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Laura R. – T6 1 FPM VI Doenças Exantemáticas na Infância DEFINIÇÃO DE EXANTEMA OU RASH CUTÂNEO Um exantema ou rash cutâneo é o aparecimento de erupções cutâneas vermelhas em uma região específica ou por todo o corpo causadas por infecções, doenças auto imunes ou processos alérgicos CLASSIFICAÇÃO DO EXANTEMA MORBILIFORME: pequenas maculo-pápulas eritematosas (3 a 10 mm), avermelhadas, lenticulares ou numulares, permeadas por pele sã, podendo confluir (sarampo). ESCARLATINIFORME: eritema difuso, puntiforme, vermelho vivo, sem solução de continuidade, poupando a região perioral e áspero (sensação de lixa) (escarlatina). RUBEOLIFORME: semelhante ao morbiliforme, porém de coloração rósea (coloração menos exuberante, lesões em menor confluência), com pápulas um pouco menores. URTICARIFORME: erupção papuloeritematosa de contornos irregulares. EXANTEMA PAPULOVESICULAR: presença de pápulas e de lesões elementares de conteúdo líquido (vesicular). É comum a transformação sucessiva de maculo-pápulas em vesículas, vesico-pústulas, pústulas e crostas. Laura R. – T6 2 FPM VI EXANTEMA PETEQUIAL OU PURPÚRICO: alterações vasculares com ou sem distúrbios de plaquetas e de coagulação. VARIÁVEIS CLINICAS Idade Procedência História de febre (início, duração, intensidade) Outras características do período prodrômico (coriza, tosse, conjuntivite, sintomas gastrointestinais) Tipo de exantema (forma e local de início, evolução, distribuição) Sinais e sintomas associados Uso de medicamentos Situação vacinal Contato com caso suspeito ERITEMA INFECCIOSO (QUINTA DOENÇA OU MEGALOERITEMA EPIDÊMICO) Agente etiológico: parvovírus B19 (família Parvoviridae e gênero Eritrovírus). Vírus DNA de cadeia simples. Sazonalidade: final do inverno e início da primavera Transmissão: o contato com secreção do trato respiratório, o exposição percutânea a sangue ou produtos do sangue tempo de incubação: 4-14 dias Contágio: o SBP: A viremia ocorre cinco a dez dias após a exposição, dura cerca de cinco dias, sendo que no período exantemático a pessoa já não costuma ser transmissor o não transmite vírus durante fase exantemática! Trata-se de um exantema pós-infeccioso, é imunomediado o isolamento é desnecessário Faixa etária: crianças de 2 a 14 anos de idade MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: FASE PRODRÔMICA: o Inexistente ou inespecífica: febre (15 a 30%), cefaleia, coriza FASE EXANTEMÁTICA: o 1ª FASE: eritema facial (face esbofetada) poupando região perioral (palidez perioral), testa e o nariz asa de borboleta, semelhante ao observado do lúpus eritematoso o 2ª FASE: progressão rápida para tronco e membros; exantema rendilhado ou reticular (duração média de 11 dias), poupa palmas e plantas, pruriginoso o 3ª FASE: exantema redicivante por 1-3 semanas após: luz solar, calor, exercício, estresse. O exantema pode persistir por um período longo, até mais de dez dias e se exacerbar ou reaparecer quando a criança é exposta ao sol, após exercício e nas alterações de temperatura A evolução é em geral afebril podendo se acompanhar de artralgias e artrites O hemograma é normal ou com discreta leucocitose e eosinofilia Complicações: o parvovírus B19 tem como célula alvo o eritroblasto do hospedeiro, os pacientes em geral apresentam anemia que pode ser profunda em pacientes com hemoglobinopatias o Doença hemolítica – crise aplástica (fase de viremia, vírus se multiplica na medula óssea) Laura R. – T6 3 FPM VI o Crise anêmica em criança com anemia falciforme crise aplástica grave reticulocitopenia o Imunodeprimidos anemia crônica o Síndrome papular-purpúrica em luvas e meias o Infecção fetal: hidropsia fetal não-imune Piora com: exercícios físicos, banhos quentes ou transtornos emocionais. DIAGNÓSTICO É feito por meio de IGM específico para parvovírus humano B19 PCR (sobretudo em pacientes imunodeprimidos): detecção de DNA viral por biologia molecular no sangue DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Rubéola, sarampo, Enterovirose, LES, Erupção medicamentosa. PREVENÇÃO Não há vacinas eficazes TRATAMENTO Sintomático: antitérmico, anti histamínico, Imunodeprimidos considerar uso de gamaglobulina Transfusão de sangue na presença de anemia grave Pacientes com crise aplástica, que devem ser isolados pois são contagiosos antes do início dos sintomas até 1 semana após EXANTEMA SÚBITO (ROSÉOLA INFANTUM SEXTA DOENÇA OU PSEUDO-RUBÉOLA) Agente etiológico: família Herpesviridae: HVH6 e HVH77, vírus DNA, variantes A e B Sazonalidade: primavera e no outono. Epidemiologia: faixa etária de 6 a 18 meses (lactentes) A transmissão: disseminação assintomática do vírus persistente em secreções de um membro da família, babá ou contato próximo. Período de incubação: de 5 a 15 dias. Tempo de contágio: durante a fase de viremia, sobretudo no período febril Cuidados com os contactantes – observação Isolamento: desnecessário MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FASE PRODRÔMICA: o Febre alta (some em crise – de uma hora para outra) >39,5°C duração de 3 a 7 dias e manutenção do estado geral; o Obs: é considerada como uma das causas mais comuns de convulsão febril FASE EXANTEMÁTICA: o Após 3 a 4 dias de febre, quando esta cessa bruscamente, aparece o exantema, assim como a hiperemia de cavum. Quando tem a queda abrupta da temperatura, ocorre o rash maculopapular eritematoso não coalescente o Início no tronco, com progressão para face e região proximal dos membros o Quadro é geralmente benigno o A duração é de horas a dois ou três dias, desaparecendo sem deixar descamação ou hiperpigmentação o Pode ocorrer aumento de linfonodos cervicais o Leucopenia a partir do 2º dia de febre Laura R. – T6 4 FPM VI DIAGNÓSTICO Diagnóstico: é clínico. Vírus pode permanecer latente. Laboratorial: isolamento viral na amostra de sangue periférico ou LCR; PCR DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Sarampo Febre de origem obscura, até que o exantema apareça; Adenovírus, Enterovírus Reação medicamentosa. TRATAMENTO Sintomáticos Imunodeprimido com doença grave (encefalite/pneumunite ganciclovir SARAMPO O esquema vacinal vigente prevê duas doses de vacina contra o sarampo: uma dose da tríplice viral ou SCR (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) aos 12 meses de idade e uma dose da tetra viral ou SCRV (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) aos 15 meses de idade. É uma doença erradicável Doença de notificação compulsória Fronteiras/imigração disseminação do vírus Agente etiológico: vírus do sarampo gênero Morbilivírus família dos Paramixovírus. É um vírus RNA. Mecanismo de transmissão: via aérea, através de aerosol Transmissibilidade: aerossóis o Taxa de 90% o 6 dias antes e até 4 dias após rash o Aumento da transmissibilidade 2 dias antes e até 2 dias após rash o Imunodeprimidos: transmissores durante todo o curso da doença; o Pacientes com SSPE (panencefalite esclerosante subaguda) não são contagiosos. Sazonalidade: final do inverno e primavera. Incubação: 8-12 dias Isolamento: respiratório (uso de máscara) até quatro dias após o início do exantema MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FASE PRODRÔMICA (3-4dias): o Febre alta, tosse, coriza, conjuntivite (fotofobia) o Prostração intensa, cefaleia, mal-estar o Enantema: Sinal de Koplik sinal patognomônico lesões puntiformes braço- azuladas circundadas por anel eritematoso na mucosa oral Orofaringe hiperemiada e na região oposta aos dentes molares aparecem manchas branco-azuladas, pequenas, de cerca de 1 mm de diâmetro Aparecem, um ou dois dias antes do exantema e desaparecem dois ou trêsdias após Laura R. – T6 5 FPM VI o Obs: febre atinge auge na época do aparecimento do exantema e cai em lise (reduz) no terceiro ou quarto dia do exantema o A tosse é seca, intensa (incomoda o paciente), está sempre presente e se acompanha de coriza abundante, hialina no início, purulenta nos dias subsequentes FASE EXANTEMÁTICA: o Maculopapular morbiliforme lesões tem uma tendência a confluência, mas não é completa, sempre há áreas de pele sã o Início no pescoço, atrás da orelha e depois acompanha linha de implantação do cabelo, face e sofrem uma progressão crânio-caudal o Na fase do exantema a doença atinge o seu auge, ficando o paciente toxemiado, febril, com os olhos hiperemiados, queixando-se da claridade, com intensa rinorreia e tosse implacável o Exantema desaparece e deixa manchas acastanhadas o Descamação furfurácea (parece farinha) o A tosse costuma a ser a última manifestação a desaparecer o Aumento de linfonodos mandibulares e região cervical posterior. DIAGNÓSTICO: • Detecção de IGM ou aumento de IGG em amostras de soro na fase aguda e de convalescença. Dosagem de anticorpos pela inibição de hemaglutinação (IH), neutralização, fixação de complemento (RFC), colhida na fase inicial e duas a três semanas após com aumento de quatro vezes o título, ou pela pesquisa de anticorpos da classe IgM que se positivam a partir do 60 dia do exantema. A pesquisa do RNA viral pode ser obtida do sangue, do swab da nasofaringe, orofaringe ou da urina a partir do primeiro dia do exantema até o terceiro dia. PREVENÇÃO Pré-contato Imunização: É feita com vírus vivo e atenuado, aplicada a partir do 12º mês de vida e a dose de reforço entre 4 e 5 anos Isolamento respiratório durante os primeiros 4 dias após início do exantema durante toda a doença em imunodeprimidos Pós-contato: vacinação de bloqueio até 72h em > 6 meses o a vacina é de vírus vivo atenuado, logo é contra- indicada para <6 meses e grávidas. Para estes, deve-se usar imunoglobulina até o 6º dia Obs: se eu fizer vacina de bloqueio entre 6-12 meses, não considerar para rotina! Essa dose não é válida, uma vez que no primeiro ano de vida ainda pode ter anticorpo materno, o que impede uma resposta efetiva da vacina. TRATAMENTO: SINTOMÁTICOS Administração de vitamina A : paciente com deficiência de vitamina A tem pior prognóstico para a doença, além disso, o sarampo também consome mais vitamina A o pacientes de 6 meses a 2 anos, hospitalizados com sarampo e suas complicações o pacientes maiores de 6 meses com imunodepressão ou evidência de deficiência de vitamina A, o alterações de absorção intestinal e desnutrição moderada a grave. o O uso de vitamina A em áreas com deficiência desse elemento tem se mostrado útil para diminuir a gravidade e a xeroftalmia e consequentes déficits visuais Laura R. – T6 6 FPM VI MEDIDAS DE CONTROLE: NO PLANO COLETIVO, UMA ALTA COBERTURA VACINAL, ACIMA DE 95%: vacinação de rotina; vacinação de bloqueio (dentro de 72 horas após exposição); vacinação em campanhas. COMPLICAÇÕES Laringite, às vezes muito acentuada, traqueobronquite, pneumonite intersticial, queratoconjuntivite, o que pode levar à cegueira, miocardite, adenite mesentérica, diarreia com perda importante de proteína, panencefalite esclerosante subaguda Otite média é a principal complicação bacteriana As taxas de mortalidade são maiores em crianças menores de 5 anos e imunodeprimidos (não há desenvolvimento de exantema) PANENCEFALITE ESCLEROSANTE SUBAGUDA Pode ocorrer vários anos após o sarampo Diagnóstico pouco frequente, degenerativa Incidência de 1 por 1milhão; Sexo masculino Ocorrendo de 6 a 12 anos após sarampo (raro após vacinação), com média de 10,8 anos. Manifestação: irritação, queda no rendimento escolar, movimentos involuntários tipo coréia (cabeça/pescoço), deterioração de coordenação motora, convulsões, tetraplegia espástica descerebração espástica, dificuldade respiratória e morte. RUBÉOLA • Agente etiológico: vírus da rubéola, classificado como um Rubivírus da família Togaviridae (vírus RNA). • Sazonalidade: final de inverno e início de primavera. • Período de incubação: de 14 a 21 dias. • Transmisibilidade: via aérea, através de perdigotos • Tempo de contágio: desde poucos dias antes até 5-7 dias depois da erupção • Cuidados com os contactantes: observação • Isolamento: respiratório e de contato para os casos adquiridos pós-parto, até 7 dias após o exantema • As crianças com infecção congênita são consideradas infectantes até 1 ano de idade ou até que a pesquisa de vírus na nasofaringe e na urina se negative • Rubéola durante a gravidez abortos, morte do feto ou síndrome da rubéola congênita. • Vacina diminuição em 99% dos casos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FASE PRODRÔMICA: o Sintomas catarrais leves, febre baixa o Linfadenopatia retroauricular, cervical e occipital adenomegalia que pode anteceder em até sete dias o exantema Laura R. – T6 7 FPM VI FASE EXANTEMÁTICA: o Enantema: manchas de Forscheimer,Lesões róseas no palato do paciente. Não é patognomônico (pode ser encontrado em outras doenças), mas é sugestivo o Maculopapular rubeoliforme: coloração menos exuberante, lesões com menor confluência o Início na face e com progressão crânio-caudal rápida. COMPLICAÇÕES NAS CRIANÇAS SÃO RARAS • Artropatia, principalmente em mulheres • Em crianças, raramente ocorre poliartralgia ou poliartrite • Púrpura trombocitopênica • Encefalite • A grande importância da rubéola é na gestação pela possibilidade de promover dano fetal; a vacinação em crianças visa fundamentalmente proteger as mulheres suscetíveis do seu convívio Síndrome da rubéola congênita DIAGNÓSTICO Detecção de IgM ou IgG; isolamento do vírus (sangue, urina, LCR e orofaringe) lactentes infectados por via congênita. PREVENÇÃO Pré-contato: imunizaçãoVacina de vírus vivo e atenuado que é aplicada aos 12 meses de idade (tríplice viral) e aos 15 meses (tetraviral) Pós-contato: imunização de bloqueio até 3 dias, imunoglobulina não costuma ser recomendada TRATAMENTO Apenas sintomáticos A SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA Alterações oftalmológicas (catarata, retinopatia e glaucoma congênito), Alterações cardíacas (estenose de artéria pulmonar e persistência do canal arterial), Alterações auditivas (surdez neurossensorial) e alterações neurológicas (meningoencefalites, alterações cognitivas); Hepatoesplenomegalia, trombocitopenia, lesões purpúricas e retardo de crescimento. Infecção no 1° trimestre de gestação piores malformações PRECAUÇÕES o Precauções respiratórias por 7 dias do início do exantema; o Crianças com rubéola congênita devem ser consideradas potencialmente infectantes desde o nascimento até 1 ano. Laura R. – T6 8 FPM VI ESCARLATINA Agente etiológico: Streptococcus beta-hemolítico do grupo A de Lancefield O quadro deve-se à liberação de toxinas eritrogênicas ou pirogênicas (exotoxinas). Os grupos C e G também podem causar escarlatina. Sazonalidade: não há Período de incubação: de 2 a 5 dias na faringite; de 7 a 10 dias nas infecções de pele. EPIDEMIOLOGIA Frequentemente associada à faringite estreptocócica. Transmissão se dá desde o período prodrômico até 24 a 48 horas do início da terapêutica. Projeção direta de partículas grandes da faringe ou transferência física de secreção contendo a bactéria. Incide em pré-escolares e escolares, sendo rara em lactentes. Pode acompanhar também quadros de lesões de pele (como impetigo). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FASE PRODRÔMICA (12-48H): o Febre alta, febre alta, dor de garganta, adenomegalia cervical e submandibularo Vômitos, dor abdominal, faringite FASE EXANTEMÁTICA: o exantema difuso micropapular(sensação de lixa ao toque), que se inicia no pescoço e tem progressão crânio-caudal rápida o tórax, tronco, pescoço e membros, poupando a região palmoplantar VÁRIOS SINAIS PATOGNOMÔNICOS PODEM OCORRER: • Sinal de Filatov: palidez perioral; • Língua em framboesa/morango e saburrosa (inicia branca e depois fica vermelha) • Sinal de Pastia: petéquias em dobras, formando linhas transversais; quando se faz a digito-pressão o exantema permanece (não fica branco) • Descamação da pele após 5 a 7 dias laminar ou lamelar das extremidades – é mais grosseira descamação em “dedos de luva” Laura R. – T6 9 FPM VI • Obs: diferenciar escarlatina de doença de Kavasaki o A doença de kavasaki atinge principalmente menores de 5 anos, apresenta febre com duração > 5 dias e conjuntivite. Enquanto que a escarlatina atinge principalmente maiores de 5 anos, febre costuma ser mais curta e não tem conjuntivite. DIAGNÓSTICO • Clínico • Cultura de material coletado por swab de tonsilas palatinas e faringe. TRATAMENTO • Penicilina benzatina em dose única ou penicilina oral por 10 dias. PRECAUÇÕES • Precaução respiratória até 24 horas do início da terapêutica. • Os contatos íntimos devem receber penicilina benzatina ou penicilina oral por 10 dias. ENTEROVIROSES (NÃO- POLIOVÍRUS): COXSACKIE A E B, ECHOVÍRUS E ENTEROVÍRUS Agente etiológico: são vírus RNA que são antigenicamente heterogêneos. São divididos em: o Vírus Coxsackie A1 a A21, A24 e B1 a 6. o Vírus ECHO (vírus órfãos entéricos citopáticos humanos) 1 a 7, 9, 11 a 21, 24 a 27 e 29 a 33. o Parechovírus humanos tipos 1 e 2, anteriormente denominados echovírus 22 a 23. o Enterovírus 68 a 71, 73 a 91 e 100 a 101 o Poliovírus tipos 1 a 3 Transmissão: via fecal oral, da mãe para o RN na hora do parto, por meio de objetos contaminados, a taxa de infecção é maior em crianças pequenas, de baixo nível socioeconômico, regiões tropicais e de higiene deficiente Tempo de incubação: de 3-6 dias na conjuntivite hemorrágica aguda; de maneira geral, de 24 a 72 horas. Tempo de contágio: variável Cuidados com contactantes: observação Isolamento: precauções entéricas durante hospitalização o Sazonalidade: são mais comuns no verão e início da primavera; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Quadro clínico: os enterovírus são causa frequente de exantemas já tendo sido identificados mais de 30 deles como responsáveis por erupções cutâneas. Eles podem ser virtualmente de qualquer tipo descrito, desde o clássico maculopapular, até vesicular, petequial e mesmo urticariforme • Os enterovírus são responsáveis por um grande número de doenças em lactentes e crianças: o Manifestações respiratórias: resfriado comum, faringite, exantema de Boston, herpangina Laura R. – T6 10 FPM VI (causada por vírus Coxsackie do grupo A), estomatite, pneumonia, pleurodinia; Obs: Exantema de Boston é causado pelo ECHO 16 e é acompanhada por lesões ulceradas nas amígdalas e no palato mole semelhante àquelas encontradas na herpangina. o Manifestações cutâneas: exantema geralmente não característico, podendo ser maculopapular, vesicular, petequial, morbiliforme, urticariforme, escarlatiniforme, rubeoliforme e pustular Echovírus 9: exantema petequial; Coxsackie A16 e Enterovírus 71: síndrome mão-pé- boca A síndrome mãos-pés-boca pode ser considerada bastante característica de enterovírus, sendo os responsáveis os Coxsackie A16, A5, A7, A9, A10, B2, B3, B5 e o enterovírus 71. Nessa doença, após um período prodrômico de febre baixa, irritabilidade, anorexia, aparecem lesões vesiculares na boca que rapidamente se rompem, transformando-se em úlceras dolorosas de tamanho variável. As lesões nas extremidades são constituídas por papulovesículas que variam entre três e sete mm de diâmetro que acometem principalmente dedos, dorso e palma das mãos e planta dos pés. Em lactentes não é infrequente o acometimento perineal. As lesões desaparecem sem deixar cicatrizes. o Manifestações neurológicas: meningite asséptica, encefalite e paralisia (Enterovírus 71); o Manifestações gastrintestinais: vômitos, dor abdominal, diarréia e hepatite; o Manifestações oculares: conjuntivite hemorrágica aguda (Coxsackie A24 e Enterovírus 70); o Manifestações cardíacas: miopericardite (Coxsackie B1 a B15). DIAGNÓSTICO • Isolamento de partícula viral (extraído de garganta, fezes e swab retal; LCR e sangue); • IFI; • PCR; • Ensaio imunoenzimático. PREVENÇÃO • Cuidados higiênicos TRATAMENTO • Medidas de suporte em pacientes sintomáticos • Imunodeprimidos gamaglobulina, se necessário • Precauções de contato. MONONUCLEOSE INFECCIOSA • Agente etiológico: vírus Epstein-Barr (vírus DNA); é um herpesvírus B-linfotrópico. Laura R. – T6 11 FPM VI • A mononucleose infecciosa é considerada uma síndrome, sendo que o vírus Epstein-Barr é o responsável por cerca de 80% dos casos • A mononucleose é a expressão mais comum na primo- infecção pelo Epstein-Barr • Sazonalidade: não há. • Período de incubação: varia de 10 dias até 30 a 50 dias. • Transmissão: contato íntimo oral • Incubação: 30-50 dias EPIDEMIOLOGIA: • Transmissão se dá pelo contato direto com secreções salivares ; • Em grupos sociais menos favorecidos, a infecção ocorre no início da vida; • Comum entre adolescentes (doença do beijo) • A excreção viral pelo trato respiratório pode continuar por muitos meses após a infecção • Portadores assintomáticos são comuns. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FASE PRODRÔMICA: o Infecção primária ocorre numa fase precoce da infância, Pode variar de assintomática a quadros de intensidade variável (mais leves em crianças pequenas) o A clínica inicia com febre, cefaleia, faringite, fadiga, mal-estar, lassidão, linfonomegalia por vezes muito proeminente, hepatoesplenomegalia (30-50%) (ruptura esplênica- abster-se de atividade física) e faringoeamigdalite. 1/3 podem apresentar edema periorbitário e 5%, icterícia o Edema palpebral Sinal de Hoagland o As amigdalas e os adenoides podem ficar tão hipertrofiadas que causam obstrução aérea alta o Intensa leucocitose vista no sangue periférico com a presença marcante de linfócitos atípicos o Exsudato branco-acinzentado em tonsila palatina em 50% dos casos. • FASE EXANTEMÁTICA o A ocorrência de erupção cutânea não excede os 10 a 15% dos casos e pode ser desencadeada pela administração de penicilina ou ampicilina ao paciente • Obs: a faringite é parecida com a faringite estreptocócica. Se o médico se confunde e prescreve ATB, a criança evolui com exantema. o O tipo de exantema é variável, sendo na maioria das vezes, maculopapular, mas podem ocorrer erupções petequeiais, papulovesiculares, escarlatiniformes (lixa fina) e urticariformes e são mais evidentes na presença dos citados antibióticos DIAGNÓSTICO Testes laboratoriais inespecíficos: hemograma com leucocitose, linfocitose e 10 a 20% de atipia; Laura R. – T6 12 FPM VI aumento de transaminases e bilirrubina; TESTES LABORATORIAIS ESPECÍFICOS: • Anticorpos heterófilos; • Monoteste ou reação de Hoff Bauer; (hemaglutinação que detecta a presença de anticorpos heterófilos) • Reação de Paul-Bunnell-Davidsohn;(sorologia) • Testes sorológicos específicos: o fase aguda: antiVCA ( anti antígeno IgM) o fase tardia: anti-EA e anti-EBNA; ( anti antígeno IgG) • Isolamento viral; PCR. Diagnóstico diferencial: escarlatina. TRATAMENTO • terapia de suporte, em geral, o uso de sintomáticos é suficiente • Na presença de obstrução importante das vias aéreas superiores, indica-se corticosteroides como a dexametasona (0,25mg/kg a cada 6 horas) enos casos excepcionais, tenta-se o uso de Aciclovir, apesar de sua eficácia não ser bem estudada • Imunodeprimidos recomenda – se aciclovir em altas doses. PRECAUÇÕES • Pacientes hospitalizados devem ser manuseados com precauções padrão. VARICELA • Agente etiológico: vírus varicela-zoster, membro da família Herpesvírus. • Sazonalidade: fim do inverno e início da primavera. • Transmissão: por aerossol, contágio direto e raramente transmissão vertical • Tempo de incubação: 10 a 21 dias • Tempo de contágio: do 10º dia após o contato até a formação de crostas de todas as lesões • Isolamento: respiratório e de contato • A contagiosidade é maior 1 a 2 dias antes e logo após o início do exantema até a forma de crostas. CUIDADOS COM OS CONTACTANTES: • Imunoglobulina humana antivírus varicela zoster (VZIG) deve ser indicada nas seguintes situações: o Crianças imunocomprometidas, sem história prévia de varicela o Gestantes suscetíveis o RNs cuja mãe tenha tido catapora dentro de 5 dias antes ou 48h após o parto o Prematuros (gestação com 28 semanas), cuja mãe não tenha tido varicela o Prematuros (estação com menos de 28 semanas) independente da história materna o A dose indicada é de 125U para cada 10 kg de peso e deve ser aplicada dentro de 48h, até no máximo 96h após a exposição • Uso de aciclovir em comunicantes como profilaxia é discutível MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: FASE PRODRÔMICA: o Febre, cefaleia, dor abdominal o No entanto, principalmente em crianças, o exantema é o primeiro sinal da doença FASE EXANTEMÁTICA: o Manifestações gerais o Exantema vesicular generalizado e pruriginoso (entre 250 a 500 lesões) o Máculas eritematosas pápulas vesículas pústulas crostas o Vesicular pruriginoso o Início: couro cabeludo, face e tronco (progressão centrífuga) o Envolvimento do couro cabeludo, das mucosas orais e genitais é frequente o As crostas permanecem por 5-7 dias e depois caem, deixando uma mácula branca que não é permanente o As lesões cutâneas vão surgir enquanto o paciente tiver viremia o É comum formar pústulas purulentas (não é infecção bacteriana secundária) Laura R. – T6 13 FPM VI o Polimorfismo regional: em uma mesma região o paciente apresenta lesões em diferentes estágios • Infecção primária resulta na varicela; • Vírus permanece quiescente nos gânglios da raiz dorsal, pode haver reativação na forma de herpes zoster. COMPLICAÇÕES • Infecção bacteriana secundária por streptococos do grupo A e S. aureus desconfiar quando houver febre, cicatriz e hiperemia • Porta de entrada para infecções sistêmicas: pneumonia (pneumonite intersticial) • Encefalite: pode anteceder ou preceder o exantema. A região mais frequente atingida é o cerebelo, traduzindo- se por ataxia. A encefalite causa sonolência, coma e hemiplegia, podendo deixar sequelas • Manifestações hemorrágicas: trombocitopenia, que aparece na fase de convalescença, ou por coagulopatia de consumo (varicela hemorrágica) • Varicela e gravidez: focomelia, coriorretinite, meningoencefalite, lesões cicatriciais na pele, além de morte fetal e aborto • Síndrome de Reye: degeneração aguda do fígado, acompanhada de encefalopatia hipertensiva grave, pode ocorrer principalmente quando as crianças recebem ácido acetilsalicílico como antitérmico • Varicela progressiva: a viremia não é contida, lesões vão adquirindo um aspecto hemorrágico • Varicela congênita ( <20s): lesões cicatriciais, hipoplasia dos membros • Neurológicas: encefalite, ataxia cerebelar aguda DIAGNÓSTICO • é clínico, isolamento do vírus da base das lesões vesiculares (principalmente até o 3° a 4°dia de evolução) ou pesquisa de IgG no soro na fase aguda ou convalescença. • Na fase de vesícula, o exame do líquido da lesão pela microscopia eletrônica ou por PCR fornece o diagnóstico imediato • Anticorpos podem ser detectados pelo método de IFI TRATAMENTO • Antiviral com aciclovir nas primeiras 24 horas do aparecimento das lesões nas seguintes situações: o Pacientes maiores de 12 anos de idade; o imunodeprimidos; o Portadores de distúrbios crônicos cutâneos ou pulmonares; • Crianças com varicela não devem receber salicilatos pelo risco aumentado de síndrome de Reye • Fanciclovir e valaciclovir são recomendados no tratamento de zoster em adultos PREVENÇÃO • Pré-contato: imunização – vacina contra varicela (vírus vivo atenuado) tetra viral com 15 meses • Pós-contato: vacina até o 3º (para alguns 5º dia) o Para fins de bloqueio, pode ser feita a partir dos 9 meses o Ministério da saúde só vai dar a vacina de bloqueio para conter disseminações em hospitais, creches e escolas Imunoglobulina específica até o 4º dia: 96h o Imunocomprometidos o Grávidas susceptível o RN prematuros <28s sempre, > 28s se a mãe não teve varicela o RN de mulher com varicela até 5 dias antes e 2 dias após o parto o < 9 meses hospitalizado • Pessoas suscetíveis expostas devem receber VZIG - imunoglobulina específica para varicela-zoster - até 96 horas após exposição ou vacina contra varicela (até 72 horas após exposição). PRECAUÇÕES • Pacientes hospitalizados : o Isolamento de contato e respiratório o Contactantes de risco devem ser isolados de 8 a 21 dias após início do exantema no paciente-índice; Laura R. – T6 14 FPM VI Pacientes que receberam VZIG (IMUNOGLOBULINA)devem permanecer isolados por 28 dias (gestantes, prematuros que foram expostos aplicar até 96h da exposição) HERPES ZOSTER DOENÇA DE KAWASAKI • Agente etiológico: desconhecido. Sabe-se que não é uma doença contagiosa e nem transmissível de uma criança para outra • Sazonalidade: final de inverno e primavera. • Epidemiologia: o vasculite aguda exantemática, o característica da infância, autolimitada, de etiologia desconhecida, o Discreta predominância em meninos (1,5:1) e menores de 5 anos (85% dos casos, entre 18-24 meses de idade) • A doença de Kavasaki é uma vasculite, ou seja, uma inflamação dos vasos sanguíneos, cuja principal característica é o início com febre alta e prolongada e o risco de dilatações (aneurismas) nas artérias do coração (coronárias) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • 4 FASES CLÍNICAS: • FASE AGUDA: o febre alta e persistente com duração de pelo menos 5 dias, sem uma causa aparente que explique o hiperemia conjuntival não-exsudativa (conjuntivite) o lábios vermelhos, secos e rachados, o língua em framboesa/ morango o adenopatia cervical, o leucocitose ao hemograma e aumento de VHS e PCR; o na metade da 1ª semana, aparecimento de exantema polimorfo, edema e eritema palmoplantar o irritabilidade, dores de cabeça, artrite (dor e inchaço nas articulações) e uma vermelhidão na cicatriz da vacina de BCG no braço FASE SUBAGUDA: • Após cerca de 7 a 10 dias, ocorre uma descamação da pele principalmente nas pontas dos dedos, em volta das unhas e nas áreas de fraldas e, aumenta a contagem das plaquetas do sangue, é nesta fase que podem aparecer as complicações cardíacas. o Descamação de dedos de mãos e pés, o Trombocitose o Arterite coronariana; • Convalescença: com 6 a 8 semanas, melhora dos sintomas clínicos e persistência da coronarite FASE CRÔNICA: • De meses a anos pode permanecer assintomático ou com sequelas cardíacas • Por último, vem a terceira fase da doença de Kawasaki, na qual a contagem de plaquetas e exames de Laura R. – T6 15 FPM VI inflamação ficam normais, e onde teremos a regressão total ou parcial das alterações coronarianas. DIAGNÓSTICO • É clínico. • Não existe um exame específico para o diagnóstico, mas exames de sangue e de urina podem e devem ser feitos, bem como o exame de ecocardiograma para avaliar o coração e as artérias coronárias nas3 fases da doença e, principalmente naquelas crianças que não apresentam todos os sintomas mais característicos da doença de Kawasaki American Heart Association (AHA) - estabelece 4 de 5 critérios clínicos ou 3, na presença de coronarite, associado a febre por mais de 5 dias: o conjuntivite não-exsudativa; o alteração de lábios e mucosa oral; o edema e eritema palmoplantar, com descamação; o exantema polimorfo não-vesicular ou bolhoso; o adenopatia cervical não supurativa > 1,5 cm. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Estafilococcia, estreptococcia, infecções mono-like. TRATAMENTO O tratamento da doença de Kawasaki tem como objetivos reduzir a inflamação dos vasos sanguíneos e de evitar os aneurismas das coronárias, através da administração de um soro com a imunoglobulina venosa e aspirina pela boca. Felizmente, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, a porcentagem de crianças que complicam com aneurisma das coronárias, reduz de 25% para menos de 4% Imunoglobulina em dose única nos primeiros 10 dias de evolução AAS- somente usado nessa doença No entanto, alguns poucos pacientes não melhoram apenas com este tratamento, sendo necessária nova dose de imunoglobulina, corticoides ou outros remédios para controlar a função alterada do sistema de defesa (imunossupressores) DENGUE • Agente etiológico: vírus RNA pertencente ao grupo B dos arbovírus, família Flaviviridae, gênero Flavivirus. o 4 sorotipos DEN1, DEN2, DEN3, DEN4. • Transmissão: ocorro pela picada de mosquitos Aedes aegypti (vetor) • Sazonalidade: estação chuvosa, verão. • Período de incubação: de 3 a 15 dias com média de 5 dias. • Epidemiologia: o Dengue precisa: mosquito vetor, do vírus e de pessoas suscetíveis. o Os surtos da doença podem ser explosivos ou progressivos, o É a arbovirose mais difundida no mundo, ocorrendo em todos os continentes, exceto na Europa. o Aumento epidemias na maioria dos países tropicais da américa MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FORMA CLÁSSICA: • A forma clássica inicia-se após um período de incubação de 4 a 7 dias, com febre alta, cefalia intensa, com localização preferencial retro-orbitária, dores musculares e articulares, náuseas, vômitos e diarreia e dor abdominal • Linfonomegalia e exantemas Laura R. – T6 16 FPM VI • Hemograma: leucopenia, linfocitose e leve trombocitemia • Após a defervescência da febre, que dura em torno de 5 a 7 dias, em 30% dos casos surge um outro exantema, maculopapular, que se inicia no tronco e se dissemina para as extremidades, acometendo palma da mão e planta do pé. Nos casos de evolução mais grave, a febre não cede, a plaquetopenia piora, há hemoconcentração, hipovolemia e choque, acompanhados de hemorragias • Na presença de exantema petequial é importante considerar e afastar outras doenças graves de etiologia bacteriana, como meningococcemia, sepse por outras bactérias e febre maculosa brasileira • Pode ocorrer lesões escarlatiniformes e petéquias em membros inferiores. • Convalescença de 1 a 2 semanas, caracterizado por anorexia, mal-estar e debilidade. DIAGNÓSTICO Isolamento viral 5 dias após o início; testes sorológicos (IH e MAC-Elisa) obtidos 6 dias após início do quadro. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Influenza, sarampo e rubéola. TRATAMENTO Não há tratamento específico, utilizando-se sintomáticos (exceto ácido acetilsalicílico e seus derivados) e hidratação adequada. PRECAUÇÕES Controle do vetor
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