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LEI DA FALENCIA 11101 2005

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ARQUIVO CIENTIFICO 
 Michele Bulhões de Mendonça1 
 
TITULO: LEI DA FALÊNCIA 11.101/2005 
RESUMO 
O presente trabalho pretende analisar, brevemente a falência em razão dos efeitos 
perniciosos que as crises da empresa podem gerar. A relação entre os institutos da 
Falência e da Recuperação Judicial relacionados com os tipos de empresas estatais, sendo 
elas Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista. Assim, nessa perspectiva, 
desenvolveu-se um estudo dos institutos da Lei 11.101/05 e os tipos de empresas estatais, 
em seguida relacionando-os entre si num debate técnico jurídico. 
Palavras-chave: Falência, Recuperação Judicial, Empresa Pública, Sociedade de 
Economia Mista, Lei N° 11.101/05. 
ABSTRACT: The present work intends to analyze, briefly, the bankruptcy due to the 
pernicious effects that the company's crises can generate. The relationship between the 
institutes of Bankruptcy and Judicial Recovery related to the types of state-owned 
companies, being them Public Company and Mixed Economy Society. Thus, in this 
perspective, a study was carried out on the institutes of Law 11.101/05 and the types of 
state-owned companies, then relating them to each other in a technical legal debate. 
Keywords: Bankruptcy, Judicial Reorganization, Public Company, Mixed Economy 
Society, Law No. 11.101/05. 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Nosso ordenamento jurídico houve por bem criar diversos institutos para tentar 
superar as crises ou para liquidar o que não é possível de recuperação. Dentre esses 
institutos, os mais importantes são aqueles que têm o maior âmbito de aplicação, isto é, 
aqueles que se aplicam a um número maior de situações. Nesta situação, estão a falência, 
a recuperação judicial e a recuperação extrajudicial, todas disciplinadas pela lei n° 
11.101/2005. 
 
1 Discente Direito – 3º Período – Faculdade Pitágoras 
Esta lei veio para substituir a antiga legislação brasileira sobre as empresas em 
crise, alterando a orientação predominante para a busca da recuperação das empresas ao 
invés da busca da sua liquidação. Nesta legislação, há disposições gerais aplicáveis aos 
três institutos, disposições comuns à falência e à recuperação judicial e disposições 
especificas a cada um deles. Dentro dessa organização, vale a pena destacar, inicialmente, 
as disposições gerais da lei n° 11.101/2005. 
Diversos operadores do Direito questionam a exclusão feita pela Lei 11.101/2005, 
em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista. Por sua vez, há também 
os que defendem, afirmando que o legislador fez questão de excluir as estatais em razão 
de o patrimônio público não poder ser alvo das prerrogativas da lei supracitada. A Lei nº 
11.101/05 no que tange à falência e recuperação judicial, traz conceitos, características, 
aspectos históricos e dispositivos legais, com enfoque nas modalidades de estatais: 
empresas públicas e sociedades de economia mista. Já desvelando as empresas estatais 
exploradoras de atividade econômica, para melhor compreensão do assunto, esse trabalho 
científico os dispositivos legais do ordenamento jurídico brasileiro, explicações e 
características gerais acerca do tópico. 
A proposta é ligar esses dois temas, primeiramente compreendendo cada um deles 
e por fim entender a aplicabilidade ou inaplicabilidade da Lei nº 11.101/05 às empresas 
estatais exploradoras de atividade econômica. Tudo isso através das opiniões e críticas de 
doutrinadores, juntamente aos trechos da lei. 
ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DA FALÊNCIA, DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL E 
DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 
 
A Lei Nº 11.101/2005, tem em seu corpo, dois institutos que possuem a finalidade 
de salvar a situação econômico-financeira de uma empresa. Esses dois mecanismos são a 
Recuperação Extrajudicial e a Recuperação Judicial, todavia, conforme já informado 
anteriormente e visando o cumprimento da temática do presente trabalho, abordaremos 
com enfoque a segunda opção. A falência, a recuperação judicial e a recuperação 
extrajudicial são institutos gerais do direito das empresas em crise. A generalidade desses 
institutos significa uma aplicação mais ampla do que a dos regimes especiais 
(intervenção, regime de administração especial temporária e liquidação extrajudicial), 
mas não uma aplicação descriminada. 
A falência, a recuperação judicial e a recuperação extrajudicial possuem um 
âmbito de incidência definido pela lei n° 11.101/2005. Nos termos do artigo 1° da 
referida lei, estão sujeitos à falência, à recuperação judicial e à recuperação extrajudicial 
os empresários e as sociedades empresarias. No brasil, só são submetidos a esta 
disciplina os sujeitos que exercem atividade econômica que se enquadre como empresa, 
isto é, atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou 
serviços para o mercado. 
O instituto da recuperação judicial é de extrema importância e o seu principal 
objetivo é evitar que um corpo empresarial se dilua em suas dívidas e siga operando, 
mantendo assim a sua importante função social em meio a sociedade. Para José Pacheco 
(2013), a recuperação judicial se aplica no momento em que a sociedade empresária ou 
o empresário estiverem numa situação de crise financeira ou econômica, e que desse 
cenário calamitoso e atípico, haja a possibilidade de solicitar a recuperação judicial. 
Carlos Alberto Farracha de Castro assevera que a constituição federal elenca como 
princípios a livre iniciativa e a valorização do trabalho humano, sem distinguir 
atividades empresárias e não empresárias, logo, não há motivo para tal distinção de 
tratamento da insolvência. Apesar disso, nosso legislador manteve a distinção entre os 
regimes, daí ser necessário analisar a incidência especifica da lei n° 11.101/2005. 
Diante disso, torna-se perceptível que o foco finalístico da recuperação judicial 
é a preservação da função social da empresa e de todas as benfeitorias trazidas por ela 
ao âmbito econômico. Esse instituto, consoante dispõe o artigo 47 da Lei Nº 
11.101/2005, “tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego 
dos trabalhadores e dos interesses dos credores”. (BRASIL, 2015). 
A recuperação judicial, a legitimidade é um pressuposto indispensável, contudo, 
ao contrário do que pode ser interpretado de forma corriqueira, a legitimidade abrange 
requisitos que vão além da qualificação do devedor como empresário. Seguindo o 
mesmo raciocínio, Ayoub e Cavalli (2020) afirmam que, legitima-se a requerer a 
recuperação judicial o devedor que seja qualificado como empresário e que também 
atenda a determinados requisitos legais. Caso não respeitados, restará impedimento na 
obtenção da recuperação judicial. 
Citando os requisitos legais, goza da literalidade da lei quem está de acordo com 
o artigo 48 da Lei Nº 11.101/2005. 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, 
no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há 
mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes 
requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por 
sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí 
decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de 
recuperação judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de 
recuperação judicial com base no plano especial de que trata a 
Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou 
sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes 
previstos nesta Lei. (BRASIL, 2005). 
Ao contrário do instituto da falência, o instituto da recuperação judicial é aplicado 
aos casos de crise econômico-financeira de caráter transitório e reversível, havendo 
diversos meios legais para a reestruturação da empresa. 
Desta feita, considerando a literalidade da lei e de acordocom os dizeres de 
Waldo Fazzio Júnior (2019), são meios lícitos de recuperação judicial, dentre outros, a 
autorização de condições especiais, como prazos, para pagamento das obrigações 
vencidas ou vincendas; incorporação, cisão, fusão ou transformação de sociedade, 
constituição de subsidiária integral, ou cessão de quotas ou ações, desde que sejam 
respeitados os direitos dos sócios e a legislação vigente; modificação do domínio 
societário; troca dos administradores do devedor de forma total ou parcial ou 
modificação de seus órgãos administrativos. 
Diante dos meios listados e sabendo da existência de mais formas que não estão 
nessa lista, vê-se que o legislador foi generoso e optou por deixar o devedor livre e à 
vontade, elencando diversos meios e afirmando haver outros, restando comprovado que 
há a admissibilidade de qualquer meio lícito à fim da recuperação judicial. 
Marcelo Sacramone (2021), explica que a deliberação do projeto de reassunção 
da empresa será objeto de competência exclusiva da assembleia de credores. Os credores 
terão o prazo de 30 dias para apresentar as suas objeções, que iniciará a partir do dia de 
publicação do edital com a lista de credores apresentada pelo administrador judicial. 
Caso algum credor apresente a sua contestação, conforme a LREF manda, o juiz 
convocará os credores para deliberar sobre o projeto de recuperação, não podendo 
exceder o prazo de 150 dias da aceitação do plano de reassunção. Passado por todos 
esses procedimentos começará agora a parte mais importante da recuperação judicial, 
que é executar o plano de recuperação aprovado pelo conselho de credores. 
Marlon Tomazette (2019), chama essa parte da obediência do projeto de 
reassunção de Período de observação, na qual, o devedor terá o prazo de dois anos para 
se reerguer. Durante esse período, o devedor, será frequentemente vigiado pelos 
credores e pela justiça e caso o plano não esteja sendo cumprido ou não esteja sendo 
efetivo, deverá o juiz transformar a recuperação em falência. 
Se tratando de falência e sua etimologia, segundo Sérgio Campinho (2020), 
falência vem do verbo falir, do latim fallere, que remete a ideia de faltar com o 
compromisso firmado, estando intimamente ligada aos termos enganar, falhar e omitir, 
cuja omissão se dá em não cumprir o previamente acordado. Já na ótica técnica-jurídica, 
o termo alude a ideia de impossibilidade de o devedor arcar com o pagamento dos 
débitos contraídos em razão da insuficiência de patrimônio gerador de recursos e verbas 
capazes de satisfazer devidamente os débitos em aberto. 
O procedimento de falência existe para evitar o preceito da individualidade da 
execução por ser considerado injusto ao patrimônio do indivíduo quando a dívida dos 
credores é maior que a totalidade do patrimônio. De acordo com os dizeres de Amador 
Almeida (2013), o processo de falência é de execução coletiva por juntar todos os 
credores, pelo efeito da vis attractiva do procedimento falimentar. Sendo considerado 
um litisconsórcio verídico necessário, isto é, uma junção que engloba várias partes em 
um só litígio, sendo todos conectados por um só interesse. 
 O instituto da falência disserta a forma como o proprietário e os sócios devem 
agir e como prosseguir para gerenciar toda a massa falida. De acordo com o que ensina 
Gladston Mamede (2020), quando uma empresa não apresenta alternativa viável de 
superação frente a uma crise econômico-financeira, o que resta é instaurar um 
procedimento de liquidação do empresário ou sociedade empresária insolvente, ou seja, 
levantar todo o patrimônio, e apurar todo o valor do acervo e saldar o patrimônio passivo, 
na medida do possível, instaurando assim o denominado instituto da falência. 
Conceituando de forma sintética, para o direito, a falência é o procedimento 
executório concursal de todo o patrimônio pertencente a empresa, envolvendo assim 
todos os bens e credores, juntando todo o ativo e passivo do devedor. Eduardo Boniolo 
(2015) traz sua definição do processo de falência nos seguintes termos. 
O processo de falência constitui-se da sentença declaratória da 
falência objetiva, entre outras, da preservação do patrimônio e da 
celeridade do processo de arrecadação dos bens antes de sua 
deterioração. Além disso, requer um sistema legal que respeite 
as prioridades dos créditos, as formas de alienação dos ativos, as 
decisões coletivas em detrimento das decisões individuais e a 
participação ativa dos credores, visando maximizar os resultados 
e contemplar a maior quantidade possível de créditos. 
(BONIOLO, 2015, p. 43). 
Portanto, o instituto da falência tem por principal objetivo quitar todas as 
obrigações do empresário ou da sociedade empresária com os seus credores tendo como 
o principal princípio o par condicio creditorum, ou seja, tratar de forma igual todos os 
credores que estão presentes no procedimento falimentar. 
Marlon Tomazette (2020), exalta a fase falimentar, afirmando ser a parte do 
processo que tem um dos principais propósitos no instituto da falência, a qual objetiva 
satisfazer todos os credores de forma isonômica, conforme a ordem legal prevista em 
lei. 
Apesar do senso comum acerca da falência, pouco se sabe sobre os pressupostos 
legais para a sua decretação, e de acordo com Ricardo Negrão (2019), haverá falência 
somente se estiverem presentes os pressupostos legais, visto que a mera constatação 
fática de crise de inadimplência ou econômico-financeira não se confunde com situação 
jurídica do instituto. 
De acordo com o disposto no artigo 94 da Lei Nº 11.101/2005, a falência do 
devedor será declarada nos casos em que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos 
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não 
deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do 
prazo legal; 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de 
plano de recuperação judicial. (BRASIL, 2005) 
Desse modo, em consonância com a literalidade da lei, estão os dizeres de 
Salomão e Santos (2020), os quais dispõem que os requisitos para o estado de falência 
são o devedor que exerça atividade empresarial, a insolvência determinada mediante as 
hipóteses do artigo 94 da Lei Nº 11.101/2005, e a sentença judicial declaratória. 
Decretada a falência do empresário ou da sociedade, o primeiro ato é o 
afastamento da direção, que segundo o artigo 75 da Lei 11.101/05 (2005), visa preservar 
e otimizar a utilização produtiva dos bens, permitir a liquidação célere das empresas 
inviáveis e fomentar o empreendedorismo. Em seguida será nomeado um administrador 
judicial, que segundo o artigo 21 da mesma lei, será um profissional idôneo, que terá 
preferência por alguns profissionais, como advogado, economista e entre outros 
especificados pela lei. 
Após a decretação do administrador judicial, deverá ser realizado o 
levantamento de toda a massa falida da empresa para a fazer a liquidação. Marcelo 
Sacramone (2021), explica de forma mais detalhada, que ao administrador judicial 
assinar o termo de compromisso, ele imediatamente fará a sondagem de todo o 
patrimônio da empresa e terá que tomar posse de toda a massa falida. 
Toda via, para garantir o máximo valor dos bens e a celeridade do processo, o 
autor ainda explica que não será necessário o administrador ser acompanhado pelo 
oficial de justiça e nem que seja considerado o horário comercial ou os dias úteis. 
Após o administrador judicial converter o patrimônio do devedor em dinheiro e 
pagar os credores na medida do possível, Waldo Fazzio (2019), explica que se dará início 
aos últimos atos do processo de falência. O juiz terá que julgar as contas do 
administrador judicial e publicará o recebimento das contaspara que os interessados 
possam impugnar, que caso tenha, o juiz culpará o administrador, e poderá solicitar o 
sequestro de patrimônios para ressarcir a massa falida. Caso as contas sejam aprovadas, 
o administrador judicial apresentará o relatório final com o conteúdo que é pedido pelo 
artigo 153 da LREF. Após o relatório final estar em conformidade com a lei, o juiz 
proferirá a sentença com a finalização do processo de falência. 
DAS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA 
Há linhas de pensamentos que defendem uma economia mais livre, deixando o 
desenrolar de suas ações seguir seu curso natural. Adam Smith (1759), explica com a 
teoria A mão invisível, que a economia tem o seu próprio mecanismo de equilíbrio, 
evitando assim o colapso do meio econômico, e que esse mecanismo é o próprio 
mercado, o qual faz a função perfeita de regular a economia, criando assim, 
automaticamente, a lei da Oferta e Procura. 
Em um mundo quase totalmente globalizado, a economia está entre um dos 
principais interesses. Hoje as formas econômicas mais conhecidas são o capitalismo, 
que é facilmente representado pelos Estados Unidos da América, e o socialismo, que 
tem a República Democrática Popular da Coreia do Norte como o modelo que mais se 
aproxima. 
Também há correntes de ideias que defendem uma economia mais regulada, com 
o Estado criando leis, agências de regulação e empresas públicas, com o intuito de 
defender a economia interna e valorizar o setor privado nacional. O britânico John 
Maynard Keynes (1936), explica que o Estado precisa ser um agente ativo na economia 
para assim gerar o bem-estar social, podendo o Estado, até em momentos de crise, se 
endividar para restabelecer o equilíbrio. 
O nosso país possui uma atuação forte no domínio econômico, dado que a nossa 
Constituição Federal de 1988, no seu Título VII Da Ordem Econômica e Financeira dá 
esse respaldo para que o Estado brasileiro atue de maneira direta e indireta. Podendo o 
vosso país criar empresas públicas ou agências reguladoras. 
Falando da forma de intervenção direta permitida pela Constituição Federal de 
1988, o artigo 173 dispõe os parâmetros para a interferência direta, os quais consistem 
basicamente em o Estado se inserir no meio econômico através de suas estatais. Felipe 
Costa Rodrigues Neves (2019), explica que essa intervenção se dará primeiramente na 
forma da lei. Portanto, o Estado só pode agir no domínio econômico quando a lei assim 
autorizar, tendo os seus atos limitados pelo ordenamento jurídico. 
As empresas públicas e sociedades de economia mista terão a sua criação 
decretada em lei, quando primeiro surgir a função social de proteger o interesse social. 
De acordo com a Lei das Estatais, Lei 13.303/2016, em seu artigo 27 se faz claro que as 
empresas estatais terão sua função social de satisfazer o interesse público e segurança 
social e a sua criação será autorizada em lei. 
Tratando-se das empresas públicas, o próprio ordenamento jurídico brasileiro já 
traz no corpo do Decreto-Lei Nº 200, de 25 de Fevereiro de 1967, especificamente no 
artigo 5º, o que é considerado uma empresa pública pela lei. 
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade 
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital 
exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade 
econômica que o Governo seja levado a exercer por força de 
contingência ou de conveniência administrativa podendo 
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. 
(BRASIL, 1967). 
Sobre as empresas públicas, são instituições que de forma integral pertencem ao 
poder público. Ou seja, toda a sua administração será composta por agentes públicos. 
Como exemplo de companhia pública e para uma melhor visualização, faz-se 
imprescindível mencionar os Correios e a Caixa Econômica Federal. Os dizeres do 
professor e autor Marçal Justen Filho (2016), definem melhor, na prática, o termo 
empresas público como ente jurídico de direito privado, o qual é adjetivado por 
legislação e submetido a normas jurídicas diferentes, cujo titular do investimento feito 
será uma ou mais pessoas de direito público. 
Referindo-se à finalidade de uma empresa pública, faz-se evidente 
na Constituição Federativa do Brasil de 1988, que é a forma pela qual o Estado 
agirá diretamente no domínio econômico. O Doutor Aldemir Berwig (2019), dá 
mais detalhes dos objetivos de uma empresa pública, dispondo que além da 
intervenção estatal na economia, também há o interesse na prestação de serviços 
públicos. As empresas públicas, mesmo sendo pessoa jurídica de direito privado, 
estão submetidas aos fundamentos básicos da administração pública, como membros 
que são, da administração indireta do Estado. 
Irene Patrícia Nohara (2020), esclarece que o dinheiro destinado à empresa 
pública terá que ser somente de entidades públicas, podendo ser de diversos entes 
públicos contando que sejam exclusivamente de direito público interno ou participantes 
da administração indireta. A autora ainda ressalta, de forma explícita, que essa é uma 
característica que difere totalmente da empresa de economia mista, a qual discorreremos 
a seguir. 
As empresas de sociedade de economia mista, têm como principal característica 
de sua conceituação, a junção do capital do setor público e da repetição privada. O jurista 
José do Santos Carvalho Filho (2020), conceitua com mais detalhes, dizendo que o 
próprio termo exprime sua essencialidade. São associações anônimas, mais adequadas à 
exploração do exercício econômico, que terão o capital espalhado entre os investidores 
particulares e o Estado. 
Tratando-se da previsão legal, o artigo 5º do Decreto-Lei Nº 200, de 25 
de Fevereiro de 1967, dispõe o que é considerado uma sociedade de economia mista. 
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: 
[...] 
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada 
de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para 
a exploração de atividade econômica, sob a forma de 
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam 
em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. 
(BRASIL, 1967) 
A empresa de sociedade de economia mista terá por exclusividade sua 
administração feita pelos os agentes do Estado. A autora Miriam V. Fiaux Horvath 
(2011), ressalta que apesar do capital da empresa mista ser a junção dos investimentos 
do dinheiro público e do privado, o controle do comando da sociedade mista será do 
Estado, que inclusive, também será o principal acionista da entidade mista. Além disso, 
a escritora expõe mais alguns adendos sobre a temática, o primeiro é que o quadro 
funcional será preenchido por concurso público, e o segundo, que o seu regime está 
subordinado às normas da Lei de Sociedades Anônimas. 
A criação de uma empresa de economia mista, e também, de uma 
empresa pública, não pode ser iniciada e finalizada por mera vontade do agente público. 
O ordenamento jurídico, por sua vez, levanta casos específicos que dão motivos para a 
criação dessas empresas. 
Entendido a forma pela qual o Estado está inserido no mercado, fica evidente a 
preocupação do legislador com a sociedade e com o patrimônio nacional, entretanto é 
comum vermos estatais serem alvo de matérias expondo prejuízos, falta de 
transparência, ou sendo moeda de troca no meio político. Toda essa ingerência fica para 
a sociedade pagar, e não somente isso, é notório que os direitos dos credores são negados 
pelo fato das companhias do Estado, em eventual dificuldade e crise financeira, não 
serem objeto dos institutos da falência e recuperação judicial. 
APLICABILIDADE DA LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL ÀS 
EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA 
A Lei Nº 11.101, de 9 de Fevereiro de 2005, também conhecida como Lei 
de Falências ou LRE (Lei de Recuperação de Empresas) nasceu, no 
ordenamento jurídico brasileiro, com o escopo de regulara falência do empresário e da 
sociedade empresária, bem como também regular a recuperação judicial e a 
extrajudicial. 
Também é importante destacar a antiga Lei 6404/76, a qual em seu artigo 242 
trabalhava esse assunto, de forma mínima, sobre as empresas estatais exploradoras de 
atividade econômicas, entretanto a Lei teve o referido artigo revogado pela Lei nº 
10.303/01. 
Antecedendo a revogação do citado artigo 242, esse trecho da Lei 6404/76 já era 
alvo de debates quanto a sua constitucionalidade. Mesmo autorizando a penhora de bens, 
os doutrinadores já indagavam a não subordinação das empresas estatais em relação aos 
institutos de recuperação e falência. Hely Lopes Meirelles (2016) dizia que, as estatais 
devem ficar subordinadas à falência, logo, é assim que a constituição ordena a sua 
obediência ao regime jurídico das empresas privadas. Mas que, embora parte do artigo 
242 fosse de contra a carta magna, a segunda parte do trecho da lei defendia a essência 
da lei maior, e que se não fosse assim, as estatais teriam vantagens sobre as empresas 
privadas. 
A atual lei de falência e recuperação judicial é considerada nova no plano 
jurídico, contudo, anterior a ela, estava vigente o Decreto-Lei n. 7.661/45, o qual 
buscava regular a falência é um instituto chamado concordata. Nos dizeres de Marcelo 
Barbosa Sacramone (2021), apesar da vigência e aplicação em algumas hipóteses, o 
Decreto-Lei demonstrou incapacidade de satisfazer os credores em alguns casos 
concretos e assim se deu a necessidade de reforma, sendo convertida na Lei nº 
11.101/2005, a qual foi sancionada pelo Presidente da República em 9 de fevereiro de 
2005. 
Em seu artigo 1º, a Lei nº 11.101 (2005), já traz de forma expressa que sua 
aplicação se dará somente ao empresário e à sociedade empresária, também 
dispondo expressamente em seu artigo 2º, as pessoas excluídas da falência e 
da recuperação. Alvo de muitos questionamentos levantados e também da problemática 
deste trabalho, é a exclusão presente no inciso I do artigo 2º, a não aplicabilidade da Lei 
às empresas públicas e sociedades de economia mista. 
Apesar da importância da Lei Nº 11.101/2005 e sua literalidade, a exclusão das 
empresas públicas e sociedades de economia mista de seu regime, suscita diversos 
apontamentos jurídicos e críticos quanto a sua constitucionalidade, visto que, a 
Constituição Federal de 1988, ao criar a autorização da intervenção direta por meio de 
empresas, colocou as sociedades públicas em pé de igualdade no decorrer do texto da 
lei. 
O jurista José dos Santos Carvalho Filho (2020), ressalta que vários estudiosos 
não concordam com a exclusão das estatais feita pela Lei 11.101/2005, pois o artigo 173 
da Constituição Federal estabelece que as estatais possuem as mesmas obrigações, civis, 
trabalhistas, tributárias e comerciais. Sendo assim, o ex-membro do Ministério Público, 
explica que elas teriam que se submeter à falência, assim como as empresas da esfera 
privada. 
Assim como uma parte da doutrina argumenta que a Lei nº 11.101/2005 pode e 
deve ser aplicada às empresas públicas e sociedades de economia mista, outra parte 
defende o contrário, contudo, apesar dessa linha de pensamento contrária, o texto 
constitucional, desde 1988, dispõe de forma expressa que a falência e a recuperação 
judicial são institutos incluídos no regime jurídico próprio das empresas privadas e que 
as estatais, exploração direta de atividade econômica pelo Estado, estão sujeitas ao 
regime jurídico próprio das empresas privadas. 
Vê-se, portanto, que a bem elaborada Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 trata expressamente da aplicabilidade dos institutos da falência e 
da recuperação judicial às estatais. De acordo com Marcelo Sacramone (2021), qualquer 
dispositivo que disponha tratamento diferenciado às empresas públicas e sociedades de 
economia mista, contraria a norma constitucional e toda sua clareza, visto que se 
desempenharem atividade econômica, estarão submetidas ao regime jurídico privado 
das pessoas jurídicas de direito privado. 
Na mesma linha de pensamento, Marlon Tomazette (2020) acredita que, para as 
empresas estatais exploradoras de atividade econômica, não deve possuir nenhuma 
diferenciação quanto à aplicação da Lei nº 11.101/2005, pois não possuem uma 
justificativa viável e existe mandamento constitucional impedindo tal diferenciação, 
todavia, as que prestam serviços públicos, de fato, estão excluídas de sua aplicabilidade, 
sem qualquer inconstitucionalidade, em razão da distinção de regimes. 
DISCUSSÃO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
Atualmente, esse debate chegou ao Supremo Tribunal Federal com o RE 
1.249.945, no qual a empresa Municipal de Serviços, Obras e Urbanização (Esurb), de 
Montes Claros (MG), entrou contra o Tribunal do Estado de Minas Gerais em razão de 
ter sido negado à empresa o procedimento de recuperação judicial da sociedade. Não 
obstante, a matéria se encontra em tramitação no STF e agora está sendo discutida na 
prática a aplicabilidade ou inaplicabilidade da Lei de Falência e Recuperação Judicial às 
estatais. 
O Recurso Extraordinário 1.249.945 ficou sob a responsabilidade do Ministro 
Roberto Barroso, que devido há anos de discussão nos tribunais, entre a maioria dos 
doutrinadores e a lei vigente, o STF optou por colocar o RE 1.249.945 em Repercussão 
Geral, sendo uma ferramenta processual para unificar os entendimentos dos tribunais em 
relação ao assunto. 
Sobre este Recurso Extraordinário 1.249.945, atualmente, a última 
movimentação importante foi o relatório do relator Min. Roberto Barroso na data 
27/08/2020. O relatório traz teses fortemente embasadas pelo Senhor Ministro, que, em 
suma, vai contra os pedidos da estatal Esurb, e consequentemente ao entendimento da 
maioria dos doutrinadores. 
Primeiramente, o Ministro Barroso (2020) destaca que não há dúvidas quanto à 
constitucionalidade da norma, sendo desnecessária a provocação do Órgão Especial. 
Sintetizando a sua tese, o Ministro explica que as características das empresas públicas 
já afastam a aplicabilidade da Lei 11.101/05, devido a incompatibilidade. 
Além do mais, já no caso em específico, o Ministro Barroso (2020) expõe que a 
aplicação da recuperação judicial pode ter dois efeitos, sendo eles a reestruturação 
econômica da própria empresa ou a falência forçada da sociedade econômica. Em um 
eventual cenário de extinção da empresa estatal, o Ministro explica que a solvência não 
seria possível, pois sua criação se dá por meio de lei devido a motivação do interesse 
público. Consequentemente, a falência, por regras empresariais, pode colocar em xeque 
o interesse público. Posto isto, legitima a constitucionalidade do artigo 2°, inciso II, da 
Lei 11.101/2005. 
No decorrer do seu relatório, o Ministro Barroso cita os intensos debates entre os 
doutrinadores sobre o assunto e também cita que atualmente existem 3 linhas 
de pensamento doutrinário. 
A primeira sustenta a inconstitucionalidade do art. 2º, II, da Lei 
11.105/2005, por afronta o art. 173, §1º, II, da Constituição, 
tendo em vista que as entidades administrativas possuem os 
mesmos direitos que as empresas privadas, o que incluiria o 
mesmo regime de insolvência. A segunda defende a 
interpretação conforme a Constituição do dispositivo, de modo a 
afastar o regime falimentar apenas das empresas estatais 
prestadoras de serviço público, submetendo as que exercem 
atividade econômica ao regime de falência e recuperação 
judicial. Por fim, a terceira corrente afirma a constitucionalidade 
da exclusão das empresas estatais do regime falimentar, na 
medida em que a extinção dessas entidades administrativas 
somente poderia ocorrer por lei e não por decisão judicial de 
decretação de insolvência. (STF - RE: 1249945 MG 5005428-
07.2017.8.13.0433, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de 
Julgamento: 27/08/2020, Tribunal Pleno, Data de Publicação:27/11/2020) 
Posto isto, o Ministro Barroso (2020) fundamenta que essa discussão não 
representa o entendimento do STF, mesmo tendo vários julgados sobre o regime das 
empresas estatais. Além do mais, não existem características duvidosas que colocam 
em desconfiança a constitucionalidade do art. 2º, II, da Lei 11.105/2005 e nem 
procedimentos da Turma acerca do assunto, sendo assim, supõe-se a 
constitucionalidade da norma. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Observando diversos casos de empresas públicas apresentando enormes 
prejuízos anos após anos, faz surgir uma minuciosa análise acerca do tema, para 
entender como o sistema jurídico brasileiro trabalha esse assunto. Diante do exposto, 
essa pesquisa científica teve como anseio investigar os fundamentos jurídicos que 
sustentam a aplicação da Lei Nº11.101/05 às empresas públicas e sociedades de 
economia mista. 
Dessa maneira, o presente artigo visou mostrar como a Lei aborda o assunto de 
falência em empresas públicas de forma clara e concisa, qual a posição majoritária de 
diversos autores citados na pesquisa, que vai em discordância com ordenamento 
jurídico, além de como o Supremo Tribunal Federal está defendendo o texto da atual 
Lei. 
Ao longo deste artigo, ficou visível que mesmo antes da Lei 11.101/05 passar a 
ser vigente, já existiam doutrinadores que defendiam a aplicação dos institutos 
falimentares para as empresas públicas e que, em caso contrário, haveria divergência 
com o disposto na Constituição Federal e tornaria a competição de mercado injusta, 
trazendo assim o desequilíbrio econômico. À vista disso, na visão doutrinária, o 
trabalho buscou avaliar a possibilidade de aplicação da norma em empresas públicas. 
Consequentemente, ao decorrer do artigo se buscou demonstrar que seria 
possível, e melhor, a abrangência da Lei 11.101/05 para as empresas públicas e 
sociedades de economia mista, conforme defendido pela opinião dominante entre os 
doutrinadores. Não obstante, para a melhor compreensão do leitor buscou-se explicar 
a temática do trabalho de forma simples, completa e embasada. 
Como limitações de pesquisa, insta destacar que embora o relator Senhor 
Ministro Roberto Barroso tenha as suas teses citadas no trabalho, mas não detalhadas, 
sem dúvida nenhuma a sua linha de raciocínio vale a exploração como objeto de 
pesquisa futura. De modo que, em um outro cenário futuro e com outros possíveis viés 
de pensamento, tanto o doutrinário como o jurisprudencial, há-se a possibilidade de 
ser aberto um novo debate. 
CONSIDERÇÕES FINAIS 
Quando a lei se reporta a empresário, deve-se entender uma referência ao 
empresário individual, que é a pessoa física que exerce a empresa em seu próprio nome, 
assumindo todo o risco da atividade, é a próprio pessoal física que será titular da 
atividade. Ainda que lhe seja atribuído um CNPJ próprio, distinto do seu CPF, não há 
distinção entre a pessoa física em si e o empresário individual. Com a lei n° 12.441/2011 
também devem ser abrangidas as empresas individuais de responsabilidade limitada 
(EIRELI’s) que são uma pessoa jurídica criada como centro autônomo de direitos e 
obrigações para o exercício individual da atividade empresarial. Independentemente da 
natureza, o fato é que EIRELI poderá ser usada para exercer atividade empresarial e, por 
isso, se enquadra no conceito de empresário. 
Nas atividades econômicas em geral, todos assumem riscos. O investidor retira 
capital de seu patrimônio e o liga a determinadas atividades. 
Em todos os conceitos apresentados, vê-se a ideia fundamental da falência como 
o processo de execução coletiva contra o devedor empresário. Em outras palavras, a 
falência é o procedimento visando à liquidação do patrimônio de devedor, para satisfação 
dos credores de acordo com uma ordem legal de preferência, para evitar maiores prejuízos 
na condução da atividade pelo devedor. Dentro dessa concepção, podemos visualizar a 
falência como um processo de execução, na medida em que ela representará a atuação 
jurisdicional para liquidação forçada do patrimônio do devedor empresário. 
Contudo, a falência não é uma execução individual, mas uma execução coletiva. 
Diz-se coletiva porque o processo será universal, no sentido de abranger todos os credores 
e todos os bens disponíveis do devedor. 
Apesar da conclusão da falência como um processo de execução coletiva, não se 
pode deixar de registrar, porém, a presença de respeitáveis opiniões em sentido contrário 
 
 FASE DA FALÊNCIA 
- FASE PRÉ-FALIMENTAR 
Nessa fase pré-falimentar são verificados os pressupostos para a instauração da falência, 
vale dizer, nessa fase irá se verificar se a falência é aplicável ou não a situação em análise. 
Tal fase se inicia com o pedido de falência ou eventualmente como o pedido de 
recuperação judicial e se encerra com a sentença. Caso haja a denegação da falência, 
obviamente não há a sequência das próximas fases, porquanto sequer é cabível a falência 
no caso em análise. De outro lado, decreta a falência, passa-se à próxima fase. 
- FASE FALIMENTAR 
Decreta a falência, passa-se à segunda fase do processo chamada de fase falimentar 
propriamente dita, na qual o processo atuará como um processo de execução. Nesta fase 
do processo, teremos providências tendentes à apuração do passivo, apuração do ativo, 
realização do ativo, pagamento dos credores e medidas complementares. 
Na fase falimentar, serão identificados os credores sujeitos ao processo, por meio de 
procedimentos de verificação de créditos, que é essencialmente o mesmo da recuperação 
judicial. 
- FASE PÓS-FALIMENTAR 
Depois de encerrada a falência, estaremos diante da fase pós-falimentar, que abrange 
alguns efeitos causados pela falência, em especial a inabilitação do devedor para o 
exercício da atividade empresarial. Outrossim, nessa fase o devedor poderá requer a 
extinção das suas obrigações pelos fatos previstos no artigo 158 da lei n° 11.101/2005, 
ensejando eventualmente nova atuação jurisdicional. 
- OBJETIVOS 
Dentre todas as fases da falência a mais importante é a fase falimentar, que busca a 
satisfação dos credores. Em razão disso, pode-se afirmar que seu objetivo mais amplo é 
o pagamento de todos os credores do devedor empresário de acordo com uma ordem legal 
de preferência. Dentro dessa ideia, a falência teria como objetivo principal assegurar a 
igualdade entre os credores de um devedor juridicamente insolvente, permitindo que eles 
tenham seus créditos satisfeitos de acordo com a ordem legal de preferência (importância 
para o legislador) e não pela sua agilidade. 
- PRINCÍPIOS 
Para que a falência consiga alcançar seus objetivos, ela deverá obedecer a certos 
princípios, que deverão pautar a interpretação da lei n° 11.101/2005, bem como a própria 
atuação do poder judiciário nos processos de falência. Os princípios “são normas que 
ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades 
jurídicas e reais existentes”. 
- IGUALDADE ENTRE OS CREDORES 
A falência é um processo de execução coletiva contra o devedor empresário e, nessa 
condição, ela avisa ao pagamento de todos os credores e não apenas de alguns. Como 
raramente haverá recursos suficientes para o pagamento de todos, o processo de falência 
organiza os credores em classes e efetua o pagamento de acordo com uma ordem de 
importância. A ideia e dar um tratamento melhor a quem merece mais proteção, evitando 
uma situação de desigualdade entre os credores. 
- CELERIDADE PROCESSUAL 
O tempo é um mal para qualquer atuação jurisdicional. Até por isso, a constituição federal 
estabelece um direito fundamental á adequada duração de processo (art. 5°, LXXVIII). 
Há uma grande preocupação com a utilidade das decisões, buscando-se as melhores 
formas de dar a quem tem razão tudo aquilo e exatamente aquilo a que tem direito. Neste 
particular, exsurge o fator tempo como grandeinimigo da efetividade do processo, na 
medida em que uma demora na prestação jurisdicional pode inviabilizar o adequado 
exercício dos direitos. 
- ECONOMIA PROCESSUAL 
Dentro da mesma ideia, no sentido da busca de um processo de falência mais rápido, 
impõe-se a obediência ao princípio da economia processual, que visa a reduzir não só o 
tempo, mas também o custo do processo. Este não é um fim em si mesmo, mas um meio 
para que os objetivos da falência sejam alcançados. 
- PRESSUPOSTOS DE INSTAURAÇÃO DA FELÊNCIA 
O primeiro pressuposto para a instauração da falência é a legitimidade passiva especifica, 
entendida como uma restrição da aplicação da falência. Em outras palavras, a falência só 
se aplica aos empresários individuais e sociedade empresárias que não sejam afastados 
por determinações legais específicas. 
 REFERÊNCIAS 
Curso de direito empresarial, falência e recuperação de empresas, volume 3. 
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57670/anlise-da-aplicabilidade-da-lei-
n-11-101-05-s-empresas-pblicas-e-sociedades-de-economia-mista-luz-dos-institutos-da-
falncia-e-recuperao-judicial. Acessado: 28/10/2022. 
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57670/anlise-da-aplicabilidade-da-lei-n-11-101-05-s-empresas-pblicas-e-sociedades-de-economia-mista-luz-dos-institutos-da-falncia-e-recuperao-judicial
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57670/anlise-da-aplicabilidade-da-lei-n-11-101-05-s-empresas-pblicas-e-sociedades-de-economia-mista-luz-dos-institutos-da-falncia-e-recuperao-judicial
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57670/anlise-da-aplicabilidade-da-lei-n-11-101-05-s-empresas-pblicas-e-sociedades-de-economia-mista-luz-dos-institutos-da-falncia-e-recuperao-judicial

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