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Pergunta 1 Observe os quadrinhos. O objetivo do texto é Resposta Selecionada: c. criticar a necessidade de registro e de exposição dos momentos íntimos nas redes. Pergunta 2 Leia os quadrinhos e o texto a seguir. Falar que alguém é cego por não te cumprimentar na rua ou que deu mancada por cometer um erro são exemplos clássicos de capacitismo, o preconceito contra pessoas com deficiência. O termo, que vem da tradução do inglês ‘Ableism’, significa destratar ou ofender uma pessoa por sua deficiência. “O capacitismo é a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais, incapazes, em comparação com um referencial definido como perfeito”, diz Lau Patrón, 32, escritora e cofundadora da empresa PONTE Educação para a Diversidade, onde presta mentoria para empresas sobre inclusão. Influenciadores da inclusão Foi lendo o que Patrón escrevia sobre capacitismo, em meados de 2017, que o estudante de Pedagogia Ivan Baron, 23, conheceu o termo e se embasou para fazer seus esquetes sobre o assunto no Instagram. De forma bem-humorada, Baron conseguiu colocar o capacitismo na pauta de programas de televisão e vem angariando seguidores com seus vídeos debochados. O potiguar discute o capacitismo pela perspectiva pedagógica e própria, já que tem paralisia cerebral e anda com o auxílio de uma bengala. Segundo ele, o tema não é engraçado, mas o tom adotado tem o objetivo de chamar atenção para o preconceito contra pessoas com deficiência. Em vídeos curtos no Instagram, Baron aborda frases capacitistas comuns, demonstra como elas são carregadas de preconceito e oferece alternativas que não sejam ofensivas. Em um esquete, ele debocha do fato de pessoas com deficiência serem chamadas de especiais e começa a pedir por vantagens por causa da alcunha. Nos vídeos, quase sempre ele tem a companhia da amiga ‘Judite’, uma mulher que faz o papel de capacitista, que destila as frases preconceituosas. “Eu posso ser especial, mas não pela minha paralisia, e sim pelas minhas atitudes. Temos que parar de achar que toda pessoa com deficiência é boazinha, um anjo ou inútil”, diz Baron. O influenciador considera seu trabalho nas redes sociais importante para a popularização do termo e para o entendimento de que o capacitismo traz sérias consequências para a vida de pessoas com deficiência. “É poder dar visibilidade às pessoas com deficiência em todas as formas que elas quiserem se expressar”, diz. Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/capacitismo-entenda-o-que-e-e-como-evitar-preconceit o-disfarcado-de-brincadeira/>. Acesso em 11 out. 2022. Com base na leitura, avalie as afirmativas. Os quadrinhos valem-se do humor e, assim, difundem implicitamente um discurso capacitista, tal como definido no texto. O capacitismo caracteriza-se como uma tentativa de inclusão social, ou de capacitação profissional, das pessoas com deficiência, uma vez que valoriza suas características próprias no cotidiano. O personagem Armandinho, ao se recusar a se socializar com o menino cadeirante, assume uma atitude discriminatória e capacitista. O trabalho do estudante apresentado no texto consiste em desvendar, por meio do humor, o preconceito presente em frases e situações comuns do dia a dia. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: e. IV. Pergunta 3 Leia o texto a seguir, escrito por Antonio Laudenir no Diário do Nordeste em 13 de fevereiro de 2022. A Semana de Arte moderna completa 100 anos. Naquele fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, uma série de apresentações artísticas, exposições e palestras pedia passagem para novas ideias. Um século depois, como a mensagem e a atitude desses artistas dialogam com os dias atuais. O contexto político e social de 1922 era notório. Pouco antes, o mundo atravessou o horror da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). No Brasil, as engrenagens da industrialização empurravam a urbanização das capitais. O “centenário da independência” era o grande marco histórico daquele ano. Para as mentes por detrás da Semana, a data era simbólica pelo anseio de mudança que ela carrega. Representava a urgência de os brasileiros terem uma cultura livre e independente. A influência da Semana de 22 foi objeto de estudo ao longo das décadas, permitindo o debate de inúmeros temas como representatividade, pioneirismo, moda, música, carnaval e inclusão. Segundo o professor de história Ítalo Gomes, o mundo respirava ares de mudança, de transformação. Nos EUA, os “loucos anos 20” tinham como pauta principal a liberdade. As mulheres buscavam mais espaço. O jazz seguia cenário efervescente. No Brasil, enumera, a década inicia a decadência das oligarquias. Em 1922, o tenentismo avança contra a “política do café com leite” e o voto controlado. “A Semana representa, intelectualmente, uma nova maneira de enxergar o mundo, vindo desse modernismo internacional. Enxergar fora do classicismo, sob uma nova ótica, fora do tradicionalismo, rompendo costumes atrasados e conservadores da elite brasileira. Ser moderno e ver o mundo assim. Essa condição do olhar diferente se demonstra na estética das obras. Simbolicamente traz esse olhar, esse vento de mudança”, avalia Ítalo Gomes. Assim, entre os dias 13 e 17 daquele mês, intelectuais, pintores, escultores, músicos e escritores, como Menotti Del Picchia, Mário e Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Graça Aranha, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti, entre outros, reuniram-se para mostrar suas obras e releituras. A missão desses artistas era a ruptura com o velho e a divulgação da dita arte moderna aos brasileiros. Contudo, as ideias modernistas já circulavam muito antes da realização da Semana. O evento pontua um momento de curva dessa busca por renovação. A proposta de mudança atraiu reações acaloradas. Em meio às apresentações da mostra, o público respondia com vaias, indignações e xingamentos. Mesmo com o olhar torto da sociedade, a mensagem pretendida pelo grupo vingou. Disponível em <https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/o-que-semana-de-22-pode-ensinar-par a-o-brasil-de- 2022-teste-conhecimentos-com-quiz-1.3191568>. Acesso em 25 jul.2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu em 1922. O principal objetivo era aprovar a perspectiva estética clássica, defendida pela elite econômica da época. II. A Semana de Arte de 1922 deu origem ao Modernismo como corrente estética, e sua realização tinha objetivos artísticos, sem relação com o contexto político e econômico do início do século XX. III. A proposta da Semana de 22 era romper com o conservadorismo na forma de fazer arte e cultura, valorizando aspectos da realidade brasileira. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: d. III. Pergunta 4 Incorreta Leia o texto a seguir, publicado em 29 de julho de 2022, no portal Terra, e a charge. Metaverso chega ao ambiente corporativo: isso vai mudar tudo Especialista explica como o metaverso está sendo utilizado pelas empresas Desde os primeiros rumores do surgimento do metaverso até os primeiros ambientes concretizados, o assunto é destaque em praticamente todos os setores e tem sido considerado uma das principais tendências tecnológicas para os próximos anos, apesar de não ser uma tecnologia nova. Contudo, o custo elevado de criação, assim como o número restrito de profissionais capacitados para o desenvolvimento desses ambientes virtuais, ainda torna a pluralização do metaverso mais lenta. Por ser um ambiente digital imersivo, o metaverso é fundamentado em tecnologias como realidade aumentada, realidade virtual e hologramas. Ou seja, ele é uma espécie de nova camada de realidade, sendo capaz de unir os mundos real e virtual em uma única experiência. Por isso, o metaverso é uma excelente opção para as empresas desenvolverem ambientes de treinamento, interação social, aprimoramento da experiência do home office e reuniões. Outra opção que vem sendo muito exploradaé a utilização do metaverso em congressos, summits e encontros em geral, que anteriormente aconteciam apenas em plataformas de videoconferências. “Como especialista reconhecida mundialmente em Smart Cities e varejo, participo de diversos congressos e prêmios internacionais que debatem o tema. Percebo que há uma tendência de que estes eventos ocorram simultaneamente no metaverso, colocando em prática os conceitos do ‘figital’, a mistura do mundo físico e do digital, e que também sejam um canal de vendas”, explica Regiane Relva Romana, diretora do Smart Lab Facens. (...) Regiane destaca ainda que, no Brasil, já existem empresas investindo de forma substancial no metaverso e que o LIGA Facens (Laboratório de Inovações, Games e Apps do Centro Universitário Facens) já desenvolveu alguns projetos de metaverso para fins de treinamentos industriais e educacionais, que podem ser levados para todas as salas de aulas das redes públicas e privadas. Disponível em <https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-dia/meu-negocio/metaverso-chega-ao-amb iente- corporativo-isso-vai-mudar-tudo,e61fcf4c72608c5d7d46ecf2b56bddc2mwo2qioz.html>. Acesso em 04 ago. 2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. A charge e o texto mostram que o metaverso cria a realidade virtual, que equivale à realidade física em todos os aspectos. PORQUE A charge e o texto evidenciam as vantagens do metaverso como uma ferramenta tecnológica para a realização de bons negócios. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. Resposta Selecionada: d. A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. Pergunta 5 Leia o texto a seguir. O futebol é muito desigual Miro Palma Tá pra nascer ambiente mais desigual... Calma, eu não estou falando do Brasil. Poderia, talvez esteja falando dele também em algum nível, mas na verdade estou falando mesmo do futebol. De um lado um Neymar, o jogador mais caro do mundo, vendido por 222 milhões de euros, quase um bilhão de reais, um bilhão. Do outro lado um Wallace, meia de 19 anos do Fortaleza, que mal tem condições de comprar uma chuteira. Wallace não é o único, assim como Neymar. Mas, sabemos que há muito mais jogadores como o meia cearense, leia-se muito mesmo, do que como o craque do PSG. A desigualdade social que racha em um abismo profissionais da mesma área tem raízes nas nossas próprias mazelas sociais e galhos longos na estrutura do futebol brasileiro. O nosso futebol é feito para poucos. Fato. Poucos jogadores conseguem jogar, poucos times conseguem alcançar índices consistentes e poucos profissionais conseguem trabalhar o ano inteiro. E se não há trabalho, não há patrocínio, não há cotas de investimentos corporativos e de TVs, não há remuneração. Dos 267 clubes que participaram da primeira divisão de todos os campeonatos estaduais e do Distrito Federal, 190 têm calendário profissional apenas até junho. Isso representa que, para 71% desses times que estão na elite dos seus estados, o ano de competições só tem seis meses. Os números são de um levantamento feito pala Rede do Futebol em parceria com o globoesporte.com, que mostra ainda que dos 8.863 atletas registrados na CBF em 1º de março, 43,5% tinham contratos temporários com prazo de, no máximo, 180 dias. Ou seja, para esses 3.863 jogadores, o futebol é um dos outros tantos trabalhos que eles precisam desempenhar ao longo do ano para poder sustentar as suas famílias. Talvez por isso tenha sido tão difícil para o jogador do Fortaleza comprar uma chuteira, dividindo o pagamento do produto que custou R$ 400 em três vezes no cartão da tia. Wallace foi revelado pelo Floresta enquanto disputava o Campeonato Cearense. Essa é a primeira vez que o clube disputa a primeira divisão da competição. Neste ano, também, o Floresta – time que foi profissionalizado em 2015 – vai disputar a Copa do Brasil. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que, se os jogadores que atuam durante quatro meses por ano jogassem o ano inteiro, existiria uma geração de 25 mil novos empregos e R$ 600 milhões por ano no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Traduzindo: fazer as nossas ligas crescerem e criar e aumentar os calendários dos clubes dão dinheiro. E esse dinheiro – além da geração de emprego, da movimentação econômica nas cidades, entre outros benefícios – poderia ser uma ponte para ligar o abismo que hoje separa jogadores como Wallace e Neymar. Disponível em <https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/o-futebol-e-muito-desigual/>. Acesso em 29 jun. 2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A desigualdade social que marca a realidade brasileira também se expressa no futebol. II. Cerca de 71% dos times que estão na elite do futebol de seus estados têm atividades por apenas seis meses no ano. III. Se os jogadores atuassem o ano inteiro, seriam gerados 25 mil empregos e o PIB brasileiro seria de R$600 milhões. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. I e II, apenas. Pergunta 6 Leia o texto e a charge a seguir. COP26: Na contramão do mundo, Brasil teve aumento de emissões de CO2 durante a pandemia Na contramão do mundo, o Brasil teve aumento de 9,5% nas emissões de gases poluentes em 2020, em plena pandemia de covid-19, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Já a média global de emissões sofreu redução de 7%, por causa das paralisações de voos, indústrias e serviços ao longo de 2020. (...) Em 2020, o desmatamento na Amazônia foi o maior em 11 anos, alcançando 10.851 km², segundo os dados oficiais do sistema Prodes/Inpe. A perda de florestas e as mudanças no uso do solo são responsáveis pela maior fatia das emissões brutas brasileiras — 46%, segundo os dados do SEEG. E a Amazônia é, segundo o relatório do Observatório do Clima, o bioma que historicamente mais tem emitido gases do efeito estufa, "decorrentes principalmente do avanço da pecuária sobre as florestas". Segundo o levantamento, em 2020, as emissões brutas na maior floresta tropical do mundo foram até sete vezes maiores do que no Cerrado, o segundo bioma que mais emitiu gás carbônico por desmatamento e pecuária. As emissões da agropecuária sofreram alta de 2,5% — o maior aumento desde 2010. PASSARINHO, Nathalia. COP26: Na contramão do mundo, Brasil teve aumento de emissões de CO2 em ano de pandemia. BBC, publicado 28 out. 2021. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59065361>. Acesso em 14 ago. 2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I. A figura relaciona o isolamento social durante a pandemia de covid-19, medida adotada para reduzir a transmissão do vírus causador dessa doença, com o aumento do desmatamento observado no Brasil. PORQUE II. Segundo o texto, além do desmatamento, o setor da pecuária é um fator importante na emissão de gases estufa, que aumentou durante o período da pandemia. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. Resposta Selecionada: d. A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. Pergunta 7 Leia o texto a seguir, de Rubem Alves. Um texto sobre a Páscoa O Luiz Fernando Veríssimo escreveu uma crônica hilariante sobre a Páscoa. Foi um diálogo absurdo entre um menino, seu pai e sua mãe, sobre o sentido dessa festa. A crônica termina com uma observação justíssima do menino. Disse ele: “Eu acho que, em vez de ‘coelho da Páscoa’, deveria ser ‘galinha da Páscoa’…”. Pois é claro. Todo mundo sabe que coelhos não botam ovos. E todos sabem que galinhas botam ovos… Confesso minha ignorância: não sei como é que o coelho entrou nessa estória. Para início de conversa, é preciso lembrar que os textos sagrados não fazem referência nenhuma a esse animalzinho fofo. Quem foi que teve a ideia de torná-lo o personagem mais importante dessa celebração cristã? Certamente um gozador. E para tornar a estória mais absurda, fizeram com que os coelhos, que não botam ovos, botassem ovos de chocolate…Nos tempos de Jesus Cristo havia chocolate? Acho que não. Galinhas não são seres poéticos. Na poesia elas sempre aparecem como bichos engraçados, cacarejantes, de inteligência curta, cuja única função é botar ovos e serem transformadas em canja. Assim, é compreensível que vocês não gostem da ideia de galinhas de Páscoa. Eu também não gosto. Mas poderia ser “pombas de Páscoa”. Pombas são seres teológicos, começando com a Arca de Noé. A se acreditar no relato do Antigo Testamento, Noé, para se certificar de que o dilúvio acabara, soltou um corvo. Confesso que se eu fosse Noé teria adotado um método mais simples. Teria aberto a janela da arca e esticado o pescoço para fora. Eu veria, então, que a chuva havia terminado e que as plantas já estavam soltando os seus brotos. Será que Noé acreditava que o corvo, depois de voar, voltaria para dar um relatório? Como é que o corvo comunicaria os seus achados? O corvo ingrato não voltou. Desde então, eles se tornaram aves de má fama, injustamente. Vendo que o corvo não voltava e sem se dar conta do método mais fácil que sugeri, ele soltou uma pomba. Ah! Ave maravilhosa! Voou, viu, apanhou um ramo verde de oliveira e o trouxe para Noé! É preciso notar que as oliveiras daqueles tempos extraordinários deveriam ser diferentes das oliveiras de agora. As oliveiras de agora certamente estariam mortas, depois de passar tanto tempo debaixo d’água. Oliveiras não são plantas subaquáticas. Foi então que, pelo galho de oliveira que a pomba lhe trouxera, Noé ficou sabendo que o dilúvio havia chegado ao fim. Desde então as pombas passaram a ser símbolos teológicos: símbolos de pureza, símbolos de paz. Uma das telas mais comoventes de Picasso é uma menina com uma pombinha nas mãos. De fato, as pombas têm um jeitinho de mansidão. O que não acontece com os corvos de bico torto. Bom para os corvos, mau para as pombas. As pombas passaram a ser usadas como aves a serem sacrificadas no templo pelas razões mais incríveis. Se não me falha a memória, as mulheres, terminado seu período menstrual de impureza, deveriam sacrificar pombas no templo para se purificarem. Pobres pombas! O templo era uma sangueira. Quem quiser saber mais sobre a sangueira do templo que leia o livro de Saramago, “O evangelho segundo Jesus Cristo”. Os corvos, pela esperteza do primeiro corvo que não voltou, ficaram livres desse triste destino. Vem então o Novo Testamento que sacraliza definitivamente as pombas, ao relatar que o Espírito Santo é uma pomba. A respeito disso, leia-se o poema de Alberto Caeiro em que ele conta como Jesus voltou à Terra, tornado outra vez menino. É lindo. Brincadeira de lado, o embaraço dos pais e a pergunta do menino revelam a confusão que marca essa festa. Ninguém sabe direito o que é que está sendo celebrado. E, para dizer a verdade, acho que são bem poucos aqueles que fazem alguma celebração. Antigamente, semana santa era coisa séria. Lembro-me da procissão do enterro, os panos roxos, a banda de música tocando a marcha fúnebre de Chopin, as matracas, as mulheres mais piedosas carregando pedras na cabeça, como penitência… Isso mesmo: as mulheres carregavam pedras na cabeça. Como é bem sabido, Deus gosta de ver os seus filhos e filhas sofrerem. Isso para não dizer da quaresma que a antecede, tempo em que as hostes do mal, demônios de todos os tipos, assombrações, mulas sem cabeça e almas penadas ficavam soltos, e todo mundo tinha medo de sair à noite. Sempre havia alguém que relatava, pela salvação da mãe morta, que havia visto uma mula sem cabeça numa encruzilhada à meia-noite. Meia-noite era a hora do medo. E no escuro ouvia-se o zunido sinistro dos berra-bois. Semana Santa era um tempo metafísico, entre o céu e o inferno. Agora é diferente. Páscoa é fim de semana santa, feriado de três dias, a praia está esperando, hora de se preparar para a viagem… A Páscoa de hoje é como uma casca de cigarra presa no tronco de uma árvore. Vazia. Morta. Não tem nada lá dentro. Mas já foi o corpo de um ser vivo que, cansado de ficar preso na casca, criou asas e voou. A Páscoa, com seus ovos de chocolate, é celebração inconsciente de um tempo que não existe mais, tempo em que se acreditava. Os ovos de chocolate, vocês sabem, são tão ocos quanto as cascas de cigarra… Na tradição cristã mais antiga, a Semana Santa era um teatro, o drama da vida dentro de uma casca de noz. Teologia mínima. Duas cenas apenas. Primeira cena: a morte e o seu horror parecem triunfar. Segunda cena: a vida sai do túmulo de pedra, deixando-o vazio como uma casca de cigarra. Tenho, no meu escritório, uma tela de Pierro della Francesca (1410 – 1492) chamada “Ressurreição”. A pedra do túmulo corta a tela em duas partes. Na parte de cima, com seu pé sobre a pedra, o Cristo ressuscitado. Na parte inferior, encostados à pedra, os guardas adormecidos. Perguntam-me sobre o sentido da tela. Respondo que não sei o sentido da tela. As telas têm muitos sentidos. Eu só posso dizer os pensamentos que aquele quadro me faz pensar. E digo: enquanto os guardas da morte estão dormindo, o divino que mora em nós sai do sepulcro. Sabem disso as cigarras. Caminhando hoje pela manhã na fazenda Santa Elisa eu ouvi o seu canto. Já haviam deixado suas cascas nos troncos das árvores. Agora são seres alados. Cantam e voam, à procura do amor. Acho que estão celebrando a Páscoa… Disponível em <https://blocosonline.com.br/literatura/prosa/temdomes/2016/03/semanasanta/tempro01.php >. Acesso em 5 ago. 2022 (com adaptações). A partir das informações do texto, conclui-se que Resposta Selecionada: d. a partir do relato de um diálogo entre um menino e seus pais, o autor faz uma crítica ao modo pelo qual as pessoas celebram a Páscoa hoje em dia. Pergunta 8 Leia o texto a seguir, publicado em 3 de agosto de 2022, no site da BBC News Brasil. Água de chuva no mundo todo está contaminada com 'poluentes eternos', mostram estudos Novas pesquisas mostram que a água da chuva na maioria dos locais da Terra contém níveis de produtos químicos que "excedem muito" os níveis de segurança. Essas substâncias sintéticas — poli e perfluoroalquil, conhecidas pela sigla PFAS em inglês — são usadas em produtos como panelas antiaderentes, espuma de combate a incêndio e roupas impermeáveis. Apelidados de "produtos químicos eternos", eles persistem por anos no meio ambiente. Tal é a sua prevalência agora que os cientistas dizem que não há mais lugar na Terra onde se possa evitá-los. Pesquisadores da Universidade de Estocolmo dizem que é "de vital importância" que o uso dessas substâncias seja rapidamente restringido. Os cientistas temem que os PFAS possam representar riscos à saúde, incluindo câncer, embora a pesquisa até agora tenha sido inconclusiva. Eles estão cada vez mais preocupados com a proliferação de PFAS nos últimos anos. Existem cerca de 4.500 desses compostos à base de flúor, que são encontrados em quase todas as residências da Terra em centenas de produtos de uso diário, incluindo embalagens de alimentos, capas de chuva, adesivos, papel e tintas. Preocupações de segurança sobre a presença dessas substâncias duradouras na água potável também foram levantadas. No início deste ano, uma investigação da BBC encontrou PFAS em amostras de água na Inglaterra em níveis que excederam os níveis de segurança europeus, mas não excederam o nível de segurança atual na Inglaterra e no País de Gales. Uma nova pesquisa publicada na revista Environmental Science & Technology analisa quatro produtos químicos específicos da classe e indica que os níveis das substâncias na água da chuva em todo o mundo muitas vezes "excedem muito" os níveis recomendados para água potável nos EUA. O solo em todo o mundo está contaminado da mesma forma, sugerem evidências. (...) Embora isso seja, sem dúvida, motivo de preocupação, existem algumas ressalvas. Muitos desses níveis de segurança em vigor são consultivos, o que significa que não são legalmente aplicáveis. Outros cientistas consideram que a ações contra esses produtos químicos não devem ser tomadas até que os riscos à saúdesejam mais claramente comprovados. Muita pesquisa foi realizada sobre os riscos à saúde representados pelos PFAS, e os cientistas dizem que a exposição a altos níveis pode estar associada a um risco aumentado de alguns tipos de câncer, problemas de fertilidade e atrasos no desenvolvimento em crianças. No entanto, tais associações não provam causa e efeito, e outros estudos não encontraram conexão entre PFAS e doenças. Mas, para aqueles que passaram anos trabalhando em funções que os faziam ter contato com PFAS, as evidências no novo trabalho de pesquisa sublinham a necessidade de uma abordagem preventiva. "Na chuva, os níveis já são mais altos do que os critérios de qualidade ambiental. Isso significa que, com o tempo, teremos um impacto estatisticamente significativo desses produtos químicos na saúde humana", disse Crispin Halsall, da Universidade de Lancaster. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-62414858>. Acesso em 03 ago. 2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. Os cientistas afirmam, de forma conclusiva, que as substâncias conhecidas como PFAS são os agentes causadores de diversas doenças graves, incluindo câncer. Os níveis de segurança dos PFAS encontrados em amostras de água, estabelecidos em consenso pelas agências de vigilância sanitária, são os mesmos para todos os países do globo. A contaminação por PFAS não se restringe apenas à água. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: b. III, apenas. Pergunta 9 Leia o texto. Festivais no Brasil A partir da década de 1960, o Brasil experimentou um desenvolvimento em sua economia que se consolidou por novos símbolos de modernidade. No campo das artes, podemos destacar que essa renovação se deu em relação à ascensão da televisão enquanto novo veículo de comunicação capaz de remodelar o comportamento e a relação do público com os bens culturais produzidos naquela época. Um dos mais fecundos exemplos dessa nova relação pode ser percebido com a realização dos festivais de música (...). No início da década de 1960, a TV Tupi de São Paulo produziu um programa chamado “Hora da Bossa”. A apresentação desses programas dotados de novidades musicais era viabilizada por uma época em que vários shows em universidades, barzinhos e rádios aconteciam simultaneamente. Essa efervescência musical inspirou o produtor de TV Solano Ribeiro a realizar o “I Festival da Música Popular Brasileira”. O torneio, disputado em 1965, foi vencido por Elis Regina com a canção “Arrastão”. A TV Excelsior, a primeira a realizar o evento, acabou perdendo o programa com a proposta que levou Solano Ribeiro para a TV Record. Essa emissora investiu na realização dos festivais e na produção de outros dois programas nos quais a música brasileira parecia ser compartimentada em dois segmentos. Um deles era o Bossaudade, no qual os estilos musicais mais antigos e tipicamente brasileiros eram prestigiados. O segundo era o Jovem Guarda, em que jovens embalados pelo rock curtiam o som da turma de Roberto e Erasmo Carlos. (...) Com o enrijecimento da censura durante a ditadura militar, os festivais acabaram perdendo sua viabilidade mediante a repressão instaurada. Um dos mais célebres casos dessa mudança aconteceu durante o festival de 1968, quando o cantor Geraldo Vandré conquistou todo o público com a música “Caminhando”. Os censores do governo, antes do anúncio dos vencedores, proibiram que Vandré fosse considerado autor da melhor canção. A realização daquele tipo de programa acabou trazendo à tona um tipo de experiência que transformou a própria organização do meio televisivo. Os jovens, ao se diferenciarem dos adultos e das crianças, imprimiam a ideia de que diferentes nichos de consumo poderiam ser alcançados por meio da mídia. Além disso, formulou um ideal estético que ainda hoje norteia muitos dos programas televisivos. A juventude passou a ser uma ideia vendida em belos rostos e situações intensas experimentadas mediante a TV. Mesmo durante um curto período, os festivais marcaram um momento de intensa atividade cultural, que apontava para diferentes transformações históricas. A televisão viria a se transformar em um espaço de discussão pública; os eventos nela acontecidos seriam alvo do debate das pessoas nas ruas, em casa e no trabalho (...). SOUZA, R. G. Festivais no Brasil. Site: história do mundo. Disponível em <https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/festivais-no-brasil.htm>. Acesso em 30 de julho de 2022 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. A televisão foi um dos impulsionadores para a realização dos festivais de música e, também, foi responsável pela repercussão deles na sociedade. PORQUE Os festivais revelaram a cultura homogênea dos jovens da época, e a televisão ajudou a impor o padrão estético deles. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. Resposta Selecionada: c. A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. Pergunta 10 Leia o texto e a charge a seguir. Como os agrotóxicos impactam os principais produtos na mesa dos brasileiros Pelos alimentos ou pela água, é quase inevitável que resíduos de agrotóxicos da produção agrícola cheguem à mesa do brasileiro. O debate sobre os níveis aceitáveis de consumo desses produtos permanece aberto em todo o mundo. Laranja, abacaxi, couve, uva e alface são os alimentos in natura com maiores índices de resíduos com potencial "risco agudo" para o consumidor, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A última análise da Anvisa sobre produtos in natura, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), foi em 2016. O objetivo do estudo foi “avaliar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal que chegam à mesa do consumidor e, assim, promover ações com vistas à redução de riscos decorrentes da exposição aos resíduos de agrotóxicos pela dieta”. O último monitoramento incluiu os 25 alimentos que representam cerca de 70% dos produtos de origem vegetal consumidos pelos brasileiros. O PARA se concentra exclusivamente nos alimentos menos processados. “No caso dos alimentos processados, a tendência é que estes contaminantes se percam ao longo da cadeia produtiva”, justifica a Anvisa. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A afirmação da personagem bruxa na figura está relacionada com a alta probabilidade de encontrar resíduos de agrotóxicos nos alimentos in natura. II. Segundo o infográfico, cerca de 58% das amostras analisadas apresentaram resíduos de agrotóxicos. III. De acordo com a figura e com o texto, os alimentos produzidos em lavouras tratadas com agrotóxicos apresentam melhor aparência do que os alimentos orgânicos. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: a. I e II. Pergunta 11 Leia o texto. O Brasil é um país diverso em sua formação. As pessoas pretas e pardas, descendentes de escravizadas trazidas de várias regiões do continente africano, que aqui se miscigenaram com outros povos, constituem a maioria das/os brasileiras/os, representando 56% de todo o contingente populacional. No restante da população, além das/os descendentes de europeus, asiáticos, árabes e imigrantes de diversos países, há uma parcela significativa do que denominamos “povos tradicionais”, incluindo os povos indígenas [cerca de 300 etnias], quilombolas e ciganos, comunidades extrativistas do Cerrado, ribeirinhos e muitos outros. Essas pessoas são cidadãs como todas as demais e precisam ser respeitadas com suas especificidades, ter suas culturas e seus direitos assegurados. Revista PSI. Normativas e orientações para uma psicologia antirracista. Conselho Regional de Psicologia-SP. N.199, jan/fev/mar 2022, p.7. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. O/A assistente social deve adotar uma abordagem padronizada no tratamento dos problemas de pessoas de todas as etnias, com a adoção de práticas assistencialistas. PORQUE O/A assistentesocial é requisitado(a) para o planejamento, a gestão e a execução de políticas, programas, projetos e serviços sociais, nas áreas públicas e privadas, e sua atuação deve desconsiderar a diversidade racial e cultural. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: e. As asserções I e II são falsas. Pergunta 12 Leia o resumo do artigo abaixo. Serviço Social, mobilização e organização popular: uma sistematização do debate contemporâneo Maria Lúcia Duriguetto, Luiz Agostinho de Paula Baldi Resumo O presente artigo versa sobre a intervenção do Serviço Social nos processos de mobilização e organização popular e, particularmente, sobre o debate contemporâneo que vem sendo realizado sobre o tema. Este debate é apresentado nas elaborações acadêmicas de autoras que tratam especialmente das funções pedagógica e educativa do assistente social e de sua inserção nas organizações da classe trabalhadora. Nessa sistematização, priorizam-se as formulações que vêm adquirindo relevância no debate profissional e que tecem algumas considerações necessárias para a análise e as prospectivas da relação da profissão com os processos de mobilização e organização popular. Palavras-chave: Serviço Social; Debate profissional; Mobilização; Organização popular. Disponível em <https://www.scielo.br/j/rk/a/5yKQcYhZCF9J6GxhYz7dXYs/?lang=pt>. Acesso em 26 set. 2022. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. No resumo, constam o tema da pesquisa e a metodologia, ou seja, o uso da pesquisa quantitativa. As palavras-chave são um importante instrumento para localizar estudos em buscas. O artigo apresentado não se justifica, pois a atuação do assistente social não se relaciona com a mobilização nem com a organização de movimentos populares. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: b. II. Pergunta 13 Sobre o Código de Ética das/dos Assistentes Sociais, avalie as afirmativas. Os/As assistentes sociais devem incorporar suas pautas às agendas coletivas e democráticas vinculadas aos interesses dos trabalhadores. Os/As assistentes sociais devem atuar no sentido de resolver a luta de classes, mediando os conflitos entre trabalhadores e patrões. Os/As assistentes sociais devem assumir posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e às políticas sociais. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. I e III, apenas. Pergunta 14 Leia o texto a seguir. Era noite na Praça da Sé, centro de São Paulo, quando Chiara Duarte Pereira, 27 anos, conheceu Jefferson Pereira Santos, 18. Com uma ou outra particularidade na biografia, Chiara é o retrato da maioria das mulheres transexuais no Brasil: com escassas oportunidades no mercado de trabalho formal, tem na prostituição sua forma de sustento. Também é a capital paulista destino de muitas delas, porque é na maior e mais populosa cidade do país que mulheres como Chiara conseguem passar pelo procedimento transexualizador do SUS (Sistema Único de Saúde). A transexualidade, revelada aos 17 anos para sua família, foi acolhida por todos. Dez anos depois, nas ruas, não encontraria o mesmo afeto e aceitação. Jefferson, seu cliente, seria também seu algoz que, poucas horas depois do encontro no centro da cidade, esfaqueou-a e jogou seu corpo do 7º andar do prédio onde morava. Chiara foi morta por ser mulher transexual. Ele foi preso em flagrante e agora é réu pelo crime. Jefferson tentou justificar o brutal assassinato de Chiara dizendo que se sentiu “enganado”, mas Chiara foi, na verdade, morta pela condição de mulher e transexual. Para respeitar a sua identidade de gênero, dona Lucilene Duarte, mãe de Chiara, fez questão de passar batom na filha antes de ela ser enterrada. Disponível em <https://ponte.org/misoginia-transfobia-e-falta-de-dados-a-equacao-do-transfeminicidio/>. Acesso em 28 set. 2022. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I. De acordo com resolução do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), compete aos assistentes sociais prestar acompanhamento a pessoas que buscam as transformações corporais em consonância com suas expressões e identidade de gênero. II. O texto narra um episódio emblemático, que revela problemas da sociedade brasileira: a falta de oportunidades de trabalho para mulheres transgênero e a violência contra elas. III. A atitude da mãe da Chiara, relatada no texto, revela respeito à identidade de gênero da pessoa; esse respeito também deve fazer parte da atuação dos assistentes sociais. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: a. I, II e III. Pergunta 15 Leia a charge a seguir. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. A precarização do trabalho, mostrada na figura, é caracterizada pela não limitação da jornada de trabalho e pela falta de vínculo empregatício. PORQUE As novas condições dos trabalhadores estão relacionadas às reformas políticas e econômicas do neoliberalismo, que prega a intervenção governamental e o Estado do bem-estar social. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: c. A primeira asserção é verdadeira, e a segunda é falsa. Pergunta 16 0,5 em 0,5 pontos Leia o trecho a seguir. [...] a assistência social tem sido vista como uma ação tradicionalmente paternalista e clientelista do poder público, associada às primeiras-damas, com um caráter de “benesse”, transformando o usuário na condição de “assistido”, “favorecido” e nunca como cidadão, usuário de um serviço a que tem direito. Da mesma forma, confundia-se a assistência social com a caridade da igreja, com a ajuda aos pobres e necessitados. Assim, tradicionalmente a assistência social era reconhecida como assistencialista. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Assistência Social é marcada por uma série de modificações profundas. Inserida no campo das políticas públicas, inova em aspectos essenciais, especialmente no que concerne à descentralização político-administrativa, alterando as normas e regras centralizadoras e distribuindo melhor as competências entre as esferas governamentais, União, Estado e Município. Com a descentralização, aumenta o estímulo à maior participação da sociedade civil organizada e, consequentemente, o processo de controle social. CIRILO, J. F. de. Cultura política e assistência social: a superação da prática clientelista como desafio para a consolidação de direitos sociais e políticos. Disponível em <https://cresspr.org.br/2012/08/01/cultura-politica-e-assistencia-social-a-superacao-da pratica-clientelista-como-desafio-para-a-consolidacao-de-direitos-sociais-e-politicos/>. Acesso em 22 set. 2022 (com adaptações). Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. O primeiro-damismo presente na história da assistência social no Brasil garante o protagonismo das mulheres na melhoria das condições de vida da população e reforça os movimentos sociais. A Constituição de 1988 é um marco da assistência social no Brasil porque a reconhece como política social integrante do sistema de seguridade. O caráter assistencialista, presente na história do serviço social no Brasil, estimula a cidadania e favorece a participação da sociedade civil. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: b. II. Pergunta 17 Leia o trecho a seguir, de autoria de Pedro Doria. Quando se duvida do estupro de uma adolescente porque é ativa sexualmente, há motivo. Por quase toda a história, mulheres que não tivessem um comportamento casto e submisso eram mulheres de quem se deve desconfiar. 450 anos de Brasil pesam sobre nós. Sobre como pensamos. Sobre nossos costumes. É assim que nasce a cultura do estupro. Disponível em <https://www.pedrodoria.com.br/um-pouco-de-historia/2016/6/2/um-estupro-no-brasil-colnia> . Acesso em 29 set. 2022. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. A violência sexual contra a mulher tem raízes nas relações patriarcaise racistas que fazem parte da formação da sociedade brasileira. A intervenção do Serviço Social em casos de estupro limita-se às ocorrências com menores de idade, em situação de vulnerabilidade. A culpabilização da vítima, com acusações sobre sua vida sexual ou sobre suas roupas, é uma característica da cultura do estupro. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. I e III, apenas. Pergunta 18 A escritora Clarice Lispector atuou, durante toda sua vida, na imprensa. Na década de 1940, produziu uma reportagem sobre a “Casa da Roda”, instituição que funciona como abrigo de crianças enjeitadas. Leia um trecho da matéria. A CASA DA “RODA” Há mais de duzentos anos inaugurada, é o abrigo e o lar dos enjeitados. Diariamente, uma média de 4 a 5 crianças vem incorporar-se à instituição. Umas chegam crescidinhas, sabendo do nome, da idade e dos pais. Outras, mesmo de noite, são depositadas na roda, aberta para a Travessa Visconde do Cruzeiro, e que, sob o peso do embrulhinho lá colocado, gira e faz soar uma campainha. D. Átila Silveira acode, recebe o presente e entrega-o às irmãs. Então começa a vida de mais um exposto. Ali, até a maioridade, receberá assistência completa. Passará pela “creche”, sob a superintendência geral do Dr. Martinho da Rocha, aprenderá a engatinhar, a andar, a ler, a trabalhar, a rezar, a amar, a escolher, a odiar. Então estará pronta para sair e lutar com os de fora. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. Historicamente, no Brasil, a diminuição de problemas sociais passa pela atuação de instituições de caridade, muitas vinculadas à religião. O abandono de crianças, mostrado no texto, é um problema que afeta a sociedade brasileira desde sua formação e está relacionado apenas a questões individuais. As Rodas, como eram conhecidos os abrigos de crianças enjeitadas, existem desde a época colonial e tinham como objetivo evitar o abandono materno dos menores. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: a. I. Pergunta 19 Observe a charge. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. Na ausência de acessibilidade adequada no local, é direito dos assistentes sociais recusar o atendimento a pessoas com deficiência. Cabe aos assistentes sociais promover o capacitismo por meio de ações assistencialistas, a fim de garantir a acessibilidade. A charge mostra o problema de acessibilidade e a sobreposição de um interesse individual aos direitos coletivos. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: c. III. Pergunta 20 Com base nos fundamentos teóricos, metodológicos e históricos do Serviço Social no Brasil, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. A intenção de ruptura, observada no Serviço Social brasileiro no período de 1980 a 1985, visou a romper com a herança teórico-metodológica do pensamento conservador e com seus paradigmas de intervenção social. PORQUE Uma das características do processo de renovação do Serviço Social no Brasil foi sua interlocução com as discussões presentes no conjunto das Ciências Sociais, em que o objeto de trabalho do assistente social deixa de ser centrado em manifestações e expressões da questão social. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: c. A primeira asserção é verdadeira, e a segunda é falsa.
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