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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Departamento de Farmacologia Farmacologia I (Far) – CBS09010 Exercícios – Farmacologia da Dor Analgésicos não-opioides e opioides são fármacos extremamente importantes no manejo da dor. Geralmente, analgésicos não-opioides são utilizados para o tratamento de quadros de dor mais leve, enquanto analgésicos opioides são reservados para situações onde a dor é mais intensa. Explique quais as diferenças nos mecanismos de ação entre esses fármacos, bem como as vantagens e desvantagens no seu uso. Por fim, cite pelo menos 1 representante de cada grupo. Analgésicos não-opioides: O principal exemplo de analgésicos não opioides são os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), cujo mecanismo de ação se baseia na inibição da via da ciclooxigenase (COX), responsável por converter o ácido araquidônico proveniente da ação da fosfolipase A2 sobre os fosfolipídios nas membranas celulares. A COX é responsável pela produção dos chamados eicosanóides (prostaglandinas, tromboxano e prostaciclina), responsáveis pela regulação do termostato hipotalâmico, pela estimulação das células imunes, sensibilização dos nervos à dor, agregação plaquetária, regulação do calibre dos vasos e regulação da produção da mucosa estomacal. Existem duas isoformas da COX: a COX-1, também chamada de “constitutiva”, que é expressa naturalmente pelo organismo em situações fisiológicas normais, sendo responsável pela regulação na produção de muco no estômago (prostaglandinas), pela agregação plaquetária (tromboxano A2), entre outras funções, e a COX-2, ou “indutível”, cuja expressão e atividade são aumentadas mediante presença de citocinas ou outros estímulos inflamatórios. Dentre as vantagens do uso de AINEs podemos mencionar que, de forma geral, esses fármacos apresentam boa absorção por via oral e possuem, além de ação anti-inflamatória, ações antitérmica, analgésica e antiagregante bastante satisfatórias. As desvantagens do uso dos AINEs inibidores da COX-1 são majoritariamente problemas gástricos devido a diminuição da síntese de prostaglandinas e o comprometimento da coagulação pela inativação irreversível do tromboxano A2, responsável pela agregação plaquetária. Além disso, os inibidores da COX-1 também podem causar precipitação de asma e reações alérgicas, uma vez que, se a COX está inibida, há um excesso de ácido araquidônico disponível que pode ser desviado para uma segunda via de conversão: a via da lipoxigenase, cujo produto são os leucotrienos, que agem como broncoconstritores. Outros efeitos adversos dos inibidores da COX-1 incluem insuficiência renal e retardo no trabalho de parto. A segunda classe dos AINEs, os inibidores da COX-2, também conhecidos como coxibes, não está tão atrelada aos problemas gástricos dos inibidores da COX-1, mas seus efeitos adversos incluem aumento na incidência de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco e diminuição na produção de prostaciclina vascular, responsável por vasodilatação e inibição agregação plaquetária. Exemplos: cetoprofeno e AAS são AINEs mais seletivos a COX-1, ibuprofeno e paracetamol são não-seletivos e diclofenaco e celecoxibe são mais seletivos a COX-2. OBS: glicocorticoides também são não-opioides que podem ser utilizados como mediadores da dor, mas seu uso está mais atrelado a ação anti-inflamatória e imunossupressora. Analgésicos opioides: Opioides agem atuando sobre receptores opioides (µ, κ e δ) metabotrópicos acoplados a proteína G que inibem a adenilato ciclase, levando a uma diminuição na liberação de neurotransmissores pelo neurônio pré-sináptico e/ou hiperpolarização do neurônio pós-sináptico. De modo geral, os opioides inibem a transmissão de informações nociceptivas ao encéfalo. A ação analgésica dos opioides se deve em grande parte à ativação de receptores µ, que exercem ações periféricas, espinais e supraespinais inibindo as vias ascendentes e estimulando as vias descendentes. Além disso, os fármacos opioides são capazes de modular a resposta emocional à dor, aspecto que não é observado nos fármacos não-opioides. Os opioides são geralmente bem absorvidos por via oral, apesar de apresentarem variabilidade quanto ao metabolismo de primeira passagem, bem como por via subcutânea e intramuscular, além de poderem ser administrados por via inalatória, transdérmica e intratecal. Quanto às desvantagens atreladas aos opioides, pode-se citar o desenvolvimento de tolerância e dependência em usos prolongados, bem como a ocorrência de hiperalgesia, uma condição onde a percepção da dor é aumentada. Exemplos: tramadol, morfina, oxicodona e fentanil.
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