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POSSIBILIDADES-DE-INTERVENÇÃO-NA-INFÂNCIA-1

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1 
 
 
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO NA INFÂNCIA 
1 
 
 
Sumário 
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO NA INFÂNCIA ................................... 3 
Introdução ........................................................................................................ 3 
Conceito e objetivos da intervenção ................................................................ 4 
Operacionalização da intervenção precoce ..................................................... 6 
Sinalização ................................................................................................... 6 
Formas de intervenção: intervenção familiar sistémico- ecológica .................. 8 
 ............................................................................................................... 10 
Abordagem psicodinâmica ............................................................................ 11 
Terapia Infantil ............................................................................................... 13 
Qual a sua importância? ............................................................................ 14 
Como funciona e quais as particularidades desse tratamento? ................. 15 
Quando fazê-la?......................................................................................... 17 
Benefícios da terapia infantil ...................................................................... 18 
Métodos podem ser utilizados.................................................................... 20 
Ludoterapia............................................................................................. 20 
Brincadeiras de faz de conta .................................................................. 21 
Desenvolvimento intelectual....................................................................... 23 
Desenvolvimento físico .............................................................................. 24 
Desenvolvimento social ............................................................................. 25 
Desenvolvimento emocional ...................................................................... 25 
Como acontece o desenvolvimento emocional na infância? .................. 26 
Musicoterapia ............................................................................................. 27 
Abordagem cognitivo-comportamental .......................................................... 28 
Conclusão ...................................................................................................... 29 
Referência ..................................................................................................... 31 
 
 
2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
3 
 
 
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO NA INFÂNCIA 
Introdução 
O presente trabalho visa debruçar-se sobre a intervenção junto da 
criança e da sua família, e as suas formas de atuação. A intervenção 
precoce, trata-se de um serviço prestado por um conjunto de técnicos (de 
formação diferenciada) que visa uma intervenção de natureza 
socioeducativa e terapêutica junto de crianças (dos 0 aos 6 anos) cujo 
desenvolvimento se encontra comprometido, ou em risco de o ser. 
Esta intervenção com crianças, parte do princípio que quanto mais 
cedo se fizer a detecção de caso, mais fac ilmente se evitará a cristalização 
ou o agravamento dos problemas da criança, da estrutura familiar e da 
comunidade. A intervenção precoce dá assim atenção não só à criança, 
mas também aos vários contextos de socialização e de educação, como a 
família, o jardim de infância e/ou outros. 
De facto, uma intervenção precoce não se centra na criança como um 
ser individual, mas sim como fazendo parte de um sistema onde se insere, 
pelo que uma intervenção a este nível se centra sobretudo na família. O 
processo em torno da intervenção precoce, inicia-se pela sinalização do 
caso, que pode ser detectado pelos pais, educadores, ou outros, e que 
resulta posteriormente na intervenção, podendo ser desenvolvida através 
de uma intervenção familiar sistémica-ecológica, da terapia psicodinâmica, 
da terapia cognitiva-comportamental, e da intervenção em rede 
transdisciplinar . 
4 
 
 
 
Conceito e objetivos da intervenção 
 
O conceito de intervenção foi precedido pelo conceito de estimulação precoce, 
que se centrava unicamente sobre a necessidade de estimular a criança, colocando 
em ação as suas capacidades motoras e sensoriais, de forma a obter maior qualidade 
nesses domínios (Franco, 2007). Atualmente, o conceito de intervenção precoce é 
mais amplo e dimensional, e pode ser definido como o conjunto das intervenções 
dirigidas às crianças, até aos 6 anos, com problemas de desenvolvimento ou em risco 
de os virem a apresentar, às suas famílias e contextos (Correia & Serrano, 1998, cit. 
in Franco, 2007). 
Recentemente, Dunst e Bruder (2002, cit. in Pimentel, 2004), referem que a 
intervenção precoce é o conjunto de serviços, apoios e recursos que são 
indispensáveis para responder, quer às necessidades específicas de cada criança, 
quer às necessidades das suas famílias, no que respeita à promoção do 
desenvolvimento da criança. 
Assim, a intervenção precoce inclui todo o tipo de atividades, oportunidades e 
procedimentos destinados a promover o desenvolvimento e aprendizagem da 
criança, assim como o conjunto de oportunidades para que as famílias possam 
promover esse mesmo desenvolvimento e aprendizagem. 
A intervenção precoce pode também ser definida como uma medida de apoio 
integrado centrada na criança e na família, mediante ações de natureza preventiva e 
habilitaria, designadamente do âmbito da educação, saúde e ação social, que permite 
5 
 
 
assegurar condições facilitadoras do desenvolvimento da criança com deficiência ou 
em risco de atraso grave de desenvolvimento, potenciar as interações familiares como 
suporte da sua progressiva capacitação e autonomia face à problemática da 
deficiência (Diário da República, 1999). 
Estas definições envolvem três conceitos fundamentais de prevenção: 
 Prevenção primária (evitar que as dificuldades ocorram). 
 Prevenção secundária (melhorar as dificuldades das crianças com vista 
à sua eliminação). 
 Prevenção terciária (melhorar e não permitir o agravamento das 
dificuldades das crianças com necessidades educativas especiais já 
adquiridas), para que assim, melhorias na pessoa e no meio ambiente 
possam conduzir a uma melhoria simultânea da qualidade de vida 
(Bairrão, 2006). 
Como já foi referido, o objetivo lato da intervenção precoce é a melhoria da 
qualidade de vida da criança e da família. Contudo, os grandes objetivos na base de 
uma intervenção precoce são: 
 Criar as condições facilitadoras do bom desenvolvimento e que 
permitam eliminar ou diminuir o risco. 
 Facilitar a integração da criançano meio familiar, escolar e social e a 
sua autonomia pessoal, através da redução dos efeitos de uma 
deficiência ou déficit. 
 Reforçar as boas relações e competências familiares através da 
promoção de uma boa base emocional de suporte; e introduzir 
mecanismos de compensação e de eliminação de barreiras (Franco, 
2007). 
Ao falar de intervenção precoce a um nível familiar, fala-se inevitavelmente de 
parentalidade e da importância dos papéis dos pais a desempenhar na vida da 
criança, que muitas vezes, têm que ser ensinados e treinados de forma a que os 
papéis desempenhados pelos pais, promovam um desenvolvimento saudável à 
criança. Desta forma, podemos sistematizar as funções a desempenhar pelos pais 
em cinco parâmetros (Cruz, 2005). 
6 
 
 
 A primeira função dos pais consiste em suprimir e satisfazer as necessidades 
mais básicas da criança, de sobrevivência e saúde. A segunda função relaciona-se 
com o disponibilizar à criança um mundo físico organizado e previsível, com espaços 
e objetos que possibilitem a existência de rotinas. A terceira função base dos pais é 
dar resposta às necessidades de compreensão cognitiva das realidades 
extrafamiliares (os pais como intérpretes do mundo exterior face à criança). A quarta 
função prende-se com o satisfazer das necessidades de afeto, confiança e segurança 
(construção de relações de vinculação). 
E por último, a quinta função que se relaciona com o satisfazer as 
necessidades de interação da criança e a sua integração na comunidade. Para além 
destas funções, os pais têm ainda, segundo Parker e Buriel (1998, cit. in Cruz, 2005), 
outros papéis muito importantes, tais como, o de serem parceiros de interação nas 
mais diversas atividades quotidianas; assumirem ainda um papel mais didático de 
instrutores diretos na resolução de problemas em contextos sociais, e por fim, um 
terceiro papel de preparação de disponibilização de oportunidades de estímulos e 
aprendizagens em contextos não familiares. 
 
Operacionalização da intervenção precoce 
 
Sinalização 
 
“Intervir precocemente é estar atento a múltiplos fatores que potencialmente 
podem gerar alterações no desenvolvimento, é prestar atenção aos sinais de alerta, 
às angústias e apelos trazidos pelos pais, educadores e outros técnicos de forma a 
minorar e colmatar as situações quotidianas. ” (Correia, Álvares & Abel, 2003, cit. in 
Gomes, 2008). 
A intervenção precoce é um processo que passa por várias fases. A primeira 
etapa deste trabalho, diz assim respeito à identificação, ou seja, à observação dos 
primeiros sinais ou sintomas que sugerem que o desenvolvimento de uma criança 
pode estar em risco ou a progredir de uma forma atípica. A maior parte das vezes a 
7 
 
 
sinalização em intervenção precoce é feita pelos próprios pais que recorrem a 
serviços de saúde para tentar perceber “o que se passa com o seu filho”. 
Normalmente são os pais que decidem consultar um profissional, contudo, 
muitas vezes, estes acabam por desvalorizar o problema e decidem não pedir ajuda, 
ou pedem já tardiamente. Outras vezes são os próprios profissionais de saúde que 
detectam a necessidade de uma intervenção com determinada criança ao nível 
psicológico, e normalmente não só com a criança, mas também com os seus pais. 
Para que a sinalização de um caso seja feita de forma eficaz é necessário 
conhecer o desenvolvimento básico e normal de uma criança nos seus primeiros 
meses/anos de vida. Muitas vezes, os pais não possuem este conhecimento e não 
percebem a necessidade de contatar ou pedir ajuda a profissionais, por isso, os 
educadores de infância (ou técnicos que trabalhem e lidem com crianças) têm a 
função de perceber indicadores de risco no desenvolvimento de um bebé/criança. 
Segundo Xavier e Ferreira (1999, cit. in Gomes, 2008), falar de risco no 
desenvolvimento de uma criança, implica considerar que o bem-estar da criança é 
posto em causa tendo em conta fatores adversos de ordem biológica e/ou ambiental 
que podem interferir no decurso do desenvolvimento antes ou depois do nascimento. 
Desta forma percebemos que uma criança em risco de desenvolvimento, não é só 
aquela que apresenta sintomas ou traços de “anormalidade”, mas todas aquelas que 
possam estar expostas a fatores biológicos ou ambientais sugestivos (Gomes, 2008). 
Existem ainda os casos em que é feito um diagnóstico precoce das dificuldades 
desenvolvimentais da criança ainda durante a gravidez, e por isso, nesses casos a 
intervenção começa de imediato com os futuros pais. Neste tipo de casos a 
intervenção precoce tende a ter ótimos resultados. Sabe-se que o primeiro ano de 
vida de um bebé é um período particularmente sensível no qual as experiências do 
mundo exterior têm um efeito crucial sobre o desenvolvimento da criança, dada a sua 
grande plasticidade (Gomes, 2008). Assim, quanto mais cedo for feita uma 
sinalização de uma criança com dificuldades no desenvolvimento ou em risco destas, 
mais eficaz se poderá tornar uma posterior intervenção com a criança e os seus pais. 
8 
 
 
 
Formas de intervenção: intervenção familiar sistémico- 
ecológica 
 
A Equipa de Intervenção Direta, depois de sinalizados os casos faz uma 
primeira abordagem de avaliação das necessidades e dificuldades da família e da 
criança (diagnóstico), realiza um levantamento exaustivo dos recursos, elabora o 
PAFI (Plano de Apoio Familiar Individualizado) e a partir daqui pode iniciar a sua 
intervenção, definindo logo de início com os pais, os objetivos os quais se propõem 
chegar (Teixeira, 2005) é uma exigência dos programas de intervenção (Lampreia, 
2007). 
Uma terapia familiar é sistémica, na medida em que utiliza as diferentes partes 
do sistema em que está a ocorrer o problema. Assim, em vez de depender da 
experiência e do ponto de vista de uma pessoa para contextualizar e resolver os 
problemas, a terapia familiar numa intervenção precoce inclui não só a criança 
sinalizada, mas também os seus pais, irmãos e quando se justifica, os avós, tios, 
primos, etc. (Pereira, 2007). Em certos casos, as terapias necessitam de recorrer a 
outros sistemas dos quais a criança identificada faz parte, como por exemplo o jardim 
de infância, de forma a identificar todos os fatores que possam estar na base do 
problema em causa. 
Em consultas de Psicologia Infantil, a família aparece com os seus problemas, 
geralmente, apresentados como centrados num só elemento da família, normalmente 
associados a preocupações com o desenvolvimento do seu filho. A sua inquietação 
pode prender-se com aspetos comportamentais, de desempenho escolar, de 
relacionamentos interpessoais, com a família, sendo normalmente os pais a 
identificarem os problemas e a fazerem as suas próprias atribuições (Sá, 2003). 
Quando um terapeuta decide intervir 
numa dada família com um dado problema, a 
primeira coisa que faz é situar a família no ponto 
do ciclo vital em que está sendo este ciclo 
constituído pelos momentos mais 
9 
 
 
significativos da vida familiar, no qual existem zonas de particular instabilidade. Estes 
momentos, correspondentes a mudanças na organização familiar, por si só, são 
geradores de desequilíbrios momentâneos a que a família tem de dar resposta, de 
forma a atingir uma nova organização estável (Sampaio & Gameiro, 1985, cit. in 
Lampreia, 2007). 
Grande parte de um programa de intervenção precoce é levada a cabo em 
casa pelos próprios pais e deve ocorrer diariamente. Contudo, além dos pais terem 
uma grande influência no programa de intervenção precoce, o próprio programa pode 
afetar o ciclo de vida familiar, podendo causar stress no seu seio. Segundo Guralnick 
(2000, cit. in Lampreia, 2007) os quatro principais agentes de stress que podem afetar 
a família numa intervenção são, em primeiro lugar, a grande quantidade de 
informação sobre o processo de diagnóstico, os problemas de saúde, as 
recomendações e atividadesterapêuticas, e em segundo lugar, todo o processo de 
diagnóstico e avaliação, visto que muitas vezes, implica mudanças nas rotinas diárias, 
gastos financeiros, entre outros. 
Estas intervenções que pressupõem um envolvimento familiar, nem sempre 
ocorreram desta forma, em que se dá um enfoque à família no seu todo. No início 
(por volta dos anos 50), nas intervenções precoces, os pais desempenhavam um 
papel mais passivo, a responsabilidade dos programas era atribuída quase 
inteiramente aos profissionais, que desenhavam e implementavam os programas 
num centro educacional ou em casa. 
A abordagem centrada na família (McWilliam, Winton & Crais, 2003) teve, 
assim, a sua origem nas perspectivas de Bronfenbrenner (1975) e de Hobbs et al, 
(1984) sobre sistemas ecológicos e sociais. Esta nova abordagem que tem em conta 
o envolvimento parental na intervenção surge assim por volta dos anos 70, trazendo 
consigo alguns princípios. Num primeiro princípio, a família pode ser vista que 
demonstra atraso no desenvolvimento, tendo as intervenções o objetivo de diminuir o 
impacto destes riscos no desenvolvimento futuro da criança. 
A abordagem centrada na família vê, agora, além da criança, toda a família 
como alvo de intervenção, em que o mal-estar de um membro da família irá afetar os 
outros membros. Um segundo princípio desta abordagem é reconhecer os pontos 
fortes das crianças e da família (McWilliam, et al., 2003), em que se deve identificar 
10 
 
 
e reconhecer estes pontos fortes. Outro princípio é o de dar resposta às prioridades 
identificadas pela família, ou seja, identificar aquilo que os pais consideram ser mais 
importante para o seu filho, e para tal, o profissional tem que fornece uma estrutura 
que permita um à vontade para a família comunicar e partilhar informações. 
Em quarto lugar, é necessário, segundo esta abordagem, individualizar a 
prestação de serviços (McWilliam, et al., 2003), uma vez que cada família é única, 
sendo essencial conceber um plano individual de serviços. Um quinto princípio, 
centra-se em dar resposta às prioridades, 
em constante mudança, das famílias, sendo 
que estas prioridades não são estáticas, 
e por isso, as estratégias de intervenção 
devem ser adequadas a cada etapa da 
vida de uma família. O último princípio 
desta abordagem centrada na família, fala em apoiar os valores e o modo de vida de 
cada família, sendo que estas possuem as suas próprias rotinas diárias, a forma como 
cada família se adapta aos filhos com necessidades, e às suas próprias 
necessidades, difere muito. Desta forma percebemos que uma abordagem centrada 
na família não tem o objetivo de perturbar as rotinas familiares, mas sim ajudar a 
família a atingir um equilíbrio (McWilliam, et al., 2003). 
Uma terapia familiar pode seguir vários modelos de intervenção adequados a 
cada família, cada caso ou problema apresentado. Assim, a intervenção pode seguir 
uma abordagem psicodinâmica, em que o principal objetivo é ajudar os elementos da 
família a conseguir uma compreensão de si próprios e da forma como interagem entre 
si, dando ênfase às necessidades e problemas dos elementos individuais. Pode ainda 
seguir uma abordagem transacional, uma abordagem estrutural, uma abordagem 
estratégica ou uma abordagem comportamentalista. 
 
 
 
 
11 
 
 
 
Abordagem psicodinâmica 
 
Cada vez mais a experiência clínica tem demonstrado que os acontecimentos 
e as percepções que ocorrem durante o período da gravidez, trabalho de parto e 
nascimento exercem uma forte influência, favorável ou desfavorável, nas relações 
entre os membros da nova família, afetando os sentimentos da mãe e do pai em 
relação ao novo elemento da família, sentimentos, esses, que podem durar toda uma 
vida (Gomes-Pedro, et al., 2005). 
Quando ocorre o nascimento de uma criança portadora de algum tipo de 
patologia, ou seja, um bebé com necessidades especiais, este virá, por sua vez, 
confirmar as fantasias dos seus pais, sobre a sua capacidade de gerarem, ou não, 
um filho perfeito. E por isso, nestas situações, em que a família não está preparada 
para receber uma criança que irá exigir uma grande disponibilidade psicológica, e não 
só, coloca-se a necessidade da existência de um apoio externo à família, tanto por 
parte da comunidade que a envolve, como por parte de profissionais que a possam 
ajudar a ultrapassar com sucesso esta nova fase. A característica do ser humano que 
sofre é a permanente necessidade do outro (Kislanov, 2005). 
Neste contexto, o dever de um psicólogo numa equipa que apoie a família será 
o de destacar as relações entre a criança e os pais. Num setting psicanalítico, um 
psicólogo pode desde logo analisar os sintomas que com o desenvolvimento da 
criança se podem vir a agravar, daí a vantagem de ser desde logo, precocemente, 
acompanhados por um profissional que possa levar os pais à compreensão de tudo 
o que poderá vir a acontecer, e como deverão proceder, de forma a que o bebé se 
desenvolva (nos seus vários níveis de desenvolvimento) da melhor forma possível. O 
método psicanalítico privilegia a escuta, a observação, a continência emocional do 
profissional diante da transferência e contratransferência, instrumentos que 
favorecem a aproximação à realidade psíquica e o acontecimento do pensamento 
(Kislanov, 2005). 
As terapias psicodinâmicas, normalmente enquadram-se sobretudo em 
famílias numa fase muito precoce, em que o filho ainda é bebé, e por isso, 
12 
 
 
normalmente estas têm como objetivo principal observar a interação mãe-bebé e com 
outros membros da família, sobretudo o pai, permitindo que os pais falem sobre o seu 
bebé, sobre si mesmos e sobre as suas próprias famílias. Neste âmbito, o psicólogo 
irá procurar saber a história do bebé, desde o relacionamento com os seus pais, com 
os seus avós, até a sua concepção, nascimento e desenvolvimento até à etapa do 
ciclo de vida em que se encontra. Assim, um psicanalista procura ter acesso às 
diferentes representações do bebé imaginário, fantasmático, cultural e real que os 
pais têm do seu filho. 
Uma intervenção terapêutica ao nível psicológico, muitas vezes, ainda durante 
a gravidez, foca-se sobretudo na mãe e nos aspetos psicológicos que a envolvem. 
Numa intervenção psicanalítica, normalmente, coloca-se fundamentalmente a 
questão de o adulto se organizar a si mesmo e à sua capacidade de amar e ser amado 
numa relação total (Ferreira, 2002). Assim, o papel de um terapeuta psicanalítico será 
o de perceber o bloqueio relacional, encontrar o conflito sob as defesas, identificando-
se ao interlocutor pela capacidade intuitiva e projetiva, mas diferindo dele pela 
capacidade do Eu e pela capacidade de perceber o outro através de si mesmo 
(Ferreira, 2002). Muitas vezes, o papel do psicólogo é tentar chegar às memórias que 
os pais portam consigo da sua própria infância, da forma como os seus próprios pais 
desempenharam o seu papel de pais. 
Neste âmbito de acompanhar e apoiar famílias e bebés através de 
psicoterapias, Anauate e Amiralian (2007) consideram que o incentivo da criança à 
comunicação, por meio da interação, deve ser proporcionado desde cedo. Esta 
interação inicia-se desde logo, quando se estabelece o contato do olhar entre a 
criança e os seus pais. Assim, ao olhar o bebé, a mãe conversa com ele, estimulando 
a comunicação e dando a esta a devida importância (Anauate & Amiralian, 2007). 
Quando, por qualquer razão, os pais deixam de ter interesse em comunicar 
com o seu bebé, por exemplo, quando o bebé nasce com uma deficiência e há um 
contraste muito grande entre o filho esperado e o filho real, o papel dos psicólogos 
será o de ensinar a manter um relacionamento contínuo com o seu filho. No entanto, 
este relacionamento deve proporcionar espaço para que a criança se desenvolva de 
forma autónoma, mas, por outro lado, sentindo-se segura, sendo importante instruir 
os pais, nosentido de permitirem que a criança seja ela mesma e não lhe tentem 
impor o seu eu. Tal como refere Winnicott (1993, cit. in Anauate & Amiralian, 2007) 
13 
 
 
deve existir um meio envolvente suficientemente bom que permita alcançar 
autonomamente as suas satisfações, mas também as ansiedades e conflitos 
apropriados. 
Neste tipo de psicoterapias dinâmicas, o trabalho com as crianças centra-se 
sobretudo na análise de desenhos elaborados por estas, sendo este o modo 
preferencial de comunicação das crianças em certas idades. Estes desenhos infantis 
provem de um espaço intrapsíquico, possuindo um significado e representando uma 
ponte comunicativa entre o inconsciente dinâmico e a vida consciente (Ferreira, 
2002). 
 
Terapia Infantil 
 
 
 
 
 
 
 
A Terapia Infantil é uma área da psicoterapia voltada especialmente para o 
atendimento de crianças. Geralmente, os profissionais utilizam recursos lúdicos para 
observar o comportamento dos pacientes e trabalhar as dificuldades mais evidentes. 
As atividades lúdicas são essenciais a esse processo de diagnóstico, visto que 
algumas questões subjetivas relacionadas a angústias ou tristezas, sem causa 
aparente, podem ser percebidas por meio desse método. 
Comumente, a criança não tem o discernimento do que sente para falar 
espontaneamente durante o atendimento. Assim, essas brincadeiras possibilitam a 
interação com o profissional, de modo que ele encontre caminhos para aliviar o 
sofrimento e ajudá-la. 
14 
 
 
Nesse sentido, a terapia infantil é utilizada para identificar os conflitos que 
estão gerando dor e desconforto. Essa situação afeta o bem-estar não só dos 
pequenos, como também dos pais ou responsáveis quando não conseguem 
encontrar uma saída para o problema. 
Por meio desses jogos lúdicos, o terapeuta consegue abordar o mundo infantil, 
considerar as necessidades particulares e os caracteres especiais de cada criança. 
O maior referencial é o sofrimento da criança, e o objetivo a ser alcançado é auxiliá-
la na busca de caminhos para sentir-se melhor. 
 
Qual a sua importância? 
 
Os seres humanos aprendem tudo o que sabem ao longo da vida. Esse 
aprendizado evolui conforme as experiências adquiridas ou de acordo com o que vai 
sendo demonstrado durante essa jornada. Isso ajuda a entender por que as crianças, 
muitas vezes, ainda não se desenvolveram o bastante para aprender a nomear seus 
sentimentos. Elas não entendem o que significa aquela sensação dentro do peito, 
pois não sabem diferenciar tristeza de angústia. 
Por isso, mediante situações novas ou difíceis, muitas crianças se fecham, e 
começam a se comportar de maneira estranha ou diferente. Nessas circunstâncias, 
os pais ou responsáveis precisam de muita habilidade para perceber que a criança 
necessita de auxílio. 
Assim, a busca pela ajuda profissional é importante para direcionar condutas 
mais adequadas ao enfrentamento do problema. Muitas crianças podem necessitar 
de ajuda, mas não conseguem se expressar ou explicar o que estão sentindo. 
Tendo isso em vista, esse tipo de terapia utiliza metodologias específicas para 
identificação diagnóstica da problemática infantil. Porém, o acompanhamento dos 
pais também é importante para auxiliar o tratamento do filho. Por meio da terapia 
familiar é possível promover o ajuste necessário à harmonia do lar. 
Logo, o envolvimento dos pais nesse processo psicoterapêutico é um dos 
pontos essenciais para a reversão dos diferentes problemas familiares. Nesses 
encontros, os pais ou responsáveis aprendem formas alternativas de auxiliar o filho, 
15 
 
 
além de entender melhor como os pequenos absorvem o que ocorre no contexto 
familiar. 
Essa metodologia surge, então, como uma aliada importante à escolha de 
condutas que façam a criança se sentir mais acolhida. Por meio dessa intervenção é 
possível promover maior autonomia para que o infante aprenda a lidar com as 
mudanças e oscilações que surgem na vida. 
Portanto, a terapia infantil possibilita estabelecer uma relação genuína com a 
criança e orientar a conduta dos pais quanto ao enfrentamento desse problema. 
Inicia-se, então, um processo de mudança comportamental com vistas à promoção 
da saúde emocional e ao fortalecimento dos laços familiares. 
 
 
 
Como funciona e quais as particularidades desse tratamento? 
 
A infância é uma fase marcada por transformações e crescimentos, tanto no 
âmbito físico quanto no emocional. No entanto, nesse período podem surgir 
alterações comportamentais que exigem muita compreensão e habilidade para lidar 
com elas. 
Nesse contexto, entender como funciona a terapia infantil é imprescindível para 
que os pais, avós, professores ou demais responsáveis pela criança procurem um 
tratamento adequado. Algumas questões exigem atenção especial e intervenção 
imediata a fim de evitar que o quadro se agrave. O tratamento psicoterápico infantil 
começa com uma entrevista com os pais ou responsáveis. Nessa conversa inicial é 
feita uma anamnese minuciosa a fim de coletar dados sobre o histórico da criança. 
Compreender a dinâmica familiar e a apresentação das principais queixas é o 
ponto de partida para direcionar condutas mais acertadas. Aspectos do planejamento 
familiar quanto à gravidez, nascimento e o desenvolvimento da criança são 
investigados detalhadamente. 
16 
 
 
Os profissionais também procuram saber sobre a relação entre os integrantes 
da família e se houve algum motivo em especial para a mudança no comportamento 
da criança. Informações sobre a queda no desenvolvimento escolar e questões 
ligadas ao aprendizado são fatores bem relevantes para direcionar a intervenção 
terapêutica. 
Após a coleta das informações iniciam-se as sessões de consultas de terapia 
infantil. Dependendo da gravidade do caso, poderá ser preciso iniciar o tratamento 
com uma conversa individual com a criança, antes de proceder à terapia com os pais 
ou a consulta familiar. 
Vale destacar que o tratamento não tem um tempo determinado de duração, 
muito embora já se perceba mudanças positivas após as primeiras sessões. Por isso, 
é necessário ter paciência para que a criança consiga interagir com o terapeuta a fim 
de que os procedimentos atendam às expectativas de todos os envolvidos. 
Ainda que a criança não fale o que está sentindo ou quais são os dilemas que 
mais a incomodam, por meio das informações coletadas na primeira entrevista, o 
profissional poderá vislumbrar diferentes possibilidades de intervenção. Igualmente 
importantes são as observações da comunicação não verbal, olhares, gestos, 
lágrimas, sorrisos, ou mesmo o próprio silêncio, são fundamentais à percepção dos 
fatores que mais influenciam o comportamento da criança. 
Com bastante tato e delicadeza, o terapeuta conseguirá, aos poucos, dar nome 
aos sentimentos da criança e explicar para ela as melhores formas de enfrentar o que 
tanto a incomoda. No decorrer das consultas, serão criadas possibilidades múltiplas 
que facilitarão o processo do seu desenvolvimento. 
Para que esse processo terapêutico tenha melhores resultados, o 
envolvimento da família e a colaboração da escola são fundamentais. Eles receberão 
orientações para aprenderem algumas formas de lidar com a questão. Esse trabalho 
conjunto visa auxiliar a criança na superação dos problemas que ela vivencia. 
17 
 
 
Como a criança passa bastante tempo em casa com a família e na escola, a 
colaboração dos pais e professores influencia bastante os resultados. Essa parceria 
é extremamente importante para que o trabalho do terapeuta, mesmo fora da sessão, 
siga uma sequência positiva. 
Quando fazê-la? 
 
São diversos os motivos que levam os pais ou responsáveis a procurar ajuda 
para as crianças por meio do tratamento psicoterapêutico. No entanto, os mais 
comuns são: 
 Dificuldade de relacionamento com outras crianças; 
 Inconsistência com os membros da família; 
 Constantes reclamaçõesdos professores; 
 Dificuldade em manter a concentração; 
 Baixo rendimento escolar; 
 Traumas de infância; 
 Isolamento social; 
 Timidez excessiva; 
 Agressividade; 
 Hiperatividade; 
 Depressão. 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
A maior parte desses sintomas pode estar relacionado à dificuldade em lidar 
com certas situações. A mudança de escola, a separação dos pais, a morte de um 
ente querido ou até mesmo de um animal de estimação são fatores de influência. 
Outro aspecto que não pode deixar de ser considerado é a mudança no estilo 
de vida devido aos problemas que reduzem a condição financeira dos pais. As 
crianças percebem quando há crise conjugal ou quaisquer outras questões que 
afetam o relacionamento dos pais. 
Tais situações acentuam o medo e a insegurança dos infantes, o que colabora 
para aumentar os sintomas relacionados às crises emocionais. Nesse contexto, a 
psicoterapia infantil contribui para que a criança consiga lidar com essas adversidades 
de modo mais tranquilo e menos doloroso. 
Se o diagnóstico e a abordagem inicial exigem habilidade do profissional, o 
tratamento requer paciência. Tanto do terapeuta como dos familiares ou 
responsáveis. Convém salientar que uma intervenção terapêutica infantil se diferencia 
bastante dos tratamentos convencionais. 
Exige-se bem mais do que identificar um sintoma, conduzir a criança ao 
pediatra, fazer exames laboratoriais, tomar a medicação e esperar o resultado. O 
tempo do tratamento pode variar de acordo com o nível do problema em questão. 
Logo, não é possível estabelecer um prazo para resolver o caso. A função da 
terapia infantil é apoiar a criança e ajudá-la a compreender o que se passa com ela. 
Além disso, o terapeuta tem como missão auxiliar os pais a trabalharem melhor a 
capacidade de serem pais daquela criança. 
 
 
Benefícios da terapia infantil 
 
19 
 
 
As crianças pequenas, principalmente quando estão nos primeiros anos 
escolares, sofrem muito quando não conseguem boa interação com os pais, colegas 
da escola e professores. Na maioria das vezes, elas ficam inseguras e não 
conseguem expressar seus próprios sentimentos. 
Existe um medo muito grande da rejeição e, com isso, os pequenos se infiltram 
em seu mundo, cobrem-se com um “manto protetor” e dificultam as relações. Eles 
não conseguem interagir com outras crianças, não confiam nos adultos e tendem a 
fugir de conversas com pais ou professores. 
Nessa conjectura, a terapia infantil torna-se um caminho seguro para aprender 
a lidar com uma criança que apresenta problemas como medo e insegurança. 
Representa, pois, maiores possibilidades de uma intervenção mais eficiente e capaz 
de promover o bem-estar e a harmonia na vida na criança. 
Logo, os benefícios da terapia infantil são incontáveis: para as crianças porque 
aprendem a enfrentar os sentimentos de outra forma, e para os pais porque 
conseguem compreender esse momento difícil e abraçar o filho em prol da 
restauração da confiança dele. 
Além desses, há outras vantagens que justificam a busca pela ajuda 
profissional. Veja quais são: 
 
 Aumenta o rendimento escolar; 
 Eleva o poder de concentração; 
 Promove a integração social da criança; 
 Desenvolve o potencial criativo da criança; 
 Incentiva a interação com as outras crianças; 
 Propicia o amadurecimento psicológico e o poder mental; 
 Reduz o excesso de tecnologia, o qual afeta a saúde mental de crianças; 
 Aumenta a capacidade de desenvolvimento de habilidades emocionais; 
 Influencia a construção de um relacionamento melhor com os pais e 
professores; 
 Ajuda a criança a compreender que na vida pode acontecer coisas que 
não queremos. 
20 
 
 
 
Métodos podem ser utilizados 
 
Há diversas formas de ajudar as famílias que enfrentam esse tipo de problema. 
Basta escolher a opção mais adequada e buscar ajuda. Entretanto, a intervenção pela 
terapia infantil é realizada basicamente por meio de atividades lúdicas: brincadeiras 
que a criança utilizará para expressar seus sentimentos. Em outras palavras, o 
trabalho lúdico é a forma segura pela qual o paciente infantil consegue expor seu 
mundo interno. 
As intervenções podem ocorrer de diversas formas. No entanto, as mais 
indicadas são: 
Ludoterapia 
 
A palavra ludoterapia origina-se na palavra inglesa “play-therapy”, e pode ser 
literalmente traduzida por “terapia pelo brincar”. Essa técnica é amplamente utilizada 
na clínica infantil por profissionais da Psicologia no tratamento de transtornos 
emocionais ou de problemas comportamentais. 
Baseada em recursos lúdicos como jogos, diversos brinquedos e também 
pelas brincadeiras de faz de conta, essa alternativa permite que a criança desfrute de 
momentos de alegria e de interação. Enquanto a criança brinca, o profissional observa 
as reações dela com o intuito de perceber um pouco da subjetividade e dos 
sentimentos que ela ainda não consegue explicar. 
21 
 
 
Por si só, o brinquedo auxilia a criança em seu desenvolvimento físico, mental, 
afetivo e social. Por meio das atividades 
lúdicas, a criança formula variados 
conceitos e consegue relacionar 
ideias. Nesses momentos de lazer, o 
infante estabelece relações lógicas, 
aprende novas formas de 
comunicação, desenvolve a 
expressão oral e corporal, diminui a 
agressividade, reforça habilidades 
sociais e interage socialmente. 
Assim, a ludoterapia possibilita 
a construção de variadas 
representações psicológicas. Vygotsky 
aponta que, para as crianças, os objetos 
adquirem um sentido muito especial durante o brincar: de forma quase imperceptível, 
uma criança substitui os objetos por outros que acha mais interessante e lhe dão mais 
sentido. A produção de sentido possibilita que a criança consiga se organizar 
enquanto ser social. Mais do que isso: o brincar da criança favorece a construção 
subjetiva dos sinais e dos significados relativos às relações humanas. 
Portanto, a técnica da ludoterapia pode ser considerada como um espaço de 
construção de significados e sentidos. Esse tratamento assegura bons resultados 
para a prevenção da saúde mental e física, além de melhorar o desenvolvimento da 
criança. 
Brincadeiras de faz de conta 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
A brincadeira é uma atividade movida pela imaginação, porém, consciente e 
que se desenvolve conforme o crescimento e o desenvolvimento infantil. Ao brincar, 
os infantes começam a compreender e visualizar o objeto, não da forma que ele é, 
mas como ela gostaria que fosse. 
Isso significa que, nas brincadeiras, os objetos perdem suas reais 
características e passam a ter o significado que lhe conferem. Assim, o brincar é uma 
situação imaginária criada pela criança. O objetivo é suprir necessidades que vão 
mudando conforme a idade. 
Logo, no mundo do faz de conta, a imaginação é composta a partir de 
elementos retirados da realidade. Resultam, pois, de experiências coletivas e de 
práticas sociais compartilhadas na experiência do ser com o mundo externo. Nas 
brincadeiras de faz de conta estão presentes tanto a função lúdica como a educativa. 
Mesmo que sejam modificadas, ainda promovem aprendizagem de conceitos e dão 
diferentes significados à relação da criança com o mundo ao seu redor. 
Desse modo, a brincadeira de faz de conta é uma técnica importantíssima para 
auxiliar o psicólogo a compreender o processo de desenvolvimento da criança. Por 
meio dela, o psicólogo consegue trabalhar aspectos ligados à comunicação, à 
afetividade e à socialização da criança. 
Listamos alguns benefícios proporcionados pela brincadeira do faz de conta. 
Confira quais são e entenda porquê essa prática é importante como auxílio 
terapêutico. Acompanhe! 
23 
 
 
 
Desenvolvimento intelectual 
 
 
 
 
 
 
 
Desenvolvimento Intelectual são processos que desenvolvem no indivíduo a 
capacidade para desenvolver. Essa capacidade vai se formando na criança, àmedida 
que ela observa, distingue, 
generaliza e tirar conclusões. 
Vários fatores determinam o 
desenvolvimento intelectual 
da criança, entre eles: a 
potencialidade, a motivação, 
a interação com o meio 
ambiente, atendendo às 
tendências naturais, físicas e 
fisiológicas (ARANHA, 2002, 
p. 44). 
A arte de brincar de faz de conta influencia o desenvolvimento de habilidades 
como resolução de problemas, troca de ideias sobre negociação, criatividade, 
organização e planejamento. Estimula, ainda, a retenção de tradições, de costumes 
familiares, aplicação de alguns conhecimentos práticos e até de problemas de 
matemática! 
24 
 
 
 
Desenvolvimento físico 
 
 
 
 
 
 
 
Desenvolvimento físico 
e psicológico das crianças 
começa desde a fecundação, 
passando pela primeira infância, 
adolescência, juventude e 
segue por toda a vida. No entanto, 
conforme ressalta a Sociedade 
Brasileira de Pediatria, é nos três 
primeiros anos de vida que o cérebro 
evolui com maior intensidade. Por isso, o estímulo precoce traz fortes impactos e são 
fatores decisivos na transição da criança para a vida adulta, em relação à progressão 
de suas habilidades de aprendizagem cognitivas, afetivas e psicomotoras. 
Essa prática estimula o trabalho dos músculos e melhora os movimentos de 
coordenação motora. Auxilia também na coordenação espacial e no aspecto geral 
das funções fisiológicas da criança. 
25 
 
 
 
Desenvolvimento social 
 
Brincar de faz de conta estimula a imaginação e a memória da criança. 
Incentiva a integração com outras crianças, o que é essencial para a melhor 
compreensão dos papéis sociais e da visão do seu lugar na família e no mundo ao 
seu redor. 
Outro aspecto importante é a cooperação mútua, o controle da impulsividade 
e a possibilidade de reconhecer os pontos fortes do outro e entender, desde cedo, 
que todos têm suas limitações. 
 
Desenvolvimento emocional 
 
26 
 
 
 
 
O desenvolvimento emocional na infância direciona as nossas vidas, afetando 
os rumos que tomaremos e as escolhas que faremos. Essa etapa tão primordial 
começa ainda nos primeiros dias de vida. 
Como acontece o desenvolvimento emocional na infância? 
 
É durante a primeira infância que são formadas três importantes funções 
cerebrais: 
 Flexibilidade cognitiva; 
 Memória de trabalho; 
 Controle inibitório. 
Acontecimentos durante a infância influenciam diretamente as atitudes e 
escolhas das pessoas quando adultas. E quando falamos de infância, estamos 
falando, principalmente, dos 3 primeiros anos de vida. Durante esse período, a 
atividade cerebral é intensa e o desenvolvimento emocional também. Portanto, tudo 
o que acontece durante essa fase reflete no futuro e permanece ao longo dos anos. 
O desenvolvimento emocional se reflete na forma que nos comportamos diante 
de situações diversas no ambiente social. Já nos primeiros meses de vida, a criança 
apresenta características próprias, vindas do componente genético. Essas 
características podem levá-la a ter uma interação positiva ou negativa com o meio. 
Esse comportamento pode ser moldado pelos cuidadores. 
Muitos pesquisadores vêm trabalhando com a ideia de temperamento precoce 
para entender como acontece o desenvolvimento emocional infantil. O estado 
emocional infantil pode ser dividido em duas dimensões: reatividade e autorregulação. 
A reatividade está relacionada à forma com a qual a criança reage a uma 
situação de frustração, com intensidades diferentes. Já a autorregulação diz respeito 
a como ela se corrige, dando mais atenção ao controle motor. Já no primeiro ano de 
vida ocorre o desenvolvimento dessas duas dimensões da personalidade emocional 
infantil e permanece durante a fase pré-escolar e escolar. 
27 
 
 
Promove o aumento da autoestima, reduz atitudes egocêntricas e desenvolve 
maior da sensação de segurança e de proteção. Também influencia o 
desenvolvimento da autonomia e o reconhecimento da necessidade de buscar seus 
objetivos mais importantes. 
 
Musicoterapia 
 
 
O tratamento da Musicoterapia para a melhor qualidade de vida iniciou-se 
durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi utilizada na reabilitação dos soldados 
que sofreram traumas nos combates. Durante suas internações hospitalares foram 
constatadas melhoras com o uso desse método terapêutico. 
Segundo a Musicoterapeuta da Unidade Integrativa Santa Mônica, Ludmila 
Poyares, “A Musicoterapia utiliza elementos musicais como harmonia, melodia, ruído, 
ritmo e pausa. Para a Musicoterapia, a música é um recurso como ação e de produção 
humana, o qual possibilita a mobilização e fortalecimentos do Eu, por meio de laços 
sociais e familiares”. 
O musicoterapeuta promoverá, por intermédio das ações musicais, e de forma 
livre, algumas expressões sonoras. Elas podem ser corporais ou com a utilização dos 
instrumentos musicais. Tais medidas objetivam a restauração e a manutenção da 
saúde infantil de forma integral. 
Durante as sessões de musicoterapia sucedem mudanças de comportamento 
e do rompimento da barreira de incomunicabilidade. Isso concorre para uma 
transformação e aceitação da criança em seu mundo, e com a sua forma de se 
comunicar consigo e com os outros. 
28 
 
 
Por essa metodologia, é possível evocar os aspectos físicos, emocionais, 
intelectuais, estéticos ou espirituais do pequeno ser. Desse modo, consegue-se 
promover a sua autonomia e as habilidades necessárias para uma vida funcional e 
social compatível com o equilíbrio nas emoções, tão importantes nessa fase da vida. 
 
Abordagem cognitivo-comportamental 
 
Um dos principais objetivos de uma intervenção precoce é aumentar o 
potencial intelectual da criança com ganhos aos níveis locomotor, pessoal/social, 
linguagem, cognição (Teixeira, 2005), para que tal aconteça, muitas vezes, é 
necessário intervir diretamente e ir além dos contatos realizados com os profissionais 
dentro da instituição. É importante modificar comportamentos, ensinar como se deve 
agir perante determinados acontecimentos, tentando sempre perceber que processos 
cognitivos têm de ser modificados para que os comportamentos sejam adaptados às 
situações. Os modelos cognitivo-comportamentais inserem-se sobretudo numa visão 
interacionista do mundo e revelam ter uma grande influência nas práticas com 
crianças com necessidades especiais (Pimentel, 2005). 
Uma terapia familiar comportamental centra-se, assim, num extremo oposto ao 
da psicanálise (vista anteriormente), em que os terapeutas comportamentalistas 
aplicam diretamente princípios da teoria da aprendizagem nas suas práticas com as 
famílias, baseados nas teorias behavioristas e funcionalistas de Watson e Carr, 
respetivamente (Pimentel, 2005). Esta abordagem comportamentalista contextualiza 
as mudanças na família em termos de condicionamento clássico, condicionamento 
operante, modelagem e mudança cognitiva, avaliando a família de forma a determinar 
as circunstâncias e os processos cognitivos que possam estar a controlar os 
comportamentos problemáticos. 
Através da análise comportamental é desenvolvido um plano que venha alterar 
as contingências e/ou cognições inerentes aos comportamentos desadaptados, 
muitas vezes, através da intervenção direta na família. A aplicação do modelo 
comportamental permite a conceptualização de uma hierarquia de aprendizagem em 
cinco fases - aquisição, fluência, manutenção, generalização e adaptação - válidas 
29 
 
 
nos vários domínios do desenvolvimento, devendo as técnicas e estratégias de 
intervenção ser ajustadas à fase de aprendizagem em que a criança se encontra. Os 
processos utilizados para estabelecer e transferir o controlo de estímulos têm sido 
utilizados para desenvolver estratégias instrutivas, precisando os técnicos assegurar-
se que o comportamento desejado ocorre na presença do estímulo, para que possa 
ser adequadamente reforçado. 
Segundo Dunst e Trivette,(1994, cit. in Pimentel, 2005), uma intervenção que 
forneça uma ajuda eficaz à família, é aquela que é capaz de capacitar indivíduos ou 
grupos (ex. uma família) para se tornarem mais competentes para resolver 
problemas, fazer face às necessidades ou atingir os seus objetivos, através da 
promoção da aquisição de competências que apoiem e fortaleçam o funcionamento 
numa forma que permita um maior sentido de controlo do indivíduo ou do grupo 
relativamente ao seu desenvolvimento. 
 
 
Conclusão 
 
Uma das tarefas primárias da infância é a formação de relações de vinculação 
com figuras prestadoras de cuidados significativas. A teoria e os estudos empíricos 
da vinculação indicam que variações na qualidade dos cuidados resultam em 
diferentes padrões comportamentais na criança, em regulação emocional e em 
expectativas que possuem efeitos no funcionamento individual a longo prazo. Esta 
premissa central da teoria da vinculação remete-nos para a necessidade humana de 
contato físico e garantia emocional na infância. 
Dada a universalidade desta necessidade e as suas implicações para a 
sobrevivência, não é surpreendente que as crianças se vinculem àqueles que cuidam 
deles. Todavia, uma vez que as diferenças individuais observadas na vinculação são 
descritas em termos de variações de padronização do comportamento, descritores 
quantitativos comumente utilizados (e.g., vinculado, não vinculado, muito ou pouco 
vinculado) possuem pouco significado, não sendo úteis para explicar os 
relacionamentos precoces 
30 
 
 
As terapias comportamentais dão às crianças a oportunidade de se 
envolverem em atividades, tais como jogos de descoberta e resolução de problemas, 
dando a possibilidade de desenvolverem e aumentarem as suas competência e 
independência. Para além disso, este tipo de abordagem com crianças com 
necessidades educativas especiais envolvem um programa individualizado que 
assegura e monitoriza os seus progressos nas várias áreas, sendo essencial uma 
avaliação dos serviços implementados, de forma a perceber se estes são eficazes, 
adequados às necessidades e estilos da criança e se estão de acordo com as 
prioridades dos pais (Pimentel, 2005). 
Assim, esta prestação de serviços, na prática, transpõe o plano de intervenção 
para uma ação diária, em que, por exemplo, numa parte do dia os pais se 
comprometem a trabalhar uma capacidade específica da criança (McWilliam, et al., 
2003). A formação de pais pode ser então definida como o processo de fornecer aos 
pais conhecimentos específicos e estratégias para ajudar a promover o 
desenvolvimento da criança (Coutinho, 2004). A este nível, o papel do profissional é 
fundamental uma vez, que muitas vezes, é essencial reeducar os pais a lidar com a 
criança. 
Desta forma, estas terapias permitem aos pais observarem as mudanças, tanto 
na criança como na sua relação com estas, vendo a progressão que vai sendo feita 
ao longo de todo o trabalho. Existe sempre uma cooperação entre os profissionais e 
a família na medida em que há resolução de problemas em conjunto. Com a ajuda de 
um profissional/psicólogo, os pais vão aumentando o seu nível de confiança para 
tomarem decisões e assumirem um papel mais ativo no desenvolvimento da criança 
(McWilliam, et al., 2003). 
Contudo, a relação de ajuda por parte do profissional à família não se deve 
prolongar no tempo, visto que os pais têm de perceber que o papel é seu e não dos 
profissionais, ganhando, desta forma, autonomia. As experiências providenciadas 
pelos pais em casa, as experiências do jardim de infância e de outros contextos da 
vida comunitária são fundamentais para o desenvolvimento de competências 
desejadas (Pimentel, 2005). 
 
 
31 
 
 
 
 
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