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GESTÃO E MARKETING NA EDUCAÇÃO FÍSICA Juliano Vieira da Silva Desenvolvendo modelos de negócios Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os aspectos iniciais na geração de ideias empreendedoras. � Reconhecer o modelo de negócios na tomada de decisões empresarial. � Identificar a importância da metodologia business model generation para o modelo de negócios. Introdução Todo empreendimento começa a partir de uma ideia, a qual é a peça- -chave na construção de um projeto; sem ela, todo o restante não existiria. Para se ter uma ideia, faz-se necessário não só pensar, mas ter um estímulo, que pode ser realizado a partir de métodos, em busca da essencial peça- -chave do empreendimento. Após esse primeiro momento, o empreendedor necessita dar continui- dade ao seu modelo de negócios, cujos próximos passos são: construção e execução. Entre tantas opções, o modelo canvas se destaca por sua simplicidade e praticidade, sendo uma boa ferramenta para o desenvol- vimento de um projeto. Neste capítulo, você estudará os aspectos iniciais na geração de ideias empreendedoras, bem como o modelo de negócios na tomada de de- cisões empresarial. Por fim, verá a importância da metodologia business model generation para o modelo de negócios. Geração de ideias empreendedoras A ideia é a base de um empreendimento, visto que, a partir do seu surgimento, o empreendedor passa a dar sequência ao planejamento. Sendo assim, pode-se afirmar que é a partir da geração da ideia que o empreendimento e todo o restante de um negócio ocorrerão. As mudanças políticas, sociais, culturais e, principalmente, tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo têm fomentado mudanças nas metodologias de geração de ideias. Prada e Abreu (2009 apud MIGUEZ, 2012, p. 8) afirmam que “[...] nos últimos tempos a geração de ideias começou a ser tratada de modo diferente como foi no passado pelos principais autores e especialistas em inovação [...]”. Segundo Miguez (2012), a inovação é a característica mais buscada pelas organizações na sistematização de uma nova ideia. O autor afirma que a inovação é a fase do processo em que se alia conhecimento à criatividade. Dessa maneira, deve ser um trabalho que envolve todos os funcionários, e não apenas uma determinada parcela deles. Mauzy e Harriman (2003 apud MIGUEZ, 2012) sublinham que a geração de ideias faz parte da criatividade, que envolve três variáveis: norte (ideias alinhadas com o objetivo da organização), liberdade (quanto mais liberdade houver, maiores as possibilidades de criatividade, gerando um aumento na quantidade de ideias) e tempo (para gerar uma ideia, é necessário um tempo razoável, pois quando se tem pouco tempo, as ideias podem não surgir com a mesma qualidade). Como visto, a geração de ideias está fortemente baseada no conceito de criatividade. Vários pesquisadores apontam que ela é inerente ao homem, porém não é inata, de modo que precisa ser estimulada para ser desenvolvida. De acordo com Vernon (1989 apud MIGUEZ, 2012, p. 53), a “[...] criatividade denota a capacidade de uma pessoa para produzir ideias, concepções, invenções ou produtos artísticos novos ou originais, que são aceitos pelos especialistas como tendo valor científico, estético, social ou técnico [...]”. Desenvolvendo modelos de negócios2 Existem inúmeros métodos disponíveis para a geração de ideias empreen- dedoras. A seguir, são apresentados alguns deles. Como exemplos de métodos para a geração de ideias empreendedoras, destacam- -se: o grupo de discussão, o brainstorming, o brainwriting, a análise do inventário de problemas e a solução criativa de problemas. Segundo Hisrich, Peters e Sheperd (2014), o grupo de discussão é composto por um moderador, que lidera o grupo em uma discussão aberta e profunda, evitando indagações. Esse grupo é formado por 8 a 14 membros, cuja função é conceitualizar e desenvolver a ideia de um novo produto para satisfazer à necessidade do mercado. Além da busca de novas ideias, esse formato de discussão permite que se faça uma triagem de ideias e conceitos. Um segundo método de geração de ideias é o brainstorming, que também tem como característica ser um método de grupo. No entanto, aqui, as pessoas são estimuladas a propor a maior quantidade de ideias possíveis, mesmo que não sejam utilizadas no futuro. Em geral, as primeiras ideias são mais óbvias, porém são importantes para que a pessoa que as deu vá perdendo a inibição e possa desenvolver seu processo criativo. Na sequência de ideias, a criatividade vai sendo desenvolvida, gerando as ideias de maior destaque (HISRICH; PETERS; SHEPERD, 2014). Hisrich, Peters e Sheperd (2014) apontam que o brainstorming deve ser observado a partir de quatro regras, listadas a seguir. 1. Não são permitidos críticas ou comentários negativos a qualquer ele- mento do grupo. 2. A improvisação deve ser estimulada. 3. Deve-se estimular a maior quantidade de ideias. Aqui, parte-se da premissa de que quanto mais ideias, maiores as chances de ideias de destaque surgirem. 4. Deve haver uma busca constante pela combinação e o aperfeiçoamento de ideias; ou seja, uma ideia pode ser reaproveitada em uma determinada situação. 3Desenvolvendo modelos de negócios Já o método brainwriting pode ser considerado uma evolução do brains- torming. Ele se caracteriza pela geração de ideias silenciosas, documentadas por escrito, e as atividades desse método também ocorrem em grande grupo. No entanto, de forma individual, os participantes escrevem suas ideias em formulários ou fichas especiais, que passam por todos os membros do grupo, sendo que cada participante sugere três ideias novas até que os formulários tenham passado por todos os participantes. Um líder comandará o tempo, podendo aumentá-lo ou diminuí-lo, conforme a necessidade. Este pode optar por separar os membros do grupo, de modo que a atividade ocorra de forma separada (HISRICH; PETERS; SHEPERD, 2014). Outro método de geração de ideias é a análise do inventário de problemas (Quadro 1), que tem como característica a utilização dos consumidores para a criação da ideia. Estes recebem uma lista de problemas em uma categoria geral dos produtos, sendo, então, solicitados a discutir e identificar os problemas dos produtos até que se chegue a uma nova ideia totalmente inédita. Esse método também pode ser utilizado para testar uma nova ideia (HISRICH; PETERS; SHEPERD, 2014). Psicológico Sensorial Atividades Uso da compra Psicológico/ social A) Peso � Engorda � Calorias vazias A) Gosto � Amargo � Sem gosto � Salgado A) Planeja- mento de refeições � Esquecer � Ficar cansado A) Portabili- dade � Comer longe de casa � Levar almoço A) Servir para con- vidados � Não ser- viria para convida- dos � Muita pre- paração de última hora Quadro 1. Análise de inventário de problemas (Continua) Desenvolvendo modelos de negócios4 Fonte: Adaptado de Hisrich, Peters e Sheperd (2014). Quadro 1. Análise de inventário de problemas Psicológico Sensorial Atividades Uso da compra Psicológico/ social B) Fome � Satisfeito � Ainda com fome depois de comer B) Aparência � Cor � Não dá vontade de comer � Forma B) Armaze- nagem � Esgota- mento � A embala- gem não cabe B) Porções � Não há o suficiente na emba- lagem � Deixa sobras B) Comer sozinho � Muito trabalho para co- zinhar só para uma pessoa � Deprimente quando prepara para uma só pessoa C) Sede � Não mata a sede � Dá sede C) Consis- tência/ textura � Duro � Seco � Gorduroso C) Prepara- ção � Muito trabalho � Potes e panelas demais � Nunca dá certo C) Disponi- bilidade � Fora da estação � Não tem no super- mercado C) Autoima- gem � Feito por um cozinheiro preguiçoso � Não é servido por uma boa mãe D) Saúde � Indigestão � Ruim para os dentes � Causa insônia � Acidez D) Cozi- mento � Queima � Gruda D)Deteriora- ção � Mofa � Azeda E) Limpeza � Deixa o forno sujo � Deixa cheiro na geladeira E) Custo � Dispen- dioso � Leva ingre- dientes caros (Continuação) 5Desenvolvendo modelos de negócios A solução criativa de problemas é um método que busca obter novas ideias a partir da concentração de parâmetros (HISRICH; PETERS; SHEPERD, 2014). Esse método possui algumas técnicas, descritas a seguir. � Brainstorming inverso: semelhante ao brainstorming comum, porém permite críticas. Nesse caso, busca-se possíveis falhas ou erros na ideia, buscando saber onde ela pode fracassar. � Método Gordon: nesse método, as pessoas desconhecem, a princípio, a natureza do problema, sendo, então, solicitado que o grupo se manifeste sobre o conceito geral do problema. Por fim, após as ideias, é revelado o problema, e ocorrem sugestões para o aperfeiçoamento da ideia. � Checklist: a ideia é desenvolvida a partir de uma lista de questões ou sugestões relacionadas, como: maneira de utilizar, o que há no passado, se é necessário modificar, entre outras. � Livre associação: nessa técnica, escreve-se uma palavra ou frase rela- cionada ao problema, seguida de algumas outras, criando uma cadeia de ideias até a concepção de um novo produto. � Anotações coletivas: são distribuídos cadernos que trazem o problema e dados sobre este, nos quais os participantes irão fazer anotações para possíveis soluções do problema. Ao final, as melhores ideias geram uma análise para a busca da ideia definitiva. � Análise de parâmetros: essa técnica envolve dois aspectos após a análise da necessidade: a identificação de parâmetros (analisando as variáveis da situação) e o processo de síntese criativa, que resulta na realização da ideia. Neste tópico, você conheceu alguns métodos e técnicas disponíveis para a estimulação e a geração das ideias empreendedoras. A seguir, será analisado um modelo de negócios. Modelo de negócios Como visto na seção anterior, a geração de ideias é a base para o empreendi- mento, sendo o ponto de partida de um negócio. Desenvolvendo modelos de negócios6 Bessant e Tidd (2019) destacam que não adianta ter a ideia pura e sim- plesmente, faz-se necessário também moldá-la e configurá-la, para que o empreendedor obtenha sucesso, e, para isso, serve o modelo de negócios. A partir dos escritos dos autores citados, pode-se dizer que um modelo de negócios serve para explicar para os clientes como o valor é criado e como capturá-lo para a inovação, ou seja, como a empresa resolverá um determinado problema e como e quanto cobrará desses clientes. Portanto, o modelo de negócios visa a trazer uma representação clara de onde e como o valor é criado e pode ser capturado. Dessa forma, Bessant e Tidd (2019) apresentam alguns motivos para sua utilidade, tais como: � apresenta um mapa de como a inovação pode criar valor; nesse caso, necessita de uma estrutura, não ocorrendo de forma espontânea; � proporciona uma maneira de compartilhar a ideia com outras pessoas; � oferece um checklist útil das áreas a serem consideradas, para garantir que houve uma reflexão apropriada sobre a ideia e a criação de valor. É importante ressaltar que o modelo de negócios serve para não deixar uma ideia isolada, tendo como princípio conceder-lhe uma estrutura detalhada, com sentido e clareza, facilitando a comunicação desta: Um modelo de negócio robusto, como toda boa história, não nasce por acaso, é moldado e desenvolvido no processo de ser contado e recontado. A trama emerge, os personagens ganham forma, o cenário se transforma. Cada vez que a contamos, a história muda e se aprimora. Explicá-la para os outros nos dá novas ideias sobre o que adicionar ou remover. As pessoas fazem perguntas ou sugestões que mudam o modo como a história se desdobra na próxima vez. Elas captam a mensagem e disseminam a história, contando-a para os outros, de modo que a ideia gradualmente ganha vida própria e começa a fazer sentido nas vidas alheias. No processo ela vai ficando mais forte e mais clara (BESSANT; TIDD, 2019, p. 455). Segundo Bessant e Tidd (2019), um modelo de negócios eficaz compreende cinco itens, listados a seguir. 1. Uma proposição de valor: o que é valorizado? 2. Um mercado-alvo: para quem? 3. Um fornecedor: de quem? 4. Um conjunto de atividades: como? 5. Uma representação de valor: quanto? 7Desenvolvendo modelos de negócios Observe, na Figura 1, a representação desses itens. Figura 1. Itens de um modelo de negócios. Fonte: Adaptada de Bessant e Tidd (2019). Atividades para criar valor Proposição de valor ValorFornecedor Mercado- -alvo Para melhor compreensão, observe um exemplo. Imagine que a sua ideia seja criar uma assessoria esportiva para trabalhar com esportes da natureza. A partir disso, teria como proposição de valor a melhoria da saúde e do estilo de vida a partir do contato com a natureza. O mercado-alvo seria as pessoas em geral, com enfoque direcionado para pessoas que já realizam algum exercício, em parque ou ao ar livre. Os fornecedores seriam as empresas de materiais esportivos e os locais onde ocorrem as atividades. As atividades seriam o arvorismo, a escalada e o rafting. Quanto ao valor, seria cobrada uma parcela x por atividade desenvolvida. Desenvolvendo modelos de negócios8 Segundo Bessant e Tidd (2019), para construir um modelo de negócios, é preciso responder a um pequeno número de perguntas-chave: “o quê?” (proposição de valor), “por quem?” (o lado da oferta), “para quem?” (o lado da procura) e “como?” (as principais atividades pelo lado da oferta, a fim de criar valor pelo lado da procura). A proposição de valor engloba as características da inovação, ou seja: o que a ideia representa de novo para as pessoas para que elas a valorizem mais do que aquilo que já possuem; o que distingue essa ideia daquilo que já existe? Para isso, é importante conhecer o mercado e suas transformações. Embora pareça algo bastante simples, entender como o modelo de negócios cria valores é parte fundamental para que a ideia prospere e para a inovação do empreendimento, uma vez que se não conseguirmos explicar como o valor é criado e a sua forma de captação, mesmo que a ideia seja fantástica, poderá não ter sucesso. Desse modo, ao entender o valor, sempre se pode melhorá-lo, reduzindo, assim, riscos e atritos. O mercado-alvo serve para que se pense o lado da procura, aqueles que irão se interessar e valorizar a oferta: os consumidores. Conhecendo-se o mercado-alvo, a ideia tem mais chance de prosperar, já que se sabe para quem se destinará a publicidade. Na sequência, é momento de criar e entregar. Esse terceiro momento serve para se pensar em como adquirir produtos e materiais necessários para a montagem do negócio, bem como qual seria a forma de manutenção. Também é o momento de se pensar em parcerias, de modo que se faz vital uma rede de relacionamentos. Em seguida, é preciso pensar como ocorrerá a captura de valor: quais são as fontes de receita ou recompensas que irão surgir do segmento-alvo para valorizar as ofertas? Grosso modo, aqui se fala do pagamento e de quanto as pessoas estão dispostas a pagar (lembre-se de que valores discrepantes podem colocar uma grande ideia a perder). A estrutura de custos também é importante, afinal, é necessário saber o quanto se gasta (não só dinheiro, tempo e energia também precisam ser considerados) na criação e divulgação da ideia. Os custos podem ser fixou ou variáveis, devendo-se observar como se dará o equilíbrio entre o que se gasta e o que se recebe. A Figura 2, a seguir, mostra a estrutura de um modelo de negócios detalhado. 9Desenvolvendo modelos de negócios Figura 2. Modelo de negócios detalhado. Fonte: Adaptada de Bessant e Tidd (2019). Principais atividades que criam valor Canais para alcançar o mercado Principais recursos Principaisrelacionamentos Proposição de valor Valor Fornecedor Mercado- -alvo Estrutura de custos Fluxo(s) de receitas Por fim, tambémé importante analisar a sustentabilidade, que se caracteriza por pensar a ideia a longo prazo. Aqui, algumas questões são importantes: alguém poderá copiar a ideia? Como se proteger da concorrência? Há como agregar valores à ideia? Como buscar inovações? Um negócio precisa ser pensado para que seja duradouro, de modo que pensar sobre essas questões dará vida longa ao negócio. Neste tópico, você conheceu a importância do modelo de negócios, bem como seus itens e o processo de construção. A seguir, será analisada a meto- dologia bussines model generation para o modelo de negócios. Business model generation Esse modelo, também conhecido como método canvas, surgiu devido à discór- dia entre muitos estudiosos sobre a estrutura dos modelos de negócios, visto que em muitos modelos eram apontadas lacunas conceituais. Desenvolvendo modelos de negócios10 A partir dessas lacunas, dois pesquisadores — Osterwalder e Pigneur (2011 apud MACEDO et al., 2013) — propuseram a construção de um con- ceito simples, que tivesse relevância e fosse de fácil compreensão para que as empresas pudessem estruturar o seu negócio: o business model canvas (TEIXEIRA; LOPES, 2016). O denominado “Business Model Canvas (BMC)” é uma importante ferramenta de gerenciamento estratégico para empreendimentos. O BMC ajuda no desen- volvimento de esboços e versões finais de modelos de negócio, tanto para um novo empreendimento quanto para uma empresa que já está na ativa. Trata-se de um mapa visual que otimiza a visualização e compreensão do modelo de negócio de um empreendimento, dividindo-o em nove importantes blocos para o detalhamento de um negócio (DORF et al., 2012 apud CARRASCO et al., 2014, p. 571). Os nove blocos do modelo canvas são divididos em: atividades-chave, parcerias-chave, recursos-chave, estrutura de curso, relacionamento com o cliente, segmentos de clientes, propostas de valor, canais e fontes de renda (Figura 3). Figura 3. Representação dos nove blocos do modelo de negócios. Fonte: Adaptada de Osterwalder e Pigneur (2011 apud MACEDO et al., 2013). Atividades-chave Parcerias-chave Recursos-chave Estrutura de custo Relacionamentos com o cliente Segmentos de clientes Propostas de valor Canais Fontes de renda Cabe destacar que nenhum desses blocos são considerados novos no meio empresarial. Sendo assim, o destaque do canvas é a possibilidade de o modelo de negócios ser colocado em apenas uma folha de papel (MACEDO et al., 2013). 11Desenvolvendo modelos de negócios Esses nove blocos englobarão as quatro áreas principais de um negócio: oferta (propostas de valor), clientes (segmento de clientes, relacionamento e canais), infraestrutura (recursos, atividades-chave e parcerias) e viabilidade financeira (estrutura de custos e fontes de renda). O Quadro 2, a seguir, apre- senta essas principais áreas em detalhes. Bloco de construção Descrição Definição Perguntas norteadoras Propostas de valor Oferta Conjunto de produtos e serviços que criam valor para um segmento de clientes específico. Que valor entregamos ao cliente? Qual problema estamos ajudando a resolver? Quais necessidades estamos satisfazendo? Segmentos de cliente Clientes São os diferentes grupos de pessoas a quem uma organização deseja oferecer algo de valor. Para quem estamos criando valor? Quem são nossos consumidores mais importantes? Canais Clientes São os meios empregados pela organização para manter contato com os clientes. Por meio de quais canais nossos segmentos de clientes querem ser contatados? Relacionamento com os clientes Clientes Descreve o tipo de relacionamento que a organização estabelece com seus clientes. Que tipo de relacionamento cada um dos nossos segmentos de clientes espera que estabeleçamos com eles? Recursos-chave Infraes- trutura Descreve os recursos mais importantes para fazer um modelo de negócios funcionar. Que recursos-chave nossa proposta de valor requer? Quadro 2. Principais áreas de um negócio (Continua) Desenvolvendo modelos de negócios12 Fonte: Adaptado de Osterwalder (2004) e Osterwalder e Pigneur (2011 apud MACEDO et al., 2013) e Bonazzi e Meirelles (2013 apud LOPES; TEIXEIRA, 2016). Quadro 2. Principais áreas de um negócio Bloco de construção Descrição Definição Perguntas norteadoras Atividades- -chave Infraes- trutura Descreve as ações mais importantes que uma empresa deve tomar para fazer funcionar seu modelo de negócios. Que atividades-chave nossa proposta de valor requer? Parcerias-chave Infraes- trutura Principais redes de fornecedores e os parceiros que fazem o modelo de negócio funcionar. Quem são nossos principais parceiros? Quem são nossos principais fornecedores? Estrutura de custo Viabilidade financeira É a descrição de todos os custos envolvidos na operação do modelo de negócios. Quais são os custos mais importantes em nosso modelo de negócios? Que recursos principais são mais caros? Fonte de receita Viabilidade financeira Descreve a maneira como a organização ganha dinheiro através de cada segmento de clientes. Quais valores nossos clientes estão realmente dispostos a pagar? Pelo que eles pagam atualmente? Como pagam? Como prefeririam pagar? (Continuação) 13Desenvolvendo modelos de negócios Segundo Teixeira e Lopes (2016, p. 79), “[...] as nove dimensões descritas pretendem se aproximar de uma oportunidade de negócio, fornecer o contexto e as razões para as escolhas feitas, distinguir uma abordagem da outra e efetivamente avaliar os pontos fortes e fracos da abordagem proposta [...]”. Os autores afirmam, ainda, que os nove blocos representam a lógica central e a contribuição e o benefício do modelo de negócios para cada ator (cliente, empresa e parcerias), além de uma perspectiva que permite representar a cocriação. Para a construção do canvas, Macedo et al. (2013) sugerem que o modelo seja impresso e as ideias sejam construídas por meio de post-its, de modo a tornar possível uma ampla discussão entre um grupo de pessoas. O post-it serve para deixar o processo mais dinâmico e flexível, com possibilidade de trocas e mudanças de ideias de forma mais rápida. Para Santos e Meireilles (2013 apud TEIXEIRA; LOPES, 2016), a estrutura do canvas vem sendo utilizada na identificação e na análise de vários modelos de negócios por inúmeras empresas e consultorias, por ser prática, flexível e ajustável a qualquer situação. Para saber mais sobre o canvas, assista ao vídeo disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/szTMy BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2019. CARRASCO, L. et al. Uma análise da aplicação do business model Canvas: BMC a partir da visão de empreendedores que se encontram em diferentes fases do negócio: uma experiência da incubadora de empresas e projetos do Inatel. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PARQUES TECNOLÓGICOS E INCUBADORAS DE EMPRESAS, 24., 2014, Belém. Anais [...]. Belém: [s. n.], 2014. Disponível em: http://www.anprotec.org.br/Relata/ArtigosCom- pletos/ID%20164.pdf. Acesso em: 03 dez. 2019. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. 9 ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. Desenvolvendo modelos de negócios14 Os links para sites da Web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona- mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. MACEDO, M. A. et al. Bussines model Canvas: a construção do modelo de negócio de uma empresa de móveis. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 1., 2013, Resende. Anais [...]. Resende: [s. n.], 2013. Disponível em: https://www.aedb.br/ seget/arquivos/artigos13/59618733.pdf. Acesso em: 03 dez. 2019 MIGUEZ, V. B. Uma abordagemde geração de ideias para o processo de inovação. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) — Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/han- dle/123456789/100942. Acesso em: 03 dez. 2019 TEIXEIRA, L. C. M.; LOPES, H. E. G. Aplicação do modelo Canvas para o modelo de ne- gócios do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Revista Gestão & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 16, n. 2, p. 73–99, 2016. Disponível em: http://revistagt.fpl.edu.br/ get/article/view/812 . Acesso em: 03 dez. 2019 15Desenvolvendo modelos de negócios