.320/1964 
Quanto ao aspecto contábil (classificação legal - artigo 11 da Lei n. 4.320/1964), as receitas 
públicas dividem-se em: 
Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e 
Receitas de Capital. 
 
As Receitas correntes são aquelas receitas públicas que se esgotam dentro do período 
anual, normalmente alterando o patrimônio líquido da Entidade, como os casos das receitas e 
impostos que se extinguem no decurso da execução orçamentária. Compreendem as receitas 
tributárias, patrimoniais, industriais, entre outras. São as receitas destinadas a cobrir as 
despesas 
orçamentárias que visam à manutenção das atividades governamentais. 
 
Art. 11, § 1º São Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, 
agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros 
recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender 
despesas classificáveis em Despesas Correntes. 
 
As Receitas de capital são aquelas receitas públicas que não alteram o patrimônio Líquido 
do Estado, como os produtos de empréstimo contraídos pelo Estado a longo prazo. 
Compreendem, assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens e direitos, 
dentre outros. 
 
 
1. QUANTO AO ASPECTO CONTÁBIL (CLASSIFICAÇÃO LEGAL - ARTIGO 11 DA L. 4320/64), 
AS RECEITAS PÚBLICAS DIVIDEM-SE EM: 
 
a) RECEITAS CORRENTES: são aquelas receitas públicas que se esgotam dentro do período 
anual, como os casos das receitas e impostos que se extinguem no decurso da execução 
orçamentária. Compreendem as receitas tributárias, patrimoniais, industriais, entre outras. 
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São as receitas destinadas a cobrir as despesas orçamentárias que visam à manutenção das 
atividades governamentais. 
Art. 11, § 1º São Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, 
agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos 
financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a 
atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. 
 
b) RECEITAS DE CAPITAL: são aquelas receitas públicas que alteram o patrimônio duradouro 
do Estado, como os produtos de empréstimo contraídos pelo Estado a longo prazo. 
Compreendem, assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens e direitos, 
dentre outros. 
 
Art. 11, § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos 
financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e 
direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinadas 
a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do 
Orçamento Corrente. 
 
 
2. QUANTO À PERIODICIDADE (CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA), AS RECEITAS PÚBLICAS 
DIVIDEM-SE EM: 
 
a) RECEITAS ORDINÁRIAS: são aquelas receitas públicas recebidas com regularidade no 
movimento normal das atividades do ente federativo, como a arrecadação de tributos. 
 
b) RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS: são aquelas receitas públicas não permanentes/usuais 
que ocorrem, por exemplo, no caso de guerra e doações. 
 
3. QUANTO À ORIGEM (CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA), AS RECEITAS PÚBLICAS DIVIDEM-
SE EM: 
 
a) RECEITAS ORIGINÁRIAS: são aquelas receitas públicas que decorrem da exploração da 
própria atividade econômica do ente federativo. Decorrem dos próprios bem do ente 
federativo. 
 
São exemplos, o preço público; alienação ou aluguel de bens; indenizações, arrecadação da 
loteria; dentre outros. 
 
b) RECEITAS DERIVADAS: são aquelas receitas públicas que decorrem do patrimônio do 
particular ou do pagamento por este feito em contraprestação de serviços públicos 
prestados. Sendo compulsórias quando o comportamento previsto em lei assim estabelecer, 
como nos casos de tributos e multas tributárias. 
 
Temos por exemplo o auferimento de renda que implica na obrigação de pagar imposto de 
renda, enquanto ter um bem imóvel implica na obrigação de pagar IPTU. 
 
c) RECEITAS TRANSFERIDAS OBRIGATÓRIAS (ARTIGOS 157 A 162 DA CF/88): são aquelas 
receitas públicas que foram arrecadas por um ente federativo, em razão de a este ter sido 
dada a competência tributária, mas que, por determinação legal, devem ser repassadas a 
outro ente federativo na totalidade ou em parte. 
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Por exemplo, aos estados compete cobrar o IPVA, mas devem passar 50% das receitas 
arrecadas aos municípios. 
 
 
QUANTO À NATUREZA: RECEITA ORÇAMENTÁRIA E EXTRA ORÇAMENTÁRIA 
Parte da Doutrina utiliza o termo “natureza” nessa classificação, mas não devemos confundir 
com a classificação por natureza da receita que estudaremos ao longo da aula. 
Dessa forma, penso que que os termos “forma de ingresso” seja o mais adequado para 
utilizar no que diz respeito ao critério aplicado nessa classificação. 
 
 
RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS 
Receitas orçamentárias,também chamadas de ingressos orçamentários, são aquelas que 
podem (não necessariamente estão) ser previstas na LOA - Lei Orçamentária Anual e que 
constituem fonte de recursos para fazer frente às despesas orçamentárias. 
 
Ressalvado as operações de credito por antecipação da receita (ARO), as emissões de 
papel-moeda e outras entradas compensatórias (outras receitas extraorçamentárias) serão 
classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas 
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no 
Orçamento. 
Nesse contexto, veja que embora haja obrigatoriedade de a LOA registrar a previsão de 
arrecadação das receitas, a mera ausência formal desse registro não lhes retira o caráter 
orçamentário. 
Em outras palavras, as Receitas Orçamentárias são todos os ingressos financeiros de 
caráter não transitório auferidos pelo Poder Público, ou seja, são entradas de recursos que o 
Estado pode usar em seus gastos, transitando, assim, pelo patrimônio do Poder Público. 
Em suma, devem ser classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, 
todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que 
não previstas no orçamento. 
A receita pública pode ser considerada orçamentária mesmo sem ter sido incluída na LOA. 
São chamadas também de ingressos orçamentários. 
 
As Receitas Orçamentárias subdividem-se ainda nas seguintes categorias econômicas: 
receitas correntes e receitas de capital. 
 
Constituem Receitas Orçamentárias os aumentos no Ativo em decorrência de ingresso 
financeiro, uma vez que a receita orçamentária é registrada pelo regime de caixa. São 
exemplos de receitas orçamentárias as receitas correntes (tributária, serviços, dívida ativa, 
etc.) e de capital (alienação de bens, operações de crédito, amortização de empréstimos 
concedidos, etc.). 
 
RECEITAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS 
As Receitas extraorçamentárias são aquelas que não estão previstas no orçamento, e que 
correspondem a fatos de natureza estritamente financeira, decorrentes da própria gestão das 
entidades. 
 
Como o próprio nome sugere, ingressos ou receitas extraorçamentárias são recursos 
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financeiros que apresentam caráter temporário e não integram a LOA. Novamente, em 
sentido estrito, receitas extraorçamentárias não são receitas públicas. 
 
Caso contrário, essa regra seria desobedecida: o orçamento compreenderá todas as receitas, 
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. 
 
Sendo assim, no caso de ingressos extraorçamentários, o Estado é mero depositário desses 
recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas restituições (despesas 
extraorçamentárias) não se sujeitam à autorização legislativa. 
 
Podemos dizer ainda que as Receitas extraorçamentárias correspondem aos valores 
provenientes de toda e qualquer arrecadação que não figura no orçamento público, por não 
pertencerem de fato ao Governo. 
 
As receitas extraorçamentárias NÃO ESTÃO SUJEITAS À AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA, sendo 
chamadas de ingressos extra orçamentários. Sua realização não se vincula à execução 
do orçamento, nem se constitui em renda do Estado, que é mero depositário desses valores. 
É classificada em contas financeiras adequadas, existentes no Plano de Contas da União. 
 
IMPORTANTE LEMBRAR QUE: que as receitas extraorçamentárias poderão converter-se em 
receitas orçamentárias quando o Estado se beneficia das prescrições, insubsistências e 
decisões administrativas ou judiciais favoráveis. É o caso, por exemplo, de uma caução 
perdida, em favor do Poder Público, em razão de uma inadimplência contratual. 
 
Exemplos de Receitas Extraorçamentárias: 
• valores em poder de agentes financeiros e outras entidades; 
• salários de servidores não reclamados; 
• consignações e outras retenções não pagas ou recolhidas no período; 
• valores recebidos de bens de ausentes; 
• valores registrados em depósitos de diversas origens, que reúnem os depósitos 
administrativos 
e judiciais (cauções, fianças, depósitos para garantia de instância, etc.), bem 
como as provisões para cheques não resgatados no exercício; 
• inscrições de Restos a Pagar do exercício, para compensar sua inclusão na despesa 
orçamentária, e do Serviço da Dívida a Pagar; 
• saldos em poder dos Fundos Especiais. 
• Depósitos em Caução; 
• Fianças; 
• Inscrição em Restos a Pagar 
• Operações de Crédito por ARO; 
• Emissão de moeda. 
 
 
A inscrição de Restos a Pagar do Exercício será computada na Receita Extraorçamentária 
para COMPENSAR sua inclusão na despesa ORÇAMENTÁRIA do exercício. 
 
Operações de crédito, via de regra, classificam-se como receita orçamentária. Entretanto, 
Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) são uma exceção à 
regra dessas operações. 
 
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Sendo assim, operações de crédito por ARO classificam-se como receita extraorçamentária 
por não representarem novas receitas ao orçamento. 
 
As operações de crédito são receitas orçamentárias, diferentemente das operações de crédito 
por ARO - Antecipação da Receita Orçamentária que são receitas extraorçamentárias. 
 
 
 
 ARO são empréstimos de curto prazo que se destinam a atender insuficiência 
de caixa, insuficiência financeira. Só podem ser contraídos a partir de 10 de 
janeiro e tem que ser quitado até 10 de dezembro. Não podem ser contraídos no 
ultimo ano de mandato. 
 
 
 
As receitas orçamentárias são aquelas que integram o orçamento do Estado. Decorrem da 
execução da Lei Orçamentária Anual-LOA, correspondem à arrecadação de recursos 
financeiros autorizados pela Lei Orçamentária e que serão aplicados na realização dos gastos 
públicos. Dividem-se em duas categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de 
Capital (veremos um pouco mais a frente). 
 
As RECEITAS EXTRA ORÇAMENTÁRIAS são as que não constam na lei do orçamento, 
abarcando as entradas em dinheiro ou créditos de terceiros de que o Estado é devedor como 
depositário ou como agente passivo da obrigação. Compreende o recolhimento de valores 
que, em princípio, não pertencem ao Erário. O Estado atua apenas como depositário dos 
recursos. 
 
Ex.: depósito em caução, depósitos judiciais, salários não reclamados, Operações de créditos 
por antecipação de receita- ARO, entre outras. Vale ressaltar que o pagamento das receitas 
extra orçamentárias não está sujeito a autorização legislativa. 
 
 
 
 
De acordo com o Manual Técnico de Orçamento – MTO, a classificação da receita 
orçamentária 
é de utilização obrigatória por todos os entes da Federação, sendo, entretanto, facultado 
o seu desdobramento para atendimento das respectivas necessidades, sendo classificadas 
segundo os seguintes critérios: 
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• natureza de receita; 
• indicador de resultado primário; 
• fonte/destinação de recursos; e 
• esfera orçamentária. 
 
 
RECEITA PÚBLICA: PONTOS IMPORTANTES SOBRE AS CLASSIFICAÇÕES 
O superávit do orçamento corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e 
despesas correntes, apurado na demonstração não constituirá item de RECEITA 
ORÇAMENTÁRIA. 
 
Veja, o superávit nada mais é que a diferença entre as receitas e as despesas, correto? 
Sendo assim, é apenas uma métrica para se saber se o saldo está positivo ou negativo. 
 
Desse modo, caso seja contabilizado o superávit como receita orçamentária, haveria 
contabilização em dobro. 
 
Além disso, cumpre salientar que a dívida ativa é receita orçamentária. 
 
Por fim, ainda é admitido que uma Receita Extraorçamentária possa se converter em receita 
orçamentária, na hipótese em que o passivo exigível gerado passe a não mais existir. Desse 
modo, os ingressos entrariam de forma definitiva ao caixa do erário. 
 
 
QUANTO À COERCITIVIDADE OU PROCEDÊNCIA: RECEITA ORIGINÁRIA E RECEITA 
DERIVADA. 
 
Quanto à coercitividade, origem ou procedência, as receitas públicas podem ser classificadas 
em origináriase derivadas. 
 
 
A RECEITA ORIGINÁRIA 
decorre da exploração, 
pelo Estado, de seus 
próprios bens (advém do 
patrimônio público do 
Estado). São receitas 
voluntárias, ou seja, o 
Estado não exerce seu 
poder de império. São 
exemplos as provenientes 
de aluguéis, de venda de 
bens, etc. Podem ser 
Patrimoniais: 
provenientes de rendas de 
aluguéis, venda de bens, 
dividendos, participações 
e pagamento de royalties pela exploração do patrimônio e estatal; e Empresariais: 
provenientes das atividades do Estado como empresário, ou seja, no âmbito comercial, 
industrial ou de prestação de serviços. 
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As Receitas Originárias são aquelas que têm origem no próprio patrimônio público. Aqui o 
Estado é o produtor de bens e serviços, praticando atividades típicas do setor privado. 
Nessa pegada, a receita originária, chamadas genericamente também de Patrimoniais, de 
Economia Privada ou de Direito Privado, tem origem na exploração, pelo Estado, da atividade 
econômica, ou seja, resulta da atuação do Estado, sob o regime de direito privado, na 
exploração de atividade econômica. 
 
Oriunda do domínio privado do Estado, não tem caráter coercitivo, atuando sob o regime 
de direito privado, ou seja, o Estado coloca parte do seu patrimônio à disposição de pessoas 
físicas ou jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de serviços, mediante pagamento 
de um preço estipulado. 
Importante ter em mente que elas independem de autorização legal e podem ocorrer a 
qualquer momento, sendo oriundas da exploração do patrimônio mobiliário ou imobiliário, ou 
do exercício de atividade econômica, industrial, comercial ou de serviços, pelo Estado ou suas 
entidades. São exemplos de receitas originárias, a percepção de aluguéis, venda de 
combustíveis etc. 
Desse modo, são receitas provenientes do capital das empresas estatais, que recebem 
recursos financeiros pela venda de bens e serviços por elas produzidos, sem exercer seu 
poder coercitivo. 
 
A Receita Originária tem natureza bilateral, ou seja, de livre vontade do Estado e dos 
particulares. 
Veja alguns exemplos de Receitas Originárias: 
• Rendas provenientes da venda de bens e de empresas comerciais ou industriais; 
• Rendas obtidas sobre os bens sujeitos a sua propriedade (aluguéis, dividendos, aplicações 
financeiras); 
• Rendas do exercício de atividades econômicas, ou seja, industriais, comerciais ou de 
serviços. 
 
a) ORIGINÁRIAS são as receitas de natureza não tributária. 
Lei n. 4.320/1664, Art. 39, § 2º Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da 
Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições 
estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, 
laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços 
prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances 
dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de 
obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra 
garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. 
 
b) Tal lei foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988 como complementar, numa 
decisão de medida cautelar na ADIN 1726, pelo STF, in verbis: está suprida pela Lei n. 4.320, 
de 17/03/1964, recepcionada pela Constituição com status de lei complementar (ADI 1726). 
 
A RECEITA DERIVADA provém do constrangimento sobre o patrimônio do particular (provém 
do patrimônio dos particulares). Aqui o Estado exerce seu poder de império, isto é, é 
proveniente do exercício do poder de tributar os rendimentos ou o patrimônio da 
coletividade. É composta dos tributos e das sanções. 
 
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b) DERIVADAS: o Estado se vale de seu poder de império e fará derivar para seu cofre uma 
parcela do patrimônio das pessoas sujeitas à sua jurisdição. 
Também chamadas de receitas de economia pública. 
 
As Receitas Derivadas, por outro lado, são obtidas do patrimônio particular, por meio de 
atividade coercitiva do Estado sobre os particulares. 
As Receitas Derivadas chamadas genericamente também de Não Patrimoniais, de Economia 
Pública ou de Direito Público, são aquelas cobradas pelo Estado, por força do seu poder de 
império, sobre as relações econômicas praticadas pelos particulares, pessoas físicas ou 
jurídicas, ou sobre seus bens. 
 
Registre-se que o mestre Aliomar Baleeiro inclui, entre as receitas derivadas, as multas 
fiscais, as reparações de guerra e as contribuições parafiscais. 
Na atualidade, constitui-se na instituição de tributos, que serão exigidos da população, para 
financiar os gastos da administração pública em geral, ou para o custeio de serviços públicos 
específicos prestados ou colocados à disposição da comunidade. 
Nesse sentido, são receitas provenientes do capital das pessoas e das empresas privadas, 
às quais são impostos pagamentos de tributos, confiscos, apreensões, penalidades 
pecuniárias, etc. 
São, portanto, unilaterais, dependendo do “jus imperii” do Estado. 
 
 
 
• Exemplos de Receitas Derivadas: 
TRIBUTOS (impostos, taxas, 
contribuição de melhoria, 
empréstimos compulsórios e as 
contribuições especiais/parafiscais), 
MULTAS PECUNIÁRIAS 
(administrativas e penais) e 
REPARAÇÕES DE GUERRA. 
 
Alguns autores acrescentam nesta 
classificação as receitas transferidas 
decorrem dos artigos 157 a 162 da 
Constituição. São aquelas que 
decorrem de transferências 
orçamentárias voluntárias ou 
compulsórias, de um orçamento 
estatal para outro (de um ente político 
para outro), no âmbito do denominado 
“federalismo cooperativo” ou 
“orçamento federativo/fiscal”. Temos 
como exemplo as transferências 
constitucionais obrigatórias, 
transferências legais obrigatórias e 
transferências orçamentárias voluntárias. 
 
 
Além dessas 2 espécies (originária e derivada), a parte da doutrina ainda classifica as receitas 
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públicas quanto a origem numa terceira espécie denominada “transferida”. 
 
 
 
 
 
A maioria da doutrina encara a receita quanto à origem apenas em duas espécies (originária 
e derivada) porque inclui a receita transferida no bojo da receita derivada. Cuidado, pois em 
provas pode-se pedir a classificação de um ou de outro. 
 
Segundo a parte da doutrina, representada por expoentes como Vanessa Siqueira e Tathiane 
Piscitelli, que afirma que a receita também pode ser TRANSFERIDA, a receita pública 
transferida se subdivide em obrigatória e voluntária. 
 
A RECEITA TRANSFERIDA é aquela decorrente da transferência de recursos entre os entes da 
Federação, não sendo resultante, portanto, de uma relação entre o Estado e os particulares, 
mas sim de uma relação entre os entes da Federação. 
Destaque-se que tais transferências têm base constitucional ou legal, ou podem ainda 
decorrer de mera liberalidade do ente. Existem transferências, por exemplo, que decorrem de 
repartição da arrecadação tributária, como no caso do IPVA em que o Estado repassa uma 
parte para o Município respectivo. 
 
 
 I M P O R T A N T E 
• ORIGINÁRIA do próprio patrimônio – receita originária. 
 
• DERIVADA do particular – receita derivada e o tributo está encaixado. 
 
• NÃO CONFUNDA TRIBUTO COM MULTA. Ambos são de natureza tributária, porém com 
finalidades distintas. 
 
• Existe o tributo mesmo que o valor arrecadado seja oriundo de delito. 
 
• A tarifa – preço público – tem natureza contratual, é originária. PEDÁGIO É TARIFA, NÃO 
TAXA. 
 
• Taxa é uma receita derivada porque é um tributo. 
 
 
 
QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA: RECEITA CORRENTE E RECEITA DE CAPITAL. 
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São classificadas na categoria RECEITAS CORRENTES aquelas receitas que decorrem do 
poder impositivo do Estado, cuja arrecadação será utilizada no orçamento de custeio do 
Estado, servirão para fazer face às despesas correntes. 
 
Segundo o Professor Renério Castro,

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