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Física e Meio Ambiente I Autor: Alessandro Martins UnidAde 1. BiosferA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189 1 .1 Origem, estrutura e funcionamento da biosfera . . . . . .189 1 .2 Princípios físicos dos ciclos globais dos principais bioelementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .198 1 .3 Atividades humanas e as mudanças nos ciclos globais dos principais bioelementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .201 UnidAde 2. energiA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .205 2.1 Energia: definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .205 2 .2 O conceito de energia através da Física Clássica . . . . . .210 UnidAde 3. fontes de energiA . . . . . . . . . . . . .217 3 .1 Geração de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217 3 .2 Energia solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .218 3 .3 Energia de fontes hídricas . . . . . . . . . . . . . . . . . .222 3 .4 Energia eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .227 3.5 Energia de fissão nuclear. Emprego e perspectivas . . . .227 3 .6 Energia de combustíveis fósseis (não renováveis) . . . . .231 UnidAde 4. Uso dA energiA . . . . . . . . . . . . . . . .236 4 .1 O uso de energia e poluição do ar . . . . . . . . . . . . . .236 4 .2 Aquecimento global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .237 4 .3 Alternativas futuras de energia . . . . . . . . . . . . . . .240 4 .4 A política energética no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . .246 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .251 # M2MA 188 Módulo 2 Introdução à disciplina Olá, prezado(a) aluno(a) . A proposta desta disciplina é apresentar um breve panorama sobre alguns proces- sos físicos que regulam o funcionamento do nosso planeta . A abordagem começa com a descrição dos princípios físicos que envolvem os fenômenos conhecidos como ciclos glo- bais de nutrientes ou ciclos biogeoquímicos, que reciclam os nutrientes necessários à vida dos organismos . Em seguida veremos a descrição da física por trás da produção e uso da energia e seus efeitos sobre nosso ambiente . De um modo geral, a disciplina será focada basicamente no conceito de energia, desde a sua definição, aos processos de conversão e recursos energéticos . Um ciclo biogeoquímico é o movimento ou o ciclo de um ou mais determinado ele- mentos químicos através da atmosfera, hidrosfera, litosfera . São várias etapas, envolvendo fenômenos físicos e químicos e trocas energéticas. Sendo a biosfera resultante das relações existentes entre a atmosfera, a hidrosfera e a litosfera, a compreensão dos seus mecanismos de funcionamento é fundamental ao nosso curso . O estudo dos ciclos biogeoquímicos se torna cada vez mais importante para avaliar, por exemplo, o impacto ambiental que um material potencialmente perigoso possa vir a causar no meio ambiente e nos seres vivos que dependem direta ou indiretamente desse meio para garantir a sua sobrevivência . A caracterização das diferentes fontes de energia, seus efeitos sobre nosso ambiente e sua importância sócio-econômica são também essenciais ao nosso conteúdo . O estudo sobre as tecnologias energéticas atuais e suas implicações de uso quanto ao impacto am- biental (inclusive nos ciclos biogeoquímicos) e desenvolvimento econômico se tornam per- tinente em meio às atuais discussões na mídia sobre o tema preservação do meio ambiente. A melhor forma de entender as conseqüências das atuais e futuras alternativas energéticas e suas conseqüentes mudanças ambientais é compreender os princípios científicos envol- vidos . A conexão energia - meio ambiente tem sido o objeto de muitos estudos e algumas vezes é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre o uso da energia e os danos ao meio ambiente . Na abordagem dos princípios físicos por trás dos fenômenos que regulam os ciclos globais, bem como do modo de produção de energia em suas várias formas, serão explo- rados conceitos básicos de mecânica, eletromagnetismo, termodinâmica, física atômica e nuclear, de forma conceitual e com mínima utilização de matemática . A idéia é fornecer os conteúdos que permitirão ao estudante dominar os conceitos físicos básicos necessários para a compreensão dos aspectos tecnológicos dos sistemas energéticos . Esperamos que ao final deste curso você tenha adquirido uma capacidade de análi- se e de reflexão em tópicos de energia, meio ambiente e desenvolvimento. Bom estudo e boa sorte! Alessandro Martins Curso de Licenciatura em física 189 Olá, estudante . Esta unidade tem como objetivo apresentar alguns dos mecanismos de funciona- mento do nosso planeta . Abordaremos inicialmente a origem do planeta Terra e as suas características físicas, os tipos de compartimentos de natureza física do planeta e suas interações receberão um olhar especial. Na seqüência, será apresentada a descrição dos processos físicos dos principais ci- clos biogeoquímicos. E por fim você estudará algumas ações provocadas pelo ser humano que alteram o equilíbrio dos ciclos biogeoquímicos . Há algumas perguntas e sugestões de atividades durante o texto, responda às ques- tões e realize as atividades para garantir o melhor aproveitamento. Bom estudo! 1.1 origem, estrutura e funcionamento da biosfera Ao iniciar os estudos sobre os mecanismos de funcionamento do nosso planeta, é de suma importância descrevermos inicialmente sua origem e características físicas . Uma descrição física requer, antes de tudo, identificar os parâmetros relevantes. Quando e como se formou o planeta Terra? Em 1654, um arcebispo irlandês de nome James Ussher calculou, com base em textos bíblicos, que a Terra teria se formado às 9 horas do dia 26 de outubro de 4 .004 a .C . Hoje, por meio de dados científicos, sabemos que a Terra tem em torno de 4,5 bi- lhões de anos. O planeta teria se formado pela agregação de poeira cósmica em rotação sendo aquecida, posteriormente, com violentas reações químicas. O aumento da massa agregada e da força gravitacional catalisou impactos de corpos maiores. Colisões de as- teróides, cometas e outros corpos celestes com a superfície geraram adicional calor, ao Unidade 1. Biosfera # M2MA 190 Módulo 2 mesmo tempo em que processos de decaimento radioativo aqueciam o interior do planeta . A força gravitacional possibilitou a retenção de gases constituindo uma atmosfera primiti- va . Esse envoltório atmosférico primordial atuou como isolante térmico, o que permitiu a criação de um ambiente tão quente onde se processou a fundição de metais, possibilitando a constituição da estrutura interna do planeta . A partir do resfriamento superficial do magma, consolidaram-se as primeiras ro- chas, chamadas magmáticas ou ígneas, dando origem a estrutura geológica denominado escudos cristalinos ou maciços antigos . Formou-se, assim, a crosta terrestre . A liberação de gases decorrente da volatização da matéria sólida devido a altas temperaturas e com o resfriamento posterior originou a camada atmosférica, responsável pela ocorrência das primeiras chuvas e pela formação de lagos e mares nas áreas rebaixadas . Assim, iniciou- se o processo de intemperismo (decomposição das rochas) responsável pela formação dos solos e conseqüente início da erosão e da sedimentação . É importante salientar que apesar da Terra ter esfriado após um período de incandes- cência, atividades geológicas tais como terremotos, vulcões e glaciações mostram a inquieta- ção do planeta. Essas atividades geológicas são governadas por dois mecanismos térmicos: a) Mecanismo térmico interno: é governado pela energia térmica aprisionada du- rante a origem cataclísmica do planeta . Foi gerada pela radioatividade em seus níveis mais profundos . O calor interior controla os movimentos no manto e no núcleo, suprindo ener- gia para fundir rochas, mover continentes e soerguer montanhas; b) Mecanismo térmico externo: é controlado pela radiação solar . A luz do Sol é um conjunto de radiações eletromagnéticas, uma forma de propagação da energia pelo espaço como uma onda, sem a necessidade da existência de um meio material ou de partículas que oscilem para promover essa propagação . O calor proveniente desta radiação energiza a atmos- fera e os oceanos e é responsável pelo nosso clima e as condições meteorológicas do tempo. saiba mais Veja mais informações sobre as características da radiação solar na unidade 5 da sua apos- tila da disciplina temas transversais . Mecanismos de troca de energia da Terra com o meio vizinho. # M2MA Curso de Licenciatura em física 191 física e Meio Ambiente i Em termos gerais, podemos pensar a Terra como três compartimentos de natureza física diferentes e que interagem de forma complexa: a) Atmosfera: uma questão que surge sempre que começamos a estudar a atmos- fera é: Qual é seu limite superior? Ou seja, até onde vai a atmosfera? A resposta depende do interesse específico em questão. No senso comum, uma altitude de 30 km em torno da Terra envolveria 99% dela . Mas se considerarmos a propagação de ondas eletromagnéti- cas, é necessário pensar uma atmosfera com pelo menos 100 km de altura. A atmosfera é formada basicamente de nitrogênio 78%, oxigênio 21% e outros gases 1% Possui uma camada interna conhecida como troposfera, que contém a maior parte do ar do planeta, e que se estende por cerca de 17 km acima do nível do mar. De 17 a 50 km acima do nível do mar, temos a estratosfera . Sua porção inferior contém o ozônio (O3) que serve para filtrar a nociva radiação ultravioleta do Sol, o que permite que exista vida na porção terrestre e nas camadas superficiais aquáticas. Mais acima temos a mesosfera, cujo topo fica a 85 km do solo sendo muita fria . A termosfera fica a cerca de 110 km acima da superfície da Terra e a exosfera, a parte externa da atmosfera, tem ar muito rarefeito e as moléculas de gás “escapam” constantemente para o espaço . A temperatura atmosférica é reduzida com o aumento da altura na troposfera, vol- tando a crescer novamente na estratosfera porque as moléculas de ozônio absorvem a ra- diação solar . A temperatura diminui outra vez na mesosfera, e então na camada posterior, a termosfera, a temperatura aumenta devido a absorção de radiação solar na forma de radiação ultravioleta, raios-X e raios gama . Composição química da atmosfera a) A temperatura da atmosfera é uma complicada função da altitude. Abaixo de uma altitude de 10 km (troposfera) a temperatura diminui de 290 K para 215 K enquanto a altitude aumenta. Na estratosfera (10 km - 50 km) a temperatura aumenta de 215 K para 275 K. Na mesosfera (50 km - 85 km) a temperatura diminui (275 K para 190 K) e na termosfera (> 85 km) a temperatura aumenta. b) A variação da pressão com a alti- tude é mais simples: a pressão dimi- nui enquanto a altitude aumenta. # M2MA 192 Módulo 2 Quando um time brasileiro de futebol, seja a seleção ou um clube, joga contra outra em cidades com altas atitudes, como Quito (Equador) ou La Paz (Bolívia) por exemplo, a imprensa enfatiza o que se costuma chamar de “efeito da altitude” . Dizem que nossos joga- dores renderem menos fisicamente, que a bola adquire uma velocidade diferente. Será que essas preocupações têm fundamento? Vejamos parte do que foi publicado no jornal Folha de São Paulo em sua edição de 07/05/2008: técnico Parreira se exalta contra altitude de La Paz Carlos Alberto Parreira reclamou mais do que os jogadores dos efeitos da altitude de La Paz. Culpou o fato de a cidade boliviana ficar a 3.600 m acima do nível do mar pelo empate por 1 a 1. Ao ser questionado por um repórter boliviano sobre a equipe adversária, o treinador afirmou que a altitu- de foi a maior arma. Os jogadores disseram que muitos sentiram dor de cabeça, principalmente no aquecimento... Fonte: Folha On-line: disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u94237. shtml. Acesso em 07 mai. 2008. A justificativa para o efeito baixo rendimento dos atletas, pouco adaptados às con- dições atmosféricas em altas altitudes, tem por base os conceitos de densidade e pressão, que serão melhor estudados nas disciplina Mecânica II . Ao contrário do que ocorre com a temperatura, tanto a densidade quanto a pressão atmosférica diminuem continuamente com a altura. Observando o gráfico temos informações quantitativa e qualitativa do com- portamento da pressão em função da altura (semelhante para densidade). Verificamos que a pressão cai rapidamente com a altura. Acima de 4 km de altura, a densidade se reduz de tal forma que seria praticamente impossível conseguirmos respirar pela baixa quantidade gases como o oxigênio . b) Hidrosfera: é formada pela água da Terra que circula nos oceanos, continentes, geleiras e atmosfera . Os oceanos cobrem 71% da Terra e contêm 97,5 % de toda sua água . Correntes oceânicas transportam calor através de vastas distâncias, alterando o clima glo- bal . Aproximadamente 1,8% da água da Terra está congelada nas geleiras, que, apesar de cobrirem cerca de 10% da superfície terrestre atualmente, já cobriram uma porção muito maior do globo a 18 .000 anos atrás . Somente 0,64% da água do globo existe nos continentes em estado líquido . Embora seja uma pequena porção, essa água fresca é essencial para vida na Terra . Lagos, rios e córregos são visíveis reservatórios de água continental, mas constituem somente 0,01% do total . Em contraste, lençóis de água são muito mais abundantes e representam 0,63% da água existente no planeta . Uma minúscula quantidade de 0,001% existe na atmosfera, po- rém esta água é tão móbil que afeta profundamente as condições climáticas do planeta. c) Litosfera: representa a camada superficial sólida. A espessura da litosfera varia entre 5 e 10 km sob os oceanos e 25 e 90km nos continentes, a crosta e o manto superior terrestres . Ela não é contínua, mas sua crosta é formada por vários blocos de rochas cha- mados de placas tectônicas, que se encaixam umas nas outras como na montagem de um grande quebra-cabeça cujo plano de encaixe é o manto, zona de grande plasticidade . Nos movimentos e colisões dessas placas, são liberadas grandes quantidades de energia. Esse choques são responsáveis por fenômenos naturais como terremotos, maremotos, erupções vulcânicas . # M2MA Curso de Licenciatura em física 193 física e Meio Ambiente i sugestão de atividade: Faça uma descrição física do relevo da sua região . Junte a essa descrição dados relativos ao ponto mais elevado, índice pluviométrico, pressão atmosférica e temperatura média traçando um perfil físico de onde você mora. 1.1.1 origem dos elementos e dos compartimentos da atmosfera, litosfera e hidrosfera. De acordo com a hipótese da desgaseificação, os gases constituintes da atmosfera primi- tiva tiveram origem no interior da Terra . Então, como esses gases teriam atingido a superfície? Os gases que teriam sido originados no interior da Terra atingiram a superfície atra- vés dos vulcões, processo esse conhecido por desgaseificação vulcânica. Estrutura da Terra. Diagrama esquemático do processo de desgaseificação vulcânica. # M2MA 194 Módulo 2 Após o período transitório da acreção, o planeta sofreu um grande aquecimento, que conduziu a profundas alterações na sua atmosfera. Por isso e por a Terra não possuir gravidade suficiente, os gases voláteis, como o hidrogênio (H), o hélio (He) e outros, esca- param para o espaço . A Ciência atualmente acredita que a atmosferaprimitiva do planeta seria consti- tuída por azoto (N2), vapor de água (H2O), dióxido de carbono (CO2), amoníaco (NH3), metano (CH4) e hidrogênio (H2), libertados durante as intensas erupções vulcânicas que caracterizaram este período . Qual é a principal diferença entre esta atmosfera primitiva e a atmosfera atual da Terra? O fato de a primeira não possuir oxigênio livre (O2) . Veja as hipóteses para a disso- ciação química dos gases: a. A água (H2O) teria igualmente sofrido o efeito da fotodissociação, com libertação de oxigênio e hidrogênio; b. Admite-se que o metano (CH4) pudesse ter sido substituído pelo dióxido de carbono; c. O amoníano (NH3) teria se fotodissociado originando N2 e H . saiba mais Na Física, a teoria quântica prevê que a energia transmitida por radiação eletromagnética existe em unidades discretas chamadas fótons . Desse modo, a idéia é que a energia é quan- tizada. Ao contrário da massa, ela existe apenas em “pacotes” bem definidos, com valores múltiplos do valor do “pacote unitário” . A energia de um fóton é dada por: E = hν = hc/λ onde ν é a freqüência da radiação (em s-1 ou Hertz), h é conhecida como a constante de Planck, cujo o valor é 6,626 x 10-34 Joules por segundo (J.s). A quantidade de energia con- tida num fóton de radiação é inversamente proporcional ao comprimento de onda da ra- diação (ν = c/λ ). Desse modo, quanto maior a freqüência, menor o comprimento de onda e maior a energia de radiação . Assim, ao longo do espectro eletromagnético, cada radiação é caracterizada por um comprimento de onda, uma freqüência e, conseqüentemente, por uma energia de fótons . A interação de uma radiação com um meio é uma interação entre fótons da radiação e átomos ou moléculas do meio . Para que haja transferência de energia da radiação, é neces- sário que a energia dos fótons incidentes seja igual aos intervalos da estrutura de energia da molécula . De um modo geral, a interação ocorre sempre entre um fóton e um átomo ou molécula . Quando um tipo de radiação com fótons de uma certa energia incide, por exem- plo, sobre uma estrutura de uma molécula que não possui intervalo de energia equivalente a radiação, ela não é absorvida pelo meio . Uma ilustração é quando a radiação solar incide sobre a folha de uma planta . Grande par- te da radiação é refletida e uma pequena parte é absorvida. Para que haja absorção, é necessário que na composição da folha haja moléculas com níveis de energia capazes de absorver os fótons da luz visível, ultravioleta ou infravermelha presentes na radiação so- lar (moléculas de clorofila são capazes de absorver fótons com energias correspondentes a comprimentos de onda em torno de 420 nm (azul) ou em torno de 680 nm (vermelho), sendo que da parte não absorvida, o verde, determina a aparência das folhas . Algumas moléculas, como o CO2, H2O e O3, podem absorver ou emitir um fóton de ra- diação eletromagnética . Desse modo, uma determinada molécula pode ser “quebrada” em seus componentes atômicos caso absorva uma radiação com determinada energia de fó- # M2MA Curso de Licenciatura em física 195 física e Meio Ambiente i tons suficiente para permitir o rompimento da estrutura eletrônica. Este fenômeno é deno- minado fotodissociação . Do mesmo modo, átomos instáveis podem também combinar-se para formar moléculas mais estáveis, liberando energia em excesso na forma de radiação . Como exemplo, na atmosfera superior, a fotodissociação provoca a formação de átomos de oxigênio: O2 + hν 2O Os átomos podem também ser ionizados por radiação eletromagnética de energia alta . Este processo, chamado fotoionização, requer fótons com suficiente energia para arrancar um ou mais dos elétrons de suas órbitas . E como se explica o aparecimento de oxigênio na atmosfera? A capacidade de al- guns seres vivos realizarem a fotossíntese deve ter permitido o aparecimento de oxigênio na atmosfera. Parece ter sido um grupo específico de bactérias, as cianobactérias, os pri- meiros organismos a realizar este processo biológico de extrema importância . Em dado momento, os oceanos perderam a capacidade de fixar todo o oxigênio molecular resultante da fot ossíntese, que começou a dissipar-se na atmosfera . Passou-se assim de uma atmosfera anaeróbia (sem oxigênio) para uma aeróbia (com oxigênio) . Quando a atmosfera atingiu uma concentração suficientemente elevada de oxigênio livre (cerca de 10% da atual) formou-se o que é conhecido por camada de ozônio (O3) . Como é o processo de formação e decomposição do O3 na atmosfera? A maior parte do ozônio está presente na estratrofera (concentração máxima de ozônio a uma altitude de 20 km). Veja o mecanismo de formação do ozônio. Estas reações prosseguem com a velocidade de formação de ozônio igual à sua veloci- dade de decomposição . Há assim um equilíbrio dinâmico entre a formação e o consumo de ozônio que, em princípio, deveria manter constante a concentração de ozônio na atmosfera . Qual terá sido a importância da camada de ozônio para a evolução da vida na Terra? A camada do ozônio tem a particularidade de filtrar a energia solar e, deste modo, proteger superfície terrestre das radiações ultravioleta. Mecanismo de formação do ozônio na atmosfera. # M2MA 196 Módulo 2 A camada de ozônio e a elevada concentração de pequenas quantidades de certos gases na atmosfera - vapor d’água (H2O), dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) etc . - desempenham um papel fundamental na determinação das temperatu- ras médias da Terra e, conseqüentemente, de seus climas . Esses gases permitem que a luz visível e alguma radiação infravermelha e ultravioleta (UV) da energia solar atravessem a troposfera . Grande parte dessa energia solar é absorvida pela superfície terrestre e trans- formada em radiação infravermelha (calor), que é re-transmitida à troposfera . Parte desse calor escapa para o espaço, porém, outra parte aquece a troposfera e a superfície terrestre . Esse efeito de aquecimento natural é conhecido como efeito estufa . Sem o efeito estufa, a Terra seria mais fria . 1.1.2 Biosfera: origem e evolução A Biosfera é a zona habitada por vida orgânica. É definida como uma região re- sultante das relações existentes entre a atmosfera, a hidrosfera e a litosfera. Dois tipos de componentes formam a biosfera e seus ecossistemas: d. componentes abióticos ou não vivos: Água, ar, nutrientes e a energia solar; e. componentes biológicos, bióticos ou vivos: Plantas, animais e micróbios . Quais fatores servem de suporte para a vida na Terra? Dentre os múltiplos fatores que sustentam a vida na Terra, três são extremamente importantes para sua dinâmica e sobrevivência: 1. energia solar: o fluxo de energia proveniente do Sol passa pela biosfera, aquece a atmosfera, evapora e recicla a água e gera as correntes de ar . Cerca de uma bi- lionésima parte da energia solar, na forma de radiação eletromagnética e em sua maioria como luz visível, atinge a Terra. A maior parte dessa energia é refletida de volta ao espaço ou absorvida pelos elementos químicos na atmosfera . Representação do papel desempenhado pela Camada de ozônio (IV – radiação infravermelha; VIS – radiação visível; UV – radiação ultravioleta). # M2MA Curso de Licenciatura em física 197 física e Meio Ambiente i saiba mais Lembre-se que você já estudou a natureza da radiação eletromagnética, incluindo suas várias formas, como espectro eletromagnético . Caso seja necessário, reveja este tópico da unidade 5 da disciplina Temas Transversais . 2. Ciclo de matéria: ciclo de átomos, íons ou moléculas, componentes necessários para a sobrevivência dos organismos vivos através de partes da biosfera . Consi- derando a Terra um sistema fechado para entrada de quantidade significativa de matéria vinda do espaço, sua quantia fixa de suprimento de nutrientes deve ser continuamente reciclada para o sustento da vida . Os trajetos de ida e volta dos nutrientes são observados nos ecossistemas .3. gravidade: este fator possibilita à Terra a retenção dos gases que formam a sua atmosfera e possibilita o movimento do elementos químicos entre ar, água, solo e os organismos nos ciclos de matéria . A massa da Terra é adequada para que o campo gravitacional gerado seja suficiente para manter liqüefeito seu núcleo de ferro e níquel e impedir que as moléculas de gases leves (N2, O2, CO2, H2O etc .) presentes na atmosfera escapem para o espaço . sugestão de atividade A superfície da Terra é mais aquecida pela energia solar na região do equador do que nos pólos devido a direção de incidência dos raios e consequentemente do seu espalhamento sobre a respectiva área. Faça um teste, verifique o efeito iluminando, em uma sala escura, com uma lanterna, o meio de um objeto esferico, como uma bola de futebol, e movendo a luz para cima e para baixo . É possível afirmar que ao longo do processo evolutivo da Terra, atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera estiveram interdependentes? Já estudamos que foram os primeiros organismos fotossintéticos que permitiram a evolução da atmosfera . Em contrapartida, foi a evolução da atmosfera, ou seja, a existência de oxigênio livre e a constituição da camada de ozônio, que permitiu que a vida, ou biosfera, evoluísse . Porcentagem de Energia Solar incidente sobre a Terra que é absorvida, refletida ou espalhada. # M2MA 198 Módulo 2 1.2 Princípios físicos dos ciclos globais dos principais bioelementos O que caracteriza um ciclo? A noção de ciclo corresponde a um processo repetitivo em que o sistema retorna ao estado de partida sendo que as condições iniciais de um dado ciclo são equivalentes às condições finais do ciclo precedente. Os ciclos globais ou ciclos biogeoquímicos são processos naturais que reciclam nu- trientes por meio do ar, da terra, da água e de organismos vivos para garantir a vida . Depois ocorre o processo contrário, ou seja, os ciclos buscam esses elementos nos organismos e devolvem ao meio ambiente . Dessa forma, a água, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o fós- foro, o cálcio, entre outros elementos, percorrem esses ciclos, unindo todos os componentes vivos e não-vivos da Terra . Alguns átomos de carbono na sua pele, por exemplo, podem ter sido parte de uma folha, da pele de um mamute, ou de uma camada de pedra calcária . 1.2.1 Processos e reações: ciclos biogeoquímicos globais e suas interações Sendo o planeta Terra um sistema dinâmico e em constante evolução, o movimento e a estocagem de seus materiais afetam todos os processos físicos, químicos e biológicos . As substâncias são continuamente transformadas durante a composição e a decomposição da matéria orgânica, sem escapar da biosfera, sendo, portanto recicláveis . Um ciclo biogeoquímico pode ser entendido como sendo o movimento de um deter- minado elemento químico através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera da Terra . Estes ciclos estão intimamente relacionados aos processos geológicos, hidrológicos e biológicos . Dentre os vários tipos de ciclos, os mais importantes . a) Ciclo da água: o ciclo hidrológico ou ciclo da água, coleta, purifica e distribui o suprimento fixo de água da Terra. Embora a água não seja um elemento químico, e sim uma substância composta de dois átomos de hidrogênio e um oxigênio, estudaremos o seu ciclo pelo fato de ela estar intimamente associada a todos os processos metabólicos . Do ponto de vista da energia, o fluxo de energia incidente, proveniente do Sol, pode promover a mudança de estado, colocando a água “em movimento”, num ciclo de evapo- ração e condensação . É importante citar que a quantidade de água total existente pode ser considerada constante, já que não há nem entrada nem saída de água para o espaço cósmico . O ciclo da água envolve a evaporação ou sublimação, a condensação e a precipitação da água . Este é considerado um ciclo de renovação natural da qualidade da água, pois a evaporação e subseqüente precipitação atuam como processo de destilação, removendo as impurezas dissolvidas na água . O geral o ciclo da água pode divido em dois: No pequeno ciclo a água dos oceanos, lagos, rios, geleiras e mesmo a embebida no solo sofre evaporação pela ação da energia solar e passa à forma de vapor, dando origem às nuvens . Nas camadas mais altas da atmosfera, o vapor d’água sofre condensação, e a água líquida volta à crosta terrestre na forma de chuva; No grande ciclo a água é absorvida pelos seres vivos e participa de seu metabo- lismo, sendo posteriormente devolvida para o ambiente . Como a água dissolve inúmeros compostos de nutriente, torna-se importante meio de transporte de nutrientes entre os ecossistemas e dentro deles . # M2MA Curso de Licenciatura em física 199 física e Meio Ambiente i Como se forma uma nuvem? A origem de uma nuvem está na energia que é irra- diada pelo Sol atingindo a superfície de nosso planeta . Este calor evapora a água que sobe por ser menos densa que o ar ao nível do mar. Ao encontrar regiões mais frias da atmos- fera o vapor se condensa formando minúsculas gotinhas de águas que compõem então as nuvens . A condensação do vapor de água em gotas de água geralmente exige que o ar contenha minúsculas partículas suspensas de material como poeira, fumaça, sal do mar ou cinza vulcânica . Esses núcleos de condensação fornecem as superfícies sobre as quais as gotículas de água podem se formar e se aglomerar . b) Ciclo do carbono: o carbono é um elemento químico de grande importância para os seres vivos, pois participa da composição de todos os componentes orgânicos e de uma grande parcela dos inorgânicos também . O carbono existe na atmosfera como CO2, um componente chave do termostato da natureza . Se o ciclo do carbono remove muito CO2 da atmosfera, ela esfria . De outro modo, se o ciclo gera um excesso de CO2, atmosfera esquenta. Desse modo, mesmo pequenas alterações nesse ciclo podem afetar o clima e, conseqüentemente, as formas de vida existentes . Você estudará a descrição completa dos mecanismos percorridos pelo carbono nos reino vegetal e animal na disciplina Química Geral . Existe uma quantidade de átomos de carbono que levam milhares de anos para se- rem reciclados . Depósitos enterrados de matéria orgânica, como plantas mortas, bactérias etc ., são comprimidas entre camadas de sedimentos, onde formam os chamados combus- tíveis fósseis contendo carbono, como carvão e petróleo . Esse carbono só é liberado na atmosfera na forma de CO2 para reciclagem se os combustíveis forem extraídos e consumi- dos, ou se processos geológicos os exponham ao ar atmosférico . 9 - Representação esquemática do ciclo da água. ciclo do carbono # M2MA 200 Módulo 2 sugestão de atividade Pesquise sobre quais são os maiores reservatórios e fluxos de carbono no meio ambiente? c) Ciclo do nitrogênio: o nitrogênio é indispensável à vida, uma vez que entra na constituição das proteínas e ácidos nucléicos . Admite-se que 16% do corpo humano é cons- tituído por proteínas . A mais importante fonte de nitrogênio é a atmosfera (grande parte do volume da troposfera) . Cerca de 78% do ar é formado por nitrogênio livre (N2) , mas a maioria dos seres vivos é incapaz de aproveitá-lo no seu metabolismo . O N2 na atmosfera é uma molécula estável, ou seja, não reage facilmente como os outros elementos, assim não pode ser absorvido e utilizado diretamente como nutriente por plantas ou animais multicelulares . Os únicos seres que fixam o nitrogênio são bactérias, cianobactérias e fungos por apresentarem enzimas apropriadas para essa função . Porém, descargas elétricas atmosfé- ricas na forma de relâmpagos e alguns tipos de bactérias nos sistemas aquáticos, no solo e nas raízes de algumas plantas podem converter o N2 em compostos úteis como nutrientes para plantas e animais, o que ocasiona no efeito conhecido como ciclo do nitrogênio . saiba mais Descargas elétricas atmosféricas na forma de relâmpagos provocam, por onde passam, aquebra das moléculas existentes na atmosfera . Após o fenômeno, essas moléculas recom- binam-se de diferentes maneiras, formando novos compostos e assim alterando a química da atmosfera . A temperatura ao longo do canal de um relâmpago alcança dezenas de mi- lhares de graus celsius . ciclo do nitrogênio. # M2MA Curso de Licenciatura em física 201 física e Meio Ambiente i 1.3 Atividades humanas e as mudanças nos ciclos globais dos principais bioelementos O equilíbrio alcançado pela natureza foi desenvolvido por meio de um lento e gra- dual processo de ajuste entre os seres vivos e o ambiente, que resultou na harmoniosa interação entre vida e meio físico . Os ciclos biogeoquímicos mostram como essa harmonia, pois mesmo retirando grandes quantidades de recursos do ambiente, os seres vivos aca- bam, de uma forma ou de outra, devolvendo esses elementos ao meio, o que permite uma contínua renovação da vida . Esta visão de uma natureza equilibrada, capaz de resistir a tudo, não faz mais parte do pensamento do homem moderno . O bom senso aliado a um pensamento crítico per- mite identificar que a natureza aceita as mudanças impostas pelo homem até certo limite, depois dele começa sua reação . Devido a visão de que a natureza é uma fonte de recursos inesgotáveis e sempre capaz de se renovar, o homem tem interferido de maneira tão excessiva no ambiente que põe em risco sua própria estabilidade. 1.3.1 O papel das perturbações naturais e antrópicas nos ciclos biogeoquímicos Nos últimos cem anos a humanidade tem alterado o ciclo da água consumindo grande quantidade de água doce, removendo a vegetação e causando a erosão dos solos, bem como poluindo tantos as águas na superfície quanto no subsolo . Com a Revolução Industrial, há 200 anos, iniciou-se de forma maciça a queima de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo) . Atualmente, a queima desses combustíveis adiciona à atmosfera 22 bilhões de toneladas de CO2 por ano, o equivalente a 6 bilhões de toneladas de carbono por ano. Simultaneamente, com a explosão demográfica, intensifi- caram-se muito as operações de desflorestamento com vistas a beneficiar a construção, produção de combustíveis e agricultura . Estima-se que estas atividades adicionem à at- mosfera entre 1,6 e 2,7 bilhões de toneladas de carbono por ano. A queima de combustí- veis fósseis e a remoção sem replantio da vegetação responsável pela fotossíntese revelam indícios de mudança no ciclo do carbono . Percebe-se o aumento da temperatura média da Terra, devido a adição de CO2 em excesso na atmosfera . As ações antrópicas também têm provocado mudanças no ciclo do nitrogênio, que envolvem o óxido nitroso N2O. Ajustes globais tão drásticos quanto no ciclo do carbono . O N2O tem sido adicionado de forma excessiva à atmosfera por meio de fertilizantes inor- Poluição de águas na superfície do planeta por esgotos urbanos. # M2MA 202 Módulo 2 www. gânicos comerciais aplicados no solo . Em 1950, produzia-se e aplicava-se no mundo cerca de 3 milhões de toneladas de fertilizantes artificiais de nitrogênio anualmente. Hoje, esse total passa de 50 milhões de toneladas. É importante ressaltar que o oxido nitroso (N2O) também provoca o efeito de estufa . A concentração de N2O na atmosfera tem aumentado 0,25 % ao ano, sendo os solos tropicais os maiores responsáveis pela emissão de N2O em ecossistemas terrestres naturais . Por outro lado, a queima de combustíveis fósseis a altas temperaturas combina N2 e O2 adicionando grandes quantidades de óxido nítrico (NO) na atmosfera . O gás NO na atmosfera pode ser convertido em dióxido de nitrogênio (NO2) e em ácido nítrico (HNO3), que retornam à superfície da Terra na forma da prejudicial e conhecida chuva ácida . saiba mais Aproveite essas dicas para ir além nos seus estudo em física. TEIXEIRA, W . et al . Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003. NELSON, F ., BORBA, G . L ., ABREU, L . R ., Ciências da Natureza e Realidade: interdisciplinar . Natal: EDUFRN Editora da UFRN, 2005 . Dicionário Aurélio da língua portuguesa . Rio de Janeiro: Ed . Nova Fronteira, 1999 . Dicionário Michaelis, Português, ED . Melhoramentos, São Paulo, 1995 . na web você pode ver também: Serviço Geológico do Brasil disponível em: www.cprm.gov.br Schlumberger Excellence in Educational Development disponível em: www.seed.slb.com/pt/. www.coladaweb.com/biologia/ciclosbiogeoquimicos.htm . Wikipedia disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_carbono. Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC, do Instituto Nacional de Pes- quisas Espaciais (INPE) disponível em: www7.cptec.inpe.br/ Ciência Hoje disponível em: www.cienciahoje.uol.com.br/3435 . www.slideshare.net/diegobolano/ciclos-biogeoqumicos-348022 www.seed.slb.com/pt/scictr/watch/climate_change/carbon.htm www.abrh.org.br www.ecoambinetal.com.br www.ambienteglobal.com.br Gráfico onde é possível verificar que a temperatura global média tem aumentado nos últimos 150 anos. Fonte: http://www. seed.slb.com/pt/ scictr/watch/climate_ change/change.htm # M2MA Curso de Licenciatura em física 203 física e Meio Ambiente i www.ibama.gov.br www.mma.gov.br www.fgaia.org.br www.abes-dn.org.br www.aguaonline.com.br www.ambientebrasil.com.br www.sema.rs.gov.br www.ecobrasil.org.br www.saneamentobasico.com.br www.folhadomeioambiente.com.br www.gaia-org.com.br glossário ■ Acreção: é uma acumulação de matéria na superfície de um astro, proveniente do meio circundante . A ciência acredita que esse processo teve um papel importante na formação dos planetas a partir da atração gravitacional entre as partículas . ■ Aqüíferos: é uma formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea . São rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água e de cedê-la . ■ Autótrofos: são os seres que podem, partindo de produtos minerais simples, produzir os seus próprios alimentos, que são substâncias orgânicas mais ou menos elaboradas . ■ Cianobactérias: muito conhecidas como algas azuis, as cianobactérias apresentam, ao mesmo tempo, características de algas e de bactérias . A característica que as assemelham às algas é a possibilidade de fazer fotossíntese e, ao mesmo tempo, são microorganismos procarióticos, ou seja, sua estrutura celular corresponde à célula de uma bactéria . As cia- nobactérias foram os principais produtores primários da biosfera durante mais ou menos 1.500 milhões de anos, e continuam sendo nos oceanos. ■ ecossistema: podemos descrever um ecossistema como o conjunto de uma comunidade de diferentes espécies (plantas, animais e microrganismos) interagindo umas com as ou- tras e com seu meio físico de matéria e energia . Desse modo, fazem parte também de um ecossistema todos os componentes abióticos (sem vida) como, por exemplo, minerais, íons, compostos orgânicos e clima (temperatura, precipitações e outros fatores físicos). ■ fotossíntese: é o processo através do qual as plantas, seres autotróficos, e alguns outros organismos transformam energia luminosa em energia química, processando o dióxido de carbono (CO2), água (H2O) e minerais em compostos orgânicos e produzindo oxigê- nio gasoso (O2) . ■ gravidade: representa a força de atração mútua que corpos materiais exercem uns sobre os outros. Classicamente, é descrita pela Lei da Gravitação Universal de Newton. ■ intemperismo: é o processo pelo qual as rochas da superfície terrestre são alteradas ou levadas à desintegração pela ação do vento, da água, do clima, ou ainda, por reações quí- micas ou biológicas . ■ Manto: O manto é a camada da estrutura da Terra que fica diretamente abaixo da cros- ta, prolongando-se em profundidade até o limite exterior do núcleo . O manto terrestre estende-se por cerca de 30 km de profundidade (podendo ser bastante menos nas zonas oceânicas) até aos 2900 km abaixo da superfície (transição para o núcleo). ■ radioatividade: é um fenômeno natural ou artificial, pelo qual algumas substâncias ouelementos químicos, chamados radioativos, são capazes de emitir radiações. As radiações têm as propriedades de impressionar placas fotográficas, ionizar gases, atravessar corpos opacos à luz ordinária etc. As radiações emitidas pelas substâncias radioativas são prin- cipalmente partículas alfa, partículas beta e raios gama . A radioatividade é uma forma de energia nuclear usada em medicina (radioterapia) e consiste no fato de alguns átomos, como os do urânio, rádio e tório, serem “instáveis” . # M2MA 204 Módulo 2 www.Bibliografia HINRICHS, R . A . e KLEINBACH, M . Energia e Meio Ambiente . São Paulo: Ed . Thomson Learning, 2003 . 1ª Edição . MILLER JR ., G . T ., Ciência Ambiental. São Paulo: Ed . Thomson Learning, 2007 . LANDULFO, E . Meio Ambiente & Física. Editora SENAC, 2005 . TRABALKA, R .& REICHLE, D . E . The Changing Carbon Cycle Springer Verlag, 1986 . THOMPSON, G ., TURK, J ., Earth Science and the Environment, Ed Thomson Brooks/Cole, 2006 . 4a . Edição . Serviço Geológico do Brasil disponível em: <http://www.cprm.gov.br > Acesso em 15/052008 Curso de Licenciatura em física 205 Olá, estudante . Nesta unidade vamos definir e ilustrar os conceitos fundamentais de energia e tra- balho . A energia pode ser encontrada sob muitas formas, como mecânica, radiante, térmi- ca, elétrica, química, nuclear. Analisaremos as suas transformações de uma forma para outra . Vamos ver também que não é possível criar ou destruir energia, mas sim convertê- la de uma forma para outra em alterações físicas e químicas.Verificaremos também que o resultado da transformação de um tipo de energia em outra resulta sempre em menos energia capaz de realizar trabalho útil do que inicialmente . Bom estudo! 2.1 Energia: definições Por muitos anos, a energia foi considerada, do ponto de vista físico, como um flui- do intrinsecamente presente nos diferentes corpos . A interpretação dada aos fenômenos físicos pelos cientistas dos séculos XVII e XVIII, que os atribuíam a forças que agiam à distância, reduziu o papel das manifestações energéticas a meras conseqüências de tais forças, observadas em forma de trabalho mecânico ou de calor . Atualmente, o conceito de energia é considerado como o substrato básico do univer- so e responsável pelos processos de transformação, propagação e interação que nele ocor- rem . De uma forma geral, este conceito é descrito como a capacidade que corpos e sistemas possuem de realizar trabalho ou, sob certas condições, de realizar tarefas úteis. Um trabalho realizado em um corpo ou sistema de corpos gera um aumento de sua energia . Assim, quando se comprime uma mola armazena-se nesse objeto energia elástica que se manifesta quando a mola se distende . Nesse processo se produz apenas cessão de energia . Unidade 2. Energia # M2MA 206 Módulo 2 2.1.1 Formas de energia e conversões de energia Com os trabalhos de Isaac Newton (final do século XVII), a noção de força foi in- troduzida como um agente capaz de alterar o equilíbrio dinâmico ou estático dos corpos . Entretanto, seus sucessores substituíram as forças pelas energias a elas associadas como as causas fundamentais dos fenômenos físicos . Segundo tais princípios, as trocas de energia entre os diferentes sistemas são responsáveis por esses fenômenos e se manifestam em diversas formas conversíveis entre si . No início do século XX, uma nova teoria determinou a modificação substancial do conceito de energia e de suas relações de troca com os corpos. A relatividade física, de- fendida por Albert Einstein, considera a energia e a massa como diferentes manifestações de uma única propriedade . Segundo a teoria, a energia pode passar a outros estados e até mesmo converter-se em massa e vice-versa . Em altíssimas temperaturas alcançadas durante as reações nucleare, experimentos científicos comprovaram o fenômeno da trans- formação de massa em energia pura, embora ainda seja impossível provocar a conversão em sentido inverso . A energia pode se manifestar como energia elétrica do fluxo de elétrons, energia me- cânica utilizada para mover ou levantar matéria, energia radiante (luminosa ou eletromag- nética) produzida pelo Sol e por lâmpadas elétricas, energia térmica (calor) quando a energia flui de um corpo quente para um corpo frio, energia química armazenada em ligações quí- micas, entre outra. Todas as formas de energia podem ser classificadas em dois tipos: a) energia potencial – associada à posição ou configurações que os corpos possuem. Se a configuração do sistema se altera, a energia potencial do sistema também pode se alte- rar . Esse tipo de energia fornece o potencial ou a possibilidade da realização de um trabalho . Explosão de uma bomba atômica. Um grande exemplo do fenômeno de transformação de massa em energia pura. Pedras na mão de uma pessoa é um exemplo de energia potencial # M2MA Curso de Licenciatura em física 207 física e Meio Ambiente i b) energia cinética – associada ao movimento de partículas materiais . Quanto mais rapidamente um objeto estiver se movendo, maior será a sua energia cinética . Quando o objeto está em repouso, sua energia cinética é nula . Água represada também é um exemplo de energia potencial um martelo utiliza a energia cinética para vencer as forças de atrito que se opõem à penetração do prego carro em movimento têm energia cinética # M2MA 208 Módulo 2 É possível mudar a energia potencial para cinética e vice versa . Experimente deixar cair um tijolo sobre o seu pé . 2.1.2 fontes de energia Existe uma grande variedade de processos capazes de gerar energia em alguma de suas formas . No entanto, as fontes clássicas de energia utilizadas pela indústria tem sido de origem térmica, química ou elétrica, que são intercambiáveis e podem ser transforma- das em energia mecânica . A energia térmica ou calorífica origina-se da combustão de diversos materiais e pode converter-se em mecânica por meio de uma série de conhecidos mecanismos: as má- quinas a vapor e os motores de combustão interna tiram partido do choque de moléculas gasosas, submetidas a altas temperaturas, para impulsionar êmbolos, pistões e cilindros; as turbinas a gás utilizam uma mistura de ar comprimido e combustível para mover suas pás; e os motores a reação se baseiam na emissão violenta de gases . O primeiro combus- tível, a madeira, foi sendo substituído ao longo das sucessivas inovações industriais pelo carvão, pelos derivados de petróleo e pelo gás natural . Pode-se aproveitar a energia gerada por certas reações químicas, em conseqüên- cia de interações moleculares. A energia presente em certos processos de soluções áci- das e básicas ou de sais pode ser captada em forma de corrente elétrica (fundamento das pilhas e acumuladores) . A energia elétrica pode ser imaginada como estando relacionada à energia cinética dos elétrons A energia térmica de um corpo consiste principalmente da soma das energias cinéticas de todos os átomos, íons ou moléculas O vento é uma massa de ar que se move. # M2MA Curso de Licenciatura em física 209 física e Meio Ambiente i De outro modo, a energia elétrica é produzida principalmente pela transformação de outras formas de energia . O movimento da água ou a pressão do vapor acionam turbi- nas que fazem girar o rotor de dínamos ou alternadores para produzir corrente elétrica . Esse tipo de energia apresenta como principais vantagens seu fácil transporte e o baixo custo . Talvez seja a forma mais difundida no uso cotidiano . As crises de energia ocorridas na segunda metade do século XX suscitaram a busca de novas fontes . Registraram-se duas tendências aparentemente opostas: projetos e inven- ções destinados a dominar os processos de reação nuclear e os sistemas de aproveitamento de energias naturais não poluentes, como a hidráulica, a solar, a eólica e a geotérmica - mais adiante estudaremos de forma detalhada . Como resultado dessas pesquisas obteve- se um maior índice de aproveitamento dosrecursos terrestres e marítimos em determina- das regiões do globo.( texto adaptado do material disponível na página eletrônica: http://www. biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1725). As fontes de energia podem ser classificadas em: a) Primárias: quando ocorrem livremente na natureza . Ex .: Sol (radiante), petróleo, gás natural, xisto, carvão mineral, energia hidráulica, lenha, resíduos de madeira e os pro- dutos da cana-de-açucar . As fontes de energia primárias podem ser: ■ renováveis: são aquelas que se renovam continuamente na natureza, sendo, por isso inesgotáveis . Ex .: energia solar, energia eólica, hídrica, etc . ■ não-renováveis: são aquelas cujas reservas se esgotam, pois o seu processo de formação é muito lento comparado com o ritmo de consumo que o ser humano faz delas. Ex .: Gás natural, carvão, petróleo bruto, etc . b) secundárias: quando são obtidas a partir de outras . Ex .: Óleo diesel, óleo com- bustível, gasolina (automotiva e de aviação), gás liquefeito de petróleo - GLP, nafta, quero- sene, gás de xisto, eletricidade, carvão vegetal, álcool etílico . 2.1.3 Qualidade da energia Podemos classificar a energia como de alta ou baixa qualidade, de acordo com a capacidade da fonte de energia de realizar trabalho. Podemos definir a energia de alta qualidade como concentrada e que pode realizar trabalhos úteis . Exemplos de energia de alta qualidade são: energia química armazenada no petróleo, a luz solar, a eletricidade etc . Por energia de baixa qualidade entende-se a energia que é dispersa e que tem pouca capacidade de realizar trabalho útil . Exemplo de energia de baixa qualidade é a energia dispersa nos oceanos, maior do que a armazenada nos depósitos de petróleo do Oriente Médio, porém, devido a sua grande dispersão, não é amplamente utilizada para realizar trabalho. # M2MA 210 Módulo 2 2.2 o conceito de energia através da física Clássica Vamos estudar a partir de agora alguns princípios importantes por trás do conceito de energia . O que é um sistema? É o objeto do estudo, um meio de reação, uma quantidade de um corpo puro, um ser vivo etc . O seu meio externo é o restante do universo, podendo estar limitado ao meio ambiente próximo . Na fronteira entre o sistema e o meio externo iremos encontrar propriedades que irão determinar quais trocas de energia podem existir entre o eles . Desse modo, o sistema pode ser aberto, onde trocas de energia são possíveis entre sistema e meio externo; ou isolado, onde nenhuma troca de energia entre sistema e meio externo . 2.2.1 trabalho e energia Já definimos que energia é a capacidade de realizar trabalho. O trabalho W é a ener- gia transferida para um objeto, ou a força atuando sobre ele . Assim, trabalho é energia transferida . “Realizar trabalho” é o ato de transferir energia . Esse conceito é muito abs- trato, mas por outro lado, introduz rigor matemático e, portanto, precisão, na definição de energia. Para ser bem exato, o que se pode afirmar é que, se alguma força realizou trabalho, então houve variação de energia. O trabalho aqui definido se constitui, então, em medida do quanto uma forma de energia se altera, ou varia, quando um móvel se desloca de um ponto A para o ponto B . 2.2.2 Trabalho realizado por uma força num deslocamento linear Para uma força constante, o trabalho realizado pela força F sobre uma partícula, quando esta se desloca linearmente de A até B, é dado pelo produto escalar . WA→B=F ⋅ ∆r (trabalho realizado por uma força constante) onde ∆r é o vetor deslocamento de A até B: ∆r=ra− rb Portanto, trabalho é uma grandeza escalar e seu valor é WA→B=F⋅∆rcosα Desse modo, se o corpo ao qual a força é aplicada não se move, nenhum trabalho é realizado . Esta relação permite determinar o trabalho para levantar um peso, mover uma partícula carregada através de um campo magnético etc . É interessante relacionar a definição de trabalho com os conceitos de sistemas, pro- priedades e processos . Desse modo: Um sistema realiza trabalho se o único efeito sobre a vizinhança for o deslocamento de um corpo. A Unidade de medida de trabalho no sistema Internacional de Unidades (S .I .) é newton vezes metro ou joule (J) . 2.2.3 Potência Potência é taxa com que se realiza trabalho, ou a taxa com que a energia é produzi- da, utilizada ou transferida, ou seja: Potência = trabalho realizado = energia utilizada tempo gasto tempo gasto → → → → → → → → → # M2MA Curso de Licenciatura em física 211 física e Meio Ambiente i A unidade de medida no S.I. é o joule por segundo, ou watt (W). 2.2.4 temperatura e calor O termo temperatura requer uma definição científica diferente de sua comum de- finição. A temperatura está relacionada com o estado de movimento ou de agitação das partículas de um corpo . Assim, podemos dizer que a temperatura é um valor numérico associado a um determinado estado de agitação ou movimentação das partículas de um corpo, umas em relação às outras . a) Unidades de temperatura A unidade básica de temperatura (no S .I .) é o kelvin (K). Um kelvin é rigorosamente definido como sendo 1/273,15 da temperatura do ponto triplo da água (o ponto onde água, gelo e vapor de água coexistem em equilíbrio) . A temperatura 0º K é chamada zero abso- luto e corresponde ao ponto onde as moléculas e átomos possuem a menor quantidade possível de energia térmica . Outras escalas termométricas comumente usadas são: Celsius, Fahrenheit, Réaumur e Rankine . Observe a tabela onde são apresentadas as relações de conversão entre elas. Conversão de algumas escalas termométricas. # M2MA 212 Módulo 2 Por outro lado, quando colocamos em contato térmico dois corpos de temperatura diferentes, notamos que esses buscam uma situação de equilíbrio térmico, no qual as tem- peraturas tornam-se iguais . Para que isso aconteça, o corpo de maior temperatura fornece, ao de menor temperatura, certa quantidade de energia térmica . Isso provoca uma dimi- nuição em sua temperatura e um aumento na temperatura do corpo inicialmente mais frio, até que se estabeleça o equilíbrio térmico . Essa energia térmica, quando e apenas enquanto está em trânsito, é denominada calor, que é a energia térmica em trânsito de um corpo para outro ou de uma parte de um corpo para outra parte desse corpo, esse trânsito é provocado por uma diferença de temperatura . Se você segura neve em sua mão, a energia térmica será transferida (calor) de sua mão para a neve, produzindo uma sensação de frio . 2.2.5 Princípio da conservação de energia Observações científicas têm demonstrado que na transformação de uma forma de energia em outra, a energia não é criada e nem destruída . Em qualquer alteração física ou química, a entrada e saída de energia são sempre as mesmas, o que caracteriza a Lei da Conservação da Energia. 2.2.6 Conversão de energia; equivalências de energia Durante cada conversão de energia, a energia de alta qualidade é degradada e flui no ambiente como calor de baixa qualidade. Desse modo, podemos definir a eficiência de um processo de conversão de energia como: eficiência= trabalho útil ×100% total de entrada particular de energia num sistema A neve e a mão tendem a uma mesma temperatura. # M2MA Curso de Licenciatura em física 213 física e Meio Ambiente i 2.2.7 Calor, trabalho e a Primeira Lei da Termodinâmica A energia interna (Ei) é uma propriedade intrínseca dos sistemas . Ela está nos siste- mas, mas trabalho (W) e calor (Q) não são propriedades de um sistema, apenas podem ser trocados para dentro e fora do sistema . Em todos os processos físicos que ocorrem na natureza há conservação de ener- gia . A energia transfere-se e transforma-se noutra forma diferente, mas a energia total de um sistema isolado conserva-se . As transferências de energia podem traduzir-se em variações de energia interna dos sistemas (∆Ei) . A variação da energia interna do sistema é conseqüênciado balanço energético entre calor e trabalho . Quando fornecemos um calor Q a um sistema e ele não realiza nenhum trabalho, sua energia interna aumenta de valor igual a Q; isto é, ∆Ei = Q . Quando um sistema realiza um trabalho W de expansão contra suas vizinhanças e nenhum calor é fornecido ao sistema neste processo, a energia deixa o sistema e sua energia interna diminui . Ou seja, quando W é positivo, ∆Ei é negativo e vice-versa . Logo ∆Ei = −W . Quando ocorre uma transferência de calor juntamente com o trabalho realizado, a variação total da energia interna, conhecida como Primeira Lei da Termodinâmica, é dada por: ∆Ei = Q −W 2.2.8 Segunda Lei da Termodinâmica Na transformação de uma forma de energia em outra, ocorre uma diminuição na quali- dade ou capacidade da energia de realizar trabalho útil. Se verifica que alguma quantidade de energia útil sempre se degrada em energia de baixa qualidade, mais dispersa e menos útil . Essa energia degradada geralmente toma a forma de calor diluído em um meio a uma baixa tem- peratura . Esse fato descreve que não podemos reciclar ou reutilizar energia de alta qualidade para realizar trabalho . Esse conceito caracteriza a Segunda Lei da Termodinâmica . Eficiência de energia de alguns sistemas. Esquema de trocas de energia entre o sistema e sua vizinhança # M2MA 214 Módulo 2 saiba mais Ao dirigir um carro, somente de 20% a 25% da energia química de alta qualidade disponí- vel na gasolina são convertidos em energia mecânica e elétrica . Entre 75% a 80% restantes são degradados em calor de baixa qualidade que são liberados nos meio ambiente . Desse modo, grande parte do dinheiro gasto com combustível não é utilizado para mover o veí- culo, mas se perde em calor . Podemos observar que a Segunda Lei da Termodinâmica descreve a direção dos processos físicos . Existem processos que têm em comum o fato de ocorrerem em um sen- tido e não, espontaneamente, no sentido oposto . São processos de mão única . Em termos mais técnicos, eles são chamados de processos irreversíveis, pois não se revertem esponta- neamente. Por exemplo, é costume verificar que o calor flui de um corpo quente para um corpo frio, e nunca no sentido inverso por si próprio . Para refletir Você pode estar pensando: mas numa geladeira é fácil verificar que o calor flui de uma fonte fria para uma fonte quente! Em sua geladeira, a todo instante passa calor de dentro para fora, resfriando o interior e aquecendo o exterior . Mas isso só acontece se a geladeira estiver ligada na tomada e fun- cionando, isto é, consumindo energia elétrica . O processo, portanto, não é espontâneo, tem de ser induzido . Copos que se quebram, pilhas que descarregam e gelo que derrete são exemplos de processos irreversíveis . A Segunda Lei da Termodinâmica expressa essa mania da natu- reza de estabelecer um sentido para os processos naturais espontâneos . Na verdade, é quase impossível encontrar um processo físico completamente reversível . Na vida prática, os processos físicos não são ideais e, portanto, sempre tem algum grau de ir- reversibilidade. Em geral, a irreversibilidade é atribuída às forças de atrito (sólidos e fluidos), à transferência de calor com diferença finita de temperatura, à expansão ou compressão rápida de um fluido, à expansão livre de um fluido, à mistura espontânea de gases diferentes etc. E antes de terminarmos a unidade, vamos pensar sobre: o que é entropia?Entropia é um conceito utilizado para medida da desordem de um sistema . É uma propriedade do sistema . Já sabemos que podemos alterar a energia de um sistema pela realização de um trabalho sobre ele, e pela adição ou subtração de calor . Ao adicionarmos calor, a desordem do sistema aumenta, assim como sua entropia. Se o calor flui para fora do sistema, a desor- dem diminui, assim como a entropia . Copos que se quebram ao cair. Pilhas que descarregam. Gelo que derrete na bebida. # M2MA Curso de Licenciatura em física 215 física e Meio Ambiente i sugestão de atividades 1 .Baseando-se na Segunda Lei da Termodinâmica, explique por que um barril de petróleo pode ser utilizado apenas uma vez como combustível . 2 . Explique, brevemente, a seguinte declaração: “matéria pode ser reciclada, mas energia não .” 3 . Faça um texto expondo sua opinião sobre como podemos obter mais energia de alta qualidade de forma rápida e barata . glossário ■ Alternador: é uma máquina que transforma energia mecânica em energia elétrica . O nome alternador é devido ao tipo de corrente elétrica gerada: corrente alternada . ■ Combustão: também chamada de queima, é uma reação química exotérmica entre uma substância - o combustível- e um gás, usualmente o oxigênio - o comburente - com libe- ração de calor . ■ dínamo: é um aparelho que gera corrente elétrica contínua convertendo energia mecâ- nica em elétrica, através de indução eletromagnética . ■ gás ideal: Um gás pode ser considerado ideal quando o volume disponível para cada molécula é igual ao volume do recipiente onde o gás se encontra. Nestas condições as interações entre as moléculas constituintes desse gás são consideradas inexistentes. ■ Reação exotérmica: é uma reação química cuja energia total dos seus produtos é menor que a de seus reagentes, ou seja, ela libera energia em forma de calor . ■ Termodinâmica: é a parte da Física que estuda os fenômenos relacionados ao trabalho, energia, calor, entropia e as leis que governam os processos de conversão de energia . Um baralho com as cartas dispostas em ordem aleatória é um sistema caracterizado por uma grande entropia. # M2MA 216 Módulo 2 saiba mais Com as sugestões a seguir, você aprende pesquisando na web: http://educar.sc.usp.br/ciencias/fisica/mf8.htm http://www.brasilescola.com/fisica/temperatura-calor.htm http://www.2ndlaw.com/ http://www.entropysite.com/students_approach.html http://www.physlink.com/ http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1725 http://pt.wikibooks.org/wiki/Curso_de_termodin%C3%A2mica:Primeira_lei http://www.seara.ufc.br/donafifi/entropia/entropia1.htm não deixe de ler também: SCHEIDER, E ., KAY, J ., Ordem a partir da desordem: a termodinâmica da complexidade biológica . In: O Que é Vida? 50 anos depois . São Paulo: Fundação Editora Unesp, 1997 . Bibliografia HINRICHS, R . A . & KLEINBACH, M . Energia e Meio Ambiente . . São Paulo: Ed . Thomson Learning, 2003 . 1ª . Edição YOUNG, H . D . & FREEDMAN, R . A ., SEARS & ZEMANSKY . Física II: Termodinâmica e Ondas. São Paulo: Adisson Wesley, 2003. 10a. edição. MILLER JR ., G . T ., Ciência Ambiental. Tradução da 11a edição norte-americana . São Paulo: Ed . Thomson Learning, 2007 . LEE, J . F ., & SEARS, F . W ., Termodinâmica, Rio de Janeiro: Editora ao Livro Técnico S .A . , 1969 . www. Curso de Licenciatura em física 217 Olá, caro(a) aluno(a) . Nesta unidade vamos estudar os princípios científicos envolvidos nas principais fontes energéticas atuais . É importante que estudemos a caracterização de diferentes fon- tes de energia, seus efeitos sobre nosso ambiente e sua importância em termos de desen- volvimento sócio-econômico . O estudo sobre as tecnologias energéticas atuais e suas im- plicações de uso quanto ao impacto econômico-ambiental se torna pertinente em meio às atuais discussões na mídia sobre o tema preservação do meio ambiente. A melhor forma de entender as fontes energéticas atuais e suas conseqüências é entender os princípios científicos que as envolvem. Bom estudo! 3.1 Geração de energia A energia sempre foi algo essencial à vida humana. Podemos afirmar que nos primór- dios da civilizaçã, nas sociedades primitivas, seu custo era praticamente zero . A energia era obtida da lenha das florestas para aquecimento, cozer alimentos, para metalurgia e fabrica- ção de utensílios de cerâmica, por exemplo . Durante esta época, o homem pôde gerar, trans- mitir e consumir energia sem alterar significativamente o ambiente global. Pouco a pouco, o consumo de energia foi crescendotanto que outras fontes se tornaram necessárias . Durante a época conhecida como Idade Média, as energias de cursos d´água e dos ventos foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes para suprir as necessidades de populações crescentes, sobretudo nas cidades. Nesta época, a apropriação intensa das fon- tes disponíveis, como foi o caso da lenha, provocou episódios de escassez que perduraram até a Revolução Industrial . Unidade 3. Fontes de Energia # M2MA 218 Módulo 2 A inserção de uma nova tecnologia conhecida como máquina a vapor provocou uma ruptura no sistema, exigindo uma nova ordem de grandeza no uso da energia . Além do carvão, como substituto da lenha a partir do século XIX, o uso generalizado do petróleo, junto com a eletricidade, viria assentar, no século XX, as bases da moderna civi- lização industrial, fundamentando grande parte da economia no uso de recursos fósseis que a natureza levou milhões de anos para produzir. Depois da 2ª Guerra Mundial, como recurso adicional para atender à expansão cres- cente do consumo de energia, foi desenvolvido o aproveitamento tecnológico da energia nuclear como fonte geradora de eletricidade . Desse período em diante, a rapidez e ampli- tude das atividades econômicas demonstrariam a chegada a um nível tão crescente de consumo dos recursos naturais que, pela primeira vez na história, o equilíbrio ecológico essencial para a vida humana passou a ser seriamente comprometido . Na avaliação das fontes energéticas, é de suma importância a descrição da quantida- de utilizável de energia de alta qualidade ou sua energia líquida . Essa energia líquida re- presenta a quantidade total de energia disponível de um recurso energético menos a ener- gia necessária para encontrar, extrair, processar e levar essa energia aos consumidores . As chamadas fontes energéticas apresentam-se em diferentes formas na natureza, em diferentes níveis de refinamento que vão da lenha à nuclear. Em uma avaliação global de um sistema energético é conveniente expressar todas as formas de energia de uma ma- neira unificada. 3.2 energia solar A energia solar é produzida da radiação solar . Energia solar tem sido usada por milhares de anos e de diversas maneiras . A vida na Terra não poderia existir sem a ela .De forma direta ou indireta, o Sol é responsável por quase todas as fontes de energia encontra- das na Terra . Todo o carvão, óleo e gás natural são resultado da deteriorização matéria or- gânica através de milhares anos . Em outras palavras, os combustíveis fósseis preliminares usados hoje são, na realidade, energia solar armazenada . O calor do Sol igualmente con- duz o vento, que é outra fonte de energia renovável (veremos mais sobre isso adiante) . O vento se desloca porque a atmosfera da Terra é aquecida desigualmente pelo Sol . As únicas fontes de energia que não possuem origem na energia solar são: a energia produzida pelo decaimento radioativo dos elementos químicos no núcleo de terra, as marés dos oceanos, que são influenciadas pela força gravitacional da Lua, a fusão e fissão nuclear. Os métodos de captação de energia solar classificam-se em direta ou indireta. Na captação direta há apenas uma transformação para fazer da energia solar um tipo de ener- gia útil ao ser humano . O calor obtido através da incidência direta da energia solar sobre uma superfície escura (princípio de funcionamento dos aquecedores solares) e utilizado para aquecer uma determinada quantidade de água é um exemplo de captação direta . Por outro lado, quando há mais de uma transformação da energia solar captada para que surja energia utilizável, temos a característica da captação indireta . Como exemplo, temos os sistemas que controlam automaticamente cortinas, de acordo com a disponibilidade de luz do Sol . A captação de energia também se classifica em passiva e ativa . sistemas passivos são geralmente diretos, apesar de algumas vezes envolverem fluxo em convecção, que é tecnicamente uma conversão de calor em energia mecânica . sistemas ativos são sistemas que apelam ao auxílio de dispositivos elétricos, mecânicos ou químicos para aumentar a efetividade da coleta . Sistemas de captação indiretos são quase sempre também ativos . # M2MA Curso de Licenciatura em física 219 física e Meio Ambiente i No primeiro gráfico o aproveitamento da iluminação natural e do calor para aque- cimento de ambientes, denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da radiação solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de ilu- minação e aquecimento . Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção. O segundo es- quema exemplifica o aproveitamento térmico para aquecimento de fluidos. feito com o uso de coletores ou concentradores solares. Os coletores solares são mais usados em aplicações residenciais e comerciais (hotéis, restaurantes, clubes, hospitais etc .) para o aquecimento de água (higiene pessoal e lavagem de utensílios e ambientes) . Na Figura, o ar transfere calor do coletor para ambiente habitado ou para dentro da caixa escura (cheia de pedras) que funciona como armazenadora de calor . 3.2.1 Características da radiação solar O clima da Terra é controlado pela quantidade de radiação solar incidente sobre o planeta e a fração de energia que é absorvida. A densidade média do fluxo de energia proveniente da radiação solar é de 1354 W/m2, quando medida num plano perpendicular à direção da propagação raios solares situado no topo da atmosfera terrestre . Este número, denominado constante solar, varia minimamente durante o tempo . A radiação solar fornece anualmente para a atmosfera terrestre cerca de 1,5 x 1018 kiloWatt hora (kWh) de energia. O Sol do meio-dia de um dia de verão abastece um metro quadrado da superfície com aproximadamente 1 kW de energia. A quantidade total de energia recebida pela Terra é determinada pela projeção da sua superfície sobre um plano perpendicular à propagação da radiação (πR2, onde R é o raio da Terra) . Como o planeta gira em torno do seu eixo, esta energia é distribuída, embora de forma desigual, sobre toda a sua superfície (a área da superfície do planeta que recebe a radiação é 4πR2) . Assim, a fração da constante solar recebida por unidade de área da superfície terrestre é: πR2/4πR2 = 1/4 da constante solar (~ 343 W/m2) . A energia solar recebida em um determinado local da superfície terrestre pode va- riar, dependendo da latitude, da estação, do horário do dia e do grau de nuvens e gases poluentes presentes na atmosfera . Exemplos de sistema de captação solar passivo e ativo. # M2MA 220 Módulo 2 Órbita da Terra ao redor do Sol (quase circular), onde são evidenciadas as estações do ano e a inclinação do eixo da Terra (23,5o em relação ao plano de movimento orbital) . De- vido a estes fatores astronômicos, o Pólo Norte do planeta está inclinado em direção ao Sol durante o verão do hemisfério norte e na direção oposta no inverno . Deste modo o hemisfé- rio norte recebe uma maior quantidade de radiação solar durante o verão do que durante o inverno, chegando a um máximo no solstício de verão, que acontece no dia 21 de junho . 3.2.2 - Visão geral do aquecimento solar contemporâneo Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais usados atual- mente é o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia elétrica . No aquecimen- to de água, são comumente utilizados coletores solares . Os coletores são aquecedores de fluídos (líquidos ou gasosos) e são classificados em coletores concentradores e coletores planos em função da existência ou não de dispositivos de concentração da radiação solar . O calor do sol, captado pelas placas do aquecedor solar, é transferido para a água que circula no interior de suas tubulações, tipicamente feitos de cobre. O fluído aquecido é mantido em reservatórios termicamente isolados atéo seu uso final (água aquecida para banho, ar quente para secagem de grãos, gases para acionamento de turbinas etc .) . Um sistema básico de aquecimento de água por energia solar é composto de coletores solares, as placas, e reservatório térmico, o Boiler . Em sistemas convencionais, a água circula entre os coletores e o reservatório térmi- co através de um sistema natural chamado termossifão . Nesse sistema, a água dos coleto- res fica mais quente e, portanto, menos densa que a água no reservatório. Assim a água fria “empurra” a água quente gerando a circulação . Esses sistemas são chamados da circulação natural ou termossifão . A circulação da água também pode ser feita através de motobom- bas em um processo chamado de circulação forçada ou bombeado, e são normalmente utilizados em piscinas e sistemas de grandes volumes . A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da ra- diação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores . Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico . O primeiro caracteriza-se pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, em condições específicas. No segundo, os fótons contidos na radiação solar são convertidos em energia elétrica, por meio do uso de células solares . movimento da Terra em torno do Sol # M2MA Curso de Licenciatura em física 221 física e Meio Ambiente i Quando a pequena célula solar fica exposta ao Sol, os elétrons (círculos vermelhos) libertam-se do seu núcleo deslocando-se . Eles movem-se para a superfície da placa solar (a azul escuro). As duas extremidades da célula solar estão ligadas por um fio condutor elé- trico . Desse modo, o movimento dos elétrons gera uma corrente elétrica que ira alimentar algum dispositivo . A energia solar fotovoltaica é a energia da conversão direta da radiação em eletrici- dade, efeito fotovoltaico . Esse efeitoé o aparecimento de uma diferença de potencial nos ex- tremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da radiação solar . A tecnologia fotovoltaica está se tornando cada vez mais competitiva, tanto porque seus custos estão decrescendo, quanto porque a avaliação dos custos das outras formas de geração está se tornando mais real, levando em conta fatores que eram anteriormente ignorados, como a questão dos impactos ambientais . 38 – sistema de aquecimento solar de água - Fonte: http://www.soletrol.com.br/educacional/comofunciona.php Esquema de funcionamento de uma célula solar. # M2MA 222 Módulo 2 3.2.3 Vantagens e desvantagens da energia solar Vantagens: ■ Não polui durante seu uso; ■ As centrais de geração necessitam de manutenção mínima; ■ Os painéis solares são a cada dia mais potentes, ao mesmo tempo que seu custo vem decaindo . Isso torna cada vez mais a energia solar uma solução economica- mente viável; ■ A energia solar é excelente em lugares remotos ou de difícil acesso, pois sua ins- talação em pequena escala não obriga enormes investimentos em linhas de trans- missão . Desvantagens: ■ Necessidade de acesso ao Sol a maior parte do tempo; ■ Baixa eficiência; ■ Necessita de um sistema de armazenamento de energia térmica ou elétrica . 3.3 energia de fontes hídricas Energia hidráulica ou energia hídrica é obtida a partir da energia potencial de uma massa de água. Ela se manifesta na natureza na forma de fluxos de água, como rios e lagos e pode ser aproveitada por meio de um desnível ou queda d’água . Na verdade, é possível considerar a energia hidráulica como uma forma indireta de energia solar renovável . A energia solar evapora a água e a deposita, na forma de água e neve, em outras áreas por meio do ciclo da água (volte ao item 1 .2 .1 da unidade 1 para ver o ciclo da água), que poste- riormente correrá de elevações mais altas para as mais baixas nos rios e córregos. Painéis de captação da energia solar da Estação Espacial Internacional # M2MA Curso de Licenciatura em física 223 física e Meio Ambiente i Historicamente, a energia hidráulica tem sido usada para fazer a água gerar trabalho útil como moer grãos, serrar madeira e fornecer energia para outras tarefas . O uso da energia hidráulica foi uma das primeiras formas de substituição do trabalho animal pelo mecânico . O monjolo, máquina rudimentar feito de troncos de árvores é feito para bater grãos, foi introduzido no Brasil no período Colonial, é muito comum encontrá-los em proprie- dades rurais . O seu princípio de funcionamento inclui balancim em movimento oscilante através do qual o enchimento repetido por um filete de água sobre uma cavidade existente em uma de suas extremidades, e o posterior esvaziamento que ocorre em conseqüência da inclinação da haste, resultante do enchimento . A roda de água ou roda d’água é um dispositivo circular montado sobre um eixo, contendo na sua periferia aletas dispostas de modo a poder aproveitar a energia hidráuli- Utiliza-se a energia hídrica no Brasil em grande escala devido aos grandes mananciais de água existentes. Monjolo Roda de água ou roda d’água # M2MA 224 Módulo 2 ca . A água é conduzida por um canal e derramada na parte alta da roda, de modo a encher as aletas à medida que estas passam pela parte alta da roda . Isso faz com que um dos lados da roda fique mais pesado e faça a roda girar. Este tipo de roda extrai principalmente a energia potencial da água uma vez que faz o aproveitamento deslocando a água de um ponto mais alto para um ponto mais baixo . Ao contrário das demais fontes de energia renováveis, a energia hidráulica já apre- senta uma parcela significativa da matriz energética mundial e possui tecnologias devida- mente consolidadas . 3.3.1 - Sistemas hidrelétricos de grande e pequena escala Hidroeletricidade representa a conversão de energia hidráulica em energia elétrica . No século XVIII, o desenvolvimento do domínio da eletricidade através de descobertas e invenções como o dínamo, o alternador, a lâmpada e do motor elétrico possibilitou a con- versão de energia mecânica em energia elétrica, que por sua vez permitia a conversão di- reta em diversos outros tipos de energia, atendendo a uma série de necessidades . Os siste- mas comerciais de produção de eletricidade apareceram por volta de 1881, após a invenção da lâmpada elétrica por Thomas Edison . As primeiras centrais de geração e distribuição elétricas produziam corrente contínua, acionadas por máquinas a vapor, e destinavam-se a iluminação de centros consumidores próximos (dentro da própria localidade onde se situava a usina .) . O desenvolvimento de motores, geradores e o aperfeiçoamento dos pro- cessos de distribuição permitiram expandir o uso da eletricidade nos ramos comercial e industrial . Através da introdução do método de transmissão em corrente alternada e alta tensão, o transporte de eletricidade a longas distâncias passou a ser viável, com redução de perdas de energia, favorecendo também o uso da hidroeletricidade . Atualmente, a energia hidráulica é responsável por aproximadamente metade de toda a eletricidade gerada por meio da utilização de recursos naturais renováveis . As primeiras usinas de energia hidroelétrica para a produção de eletricidade foram construídas na Inglaterra em 1880 . Nelas, a energia elétrica tem como fonte principal a energia proveniente da queda de água represada a uma determinada altura . O método comum é construir uma alta barragem atravessando um grande rio para criar um reser- vatório . Parte da água armazenada no reservatório é liberada para passar por enormes tubulações a taxas de vazão controladas. Desse modo, a energia potencial que a água tem na parte alta da represa é transformada em energia cinética, que faz com que as pás de uma turbina girem, acionando o eixo do gerador, produzindo energia elétrica através da ocorrência de interações eletromagnéticas. Você estudará os princípios físicos por trás do funcionamento
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